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Watchman Nee - A Liberação Do Espírito

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  • A Liberao do Esprito

    Watchman Nee

    Publicao daCLC Editora

    Caixa Postal 70012.200 So Jos dos Campos (SP)

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  • Ttulo do original em ingls

    THE RELEASE OF THE SP1RIT

    1 edio brasileira agosto 198310.000 exemplares

    Traduo deGORDON CHOWN

    Capa de Hermany Rosa Vieira

    Nmero de cdigo para pedidos: 020.04003-8Publicado no Brasil com a devida autorizao de Sure Foundations

    Inc., Coverdale, Indiana, U.S.A. e com todos os direitos reservados em portugus pela

    Publicao daCLC Editora

    Caixa Postal 70012.200 So Jos dos Campos (SP)

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  • NDICE

    Introduo ..............................................................................................07

    1. A Importncia do Quebrantamento ..................................................09

    2. Antes e Depois do Quebrantamento ................................................14

    3. Reconhecendo "a Coisa em Matos" ..................................................19

    4. Como Conhecer o Homem ................................................................23

    5. A Igreja e a Obra de Deus .................................................................33

    6. O Quebrantamento e a Disciplina .....................................................60

    7. A Separao e a Revelao ................................................................33

    8. Que Impresso Damos? .....................................................................43

    9. A Meiguice e o Quebrantamento ......................................................47

    10. Dois Caminhos Muito Diferentes ....................................................50

    PREFCIO DA EDIO EM INGLSAo lermos este manuscrito ficamos impressionados pelo fato de ser ele

    uma mensagem vital que precisa ser compartilhada e conhecida por todos os que pertencem ao Senhor e O buscam mais, e anseiam por ser um canal para a Sua Vida. No se pode ler muito desta matria sem chegar a sentir o anseio e a

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  • orao de Watchman Nee para que a Igreja conhea o Senhor da maneira mais integral, que o povo de Deus seja cada vez mais frutfero para Ele, que Ele ache um mnimo de impedimento em ns, e que Ele possa ser plenamente liberado atravs do nosso esprito vivificado e controlado.

    Certamente esta a hora em que o campo da batalha est na alma. Ao passo que o Senhor est procurando trabalhar atravs do esprito vivificado, Satans est procurando trabalhar atravs da vida natural, a da alma que no foi submetida ao controle do Esprito.

    Durante seus muitos anos de labutar com cooperadores, o Irmo Nee viu claramente a necessidade total do quebrantamento. quase como se ele estivesse pessoalmente aqui em nosso cenrio religioso, sentindo a grande necessidade do quebrantamento entre os cooperadores cristos. Talvez haja alguns que so despreparados para uma dose to amarga de remdio espiritual, mas cremos que qualquer pessoa com discernimento e fome concordar que o romper dos poderes da alma imperativo, se que o esprito humano deva expressar a Vida do Senhor Jesus.

    Nesta hora presente, em que o cenrio religioso est ocupado com o subjetivismo e as experincias emocionais, parece ainda mais importante que cada um dos filhos de Deus compreenda sua constituio bsica e a funo do seu esprito, da sua alma e do seu corpo. Para aqueles que realmente estio prosseguindo para o prmio, para a soberana vocao, esta , verdadeiramente, uma verdade altamente imperativa. Confiamos, portanto, que esta mensagem chegar a todas as partes do Corpo de Cristo e leve a efeito, uma liberao da Sua vida. Que assim seja, para Sua eterna glria, louvor e honra!

    Os Editores

    INTRODUO

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  • Para o leitor apreciar devidamente estas lies, talvez sejam teis algumas declaraes preparatrias:

    Primeiramente, devemos ficar acostumados com a terminologia que o Irmo Nee emprega. Escolheu chamar o esprito do homem de "homem interior"; alma do homem, chama de "homem exterior" e para o corpo emprega o termo "homem perifrico." No diagrama retraamos este fato. Ser til, tambm, reconhecer que Deus, ao planejar o homem originalmente, pretendeu que o esprito do homem fosse Seu lar ou Sua residncia. Assim, o Esprito Santo, formando uma unio com o esprito humano, deveria governar a alma, e o esprito e a alma, usariam o corpo como meio de expresso.

    Diagrama

    corpo Homem Perifrico

    alma Homem Exterior

    esprito Homem Interior

    Em segundo lugar, quando Watchman Nee fala em destruir a alma, talvez parea que est usando uma palavra demasiadamente forte, como se fosse subentender o extermnio dela. Na realidade, a substncia total da sua mensagem claramente indica que a alma, ao invs de funcionar independentemente, deve tornar-se o instrumento ou vaso do esprito. Desta maneira, a ao independente da alma que deve ser destruda. T. Austin-Sparks indicou com sabedoria:

    "Devemos tomar cuidado para que, ao reconhecermos o fato de que a alma tem sido seduzida, levada ao cativeiro, escurecida e envenenada com seus prprios interesses, no a consideremos como algo a ser exterminado e destrudo nesta vida. Isto seria o asceticismo, uma forma de budismo. O resultado de qualquer comportamento deste tipo usualmente no passa de outra forma de uma doutrina da alma em grau exagerado; talvez o ocultismo. A totalidade da nossa natureza humana est em nossa alma, e se a natureza for suprimida numa direo, tomar vingana numa outra direo. exatamente o problema de muitas pessoas, se somente o soubessem. H uma diferena entre uma vida de supresso e uma vida de servio. A submisso, a sujeio e a posio de Servo no caso de Cristo, diante do Pai, no era uma vida de destruio da alma, mas, sim, de descanso e de deleite. A escravido, no mau sentido, o destino dos que vivem inteiramente na sua prpria alma. Precisamos revisar nossas ideias acerca do servio, pois est ficando cada vez mais comum pensar que o servio cativeiro e escravido, quando, na realidade, uma coisa divina. A espiritualidade no uma vida de supresso. Esta negativa. A espiritualidade positiva; uma vida nova e adicional, no a vida antiga, lutando para obter o domnio de si mesma."

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  • Em terceiro lugar, devemos ver como necessrio que a alma receba um golpe fatal mediante a morte de Cristo, quanto s suas foras prprias e autogoverno. como no caso de Jac: depois de Deus o ter tocado, passou o resto da sua vida manquejando. Isto ilustraria claramente que sempre deve ficar registrado na alma o fato de que no pode nem deve agir a partir de si mesma como sendo a fonte. Mais uma vez, T. Austin-Sparks escreve: "Como um instrumento, a alma deve ser conquistada, dominada e regida com relao aos caminhos mais sublimes e diferentes de Deus. mencionada to frequentemente nas Escrituras como sendo algo sobre o qual devemos obter e exercer a autoridade. Por exemplo:

    " na vossa perseverana que ganhareis as vossas almas."Lucas21:19

    "Tendo purificado as vossas almas, pela vossa obedincia verdade." 1 Pedro 1:22

    "O fim da vossa f, a salvao das vossas almas."1 Pedro 1:9

    Finalmente, nestas lies, devemos ver por que Watchman Nee insiste que a alma (o homem exterior) seja quebrantada, dominada, e renovada para o esprito us-lo. T. Austin-Sparks disse:

    "Quer j tenhamos a capacidade de aceit-lo, quer no, o fato que se vamos avanar com Deus de modo integral, todas as capacidades e energias da alma para saber, compreender, sentir e fazer, chegaro ao fim, e ns naquele lado ficaremos desnorteados, estonteados, paralisados e incapazes. Somente ento, a compreenso, o constrangimento e a energia, novos, diferentes e divinos, nos impulsionaro para a frente ou manter-nos-o em andamento. Em tais tempos, teremos de dizer a nossa alma: "Somente em Deus, minha alma, espera silenciosa (SI 62:5); e " minha alma, vem comigo seguir ao Senhor." Mas quanta alegria e fortaleza, quando, depois da alma ter sido constrangida para entregar-se ao esprito, a sabedoria e glria mais sublimes so percebidas na sua vindicao. ento que "A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu esprito se alegrou em Deus, meu Salvador" (Lucas 1: 46). O esprito fz alguma coisa, a alma a faz note os tempos dos verbos.

    Deste modo, a alma essencial para a plenitude da alegria, e DEVE ser trazida atravs da escurido e da morte da sua prpria capacidade a fim de aprender as realidades mais altas e profundas para as quais o esprito o primeiro rgo e faculdade." *

    Ao chegarmos perto do fim destas lies, teremos achado o segredo da vida frutfera para ELE. No caia na armadilha, conforme tantas pessoas caram, de procurar reprimir sua alma ou desprez-la; seja, pelo contrrio, forte de esprito, de modo que sua alma seja ganha, salva e levada a servir Sua plena alegria. O Senhor Jesus determinou que achemos descanso para as nossas almas - e isto, diz Ele , vem por meio do Seu jugo, - o smbolo da unio e do servio. Apreciaremos, ento, como a alma acha seu maior valor em servir, no em dominar. verdade que, at que seja quebrantada, a alma quer ser "senhor". Atravs da Cruz, pode tornar-se um "servo" muito til.

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  • ______________________________* (Citaes de WHAT IS MAN, de T. Austin-Sparks)

    CAPTULO 1

    A IMPORTNCIA DO QUEBRANTAMENTOQualquer pessoa que serve a Deus descobrir, mais cedo ou mais tarde,

    que o grande impedimento para a sua obra no so outras pessoas mas, sim, ela mesma. Descobrir que seu homem exterior e seu homem interior no esto em harmonia, pois os dois tendem para direes opostas. Sentir, tambm, a incapacidade do seu homem exterior submeter-se ao controle do esprito, tornando-o, assim, incapaz de obedecer aos mandamentos mais sublimes de Deus. Perceber rapidamente que a maior dificuldade acha-se no seu homem exterior, pois este o impede de fazer uso do seu esprito.

    Muitos dos servos de Deus nem sequer conseguem fazer as obras mais elementares. Normalmente, devem ser capacitados pelo exerccio do seu esprito a conhecer a palavra de Deus, a discernir a condio espiritual doutra pessoa, entregar as mensagens de Deus com uno e receber as revelaes de Deus. Mesmo assim, devido s distraes do homem exterior, parece que seu esprito no funciona apropriadamente. basicamente porque seu homem exterior nunca foi tratado. Por esta razo, o reavivamento, o zelo, o implorar e as atividades no passam de um desperdcio de tempo. Conforme veremos, h apenas um s tratamento que pode capacitar o homem a ser til diante de Deus: o quebrantamento.

    O Homem Interior e o Homem Exterior

    Note como a Bblia divide o homem em duas partes: "Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus" (Rm 7: 22). Nosso homem interior deleita-se na Lei de Deus. ". . . que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Esprito no homem interior" (Ef 3:16). E Paulo tambm nos informa: "Mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo o nosso homem interior se renova de dia em dia" (2 Co 4:16).

    Quando Deus vem habitar em ns mediante o Seu Espirito, a Sua vida e o Seu poder, entra em nosso esprito, que estamos chamando de "homem interior." Fora deste homem interior h a alma, na qual funcionam nossos pensamentos, nossas emoes e nossa vontade. O homem perifrico nosso corpo fsico. Assim, falaremos do homem interior como sendo o esprito, do homem exterior como sendo a alma, e do homem perifrico como sendo o corpo. Nunca devemos nos esquecer de que nosso homem interior o esprito humano onde Deus habita, onde Seu Esprito Se combina com nosso esprito. Assim como ns vestimos roupas, assim tambm nosso homem interior "veste" um homem exterior: o esprito "veste" a alma. E, de modo semelhante, o

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  • esprito e a alma "vestem" o corpo. Est bem evidente que os homens geralmente esto mais conscientes do homem exterior e do perifrico, e dificilmente reconhecem ou entendem seu esprito, de modo algum.

    Devemos saber que aquele que pode trabalhar para Deus, aquele cujo homem interior pode ser liberado. A dificuldade bsica de um servo de Deus acha-se no fracasso do homem interior de irromper pelo homem exterior. Logo, devemos reconhecer diante de Deus que a primeira dificuldade que enfrentamos na obra no est nos outros mas, sim, em ns mesmos. Nosso esprito parece estar embrulhado num invlucro de modo que no pode facilmente irromper de l. Se nunca aprendemos como liberar nosso homem interior por meio de irromper pelo homem exterior, no temos capacidade de servir. Nada pode estorvar-nos tanto quanto este homem exterior. Se nossas obras so frutferas ou no, depende de se nosso homem exterior foi quebrantado pelo Senhor de modo que o homem interior possa passar pelo quebrantamento e se manifestar. Este o problema bsico. O Senhor deseja quebrar nosso homem exterior a fim de que o homem interior possa ter uma via de sada. Quando o homem interior for liberado, tanto os descrentes quanto os cristos sero abenoados.

    A Natureza Tem Sua Maneira de Quebrar

    O Senhor Jesus conta-nos em Joo 12: "Se o gro de trigo, caindo na terra, no morrer, fica ele s; mas se morrer, produz muito fruto." A vida est no gro de trigo, mas h uma casca, uma casca muito dura, no lado de fora. Enquanto aquela casca no for rachada e aberta, o trigo no pode brotar nem crescer. "Se o gro de trigo, caindo na terra, no morrer . . ." Que morte essa? o arrombar da casca mediante a cooperao da temperatura e da umidade no solo. Uma vez que a casca fendida e aberta, o trigo comea a crescer. Ento, a questo aqui no se h vida dentro, mas, sim, se a casca externa foi rachada.

    A Escritura continua, dizendo: "Quem ama a sua vida (Grego, alma) perde-a; mas aquele que odeia a sua vida (Grego, alma) neste mundo, preserv-la- para a vida eterna" (v. 25). O Senhor nos mostra aqui que a casca externa nossa prpria vida (a vida da nossa alma), ao passo que a vida interior a vida eterna que Ele nos deu. Para permitir que a vida interior se manifeste, imperativo que a vida exterior seja substituda. Se o exterior permanecer intato, o interior nunca poder aparecer.

    necessrio (neste escrito) que dirijamos estas palavras para aquele grupo de pessoas que possuem a vida do Senhor. Entre aqueles que possuem a vida do Senhor podem ser achadas duas condies distintas: uma inclui aqueles em que a vida confinada, restringida, aprisionada e incapaz de se manifestar; a outra inclui aqueles em que o Senhor forjou um caminho, e a vida deles, portanto, liberada.

    A pergunta, pois, no como obter a vida, mas, sim, como permitir que esta vida aparea. Quando dizemos que temos necessidade de que o Senhor nos quebrante, no meramente um modo de falar, nem apenas uma doutrina. vital que sejamos quebrantados pelo Senhor. No que a vida do Senhor no possa cobrir a terra, mas, sim, que Sua vida est sendo aprisionada por ns. No que o Senhor no possa abenoar a igreja, mas, sim, que a vida do Senhor est to confinada dentro de ns que no se manifesta. Se o homem exterior permanecer intato, nunca poderemos ser uma bno para a Sua

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  • igreja, e no podemos esperar que a palavra de Deus seja abenoada atravs de ns!

    O Vaso de Alabastro Deve Ser Quebrado

    A Bblia conta acerca do nardo puro. Deus, deliberadamente usou este termo "puro" na Sua palavra para mostrar que verdadeiramente espiritual. Mas se o vaso de alabastro no for quebrado, o nardo puro no fluir. Por estranho que parea, muitos ainda esto valorizando demasiadamente o vaso de alabastro, pensando que seu valor excede o do unguento. Muitos pensam que seu homem exterior mais precioso do que seu homem interior. Este fica sendo o problema na igreja. Uma pessoa tem em grande estima sua habilidade, pensando que bem importante; outra valoriza suas prprias emoes, e se estima como pessoa importante; outras tm alta considerao por si mesmas, e sentem que so melhores do que as demais, que sua eloquncia ultrapassa a das demais, que sua rapidez de ao e exatido de julgamento so superiores, e assim por diante. Ns, porm, no somos colecionadores de antiguidades; somos aqueles que desejamos cheirar somente a fragrncia do unguento. Sem quebrar o exterior, o interior no surgir. Deste modo, individualmente no temos qualquer fluir, como tambm a igreja no tem um caminho vivo. Por que, pois, devemos considerar-nos to preciosos, se nosso interior retm a fragrncia, ao invs de liber-la?

    O Esprito Santo no cessou de operar. Um evento aps outro, uma coisa aps outra, vem a ns. Cada operao disciplinar tem um s propsito: quebrar nosso homem exterior a fim de que nosso homem interior possa se manifestar. Aqui, porm, est nossa dificuldade: ficamos impacientes por causa de ninharias, murmuramos diante de perdas de pequena monta. O Senhor est preparando um modo de usar-nos, mas, mal Sua mo nos tocou, sentimo-nos infelizes, at ao ponto de contendermos com Deus e de nos tornarmos negativos em nossas atitudes. Desde que fomos salvos, fomos tocados vrias vezes e de vrias maneiras pelo Senhor, e tudo com o propsito de quebrar nosso homem exterior. Quer tenhamos conscincia disto, quer no, o alvo do Senhor quebrar este homem exterior.

    Desta maneira, o Tesouro est no vaso de barro, mas se o vaso de barro no for quebrado, quem poder ver o Tesouro que est dentro? Qual o objetivo final da operao do Senhor em nossas vidas? quebrar este vaso de barro, quebrar nosso vaso de alabastro, arrombar nossa casca. O Senhor anseia por achar um meio de abenoar o mundo atravs daqueles que pertencem a Ele. O quebrantamento o caminho da beno, o caminho da fragrncia, o caminho da frutificao, mas tambm um caminho salpicado de sangue. Sim, h sangue de muitas feridas. Quando nos oferecemos ao Senhor para fazer a Sua obra no podemos nos dar ao luxo da morosidade de nos pouparmos. Devemos deixar que o Senhor rache totalmente nosso homem exterior, de modo que Ele possa achar um caminho para Suas operaes.

    Cada um de ns deve descobrir para si mesmo qual a mente do Senhor para sua vida. um fato muitssimo lamentvel, que muitos no sabem qual a mente ou inteno do Senhor para suas vidas. Quanto mais precisam de que Ele abra os seus olhos, para ver que tudo quanto entra nas suas vidas pode ler significado. Entender o propsito do Senhor ver muito claramente que Ele visa um nico objetivo: o quebrantamento do homem exterior.

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  • Muitas pessoas, no entanto, antes mesmo que o Senhor erga Sua mo, j esto aflitas. Oh! devemos reconhecer que todas as experincias, problemas e provaes que o Senhor nos envia so para nosso bem supremo. No podemos esperar que o Senhor nos d coisas melhores, pois estas so as melhores. Se algum se aproximasse do Senhor, e orasse, dizendo: " Senhor, por favor, deixa-me escolher o melhor," creio que Ele lhe diria: "Aquilo que Eu te dei o melhor; tuas provaes dirias so para teu mximo proveito." Assim, o motivo por detrs de toda a providncia de Deus quebrantar nosso homem exterior. Uma vez que isto ocorre e o esprito pode fluir, ento, comeamos a exercit-lo.

    A Cronologia em Nosso Quebrantamento

    O Senhor emprega dois meios diferentes para quebrar nosso homem exterior; um paulatino, o outro repentino. Para alguns, o Senhor d um quebrantamento sbito seguido por um paulatino. Com outros, o Senhor dispe para que tenham provaes dirias constantes, at que, um dia, leva a efeito um quebrantamento em grande escala. Se no for o repentino primeiro, e depois o paulatino, ento, o paulatino seguido pelo repentino. Parece que o Senhor normalmente trabalha conosco durante vrios anos antes de poder realizar esta obra de quebrantamento.

    A cronologia est na mo dEle. No podemos encurtar o tempo, embora certamente o possamos prolongar. Em algumas vidas, o Senhor pode realizar esta obra depois de uns poucos anos de trato; noutras, evidente que depois de dez ou vinte anos a obra ainda est incompleta. Isto muito srio! Nada mais lastimvel do que desperdiar o tempo de Deus. Quo frequentemente a igreja atrapalhada! Podemos pregar com o uso da nossa mente, podemos comover os outros com o uso das nossas emoes; mas se no sabemos usar nosso esprito, o Esprito de Deus no poder tocar as pessoas atravs de ns. A perda ser grande, se prolongarmos desnecessariamente o tempo.

    Logo, se nunca antes nos consagramos de modo total e inteligente ao Senhor, faamo-lo agora, dizendo: "Senhor, para o futuro da igreja, para o futuro do evangelho, para o Teu caminho, e tambm para minha prpria vida, ofereo-me sem condies, sem reservas, nas Tuas mos. Senhor, deleito-me em oferecer-me a Ti e estou disposto a deixar-Te fazer toda a Tua vontade atravs de mim."

    O Significado da Cruz

    Ouvimos falar frequentemente acerca da cruz. Talvez estejamos por demais familiarizado com o termo. Mas o que a cruz, afinal das contas? Quando realmente compreendermos a cruz, veremos que significa o quebrantamento do homem exterior. A cruz reduz o homem exterior morte; racha a casca humana e a abre. A cruz deve quebrar tudo quanto pertence ao nosso homem exterior nossas opinies, nossos modos, nossa habilidade, nosso amor-prprio, nosso tudo. O caminho est claro, claro mesmo como o cristal.

    To logo que nosso homem exterior destrudo, nosso esprito pode sair facilmente para fora. Considere certo irmo, como exemplo. Todos quantos o conhecem reconhecem que tem uma mente aguada, uma vontade dinmica, e profundas emoes. Mas, ao invs de ficarem impressionados por estas caractersticas naturais da sua alma, reconhecem que se encontraram com seu

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  • esprito. Sempre que as pessoas esto tendo comunho com ele, encontram um esprito, um esprito limpo. Por que? Porque tudo quanto da sua alma foi destrudo.

    Tomemos como outro exemplo certa irm. Todos aqueles que a conhecem reconhecem que ela tem uma disposio pronta rpida para pensar, rpida para falar, rpida para confessar, rpida para escrever cartas, e rpida para rasgar o que escreveu. Apesar disto, os que se encontram com ela no se encontram com sua rapidez, mas sim, com seu esprito. Ela uma pessoa que foi totalmente destruda e que se tornou transparente.

    Esta destruio do homem exterior uma questo fundamental. No devemos apegar-nos s fracas caractersticas da nossa alma, ainda emitindo a mesma fragrncia, mesmo depois de o Senhor lidar conosco durante cinco ou dez anos. No: devemos deixar o Senhor forjar um caminho em nossas vidas.

    Duas Razes para No Ser Quebrantado

    Por que que, depois de muitos anos de trato, algumas pessoas permanecem inalteradas? Alguns indivduos tm uma vontade forte; alguns tm emoes fortes; e outros tm uma mente forte. Visto que o Senhor pode quebrant-los, por que depois de muitos anos, alguns ficam sem transformao? Cremos que h duas razes principais.

    A primeira que muitos que vivem nas trevas no esto vendo a mo de Deus. Enquanto Deus est operando, enquanto Deus est destruindo, no reconhecem que da parte dEle. Esto destitudos de luz, e, somente veem homens que se opem a eles. Imaginam que se o meio-ambiente realmente difcil demais, que as circunstncias so as culpadas. Assim, continuam nas trevas e no desespero.

    Que Deus nos d uma revelao para ver o que da mo dEle, a fim de que nos ajoelhemos e Lhe digamos: "s Tu; visto que s Tu, eu aceitarei." Pelo menos, devemos reconhecer de Quem a mo que trata conosco. No mo humana, nem a mo da nossa famlia, nem a dos irmos e irms na igreja, mas, sim, a de Deus. Precisamos aprender como nos ajoelhar e beijar a mo, amar a mo que lida conosco, assim como fazia Madame Guyon. Precisamos ter esta luz para ver, seja o que o Senhor fez, aceitamos e cremos; o Senhor nada pode fazer de errado.

    A segunda razo, outro grande impedimento obra de quebrar o homem exterior o amor-prprio. Devemos pedir que Deus remova o corao do amor-prprio. medida em que Ele lida conosco em reposta nossa orao, devemos adorar e dizer: " Senhor, se isto for da Tua mo, que eu o aceite do meu corao." Lembremo-nos de que a nica razo para todo mal entendido, toda a irritao, todo o descontentamento, que secretamente amamos a ns mesmos. Assim, planejamos um modo mediante o qual podemos livrar a ns mesmos. Muitas vezes, os problemas surgem porque procuramos uma via de escape uma fuga da operao da cruz.

    Aquele que subiu cruz e que se recusa a beber o vinho com fel aquele que conhece o Senhor. Muitos sobem cruz com certa relutncia, ainda pensando em beber o vinho com fel para aliviar suas dores. Todos aqueles que dizem: "No beberei, porventura, o clice que o Pai me deu?" no beber do clice do vinho com fel. Somente podem beber um clice, no dois. Estas pessoas no tm qualquer amor-prprio. O amor-prprio uma dificuldade bsica. Que o Senhor nos fale hoje de tal maneira que possamos orar: " meu

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  • Deus, vi que todas as coisas vm de Ti. Todos os meus caminhos estes cinco anos, dez anos, ou vinte anos, so de Ti. Operastes de tal maneira que atingistes Teu propsito, que no outro seno que Tua vida seja vivida atravs de mim. Mas eu fui tolo. No vi. Fiz muitas coisas para escapar, e assim adiei o Teu tempo. Hoje, vejo Tua mo. Estou disposto a me oferecer a Ti. Mais uma vez coloco-me nas Tuas mos."

    Espere que Ver Feridas

    Ningum mais belo do que algum que est quebrantado! A teimosia e o amor-prprio cedem lugar beleza na pessoa que foi quebrantada por Deus. Vemos Jac no Antigo Testamento, como mesmo no ventre da sua me, lutava com seu irmo. Era sutil, enganoso, traioeiro. Por isso, sua vida estava cheia de tristezas e mgoas. Ainda jovem, fugiu do seu lar. Durante vinte anos foi logrado por Labo. A esposa do amor de seu corao, Raquel, morreu prematuramente. O filho do seu amor, Jos, foi vendido. Anos mais tarde, Benjamin foi preso no Egito. Deus tratou com ele sucessivamente, e Jac encontrou infortnio aps infortnio. Deus o feriu uma vez, duas vezes; na realidade, sua histria inteira pode ser descrita como sendo uma histria de ser ferido por Deus. Finalmente, depois de muitos tratamentos deste tipo, o homem Jac foi transformado. Durante seus ltimos poucos anos, era bem transparente. Quo nobre era sua resposta a Fara! Quo belo foi seu fim, quando adorou a Deus, apoiado no seu bordo! Quo claras eram suas bnos pronunciadas sobre seus descendentes! Depois de ler a ltima pgina da sua histria, queremos curvar a cabea e adorar a Deus. Aqui temos algum que est amadurecido, que conhece a Deus. Vrias dcadas de tratos tiveram como resultado que o homem exterior de Jac foi quebrantado. Na sua velhice, o quadro belo.

    Cada um de ns tem boa parte da mesma natureza de Jac em ns. Nossa nica esperana que o Senhor marque um caminho para fora, quebrando o homem exterior de tal maneira que o homem interior possa surgir e ser visto. Isto precioso, e o caminho daqueles que servem ao Senhor. Somente assim podemos servir; somente assim podemos levar os homens ao Senhor. Tudo o mais est limitado quanto ao seu valor. A doutrina no tem muita utilidade, nem a teologia. Qual a utilidade do mero conhecimento terico da Bblia se o homem exterior permanecer sem ser quebrantado? Somente a pessoa atravs de quem Deus pode aparecer, til.

    Depois de nosso homem exterior ter sido ferido, tratado, e levado por vrias provas, temos feridas em ns, e assim deixamos o esprito emergir- Temos receio de encontrar alguns irmos e irms cujo ser total permanece intato, nunca tendo sido tratado e transformado. Que Deus tenha misericrdia de ns, mostrando-nos claramente este caminho, e revelando-nos que o nico caminho. Que Ele tambm nos mostre que nisto visto o propsito de todos os Seus tratos durante estes poucos anos, sejam dez ou vinte. Que ningum menospreze os tratos do Senhor. Que Ele nos revele verdadeiramente o que significa o quebrantamento do homem exterior. Se o homem exterior permanecesse integral, tudo estaria meramente em nossa mente, totalmente intil. Tenhamos esperana de que o Senhor venha a tratar de ns de modo completo.

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  • CAPTULO 2

    ANTES E DEPOIS DO QUEBRANTAMENTOO quebrantamento do homem exterior a experincia de todos aqueles

    que servem a Deus. Deve acontecer antes que Ele possa nos usar de modo eficaz.

    Quando algum est trabalhando para Deus, duas possibilidades podem surgir. Primeiramente, possvel que, com o homem exterior intato, o esprito da pessoa seja inerte e incapaz de funcionar. Se for uma pessoa habilidosa, sua mente governa seu trabalho; se for uma pessoa compassiva, as emoes controlam suas aes. Tal trabalho pode parecer bem sucedido, mas no pode trazer as pessoas a Deus. Em segundo lugar, o esprito pode aparecer revestido dos pensamentos ou das emoes da prpria pessoa. O resultado misturado e impuro. Tal obra trar os homens para uma experincia mista e impura. Estas duas condies enfraquecem nosso servio a Deus.

    Se desejarmos trabalhar de modo eficaz, devemos reconhecer que, basicamente, " o Esprito que vivifica." Mais cedo ou mais tarde se no no primeiro dia da nossa salvao, ento, talvez dez anos mais tarde devemos reconhecer este fato. Muitos tm de ser trazidos ao fim da sua sabedoria e ver o vazio da sua labuta antes de saberem quo inteis so seus muitos pensamentos, suas variadas emoes. No importa quantas pessoas voc pode atrair com seus pensamentos ou emoes, o resultado vem a ser nada. Finalmente devemos confessar: " o Esprito que vivifica." Somente o Esprito faz as pessoas viverem. O homem pode ser trazido para a vida somente pelo Esprito. Muitas pessoas que servem ao Senhor chegam a enxergar este fato somente depois de passarem por muita tristeza e muitos fracassos. Finalmente, a palavra do Senhor passa a ter significado para elas: aquilo que vivifica o Espirito. Quando o esprito liberado, os pecadores podem nascer de novo e os santos podem ser estabelecidos. Quando a vida comunicada atravs do canal do esprito, aqueles que a recebem nascem de novo. Quando a vida fornecida atravs do esprito para os crentes, resulta em serem estabelecidos. Sem o Esprito, no pode haver novo nascimento, nem estabelecimento.

    Uma coisa notvel que Deus no quer fazer distino entre o Seu Esprito e o nosso esprito. H muitos lugares na Bblia onde impossvel determinar se a palavra "esprito" indica nosso esprito humano ou o Esprito de Deus. Os tradutores bblicos, desde Lutero at os estudiosos da atualidade que labutaram nas verses, no conseguiram resolver se a palavra "esprito", conforme usada em muitos lugares no Novo Testamento, se refere ao esprito humano ou ao Esprito de Deus.

    Da Bblia inteira, Romanos 8 muito provavelmente o captulo em que a palavra "esprito" empregada mais frequentemente. Quem pode discernir quantas vezes a palavra "esprito" neste captulo se refere ao esprito humano e quantas vezes ao Esprito de Deus? Em vrias verses existentes, a palavra "pneuma" (esprito) s vezes escrita com uma letra maiscula; noutras ocasies, com uma letra minscula. evidente que estas verses no concordam entre si, e a opinio de qualquer pessoa individualmente no definitiva. simplesmente impossvel distinguir. Quando, na regenerao,

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  • recebemos nosso novo esprito, recebemos o Esprito de Deus, tambm. No momento em que nosso esprito humano ressuscitado do estado da morte, recebemos o Esprito Santo. Frequentemente dizemos que o Esprito Santo habita em nosso esprito, mas achamos difcil discernir qual o Esprito Santo e qual nosso prprio esprito. O Esprito Santo e nosso esprito se combinaram tanto, que embora cada um seja individual, no so facilmente distinguidos.

    Deste modo, a liberao do esprito, a liberao do esprito humano, bem como a do Esprito Santo, que est no esprito do homem. Visto que o Esprito Santo e o nosso esprito, so unidos em um s (1 Co 6:17), podem ser distinguidos somente no nome, e no no fato. E visto que a liberao de um importa na liberao dos dois, outros podem tocar o Esprito Santo quando tocam o nosso esprito. Graas a Deus porque medida em que voc deixa as pessoas entrarem em contato com o seu esprito, deixa-as terem contato com Deus. O seu esprito trouxe o Esprito Santo aos homens.

    Quando o Esprito Santo est operando, precisa ser transportado pelo esprito humano. A eletricidade numa lmpada eltrica, no viaja como o raio. Deve ser conduzida atravs de fios eltricos. Se voc quiser usar a eletricidade, precisa de um fio eltrico para traz-la at voc. De modo semelhante, o Esprito de Deus faz uso do esprito humano para transmiti-Lo, e atravs dele, Ele trazido ao homem. Toda pessoa que recebeu a graa, tem o Esprito Santo habitando no seu esprito. Se pode ser usado pelo Senhor, ou no, depende, no do seu esprito, mas, sim, do seu homem exterior. A dificuldade de muitas pessoas que seu homem exterior no foi quebrantado. No h evidncia daquele carter marcado pelo sangue daquelas chagas ou cicatrizes. Assim, o Esprito de Deus aprisionado dentro do esprito do homem e no pode irromper e sair. s vezes o nosso homem exterior est ativo, mas o homem interior permanece inativo. O homem exterior se manifesta, enquanto que o homem interior fica para trs.

    Alguns Problemas Prticos

    Vamos passar tudo isto em revista atravs de alguns problemas prticos! Tomemos a pregao como um exemplo. Quo frequentemente podemos estar pregando com sinceridade dando uma mensagem bem preparada e slida mas interiormente nos sentimos frios como gelo. Ansiamos por animar os outros, mas ns mesmos no ficamos comovidos. H falta de harmonia entre o homem exterior e o interior. O homem exterior est suado com o calor, mas o homem interior est tremendo de frio. Podemos contar aos outros quo grande o amor do Senhor, mas pessoalmente no somos tocados por ele. Podemos contar aos outros quo trgico o sofrimento da cruz, mas, ao voltar para nosso quarto, podemos rir. O que podemos fazer a respeito disto? Nossa mente pode labutar, nossas emoes podem ser energizadas, mas, o tempo todo, temos a sensao de que o homem interior est meramente observando os acontecimentos. O homem exterior e o interior no esto unidos.

    Considere outra situao. O homem interior est sendo devorado pelo zelo. A pessoa quer gritar, mas nada consegue expressar. Depois de falar por muito tempo, parece que ainda est andando em crculos. Quanto mais solicitude sente por dentro, tanto mais frio se torna do lado de fora. Anseia por falar, mas no consegue achar expresso. Quando se encontra com um pecador, seu homem interior tem vontade de chorar, mas ele no consegue derramar uma lgrima. H um senso de urgncia dentro dele, mas quando

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  • sobe ao plpito e procura gritar, v-se perdido num labirinto de palavras. Uma situao desta muito penosa. A causa radical a mesma: a casca externa ainda se apega a ele. O exterior no obedece aos ditames do interior: chorando por dentro, mas por fora, sem se comover; sofrendo por dentro, mas por fora, intocado; cheio de pensamentos por dentro, mas por fora, a mente parece estar em branco. O esprito ainda tem de descobrir um meio de atravessar a casca.

    Deste modo, o quebrantamento do homem exterior a primeira lio para toda pessoa que deseja aprender a servir a Deus. Aquele que verdadeiramente usado por Deus, aquele cujo pensamento e emoo externas, no agem independentemente. Se no aprendermos esta lio, a nossa eficcia, ser grandemente prejudicada. Que Deus nos traga ao lugar em que o homem exterior, completamente quebrantado.

    Quando prevalecer esta condio, haver fim desta atividade exterior com a inrcia interior; acabar o chorar interior com a compostura exterior; acabar a abundncia de pensamentos interiores para os quais no h expresso. Voc no ficar pobre em pensamentos. Voc no precisar empregar vinte frases para expressar o que pode ser dito em duas. Seus pensamentos ajudaro o seu esprito ao invs de atrapalh-lo.

    De modo semelhante, nossas emoes tambm so uma casca muito dura. Muitos que desejam estar felizes no podem expressar felicidade, ou talvez queiram chorar, sem, porm, consegui-lo. Se o Senhor tiver ferido nosso homem exterior atravs da disciplina ou da iluminao do Esprito Santo, poderemos expressar alegria ou tristeza conforme os ditames do interior.

    A liberao do esprito nos possibilita permanecer cada vez mais em Deus. Tocamos o esprito da revelao na Bblia. Sem esforo, nosso esprito pode receber a revelao divina. Quando estamos testemunhando ou pregando, transmitimos a palavra de Deus atravs do nosso esprito. Alm disto, podemos muito espontaneamente entrar em contato com o esprito dos outros, mediante o nosso esprito. Sempre que algum laia em nossa presena, podemos "tirar a medida dele" avaliar que tipo de pessoa , qual atitude est adotando, que tipo de cristo , e qual a sua necessidade. Nosso esprito pode tocar o esprito dele. E o que maravilhoso, que outros facilmente entram em contato com o nosso esprito. No caso de alguns, apenas temos um encontro com seus pensamentos, com suas emoes, ou com sua vontade. Depois de conversar com eles durante horas a fio, ainda no encontramos a pessoa real, embora ambos sejamos cristos. A casca exterior grossa demais para outras pessoas tocarem o homem interior. Com o quebrantamento do homem exterior, o esprito comea a fluir e sempre est aberto diante de outras pessoas.

    Aventurando-se e Recolhendo-se

    Uma vez que o homem exterior tenha sido quebrantado, o esprito do homem muito naturalmente, permanece na presena de Deus sem cessar. Dois anos depois de certo irmo ter confiado no Senhor, leu The Practice of the Presence of God ("A Prtica da Presena de Deus") de Irmo Lawrence. Depois de l-lo, sentiu-se aflito com seu fracasso quanto a permanecer incessantemente na presena de Deus como o Irmo Lawrence. Naqueles tempos, tinha encontros com horrio marcado para orar com algum. Por que? Bem, a Bblia diz: "Orai sem cessar", e eles mudaram a expresso para "Orai

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  • toda hora." Cada vez que ouviam o relgio bater a hora, oravam. Esforavam-se ao mximo para recolher-se em Deus, porque achavam que no podiam manter-se na presena contnua de Deus. Era como se tivessem ido embora quietamente enquanto trabalhavam, e, assim, precisassem rapidamente recolher-se em Deus. Ou se pro um rpido retorno para Deus. Doutra forma, achar-se-iam ausentes de Deus durante o dia inteiro. Oravam frequentemente, passando dias inteiros orando no Dia do Senhor e metade do dia aos sbados. Assim continuavam, durante dois ou trs anos. Mesmo assim, o problema ainda permanecia: recolhendo-se, desfrutavam da presena de Deus, mas ao sarem para fora, perdiam-na. Naturalmente, este problema no s deles; tal a experincia de muitos cristos. Indica que estamos procurando manter a presena de Deus por meio da nossa memria. O senso da Sua presena flutua de acordo com a nossa memria. Quando ns nos lembramos, h a conscincia da Sua presena; seno, no h nenhuma. Isto pura tolice, pois a presena de Deus est no esprito e no na memria.

    Para solucionar este problema, devemos primeiramente resolver a questo do quebrantamento do homem exterior. Visto que nem nossa emoo nem nosso pensamento tem a mesma natureza que Deus, no podem ser juntados com Ele. O Evangelho segundo Joo, captulo 4, mostra-nos a natureza de Deus. Deus Esprito. Somente nosso esprito da mesma natureza de Deus; logo, pode ser eternamente unido com Ele. Se procurarmos chegar a obter a presena de Deus por meio de dirigir nosso pensamento, ento, quando no estamos nos concentrando, Sua presena parece ser perdida. Alm disto, se procurarmos usar nossa emoo para conclamar a presena de Deus, ento, to logo que nossa emoo se relaxa, Sua presena parece ter ido embora. s vezes estamos felizes, e tomamos este fato por termos a presena de Deus. Deste modo, quando a felicidade cessa, a presena foge! Ou podemos supor que Sua presena est conosco enquanto lastimamos e choramos. Infelizmente, no podemos derramar lgrimas durante nossa vida inteira. Logo, nossas lgrimas se secaro, e depois, a presena de Deus desaparece. Tanto nossos pensamentos quanto nossas emoes so energias humanas. Todas as atividades devem chegar ao fim. Se procurarmos manter a presena de Deus com a atividade, ento, quando a atividade cessa, Sua presena termina. A presena de Deus requer uma natureza igual dEle. Somente o homem interior da mesma natureza de Deus. Atravs dele, exclusivamente, a presena de Deus pode ser manifestada. Quando o homem exterior est em atividades, estas podem perturbar o homem interior, mas, o homem exterior no um ajudador, e, sim, um perturbador. Quando o homem exterior quebrantado, o homem interior desfruta de paz diante de Deus.

    Deus nos deu o esprito para nos capacitar a corresponder a Ele. O homem exterior, no entanto, sempre est correspondendo s coisas de fora, e da nos priva da presena de Deus. No podemos destruir todas as coisas do lado de fora, mas podemos quebrantar o homem exterior. No podemos acabar com todas as coisas que existem fora; estes milhes e bilhes de coisas no mundo, esto totalmente alm do nosso controle. Cada vez que alguma coisa acontece, nosso homem exterior corresponder; todavia no conseguimos desfrutar em paz da presena de Deus. Conclumos, portanto, que experimentar a presena de Deus depende do quebrantamento do nosso homem exterior. Se, pela misericrdia de Deus, nosso homem exterior foi quebrantado, podemos ser caracterizados da seguinte maneira: Ontem, estvamos cheios de curiosidade, mas hoje impossvel ser curioso. Anteriormente, nossas emoes podiam facilmente ser despertadas, ou 18

  • movendo nosso amor, a mais delicada das emoes, ou provocando nossa ira, a mais grosseira delas. Mas agora, sejam quantas forem as coisas que vierem s multides por cima de ns, nosso homem interior fica imperturbvel, a presena de Deus fica imutvel, e nossa paz interior permanece sem a mais leve agitao.

    Torna-se evidente que o quebrantamento do homem exterior a base para desfrutar da presena de Deus. O Irmo Lawrence estava ocupado em servios de cozinha. As pessoas pediam, impacientes, as coisas que queriam. Embora houvesse o tinido de pratos e utenslios, seu homem interior no se perturbava. Podia sentir a presena de Deus no lufa-lufa de uma cozinha tanto quanto na orao em momentos quietos. Por que? Estava imprvio aos barulhos externos. Aprendera a comungar no seu esprito e desconsiderar a vida da sua alma.

    Alguns acham que, para ter a presena de Deus, seu ambiente deve estar livre de perturbaes, tais como o tinido dos pratos. Quanto mais longe esto da humanidade, tanto melhor podero sentir a presena de Deus. Que erro! O problema acha-se, no nos pratos, nem nas outras pessoas, mas, sim, neles mesmos. Deus no vai livrar-nos dos pratos; livrar-nos- das nossas respostas! No importa quo barulhento fica l fora, o lado de dentro no precisa corresponder. Visto que o Senhor quebrantou nosso homem externo, simplesmente reagimos como se no tivssemos ouvido. Louvado seja Deus, podemos possuir uma audio muito afinada, mas, devido obra da graa em nossas vidas, no estamos influenciados de modo algum pelas coisas que fazem presses sobre nosso homem exterior. Podemos ficar diante de Deus em tais ocasies tanto quanto, quando estivermos orando sozinhos.

    Uma vez que o homem exterior quebrantado, a pessoa j no precisa retrair-se em direo de Deus, pois sempre est na presena de Deus. No assim no caso daquele cujo homem exterior ainda est intato. Depois de fazer algum dever, precisa voltar, pois supe que se movimentou para longe de Deus. At mesmo ao fazer a obra do Senhor, escapa dAquele a quem serve. Assim, parece que a melhor coisa para ele deixar de fazer movimento algum. Apesar disto, os que conhecem a Deus no precisam voltar, porque nunca se ausentaram. Desfrutam da presena de Deus quando consagram um dia orao, e desfrutam da mesma presena em grau muito semelhante quando esto ativamente ocupados nas tarefas da vida diria. Talvez seja nossa experincia comum que, ao nos aproximarmos de Deus, sentimos Sua presena; ao passo que, se estamos ocupados em alguma atividade, a despeito da nossa vigilncia, sentimos que, de alguma maneira, nos afastamos, indo deriva. Suponhamos, por exemplo, que estamos pregando o evangelho ou procurando edificar as pessoas. Depois de certo tempo, temos vontade de nos ajoelhar para orar. Mas temos alguma ideia de que primeiramente devemos nos recolher em Deus. Dalguma maneira, a nossa conversa com as pessoas nos levou um pouco para longe de Deus, de modo que, na orao, primeiramente devamos nos aproximar mais dEle. Perdemos a presena de Deus, e, portanto, agora ela deve nos ser restaurada. Ou talvez estejamos ocupados com alguma tarefa caseira tal qual esfregar o assoalho. Ao completar nossa tarefa, resolvemos orar. Mais uma vez, sentimos que fizemos uma longa viagem e que devemos voltar. Qual a resposta? O quebrantamento do homem exterior torna desnecessrias tais voltas. Sentimos a presena de Deus na nossa conversao tanto quanto ao ajoelhar-nos em orao. Cumprir nossas tarefas dirias no nos a Casta de Deus; logo, no precisamos voltar.

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  • Agora, consideremos um caso extremo para ilustrar este fato. A ira o mais violento dos sentimentos humanos. Mas a Bblia no nos probe de ficarmos zangados, porque nem toda ira, se relaciona com o pecado. "Irai-vos, mas no pequeis," diz a Bblia. Mesmo assim, a ira de qualquer tipo to forte que quase chega ao pecado . No achamos "Amai, mas no pequeis", nem "Sede meigos, mas no pequeis", na Palavra de Deus, porque o amor e a meiguice esto removidos a uma grande distncia do pecado. A ira, porm, fica perto do pecado.

    Talvez, certo irmo cometeu uma falha sria. Precisa ser severamente repreendido. Isso no coisa fcil. Preferamos exercer nossos sentimentos de misericrdia do que colocar nossos sentimentos de ira em jogo, pois esta pode cair em coisa diferente com o mnimo de descuido. Dessa forma, no fcil ser corretamente zangado de acordo com a vontade de Meus Mesmo assim, aquele que conhece o quebrantamento homem exterior pode tratar severamente com outro irmo sem seu prprio esprito ser perturbado, nem a presena de Deus interrompida. Permanece em Deus tanto ao lidar com os outros, quanto na orao. Assim, depois de ter chamado a ateno do seu irmo, pode orar sem qualquer esforo para recolher-se em Deus. Reconhecemos que isto um pouco difcil; quando, porm, o homem exterior quebrantado, torna-se possvel, sem problemas.

    A Diviso entre o Homem Exterior e o Interior

    Quando o homem exterior quebrado, as coisas de fora sero conservadas fora, e o homem interior viver diante de Deus continuamente. O problema de muitas pessoas que seu homem exterior e seu homem interior esto juntos, de modo que o que influencia o externo influencia o interno. Atravs da operao misericordiosa de Deus, o homem exterior e o homem interior devem ser separados. Ento, aquilo que afeta o homem exterior no poder alcanar o interior. Embora o homem exterior esteja ocupado numa conservao, o homem interior est tendo comunho com Deus. O homem exterior talvez ache pesaroso ter que ouvir o tinido dos pratos; o homem interior, no entanto, permanece em Deus. A pessoa pode levar a efeito suas atividades, entrar em contato com o mundo atravs do homem exterior, mas, mesmo assim, o homem interior permanece sem ser afetado porque ainda vive diante de Deus.

    Consideremos um ou dois exemplos. Certo irmo est trabalhando na estrada. Se seu homem exterior e interior j foram divididos, este ltimo no ser perturbado pelas coisas externas. Pode labutar no seu homem exterior, enquanto, ao mesmo tempo, est internamente adorando a Deus. Ou considere um pai: seu homem exterior talvez esteja rindo e brincando com seu filhinho. De repente, surge certa necessidade espiritual. Pode imediatamente enfrentar a situao com seu homem interior, pois nunca esteve ausente da presena de Deus. Assim, importante que reconheamos que a diviso entre o homem exterior e o homem interior tem um efeito muito decisivo sobre o trabalho e a vida da pessoa. Somente assim que a pessoa pode labutar sem distrao.

    Podemos descrever os crentes como sendo pessoas ou "nicas" ou "duplas." No caso d'alguns, seu homem interior e exterior so um s; com outros, os dois foram separados. Enquanto algum uma pessoa "nica," deve conclamar a totalidade do seu ser para seu trabalho ou para sua orao. Ao

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  • trabalhar, deixa Deus para trs. Ao orar mais tarde, deve separar-se do seu servio. Porque seu homem exterior no foi quebrantado, est forado a aventurar-se e a recolher-se. A pessoa dupla, do outro lado, tem a capacidade de trabalhar com seu exterior enquanto seu homem interior permanece constantemente diante de Deus. Sempre que a necessidade seu homem interior pode fluir com fora e manifestar-se diante de outras pessoas. Desfruta da presena ininterrupta Deus. Perguntemos a ns mesmos: Sou uma pessoa "nica" ou "dupla"? Faz toda a diferena, realmente, se o homem exterior dividido do interior.

    Se, pela misericrdia de Deus, voc experimentou esta diviso, ento, enquanto voc est trabalhando ou est ativo externamente, voc sabe que h um homem dentro de voc que mantm a calma. Embora o homem exterior esteja ocupado em coisas externas, estas no penetraro no homem interior.

    Aqui est o segredo maravilhoso! Conhecer a presena de Deus atravs da diviso destes dois. O Irmo Lawrence parecia ativamente ocupado com os trabalhos da cozinha, mas dentro dele havia outro homem que ficava diante de Deus e que desfrutava de comunho com Ele, sem perturbao alguma. Semelhante diviso interior conservar nossas reaes livres da contaminao da carne e do sangue.

    Concluindo, lembremo-nos de que a capacidade de usar nosso esprito depende da obra dupla de Deus: o quebrantamento do homem exterior e a diviso entre o esprito e a alma, ou seja: a separao do nosso homem interior do exterior. Somente depois de Deus ter realizado estes dois processos em nossa vida que poderemos exercitar nosso esprito. O homem exterior quebrantado mediante a disciplina do Espirito Santo; dividido do homem interior pela revelao do Esprito Santo (Hb 4:12).

    CAPTULO 3

    RECONHECENDO A COISA EM MOSDeixe-me primeiramente explicar o nosso tpico. Suponhamos que um

    pai pea que seu filho faa certa coisa. O filho responde: "Neste momento tenho alguma coisa em mos; to logo que eu acabar, farei o que voc ordena." "A coisa em mos" a coisa que o filho est fazendo antes de receber as ordens do seu pai. Imediatamente, reconhecemos que temos aquelas "coisas em nossas mos" que nos estorvam em nosso andar com Deus. Pode ser qualquer coisa algo que bom, importante ou que parece ser necessrio que nos preocupa e desvia nossa ateno. Enquanto o homem exterior permanecer intato, o mais provvel que acharemos nossas mos cheias de coisas. Nosso homem exterior tem seus prprios interesses, apetites, preocupaes e labutas religiosas. Deste modo, quando o Esprito de Deus se movimenta em nosso esprito, nosso homem externo no pode responder chamada de Deus. Assim "a coisa em mos" que bloqueia o caminho para a utilidade espiritual.

    A Fora Limitada do Homem Exterior

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  • Nossa fora humana limitada. Se um irmo puder carregar somente cinquenta quilos, e voc quiser que ele pegue mais dez, ele simplesmente no pode faz-lo. uma pessoa limitada, incapaz de realizar um trabalho ilimitado. Os cinquenta quilos que j est carregando "a coisa em mos." Assim como a fora fsica do nosso homem perifrico limitada, assim tambm acontece com a fora do nosso homem exterior.

    Muitos, sem perceberem este princpio, gastam descuidadamente a fora do seu homem exterior. Se, por exemplo, algum desse profusamente todo o seu amor aos pais, no lhe Sobraria foras para amar seus irmos, sem mencionar outras pessoas. Ao esgotar assim as foras (da sua alma), nada sobra dirigir aos outros.

    Assim acontece com nossa fora mental. Se a ateno da pessoa for focalizada em certa questo, e esgotar todo o seu tempo s pensando nela, no lhe sobraro foras para pensar em outras coisas. Na Sua Palavra, Deus explicou nosso problema: Porque a lei do Esprito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte" (Rm 8:2). Mas por que estalei do Esprito da vida ineficaz em certas pessoas? Mais uma vez, lemos: "A fim de que o preceito da lei se cumprisse em ns que no andamos segundo a carne, mas segundo o Esprito" (Rm 8:4). Em outras palavras, a lei do Esprito da vida opera eficazmente somente para os que so espirituais, ou seja j: os que cuidam das coisas do Esprito. Quem so estes? So os que no andam segundo a carne. Isto , no so dominados pelos deleites da carne. Por exemplo, certa me vai sair, e deixa seu nen aos cuidados de uma amiga. Cuidar do nen significa prestar ateno a ele. Enquanto voc est encarregado com o cuidado de um nen, voc no ousa deixar-se distrair fazendo outras coisas. De modo semelhante, somente aqueles que no fixam suas intenes nas coisas carnais podem prestar ateno s coisas espirituais. Aqueles que fixam suas intenes nas coisas espirituais ficam sujeitos fora do Esprito Santo. Nossas foras mentais esto sujeitos fora do Esprito Santo. Nossas foras mentais esto limitadas. Se as esgotarmos nas coisas da carne, achar-nos-emos mentalmente inadequados para as coisas do Esprito.

    Reconhecemos, portanto, que assim como nossas foras fsicas esto limitadas, assim acontece com as foras da alma, as do nosso homem exterior. Enquanto tivermos "coisas em mos" no podemos fazer a obra de Deus. De acordo com o nmero de coisas em mos, as foras para servir a Deus diminuem ou aumentam. Logo, a coisa em mos fica realmente um impedimento, e este, no de tamanho pequeno.

    Alm disto, a pessoa pode ter muitas coisas em mos, emocionalmente: tais como predilees ou antipatias, inclinaes ou expectativas variadas e conflitantes. Todas estas puxam com atrao magntica. Com tantas coisas em mos, quando Deus pede a uma pessoa que Lhe d sua afeio, a pessoa no pode corresponder, porque j gastou toda a sua emoo. Se j esgotou um suprimento de dois dias de recursos emocionais, ter que passar igual perodo de tempo antes de poder voltar a sentir e falar de modo adequado. Desta maneira, quando a emoo for desperdiada em coisas secundrias, no pode ser usada de modo irrestrito para Deus.

    H, todavia, pessoas que manifestam uma vontade de ferro, uma personalidade forte cujos poderes de volio parecem ilimitados. Nas coisas de Deus, porm, so incapazes de tomarem uma deciso; com frequncia as pessoas mais fortes vacilam nas suas decises diante de Deus. Porque isto? Antes de respondermos, consideremos algum que est cheio de ideias. Embora parea que nunca est perplexo para concepo de novos planos, 22

  • quando se trata de discernir a vontade de Deus nas coisas espirituais, est totalmente destitudo de luz. Por que assim?

    Enquanto o homem exterior est to carregado e to exausto, com "as coisas em mos", poucas foras sobram para qualquer exerccio espiritual. necessrio, pois, ver a fora limitada do homem exterior. Embora quebrantado, deve existir uma sabedoria para usar estas foras. Quo necessrio, pois, termos "mos vazias"!

    O que o Esprito Faz de um Homem Exterior Quebrantado?

    Ao lidar com o homem, o Esprito de Deus nunca passa por cima do esprito do homem. Nem nosso esprito pode passar por cima do homem exterior. Este um princpio muito importante para ser compreendido. Assim como o Esprito Santo no passa por cima do esprito do homem, assim tambm nosso esprito no desconsidera o homem exterior, para ento passar a funcionar diretamente. A fim de tocar em outras vidas, nosso esprito deve passar atravs do homem exterior. Logo, quando as foras deste ltimo forem consumidas mintas coisas em mos, Deus no pode realizar Sua obra atravs de ns. No h sada para o esprito humano nem para o Esprito Santo. O homem interior no pode fluir porque resistindo e bloqueado pelo homem exterior. por isso que sugerimos repetidas vezes que este homem exterior deve ser quebrantado.

    A coisa em mos est ali antes de Deus comear a operar. No pertence a Deus, nem precisa da Sua ordem, do Seu poder, ou da Sua deciso para ser realizada. No algo que est sob a mo de Deus, mas, sim, uma ao independente.

    Antes de seu homem exterior ser quebrantado, voc est ocupado com suas prprias coisas, anda no seu prprio caminho, e ama sua prpria gente. Se Deus quiser usar seu amor para amar os irmos, Ele deve primeiramente quebrantar seu homem exterior. Este amor que voc tem, passa assim, a ficar maior. O homem interior deve amar, mas tem de amar atravs do homem exterior. Se o homem exterior estiver ocupado com a coisa em mos, o interior ser privado do seu canal apropriado para amar.

    Mais uma vez: quando o homem interior precisa usar sua vontade, descobre que ela est agindo independentemente, j ocupada pela coisa em mos. Para quebrantar nossa vontade, Deus deve dar-nos um golpe pesado at que nos prostremos no p e digamos: "Senhor, no ouso pensar, no ouso pedir, no ouso resolver por conta prpria. Em toda e qualquer coisa preciso de Ti." Ao sermos feridos, devemos aprender que nossa vontade no deve agir independentemente.

    Sem a cooperao do homem exterior, o interior sofre grandes desvantagens. Imaginemos que um irmo vai pregar a Palavra. Tem uma preocupao no seu esprito. Se, porm, deixa de achar pensamentos altura, no pode entregar a mensagem, e ela logo desaparecer. Embora a mensagem permeie a totalidade do seu esprito, tudo ftil se sua mente no conseguir comunic-la.

    No podemos trazer os homens salvao, meramente com a mensagem em nosso esprito; esta deve ser expressa atravs da nossa mente. A mensagem do homem interior deve ser expressa pelo homem exterior. Sem pronunciamento, impossvel tornar conhecida aos outros a Palavra de Deus. As palavras do homem no so as de Deus, mas as ltimas devem ser

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  • comunicadas pelas primeiras. Quando o homem tem as palavras de Deus, Deus pode falar; quando o homem no as tem, Deus no pode falar. O problema hoje que, embora nosso homem interior esteja disponvel a Deus capaz de receber a mensagem de Deus nosso homem exterior impulsionado por tais pensamentos mltiplos e confusos desde a manh at noite que nosso esprito no pode achar sada.

    Deste modo, Deus deve esmagar nosso homem exterior. Quebra nossa vontade tirando as coisas da "mo", de modo que a nossa vontade no possa agir independentemente. No a fim de que no tenhamos mente, mas, sim, a fim de que no pensemos segundo a carne, de acordo com nossas imaginaes que divagam. No para que sejamos destitudos de emoes, mas, sim, a fim de que todas as nossas emoes estejam sob o controle e a restrio do homem interior. Isto d ao homem interior uma vontade, uma mente, e emoes que podem ser usadas. Deus quer que nosso esprito use nosso homem exterior para amar, para pensar, e para decidir. Embora no seja Sua inteno exterminar nosso homem exterior, devemos receber esta experincia bsica de sermos quebrantados, se aspiramos o servio eficaz a Deus.

    At que isto acontea, o homem interior e o exterior esto em desarmonia, sendo que cada um age independentemente do outro. Quando somos quebrantados, o homem exterior est submetido ao controle do interior, e dessa maneira, unifica nossa personalidade, de modo que o homem exterior espatifado seja um canal para o homem interior.

    Ora, deve ser reconhecido que uma personalidade unificada, pode frequentemente caracterizar uma pessoa no-salva, mas, neste caso, o homem interior est sob o controle do homem exterior. Embora o esprito humano exista, to surrado pelo homem exterior que o mximo que pode fazer levantar uns protestos conscientes. O homem interior totalmente dominado pelo homem exterior.

    Depois de algum ser salvo, no entanto, a inteno de Deus que experimente a inverso desta ordem. Assim como seu homem exterior controlava o interior antes de ser salvo, assim agora seu homem interior deve ter domnio absoluto sobre o exterior.

    Podemos usar o ciclismo como ilustrao. No terreno plano, pedalamos a bicicleta e as rodas giram pela estrada a fora. Semelhantemente, quando nosso homem interior forte, e o homem em exterior quebrantado, "pedalamos" e as "rodas" giram pela estrada afora. Podemos resolver se vamos continuar, ou parar , e com que velocidade viajaremos. No caso de uma bicicleta num declive, no entanto, as rodas giram sem pedalarmos, pois, parece que a estrada simplesmente nos leva adiante. De modo semelhante, se nosso homem exterior for duro e sem quebrantamentos, ser como uma bicicleta descendo uma ladeira, a roda livre, fora de controle. Se o Senhor nos for gracioso, nivelando a ladeira da nossa experincia por meio de quebrantar o homem exterior de modo que este no fique e dar conselhos e fazer decises de modo independente - seremos como aqueles que podem usar apropriadamente seu esprito.

    A Pessoa Quebrantada, No Apenas Ensinada

    Ningum est equipado para trabalhar simplesmente porque aprendeu alguns ensinos. A pergunta bsica continua sendo: Que tipo de homem ele? Aquele cujas operaes interiores esto erradas, mas cujo ensino est correto,

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  • pode suprir as necessidades da igreja? A lio bsica que devemos aprender e sermos transformados em vasos apropriados para o uso do Mestre. Isto pode ser feito somente mediante o quebrantamento do homem exterior.

    Deus est operando incessantemente em nossa vida. Muitos anos de sofrimentos, provaes, e impedimentos trata-se da mo de Deus, que dia aps dia procura levar a efeito Sua obra de nos quebrantar. Voc no v o que Deus est fazendo neste ciclo interminvel de dificuldades? Seno, voc deve pedir a Ele: " Deus, abre os meus olhos a fim de que eu perceba a Tua mo." Quo frequentemente os olhos de um asno so mais agudos do que os de alguns que se denominam profetas.

    Embora o asno j tivesse visto o Anjo do Senhor, o dono dele no o vira. O asno reconheceu a mo de Deus que proibia, mas aquele que se chamava de profeta no a reconheceu. Devemos ter a conscincia de que o quebrantamento o modo de Deus agir em nossa vida. Quo triste que alguns ainda imaginam que se apenas pudessem absorver mais ensino, acumular mais matria para pregao, e assimilar mais exposio bblica, seriam mais proveitosos para Deus. Esta ideia est totalmente errada. A mo de Deus est sobre voc para quebrant-lo no segundo a sua vontade, mas, sim, a dEle; no segundo os seus pensamentos, mas, sim, os dEle; no segundo sua deciso, mas a dEle. Nossa dificuldade que, medida em que Deus nos resiste, culpamos a outras pessoas. Reagimos como aquele profeta que, cego mo de Deus, culpava o asno por recusar-se a fazer um movimento sequer.

    Tudo quanto vem a ns ordenado por Deus. Para um cristo, nada acidental. Devemos pedir a Deus que abra nossos olhos para vermos que Ele nos est ferindo em todas as coisas e em todas as reas da nossa vida. Certo dia, quando, mediante a Sua graa sobre ns, formos capazes de aceitar a providncia de Deus em nosso meio-ambiente, nosso esprito ser liberado e pronto para funcionar.

    Uma Lei Que No Afetada pela Orao

    H uma lei imutvel de Deus operando em ns: Seu propsito especfico est quebrantando e liberando nosso esprito para seu livre exerccio. Devemos compreender que nada nas nossas oraes, rogos ou promessas afetar ou mudar este propsito; de acordo com sua lei de realizar um quebrantamento e liberao em ns; todas as nossas oraes no alteraro esta lei. Se voc deliberadamente enfiar a mo numa fogueira, a orao o livrar da queimadura e da dor (exceto no caso de um milagre)? Se voc no deseja ser queimado pelo fogo, mas deliberadamente coloca a mo no meio dele apesar disto, ento no pense que a orao o proteger das consequncias; no o far. Da mesma maneira, percebamos que o modo de Deus tratar conosco deliberado, de acordo com Sua lei. A fim de se manifestar, o homem interior deve passar pelo exterior. At que nosso homem exterior seja espatifado, simplesmente no pode fluir. No procure transtornar esta lei e seus efeitos ao orar pedindo bnos; tais oraes so em vo. O orar nunca poder transformar a lei de Deus.

    Devemos resolver esta questo de uma vez para sempre. O caminho da obra espiritual acha-se quando Deus se manifesta atravs de ns. Este o nico caminho que Deus ordenou. Para quem est intato, o evangelho est bloqueado e no pode fluir atravs da vida. Curvemo-nos totalmente diante de

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  • Deus. Obedecer a lei de Deus muito melhor do que dizer muitas oraes muito melhor parar de orar e confessar: "Deus, prostro-me diante de Ti." Sim, quo frequentemente nossas oraes por bnos realmente erguem barreiras. Ansiamos pela bno, mas parece que achamos a misericrdia de Deus nas experincias que esmagam. Se apenas procurssemos a iluminao, aprendssemos a submeter-nos Sua mo, e obedecssemos Sua lei, descobriramos que o resultado seria a prpria bno pela qual ansiamos.

    CAPTULO 4

    COMO CONHECER O HOMEMConhecer o homem vital para um obreiro. Quando algum vem para

    ns, devemos discernir sua condio espiritual, sua natureza, e a extenso do seu progresso espiritual. Devemos resolver quanto daquilo que falou realmente est no seu corao e quanto ele deixou sem dizer. Alm disto, devemos perceber suas caractersticas se empedernido ou humilde, se sua humildade verdadeira ou falsa. Nossa eficcia no servio est estreitamente relacionada com nosso discernimento da condio espiritual do homem. Se o Esprito de Deus nos capacita atravs do nosso esprito a conhecer a condio da pessoa diante de ns, podemos, ento, oferecer a palavra certa.

    Nos Evangelhos, descobrimos que sempre que os homens vinham para nosso Senhor, Ele sempre tinha a palavra certa. Esta uma coisa maravilhosa. O Senhor no falou mulher samaritana acerca do novo nascimento, nem contou a Nicodemos acerca das guas vivas. A verdade do novo nascimento era para Nicodemos, ao passo que a verdade das guas vivas era para a mulher samaritana. Quo apropriadas eram as palavras. Aqueles que no O tinham seguido foram convidados a vir; mas os que desejavam segui-Lo foram convidados a carregar a cruz. Para um que se ofereceu, Ele falou sobre contar o custo; e para um que se demorava, disse: "Deixa os mortos que enterrem seus prprios mortos." As palavras de nosso Senhor eram apropriadssimas, porque conhecia todos os homens. Nosso Senhor sabia se vinham como interessados sinceros ou meramente para fazer espionagem contra Ele; e aquilo que Ele lhes dizia sempre era bem aplicvel. Que Deus seja misericordioso conosco afim de que ns, tambm, possamos aprender dEle como conhecer os homens ao ponto de sermos eficazes ao lidarmos com eles.

    Sem tal conhecimento que lhe dado, o irmo somente pode lidar com as almas segundo seu prprio entendimento. Se tem um sentimento especial num certo dia, falar a todas as pessoas de acordo com que aquele sentimento, seja quem for aparea. Se tem um assunto predileto, falar sobre ele a todos que vierem a ele. Como um trabalho destes pode ser eficaz? Nenhum mdico pode usar a mesma receita para todo, os seus pacientes. Infelizmente, alguns daqueles que servem a Deus tm uma s receita. Embora no possam primeiramente diagnosticar as enfermidades das pessoas, esto procurando cur-las. A despeito da sua ignorncia das complexidades do homem e da sua falta de discernimento da condio espiritual do homem, mesmo assim, parecem estar bem prontos para tratar toda enfermidade. Quo estulto ter uma s uma receita espiritual, e mesmo assim, procurar tratar de todas as doenas espirituais!

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  • Voc imaginou que so os morosos que no podem discernir, e que somente os habilidosos o podem? No: nesta obra, os morosos e os habilidosos so igualmente excludos. Voc no pode usar sua mente ou seu sentimento (independentes) para discernir as pessoas. Seja quo aguada for sua mente, voc no pode penetrar na profundidade do homem e revelar sua condio.

    Depois de encontrar-se com uma alma, cada obreiro deve primeiramente discernir qual a verdadeira necessidade daquele indivduo diante de Deus. Frequentemente, voc no pode confiar naquilo que ele diz. Embora ele possa insistir corretamente que tem "dor de cabea," esta pode ser mero sintoma de uma condio mais profunda cujas razes devem ser achadas noutra parte. Simplesmente porque sente algum calor no significa que tem uma "febre alta." provvel que ele lhe diga muitas coisas que no tm qualquer aplicao ao caso dele. Uma "pessoa doente" compreende bem raramente qual seu problema verdadeiro; -lhe necessrio, portanto, que voc faa seu diagnstico e lhe oferea os meios da cura. Talvez voc queira que ela lhe conte a sua necessidade, mas ela tende a enganar-se. Somente um diagnosticador treinado, que tem percia em reconhecer enfermidades espirituais, pode discernir a necessidade real do "paciente." Em cada diagnstico voc deve ter a certeza. Um diagnstico que meramente subjetivo certamente afligir as pessoas com doenas imaginrias, insistindo teimosamente que isto ou aquilo o mal delas.

    s vezes, descobrimos que a enfermidade especfica est alm da nossa capacidade para ajudar. No seja to tolo supondo que pode lidar com toda e qualquer situao e ajudar a todos. Em prol daqueles aos quais voc pode ajudar, voc deve gastar e ser gasto. Quando voc no pode ser til, deve contar ao Senhor: "Isto est alm da minha capacidade; no posso discernir esta doena. Ainda no aprendi esta. Senhor, s misericordioso." Nunca devemos pensar que podemos dar conta de todo o trabalho espiritual, nem devemos procurar monopoliz-lo. Aqui temos nossa oportunidade de ver o fornecimento da parte dos diferentes membros do Corpo. Se voc achar que certo irmo ou irm pode tratar do problema, procure-o e diga: "Isto est alm da minha capacidade; talvez esteja dentro da sua jurisdio." Cooperando desta maneira no Corpo, aprendemos a agir com mtuo relacionamento, no independentemente.

    Devemos ressaltar isto mais uma vez: todo obreiro deve aprender diante do Senhor como conhecer o homem. Quantas vidas, so estragadas depois de passarem pelas mos de irmos zelosos que no aprenderam, mas, sim, do em vo opinies subjetivas para suprir necessidades objetivas! As pessoas no esto necessariamente padecendo dos males que ns imaginamos que tenham. Nossa responsabilidade discernir sua verdadeira condio espiritual. Se no participamos primeiramente do entendimento espiritual, como poderemos esperar que ajudemosos demais filhos de Deus?

    Ns Somos a Sua Instrumentalidade

    Ao diagnosticar um caso, um mdico pode apelar a muitos instrumentos de medicina. Conosco, no assim. No temos termmetros nem raio-x, nem qualquer outro dispositivo para nos ajudar a discernir a condio espiritual do homem. Como, pois, discernimos se um irmo est espiritualmente doente, ou determinamos a natureza do seu distrbio? maravilhoso que Deus nos

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  • projetou para sermos "termmetros" para a medio. Mediante a Sua operao em nossa vida, Ele deseja equipar-nos para discernir o que "aflige" uma pessoa. Como os "mdicos" espirituais do Senhor, devemos ter um preparo interior eficiente. Devemos ter profunda conscincia do peso da nossa responsabilidade.

    Suponhamos que o termmetro nunca fora inventado. O mdico teria de determinar se seu paciente estava com febre pelo mero toque da sua mo. A mo lhe serviria de termmetro. Quo sensvel e acurada sua mo teria de ser! No trabalho espiritual, exatamente esta a situao.

    Ns somos os termmetros, os instrumentos. Devemos passar por treinamento eficiente e disciplina rigorosa, pois tudo quanto for deixado intocado em ns ser deixado intocado em outras pessoas. Alm disto, no podemos ajudar outros a aprender lies que ns mesmos no aprendemos diante de Deus, Quanto mais eficiente for o nosso treinamento, tanto maior ser nossa utilidade na obra de Deus. Semelhantemente, quanto o mais nos poupamos nosso orgulho, nossa estreiteza, nossa felicidade tanto menor a nossa utilidade. Se encobrirmos estas coisas em ns mesmos, no poderemos descobri-las nos outros. Uma pessoa orgulhosa no pode lidar com outra na mesma condio; um hipcrita no pode tocar na hipocrisia de outra pessoa, nem pode aquele que desregrado na sua vida ter um efeito til sobre quem tem a mesma dificuldade. Como sabemos bem que, se tal coisa ainda est em nossa natureza, no poderemos condenar exatamente aquele pecado nos outros! De fato, dificilmente at mesmo o reconhecemos nos outros. Um mdico pode curar a outros sem curar a si mesmo, mas isto dificilmente pode ocorrer no mbito espiritual. O obreiro , em primeiro lugar, ele mesmo um paciente; ele deve ser curado antes de poder curar os outros. No pode mostrar aos outros aquilo que ele mesmo no viu. No pode guiar os outros por onde no pisou. No pode ensinar aos outros o que no aprendeu.

    Devemos ver que ns somos os instrumentos preparados por Deus para conhecermos os homens. Logo, devemos ser fidedignos, qualificados para dar um diagnstico acurado. A fim de que meus sentimentos sejam fidedignos, preciso orar: " Senhor, no me deixa passar intato, sem ser quebrado, e despreparado." Devo deixar que Deus opere em mim aquilo que nunca sonhei, de modo que possa tornar-me um vaso preparado que Ele possa usar. Um mdico no faria uso de um termmetro defeituoso. Quanto mais srio para ns mexermos em condies espirituais do que doenas fsicas, enquanto ainda retemos nossos prprios pensamentos, emoes, opinies e modos. Se ainda quisermos fazer isto, e, de repente, quisermos fazer aquilo, ainda somos instveis. Como podemos ser usados quando estamos to indignos de confiana? Devemos passar pelo tratamento de Deus, seno, nossos esforos so em vo.

    Assim, outra vez, devemos enfrentar esta pergunta: Temos conscincia real da grandeza da nossa responsabilidade? O Esprito de Deus no opera diretamente nas pessoas; faz Sua obra atravs dos homens. As necessidades das pessoas so supridas, de um lado, pela disciplina do Esprito Santo (ao ordenar seu meio-ambiente), e, do outro lado, pelo ministrio da Palavra. Sem o fornecimento do ministrio da Palavra, o problema espiritual dos santos no poder ser solucionado. Que grande responsabilidade recaiu sobre Seus obreiros! serssimo. O fornecimento que a igreja est recebendo, mostra se a pessoa usvel ou no.

    Suponhamos que a caracterstica de certa doena chegar a uma temperatura de, digamos, 39 C. Mas a no ser que voc saiba a temperatura 28

  • exata, seu diagnstico no poder ser certo. Voc no pode determinar, ao tocar o paciente com a mo, que tem uma febre de cerca de 39 C. Assim tambm nos assuntos espirituais, seria por demais arriscado procurarmos ajudar os outros enquanto nossos sentimentos e opinies estivessem completamente errados e nossa compreenso espiritual estivesse inadequada. Somente se formos acurados e fidedignos que o Esprito de Deus pode ser liberado atravs de ns.

    O ponto de partida de uma obra espiritual marcado por muitos reajustes feitos diante de Deus. Um termmetro feito de acordo com um padro especfico, e cuidadosamente examinado para cumprir especificaes rgidas. Se, pois, ns somos o termmetro, quo severa deve ser a disciplina para nos levar at o padro de exatido que Deus exige! Na obra de Deus, somos "mdicos" bem como "instrumentos mdicos." Quo importante que passemos no teste dEle.

    A Chave para Perceber o Esprito do Paciente

    Ao conhecer a condio de um paciente, devemos considerar tanto o lado do paciente quanto nosso lado. Se voc quiser saber o que aflige uma pessoa, deve primeiramente reconhecer seu aspecto mais destacado. Destacar-se- de modo to notvel que, por mais que a pessoa tente, no poder escond-lo. A pessoa orgulhosa revelar o orgulho. No caso de uma pessoa triste, uma nota de tristeza permeia at mesmo suas risadas. Invariavelmente, a natureza da pessoa far com que certa impresso especfica seja deixada.

    H muitas referncias na Bblia que descrevem tipos diferentes de esprito. Algumas pessoas so apressadas no seu esprito; outras so endurecidas no seu esprito; ainda outras tem um esprito tristonho. Podemos dizer que uma pessoa tem um esprito altaneiro, outra tem um esprito deprimido, e assim por diante. De onde vm estas condies diferentes do esprito? Por exemplo, num esprito duro, de onde veio a dureza? Num esprito orgulhoso, de onde vem a altivez? Decerto, nosso esprito humano no seu estado normal no colorido com coisa alguma. projetado simplesmente para manifestar o Esprito de Deus. Como pode ser, pois, que se fala do esprito como sendo duro, ou orgulhoso, ou altivo, ou implacvel, ou ciumento? A resposta a seguinte: o homem exterior e o interior no esto divididos, e, assim, a condio do homem exterior fica sendo a do interior. O esprito duro porque est revestido da dureza do homem exterior, ou orgulhoso por que est revestido com o orgulho do homem exterior, ou ciumento por causa do cime do homem exterior. Originalmente, o esprito neutro na sua natureza, mas pode adotar o carter do homem exterior se este ltimo no for quebrantado.

    Nosso esprito emana de Deus. Desta maneira, originalmente puro, antes de ser afetado pelo estado impuro do homem exterior. Torna-se, porm, orgulhoso ou duro totalmente por causa da falta de quebrantamento do homem exterior. Como a condio do homem exterior tende a manchar o esprito do ponto de se manifestar com essa imperfeio! Assim, para purificar o esprito, a pessoa deve lidar, no com o esprito, mas, sim, com o homem exterior. Devemos reconhecer que o problema se acha, no com o esprito, mas, sim, com o homem exterior. Podemos perceber, pelo tipo de esprito que flui, que o homem no foi quebrantado. A condio especfica do homem exterior fica revelada no tipo de esprito com que entramos em contato. Uma

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  • vez que tenhamos aprendido a tocar o esprito do homem, sabemos exatamente qual sua necessidade. O segredo de conhecer o homem est nas manifestaes do seu esprito ao sentir aquilo do qual est revestido. Repetimos enfaticamente que este o princpio bsico para conhecer outro homem: por meio de sentir, ou tocar, seu esprito. medida em que o esprito flui, revela a natureza do homem exterior: se ele foi quebrantado ou no, porque nosso esprito toma seu colorido do homem exterior ao manifestar-se.

    Quando algum est forte num aspecto especfico, semelhante a alguma coisa que se destaca diante de voc. s estender a mo e toc-lo. Se voc o tocar, saber o que . Reconhecer que esta coisa o homem exterior dele, ainda intato. Se voc puder sentir assim o esprito de um homem, conhecer sua condio. Saber o que revelado por ele ou aquilo que est procurando esconder. Por isso, dizemos outra vez: se voc quiser conhecer um homem, deve conhec-lo de acordo com o seu esprito.

    Nossos Prprios Preparativos para Conhecermos o Homem

    Consideremos agora nossa parte em conhecer o homem. As medidas disciplinares que o Esprito Santo toma conosco so lies dadas por Deus, mediante as quais, numa coisa aps outra, somos quebrantados. So necessrios muitos quebrantamentos em muitas reas das nossas vidas para chegarmos a um lugar de utilidade. Quando dizemos que podemos tocar outra pessoa atravs do esprito, no quer dizer que podemos tocar todos os indivduos de modo semelhante, nem que podemos discernir na sua totalidade a condio espiritual doutra pessoa. simplesmente que no aspecto especfico em que fomos disciplinados pelo Esprito Santo e quebrantados pelo Senhor, podemos tocar em outra pessoa. Se, em algum aspecto, no fomos quebrantados no podemos, de modo algum, suprir aquela necessidade do nosso irmo. Justamente naquele ponto, nosso esprito insensvel e incapaz.

    Este um fato espiritual invarivel! Nosso esprito liberado de acordo com o grau do nosso quebrantamento. Aquele que aceitou mais disciplina aquele que melhor pode servir. Quanto mais a pessoa quebrantada, tanto mais sensvel ela . Quanto mais perdas a pessoa sofrer, tanto mais tem para dar. Onde quer que desejamos salvar a ns mesmos, naquele mesmo ponto ficamos espiritualmente inteis. Sempre que nos conservamos e nos desculpamos, naquele ponto estamos privados de sensibilidade e suprimento espirituais. Que ningum imagine que pode ser eficaz e desconsiderar este princpio bsico.

    Somente aqueles que aprenderam podem servir. Voc pode aprender as lies de dez anos num s ano, ou levar vinte ou trinta anos para aprender lies de um s ano. Qualquer atraso na aprendizagem importa num atraso no servir. Se Deus colocou um desejo no seu corao para servir a Ele, voc deve procurar entender em que isso implica. O caminho do servio acha-se no quebrantamento, ao aceitar a disciplina do Esprito Santo. A medida do seu servio determinada pelo grau da disciplina e do quebrantamento. Tenha a certeza de que nem a emoo nem a habilidade humana pode ajudar. O tanto que voc realmente possui baseia-se em quanto Deus operou na sua vida. Logo, quanto mais Ele lida com voc, tanto mais aguada sua percepo do homem. Quanto mais voc disciplinado pelo Esprito Santo, tanto mais prontamente o seu esprito poder tocar em outro.

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  • muito importante lembrar-nos de que, embora o Esprito de Deus seja dado a ns, os crentes, uma vez para sempre, em nosso esprito, devemos continuar a aprender enquanto a vida durar. Assim, quanto mais aprendemos, tanto mais podemos discernir. uma fonte de mgoa para ns que tantos irmos e irms no Senhor no sabem exercer o discernimento espiritual. Muitas pessoas no diferenciam entre aquilo que do Senhor e aquilo que da natureza humana. Somente medida em que temos experincia da maneira severa do Senhor lidar conosco em certa questo, que podemos perceber, at mesmo o seu surgimento em outras pessoas. No precisamos esperar que o problema se multiplique. Podemos discernir muito tempo antes da sua proliferao. Deste modo, nossa sensibilidade espiritual conquistada paulatinamente atravs do experimentar a mo de Deus sobre ns. Por exemplo, alguns talvez condenem mentalmente o orgulho, sim, at mesmo preguem contra ele, sem, porm, sentir a pecaminosidade do orgulho no seu prprio esprito. Desta maneira, quando o orgulho aparece no seu irmo, seu esprito no fica aflito; pode at mesmo simpatizar. Chega, depois, o dia em que o Esprito Santo opera na sua vida de tal maneira que realmente voc v o que o orgulho. Deus lida com ele, e seu orgulho consumido. Embora sua pregao contra o orgulho possa soar igual anterior, agora, porm, cada vez que um esprito de orgulho aparece no seu irmo, voc sente sua feiura, e fica aflito. O que voc aprendeu de Deus e ficou vendo, capacita-o a sentir e a ficar aflito. (A "aflio" descreve mais apropriadamente tal sensibilidade interior). Agora que reconhece esta indisposio, pode servir ao seu irmo. Anteriormente, era atacado pela mesma aflio; agora est curado. (Isto no lhe d a entender que deva alegar a libertao completa simplesmente que conhece certa medida de cura.) assim que chegamos a ter conhecimento espiritual.

    A sensibilidade espiritual realizada atravs de muitos tratamentos. Realmente tiramos proveito quando preservamos a ns mesmos? "Quem quiser preservar a sua vida, perd-la-." Devemos pedir ao Senhor que no retire Sua mo de ns. Quo trgico deixar de reconhecer o que o Senhor est fazendo. Podemos at mesmo estar inconscientemente resistindo a Sua mo. A ausncia do entendimento espiritual devida falta de aprendizagem espiritual. Logo, reconheamos que quanto mais tratamento recebemos, tanto mais conheceremos os homens e as coisas, e tanto mais poderemos suprir as necessidades dos outros. No h outra maneira de expandir a esfera do servio; devemos alargar o escopo das nossas experincias.

    Aprendendo a Praticar Isto

    Uma vez aprendidas estas lies bsicas, descobrimos que nosso esprito liberto e capaz de definir a verdadeira condio de outras pessoas. Como podemos colocar isto em prtica?

    Para tocar o esprito de um homem, devemos esperar at que ele abra sua boca e fale. Poucos chegam posio, em qualquer tempo, em que podem tocar o esprito do homem sem primeiramente ouvir o que ele tem para dizer. A Palavra de Deus diz: "Porque a boca fala do que est cheio o corao" (Mateus 12:34). Seja qual for sua inteno real, seu esprito revelado por aquilo que sua boca fala. Se for altivo, um esprito altivo se manifestar; se for hipcrita, um esprito hipcrita ficar em evidncia; ou se for invejoso, um esprito de cime. Enquanto voc o ouve falar, pode tocar seu esprito. No preste ateno

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  • quilo que ele diz, mas note especialmente a condio do seu esprito. Realmente conhecemos o homem, no meramente pelas suas palavras, mas, sim, pelo seu esprito.

    Em certa ocasio, quando o Senhor Jesus estava viajando em direo a Jerusalm, dois dos discpulos viram que os samaritanos no O recebiam. Perguntaram a Ele: "Senhor, queres que mandemos descer fogo do cu para os consumir?" (Lucas 9: 54). Enquanto falavam, seu esprito foi revelado. A resposta do Senhor foi: "Vs no sabeis de que esprito sois" (9: 55). O Senhor nos mostra aqui que escutar as palavras de um homem conhecer seu esprito. To logo as palavras so pronunciadas, o esprito revelado, "porque a boca fala do que est cheio o corao."

    H ainda outra considerao a ser levada em conta. Quando voc est escutando uma conversa, no permita que o assunto em discusso distraia voc do esprito. Suponhamos que dois irmos estejam envolvidos numa contenda, e cada um culpa o outro. Se esta questo trazida diante de voc, como agir? Embora voc talvez no tenha nenhum modo objetivo de averiguar os fatos se apenas os dois estiverem presentes, voc certamente sabe que, to logo que eles abrem a boca, seus espritos so revelados. Entre os cristos, o certo e o errado julgado, no somente pela ao, mas tambm pelo esprito. Quando um irmo comea a falar, voc pode sentir imediatamente que seu esprito est errado, embora talvez lhe faltem informaes sobre os fatos do caso. Um dos irmos talvez se queixe que o outro ralhou com ele, mas imediatamente voc sente que seu esprito no est certo! A questo verdadeira est com o esprito.

    Diante de Deus, o certo ou o errado no determinado tanto pelo ato quanto pelo esprito. Quo frequentemente na igreja uma ao errada acompanhada por um esprito errado. Mas se o julgamento for feito exclusivamente segundo o ato, arrastamos a igreja para outro mbito. Deveramos estar no mbito do esprito, no naquele da mera ao exterior.

    Uma vez que nosso prprio esprito tenha sido liberado, podemos detectar a condio do esprito dos outros. Se entrarmos em contato com um esprito que est fechado, devemos exercer nosso esprito em julgar a questo e discernir o homem. Que possamos dizer com Paulo: "Daqui por diante, a ningum conhecemos segundo a carne" (2 Co 5:16). No conhecemos o homem