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World Beat

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O Boss escreve...

Entrevista Reportagem

O que vocês dizem...

Reviews Crónica

Temos partido? Sim, nós esta-mos ao mesmo nível do NYT .

Barack, sim Barack falar sobre a importância desta impre-scindível revista…essencial.

O que deves e tens que comprar.

Tinarwen apresentam-se através do seu porta voz. Mas que grande banda.

Conhecido pela sua variedade Festival Música do Mundo em Sines vai na sua 13ª edição!

Um local (pequeno) onde o leitor tem hipótese de mani-festo…ou será que não?

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O Boss escreve que...

Filipa Araújo

O Nosso Partido

Um dos grandes males da imprensa portuguesa reside na sua esteri-lidade ideológica. Em Por-tugal criou-se a ideia de que as direcções editoriais não devem tomar posições políticas, defender tendências ou alimentar causas. Pensam os “iluminados” directores da nossa praça que ao manter a “imparcialidade” prestigiam as suas publicações.

Porém, nada podia estar mais longe da verdade. A assunção e a def-esa de ideias e ideais, desde que devidamente sustentadas, é algo lou-vável e que contribui para a evolução dos modelos de pensamento e, consequentemente, das sociedades. É isso que acontece na impren-sa de países como Espanha, França, Inglaterra ou Estados Unidos.

O leitor atento percebe claramente a diferença ideológica en-tre o El País e o ABC, entre o Libération e o Le Figaro, entre o Financial Times e o The Guardian, entre o New York Times e o Washington Post. E será que essa carga ideológica torna es-tas publicações menos idóneas e menos rigorosas? Claro que não.

BossesNascemos e já mor-

remos. Esta é a nossa marca, uma tentativa

de revista diferente das outras e igual a qualquer uma. Não gostas poupa o dinheiro. Gostas? Lê e

cala-te!

EquipaFundadores Filipa AraujoTiago Pedro

Editores Filipe GesteiroMaria SantosFotografiaTiago Filipe

Pedro Araújo

Ficha TécnicaDesign e Arte Final

Tiago PedroFilipa Araújo

Tiragem 0 exemplaresImpressão TUA

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O que vocês dizem...

Agora que a focus fechou as suas portas vocês decidem lançar uma revista? Ou têm muito dinheiro ou são malu-cos. A crise bateu-nos à porta e veio para ficar. Quando sou da existência desta revista tive logo vontade de entrar em contacto convosco, pro-curei procurei e lá encontrei. Música? Sim a música é im-portante…mas caramba, vocês são ricos? Três euros? Três euros é muito caro para mim que vivo de reclamações, per-doem-se de doações. Lamento mas não vos vou comprar.

Raquel, 19 anos, Porto

Vou regularmente ao festi-val de Sines e devo dizer que adoro cada vez mais. Final-mente há uma revista assim, dedicada a este tipo de música que cada vez tem mais adep-tos. Boas entrevistas, óptimas crónicas e excelentes dicas é o que vos desejo, e também peço como leitora. Vou com-prar sempre a vossa revista. Por mim estão de parabéns. E sugiro um mapa de tour do fes-tival… saber em que país está, que músicos é que vão actuar, nunca se sabe quem pode estar

certos e muitos eventos dedi-cados a esta música, música que é vida. Músicas do mundo merece o respeito e atenção de todos nós, e sinceramente es-pero que façam um bom tra-balho. Obrigado e boa sorte!

Bruno, 18 anos, Leiria

interessado. Saber um pouco mais das bandas, dos seus ál-buns e onde podemos ve-los é também importante. Mas o que queria dizer era mesma um forte e caloroso: Parabéns.

Pedro, 32 anos, Faro

A vossa crónica esta bastante engraçada, sem querer o senhor presidente de coisas que lhe são bem visíveis. A música é real-mente muito importante, de-masiado importante. Parabéns.

Ana, 24 anos, Coimbra

Apesar de Portugal estar a pas-sar uma situação económica muito complicada, com a tal dita crise, apoio a vossa cor-agem em lançar uma revista dedicada especificamente a este género musical. Musicas do mundo há muito que pre-cisavam de ser colocadas em papel, por vezes aparecem uma ou outra reportagem, talvez entrevista com uma banda (que depois se dedica ao pop). Nor-malmente o que vejo é sem-pre sobre o festival em Sines e fico um pouco triste porque sei que há muitos espectáculos, muitos festivais, muitos con-

Queria dizer-vos que ainda não comprei a vossa revista mas assim que ela sair vou comprar. Já estou farta da blitz e da outras, isto sim é uma revista que interessa. Música boa, entrevistas ainda melhores, lugar para opinião… e ouvi dizer que vai ser o Barack? Isso é muita pinta, muita pinta. Vá agora coisas a serio…quando é que sai?

Raúl, 25 anos, Lisboa

Carta do mês

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TINARIWEN: Revolucionários do Deserto

Alhousseïni Abdoulahi - a.k.a. Abdallah- é o porta-voz da famosa ban-da de tuareg folk/rock Tinariwen. A World Beat chegou a ele por telefone, na França. Conheça aqui a história notável Tinariwen.

Bom falar com você novamente. Estamos real-mente ansiosos para ter Tinariwen em Portu-gal.

Estamos também. Durante anos e anos, Tinariwen tem a esperança de vir a Portugal, sempre.

Abdallah, vamos falar sobre você, como você começou na vida, na música, e como você ligado com Tinariwen.

Eu nasci em 1968, a sudeste de Kidal, no círculo que chamamos Tamasina. O maior deserto do Mali está lá. É uma zona de camelos, sem outros ani-mais. Então eu nasci e cresci lá, e depois em 1982 houve o primeiro surto da rebelião tuaregue. Havia um post nessa zona chamada Inlamawen.

Você viajar para lá por causa da rebelião?

Não. Eu tinha uma irmã mais velha que tinha deixado Mali em 1973 para se estabelecer lá. Então eu deixei a seca e fui ver a minha irmã mais velha. Naquela época, este era um modo de la - Tamaras-set, Líbia - esta era a única coisa para todos os Tu-aregs jovens no início dos anos 80. Muita gente iria para esses lugares e voltar para a sobremesa com rádios, leitores de cassetes e coisas assim.

Você sabia que estes eram os mesmos caras que você tinha ouvido falar nessa cassete?

Sim. Reconheci as canções. No trimestre em que fiquei em Tamarasset, havia um monte de gente jovem por perto, meus vizinhos, que ouviram as mesmas músicas, mesmo antes de eu vi Ibrahim. Ibrahim era uma celebridade na época. Ele tocava violão muito bem com seu amigo Inteyeden, que morreu em 1995, e Hassan. Todo mundo sabia que eles.

Como você fazer essas viagens longas?

Fomos em um 4x4 alugado para a Líbia. Eu não próprio ou tocar guitarra ainda, mas esse foi o momento em que eu me interessei. Quando fui para a Líbia, que era de encontrar trabalho em Bhangazi. Essa é a segunda capital da Líbia. Fiquei lá por todos os de 1986 e depois voltou para Tamarasset. Assim, em Tamaresset, ficou apenas duas semanas, depois de volta para a

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Alhousseïni Abdoulahi - a.k.a. Abdallah- é o porta-voz da famosa ban-da de tuareg folk/rock Tinariwen. A World Beat chegou a ele por telefone, na França. Conheça aqui a história notável Tinariwen.

militar. O grupo havia se formado em 1985 em outro acampamento militar na Líbia. Olharam para equipa-mentos e tomadas as Tinariwen nome. “Tinariwen” é o plural de deserto.

Isso foi na época os americanos atacaram Khadafi na Líbia.

Sim. Isso foi em 1986. Cada vez que eu fui no meio deles, houve um ensaio, então eu comecei a ensaiar com todos os membros da Tinariwen. Ao mesmo tempo, para o conjunto de 1987, eu estava começan-do meu treinamento militar. Em 1988, eu terminei. Deixei o campo militar, e foi à procura de trabalho, 1988, 89. Em 1990, fomos todos de volta para Mali, o Tinariwen grupo inteiro.

Você lutou na rebelião?

Sim. Em Junho de 1990, começaram os combates e todos nós estávamos nas montanhas, todos os mem-bros da Tinariwen. Cada um de nós veio de forma independente. Nós não estávamos juntos. Todos sabíamos que a rebelião foi a partir de Mali e todos nós fomos lá e encontrou uma outra nas montanhas. Então houve guerra, de junho a dezembro. Está-vamos na luta montanhas. Nós tocamos guitarras, levamos os braços também.

Líbia em 1987.

Agora, esta é a terceira vez que você topar com Ibrahim. Parece que você estavam des-tinados a ficar juntos.

Voila. Na terceira vez, eu encontrei-os em um acampamento militar em Tripoli.Eles já haviam se tornarem soldados. Eu era o último mem-bro da Tinariwen para começar o treinamento

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Beat Festival de Músicas do Mundo de Sines 2011

O estalo de chegar e ver milhares de pessoas numa cidade do tamanho de… bem, de uma aldeia com esteróides, é assombroso.

na procura do que o Mundo e as suas gentes cantam e tocam. Segundo a organi-zação, mais de 80.000 pes-soas estiveram em Sines para o FMM, passando as noites acampadas em qualquer bo-cado de relva, no parque de campismo e em hotéis lota-dos ou dormindo no carro. A d u fO primeiro Domingo ficou a cargo de Aduf e Luísa Maita. Os membros da banda Aduf deram vida ao palco durante uma hora e pouco, com 4 adufos (instrumento árabe

Por ruas com a largura de 10 pessoas postas lado a lado (sim, alguém achou interes-sante medir em número de pessoas) andou uma multi-dão imensa de hippies saí-dos de tendas com cheiro a canela, artistas sem bilhete mas com talento para ho-ras e vendedores de bijutaria. Sines recebeu mais uma vez o Festival Músicas do Mundo, que se dividiu em 2 fins-de-semana com 35 con-certos, 2 palcos e um desejo expresso de ser um festival de Música não-comercial,

com som semelhante ao de um tambor) a manter o ritmo e a puxar pelo público que as-sistia ao primeiro concerto do dia. O grupo conta com o ex-guitarrista dos Madredeus, José Peixoto e o ex-Gaiteiros de Lisboa, José Salgueiro, que se uniram a Maria Berasarte e restantes músicos para criar uma Música com influên-cias árabes e música popular portuguesa. Maria Berasarte, vocalista dos Aduf, deve ter algum tipo de manto invisível capaz de lhe dar uma pronún-cia perfeita do português,

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de mostrar uma voz po-derosa e jeito carismático, que levasse os altifalan-tes espalha-dos do lado de fora do recinto a arrebatar o público para decidir-se a entrar. A cantora paulista tem actuado em diversos palcos internacionais, depois do Brasil ter recebido bem o seu álbum Lero-Lero. Músi-cas como Alento provam que consegue embalar o público na sua simpatia e voz calorosa.C a b a c eNo Sábado, último dia de FMM, Cabace pegaram no palco e deram-lhe um toque Reggae africano, cantando em português, inglês, francês e em crioulos. Os Cabace afir-mam-se uma fusão afro-soul-reggae e desde a sua criação,

em 2009, venceram o Rock Ren-dez Worten 2010. De lá para cá, ainda são uma banda r e v e l a ç ã o da música africana e deixaram o público do Festival cati-vados pelo som aceso da sua música.

Final do FMM - Ku m p a n i a A l g a z a r r a

despindo-o entre músicas para falar com sotaque bas-co. Esta pequena maravilha quase roubou o espectácu-lo, não fosse a sua actuação aguerrida e voz forte, capaz de deslumbrar as poucas cen-tenas de pessoas no Castelo. Luísa MaitaLogo a seguir, de São Paulo e antes de partir para uma di-gressão na América do Norte, o FMM apresentou Luísa Maita. A cantora prometia aquecer uma noite enregelada pelo vento com a sua música boa-onda e som de um novo Brasil, com novos artistas a despontar e assumir o papel de representantes da Música brasileira. A noite não era fácil: último dia do primeiro fim-de-semana, concerto pago e frio demais para en-trar no Castelo. Para uma noite assim, Luísa Maita teria

Ao fim de 2 fins-de-semana de Música, de ruas cheias, batuques improvisados em qualquer bidão de água e um certo sentimento de ter estado num Festival de sonho com milhares de pessoas numa cidade linda com vista para o Atlântico, os Kumpania Al-gazarra devoraram o palco e levaram o público ao sétimo Céu numa espécie de ping-pong de energia, com euforia no ar. De todos os concertos, os Kumpania foram a banda-na-boca de toda a gente, aque-la a que todos queriam ir e na que o público iria dançar, le-vantar o pé e gritar as músicas da banda. O som dos Kumpa-nia parece uma ratazana em-briagada em cafeína, com dedos para tocar qualquer instrumento e uma alegria que levantaria os mortos, se os mortos fossem iguais aos dos filmes de ficção científica.No final do FMM 2011, cama, bolachas e óculos de sol.

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Anoush-ka Shankar, f i l h a do len-dário Ravi

Shankar, revelou o seu novo álbum e do projeto intitu-lado ‘viajante’, que traça os ciganos “viagem de sua terra natal, no Rajastão a sua liq-uidação final em Espanha. A ligação entre as duas cul-turas e sua música é o foco do projeto. Anoushka estará tomando seu all-star indi-anos emúsicos de flamenco em turnê entre 20 novembro - 5 dezembro e se o álbum équalquer coisa ir perto o evento ao vivo será mágico.

Reviews

Produzido por Jean-Paul Ro-mann, este ál-bum acústico (o grupo têm-se desligado das suas gui-tarras elétricas, para alcançar uma expressão mais original da sua arte) foi gravado no deserto do

sudeste da Ar-gélia e contou com a presen-ça de alguns convidados e anfitriões de renome, in-cluindo Tunde Adebimpe e Kyp Malone, membros do “TV On The Radio”, Nels Cline, guitar-rista do Wilco, e a Banda Dirty Dozen Brass.

Anoushka Shankar Traveller

Aziz Shamaoui

University of Gnawa

Dazkarieh

Ruídos do Silencio

Viajante é uma experiência fascinante ouvir que ofe-rece uma mistura rica de sons exóticos e emoções. Os resultados são um álbum altamente polido que man-tém um elemental se sentir de forma livre que faz o álbum tanto incrivelmente excepcional e ambicioso.

Tinariwen

Tissili

Os Dazka-rieh estão de regresso com “Ruído do Silêncio”, o seu quinto trabalho de estúdio com edição no dia 21 de Mar-ço de 2011.Doze temas de música inten-sa levam-nos

numa viagem pelo imag-inário sonoro de Portugal e do Mundo. Desde a ex-plosão sonora que nunca i m a g i n a r í a -mos sair dos instrumentos acústicos usa-dos, a momen-tos de grande comtemplação e intimismo.

Entre o Ma-grebe e a Áfri-ca Subsariana, entre o Islão e o animismo, a cultura gnawa produziu uma música que é uma conden-sação de ritual religioso, trata-mento médico e sublimação artística. Músi-

ca de transe, repetitiva e hipnótica, não lhe basta ser gostada, ap-enas triunfa se colocar os ou-vintes num es-tado superior de consciên-cia. Com o seu novo grupo, University of Gnawa, lançou em Abril o seu primeiro dis-co em nome próprio, com o gnawa como base, mas tam-bém influên-cias do chaabi.

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Crónica

Falar sobre uma revista desta qualidade torna-se uma tarefa muito difícil, para mim como presidente dos Estados Unidos da América. Primeiro não posso deixar de agradecer aos bosses o simpático convite para escrever um artigo de opinião so-bre este novo projecto que eles abraçaram de corpo alma. É uma honra para mim ser o primeiro a manifestar-me e espe-ro contribuir para o sucesso da revista.Em seguida queria reforçar a dificuldade que tenho em encontrar as palavras cer-tas para tornar clara a minha opinião. O mundo precisa de jovens empreendedores, que criem, inventem e produzam coisas boas para nós, seja em que área for, tec-nologia, ciência, sociedade, em qualquer uma. O mundo evolui conforme a evolução da comunidade, portanto novos projec-tos deverão ser abraçados com um sor-riso rasgado na cara, e sempre apoiados!Passando ao que interessa… para mim falar de guerra, economia, impostos, assistência social ou até mesmo dominar a europa…são assuntos com que lido com facilidade

Barack Obama

“Desprezei de algum modo a música na sua generalidade. Adoro músi-ca, ouço todos os dias música.”

e sei falar, talvez por uma questão de habi-to, de rotina. Mas a qualidade desta revista obriga-me a ir além fronteiras, além daquilo que aprendi a ler até hoje. Sou o primeiro a admitir que o meu tipo de leitura diária está directamente relacionada com política, economia e sociedade. Desprezei de al-gum modo a música na sua generalidade. Adoro música, ouço todos os dias música.Mas esta revista conquistou-me. Letras e imagens criam um pequeno livro, simpático e macio, que conta tudo aquilo que quere-mos saber sobre a música, mas a música do mundo. Não é rock, não é pop, não é clássica, nem é fado (os portugueses ainda existem?)… é música do mundo. De norte e sul, de oeste e este, música que conquis-ta, música que fica guardada. Saber o que se passa em qualquer país, saber como se vai até lá, quem são os artistas, como che-gar é essencial para usufruirmos do que a música tem para nos oferecer. A linguagem musical é universal e portanto brindemos todos a esta marco crucial na história da música o nascimento da WORLD BEAT.

O vosso presidente