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imprimir o artigo E3-3.4T318 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA CONSEQÜÊNCIAS DE UMA OCUPAÇÃO INTENSA PARA O AMBIENTE LAGUNAR DE JACAREPAGUÁ: O CASO DAS LAGOAS DE JACAREPAGUÁ, CAMORIM E TIJUCA. Leonardo Correa Pimenta [email protected] Dr. Jorge Soares Marques [email protected] UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Palavras Chaves: Lagoas Costeiras – Degradação Ambiental – Qualidade de Vida Eixo 3: Aplicação da Geografia Física à Pesquisa Sub-eixo 3.4: Aplicações temáticas em estudos de casos Introdução Os ambientes costeiros estão localizados na interface entre o continente e o oceano. Por ser uma área de transição, esses ambientes sofrem influências de processos marinhos e continentais, tornando-se lugares dotados de ricas especificidades físicas e biológicas. Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, a proximidade entre o mar e as montanhas amplia ainda mais a dinâmica e a sensibilidade destes espaços. Há pouco mais de cinco séculos, os ambientes costeiros brasileiros vêm sofrendo profundas transformações, e seus espaços naturais estão sendo compulsoriamente reduzidos para ceder lugar ao meio urbano. Esta influência humana pode e está alterando os ambientes costeiros, através da organização, estruturação e da reestruturação do espaço. X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEORAFIA FÍSICA APLICADA http://www.cibergeo.org/XSBGFA/eixo3/3.4/318/318.htm 1 de 9 27/07/2015 15:57

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CONSEQÜÊNCIAS DE UMA OCUPAÇÃO INTENSA PARA O AMBIENTELAGUNAR DE JACAREPAGUÁ: O CASO DAS LAGOAS DE JACAREPAGUÁ,

CAMORIM E TIJUCA.

Leonardo Correa Pimenta [email protected]. Jorge Soares Marques [email protected]

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Palavras Chaves: Lagoas Costeiras – Degradação Ambiental – Qualidade de VidaEixo 3: Aplicação da Geografia Física à Pesquisa

Sub-eixo 3.4: Aplicações temáticas em estudos de casos

Introdução

Os ambientes costeiros estão localizados na interface entre o continente e ooceano. Por ser uma área de transição, esses ambientes sofrem influências deprocessos marinhos e continentais, tornando-se lugares dotados de ricasespecificidades físicas e biológicas. Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, aproximidade entre o mar e as montanhas amplia ainda mais a dinâmica e asensibilidade destes espaços.Há pouco mais de cinco séculos, os ambientes costeiros brasileiros vêm sofrendoprofundas transformações, e seus espaços naturais estão sendo compulsoriamentereduzidos para ceder lugar ao meio urbano. Esta influência humana pode e estáalterando os ambientes costeiros, através da organização, estruturação e dareestruturação do espaço.

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Para MORIN (1998 apud COELHO, 2001, p. 23)a sociedade transforma o ecossistema natural, criando, com a civilização, um meiourbano, ou melhor, um ecossistema urbano no ambiente natural. Sendo este, umatotalidade de relações e de interações no seio de uma unidade tão localizável comoum nicho: o aglomerado urbano.

Ressalta-se que o Rio de Janeiro é um dos estados brasileiros que mais possuilagoas em seu território, “ocorriam originalmente mais de 300, incluindo desdepequeno e efêmeros brejos, secos durante parte do ano, até grandes lagoas, comoa Feia com seus 300 Km2 de superfície” (AMADOR, 1997, p. 167). Muitas destaslagoas já desapareceram, parciais ou totalmente, ou tiveram seu processo decolmatagem acelerado devido ao aumento na chegada e deposição de sedimentos,e também, por aterros e pela poluição que ampliam o volume de matéria orgânicaem seu interior.O Município do Rio de Janeiro,desde a sua implantação, na colina, a cidade circundada pelo brejo, pelo mar epela montanha estabeleceu uma espécie de luta que se tornou uma constante naconquista do espaço urbano. Em etapas sucessivas e muitas vezes simultâneas, acidade do Rio aumentou seu espaço urbano conquistando a planície, as colinas eos vales, avançando sobre brejos, os mangues e também montanhas, e fazendorecuar a linha do litoral (IPEA, 2000, p. 16).Existiam nesta cidade dezenas de lagoas costeiras distribuídas por todo seuterritório muitas, foram aterradas para dar lugar à expansão urbana carioca.Atualmente restam poucas lagoas na cidade do Rio de Janeiro, as maiores são:Rodrigo de Freitas, Taxas (Tachas ou Lagoinha), Marapendi, Jacarepaguá,Camorim e Tijuca. Estas três últimas são objetos deste estudo, e juntas participamde um amplo conjunto lagunar que, inclui também a lagoa de Marapendi, que vêmsofrendo uma intensa agressão ao seu ecossistema natural.O objetivo geral deste trabalho é fazer uma análise das condições ambientais doecossistema costeiro da Baixada de Jacarepaguá, especialmente, da área que foidelimitada para nosso estudo, o entorno das lagoas de Jacarepaguá, Camorim eTijuca, destacando a problemática e a degradação ambiental por qual esteambiente está passando, evidenciando sobretudo, as transformações ocorridas noentorno deste conjunto lagunar. Busca, também, promover possíveis subsídios aoentendimento das implicações inerentes à gestão das lagoas costeiras e dosambientes litorâneos em vias de urbanização.Está presente no objetivo, fazer uma avaliação da forma com que as lagoas deJacarepaguá, Camorim e Tijuca estão sendo incorporadas à cidade do Rio deJaneiro, pelos processos de urbanização, definindo o tipo de ocupação e o uso dosolo nos terrenos que compõem as margens desse conjunto lagunar, mostrandoseus impactos para as lagoas e para o ambiente, e tendo a preocupação emcontribuir para melhor definir a aplicação de controles que venham a permitir umamelhor qualidade de vida e ambiental.

Localização da Área de Estudo

A Baixada de Jacarepaguá é um ambiente costeiro, uma planície litorânea situadana zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, e está limitada a oeste pelo maciço daPedra Branca, a leste pelo maciço da Tijuca e ao sul pelo Oceano Atlântico.É neste conjunto litorâneo que estão inseridas algumas das principais lagoascosteiras carioca, são elas: Marapendi, Lagoinha (ou Taxas), Jacarepaguá,Camorim e Tijuca.

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Figura 01 – Mapa de Localização. Em destaque (numerado) o conjunto lagunar de Jacarepaguá, cujas lagoassão: 1 - Lagoa de Jacarepaguá; 2 - Lagoa de Camorim; 3 - Lagoa da Tijuca. O número 4 mostra o canal da

Joatinga (ou canal da Barra).

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LAGOAS

O conjunto lagunar de Jacarepaguá possui uma área de, aproximadamente, 8,5km2 com um volume de água de pouco mais de 2,38x107 m3 (AMORIM, 2001). Aágua possui uma tonalidade naturalmente escura, e a salinidade no conjuntodiminui à medida que suas águas estão mais afastadas do mar. As lagoas estãodispostas, no sentido oeste–leste, da seguinte forma: lagoa de Jacarepaguá,Camorim e Tijuca, e o canal da Barra.A lagoa de Jacarepaguá é a lagoa mais interiorizada do conjunto, e possui umaárea de 4,04 km2. Esta lagoa é relativamente rasa com uma profundidade médiade 3,32m, possuindo uma forte vinculação com o continente, pois, recebe aportesfluviais significativos.A lagoa de Camorim é a menor lagoa do conjunto com 0,43 km2. Esta lagoa“comporta-se como um canal de ligação entre as lagoas da Tijuca, a leste e deJacarepaguá, a oeste. Este sistema hidrográfico possui duas ligações com o mar:uma principal na lagoa da Tijuca, por onde realmente se dá a entrada da água domar através do canal da Joatinga, e outra, muito assoreada, na Lagoa deJacarepaguá, o canal da Sernambetiba” (ZEE et al, 1992 apud AMORIM, 2000).A lagoa da Tijuca é a maior lagoa deste conjunto com 4,72 Km2, é também, aquelacujas margens foram mais antropomorfizada. Esta lagoa possui maior vinculaçãocom o mar, mas também, sofre influências do continente através dos rios quedeságuam em seu interior.

GÊNESE DO CONJUNTO LAGUNAR DE JACAREPAGUÁ

“As oscilações do nível marinho acarretam perturbações no perfil de equilíbrio dazona litoral. A tendência natural e o retorno ao estado de equilíbrio, através damigração desse perfil ao longo da plataforma” (MAIA et al, 1984). Durante oQuaternário, ocorreram diversas variações no nível do mar que mobilizaramsedimentos da plataforma para o continente, formando os cordões arenosos

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litorâneos.A origem do conjunto lagunar relaciona-se ao período de variação do nível do marno Holoceno, ou seja, os movimentos de transgressão marinha transformaram abaixada em uma grande enseada, onde o nível da água estava acima do nívelatual. As margens desta enseada, formou-se, por ação das ondas, duas correntes,uma litorânea e outra circular, que começaram a depositar sedimentos dandoorigem a uma pequena restinga. E esta, gradualmente, foi se estendendotransformando a antiga enseada numa grande lagoa (PIMENTA, 2002a).SUGUIO & TESSLER (1984) apontam que as baixadas costeiras sedimentares sãoresultantes da ação conjunta dos “seguintes fatores: fontes de areia, correntes dederiva litorânea, variação do nível relativo do mar e armadilhas de retenção desedimentos”.

AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS TERRENOS MARGINAIS DO CONJUNTOLAGUNAR

As lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca estão situadas sobre uma planíciepaludial sedimentar recente (Quaternário), que tem uma suave declividade e, ondepode-se encontrar diferentes tipos de terrenos no conjunto da área, como: areais,mangues, turfeiras e os depósitos vasas orgânicas.As areias residuais e de fundo de enseada estão localizadas nas porções sul enorte das lagoas, e formam o corpo sedimentar mais espalhado da área, sendocomposto, principalmente, por areias residuais e biodedríticas.Os mangues estão situados na parte oriental da lagoa da Tijuca. “São depósitoscom grande quantidade de matéria orgânica, resto de animais e vegetais. Ocupamfaixas estreitas e alongadas... em áreas onde a salinidade é mais elevada” (MAIAet al, 1984).As turfas localizam-se nas porções oeste, centro e nordeste, ocupando as áreasbaixas da planície paludial. As turfas originam-se da colmatação das lagoas pormatéria orgânica de origem vegetal, a partir de plantas que crescem nos locais debaixa salinidade.As vasas orgânicas são compostos de matéria orgânica coloidal formada a partirda decomposição vegetal em solos úmidos e pouco salinos, representam o estágioinicial de formação das turfas. Estes depósitos estão localizados nos fundos e nasmargens das lagoas.

HISTÓRICO DA ÁREA

No início do século passado, a Baixada de Jacarepaguá era uma área de vaziodemográfico desconhecida de muitos cariocas. Os poucos que a conheciamconsideravam aquela região uma “maravilhosa terra um sertão como a Amazonia(sic)... embora menos bravio” (Palma, 1932 op. cit GONÇALVES, 1999). Um outromundo até então inóspito e inculto onde o Homem convivia com a natureza deforma a causar baixos impactos ao ambiente. Prevalecia nesta região umaexuberante vegetação, que era composta pela floresta ombrófila densa, ombrófilamista e a vegetação de restinga.A fauna que em outros lugares era rara ou extinta no Rio de Janeiro, nasproximidades das lagoas era abundante, existiam animais como “onças, entre elasa sussuarana e a jaguatirica, e capivaras, estranhos símios entre os quais oguariba... animais exóticos como o jacaré e vistosas aves aquáticas nos alagados,nas lagoas e nos campos extensos da Sernambetiba” (Palma, 1932 op. citGONÇALVES, 1999).

EXPANSÃO URBANA PARA O OESTE

No início do século passado, a cidade do Rio de Janeiro apresentava umcrescimento populacional bastante heterogêneo. Em seu núcleo central (oufreguesias urbanas) residiam a maioria da população e nas periferias (oufreguesias rurais), o quadro populacional era antagônico.A Cidade do Rio de Janeiro, em fins da década de 60, já contava com umapopulação com um pouco mais de 4,2 milhões de habitantes, e tinha comoprojeção para o ano de 2000 uma população de 9,4 milhões de habitantes (RIO DEJANEIRO, 1977). Atualmente a população da Baixada de Jacarepaguá é de,

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aproximadamente, 700 mil pessoas, cerca de 11,6% da população total da cidade.Em 1970, o Censo IBGE, quantificava para a Baixada 241.017 habitantes ou, 5,6%da população carioca.O Governo do, então, Estado da Guanabara, visando incentivar medidas queracionalizassem a ocupação do espaço e disciplinassem o uso do solo urbano,desestimulou o adensamento de áreas tradicionais de ocupação da cidade, e crioumelhorias e infra-estruturas de acesso que facilitaram a ocupação do oeste carioca,quebrando o isolamento desta região com o restante da cidade.A construção de novas vias de acesso permitiram um aumento do fluxopopulacional para a região da Baixada de Jacarepaguá dando a esta um caráterradial. A Baixada de Jacarepaguá que antes era um vazio demográfico ideal parapiqueniques em praias desertas e de sítios para passar o final de semana, passoua receber uma gama maior de freqüentadores, que deram início a um processomais acentuado de ocupação do espaço (GONÇALVES, 1999).

APROPRIAÇÃO E USO DO SOLO

A análise do Mapa de Uso do Solo de 1972 (Figura 02), indica uma grande área devazio demográfico do entorno do conjunto lagunar de Jacarepaguá. Além disto,pode-se perceber também a diversidade de ambientes naturais.

Figura 02 – Mapa de Uso do Solo de 1972, mostrando de que forma o solo era ocupado nesta época.

Atualmente, as margens do conjunto lagunar apresentam mudanças significativasem relação àquela época. Isto pode ser percebido no Mapa de Uso do Solo de2000 (Figura 03).

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Figura 03 – Mapa de Uso do Solo de 2000, mostrando a ocupação atual do solo das margens das lagoas deJacarepaguá, Camorim e Tijuca.

A comparação entre o Mapa de Uso do Solo de 1972 e o Mapa de Uso do Solode 2000, mostra como o espaço marginal das lagoas está, progressivamente,sendo incorporado pelo urbano. MARQUES et al. (2001) indicam que a apropriaçãodeste espaço se deu através de inúmeros “tipos de ocupação, entre eles:autódromo, aeroporto, centro de convenções, parques temáticos, shoppings,condomínios de luxo, espigões, conjunto habitacionais, favelas e áreas de reservaecológicas. Cada um deles produzindo alterações ambientais...” (p. 221).

PIMENTA (2002b) aponta que as lagoas e suas margens são os lugares quemais sentem a degradação ambiental, pois, a urbanização alterou diversas formasnaturais, em detrimento dos espaços urbanos. As lagoas tiveram suas margensvárias vezes redefinidas em função de aterros, retirada de areias, incorporação ousurgimento de ilhas.

A partir da análise do Mapa de Uso do Solo de 2000, pode-se perceber,contrastes na estrutura de ocupação do entorno lagunar. Entre estes, destacam-seque:

· na margem sul, tem-se a ocupação do solo mais organizada de todo oconjunto, onde prevalecem os grandes condomínios, cujas ruas destes,possuem um formato (desenhos) de “ondas”, aparentando obedecer a umacerta organização, apesar de serem vários condomínios distintos;

· na margem norte, uma ocupação mista, diversificada e, aparentemente,não planejada (desorganizada), onde prevalecem as favelas e osedifícios para as classes média e média baixa;

· na margem leste, uma ocupação mista composta por edifícios ehabitações unifamiliares de alto luxo, que algumas vezes, chegaram aultrapassar o espelho d’água das lagoas, através de aterros, para aconstrução das mesmas;

· na margem oeste, uma ocupação mais rarefeita tendo como grandeexpressão desta margem o Rio Centro. É ainda uma área com relativaquantidade de áreas desocupadas, e por onde a cidade prossegue amarcha pelo seu crescimento.

Esta apropriação das margens associada à incorporação desta área à malhaurbana carioca, vem fazendo todo o conjunto lagunar sentir a influência doprocesso ocupacional que a região apresenta. Os aterros e os desmatamentos,concatenados ao despejo de dejetos, rejeitos industriais, lixo e o aporte de águadoce do esgotamento sanitário que vem se ampliando ao longo das últimasdécadas, está acarretando problemas como assoreamento, mortandade de peixes,

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mudança na tonalidade da água, mau cheiro, “explosão” de algas, enchentes entreoutras coisas.Ressalta-se que as margens são os ambientes mais sensíveis de todo o conjunto,pois, estão suscetíveis aos processos lagunares e continental, e deveriam mereceruma atenção especial, tipo, um tratamento preventivo contra sua deterioração,ocupação e até mesmo poluição.

Figura 04 – Mapa Esquemático da Margem do Conjunto Lagunar de Jacarepaguá. Fonte: PIMENTA, 2002b.

Pelo Mapa Esquemático da Margem do Conjunto Lagunar (Figura 04), pode-seperceber, o estágio evolutivo das ocupações urbanas próximas às lagoas.Destaca-se que em cada área não ocupada, cada espaço vazio deste entorno,representa um terreno em potencial para ser consumido pelos empreendimentosurbanos. A destruição da margem natural vai acabando com os últimos espaçosque serviam como “filtro” para as lagoas.Esta faixa marginal ao conjunto lagunar é o ponto de maior pressão (urbana) paraas lagoas. A expansão delas implica em uma total perda da visão das lagoas porparte de quem está a montante desta margem. Além disto, os fixos urbanoserguidos nestes pontos, em sua grande maioria, implicam em aterros econstruções de bordas elevadas nas margens, que alteram a variação, expansãohorizontal, do espelho d’água lagunar. Na prática, a água nas épocas de cheias,atingem apenas posições mais elevadas, nas amuradas (bordas).

Considerações Finais

Este trabalho visou estudar um dos diversos ecossistemas lagunares existentes nolitoral brasileiro, podendo servir como modelo para a comparação com outras áreasque possuam características e estejam passando por processos verossímeis deurbanização. O estudo de uma unidade pode ser útil, como um marco comparativocom outras unidades ambientais semelhantes.Quanto à Baixada de Jacarepaguá, apontamos para a antropização que nãoseguiu a risca um planejamento regional (ou mesmo, o Plano Lúcio Costa), deforma a tentar conciliar o desenvolvimento urbano da Barra da Tijuca e deJacarepaguá, com o equilíbrio perante as amenidades naturais existentes, ou queexistiam, na região. Em realidade, o que antes atraía em breve pode passar arepelir, principalmente, se as condições de poluição e de uso do espaço,mantiverem-se a degradar o meio ambiente natural local.As antigas paisagens naturais da região foram e estão sendo alteradasrapidamente, através de impactos ambientais negativos, acarretados pelaexpansão do tecido urbano carioca. A partir da década de 70, principalmente,iniciou-se um processo de ocupação antrópico intenso, que foi e está sendo

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predatório para o espaço natural existente. O Homem vem modificando o ambientepara sua inserção e fixação, alterando-o e criando uma nova paisagem, apaisagem urbana.Uma característica marcante da área do entorno lagunar, é o uso do solo e suadistribuição, ou seja, sob os terrenos menos favoráveis à ocupação (turfas) foraminstalados, principalmente, os grandes empreendimentos (como Rio Centro) e,também, as populações de menor poder aquisitivo. Estes, não possuindocapacidade de melhorar as condições do terreno, se instalaram de forma precáriasobre esse, culminando nas favelas (por exemplo: Rio das Pedras). Já sob osterrenos mais secos (arenosos), mais favoráveis à ocupação, instalaram-se osgrandes condomínios.Destacamos que as lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca, por estarem numambiente deprimido e por possuírem um canal de renovação de suas águas muitoestreito, a taxa de renovação hídrica é muito lenta. Isto faz com que os dejetos,resíduos e sedimentos mais pesados decantem, ou seja, o conjunto lagunar deJacarepaguá está se tornando, e em parte já é, uma (grande) lagoa deestabilização.Acreditamos que um dos mais graves problemas para a Baixada e para o conjuntolagunar, seja a falta de uma rede coletora de esgoto sanitário. O volume de esgotodespejado nos rios da região e no conjunto lagunar é muito grande, e cada vezmais está se ampliando devido ao intenso crescimento populacional desta região.Projeta-se o saneamento e a construção de um emissário submarino como soluçãopara o problema existente. Deixa-se chegar ao estado crítico para intervir, criarsoluções e ter que fazer grandes investimentos. Este caminho poderá no futuro sero mesmo para as inúmeras lagoas nas áreas costeiras brasileiras.

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