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XXIV Seminário PIBIC
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
20 a 22 de julho de 2016
Local: Auditório Graziela Maciel Barroso
Escola Nacional de Botânica
Tropical
Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto
Florestal
CAPA: Miconia prasina (Melastomataceae) - ápice reprodutivo (inflorescência imatura),
imagem produzida por Talvanis Lorenzetti Freire, microscopia ótica, inclusão em
historesina, coloração em Azul de Toluidina.
Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
XXIV Seminário PIBIC
20, 21 e 22 de julho de 2016
Programa e Resumos
Local: Auditório Graziela Maciel Barroso
Escola Nacional de Botânica Tropical
Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto Florestal
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Presidente - Sérgio Besserman Vianna
Diretor de Pesquisa Científica – Daniela Cristina Zappi
Diretor da ENBT – Vinicius Castro Souza
Diretor de Ambiente e Tecnologia – Deborah de Freitas Alexandre Marinho
Diretor de Gestão – João Elisário Lima de Rezende
Comitê Institucional PIBIC
Alda Lúcia Heizer
Claudia Franca Barros
Gilberto Menezes Amado Filho
Leonardo Tavares Salgado
Secretária: Leila A. Fonseca
Comitê Externo PIBIC
Paulo Sérgio Salomon - Departamento de Biologia Marinha, Instituto de Biologia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Maura da Cunha – Setor de Biologial Vegetal, Centro de Biociências e Biotecnologia,
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
iii
PROGRAMAÇÃO
Dia 20/07/2016
13:30h - ABERTURA
13:45h – PALESTRA DE ABERTURA
“Um mar de fotossintetizantes: a experiência de um oceanólogo em ecologia aquática
microbiana” - Paulo Sérgio Salomon, Departamento de Biologia Marinha, Instituto de
Biologia - UFRJ
14:45 – INTERVALO
15:00h – 16:30h - APRESENTAÇÕES ORAIS
15:00h – André Pellicciotta Facchinei
ULVA FASCIATA LINNAEUS NO CONTROLE DO FUNGO STEMPHYLIUM
SOLANI WEBBER
15:15h – Beatriz do Nascimento Valente
O GÊNERO CLIDEMIA (MELASTOMATACEAE; MICONIEAE) NO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO: TAXONOMIA E CONSERVAÇÃO.
15:30h – Carlos Daniel Miranda Ferreira
ESTUDOS TAXONÔMICOS DE BOMBACOIDEAE (MALVACEAE) NO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL
15:45h – Dayene Silva Marcos
MORFOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DOS ESTIGMAS DE GÊNEROS
TILLANDSÓIDES
16:00h – Gabriella Almeida Leal
MONITORAMENTO DE COMUNIDADES BENTÔNICAS EM UM GRADIENTE
ESPAÇO-TEMPORAL NO BANCO DOS ABROLHOS
16:15h – Gláucia Crispim Ferreira
IDENTIFICANDO PADRÕES ANATÔMICOS NA MADEIRA DE ESPÉCIES DA
FLORESTA ALTO MONTANA.
16:30h – ANÁLISE DOS RELATÓRIOS PELO COMITÊ EXTERNO - CNPq
iv
Dia 21/07/2016
9:15h – 09:30h - APRESENTAÇÕES ORAIS
9:15h – Gustavo Peçanha Avelar Pinto
ANÁLISE DO PERFIL QUÍMICO DE ESPÉCIES PITCAIRNIOIDEAE
(BROMELIACEAE)
9:30h – PALESTRA
“Trajetória acadêmica: do PIBIC ao Doutorado” – Elton John Lirio, Doutorando, PPG
em Botânica, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro – IPJBRJ
10:00h – INTERVALO
10:15h – 11:30h - APRESENTAÇÕES ORAIS
10:15h – Isadora Teles Lopes
ANNONACEAE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – BRASIL.
10:30h – Jasmim Lira Avelino
RIQUEZA E FUNCIONALIDADE NA COMUNIDADE DE MOITAS EM UM
AFLORAMENTO ROCHOSO LITORÂNEO NO MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO, RJ.
10:45h – Jéssica Furlan Felizi
COMPORTAMENTO GERMINATIVO DE ESPÉCIES NATIVAS DOS CAMPOS
DE ALTITUDE DO ITATIAIA (RJ) EM RESPOSTA AO ESTRESSE HÍDRICO.
11:00h – João Augusto Muniz Videira
AS MUDANÇAS NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO (JBRJ), NO
PERÍODO 1909-1915, APÓS SUA VINCULAÇÃO AO RECÉM-CRIADO
MINISTÉRIO DE AGRICULTURA INDÚSTRIA E COMÉRCIO (MAIC)
11:15h – Laura Garzon Duffles
DESENVOLVIMENTO DO ANDROCEU E MICROSPOROGÊNESE EM
ESPÉCIES DE MYRSINE E CYBIANTHUS (PRIMULACEAE)
11:30h – ALMOÇO
13:30h – PALESTRA
“Biologia da secreção: Dinâmica do processo secretor de coléteres em Rubiaceae” -
Maura da Cunha, Setor de Biologial Vegetal, Centro de Biociências e Biotecnologia,
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
v
14:30h - 16:30h - APRESENTAÇÕES ORAIS
14:30h – Lawrence da Silva Rocha
MODIFICAÇÕES ALOMÉTRICAS EM ARÁCEAS COMO ESTRATÉGIA
PARA VIDA NA COPA: EXISTE ACOPLAMENTO ENTRE AUMENTO DA
ÁREA FOLIAR E MODIFICAÇÕES ANATÔMICAS?
14:45h – Luiz Paulo Martins de Moraes
DIVERSIDADE DE BORAGINACEAE S. L. NA SERRA DA TIRIRICA,
NITERÓI/ MARICÁ, RJ, BRASIL
15:00h – INTERVALO
15:15h – Manoela de Brito Lyra
ALGAS CALCÁRIAS INCRUSTANTES DO LITORAL DO RIO DE JANEIRO –
ILHAS TIJUCAS)
15:30h – Marcus José de Azevedo Falcão Junior
REVISÃO TAXONÔMICA DO GÊNERO DIALIUM (LEGUMINOSAE:
DIALIINAE) NO NEOTRÓPICO
15:45h – Maria Julia Pinto da Fonseca Fernandes Willemes
ONTOGENIA DA BIOMINERALIZAÇÃO DA ALGA CALCÁRIA
INCRUSTANTE LITHOPHYLLUM CORALLINAE (P.CROUAN & H.CROUAN) HEYDRICH.
16:00h – Marina Monteiro de Moraes Santos
SELEÇÃO DE ESPÉCIES DE MACROALGAS MARINHAS PARA USO EM
AQUICULTURA MULTITRÓFICA INTEGRADA
16:15h – Mayara Simões de Almeida
IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS DE CANOAS USADAS PARA A PESCA
ARTESANAL EM ARRAIAL DO CABO (RIO DE JANEIRO, BRASIL)
16:30h – ANÁLISE DOS RELATÓRIOS PELO COMITÊ EXTERNO - CNPq
vi
Dia 22/07/2016
09:00h - 09:30h – APRESENTAÇÕES ORAIS
09:00h – Pedro Cardial da Silveira
CARACTERIZAÇÃO DO SEDIMENTO DOS ARCOS RECIFAIS INTERNO E
EXTERNO DO BANCO DOS ABROLHOS, COM ÊNFASE NOS MICROCHIPS
DE ESPONJAS PERFURANTES
09:15h – Rafael Gomes Barbosa da Silva
RIQUEZA DE ESPÉCIES DA FLORA VASCULAR DA SERRA DO ARACÁ,
AMAZONAS, BRASIL
09:30h – PALESTRA
“O PIBIC e sua importância para minha vida acadêmica” - Eline Martins, Centro
Nacional de Conservação da Flora, CNCFlora – IPJBRJ.
10:00h – INTERVALO
10:15h - 11:00h – APRESENTAÇÕES ORAIS
10:15h – Roberta Luísa B. Leal
SISTEMA DE POLINIZAÇÃO DE EDMUNDOA LINDENII (BROMELIACEAE)
EM MATA ATLÂNTICA MONTANA
10:30h – Talvanis Lorenzetti Freire
ESTUDOS ONTOGENÉTICOS DE INFLORESCÊNCIAS EM ESPÉCIES DE
CLIDEMIA E EM MICONIA TRISTIS SPRING. (MICONIEAE,
MELASTOMATACEAE) APLICADOS À SISTEMÁTICA
10:45h – Thalita dos Santos Mendes
DIVERSIDADE DE CONVOLVULACEAE NA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI/
MARICÁ, RJ, BRASIL
11:00h – ENCERRAMENTO
11:15h – REUNIÃO DO COMITÊ INSTITUCIONAL COM COMITÊ EXTERNO – CNPq
RESUMOS DE BOLSISTAS COM AUSÊNCIA JUSTIFICADA
Ellis Marie Figueiredo da Silva
ATIVIDADE ANTITUMORAL DE METABÓLITOS ISOLADOS DE SYZYGIELLA
RUBRICAULIS (NEES) STEPH. (MARCHANTIOPHYTA) CONTRA LINHAGENS
CELULARES CANCERÍGENAS PULMONARES (A549)
Tarlile Barbosa Lima
MODELAGEM DE PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO POTENCIAL E ANÁLISE
MORFOMÉTRICA DO COMPLEXO SWARTZIA APETALA (LEGUMINOSAE,
PAPILIONOIDEAE
7
ULVA FASCIATA LINNAEUS NO CONTROLE DO FUNGO STEMPHYLIUM SOLANI
WEBBER.
André Pellicciotta Facchinei; graduação em oceanografia, UERJ; ingresso na graduação 03/2011;
previsão de conclusão 11/2018; ingresso no PIBIC-08/2015; orientador: Renata Perpetuo Reis.
INTRODUÇÃO
Vegetais são conhecidos por possuírem substâncias bioativas capazes de induzir resistência em
plantas (Cluzet et al. 2004). Para evitar doenças foliares causadas por fungos são utilizados
fungicidas que onera o custo da produção agrícola, como na tomaticultura que aumento de 15% a
30% (Lopes et al. 2005). A mancha de estenfílio é causada pelo fungo Stemphylium solani Weber
(Pleosporales, Pleosporaceae), que promove lesões foliares e atinge diversas espécies, incluindo o
tomateiro (Kurozawa & Pavan 1997, Fig. 1).
Organismos marinhos são conhecidos por apresentarem atividades antifúngicas (Bhatnagar & Kim
2010) e defensivos naturais foram observados em macroalgas (Vera et al. 2011), fato este que
evidencia seu potencial uso na agricultura. Dentre as clorofíceas, as espécies de Ulva (Ulvales,
Ulvaceae), ulvana é um polissacarídeo conhecido por desencadear respostas elicitoras que induzem
defesa em plantas (Cluzet et al. 2004). Ulva fasciata é uma potencial fonte de metabólitos
secundários (Selvin & Lipton 2004). O uso de seus extratos é conhecido por propiciar melhor
desenvolvimento em vegetais, como o estímulo à germinação de sementes e o crescimento de
plântulas de Solanum lycopersicum L. (Hernández- Herrera et al. 2014).
Na tomaticultura, o uso de algas será uma maneira menos onerosa de aumentar o crescimento e/ou a
resistência da planta e evitar o uso poluente de agrotóxicos, que também é prejudicial à saúde
humana (Hernández-Herrera et al. 2014). Desta maneira, é importante testar in vitro se a alga atua
como antifúngico ou no estímulo ao aumento da resistência sistêmica do vegetal analisado.
OBJETIVO
Verificar a ação antifúngica de diferentes concentrações de ulvana e de farinha de alga seca de Ulva
fasciata em Stemphylium solani.
MATERIAL E MÉTODOS
Espécimes de Ulva fasciata foram coletados na Praia do Arpoador, Rio de Janeiro, RJ.
Posteriormente, foram lavados em água do mar, triados e secos em estufa. Para obtenção da farinha
seca, as algas foram trituradas em moinho de bola (Solab-SL38, Solabcientífica) por três minutos. A
extração de ulvana foi realizada seguindo o protocolo descrito por Paulert et al. (2009) com
adaptações. Os inóculos de Stemphylium solani foram obtidos a partir de folhas do tomateiro
Solanum lycopersicum (Fig. 1), que foram transferidos para placas de Petri com o meio de cultura
BDA (Batata–Dextrose–Agar) e, após o desenvolvimento do micélio, os fungos foram repicados
para outras placas contendo o meio.
Para os testes da ação antifúngica, foram utilizadas três concentrações de ulvana e de farinha de
Ulva fasciata, cada uma com cinco réplicas (n=5). O crescimento do diâmetro do micélio foi o
parâmetro de avaliação do efeito das diferentes concentrações dos extratos sobre o crescimento de
Stemphylium solani. A diferença entre os tratamentos foi verificada pela análise de variância
unifatorial ANOVA. O intervalo de confiança para os testes de significância foi de 95% (p =
0,05%). Foi utilizado o programa Statistica 6 da StatSoft.
RESULTADOS
Não houve diferença significativa do crescimento micelial do fungo Stemphylium solani nos
substratos tratados com Ulva fasciata e controle (Fig. 2).
DISCUSSÃO
Este resultado demonstrou que Ulva fasciata não influenciou o crescimento de Stemphylium solani.
Apesar de não atuar como antifúngica, as espécies de Ulva são conhecidas por induzir a resistência
8
sistêmica de plantas (Araújo et al. 2008, Stadinick & Freitas 2014). Este aumento de resistência é
relacionado aos bioativos com atividade elicitora presente nas moléculas da ulvana que
desencadeiam resposta de defesa nas plantas previamente tratadas (Stadinick & Freitas 2014). Desta
maneira, resta confirmar o efeito de U. fasciata no aumento da resistência sistêmica de tomateiros.
Na maioria dos estudos (Araújo et al. 2008, Paulert et al. 2009, Hernández-Herrera et al. 2014,
Stadnick & Freitas 2014), não foi avaliado o efeito da farinha de alga, possivelmente pela
comprovada eficiência da ulvana. Porém, a extração do polissacarídeo exige logística e
equipamentos especializados, além do maior custo de produção devido à necessidade de pessoal
qualificado para a extração. Na perspectiva do produtor rural, maior atenção deve ser dada para a
farinha da alga, por ser de mais fácil aquisição e manipulação, uma vez que a maceração da alga
constitui algo mais simples e ao seu alcance.
CONCLUSÃO
As soluções de farinha de massa seca e de ulvana de Ulva fasciata não apresentam atividade
antifúngica em Stemphylium solani. Recomenda-se testar a farinha de massa seca de Ulva fasciata
em estudos sobre a avaliação da atividade preventiva desta espécie em plantas infectadas por
Stemphylium solani.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, L. STADNIK, M. J. BORSATO, L. C. VALDEBENITO-SANHUEZA, R. M. 2008.
Fosfito de potássio e ulvana no controle da mancha foliar da gala em macieira. Tropical Plant
Pathology 33: 148-152.
BHATNAGAR, I. & KIM, S-K. 2010. Review: Marine Antitumor Drugs: Status, Shortfalls
and Strategies. Marine Drugs (8): 2702-2720.
CLUZET, S.; TORREGROSA, C.; JACQUET, C.; LAFITE, C.; FOUMIER, J.; MERCIER, L.;
SALAMAGNE, S.; BRIAND, X.; ESQUERRÉ-TUGAYÉugayé, M.T.; Dumas, B. 2004. Gene
expression profiling and protection of Medicago truncatula against a fungal infection in response
to an elicitor from green algae Ulva spp.. Plant, Cell and Environment, 27: 917-928.
HERNÁNDEZ-HERRERA, R.M.; VIRGEN-CALLEROS, G.; RUIZ-LÓPEZ, M.; ZÃNUDO-
HERNÁNDEZ, J.; DÉLANO-FRIE,R J.P. SÁNCHEZ-HERNÁNDEZ, C. 2014. Extracts from
green and brown seaweeds protect tomato (Solanum lycopersicum) against the necrotrophic
fungus Alternaria solani. Journal of Applied Phycology 26:1607-1614.
KUROZAWA C; PAVAN MA. 2005. Doenças do tomateiro (Solanum lycopersicum Mill.). In:
Kimati H, Amorim L, Rezende JAM, Bergamim Filho A, Camargo LEA. Manual de
Fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas, 4. ed. São Paulo SP. Ed. Agronômica Ceres, 2:
607-626.
PAULERT, R.; TALAMINI, V., CASSOLATO, J.E.F., DUARTE, M.E.R., NOSEDA, M.D.,
SMANIA JR., A., STADNIK, M.J. 2009. Effects of sulfated polysaccharide and alcoholic
extracts from green seaweed Ulva fasciata on anthracnose severity and growth of common bean
(Phaseolus vulgaris L.). Journal of Plant Diseases and Protection 116:263-270.
LOPES, C. A.; REIS, A.; BOITEUX, L. S. 2005 Doenças fúngicas. In: Lopes, C. A.; Ávila, A. C.
(Ed.). Doenças do tomateiro. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, p. 19-51.
SELVIN, J. & LIPTON, A.P. 2004. Biopotencials of Ulva fasciata and Hypnea musciformis
collected from the peninsular coast of India. Journal of Marine Science and Technology 12(1):1-
6.
STADNIK, M. J. ; FREITAS, M. B. 2014. Algal polysaccharides as source of plant resistance
inducers. Tropical Plant Pathology 39: 111-118.
VERA J.; CASTRO J.; GONZALEZ A. &; MOENNE A., 2011. Seaweed Polysaccharides and
Derived Oligosaccharides Stimulate Defense Responses and Protection Against Pathogens in
Plants. Marine Drugs (9):2514-2525.
9
Figura 1: Sintomas causados por Stemphylium solani em folhas de Solanum lycopersicum: (a)
manchas escuras e pequenas em folhas jovens; (b) manchas irregulares abrangendo grande área
foliar em folhas adultas.
Co
ntr
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Ulv
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Diâ
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(m
m)
Figura 2: Desenvolvimento do micélio de Stemphylium solani no substrato controle e em diferentes
concentrações da farinha da massa seca (farinha) e de ulvana de Ulva fasciata. Quadrado representa
a média; o retângulo o erro padrão e o traço o desvio padrão.
10
O GÊNERO CLIDEMIA (MELASTOMATACEAE; MICONIEAE) NO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO: TAXONOMIA E CONSERVAÇÃO.
Beatriz do Nascimento Valente; Graduação em Ciências Biológicas, Universidade do Grande Rio –
UNIGRANRIO; ingresso na graduação – 2012/1; previsão de conclusão do curso – 2016/1;
ingresso no PIBIC: 01/08/2015; Orientador: José Fernando Andrade Baumgratz.
INTRODUÇÃO
Clidemia D.Don é um gênero neotropical, com ca 175 espécies (Renner 1993), classificado em
cinco seções (Cogniaux 1888) e encontrado desde o sul do México até o Paraguai e sul do Brasil
(Wurdack et al. 1993). No Brasil ocorrem 51 espécies, das quais oito a nove tem sido assinaladas
para o estado do Rio de Janeiro e apenas uma endêmica (Michelangeli & Reginato 2010;
Baumgratz et al. 2016). A falta de estudos taxonômicos em Clidemia e de uma classificação
atualizada e o elevado número de espécies, algumas com limites imprecisos, dificultam a realização
de uma revisão taxonômica geral do gênero. Desse modo, realizar abordagens taxonômicas
limitadas geograficamente, como a flora fluminense, é uma alternativa promissora para u estudo
taxonômico criterioso de um gênero muito diversificado em espécies, como Clidemia.
OBJETIVO
Objetiva-se o estudo taxonômico do gênero Clidemia no estado do Rio de Janeiro, com a elaboração
de descrições morfológicas, chave de identificação, ilustrações, dados de distribuição geográfica e
comentários sobre características diagnósticas, afinidades taxonômicas e habitats preferenciais.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizadas consultas à literatura, observando a citação de ocorrência dos táxons na flora do
Estado do Rio de Janeiro e dados de distribuição geográfica. Analisaram espécimes dos herbários
FCAB, HB, R, RB e RBR, de coleções disponíveis em sítios eletrônicos e observados durante
expedições a campo. Elaborou-se um banco de dados e de imagens das espécies de Clidemia
ocorrentes na área de estudo, contendo informações citadas nas etiquetas. Para as descrições
morfológicas foram utilizados os conceitos de Radford et al. (1974), para morfologia geral,
Baumgratz (1985), para frutos e sementes, Rosa (2015), para sementes, Brummit & Powell (1992),
para abreviação dos autores, e Veloso et al. (1991), para os tipos de formações vegetacionais. Uma
chave de identificação preliminar para as espécies já estudadas foi elaborada com base em
características morfológicas diagnósticas. Adota-se Clidemia de acordo com a classificação de
Cogniaux (1883-1888).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No estado do Rio de Janeiro registram-se 10 espécies de Clidemia, tendo sido estudadas, até o
momento, C. atrata Spring, C. biserrata DC., C. capilliflora (Naudin) Cogn., C. capitellata
(Bonpl.) D.Don, C. dentata D.Don, C. fluminensis Baumgratz & D'El Rei Souza, C. hirta (L.)
D.Don e C. urceolata DC. (Fig. 1). As espécies estudadas podem ser distintas por um conjunto
único e constante de caracteres diagnósticos: C. atrata pelo indumento seríceo, tirsóides não
glomeriformes, com ramos não filiformes, lobos internos do cálice reduzidos a um anel
membranáceo, flores 5-meras, com pétalas alvas a róseas, zona do disco glabra, 10 estames alvos e
ápice do ovário setoso; C. biserrata pela margem foliar serrada, tirsóides não glomeriformes com
ramos não filiformes, lobos internos do cálice distintos, flores 5-meras, com pétalas alvas, zona do
disco pubescente-glandulosa, 10-15 estames alvos e ápice do ovário setoso-glanduloso e estrelado-
tomentoso; C. capilliflora pelos racemos não glomeriformes, com ramos filiformes, e flores 4-
meras, com pétalas e 8 estames alvos; C. capitellata pelos racemos não glomeriformes, com ramos
não filiformes, bractéolas ca. 2 mm de largura, flores 5-meras, com hipanto 3-4 mm de
comprimento, lobos externos do cálice 2-3 mm de comprimento, os internos distintos, pétalas alvas,
zona do disco glabra, 10 estames alvos e ápice do ovário setoso-glanduloso, desprovido de tricomas
estrelados; C. dentata pelas folhas com nervuras acródromas suprabasais, às vezes alternas,
tirsóides não glomeriformes, com ramos não filiformes, flores 5(-6) meras, com lobos internos do
11
cálice reduzidos a um anel membranáceo, pétalas alvas, zona do disco fimbriada, 10 estames alvos,
inapendiculados, e ápice do ovário glabro, às vezes glanduloso; C. fluminensis pelo hábito
lianescente, inflorescências em cimas glomeriformes, com ramos não filiformes, e flores com
pétalas e estames amarelos; C. hirta pelos tirsóides não glomeriformes, com ramos não filiformes,
flores 5-meras, com lobos internos do cálice reduzidos a um anel membranáceo, às vezes levemente
denticulados, pétalas alvas, zona do disco fimbriada, 10 estames alvos, apendiculados, e ápice do
ovário glabro; e C. urceolata pelos tirsóides não glomeriformes, com ramos não filiformes,
bractéolas 0,2-0,7 mm larg., flores 5-meras, com hipanto 5-6 mm compr., lobos externos do cálice
3,5-6 mm compr., os internos distintos, pétalas alvas, zona do disco glabra, 10 estames alvos e ápice
do ovário setoso-glanduloso, desprovido de tricomas estrelados. Clidemia atrata, C. capilliflora e
C. fluminensis são endêmicas do Brasil; as demais têm ampla distribuição nas Américas: C.
biserrata, C. capitellata, C. dentata, C. hirta e C. urceolata desde América Central até o Brasil; C.
capitellata e C. dentata desde o México até o Brasil; e C. hirta desde a América Central até a
Argentina. A grande maioria das espécies ocorre em formações de Floresta Ombrófila Sub-montana
ou Montana, matas secundárias e/ou áreas antropizadas e somente C. fluminensis em formação
ombrófila aluvial.
CONCLUSÃO
Clidemia está representado por 10 espécies na flora fluminense, das quais oito foram estudadas no
presente trabalho, sendo três endêmicas da flora brasileira. Observa-se que características das
inflorescências e de várias peças florais, além do merisma floral, são diagnósticas para identificação
das espécies. A maioria das espécies é encontrada em Floresta Ombrófila Sub-montana e Montana,
matas secundárias e áreas antropizadas e todas ocorrem em Unidades de Conservação do estado.
Posteriormente, serão estudadas C. rubra (Aubl.) Mart., recentemente coletada no estado, com um
novo registro de ocorrência, e C. raddiana Cogn., que envolve um problema taxonômico e
nomenclatural com Leandra capillaris Raddi.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUMGRATZ, J.F.A.; SANTOS FILHO, L.A.F. & SILVA-GONÇALVES, K.C. 2016.
Melastomataceae. Catálogo das espécies de plantas vasculares e briófitas do Estado do Rio de
Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Disponível em:
http://florariojaneiro.jbrj.gov.br. Acesso em: Maio 2016.
COGNIAUX, A. 1888. Clidemia. In: C.F.P. von Martius, A.G. Eichler & I. Urban. Flora
brasiliensis. Munchen, Wien, Leipzig, 14(4): 468-511.
GOLDENBERG, R.; SOUZA, C.M.F. & DEQUECH, H.B. 2005. Clidemia, Ossaea e Pleiochiton
(Melastomataceae) no estado do Paraná, Brasil. Hoehnea 32(3): 453-466.
MICHELANGELI, F & REGINATO, M. 2010. Clidemia (Melastomataceae). In: Baumgratz, J.F.A.
et al. Catálogo de plantas e fungos do Brasil, v. 2, Andrea Jakobsson Estúdio, Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pp. 1240–1242.
RENNER, S.S. 1993. Phylogeny and classification of the Melastomataceae and Memecylaceae.
Nord. J. Bot. 13(5): 519-540.
WURDACK, J.J. 1986. Atlas of hairs for Neotropical Melastomataceae. Smithsonian Contrib. Bot.
63: 1-80.
12
Figura 1: Clidemia biserrata DC.: A. Inflorescência. Clidemia capilliflora (Naudin) Cogn.: B.
Fruteiscência com ramos filiformes. Clidemia dentata D.Don: C. Frutescência. Clidemia
fluminensis Baumgratz & D'El Rei Souza: D. Inflorescência em cimas glomeriformes, com flores
amarelas. Clidemia hirta (L.) D.Don: E. Folha, com face adaxial bulada, flor e frutos jovens: F.
Anteras apendiculadas na base. (Fotos: A, B, C: J.F.A. Baumgratz; D: H.C. Lima; E,F: B.N.
Valente)
13
ESTUDOS TAXONÔMICOS EM BOMBACOIDEAE (MALVACEAE) NO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO, BRASIL. Carlos D. M. Ferreira; Graduação em Ciências Biológicas, UNESA; ingresso na graduação –
02/2012; previsão de conclusão do curso – 06/2016; ingresso no PIBIC: agosto/2014; orientador:
Massimo G. Bovini.
INTRODUÇÃO
Bombacoideae compreende cerca de 18 gêneros e 187 espécies com distribuição
predominantemente neotropical, desde o México, estendendo-se pela América Central e pelas
Antilhas, até o sul da América do Sul (Bayer & Kubitzki 2003). No território brasileiro ocorrem
aproximadamente 13 gêneros e 80 espécies distribuídas em todas as regiões, com centros de
diversidade nas regiões Norte e Nordeste (Fl. do Bras. 2016). Já no estado do Rio de Janeiro, não há
estudos taxonômicos que abrangem totalmente o estado, apenas uma listagem elaborada por Bovini
(2014) que registra 14 táxons.
Bombacoideae é constituída de árvores com até 50 metros de altura, às vezes com tronco
ventricoso, e/ou acúleos. As folhas são sempre alternas, compostas e digitadas ou unifolioladas. O
indumento é variado, constituído de tricomas fasciculado, estrelado-porrecto, tufoso, escamoso,
escama peltada, simples e glandular, sendo que a morfologia dos tricomas é de grande valia na
separação de espécies (Duarte 2006; Carvalho-Sobrinho et al. 2009).
As flores são pentâmeras, hermafroditas e actinomorfas, sendo solitárias ou reunidas em
inflorescências cimosas. O cálice é gamossépalo de prefloração valvar. O androceu, sempre
monadelfo, formando um tubo ao redor do ovário, é importante para reconhecimento dos gêneros,
onde seus estudos ainda também são escassos. O gineceu é geralmente constituído de ovário súpero,
com o número de carpelos igual ao de lóculos, dois a muitos óvulos por lóculo e estilete simples,
colunar, com os estigmas lobados ou capitados. Os frutos são cápsulas loculicidas, as vezes drupas,
raramente sâmaras. As sementes podem estar envolvidas por paina, constituída de tricomas
lanuginosos originados de células da epiderme da parede interna do ovário, que se alongam e
tornam-se lignificadas (Marzinec & Mourão 2003). Quanto à forma, as sementes são geralmente
subglobosas. Além disso, podem ser lisas ou com ornamentação estriada, verrucosa, maculada ou
pontilhada (Duarte et al. 2007).
OBJETIVO
O presente trabalho teve como objetivo realizar o estudo taxonômico das espécies de Bombacoideae
que ocorrem no Estado do Rio de Janeiro, a partir da análise morfológica das estruturas vegetativas
e reprodutivas, fornecendo meios para a identificação desses táxons com base em descrições,
chaves de identificação e ilustrações, além de aspectos geográficos.
MATERIAL E MÉTODOS
Para realizar o presente estudo foi necessária uma consulta as espécies de Malvaceae na Lista de
Espécies da Flora do Brasil e no Catálogo da Flora do Rio de Janeiro, para se ter conhecimento do
número de espécies existentes no estado do Rio de Janeiro. Um levantamento bibliográfico
referente à taxonomia, morfologia e ecologia de Bombacoideae também foi realizado consultando
diversas bases, além de teses, dissertações e monografias existentes. Foram consultadas as coleções
dos herbários do Estado do Rio de Janeiro, para avaliar melhor a variação morfológica das espécies
estudadas e obter informações sobre distribuição geográfica e fenológica. Os herbários consultados
são listados a seguir: RB, R, GUA, HB, RBR e RFFP (siglas de acordo Thiers, 2016). Além das
consultas a herbários foram realizadas expedições no período de agosto de 2014 a abril de 2016.
RESULTADOS
Registraram-se 16 táxons subordinados a 6 gêneros a saber: Ceiba crispiflora (Kunth) Ravenna, C.
erianthos (Cav.) K.Schum., C. speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna, Eriotheca candolleana (K.Schum.)
A.Robyns, E. pentaphylla (Vell. & K.Schum.) A.Robyns, E. macrophylla (K.Schum.) A.Robyns, E.
14
gracilipes (K. Schum.) A. Robyns, Pachira calophylla (K.Schum.) Fern. Alonso, P. endecaphylla
(Vell.) Carv.-Sobr., P. glabra Pasq., Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns var.
grandiflorum, P. grandiflorum var. majus A. Robyns, Quararibea turbinata (Sw.) Poir., Q.
penduliflora (A.St.-Hil.) K.Schum., Spirotheca rivieri (Decne.) Ulbr. var. rivieri, S. rivieri var.
passifloroides (Cuatrec.) P.E. Gibbs & W.S. Alverson. E. gracilipes (K.Schum.) A. Robyns é
referida pela primeira vez para o Estado e Q. penduliflora é reencontrada no Estado, sendo sua
última citação para a região feita por Schumann na Flora Brasiliensis.
DISCUSSÃO
A identificação dos gêneros do grupo no estado é fácil de ser estabelecida apenas por caracteres
vegetativos. Sendo Quararibea (Fig.1) o gênero de mais fácil identificação por ser o único a
apresentar folha unifoliolada. Os demais gêneros apresentam folhas digitadas, dentre esses,
Pseudobombax (Fig.1) é caracterizada por folíolos não articulados, enquanto os demais apresentam
articulação. Ceiba (Fig.1) é identificada pela presença de folíolos com margem serreada ou
denteada e pela presença de caule aculeado e ápice do limbo foliar agudo ou atenuado. Spirotheca
(Fig.1) apresenta folíolos com margem inteira, caule aculeado e é a única a apresentar hábitos
epifíticos. Pachira e Eriotheca (Fig.1) são diferenciáveis pelo tipo de tricoma que compõem o
indumento dos folíolos. As identificações especificas recaem sobre os caracteres florais.
CONCLUSÃO
Foram registrados 16 táxons pertencentes a 6 gêneros no Estado do Rio de Janeiro. Sendo que
Eriotheca gracilipes (K.Schum.) A. Robyns é referida pela primeira vez para o Estado e
Quararibea penduliflora reencontrada, sendo sua última citação para a região feita por Schumann
na Flora Brasiliensis. Nas coleções do Estado a maioria dos táxons são bem representados, em
contrapartida Eriotheca gracilipes, E. macrophylla, Pachira calophylla, P. endecaphylla e
Spirotheca rivieri var. passifloroides apresentam poucas coletas, fator que dificulta a análise de sua
plasticidade morfológica e distribuição geográfica. As espécies de Bombacoideae do Estado
ocorrem em sua maioria em Floresta Ombrófila e menos frequentemente em Floresta Estacional
Semidecidual, Restinga e afloramentos rochosos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAYER, C.; KUBITZKI, K. 2003. Malvaceae. In: Flowering Plants· Dicotyledons. Springer Berlin
Heidelberg. p. 225-311.
BOVINI. M.G. 2014. Bombacaceae. Catálogo das espécies de plantas vasculares e briófitas do
Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. Disponível em: <http://florariojaneiro.jbrj.gov.br> Acesso em: 12 Mai. 2016
CARVALHO-SOBRINHO J. G., SANTOS, F. A. R., QUEIROZ, L. P. 2009. Morphology of
trichomes in petals of Pseudobombax Dugand (Malvaceae, Bombacoideae) species and its
taxonomic significance. Acta Botanica Brasilica, v. 23, n. 4, p. 929-934.
DUARTE M. C. 2006. Diversidade de Bombacaceae Kunth no Estado de São Paulo. SP: Instituto
de Botânica (Dissertação de Mestrado).
DUARTE, M. C.; ESTEVES, G. L.; SEMIR, J. 2007. Bombacaceae. Flora Fanerogâmica do Estado
de São Paulo (TS Melhem, MGL Wanderley, SE Martins, S. L. Jung-Mendaçolli, GJ Shepherd
& M. Kirizawa, eds.). Ed. Instituto de Botânica/SMA. São Paulo. FAPESP, v. 5, p. 21-37.
LISTA DE ESPÉCIES DA FLORA DO BRASIL. JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO.
Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 12 Mai. 2016
MARZINEK, J., & MOURÃO, K. S. 2003. Morfologia e anatomia do fruto e da semente em
desenvolvimento de Chorisia speciosa A. St.-Hil.-Bombacaceae. Revista Brasileira de
Botânica, 26(1), 23-34.
THIERS, B. 2016. Index Herbariorum: A global directory of public herbaria and associated staff.
New York Botanical Garden's Virtual Herbarium. Disponivel em:
http://sweetgum.nybg.org/science/ih/. Acesso em: 18 Jan. 2016.
15
ANEXO
Figura 1. Flores. A: Ceiba speciosa; B: Eriotheca pentaphylla; C: Pachira glabra;
D: Pseudobombax grandiflorum var. grandiflorum; E: Quararibea penduliflora; F:
Spirotheca rivieri var. rivieri.
16
MORFOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DOS ESTIGMAS DE GÊNEROS
TILLANDSÓIDES
Dayene Silva Marcos; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação – 02/2013;
previsão de conclusão do curso – 12/2017; ingresso no PIBIC: janeiro/2014; egresso no PIBIC
março/ 2016: orientador: Karen L. G. De Toni.
INTRODUÇÃO
Bromeliaceae Juss. consiste em 58 gêneros e 3.140 espécies (Stevens 2013). Sendo considerado um
importante grupo de epífitas e um dos mais expressivos componentes das formações vegetais
neotropicais (Smith & Downs 1974). Suas espécies encontram-se distribuídas em dois principais
centros de diversidades: a costa leste do Brasil e o escudo das Guianas (Smith & Downs 1974). No
Brasil, a família é reconhecida por sua diversidade e endemismo, são encontrados cerca de 43
gêneros e 1.341 espécies, destas 1.172 são endêmicas (Alves et al. 2015). Possui vários gêneros
endêmicos, alguns encontrados exclusivamente na Floresta Atlântica (Martinelli 1994).
A partir das informações ontogenéticas da morfologia dos estigmas, é possível alcançar uma melhor
compreensão da evolução, corroborando com dados taxonômicos e filogenéticos das subfamílias de
Bromeliaceae, uma vez que poucos táxons brasileiros foram até hoje investigados.
OBJETIVO
O presente estudo tem por objetivo a análise da morfologia e desenvolvimento dos estigmas de
espécies de Bromeliaceae, com ênfase em Tillandsioideae, visando a compreensão da evolução
morfológica dos estigmas, relacionando-a com as filogenias propostas na literatura.
MATERIAL E MÉTODOS
Para o desenvolvimento do projeto foram coletadas inflorescências em diversos estágios do
desenvolvimento de 39 espécies de Bromeliaceae. Após coleta das inflorescências, os botões florais
e flores foram dissecados e em seguida fixados em glutaraldeído 2,5% em tampão fosfato de sódio
0,01M, pH 7,2 (Gabriel 1982) por cerca de 48 h. As medições e dissecções foram realizadas no
microscópio estereoscópico Leica modelo MZ16. As amostras foram então submetidas aos
protocolos usuais para preparação das amostras e levadas ao Microscópio Eletrônico de Varredura
modelo EVO 40 a uma voltagem de 15KV. Os vouchers foram depositados no herbário do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro (RB).
RESULTADOS
Foram realizadas análises ontogenéticas de 39 espécies de Bromeliaceae, pertencentes às
subfamílias Brocchinioideae, Bromelioideae, Pitcairnioideae e Tillandsioideae. Em estágios
precoces do desenvolvimento, durante a formação dos carpelos, todas as espécies apresentam
desenvolvimento similar (Fig. 1-3). Observa-se o fechamento carpelar, iniciando-se na base e
concluindo-se na porção próxima aos estigmas. As espécies analisadas foram classificadas dentre
quatro tipos de estigma: simples-ereto, espiral-conduplicado, lâmina-convoluta e Alcantarea.
Para o tipo estigmático espiral-conduplicado (Fig. 4-17), os lobos estigmáticos evidenciam
aspectos de conduplicação e espiralização, e em estágio intermediário (Fig. 4, 6, 8), surgem
margens crenadas ou laciniadas (Fig. 8 - 17).
Nas espécies do gênero Tillandsia L., os lobos estigmáticos apresentam-se livres e eretos desde o
início do desenvolvimento, caracterizando o estigma do tipo simples-ereto (Fig.18-25). Dentre T.
geminiflora, T. stricta e T. tenuifolia, pertencentes ao subgênero Anoplophytum, torções em seus
lobos, em estágios maduros (Fig. 21-23), conferindo variação relevante para o subgênero, foram
observadas. Em Brocchinia sp., o estigma também é do tipo simples-ereto, porém foi observada a
expansão das margens dos lobos estigmáticos e papilas digitiformes (Fig. 26-29).
Lâmina- convoluta (Fig. 30-41), tipo estigmático descrito para Vriesea. Em fases iniciais do
desenvolvimento se dá o crescimento assimétrico das margens dos lobos estigmáticos (Fig. 30-32) e
o surgimento de papilas em suas margens (Fig. 33-34), tornando-se proeminente com a maturação.
17
Para as espécies de Alcantarea, o desenvolvimento do estigma mostrou-se peculiar, não sendo
possível classifica-las de acordo com nenhum tipo já descrito. Este caracteriza-se como um novo
tipo – tipo Alcantarea (Fig. 42-47), em que à porção estigmática e a porção apical do estilete,
sutilmente, entrelaçam- se, mas não ocorrendo a fusão (Fig. 45- 47). Posteriormente, vê-se o
surgimento de papilas arredondadas que tendem a se alongar (Fig. 42, 44- 47).
DISCUSSÃO
A análise do desenvolvimento dos carpelos e consequentemente dos estigmas de todas as espécies
analisadas, indica que a formação de tais estruturas é idêntica e assemelha-se ao tipo estigmático
simples-ereto. Neste tipo, a contribuição da continuidade do fechamento e dobra na formação do
estigma apontam para um caráter plesiomórfico em Bromeliaceae, como observado para as espécies
da subfamília Tillandsioideae e Brocchinioideae, corroborando com as análises de Givnish et al.
(2011). Para as subfamílias Bromelioideae e Pitcairnioideae a espiralização surge como um caráter
evolutivo relevante já em fases precoces do desenvolvimento. Brown & Gilmartin (1988) fizeram
menção a torção dos lobos, a espiralização, porém não havia sido descrita em estágios tão iniciais.
Esta foi compartilhada pela grande maioria das espécies de Bromelioideae e Pitcairnioideae,
caracterizando uma sinapomorfia para o grupo, denominando o tipo espiral-conduplicado. Para
Vriesea, o tipo lâmina-convoluta é adequado à todas as espécies do gênero. Este tipo apresenta
crescimento irregular dos seus lobos e também papilas densas nas extremidades da lâmina
estigmática (Brown & Gilmartin 1988). Diferentes graus de convolução e dobradura das margens
foram observados. O gênero Alcantarea tradicionalmente foi descrito como um subgênero de
Vriesea (Smith & Downs 1974). Através de recentes estudos morfológicos, moleculares e
filogenéticos, Alcantarea foi considerado como um grupo monofilético e irmão de Vriesea
(Versieux et al. 2012). Estas diferenças morfológicas e moleculares estão em consonância com as
variações observadas no desenvolvimento e tipo estigmático. As espécies de Vriesea adequam-se ao
tipo lâmina-convoluta, enquanto que as de Alcantarea não. França (2014) a partir da ontogenia da
estrutura, sugeriu um novo tipo para o gênero Alcantarea, o tipo Alcantarea. Este tem como
principal característica a torção peculiar da lâmina estilar e estigmática no estágio de antese floral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALVES, M.; TROVÓ, M.; FORZZA, R. C.; VIANA, P. 2015. Overview of the systematics and
diversity of Poales in the Neotropics with emphasis on the Brazilian flora. Rodriguésia 66:305-
328.
BROWN, G.K. & GILMARTIN, A.J. 1988. Comparative ontogeny of bromeliaceous stigmas.p:
191-204. In: Leins, P., Tucker, S.C. & Endress, P.K. (eds.). Aspects of Floral Development.
Berlin.
FRANÇA, W.S. 2014. Morfologia e desenvolvimentos dos gêneros Tillandsóides. Relatório PIBIC.
GABRIEL, B.L. 1982. Biological Eletron Microscopy. Van Nostrand, New York. 264p.
GIVNISH, T.J., BARFUSS, M.H.J., EE, B.V., RIINA, R., SCHULTE, K., HORRES, R.,
GONSISKA, P.A., JABAILY, R.S., CRAYN, D.M., SMITH, A.C., WINTER, K., BROWN,
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insights from an eightlocus plastid phylogeny. American Journal of Botany 98: 872–895.
MARTINELLI, G. 1994. Reproductive Biology of Bromeliaceae in the Atlantic Rain Forest of
Southeastern Brazil. Dissertação de Doutorado. University of St. Andrews, 197p.
SMITH, L.B. & DOWNS, R. 1974. Bromeliaceae, sub-family Pitcairnioideae. Flora Neotropica,
Hafner Press, New York, mon. 14, part 1, 658 p., 212 fig.
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VERSIEUX, LM, T. BARBARÁ, MGL WANDERLEY, A. CALVENTE, MF FAY, E C. LEXER.
2012. Molecular phylogenetics of the Brazilian giant bromeliads (Alcantarea, Bromeliaceae):
implications for morphological evolution and biogeography. Molecular Phylogenetics and
Evolution 64:177-189.
18
Figura 1 – 47: Desenvolvimento dos estigmas de Bromeliaceae. Vriesea incurvata (1), Tillandsia streptocarpa (2) e
Alcantarea glaziouana (3), Achemea floribunda (4, 7, 8), Acanthostachys strobilace (5-6), Deuterocohnia meziana (9), A.
triangularis (10, 12) A. nudicaulis (11), Bilbergia euphemiae (15-16), Pitcairnia encholirioides (13-14), Lymania smithii
(17), Tillandsia streptocarpa (18), T. recurvata (19, 24), T. geminiflora (23), T. gardineri (20), T. stricta (21, 25), T.
tenuifolia (22). Brocchinia sp (26 - 29), Vriesea incurvata (30), V. platynema (31-32), V. carinata (33, 35,36), V. guttata
(34, 39), V. procera (37), V. flammea (27), V. flava (40) e V. paraibica (41), Alcantarea glaziouana (42-46) e A. nevaresii
(47). Barra de escalas: 10μm (23, 35), 50μm (Fig. 24, 31, 33), 100µm (4-7,9, 14, 20, 21, 22, 42, 44-47); 200µm (10-11, 13,
22, 25, 30, 43); 500µm (8, 18, 24).
19
MONITORAMENTO DE COMUNIDADES BENTÔNICAS EM UM GRADIENTE ESPAÇO-
TEMPORAL NO BANCO DOS ABROLHOS
Gabriella Almeida Leal; Graduação em Ciências Biológicas; UFRJ; ingresso na graduação – 7/2014;
previsão de conclusão do curso – 7/2018; ingresso no PIBIC: setembro/2015; Orientador: Gilberto
Menezes Amado Filho; Co-orientador: Fernando Coreixas de Moraes.
INTRODUÇÃO
i , - m i i i i , o Banco dos
Abrolhos (Leão & Kikuchi 2001; Leão 2002; Moura et al. 2013). Essa região é formada por um
mosaico de habitats, incluindo recifes rasos, mesofóticos, dolinas (buracas) e o mais extenso banco de
rodolitos do mundo (Amado-Filho et al. 2012; Moura et al. 2013). Neste cenário, desenvolvem-se
espécies endêmicas, raras e novas para a ciência (e.g., Maida & Ferreira 1997; Ribeiro & Muricy
2004). No entanto, ainda há lacunas no conhecimento de organismos que compõem as comunidades
recifais do Banco dos Abrolhos. Apesar de sua importância ambiental, a região sofre com forte
pressão antropogênica (e.g., pesca, mineração, exploração de petróleo e gás e dragagens) (Moura et
al., 2013), tornando o seu monitoramento essencial. Neste sentido, o Programa de Pesquisas
Ecológicas de Longa Duração (PELD) de Abrolhos (www.abrolhos.org) desenvolve linhas de
pesquisa multidisciplinares no Banco dos Abrolhos, incluindo metodologias complementares para o
monitoramento dos recifes, como as Estruturas Autônomas para Monitoramento de Recifes (ARMS,
em inglês) do Atlântico Sul. Os ARMS possibilitam aprofundar o conhecimento sobre a riqueza de
espécies e a área de cobertura dos organismos sésseis que colonizam estas estruturas de maneira
padronizada. Com isso, é possível comparar esses dados em diferentes ambientes, incluindo outros 55
locais monitorados globalmente com a mesma abordagem (www.noaa.gov).
OBJETIVO
Ampliar o conhecimento sobre os padrões de diversidade biológica de organismos crípticos em
diferentes recifes coralíneos do Banco dos Abrolhos.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
Os ARMS foram instalados no topo dos recifes rasos do arco recifal interno (Pedra de Leste -12 km
da costa e 4 m de profundidade), e do arco recifal externo (Arquipélago dos Abrolhos - 60 km da costa
e 5 m de profundidade e no Parcel dos Abrolhos - 65 km e 6 m de profundidade), além de sobre o
Banco de Rodolitos (região das Buracas Rasas – 100 km da costa e 28 m de profundidade)
ARMS
Os ARMS são formados por 10 placas (22,5 cm x 22,5 cm cada) empilhadas com espaçamento (1,27
cm) entre si e ligadas a uma placa base maior para fixação ao fundo. Os cinco ARMS foram instalados
no verão de 2012 e recuperados após um ano (2013) no topo dos recifes rasos do arco costeiro (Pedra
de Leste) e do arco externo (Arquipélago e Parcel dos Abrolhos), e depois de dois anos (2014) sobre o
Banco de Rodolitos. A instalação e a recuperação foram realizadas através de mergulho autônomo. As
placas foram fotografadas a bordo para posterior análise no software ImageJ (Abramoff et al. 2004)
para determinar das áreas de cobertura dos organismos. Os organismos foram coletados e fixados em
álcool 96% para identificação taxonômica em laboratório, com auxílio de especialistas.
RESULTADOS
Dos cinco ARMS instalados no verão de 2012, quatro já foram analisados, restando apenas o do
Banco de Rodolitos a ser finalizado. Um total de 34 táxons e 7.696 indivíduos foi registrado nestes
quatro ARMS e desse total os quatro grupos com área de cobertura superior a 1% foram encontrados:
algas calcárias incrustantes, ascídias, briozoários e tufos (fig. 3). O grupo taxonômico com maior
riqueza de espécies foi Ascidiacea (19 spp.), com três novas ocorrências para a região: Didemnum cf.
galacteum, Didemnum granulatum e Eusyntyela tincta. Cnidaria apresentou a segunda maior riqueza
(7 spp.), Bryozoa e Poliqueta (6 spp.), Mollusca e Porifera (2 spp.) e Foraminifera (1 spp.). O maior
20
número de indivíduos foi registrado na Pedra de Leste (2.508), seguido pelo Arquipélago dos
Abrolhos 1 (2.135), Arquipélago dos Abrolhos 2 (2.212) e Parcel dos Abrolhos (841). O ARMS-1 do
Arquipélago dos Abrolhos apresentou a maior cobertura (47,5%), majoritariamente composta por
briozoários (16,3%), seguido pelo Parcel dos Abrolhos (43,1%) com algas calcárias incrustantes
(ACI) como grupo de maior cobertura (25,8%), Arquipélago dos Abrolhos 2 (34,1%) com a maior
cobertura de ACIs (20,5%) e Pedra de Leste, com a menor cobertura dos quatro (14,7%), sendo ACI
(7,3%) o grupo com maior cobertura (fig. 2).
DISCUSSÃO
Os dados obtidos mostram maiores percentuais de cobertura nos ARMS do arco externo (Arquipélago
e Parcel dos Abrolhos) do que no arco interno (Pedra de Leste). Esta menor cobertura no arco interno
pode estar relacionada à maior sedimentação nestes recifes mais próximos da costa (Reis et al. 2016).
Apesar da presença de oito grandes grupos taxonômicos registrados nos ARMS analisados, apenas
quatro destes apresentaram cobertura superior a 1%. Além disso, o número de indivíduos de cada
táxon/grupo morfofuncional não foi diretamente proporcional à cobertura dos mesmos. Até o
momento, 34 morfotipos foram registrados nos ARMS, dos quais 18 identificados ao nível de
gênero/espécie e os demais a níveis supra-genéricos. Briozoários e ascídias foram os grupos mais
diversos, com 6 e 19 táxons, respectivamente. Apesar da riqueza de espécies destes dois grupos ser
similar à encontrada por Reis et al. (2016) na mesma região, a composição específica apresentou
algumas diferenças.
CONCLUSÃO
A colonização dos ARMS variou entre locais, com maior cobertura total de organismos no arco recifal
externo (Arquipélago e Parcel dos Abrolhos). Estas estruturas foram eficientes para o registro da
composição específica e cobertura de organismos crípticos, revelando um predomínio de algas
calcárias incrustantes, ascídias, briozoários e tufos. Neste sentido, três novas ocorrências de ascídias
foram registradas para o Banco dos Abrolhos. As informações obtidas através dos ARMS contribuem
para uma melhor compreensão das comunidades bentônicas dos recifes do Banco dos Abrolhos, assim
como geram dados de base para monitoramentos ecológicos de longo prazo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ABRAMOFF, M.D., MAGALHAES, P.J., RAM, S.J. 2004. Image Processing with ImageJ.
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Rhodolith Beds Are Major CaCO3 Bio-Factories in the Tropical South West Atlantic. PLoS ONE
7(4): e35171.
LEÃO, Z.M.A.N. 2002. Abrolhos, BA - O complexo recifal mais extenso do Atlântico Sul. In:
Schobbenhaus, C.; Campos, D.A.; Queiroz, E.T.; Winge, M.; Berbert-Born, M.L.C. Sítios
Geológicos e Paleontológicos do Brasil. 1. ed. Brasilia: DNPM/CPRM - Comissão Brasileira de
Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP) v.01: 345-359. LEÃO Z.M.A.N. & KIKUCHI R.K.P. (2001) The Abrolhos Reefs of Brazil. In: U. Seeliger and B.
Kjerfve (eds.), Ecological Studies, 144: 83–96. MOURA, R.L., SECCHIN, N.A., AMADO-FILHO, G.M., FRANCINI-FILHO, R.B., FREITAS,
M.O., ET AL. 2013. Spatial patterns of benthic megahabitats and conservation planning in the
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REIS VM, KAREZ CS, MARIATH R, DE MORAES FC, DE CARVALHO RT, BRASILEIRO PS,
ET AL. 2016. Carbonate Production by Benthic Communities on Shallow Coralgal Reefs of
Abrolhos Bank, Brazil. PLoS ONE 11(4): e0154417.
RIBEIRO, S.M. & MURICY, G. 2004. Four new sympatric species of Tethya (Demospongiae:
Hadromerida) from Abrolhos Archipelago (Bahia State, Brazil). Zootaxa 557:1-16.
21
Figura 1: Fotografias in situ dos ARMS instalados no Arquipélago dos Abrolhos. A, recém instalado;
B, antes de ser recuperado.
Figura 2: Percentual de cobertura total dos organismos em cada ARMS. ARQ 1: Arquipélago dos
Abrolhos 1, PA: Parcel dos Abrolhos, ARQ 2: Arquipélago dos Abrolhos 2 e PL: Pedra de Leste.
Figura 3: Percentual de cobertura dos grupos taxonômicos com mais de 1% nos ARMS. PA: Parcel
dos Abrolhos, ARQ 1: Arquipélago dos Abrolhos 1, ARQ 2: Arquipélago dos Abrolhos 2, PL: Pedra
de Leste.
0
5
10
15
20
25
30
ACI Ascídias Briozoários Tufos
Pe
rce
ntu
al d
e c
ob
ert
ura
(%
)
Grupos taxonômicos
Cobertura dos organismos x ARMS
PA
ARQ 1
ARQ 2
PL
0
10
20
30
40
50
ARQ 1 PA ARQ 2 PL
Pe
rce
ntu
al d
e c
ob
ert
ura
(%
)
Locais
Cobertura total dos ARMS
22
IDENTIFICANDO PADRÕES ANATÔMICOS NA MADEIRA DE ESPÉCIES DA
FLORESTA ALTO MONTANA. Gláucia Crispim Ferreira; Graduação em Engenharia Florestal, UFRRJ; ingresso na graduação –
2012-II; previsão de conclusão do curso – 2018-I; ingresso no PIBIC: julho/2015; orientadora:
Cláudia Franca Barros.
INTRODUÇÃO
Diversidade biológica é um termo empregado para descrever a variedade e variabilidade de
organismos, em diferentes ordens de grandeza como ecossistemas, espécies e até mesmo em nível
celular (Groombridge, 1992). A maioria dos estudos anatômicos também diz respeito à diversidade
biológica de espécies, à medida que visam à utilização de características anatômicas para a separação
de grupos taxonômicos complexos. Entretanto, nos últimos anos, diversos trabalhos anatômicos vêm
abordando as estratégias de estabelecimento e sobrevivência de espécies, contribuindo
significativamente para o conhecimento da diversidade biológica em uma abordagem que associa o
funcionamento celular com fatores ambientais (p.ex. Callado et al., 2001a ; Callado et al., 2001b;
Rôças et al., 2001; Nicotra et al., 2010). Os estudos anatômicos do lenho, além de auxiliarem na
identificação e contribuírem para a taxonomia das espécies, podem eventualmente revelar adaptações
particulares ao ambiente em que o vegetal ocorre. A estrutura da madeira resulta de um complexo
mecanismo de interação, incluindo o potencial genético e fatores do meio, que regula a atividade
cambial e a morfogênese do xilema. Os principais fatores ecológicos envolvidos neste processo
relacionam-se à adaptação ao grau de disponibilidade de água e taxa transpiratória, à oscilação sazonal
desta disponibilidade e a requisitos de reforço mecânico (Carlquist, 1975).
OBJETIVO
O presente trabalho contribui para o conhecimento da diversidade funcional das espécies da Mata
Atlântica do estado do Rio de Janeiro, através do estudo comparativo dos atributos funcionais da
anatomia da madeira de espécies de uma floresta alto montana no Parque Nacional do Itatiaia
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
O material botânico foi coletado na Floresta ombrófila densa alto montana do Parque Nacional do
Itatiaia e processado no Laboratório de Botânica Estrutural do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico
do Rio de Janeiro. As amostras foram coletadas por método não destrutivo, utilizando-se a sonda de
Pressler e depositadas na Xiloteca do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
(Tabela 1).
Procedimentos
As amostras de madeira foram processadas de acordo as técnicas usuais para microscopia óptica
(Johansen, 1940; Sass, 1950; Machado & Souza, 1998). Consistiu-se na confecção de corpos de
prova que foram seccionados ao micrótomo de deslize Leica, nos planos transversal e longitudinal
(radial e tangencial), a uma espessura média de 18 a 20 m. Após clarificação, desidratação e
coloração em azul de astra e safranina (Bukatsch 1972), foram montadas as lâminas permanentes com
entellan. (Burger & Richter, 1991). No preparo do macerado foi utilizado peróxido de hidrogênio
(H2O2) e ácido acético (C2H4O2), em proporção 1:1, em estufa até a clarificação. As células
dissociadas foram coradas com safranina hidroalcoólica (Strasburger, 1924).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisadas 20 espécies de 10 famílias, totalizando 41 indivíduos. A análise de componentes
principais revelou que todas as espécies se agruparam exceto Drymis brasiliensis (Winteraceae) que
não apresenta elementos de vaso. As espécies foram plotadas de acordo com 2 fatores que juntos
explicam cerca de 49% da variação total (Figura1).
23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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24
Figura 1: Análises PCA.
Ilex chamaedryfolia ReissekIlex theezans Mart. ex Reissek.
Vernonia discolor (Spreng.) Less.
Maytenus dasyclados Mart.
Clethra scabra Pers. var. scabra
Weinmannia discolor GardnerWeinmannia organensis Gardner
Miconia cinerascens Miq.
Miconia pusilliflora (DC.) Naud.Miconia sellowiana Naudin
Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult.
Myrsine gardneriana A.DC.
Myrceugenia myrcioides (Cambess.) O.Berg
Myrceugenia ovata var. acutata (D.Legrand) Landrum
Myrcia breviramis (O.Berg) D.LegrandMyrcia richardiana (O.Berg) Kiaersk.
Siphoneugena kuhlmannii Mattos
Psychotria vellosiana Benth
Symplocos densiflora Brand
Drimys brasiliensis Miers
-12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6
Factor 1: 25,44%
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
Fa
cto
r 2
: 2
3,2
0%
Tabela 1. Relação das espécies estudadas e número de registro das amostras na
Xiloteca do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RBw).
25
ANÁLISE DO PERFIL QUÍMICO DE ESPÉCIES PITCAIRNIOIDEAE (BROMELIACEAE)
Gustavo Peçanha Avelar Pinto; Graduação em Química, IFRJ; ingresso na graduação – 07/2011;
previsão de conclusão do curso – 06/2017; ingresso no PIBIC: outubro/2013; orientador: Dra. Rafaela
Campostrini Forzza e Dr. Wladimir Costa Paradas.
INTRODUÇÃO
Historicamente, as espécies da família Bromeliaceae foram agrupadas em três subfamílias,
Pitcairnioideae, Tillandsioideae e Bromelioideae (Smith & Downs 1974). Com o avanço das análises
filogenéticas nas últimas duas décadas Pitcairnioideae se mostrou polifilética em diferentes estudos,
culminando na proposta da divisão da família em oito subfamílias (i.e. Brocchinioideae,
Lindmanioideae, Hechtioideae, Navioideae, Puyoideae, Pitcairnioideae, Bromelioideae e
Tillandsioideae) (Givnish et al., 2011). Fundamentado nesta nova classificação, Pitcairnioideae abriga
cinco gêneros no senso atual: Deuterocohnia Mez (incluindo Abromeitiella, 24 spp.), Dyckia Schult.
& Schult.f. (160 spp.), Encholirium Mart. Ex Schult. & Schult.f. (27 spp.), Fosterella L.B.Sm. (31
spp.) e Pitcairnia L’Hér. (391 spp.) (Givnish et al., 2011). Entre os gêneros de Pitcairnioideae
Fosterella e Pitcairnia apresentam características morfológicas e fisiológicas mésicas, enquanto
Deuterocohnia, Dyckia e Encholirium compõem um grupo monofiléticos informalmente reconhecido
“ é i Pi i i i ”, b p i i g é i b m
morfológicos e moleculares (Givnish et al. 2011; Santos- Silva et al. 2013). Porém, Schütz et al.
(2016) demonstraram que a utilização de diferentes marcadores moleculares pode gerar hipóteses de
relacionamento distintos entre os gêneros da subfamília e o clado xérico não foi recuperado em todas
as hipóteses obtidas. Dentro deste contexto, a busca por caracteres ou marcadores que contribuam para
a melhor circunscrição e entendimento da evolução dos gêneros de Pitcairnioideae é premente.
Levando em conta que associada a diversidade biológica, está presente uma enorme diversidade
química, não é de surpreender que diferentes grupos taxonômicos produzam distintas classes de
metabólitos secundários que podem ser utilizados como marcadores químicos em níveis infra-
genéricos (Wink 2003).
OBJETIVO
Avaliar o perfil químico em extratos de folhas de cinco espécies de Pitcairnioideae: Pitcairnia
flammea, Deuterocohnia meziana, Dyckia sp., Fosterella windischii e Encholirium horridum,
buscando assim novos caracteres que possam ser utilizados no melhor entendimento dos
relacionamentos dos gêneros da subfamília.
MATERIAIS E MÉTODOS
Coleta das amostras - As folhas de P. flammea, D. meziana, Dyckia sp., F. windischii e E. horridum
cultivadas no Bromeliário do JBRJ foram coletadas periodicamente durante 2014-15 somando um
total de 4 coletas que contemplaram as quatro estações do ano (primavera, verão, outono e inverno).
Após a coleta as amostras são imediatamente congeladas e armazenadas no LBAP do JBRJ.
Extração - As amostras congeladas são submetidas à liofilização e logo após a extração em etanol
(Tedia HPLC), em seguida o solvente é evaporado e seco em N2.
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) - Os extratos de folhas de P. flammea, D. meziana,
Dyckia sp., F. windischii e E. horridum foram analisados no CLAE do Laboratório de Toxicologia da
Fundação Oswaldo Cruz com supervisão do Prof. Dr. Davyson de Lima Moreira. Após escaneamento
dos picos majoritários, para as análises estatísticas e de variabilidade temporal de metabólitos, duas
faixas de tempo de retenção foram selecionadas, uma com as substâncias de média polaridade (e.g.
flavonóides) com tempo de retenção menor do que 21 minutos, e outra com substâncias apolares com
tempo de retenção maior do que 22 minutos. Dentro dessas duas faixas de corte, as áreas de cada pico
foram somadas, cada espécie ficou com um valor final absoluto para cada estação. Estes dados foram
submetidos a uma análise de similaridade de Bray-Curtis com o programa PRIMER E (Primer E
Ltda).
26
RESULTADOS
Análise de Similaridade de Bray-Curtis
O índice de similaridade agrupou dois táxons do clado xérico (D. meziana e E. horridum), dois táxons
mésicos (P. flammea e F. windischii) e Dyckia sp. (Figura 1). Em Dyckia sp. foi determinado somente
um flavonóide majoritário na amostra (cromatograma não demonstrado), diferente das outras espécies
(xéricas) que apresentaram vários picos referentes a flavonóides, o que justifica a separação deste
táxon (Figura 1).
Variabilidade temporal de metabólitos de Pitcairnioideae
Foi observada uma tendência para maior produção de substâncias de média polaridade no verão em
espécies do clado xérico (Figuras 2A e 2C) com exceção de D. meziana (Figura 5B), e justamente o
contrário para espécies mésicas, onde a produção de substâncias apolares é justamente maior no verão
(Figuras 2D e 2E).
DISCUSSÃO
No presente trabalho, baseando-se nos dados de similaridade de Bray-Curtis, obtidos dos
cromatogramas de extratos de espécies coletadas durante um ano (primavera, verão, outono e
inverno), duas espécies do clado xérico (E. horridum e D. meziana) e duas espécies mésicas (P.
flammeae e F. windischii) e Dyckia sp. foram agrupadas. Nossos dados preliminares indicam que os
flavonoides, encontrados em maior quantidade em espécies xéricas, não foram capazes de separar os
táxons de Pitcairnioideae. Os dados de similaridade de Bray-Curtis referentes aos metabólitos apolares
agruparam as estações frias (outono e inverno). Estas substâncias estão presentes em maior
abundância nos cromatogramas de espécies mésicas, e foram os marcadores químicos que de fato
conseguiram diferenciar espécies mésicas das xéricas.
Nesse sentido, para melhor entender a função destas substâncias apolares de táxons mésicos, ou até
mesmo para utilizá-las como marcadores químicos, os próximos passos deste estudo serão identificar
e caracterizar a natureza química destas moléculas (apolares), e em uma etapa posterior contemplar
um número maior de espécies de Pitcairnioideae em análises químicas.
CONCLUSÃO
Análises obtidas por CLAE do perfil químico dos táxons de Pitcairnioideae evidenciaram a formação
três grupos: (1) D. meziana,. e E. horridum, (2) P. flammea e F. windischii. e (3) Dyckia sp. Há uma
maior produção no verão de substâncias apolares e de média polaridade em espécies mésicas e xéricas
(e.g. flavonoides), respectivamente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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WINK, M. 2003. Evolution of secondary metabolites from an ecological and molecular phylogenetic
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27
.
Figura 1. O índice de similaridade de Bray-Curtis agrupou dois táxons de espécies mésicas (P. flammea e F. windischii) e do clado
xérico (D. meziana e E. horridum ).
Figura 2. Variabilidade temporal de metabólitos de Pitcairnioideae ao longo das estações do ano (primavera,
verão, outono e inverno). Cinza-substância de média polaridade (e.g. flavonoides) com tempo de retenção menor
do que 21 minutos nos cromatogramas; preto – substâncias apolares com tempo de retenção maior do que 22
minutos nos cromatogramas. Σ=soma das áreas do picos dos cromatogramas.
28
ANNONACEAE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - BRASIL
Isadora Teles Lopes, Graduação em Ciências Biológicas, UFF, ingresso na graduação – 02/2014;
previsão de conclusão do curso – 12/2018; ingresso no PIBIC: 02/2016; orientadores: Dra. Rafaela
Campostrini Forzza e Dra. Adriana Quintella Lobão.
INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica engloba uma área de 1.306.421 km², cerca de 15% do território nacional e cobria,
total ou parcialmente, 14 estados brasileiros (IBGE 2010). Devido ao acelerado processo de
devastação foi praticamente dizimada ao longo dos séculos restando hoje aproximadamente 11% da
cobertura original (Ribeiro et al. 2009, Morellato & Haddad 2000). A Mata Atlântica é dividida em
várias fitofisionomias, dentre elas floresta ombrófila densa/mista/aberta, floresta estacional
decidual/semidecidual, além de ecossistemas associados como restingas, manguezais, campos de
altitude, brejos interioranos e encraves florestais (IBGE 2010). Dentre as famílias com alta riqueza
específica na Mata Atlântica destaca-se Annonaceae, que pode ser caracterizada pelas folhas alternas e
dísticas, flores com perianto trímero e cíclico, carpelos e estames livres, poucos a numerosos, de
arranjo espiralado. Os frutos são sincárpicos, pseudosincárpicos ou apocárpicos (Kessler 1993). A
família pertence à ordem Magnoliales e possui distribuição pantropical, sendo as Américas Central e
do Sul, a África e a Ásia os principais centros de diversidade. Abriga cerca de 135 gêneros e 2.500
espécies (Chatrou et al. 2004), e na região neotropical são registrados aproximadamente 40 gêneros e
900 espécies (Chatrou et al. 2004). No Brasil ocorrem 29 gêneros (sendo três endêmicos) e 392
espécies (sendo 162 endêmicas), com considerável riqueza de espécies principalmente nas florestas
amazônica e atlântica (Maas et al. 2016). O estado do Rio de Janeiro abriga 41 espécies desta família
(Maas et al. 2016). A carência de estudos abrangendo problemas taxonômicos, aliados à riqueza de
Annonaceae no território brasileiro torna a família um importante tema de investigação.
OBJETIVO
Elaborar tratamento taxonômico das espécies de Annonaceae que ocorrem no estado do Rio de
Janeiro, fornecendo informações para o reconhecimento e identificação dos gêneros e espécies a partir
de diagnoses, comentários taxonômicos, chaves e ilustrações.
MATERIAIS E MÉTODOS
As descrições parciais foram elaboradas baseadas nas exsicatas procedentes do estado do Rio de
Janeiro depositadas no herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB). Foram registradas as
observações do coletor sobre coloração, odor, hábito e altura da planta, bem como habitat, localidade
e altitude. As medidas das estruturas foram tomadas com auxílio de paquímetro digital e régua. A
terminologia utilizada para folhas, flores e frutos segue Radford (1974).
RESULTADOS PARCIAIS
Até o momento foi elaborada chave de identificação para os 12 gêneros ocorrentes no estado.
Também foram elaboradas descrições para 12 espécies, distribuídas em quatro gêneros, a saber:
Anaxagorea dolichocarpa Sprague & Sandw.; Annona acutiflora Mart., A. cacans Warm., A.
dolabripetala Raddi, A. glabra L., A. montana Macfad., A. mucosa Jacq., A. parviflora (A.St.-Hil.)
H.Rainer, A. sylvatica A.St.-Hil., A. xylopiifolia A.St.-Hil. & Tul.; Bocagea viridis A.St.-Hil.; e
Cymbopetalum brasiliense (Vell.) Benth.
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30
RIQUEZA E FUNCIONALIDADE NA COMUNIDADE DE MOITAS EM UM
AFLORAMENTO ROCHOSO LITORÂNEO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, RJ Jasmim Lira Avelino; Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Veiga de Almeida; Ingresso
na graduação – 01/2014; previsão de conclusão de curso – 01/2018; ingresso no PIBIC: agosto/2015;
Co-orientadora: Luana Paula Mauad. Orientador: João Marcelo Alvarenga Braga.
INTRODUÇÃO
A paisagem do estado do Rio de Janeiro é marcada pela ocorrência de afloramentos rochosos
graníticos e gnáissicos, que são chamados de pães de açúcar quando ocorrem na Floresta Atlântica
( b’ b 2005). pé i q m p m ib p b vivê i
condições ambientais adversas como altas temperaturas e exposição ao vento, e baixa disponibilidade
de água, nutrientes e de substrato para fixação de raízes e sementes. Apesar de diferenças
significativas na composição florística, a comunidade rupícola dos pães de açúcar tem como
característica comum a disposição na forma de moitas ou ilhas de vegetação (Meirelles et al. 1999;
Ribeiro & Medina 2002; Caiafa & Silva 2005; Conceição et al. 2007). Dessa forma, pode-se pensar
em convergência de características como formas de vida e crescimento, dispersão, estrutura e
mecanismos de tolerância como suculência, espinescência etc., para maior sucesso nesses ambientes
(Ribeiro & Medina 2002, Jacobi & Carmo 2011). De forma geral, as comunidades rupícolas
apresentam espécies dominantes, que podem formar moitas monoespecíficas, espécies com valor de
importância intermediário (presentes em muitas moitas, mas com poucos indivíduos), e as espécies
oportunistas, que desaparecem na comunidade caso as condições favoráveis mudem. Evidencia-se a
importância da vegetação formadora de tapetes para o estabelecimento de espécies menos tolerantes,
uma vez que podem apresentar interações positivas no recrutamento e estabelecimento de outras
espécies, participando do aumento da diversidade biológica nessas comunidades (Callaway 1995;
Alves & Kolbek 2000; Ribeiro & Medina 2002; Conceição et al. 2007). Assim, na descrição da
comunidade, abordar os diferentes tipos de moitas permite analisar a preferência de habitat das
espécies em diferentes porções dos afloramentos rochosos (Moura et al. 2011).
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi relacionar diferentes tipos de moitas (TS – tapetes de Selaginella sellowii
Hieron (Selaginellaceae), TMono – tapetes de monocotiledôneas; Mix – moitas com espécie
formadora de sombra; e EP – moitas com espécies epilíticas sem acúmulo de solo), quanto à estrutura
e atributos das espécies que os compõem e suas relações florísticas e ecológicas.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
O trabalho foi realizado no Monumento Natural dos Morros da Urca e Pão de Açúcar (UPA), Rio de
Janeiro, RJ (22º57'08.6"S; 43º09'41.3"W), dois afloramentos gnáissicos com área de 91,5 ha e
elevação de 392 m, com encostas cobertas por Floresta Ombrófila Densa Submontana (IPP 2007).
Coleta de dados
A amostragem ocorreu em moitas de vegetação das categorias acima citadas, onde foram alocadas
parcelas de 1 x 1m, e tomadas medidas da inclinação e área da moita (forma elipsoide) e da
profundidade do substrato e de serapilheira (três medidas ao longo de uma diagonal). Todas as
espécies encontradas nas moitas foram identificadas quanto a sua presença, altura do maior indivíduo
e a área de cobertura. Além de categorizadas em relação à forma de vida, dispersão, presença de
suculência, espinescência e tipo de crescimento (rametes, touceira ou clonal).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Um total de 90 moitas foi amostrado e os testes de suficiência amostral estabilizaram. Foram
encontradas 33 espécies, de 25 gêneros e 16 famílias de plantas vasculares. As mais abundantes foram
Alcantarea glaziouana (Leme) J.R.Grant (Bromeliaceae) e Barbacenia purpurea Hook.
31
(Velloziaceae), presentes em 74 e 56 moitas, respectivamente. Essas duas espécies foram encontradas
em todos os tipos de moitas. Os TS apresentaram menor riqueza média de espécies e as Mix e TMono
maior riqueza (Fig. 1), com 15 espécies em comum. Esse resultado concorda com a análise de
redundância (Fig.2) que evidenciou a formação de dois grupos, onde as Mix e TMono estão mais
próximas e sugerem um microambiente menos inóspito para o estabelecimento de outras espécies.
Caméfita foi a forma de vida mais representativa (17 spp.) e Sinningia bulbosa (KerGawl.) Wiehler
(Gesneriaceae) foi a única geófita identificada. Anemocoria foi a síndrome de dispersão mais
frequente, o sistema radicular epífito/epilítico foi dominante, e a presença de suculência e crescimento
clonal foram altamente representados. Determinadas espécies foram identificadas na base ou bordas
de diversas moitas, sugerindo que foram as primeiras responsáveis pela colonização da rocha nua no
início do processo sucessional. Os tapetes de monocotiledôneas possuem maior área de cobertura do
substrato, possibilitando a presença de novas espécies, talvez pela maior capacidade de retenção de
sementes e condições favoráveis de estabelecimento, como foi analisado neste estudo. Plantas sem
suculência, parecem se desenvolver preferencialmente, em moitas com maior riqueza de espécies,
talvez para maior proteção das condições adversas do ambiente e/ou interações positivas com as
mesmas. Entre os TS, os que estavam localizados em fendas apresentaram maior riqueza que os
demais, sugerindo uma relação positiva entre a retenção de sementes, dispersas principalmente pelo
vento, juntamente com a proteção da fenda e presença de substrato um pouco mais profundo.
CONCLUSÃO
Os resultados preliminares sugerem que as espécies se agrupam em tipos específicos de moitas para
maior sucesso na colonização do ambiente rochoso e fornecem bases para ações de conservação e
restauração da vegetação desses ambientes, que muitas vezes contam com espécies endêmicas e
ameaçadas de extinção.
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vegetação sobre rocha do Planalto do Itatiaia, RJ. Boletim do Parque Nacional do Itatiaia 10: 11-
82.
32
Figura 1 - Riqueza de espécies por tipo de moita na área amostrada (Monumento Natural dos Morros da Urca e
Pão de Açúcar, Rio de Janeiro, RJ). EP: moitas epilíticas; MIX: moitas com pelo menos uma espécie arbustiva;
MONO: tapetes de monocotiledôneas; TS: tapetes de Selaginella sellowii.
Figura 2 - Análise de redundância entre as moitas amostradas e todas as variáveis medidas no Monumento
Natural dos Morros da Urca e Pão de Açúcar, Rio de Janeiro, RJ.
33
COMPORTAMENTO GERMINATIVO DE ESPÉCIES NATIVAS DOS CAMPOS DE
ALTITUDE DO ITATIAIA (RJ) EM RESPOSTA AO ESTRESSE HÍDRICO Jéssica Furlan Felizi; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; Ingresso na graduação – 04/2013;
Previsão de conclusão do curso – 07/2017; Ingresso no PIBIC: agosto/2015; Orientador: Antônio
Carlos Silva de Andrade.
INTRODUÇÃO
Sob condições naturais, a germinação é uma fase restrita a locais onde são encontradas condições
p i i ó i p m p , m h m “ i h
regeneração” (G bb 1977). E p é p i mbi i , i m
temperatura, luz e disponibilidade hídrica, promovendo a ativação do metabolismo e retomada do
crescimento do embrião (Marcos Filho, 2005). Quando a disponibilidade hídrica é um fator limitante,
as sementes não são capazes de germinar na proporção e velocidade que apresentariam sob condições
ótimas de hidratação do substrato (Marcos Filho, 2005). Nesse sentido, estudos sobre as respostas de
germinação são importantes para a compreensão dos padrões de distribuição e de adaptação dessas
espécies a condições de estresses ambientais (Fenner & Thompson 2005).
Os campos de altitude são formações vegetais abertas encontradas em montanhas, com fisionomias
que variam desde habitats com arbustos até áreas abertas com ervas e gramíneas (Safford &
Martinelli, 2000). Apesar das condições edafoclimáticas extremas (solos rasos e pouco férteis, grandes
flutuações de temperaturas, exposição aos fortes ventos e intenso stress hídrico sazonal; Scarano,
2002), a vegetação dos campos de altitude abriga altas taxas de diversidade e de endemismo de
plantas (Safford & Martinelli, 2000). Existem poucos estudos sobre os processos de regeneração
natural em campos de altitude, com destaque para as interações positivas entre plantas (ex.
facilitação), onde não foram observadas plântulas em fase de recrutamento (Medina et al., 2006). Tal
observação sugere que o processo de germinação em ambientes de montanhas pode ser limitado por
fatores ambientais, dentre eles a disponibilidade hídrica (Nunes et al., 2016).
OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento germinativo sete espécies dos campos de altitude
(Itatiaia – RJ) sob diferentes condições de estresse hídrico.
MATERIAL E MÉTODOS
Frutos de Gelasine coerulea (Vell.) Ravenna, Hippeastrum morelianum Lem., Roupala montana
Aubl., Senecio brasiliensis (Spreng.) Less, Senecio sp. L., Tibouchina hospita Cogn e Xyris sp.
Gronov. ex L. foram coletadas nos campos de altitude do Planalto do Itatiaia. Para avaliar as respostas
de germinação ao estresse hídrico foram feitas soluções de PEG 8000 nos potenciais hídricos entre
zero e -1,2MPa. Foram usadas seis repetições de 30 sementes em placas de Petri, sob temperatura de
25ºC (8h luz/dia). Todas as sementes que não germinaram foram transferidas para placas de Petri
contendo água destilada, para estimar a recuperação após o estresse hídrico. Avaliações periódicas
foram feitas para calcular a velocidade e a porcentagem de germinação. As espécies foram
comparadas por análise relativa, utilizando os valores proporcionais nos potenciais hídricos de 0MPa e
-0,5MPa. As médias entre tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey (5% de probabilidade).
RESULTADOS
A germinação das sete espécies foi afetada pelo estresse hídrico simulado em laboratório. Apenas
duas espécies não germinaram sob potencial de -0,2MPa: R. montana e Xyris sp. As demais espécies
foram capazes de germinar até o potencial de -0,5MPa, mas os valores de germinação e de tempo
médio variaram entre as espécies estudadas. Antes de inibir por completo o processo de germinação, o
estresse hídrico aumentou o tempo em dias para alcançar 50% da germinação de todas as espécies
estudadas. O potencial hídrico limitante ao processo de germinação para estas espécies encontra-se
entre -0,5 e -0,8MPa. Após transferidas para água pura (0MPa), as sementes que não germinaram em
solução de -1,2MPa apresentaram alta capacidade de recuperação de germinação. As sete espécies
34
apresentam diferentes níveis de tolerância ao estresse hídrico, sendo que H. morelianum, R. montana,
T. hospita e Xyris sp. mostraram maior sensibilidade ao estresse hídrico. Senecio sp. foi quem
apresentou o mais alto valor (P>0,05) de germinação relativa em -0,5MPa.
DISCUSSÃO
A redução do potencial hídrico do substrato afetou o processo germinativo de todas as espécies
estudadas. Não houve perda de viabilidade das sementes nos potenciais hídricos mais baixos, apesar
de ter impedido que o processo germinativo fosse iniciado. A germinação foi recuperada quando as
espécies foram transferidas para 0 MPa. É provável que a variação de tolerância da germinação ao
estresse hídrico não esteja associada apenas às características fisiológicas das sementes, mas também
as características ecológicas das espécies, tais como habitat preferencial ou período de frutificação.
Evans & Etherington (1990) consideram que espécies que crescem em ambientes secos produzem
sementes capazes de germinar sob potenciais mais negativos que espécies de ambientes úmidos. Os
resultados desse estudo mostraram comportamento inverso, ou seja, as espécies que habitam os
afloramentos rochosos, locais com pouco substrato para retenção de umidade e para manutenção da
germinação, foram aquelas com maior sensibilidade ao estresse hídrico. De forma distinta, as espécies
que apresentaram maior tolerância ao estresse hídrico foram as que frutificaram no período chuvoso.
CONCLUSÃO
É possível concluir que as espécies apresentam diferentes níveis de tolerância ao estresse hídrico e que
sua germinação é capaz de se recuperar, mesmo depois de submetida a intenso estresse hídrico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EVANS, C.E. & ETHERINGTON, J.R. 1990. The effect of soil water potential on seed germination
of some British plants. New Phytologist 115: 539-548.
FENNER, M. & THOMPSON, K. 2005. The ecology of seeds. Cambridge University Press.
GRUBB, P.J. 1977. The maintenance of species richness in plant communities: the importance of the
regeneration niche. Biological Review 52:107-145.
MARCOS FILHO, J. 2005. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. FEALQ. 495p.
MEDINA, B.M.O., RIBEIRO, K.T., SCARANO, F.R., 2006. Plant–plant and plant–topography
interactions on a rock outcrop at high altitude in southeastern Brazil. Biotropica 38: 1–7.
NUNES, F.P.; DAYRELL, RLC; SILVEIRA, FAO; NEGREIROS, D.; SANTANA, DG;
CARVALHO, F.J.; GARCIA, Q.S.; FERNANDES, G.W. 2016. Seed Germination Ecology in
Rupestrian Grasslands. In: Ecology and Conservation of Mountaintop grasslands in Brazil, 207-
225. Springer International Publishing
SAFFORD, H.D. & MARTINELLI, G. 2000. Southeast Brazil. In: POREMBSKI, S. & Barthlott, W.
(eds.). Inselbergs: biotic diversity of isoleted rock outcrops in tropical and temperate regions.
Berlin: Springer-Verlag. p. 339-390.
SCARANO, F. R. 2002. Structure, function and floristic relationships of plant communities in
stressful habitats marginal to the Atlantic rain forest. Annals of Botany 90: 517–524.
35
Figura 1. (A) Gelasine coerulea (Vell.)
Ravenna; (B) Hippeastrum morelianum Lem.;
(C) Roupala Montana Aubl.; (D) Senecio
brasiliensis (Spreng.) Less; (E) Senecio sp. L.;
(F) Tibouchina hospita Cogn; (G) Xyris sp.
Gronov. ex L.
0 MPa -0.5MPa
0
25
50
75
100
d
cd
bc
bc
b
Ge
rmin
aca
o r
ela
tiva
(%
)
Gc
Hm
Rm
Sb
Sspp
Th
Xsp.
a
Figura 2. Comparação dos
valores de germinação relativa
para as sete espécies dos
campos de altitude de Itatiaia
[(Gc) Gelasine coerulea; (Hm)
Hippeastrum morelianum;
(Rm) Roupala Montana; (Sb)
Senecio brasiliensis; (Ssp.)
Senecio sp.; (Th) Tibouchina
hospita; (Xsp.) Xyris sp.]. No
gráfico, letras diferentes
discriminam (P<0,05) os
valores de germinação relativa
no potencial hídrico de -
0,5MPa entre as espécies.
(G)
(A) (B) (C)
(D) (E) (F)
(G)
36
AS MUDANÇAS NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO(JBRJ), NO PERÍODO
1909-1915, APÓS SUA VINCULAÇÃO AO RECÉM-CRIADO MINISTÉRIO DE
AGRICULTURA INDÚSTRIA E COMÉRCIO (MAIC). João Augusto Muniz Videira; Graduação em História, UFRJ; ingresso na graduação – 08/2013;
previsão de conclusão do 12/2016; ingresso no PIBIC: agosto/2014; orientador: Alda Heizer
INTRODUÇÃO
O projeto teve como objetivo inicial analisar o interesse do botânico inglês John Christopher Willis
(1868-1958) na organização de um catálogo da Flora Brasileira (também mencionado nos documentos
como índice ou lista), durante o período em que esteve no cargo de diretor do Jardim Botânico do Rio
de Janeiro, entre abril de 1912 e abril de 1915. Ao longo da pesquisa privilegiou-se a identificação e
análise de parte da história do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, período no qual a instituição esteve
vinculada ao recém-criado Ministério de Agricultura, Indústria e Comércio (MAIC). Sendo assim,
buscou-se analisar as mudanças ocorridas tanto científicas quanto administrativas, explicáveis por tal
reorientação institucional.
John Christopher Willis (1868-1958) nasceu em Birkenhead, centro portuário importante da
Inglaterra. Sua formação deu-se nos centros acadêmicos de Liverpool (University College) e de
Cambridge. Atuou como botânico em Glasgow, na Escócia e, em 1896, aos 28 anos, foi indicado para
o posto de diretor do Jardim Botânico de Peradeniya, no Sri Lanka. Em seguida, Willis foi eleito
membro da Linnean Society e, em 1901, fundou os Annals of the Royal Botanic Gardens, em
Peradeniya, instituição na qual trabalhou durante 15 anos.
OBJETIVO
O objetivo do presente estudo foi analisar as mudanças ocorridas no Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, após sua vinculação ao recém criado Ministério de Agricultura, Indústria e Comércio.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizada pesquisa histórica (documental e bibliográfica) de um total de 20 resumos de
correspondências, em inglês, do Kew Gardens depositadas no RBGK: Directors' Correspondence e 13
correspondências que compreendem um período de 3 anos (1912-1914) e que estão depositadas no
Museu Paraense Emílio Goeldi, Arquivo Guilherme de La Penha, Fundo Museu Paraense Emílio
Goeldi, Gestão Jacques Huber (1907-1914), Série Correspondência, Dossiê Jardim Botânico do Rio
de Janeiro, entre o John Christopher Willis e David Prain e John Christopher Willis e Jacques Huber,
respectivamente.
Na Biblioteca João Barbosa Rodrigues foi possível analisar os relatórios do Ministério da Agricultura
referentes aos anos 1912, 1913 e 1914, bem como um número especial dos Anais do Museu Paulista
escrito por Hermann von Ihering sobre João Barbosa Rodrigues (ver bibliografia).
No Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro-IGHB- foi analisado um impresso intitulado Arquivos
do Jardim Botânico, do ano de 1915, que contém uma apresentação de João Pacheco Leão, naquela
altura diretor do JBRJ, e artigos de botânicos como Alberto Löfgren, João Geraldo Kuhlmann e
Alfredo Ducke, parte da rede de cientsitas da qual o botânico inglês atuou.
RESULTADOS
A criação do Ministério de Agricultura, Indústria e Comércio (MAIC), em 1909, significou uma
reorientação do governo para a agricultura no Brasil. Atividades técnicas e científicas eram as
principais ações planejadas e estimuladas por esse novo órgão do governo. A ciência era a base de
toda a ação do Ministério que, por meio dela, deveria alcançar a modernização das atividades
produtivas do país. No âmbito da agricultura, isso ocorreria, na medida em que, cada vez mais, se
instituísse no campo o que era entendido como agricultura racional. Segundo o M IC, “O J im
Botânico do Rio de Janeiro deve ser simultaneamente o repositório das riquezas de nossa flora,
representada, por suas principais espécies, nas culturas e nos herbários, e um instituto de pesquisa
científica sobre as plantas úteis, em suas mú ip p i çõ ”.
37
Sendo assim, o JBRJ passava a ter como finalidade a realização de experimentos sobre a qualidade
das plantas. Tal trabalho seria realizado pelos profissionais que se dedicavam à botânica, à fisiologia,
à química e à agronomia, privilegiando, em suas análises, a utilidade dos elementos da natureza à
produção nacional.
DISCUSSÃO
A principal modificação nas pesquisas científicas do Jardim Botânico, após a vinculação ao MAIC,
incidiu no projeto de diversificação da economia agrícola brasileira. Ou seja, o Jardim produziria
pesquisas que possibilitassem a ampliação dos produtos agrícolas no Brasil. O MAIC, através desse
projeto de diversificação, procurou reduzir a dependência da economia brasileira a um só produto,
além de tentar fortalecer a produção para o mercado interno. Subordinados a esses objetivos, estavam
as instituições científicas, como o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
CONCLUSÃO
A vinculação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro ao novo Ministério de Agricultura, Indústria e
Comércio (MAIC) resultou numa nova integração institucional, gerando relações de interdependência
e ou estabelecendo contatos e interações sociais de reciprocidade entre os atores sociais envolvidos. A
pesquisa, a partir das fontes primárias e de análises sobre o MAIC e o JBRJ, nos permitiu concluir que
é fundamental, ao analisarmos a história de instituições como o JBRJ e seus projetos de
modernização, não perdermos de vista que tais projetos estão associados a projetos de Nação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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análise do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio na primeira República. Varia História.
Belo Horizonte.V.27.N.46.p 689-709.Jul-Dez de 2011.
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(1915-1931). Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v.5, nº1, p. 101-117,
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GIL, FERNANDO (ORG.). A Ciência tal qual se faz. Lisboa: Edições João Sá da Costa, 1999.
HEIZER, ALDA. JOÃO BARBOSA RODRIGUES. Entre o Império e a República. Revista Brasileira
de História da Ciência, Rio de Janeiro, v. 5, suplemento, p. 88-94, 2012.
HEIZER, ALDA. João Geraldo Kuhlmann e a Comissão de Defesa da Borracha. In: Ciência
Civilização e República nos Trópicos [organizadores Alda Heizer e Antonio Augusto Passos
Videira]. Rio de Janeiro: Editora Mauad, 2010.p.209-225.
IHERING, Hermann Von. Anais do Museu Paulista, v. 10-11, n. 11. São Paulo, 2002-2003, p. 31; 23-
36.
LOPES, MARIA MARGARET. Cultura das Ciências Naturais. Ciência e Educação, v.11, n.3, p.457-
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REPORTS, AGRICULTURA, 1860-1960.Jardim Botânico.1890-1914.
MINISTERIAL GOVERNMENT DOCUMENT DIGITALIZATION PROJECT MINISTERIAL
REPORTS, AGRICULTURA, 1860-1960.Defesa Econômica da Borracha ( 1912-1913).P.155-
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SÁ, M. R. O Botânico e o Mecenas: João Barbosa Rodrigues e A Ciência no Brasil na Segunda
Metade do Século XIX; Historia Ciências, Saúde – Manguinhos. Vol. VIII (Suplemento), 899-
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TURRILL, W.B. JOHN CHRISTOPHER WILLIS (1868-1958).Biographical Memoirs. Fellows of
the Royal Society.353-359, Nov.1958.
WILLIS, J.C. Preface and Introductory chapter.In: A Manual and Dicitionary of the Flowering Plants
and Ferns, Cambridge: University Press, 1919 ( fourth edition).p.1-16
38
DESENVOLVIMENTO DO ANDROCEU E MICROSPOROGÊNESE EM ESPÉCIES DE
MYRSINE E CYBIANTHUS (PRIMULACEAE)
Laura Garzon Duffles; Graduação em Ciências Biológicas, PUC-RJ; ingresso na graduação –
03/2015; previsão de conclusão do curso – 12/2018; ingresso no PIBIC: agosto/2015; orientador:
Maria de Fátima Freitas; co-orientador: Karen L. G. De Toni.
INTRODUÇÃO
A família Primulaceae está hoje inserida à Ordem Ericales, que constitui um grupo basal das
Asteridae, caracterizada principalmente por flores diplostêmones ou polistêmones (Judd et al., 1998).
O gênero Cybianthus Mart. é um dos maiores gêneros de Primulaceae com cerca de 150 espécies de
distribuição nos neotrópicos (Stahl & Anderberg 2004). No Brasil ocorrem cerca de 66 espécies.
Caracteriza-se por arbustos e árvores, ramificados ou monopodiais, com folhas alternas a
subverticiladas, pontuadas, pilosas a glabras e inflorescências em racemos ou panículas; flores com
densos tricomas glandulares e estames com filetes curtos, visíveis, epipétalos. O gênero Myrsine L.
apresenta cerca de 300 espécies com distribuição pantropical (Ricketson & Pipoly 1997). As espécies
caracterizam-se por serem arbustos ou pequenas árvores com estruturas secretoras, folhas alternas e
inflorescências umbeliformes ao longo dos ramos; flores com filetes adnatos ao tubo da corola. No
Brasil ocorrem 26 espécies deste gênero. Não são conhecidos estudos com maiores detalhamentos da
morfologia e desenvolvimento das peças florais destes gêneros, especialmente se tratando de espécies
que compõem a flora brasileira (BFG 2015).
OBJETIVO
O objetivo do presente estudo foi analisar o desenvolvimento do androceu e microsporogênese de
Cybianthus verticillatus (Vell.) G. Agostini e Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Shult., a fim
de caracterizar as espécies e buscar diferenças entre os gêneros.
MATERIAL E MÉTODOS
Campo
Cybianthus verticillatus (Vell.) G. Agostini foi coletada no Parque Nacional de Itatiaia, nas trilhas das
Cachoeira Véu da Noiva e Itaporani, no mês de outubro de 2015. O material testemunho está
depositado no Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB). Os espécimes de Myrsine
coriacea (Sw.) R. Br. & Roem. & Schult. foram coletados no Arboreto do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro.
Laboratório
Para a microscopia óptica os botões florais e flores em distintos estágios de desenvolvimento de C.
verticillatus e M. coriacea, após a coleta, foram imediatamente fixados em solução de glutaraldeído
2,5%, em tampão fosfato de sódio 0,01M pH 7,2 (Gabriel 1982), desidratados em série alcoólica,
incluídos em hidroxietilmetacrilato (Gerrits & Smid 1983), seccionados em micrótomo Leica
RM2245 e corados com azul de toluidina 0,5% (Gabriel 1982). Para a microscopia eletrônica de
varredura, após a fixação, o material após desidratado em etanol, teve sua desidratação concluída em
equipamento de ponto crítico Leica EM 030, fixados em suportes e coberto com uma fina camada de
ouro através do metalizador Emitech K550X. As amostras foram observas no microscópio eletrônico
de varredura EVO 40 à voltagem de 15kV.
RESULTADOS
Durante a análise observou-se algumas fases do desenvolvimento das anteras e dos grãos de pólen nas
flores estaminadas de Myrsine coriacea e Cybianthus verticillatus. Em estágios precoces do
desenvolvimento dos botões estaminados de M. coriacea, é possível observar a maturação
assincrônica dentre as anteras, e além disso, entre os esporângios de uma mesma antera (Fig. 1a). Para
Cybianthus verticillatus, durante a formação dos estratos parietais das anteras não foram encontradas
diferenças significativas, porém além da quantidade de anteras por botão floral, apenas quatro anteras
por botão, e cada antera possui quatro lóculos, diferenças relevantes foram encontradas nos grãos de
39
pólen maduros (Fig.1b). Além disso, cavidades secretoras foram observadas na região do conectivo
das anteras, o que não ocorre em M. coriacea (Fig. 1b)
Quando maduro os grãos de pólen de C. verticillatus são tricolporados, e no momento da deiscência
da antera os grãos são bicelulares (Fig. 1c). Outro caráter embriológico muito relevante é a alta
freqüência de esterilidade polínica observada. Foram observadas anteras com lóculos estéreis dentre
lóculos férteis, anteras completamente estéreis dentre anteras férteis no mesmo botão floral, anteras
com lóculos férteis e lóculos estéreis (Fig. 1d), e também flores com anteras completamente férteis.
Portanto, não foi até o momento observado um padrão para a esterilidade na espécie.
Estes dois gêneros são proximamente relacionados na filogenia da família Primulaceae, porém muitas
diferenças morfológicas foram encontradas, principalmente quanto à inserção das anteras nas pétalas e
quanto a presença de tricomas glandulares, e também quanto aos seus caracteres embriológicos (Tab.
1).
DISCUSSÃO
Os resultados quanto ao desenvolvimento dos grãos de pólen aqui encontrados estão totalmente de
acordo com os já descritos para Myrsinoidea e Primulaceae (Johri et al. 1992), exceto com relação a
falta de sincronidade das lojas, o que ainda não foi referido para a família. Porém estes diferem dos
encontrados em algumas Theophrastoideae, as quais possuem anteras polisporangiadas e tapete
multiestratificado em contraste as anteras tetrasporangiadas e tapete de apenas uma camada de
Myrsinoideae, subfamília na qual os gêneros Cybianthus e Myrsine estão subordinados.
Os estudos embriológicos em Primulaceae são escassos. Quanto ao desenvolvimento do androceu e
grãos de pólen, tem-se registros para a variação encontrada quanto ao número de colpos, sendo tri- ou
tetracolpados em espécies do Cerrado Brasileiro (Salgado & Morphy 1969), estudos morfológicos, de
esculturação e ultrastrutura de Coris (Carrion et al. 1993), entre outros.
CONCLUSÃO
Este foi o primeiro estudo com enfoque embriológico realizado com estas duas espécies, com a análise
dos cortes anatômicos de flores estaminadas em diferentes tamanhos. A continuidade dos estudos com
a análise de tamanhos intermediários das flores, desta e de outras espécies, e a visualização deste
desenvolvimento com o uso da microscopia eletrônica de varredura poderá proporcionar maiores
detalhes do desenvolvimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity Brazil. Rodriguésia 66:1-29.
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(Primulaceae). Plant Systematics and Evolution 184(1-2):89-100.
GABRIEL, B.L. 1982. Biological Electron Microscopy. Van Nostrand Reinhold Company: New
York.
GERRITS, P.O. & SMID, L. 1983. A new, less toxic polymerization system for the embedding of soft
tissues in glycol methacrylate. Journal of Microscopy 132:81-85.
JOHRI, B.M.; AMBEGAOKAR, K.B. & SRIVASTAVA, P.S. 1992. Comparative Embryology of
Angiosperms v. 2. Berlin, Springer-Verlag.
JUDD, W.S.; CAMPBELL, C. S.; KELLOG, E. A. & STEVENS, P. F. 1998. Plant Systematics: a
phylogenetic approach. Sinuar Associates, Inc. Publishers, USA, 464 pp.
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of vascular plants, VI. Flowering Plants Dicotyledons. Celastrales, Oxalidales, Rosales, Cornales,
Ericales. Springer, Berlin. p 266-281.
40
Tabela 1- Comparação das características florais de Myrsine coriacea e Cybianthus verticillatus.
Myrsine coriacea Cybianthus verticillatus
Inflorescência Umbeliforme racemosa
Flores Pentâmeras tetrâmeras
Pétalas Agudas arredondadas
Tricomas glandulares na corola bordos face abaxial
Filete aderido ao tubo da corola parcialmente livre
Antera oblonga Globosa
Inserção da antera no filete dorsifixa Basifixa
Abertura das tecas fenda longa fenda curta
Padrão da meiose simultânea Simultânea
Aberturas dos grãos de pólen 3-5 3
Estruturas secretoras anteras não Sim
Esterilidade não Sim
Célula generativa, deiscência antera bicelular tricelular
Figura 1. Desenvolvimento androceu e microsporogênese de Myrsine coriacea (a, e) e Cybianthus
verticillatus (b-d,f-g). a,d. Antera madura. b. Botão floral. c. Detalhe grão de pólen maduro. e. Flor em
antese. f. Pormenor da antera. g. Detalhe dos tricomas glandulares na pétala.
41
MODIFICAÇÕES ALOMÉTRICAS EM ARÁCEAS COMO ESTRATÉGIA PARA VIDA NA
COPA: EXISTE ACOPLAMENTO ENTRE AUMENTO DA ÁREA FOLIAR, DENSIDADE
DE VENAÇÃO E DENSIDADE DE ESTÔMATOS?
Lawrence da Silva Rocha, Licenciatura em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação –
07/2012; previsão de conclusão do curso – 07/2017; ingresso no PIBIC: 08/2014; orientador: André
Mantovani
INTRODUÇÃO
Ray (1992) sugere que alomorfia foliar (aumento da área superficial) em aráceas lianescentes
promoveria maior captação de luz. Se esta hipótese for aceita, a maior capacidade para captar e
utilizar luz precisaria ser seguida por estratégias morfofisiológicas visando otimização do
metabolismo fotossintético e melhoria do sistema de aquisição e de transporte de água. A ascensão
vertical em florestas é tipicamente caracterizada pelo aumento de incidência luminosa e déficit de
pressão de vapor, em comparação ao solo da floresta (Mantovani 1999). Tais estratégias devem
portanto minimizar as restrições impostas pelo crescimento vertical ao mesmo tempo que
potencializam o uso eficiente da luz. A densidade de venação foliar afeta a condutância hidráulica da
folha e a capacidade de retranslocação de nutrientes (e.g., nitrogênio). A densidade de estômatos
influencia nas trocas gasosas e na aclimatação ao estímulo luminoso (p. ex., através da criação de
novas sítios de troca gasosa ou regulando condutância estomática total) sendo portanto potenciais
estratégias para manutenção das maiores dimensões de corpo de aráceas lianescentes na copa.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo é avaliar como as mudanças progressivas ao nível da área foliar estariam
correlacionadas às mudanças anatômicas (densidade de venação e de estômatos) do mesmo órgão.
Embora nossos resultados iniciais indiquem aumento das dimensões internas em folhas mais largas de
aráceas lianescentes (Mantovani 1999; Lorenzo et al. 2009; Filartiga et al. 2014), principalmente
aumentando o parênquima esponjoso e espaços de ar (Lawrence Rocha, PIBIC 2015-2016), não se
sabe como se comportam a venação e a quantidade de estômatos ao longo deste desenvolvimento
alomórfico, parâmetros estes que influenciam a condutância hidráulica e fotossíntese da folha.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido nas matas úmidas sub-montana da Reserva Botânica das Águas Claras
(RJ) com a espécie Rhodospatha oblongata. Foram escolhidos 10 indivíduos com cerca de 6m de
altura, sendo cinco dentro da floresta (indivíduos de sombra) e cinco próximo a uma clareira na
floresta (indivíduos de sol). Cada indivíduo foi dividido em 4 classes de altura (solo, 1,5m; 3m; 6m),
sendo que de cada classe uma folha foi coletada (4 folhas por indivíduo, 20 folhas por condição
luminosa e 40 folhas no experimento). Cada folha foi estudada quanto a densidade de venação e
densidade de estômatos. Para cada folha um disco de 0,8 cm² da região intercostal direita foi retirado e
diafanizado segundo Fonsêca (2006). Três imagens diferentes foram tiradas para cada disco (120
imagens por condição luminosa). As análises foram feitas com programa Image – J. A densidade de
venações foi determinada através de seu comprimento linear total relativo à área amostrada. O mesmo
procedimento foi feito para a densidade estomática, determinada pelo número de estômatos presentes
na área conhecida. A média das três medidas foi feita para caracterizar cada folha, bem como a média
das médias foi realizada para caracterizar cada altura da planta e respectiva área foliar amostrada
(Cornelissen et al. 2003).
RESULTADOS
Ao compararmos os extremos de altura, em ambas condições de sombra e sol, todos os parâmetros
sofreram aumento (Figura 1). Para as plantas de sombra, enquanto a área foliar variou em média 40
vezes, a densidade média de venação foliar variou apenas 1 ordem, de 4,15 a 5 mm mm-2
, enquanto os
estômatos variaram em densidade média de 19 a 65 estômatos mm -2
. O mesmo padrão de resultado
ocorre nas folhas de sol. A área foliar media também variou cerca de 40 vezes, enquanto nas mesmas
42
folhas a densidade media de venação variou de 4,15 a 4,7 mm mm-2
e a de estômatos de 51 a 90
estômatos mm -2
. Para uma mesma altura, as folhas de sombra apresentaram tendência a maiores
valores de área foliar e de densidade estomática. Entretanto o mesmo não ocorreu para venação. Ao se
observar a figura 2, entretanto, é evidente que embora a densidade de venação não tenha aumentado
da sombra para o sol, sua espessura era notoriamente maior.
DISCUSSÃO
Dados anteriores (Lawrence Rocha, PIBIC 2015) mostram que o aumento da área foliar de
Rhodospatha oblongata ocorreu principalmente correlacionado ao aumento dos espaços intercelulares.
O mesmo material amostrado em 2015 foi aqui amostrado para os novos parâmetros. O aumento da
densidade estomática nas folhas de copa pode estar relacionado ao aumento já observado da
capacidade fotossintética (André Mantovani, orientador, dados não publicados), já que a maior
densidade estomática pode influenciar positivamente na fotossíntese, diminuindo este passo de
resistência para entrada de CO2 (Tanaka et al. 2013). Os dados aqui encontrados apontam para
densidade de venação como a característica menos plástica entre os parâmetros aqui estudados nas
folhas de sombra e sol. Este fato contraria trabalhos específicos sobre venação entre diferentes
ambientes (Adam III et al. 2007). Entretanto a maior espessura dos traços da venação sugere que ao
invés de produzir nova estruturas entre as já previamente formadas, a venação da folha de sol se
expande em diâmetro. Tal fato precisa ser corroborado por estudos anatômicos futuros em visão
transversal, para determinar quais tecidos específicos constituem este aumento. Tal definição é
importante por duas vias: i) aumento do fluxo hídrico foliar caso haja maior participação xilemática;
ii) aumento da drenagem de fotossintatos, caso haja aumento do tecido floemático.
CONCLUSÃO
As folhas de copa de Rhodospatha oblongata aumentam intensamente em área foliar e este aumento é
acompanhado de um aumento da densidade de estômatos e densidade de venação. Aparentemente a
estratégia ao nível da venação foliar em condições de sol não é aumentar a densidade de venação mas
elevar a eficiência de transporte daquela ontogeneticamente formada através de seu espessamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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standardised and easy measurement of plant functional traits worldwide. Aust Journal of Botany
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photosynthetic capacity through increased stomatal density in Arabidopsis. New Phytologist 198,
757–764.
43
Figura 1 – Comportamento das variáveis área foliar, densidade de venação e densidade de estômatos
para indivíduos de Rhodospatha oblongata em diferentes alturas no hospedeiro, sob condições de
sombra e de sol. Note que enquanto a área foliar se expande, a densidade estomática média também
cresce. Embora haja uma tendência de maior densidade de venação nas folhas de copa, em ambas as
condições, este foi o parâmetro que menos variou.
Figura 2 – Venação de folhas de copa de Rhodospatha oblongata em condições de sombra (A) e sol
(B). Note venações mais espessas em condição de sol.
A
B
44
DIVERSIDADE DE BORAGINACEAE S. L. NA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI/
MARICÁ, RJ, BRASIL
Luiz Paulo Martins de Moraes; Graduação em Ciências Biológicas, Faculdade de Formação de
Professores/ UERJ; ingresso na graduação – 03/2013; previsão de conclusão do curso – 07/2018;
ingresso no PIBIC: setembro/2013; orientador: Drª. Elsie Franklin Guimarães.
INTRODUÇÃO
No projeto da Flora de Angiospermas do Brasil, desenvolvem-se conhecimentos sobre as
Boraginaceae do Estado do Rio de Janeiro, onde foram assinaladas 38 espécies. Seus táxons possuem
hábito herbáceo, subarbustivo, arbustivo, arbóreo ou trepador. As folhas são simples alternas,
desprovidas de estípulas. As inflorescências são cimosas, por vezes amplas com ramos secundifloros.
As flores são hermafroditas, pentâmeras, diclamídeas, actinomorfas ou levemente zigomorfas; cálice
gamossépalo, geralmente persistente na frutificação; corola gamopétala; estames 5, epipétalos ou não,
livres ou coerentes entre si, com anteras rimosas; ovário súpero, bicarpelar, bilocular, estilete terminal
ou ginobásico, simples ou ramificado, com 1 a 4 estigmas. Os frutos são drupáceos ou
esquizocárpicos. Boraginaceae foi estabelecida por Jussieu (1789) com base no gênero típico Borago.
São destacados os trabalhos de Johnston (1927; 1928; 1930) e Miller et al. (1998). Possuem
distribuição cosmopolita, incluindo 140 gêneros, dos quais 11 são nativos do Brasil, com 2.700
espécies (Souza & Lorenzi, 2012). Este estudo está sendo realizado com o intuito de responder as
seguintes questões: Qual a diversidade de Boraginaceae na Serra da Tiririca? E quão similar é esta
área em relação aos outros municípios do Estado do Rio de Janeiro?
OBJETIVO
Analisar as Boraginaceae com base na morfologia das espécies que ocorrem na Serra da Tiririca para
ampliar o conhecimento sobre a diversidade florística da Mata Atlântica.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
O local de estudo é a Serra da Tiririca localizada entre os municípios de Niterói e Maricá, no estado
do Rio de Janeiro e faz parte do Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) (Barros, 2008, Pontes,
1987).
Procedimentos
Foram visitados diversos locais para realizar coletas de materiais férteis. O material foi herborizado,
seco em estufa a 60°C (GUEDES-BRUNI, 2002) e incorporado aos Herbários RB, e RFFP; a
identificação foi realizada através de bibliografias especializadas e comparações nos Herbários.
Visitas técnicas foram realizadas nos herbários RB, RFFP, RBR, R, HB, FCAB e consultas às listas
do GUA e CRIA (2016), (tabela 1), com o intuito de conhecer a similaridade da Serra da Tiririca em
relação às outras áreas do Estado.
RESULTADOS
Até o momento na Serra da Tiririca foram realizadas 18 visitas ao campo, tendo sido observado que as
espécies habitam Floresta Ombrofila Densa Submonta. Quatro gêneros foram assinalados: Cordia L.
(7), Myriopus Small (1), Tournefortia L.(3) e Varronia P. Browne (2), (tabela 2), distintos pelo porte
herbáceo ou arbustivo (Tournefortia e Varronia) e arbóreo (Cordia). As espécies de Tournefortia
além de herbáceas apresentam-se como arbustivas e escandentes, possuindo estilete ginobásico
enquanto Varronia é definida especialmente pela inflorescência ora espiga ora capituliforme, com a
presença de estilete bi-bífido. Já o gênero Cordia é definido pelo porte arbóreo, flores vistosas e
estilete terminal também bi-bifido. Por outro lado, Tournefortia sofreu uma separação sendo
deslocado desse grupo o gênero Myriopus, que por sua vez, é diferenciado de seu antigo grupo
principalmente por seus estames coerentes, enquanto que Tournefortia os possuem livres.
45
DISCUSSÃO
Estudos atuais ligados à filogenia tem promovido modificações taxonômicas nas
Boraginaceae. Embora os gêneros anteriormente unidos Cordia / Varronia, Myriopus /Tournefortia,
estejam atualmente separados, são inseridos em Boraginaceae s.l. na Flora do Brasil, que foi tomada
como base para este trabalho. Para o Rio de janeiro foram assinaladas 38 espécies em 7 gêneros,
destes apenas quatro encontram-se na Serra: Cordia (7), Myriopus (1), Tournefortia (3) e Varronia
(2). Verificou-se através das coleções examinadas nos herbários que a área possui uma boa
representatividade de espécies em relação ao registrado para o Estado do Rio de Janeiro.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos neste estudo revelaram, até o momento, a existência de quatro gêneros
com 13 espécies. O desenvolvimento teve por base as pesquisas nas coleções dos herbários do estado
do Rio de Janeiro como também nas coletas de campo, consequentemente, vindo a contribuir para o
conhecimento das Boraginaceae presentes na Serra da Tiririca. Ressalta-se, que devido as discussões
relacionadas à biologia molecular, ainda não foi possível concluir este trabalho; por outro lado faltam
ainda realizar novas incursões para obtenção novos materiais na área de estudo. As dificuldades estão
assentadas principalmente no que se refere à ausência de frutos e de flores em algumas das espécies
não apenas nas exsicatas dos herbários como também nas coletas no campo. A questão ainda está em
aberto dado que serão realizadas novas visitas a Serra, como também, nas coleções herborizadas
relacionadas ao estado do Rio de Janeiro, nas quais, provavelmente, poder-se-á encontrar material
contendo fruto, um dos elementos pouco representado nas coleções. Caso não se obtenha na área de
estudo material com fruto, outros serão colocados como material adicional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, A.A.M. 2008. Análise florística e estrutural do Parque Estadual da Serra da Tiririca,
Niterói e Maricá, RJ, Brasil. 2008, 237 f. Tese (Doutorado em Botânica) - Fundação Instituto de
Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Escola Nacional de Botânica Tropical.
Cria (Centro de Referência em Informação Ambiental). 2014. <http://www.cria.org.br>. Acessado em
abril de 2014.
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Tournefortia known from Brazil, Paraguay, Uruguay and Argentina. Contributions from the Gray
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JUSSIEU, A.L 1789 Genera Plantarum, secundu mordines naturales disposita juxta methodum in
Horto Regio Parisiensi exaratam, anno 1774. MS. notes. Paris.
Miller, J.S.; Gaviria, J.; Gómez, R. & Rodríguez, G. 1998. Boraginaceae. In: P.E. Berry, B.K. Holst &
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SOUZA, V.C., LORENZI, H. 2012. Botânica sistemática : guia ilustrado para para identificação das
famílias de angiospermas da flora brasileira, baseado em APGIII. Nova Odessa, SP: Instituto
Plantarum
46
Tabela 1: Número de exsicatas do RJ levantadas nos herbários consultados.
Herbários N° de
exsicatas
RB 722
HB 66
RFFP 86
FCAB 18
GUA 311
RFA 66
R 125
RBR 72
Tabela 2: Espécies levantadas nos herbários e em coletas.
Espécies Cordia aberrans Johnst.
Cordia magnoliifolia Cham.
Cordia ochnacea DC.
Cordia superba Cham.
Cordia taguahyensis Vell
Cordia trichoclada DC.
Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud
Myriopus paniculatus (Cham.) Feuillet
Tournefortia bicolor Sw.
Tournefortia gardneri A. DC.
Tournefortia salicifolia A. DC.
Varronia curassavica (Jacq.) Roem. & Schult.
Varronia guazumaefolia Desv.
.
47
ALGAS CALCÁRIAS INCRUSTANTES DO LITORAL DO RIO DE JANEIRO – ILHAS
TIJUCAS
Manoela de Brito Lyra; Graduação em Ciências Biológicas, PUC-Rio; ingresso na graduação –
02/2013; previsão de conclusão do curso – 11/2017; ingresso no PIBIC: agosto/2015; orientador:
Gilberto M. Amado-Filho; co-orientador: Ricardo G. Bahia.
INTRODUÇÃO As algas calcárias incrustantes (Coralinalles, Hapalidiales e Sporolithales, Rhodophyta) abreviadas como
CC ( m m i g ê “ i g ”) têm como característica principal a parede celular
fortemente impregnada com carbonato de cálcio (Silva & Johansen 1986), o que confere rigidez ao seu
talo. As CCA estão entre os organismos marinhos mais abundantes da zona fótica, apresentando ampla
distribuição latitudinal, de regiões tropicais a polares, e vertical, desde as zonas entremarés até o limite de
profundidade conhecido para organismos fotossintetizantes (274 m) (Steneck 1986). Desempenham papel
ecológico fundamental na bioconstrução de diferentes ecossistemas marinhos, tais como recifes coralíneos,
bancos de rodolitos e costões rochosos, além de contribuírem significativamente para a produção de
carbonato de cálcio global (Amado-Filho et al. 2012). Sua presença provê substrato consolidado para o
estabelecimento de outras espécies de organismos bentônicos, alguns dos quais formam estreitas
interações espécie-específicas. Como exemplo dessas interações, cabe mencionar o assentamento larval e
metamorfose de algumas espécies de moluscos e corais que ocorrem preferencialmente ou restritamente na
presença de determinadas espécies de CCA (e.g. Roberts 2001).
As CCA vêm recebendo um crescente interesse científico na última década devido, especialmente, a sua
particular sensibilidade à acidificação dos oceanos e sua aplicação como registro paleoecológico para
mudanças ambientais globais (McCoy & Kamenos 2015). Durante a formação de seus talos, as CCA
precipitam CaCO3 na forma de calcita com alto teor de magnésio, que é justamente o polimorfo mais
solúvel do CaCO3 biogênico. Tal inerente característica impõe às CCA uma maior susceptibilidade à
acidificação dos oceanos quando comparada a outros organismos calcificadores, tais como os corais cujo
polimorfo majoritário de CaCO3 é a aragonita (Noisette et al. 2013).
Apesar da importância das CCA, o conhecimento taxonômico sobre esse grupo ainda é insuficiente no
Brasil, especialmente devido à carência de especialistas. A maior parte dos estudos taxonômicos no Brasil
se concentraram nas CCA que formam rodolitos (Bahia 2014, Amado-Filho et al. 2016), sendo raro na
literatura o conhecimento dessas algas em recifes coralíneos e costões rochosos. O litoral do município do
Rio de Janeiro e suas ilhas costeiras são dominados por costões rochosos onde as CCA estão entre os
organismos bentônicos mais abundantes. Porém, o conhecimento de suas espécies nesta região se limita a
dois estudos realizados no Arquipélago das Cagarras, sendo uma listagem de cinco táxons em Muniz et al.
(2013) e a descrição de uma nova ocorrência para o Oceano Atlântico em Bahia et al. (2014).
OBJETIVO Os objetivos deste estudo foram identificar e descrever morfoanatomicamente as espécies de CCA dos
costões rochosos das Ilhas Tijucas, Rio de Janeiro.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
O i iz ê i h q mpõ m q ipé g I h Tij (23˚02’10’’
43˚18’14’O): I h M i (1), P (2) v (3), i Ri J i , 1.7 km
costa, entre as praias de São Conrado e Barra da Tijuca (figura 1).
Procedimentos Foram retiradas para estudo os principais morfótipos de CCA da região, por meio de mergulho
autônomo, totalizando 11 espécimes. Em cada sítio, as coletas foram realizadas ao longo de uma
extensão de 100 m do costão rochoso. No laboratório, as amostras foram descalcificadas em ácido
nítrico 10%, desidratadas em série crescente de etanol (70%, 90% e 100%) e emblocadas em
historesina (Leica Historesin) para cortes histológicos em micrótomo rotatório (Jung) e produção de
lâminas para microscopia. Os cortes foram analisados em microscópio óptico (Olympus BX 43), de
onde imagens dos caracteres vegetativos e reprodutivos de interesse taxonômico foram capturadas. As
48
espécies de CCA foram identificadas por meio de chaves de identificação, descrições de táxons
disponíveis na literatura e comparação com materiais tipo de herbário.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesse estudo, foram analisados 9 espécimes. três táxons de CCA foram identificados , sendo dois da
família Corallinaceae (Lithophyllum stictaeforme e Hydrolithon samoense) e um da família
Hapalidiaceae (Phymatolithon sp.). Este último apresenta como características diagnósticas principais
conceptáculos tetrasporangiais senescentes em formato de vulcão resultante do início de crescimento
vegetativo secundário a partir da margem do teto do conceptáculo e a presença de um espaço entre o
teto do conceptáculo do conceptáculo tetrasporangial e o crescimento vegetativo secundário em
conceptáculos enterrados. Trata-se de um tipo de desenvolvimento do conceptáculo tetrasporangial
nunca antes observado no grupo das CCA, o que indica se tratar de uma nova espécie para a ciência.
A mesma será descrita formalmente em artigo científico após análises moleculares.
Até o presente, nenhum estudo taxonômico sobre a composição florística de CCA nas Ilhas Tijucas
havia sido realizado. Comparando os resultados obtidos com os de outros costões rochosos do Rio de
Janeiro (tabela 1), as Ilhas Tijucas apresentam uma relativamente baixa riqueza específica. O registro
de Lithophyllum stictaeforme na região demonstra que esta seja possivelmente a espécie mais
amplamente distribuída no litoral do estado, já que a mesma foi encontrada em todas as ilhas
estudadas na costa do Rio de Janeiro, além da Ponta da Cajaíba (extremo sul do RJ) (tabela 1).
CONCLUSÃO
Foram identificados três táxons de CCA (Litophyllum stictaeforme, Hydrolithon samoense e
Phymatolithon sp.), sendo este último uma nova espécie para ciência que será formalmente descrita
em artigo científico. Estudos moleculares são necessários para identificações mais precisas acerca dos
gêneros e espécies encontrados nesse trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMADO-FILHO G.M., MOURA R.L., BASTOS A.C., SALGADO L.T., SUMIDA P.Y.G., GUTH A.Z.,
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(Corallinales, Rhodophyta) on rocky reefs from Ilha Grande Bay, Brazil. Phytotaxa 192.4: 267-278.
49
.
Tabela 1. Levantamento dos táxons de CCA registrados para os costões rochosos do litoral do estado do
Rio de Janeiro. *Táxons identificados em nível supraespecífico que podem corresponder a algum dos
táxons identificados em nível específico (pendendo confirmação).
Figura 1. Imagem satélite das Ilhas Tijucas. (1) Ilha do Meio; (2) Ilha Pontuda; (3) Ilha
Alfavaca. Localização na costa brasileira (ponta de seta). Fonte.: google.com.br/maps.
50
REVISÃO TAXONÔMICA DO GÊNERO DIALIUM (LEGUMINOSAE: DIALIINAE) NO
NEOTRÓPICO
Marcus José de Azevedo Falcão Junior; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na
graduação – 02/2012; previsão de conclusão do curso – 07/2016; ingresso no PIBIC: 02/2014;
Orientador: Vidal de Freitas Mansano
INTRODUÇÃO
Leguminosae, ou Fabaceae, apresenta distribuição cosmopolita e constitui a terceira maior família de
Angiospermas. Compreende três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae,
representadas em 36 tribos, 727 gêneros e cerca de 19.500 espécies (Lewis et al., 2005). A subfamília
Caesalpinioideae, onde o gênero Dialium L, descrito em 1767, está inserido, revelou-se como um
grupo parafilético por inúmeros trabalhos e uma nova classificação das leguminosas se aproxima.
Nesta classificação, Caesalpinioideae será dividida em cinco novas subfamílias e o gênero Dialium,
atualmente inserido na tribo Cassieae e na subtribo Dialiinae, formará, junto com mais 16 gêneros,
uma das novas subfamílias: Dialioideae, que junto com Duparquetioideae, Detarioideae e
Cercidioideae serão os clados mais basais da família, tornando a observação e descrição das
características morfológicas, anatômicas e fisiológicas por eles apresentadas de extrema importância
para compreensão da evolução das Leguminosae, ( Doyle et al., 1997; LPWG não publicado). Dentre
os 17 gêneros que constituem a subfamília Dialioideae, o maior é o gênero típico Dialium. Entretanto,
o número de espécies é controverso, variando de 40 a 70 espécies. A distribuição geográfica do gênero
é pantropical. O neotrópico abriga apenas uma espécie: Dialium guianense (Aubl.) Sandwith, que
possui grande distribuição no continente, ocorrendo do México (cidade de Veracruz) até o Brasil
(cidade de Marliéria-MG), de modo que a diversidade de espécies relatadas no neotrópico pode estar
subestimada e necessita de revisão. Pelo exposto, fica evidente a importância de estudos taxonômicos
em Dialium, particularmente na região neotropical, onde a riqueza do gênero aparenta ser maior que a
atualmente reconhecida.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi revisar taxonomicamente o gênero Dialium para o neotrópico, visto que
o mesmo conta atualmente com apenas uma espécie, D. guianense (Aubl.) Sandwith. Amplamente
distribuída e disjunta.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo taxonômico constou da observação e medição dos extensos materiais de Dialium presentes
no Herbário Nacional Colombiano (COL), no Harvard University Herbaria (HUH), no Instituto
Nacional de Pesquisa Amazônica (INPA), no Missouri Botanical Garden Herbarium (MO), no New
York Botanical Garden (NY), no Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (R), no
Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e na Universidade de São Paulo (SPF). Foram
analisadas presencialmente 424 exsicatas. Além disso, foram analisadas por meio de herbários virtuais
os materiais das seguintes instituições: Herbário Amazônico Colombiano (COAH), Herbário da
Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS),Royal Botanical Garden, Kew (K), Botanische
mm g Mü h (M), M é m i D’Hi ire Naturelle (MNHM), Smithsonian
Department of Botany – Brazilian records (NMNH), Herbario Forestal de Bogotá (UDBC),
Universidade Estadual de Campinas (UEC) e mais materiais de COL, H e NY que não constavam nos
empréstimos já referidos, sendo analisadas virtualmente 328 exsicatas, totalizando 752 exsicatas
(excluindo duplicatas). Foi efetuado também um trabalho de campo na floresta nacional do tapajós
(Pará) em outubro de 2015, onde indivíduos da espécie puderam ser observados e coletados. O
trabalho já submetido apresenta chaves de identificação, descrições completas e ilustrações das
espécies.
51
RESULTADOS
Após análises de todos os caracteres taxonômicos dos indivíduos referidos, ficou evidenciada a
presença de três grupos de plantas que se distinguiam claramente dos demais, sendo a caracterização
dos mesmos como novas espécies apoiada biogeograficamente, já que as características díspares de
cada uma das três ocorrem unicamente em indivíduos de áreas relativamente próximas. Uma das
espécies, aqui nomeada como Dialium hexaestaminatum, ocorre no leste da Colômbia e no oeste da
Venezuela. É caracterizada pela presença de 4 a 7 estames, enquanto D. guianense apresenta somente
2. A segunda espécie, aqui nomeada como Dialium congestum, ocorre no Equador e sul da Colômbia,
e caracteriza–se principalmente pela presença de inflorescências congestas, ao contrário das
inflorescências laxas encontradas nos indivíduos de D. guianense. E por último a terceira espécie, aqui
nomeada como Dialium rondoniense, ocorre unicamente no Estado de Rondônia e extremo sul do
Estado do Amazonas, no Brasil. É caracterizada por indumento adensado na face abaxial dos folíolos,
nos peciólulos, pecíolos, raques foliares e caules ao contrário de D. guianense que apresenta tais
estruturas quase sempre glabras ou com indumento esparso e imperceptível a olho nu. Além das três
novas espécies já citadas, cinco grupos de plantas estão ainda sob análise e poderão ser caracterizadas
como mais cinco espécies: Um indivíduo do Peru, caracterizado por uma pequena inflorescência
congesta, mas tal inflorescência, assim como seus caracteres vegetativos é diferente daqueles
encontrados em D. congestum. Um indivíduo do Pará, Brasil, bastante semelhante ao indivíduo já
citado no Peru, entretanto a grande distância dificulta caracterizá-los como pertencentes ao mesmo
táxon. Um indivíduo do sul da Colômbia que possui uma inflorescência espiciforme. Um grupo de
quatro indivíduos do norte da Venezuela que apresentam folíolos bem pequenos, compridos e longo-
cuspidados. E por fim um grupo de treze indivíduos do Acre, do sul do Amazonas e do norte da
Bolívia, que apresentam sempre 3 folíolos em suas folhas, enquanto D. guianense possui sempre mais
de 5.
DISCUSSÃO
Devido a inúmeros fatores, estes cinco grupos de indivíduos estão ainda sob análise, sendo necessária
a elucidação de diversas questões taxonômicas e biogeográficas para caracterizá-los como novas
espécies, além da execução de um estudo molecular que já está em andamento para possivelmente
responder algumas destas questões. Também está sendo efetuado um estudo palinológico das espécies
neotropicais encontradas para caracterização de possíveis diferenças taxonômicas no pólen das
mesmas. Também está em andamento um estudo comparativo da morfologia das sementes das
espécies neotropicais com algumas das espécies africanas de Dialium. Já na área da ontogenia,
prossegue uma análise do desenvolvimento e perda de verticilos florais não apenas em Dialium, mas
também em vários dos outros gêneros tropicais da subfamília Dialioideae, como Apuleia,
Martiodendron e Poeppigia.
CONCLUSÃO
Com as análises efetuadas, tornou–se clara que a diversidade do gênero Dialium no neotrópico era
subestimada e que o mesmo agora conta com quatro espécies, com a possibilidade de mais cinco,
evidenciando a importância dos estudos taxonômicos para o avanço dos conhecimentos sobre a
riqueza biológica da região neotropical.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOYLE J.J., DOYLE J.L., BALLENGER J.A., DICKSON E.E., KAJITA T., OHASHI H. 1997. A
phylogeny of the chloroplast gene rbcL in the Leguminosae: taxonomic correlations and insights
into the evolution of nodulation. American Journal of Botany 84: 541–554.
LEWIS, G., SCHRIRE, B., MACKINDER, B. & LOCK, M. 2005. Legumes of the world Royal
Botanic Gardens, Kew.
52
Figura 1: Prancha de Dialium hexaestaminatum. Figura 2: Prancha de Dialium congestum.
Figura 3: Prancha de Dialium rondoniense. Figura 4: Prancha de Dialium guianense.
53
ONTOGENIA DA BIOMINERALIZAÇÃO DA ALGA CALCÁRIA INCRUSTANTE
LITHOPHYLLUM CORALLINAE (P.CROUAN & H.CROUAN) HEYDRICH
Maria Julia Pinto da Fonseca Fernandes Willemes; Graduação em Ciências Biológicas, Universidade
Veiga de Almeida; ingresso na graduação – 02/2012; previsão de conclusão de curso – 06/2016; data
de ingresso no PIBIC – 9/2013; orientador: Leonardo Tavares Salgado;
co-orientador: Rodrigo Tomazetto de Carvalho.
INTRODUÇÃO
Algas calcárias das ordens Corallinales e Sporolithales (Rhodophyta) estão entre os organismos
marinhos bentônicos mais abundantes na zona fótica, com uma ampla distribuição mundial (Steneck
1986). Estes organismos contribuem na formação e estruturação de recifes coralíneos devido ao seu
potencial bioconstrutor, agregando substrato inconsolidado ao redor dos recifes e servindo de base
para estas estruturas (Nelson, 2009). Esse potencial se deve principalmente a impregnação de suas
paredes celulares por cristais de carbonato de cálcio (CaCO3), resultado do processo de
biomineralização em seus espaços intercelulares conferindo rigidez ao talo (Borowitzka & Vesk,
1978). Atualmente este processo vem recebendo atenção renovada por conta da ameaça de dissolução
das estruturas carbonáticas formadas por conta de mudanças climáticas globais (redução do pH,
aumento da temperatura, etc.). Em relação ao início do processo de biomineralização, Johansen et al.,
(1981) relataram que esporos em sua fase planctônica não exibem a impregnação do carbonato de
i m p , vi m p m , i i çã ’ g ,
favorecendo o crescimento tecidual. Trabalhos como de Cabioch & Giraud (1986) sugeriram que a
mineralização em células proliferativas de Lithophyllum corallinae ocorre durante a primeira semana após a
fixação do esporo ao substrato. No trabalho de Vesk & Borowitzka (1984) com a alga Haliptilon cuvieri os
primeiros cristais parecem se formar após os esporos germinados possuírem no mínimo seis células. No entanto
faltam informações mais detalhadas sobre as etapas iniciais da ontogenia da mineralização das CCA,
principalmente quanto ao desenvolvimento das células iniciais, ou seja, a partir de quantas divisões
celulares esse processo se inicia.
OBJETIVOS
Com isso, o objetivo deste trabalho é descrever os estágios iniciais de desenvolvimento da alga calcária
incrustante Lithophyllum corallinae, caracterizando a dinâmica do processo de mineralização que ocorre em suas
paredes celulares.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
Foram coletadas algas calcárias da espécie Lithophyllum corallinae (P.Crouan & H.Crouan) Heydrich na
Praia da Tartaruga (Armação dos Búzios). Estas foram trazidas vivas e posteriormente foram
aclimatadas no Laboratório de Cultivo do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Para a obtenção dos esporos de L. corallinae em diferentes estágios, foram coladas lamínulas (n=80)
de microscopia de formato circular e retangular em hastes de madeira com fita dupla face que foram
imersas no aquário de aclimatação e posicionadas na porção que apresentava um maior fluxo de água.
Procedimentos
Após 70 horas de aclimatação as lamínulas foram retiradas do aquário, fixadas e analisadas em
Microscópio Óptico de Campo Claro para a obtenção de imagens a fim de identificar a ocorrência de
indivíduos recém assentados, bem como seu padrão de crescimento em diferentes estágios.
Posteriormente, as lamínulas foram levadas ao Microscópio Óptico de Polarização, com o intuito de
analisar o desenvolvimento da parede celular de L. corallinae a partir da presença, ou não, de
materiais polarizados. Por fim, as amostras foram observadas em Microscopia Eletrônica de Varredura
para a obtenção de imagens e para a utilização da técnica de Espectroscopia de Energia Dispersiva
(EDS) que permitiu a confecção de mapas de elementos (Ca, Mg, C, O) a fim de confirmar a presença
de carbonato de cálcio (CaCO3) na parede celular dos indivíduos recém-assentados em diversos
estágios de desenvolvimento.
54
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Imagens de campo claro dos indivíduos recém assentados mostraram que após 3 dias de aclimatação
haviam diversos indivíduos assentados em diferentes estágios de desenvolvimento, apresentando de 2
a ~128 células, com um padrão de crescimento radial pré-estabelecido (Figura 1). Em relação as
imagens de microscopia óptica de polarização e com compensador, foi perceptível a presença de
material polarizado nas paredes celulares desde as primeiras divisões, e que este material apresentava
um padrão de coloração característico birrefringente negativo, sendo um possível indicador de cristais
de calcita (Cheng et al. 1998) ou fibras de celulose (Srivastava, 2002) na parede celular. Por fim, a
análise das imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura aliada a Espectroscopia de Energia
Dispersiva foi determinante para apontar uma grande concentração dos elementos cálcio, magnésio,
carbono e oxigênio nas paredes celulares a partir de 8 células (Figura 2). É possível notar que esta
concentração ocorreu nas paredes celulares isoladas do meio externo e não ocorreu nas paredes em
contato com o meio externo, corroborando com a hipótese de que a mineralização só ocorre após o
isolamento das paredes celulares (Mann, 2001) e não ocorre nas paredes das células em divisão
(Borowitzka & Vesk, 1978).
CONCLUSÃO
A obtenção e identificação dos esporos recém-germinados foi possível a partir de caracteres que já
haviam sido pré-estabelecidos neste nível de desenvolvimento. Com os resultados alcançados,
podemos concluir que este processo de espessamento da parede começa desde as primeiras divisões
celulares do organismo. Já a mineralização do carbonato de cálcio começa a partir do momento em
que existam células totalmente isoladas do meio externo, o que no caso de L. Corallinae aconteceu a
partir de 8 células. As informações obtidas através desse estudo são essenciais para a compreensão do
processo de desenvolvimento desta importante alga da costa brasileira e servirá de base para estudos
futuros sobre o efeito de mudanças climáticas no desenvolvimento inicial de algas calcárias
incrustantes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOROWITZKA, M. A. and M. Vesk, 1978.Ultrastructure of the Corallinaceae.I. The vegetative ceils
of Corallina officinalis and C. cuvierii. Marine Biology 46, 295-304.
CHENG, L.L.Y; Howie, R.A.; Zussman, J. 1998. Rock Forming Minerals – Non-Silicates. Second
Edition, Volume 58. The Geological Society.
GABIOCH, J & GIRAUD.G. (1986). Structural Aspects of Biomineralization in the Coralline Algae
(Calcified Rhodophyceae). In: Leadbeater, B.S.C. & Reading, R. (eds.) Biomineralization in
Lower Plants and Animals. Oxford, p. 141-156.
JOHANSEN, W.H. 1981. Coralline Algae, a First Synthesis. CRC Press, Inc.
MANN, S. 2001. Biomineralization, Principles and Concepts in Bioinorganic Materials Chemistry.
Oxford University Press, Oxford.
NELSON, W.A. 2009. Calcified macroalgae – critical to coastal ecosystems and vulnerable to change:
a review. Marine and Freshwater Research. 60: 787-801.
SRIVASTAVA, L. M. 2002. Plant growth and development. Hormones and the environment. Oxford:
Academic Press.
STENECK, R. S.1986. The ecology of coralline algal crusts: convergent patterns and adaptive
strategies. Annual Review of Ecology and Systematics, 17: 273–303.
VESK, M. & BOROWITZKA, M.A. 1984. Ultrastructure of tetrasporogenesis in the coralline alga
Halipton cuvieri (Rhodophyta). Journal of Phycology. 20: 501-515.
55
56
SELEÇÃO DE ESPÉCIES DE MACROALGAS MARINHAS PARA USO EM
AQUICULTURA MULTITRÓFICA INTEGRADA
Marina Monteiro de Moraes Santos; Graduação em Zootecnia, UFRRJ; ingresso na graduação –
08/2014; previsão de conclusão do curso – 08/2019; ingresso no PIBIC: abril/2015; orientador: Renata
Perpétuo Reis; coorientadora: Beatriz Castelar
INTRODUÇÃO
As algas são uma formação vegetal existentes nos oceanos e mares capazes de realizar a fotossíntese,
ciclagem de nutrientes e servir de alimento e abrigo para muitas espécies (Vidoti & Rollemberg 2004).
Além disso, produzem substâncias de interesse comercial e no setor agropecuário têm recebido
destaque por possuirem composição química adequada para o uso em rações e não possuem fatores
antinutricionais (Pereira et al. 2012). Além de destas qualidades, apresentam diversas vantagens
ambientais e produtivas na Aquicultura Multitrófica Integrada (AMTI) com peixes, proveniente de sua
alta eficiência biofiltradora, mantendo a qualidade da água.
A AMTI é uma tecnologia aquícola de grande interesse na atualidade. Com elevado nível de excretas,
fezes e restos de ração produzidos pelos níveis tróficos superiores, como os peixes, acumulam-se
elevadas concentrações de nutrientes na água (Soto 2009).O nitrogênio é o principal elemento que
limita o crescimento das algas marinhas bentônicas e controla a produtividade primária dos oceanos,
sendo o nitrato e o amônio importantes íons que influenciam o crescimento desses organismos
(Lobban & Harrison 1994). Estes nutrientes são convertidos em biomassa de níveis tróficos basais,
como as macroalgas (Soto 2009). Desta forma, aumenta-se a sustentabilidade e expandem-se as
opções de fonte de alimento e, consequentemente, o desenvolvimento da algicultura e da piscultura no
país.
OBJETIVO
Avaliar a eficiência biofiltradora e o desempenho produtivo de cinco espécies de macroalgas marinhas
(Ulva fasciata, U. flexuosa, Hypnea musciformis, Dictyota menstrualis e Kappaphycus alvarezii)
visando a utilização em aquicultura multitrófica integrada.
MATERIAL E MÉTODOS
As macroalgas U. fasciata e U. flexuosa foram coletadas nos costões rochosos de Barra de Guaratiba,
Rio de Janeiro; H. musciformis foi coletada na Prainha, Ilha de Itacuruçá, Mangaratiba, D. menstrualis
foi coletada na ponta do Aripeba, na Ilha Grande, Angra dos Reis e K.alvarezii foi obtida no cultivo
comercial de Paraty. Após 15 dias de aclimatação, D.menstrualis não apresentou biomassa
estabilizada e foi retirada do experimento. Uma amostra de cada uma das demais espécies foi seca em
estufa à 50°C por 24h e congelada para análises de composição centesimal (teor de proteína bruta,
lipídeos totais, carboidratos, cinzas e matéria seca; AOAC 2000). Foram realizados dois experimentos.
No primeiro, visando a avaliação da eficiência biofiltradora das algas, 200 g de biomassa úmida (n=4
para cada espécie) foram cultivados em tanques retangulares, contendo 25 L de água oriunda de
efluente de piscicultura (enriquecida), salinidade 35 e aeração constante. Além disso, foi mantido um
tratamento controle, sem algas (n=4). As concentrações de nutrientes (amônia, nitrito, nitrato e
fostato) foram analisadas, por método colorimétrico com auxílio de fotômetro ALFAKIT (AT100P).
As análises foram realizadas a cada 3 horas, nas primeiras 12 horas e posteriormente a cada 24 horas,
durante 7 dias. As diferenças na eficiência de retirada de nutrientes (ER) entre as espécies ao longo do
tempo foram analisadas através da análise de variâncias (ANOVA) de medidas repetidas. O segundo
experimento foi realizado para a avaliação do desempenho produtivo das algas. Desta forma, 50 g de
biomassa úmida de cada espécie (n=4) foi cultivada nos mesmos tanques citados anteriormente, com
50 L de água de efluente de piscicultura, trocados semanalmente. A biomassa das algas foi mensurada
semanalmente durante 4 semanas e a taxa de crescimento diário (TCD) calculada. As diferenças nas
TCD foram avaliadas por ANOVA, seguida do teste de Tukey e curvas de biomassa (y) ao longo do
tempo (x) foram utilizadas para complementar a avaliação do desempenho produtivo das algas. O
limite de toletância para os testes de significância foi de 95% (p<0,05).
57
RESULTADOS
Os teores de lipídeos, fibras e carboidratos foram semelhantes entre as espécies, porém as algas verdes
apresentaram os maiores teores de proteínas e os menores em cinzas (Tab 1). K. alvarezii destacou-se
pelos altos valores de cinzas As ER bem como a relação N:P foram similares nos tanques das
diferentes espécies de algas cultivadas outdoor (p > 0,05). Em relação ao desempenho produtivo, U.
fasciata foi a espécie com maior TCD após 28 dias (Fig. 1; F=14,2; p = 0,002). H. musciformis e K.
alvarezii apresentaram perda de biomassa ao longo do período amostral e a segunda morreu entre a
terceira e a quarta semana experimental.
DISCUSSÃO
Os maiores teores de cinzas para K. alvarezii podem ser explicados pela alta concentração de sais e/ou
minerais essenciais como potássio, cálcio, magnésio, ferro, zinco, manganês e cobre (Rupérez 2002)
em seu talo. Os elevados teores proteicos das algas verdes sugerem seu potencial uso na substituição,
ainda que parcial, da farinha de peixe em rações para peixes, corroborando a sustentabildadde da
atividade (Trushenski et al. 2011). Em relação à eficiência de retirada de nutrientes, embora não tenha
havido diferença significativa entre as espécies, destaca-se que o pico da ER de amônia esteve
associado à queda da relação N:P, ou seja, como é um sistema retroalimentar as macroalgas que
assimilam N mais rapidamente (especialmente as verdes) levam à queda da razão N:P que por sua vez
diminui a eficiência biofiltradora das algas. Possivelmente o maior crescimento de U. fasciata (Fig. 1)
esteve relacionado à sua maior resistência às contaminações. De fato, os tanques das demais espécies
foram contaminados por microalgas e bactérias, principalmente Oscilatoria sp. (Cyanophyceae)
durante o experimento. As baixas TCD registradas podem estar associadas tanto à contaminação
quanto à elevada amplitude térmica (<10° C) registrada durante o periodo experimental.
CONCLUSÃO
Todas as espécies apresentaram características nutricionais interessantes para uso em dietas para
peixes, seja para produção de minerais essenciais ou como fonte de proteína. Além disso,
apresentaram-se igualmente eficientes na retirada de nutrientes, porém, a Ulva fasciata destacou-se
por obter melhor desempenho produtivo, sendo, dentre as macroalgas testadas, a mais indicada para
AMTI.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY (AOAC) 2000. Official Methods of
Analysis, 17th edn. AOAC, Inc.,2000
LOBBAN, C.S. & HARRISON, P.J. 1994. Seaweed Ecology and Physiology. Cambridge University
Press, New York, 366 p
PEREIRA, R.; VALENTE, L.M.P.; SOUSA-PINTO, I. & REMA, P. 2012. Apparent nutrient
digestibility of seaweeds by rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) and Nile tilapia (Oreochromis
niloticus). Algal Research. 1, 77-82.
RUPÉREZ, P. 2002. Mineral content of edible marine seaweeds. Food Chemistry 79(1):23-26.
SOTO D, 2009. Integrated mariculture: a global review. FAO Fisheries and Aquaculture Technical
Paper. No. 529. Rome, FAO. pp. 7–46
TRUSHENSKI, J.; LAPORTE, J. & LEWIS, H. 2011. Fish meal replacement with soy-derived
protein in feeds for juvenile cobia: Influence of replacement level and attractant supplementation.
Journal of the World Aquaculture Society 42 (3):435-443.
VIDOTI, E.C. & ROLLEMBERG, M.C.E. 2004. Algas: da economia nos ambientes aquáticos à
bioremediação e à química analítica. Química Nova.
58
Tabela 1: Composição centesimal das algas estudadas.
Espécie Proteína
bruta (%)
Lipídeo
bruto (%) Cinzas (%)
Fibras
(%)
Carboidratos
(ENN*; %)
Hypnea musciformis 20,95 1,00 38,50 4,00 30,20
Kappaphycus alvarezii 2,97 0,69 57,25 4,13 30,84
Ulva fasciata 30,33 0,77 24,41 4,59 39,90
Ulva flexuosa 36,74 1,27 20,84 5,70 35,45
* ENN – Extrato não nitrogenado.
Média
erro padrão
desvio padrão H. musciformis
U. flexuosa
U. fasciata-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
TC
D (
%.d
ia-1
)
Figura 1: Taxa de crescimento diário (TCD) das macroalgas cultivadas em tanques outdoor durante 28
dias.
.
59
IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS DE CANOAS USADAS PARA A PESCA ARTESANAL
EM ARRAIAL DO CABO (RIO DE JANEIRO, BRASIL)
Mayara Simões de Almeida; Graduação em Ciências Biológicas, USU; ingresso na graduação –
02/2014; previsão de conclusão do curso- 12/2018; ingresso no PIBIC: Fevereiro/2015; Orientadoras:
Neusa Tamaio e Viviane Stern da Fonseca Kruel
INTRODUÇÃO
O Brasil é considerado o país com maior diversidade de canoas do mundo, incluindo as que se movem
a remo, vela e motor (Museu do Mar, 2014). No entanto, o patrimônio naval brasileiro é pouco
conhecido, e ameaçado ao desaparecimento (IPHAN, 2011) pela substituição por barcos de fibra de
vidro e alumínio. Desta maneira as técnicas e conhecimentos seculares sintetizados nos barcos
tradicionais (Museu do Mar 2014), assim como as informações botânicas associadas às madeiras
usadas para a construção dessas embarcações, tanto no presente quanto no passado, são itens
importantes para estudo.
É de conhecimento que os pescadores artesanais baseiam-se no uso sustentável dos recursos naturais
(Kneip, 1994), porém há pouco registro sobre o conhecimento tradicional associado ao uso de
madeiras relacionadas à confecção e/ou reparo de canoas. No Rio de Janeiro, Fonseca-Kruel (2011)
registrou parte do conhecimento dos pescadores cabistas sobre o uso de plantas em Arraial do Cabo e
associou espécies ao reparo de canoas.
Estudos etnobotânicos podem auxiliar na compreensão do processo de confecção e reparo das canoas
e sua relação com a flora atual e do passado, registrando o conhecimento cultural e seu modo de vida
tradicional. Em combinação às técnicas de anatomia vegetal poderá elucidar lacunas relacionadas ao
uso de recursos vegetais da flora brasileira, além de registrar e valorizar informações que auxiliem na
compreensão da dinâmica social. Estudos desta natureza são importantes na costa brasileira, pois
abrangem informações sobre ambientes como, as restingas e mata atlântica que vem sofrendo
supressão na cobertura vegetal e consequentemente perda da diversidade biológica e cultural
(Fonseca-Kruel & Peixoto, 2004).
Com isto, o presente estudo vem colaborar com o registro e valorização do conhecimento local
relacionado às canoas usadas na pesca artesanal no sul e sudeste brasileiro, no âmbito do projeto -
Etnobotânica de espécies arbóreas usadas na construção de Canoas artesanais no litoral sudeste e
sul brasileiro (CNPq 2014), realizado em parceria entre pesquisadores do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro (JBRJ) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Este visa auxiliar no registro das
formas tradicionais de uso, construção e significado das canoas para os pescadores artesanais de
Arraial do Cabo (RJ), reforçando sua identidade social, preservação do patrimônio material e imaterial
associado à pesca e contribuindo com a reprodução do conhecimento da natureza para as gerações
futuras.
OBJETIVO
Identificar as madeiras utilizadas para a construção e/ou reparo das canoas usadas na pesca artesanal
de Arraial do Cabo, assim como registrar o saber tradicional relacionado à essas madeiras.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo: O presente estudo foi realizado no Município de Arraial do Cabo que compreende um
cinturão pesqueiro entre a Praia da Massambaba e a Praia do Pontal, um dos municípios mais
tradicionais em relação aos núcleos pesqueiros do Rio de Janeiro, sendo potencial no resgate do
patrimônio cultural naval brasileiro (Britto, 1999).
Coleta de dados etnobotânicos: Foram obtidas autorizações do Comitê de Ética com Seres Humanos
da UFSC e ao IPHAN para acesso ao conhecimento tradicional, assim como foi aplicado o Termo de
Consentimento Prévio Assistido. Entrevistas semiestruturadas foram realizadas, além de metodologias
de pesquisa ação (Brandão, 1985), registro audiovisual das narrativas autobibliográficas para registrar
o conhecimento local em relação às madeiras das canoas. Buscou-se antigos pescadores artesanais
e/ou mestres canoeiros que ainda utilizam canoas. Estes foram considerados como - informantes-
60
chave, a partir de amostragem intencional (Tongco, 2007), e foram indagados sobre a lista de
madeiras relevantes para construção e/ou reparo das canoas. Cada canoa foi registrada (histórico e
medidas). Fragmentos testemunhos de madeiras das diferentes partes das canoas foram, quando
possíveis, coletadas; as amostras foram identificadas através das técnicas anatômicas, e depositadas na
xiloteca do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RBw).
Identificação das amostras: A identificação contou com a análise macroscópica em lente contafios
10x, em que corpos de prova de madeiras passaram pelo processo preparatório utilizando serrote,
martelo e formão. Os blocos foram lixados com lixas de água de irregularidade superficial. Para
identificação das amostras utilizou-se ''Madeiras Comerciais do Brasil – Chave Interativa de
identificação'' (LPF) e a comparação com madeiras testemunhos da Xiloteca do Jardim Botânico do
Rio de Janeiro (RBw), e para a descrição anatômica Coradin e Muñiz (1991). Foram realizadas
macrografias do plano transversal com o aumento 2.4x através do software Image Manager (IM50)
acoplado ao estereoscópico Leica modela MZ16 com câmara Leica.
RESULTADOS
Foram coletadas informações de sete canoas artesanais, coleta de 31 amostras de madeiras de
diferentes partes destas canoas. Em média as canoas possuem entre 50 e 150 anos, e vêm sendo
utilizadas preferencialmente para a pesca de arrasto e de lula. As canoas de arrasto possuem maiores
dimensões do que a de pesca de lula. A canoa mais antiga registrada, com cerca de 150 anos foi
m “ m p ó” i (Cedrela odorata).
Observou-se que as canoas fazem parte da identidade dos pescadores artesanais cabistas e vem sendo
passadas como patrimônio familiar (herança de pai para filho). Das 31 amostras de madeira, 10 foram
identificadas a nível de gênero e quatro a nível de espécie, como: Cedrela sp., Caryocar sp.,
Aspidosperma sp., Hymenolobium sp., Hymenaea sp., Apuleia leiocarpa, Clarisia racemosa e
Plathymenia foliolosa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO, C. R. 1985. Repensando a pesquisa participante. Brasiliense.
BRITTO, R. C. de C. 1999. Modernidade e tradição - construção da identidade social dos pescadores
de Arraial do Cabo. Eduff, Niterói.
CORADIN, V. T. R., & MUÑIZ, G. M. B. 1991. Normas de procedimentos em estudos de anatomia
de madeira: I. Angiospermae. II. Gimnospermae. Laboratório de Produtos Florestais, 15, 1-19.
FONSECA-KRUEL, V. S. D., & PEIXOTO, A. L. 2004. Etnobotânica na reserva extrativista marinha
de Arraial do Cabo, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica.
FONSECA-KRUEL, V.S. 2011. Etnobotânica nas restingas no Centro de Diversidade Vegetal de
Cabo Frio, Rio de Janeiro, Brasil. Tese de Doutorado; Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do
Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, 192pp.
Iphan. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 2011. Projeto Barcos do Brasil -
Diretrizes para um Plano de Preservação e Valorização do Patrimônio Naval de Arraial do Cabo
(RJ), Março de 2011 (mimeo).
KNEIP, L. M. 1994. Cultura material e subsistência das populações pré-históricas de Saquarema,
Universidade Federal do Rio de Janeiro. RJ (No. 2).
MUSEU DO MAR 2014. Acervo do Museu Nacional do Mar, São Francisco do Sul.
<http://www.museunacionaldomar.com.br/estrutura/canoas.htm> acesso em maio de 2014.
61
CARACTERIZAÇÃO DO SEDIMENTO DOS ARCOS RECIFAIS INTERNO E EXTERNO
DO BANCO DOS ABROLHOS, COM ÊNFASE NOS MICROCHIPS DE ESPONJAS
PERFURANTES
Pedro Cardial da Silveira, Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação –
08/2014; previsão de conclusão do curso – 08/2018; ingresso no PIBIC – 08/2015; orientador –
Leonardo Tavares Salgado; co-orientador – Fernando Coreixas de Moraes.
INTRODUÇÃO
O Banco dos Abrolhos é o maior complexo recifal do Atlântico Sul, onde se desenvolvem formações
recifais únicas (chapeirões) e o mais extenso banco de rodolitos do mundo (Amado-Filho et al., 2012;
Moura et al., 2013). Nos recifes rasos deste mosaico de megahabitats, algas calcárias coralíneas e
corais interagem com diversos organismos, como esponjas perfurantes, no equilíbrio de construção e
erosão das estruturas carbonáticas biogênicas. Esponjas perfurantes são, cada vez mais, de especial
interesse ecológico, frente ao aumento da abundância desses animais em ambientes recifais, derivado
de fatores antropogênicos, como eutrofização, sedimentação, maior temperatura das águas e
acidificação (Rose & Risk, 1985; Stubler et al., 2014). Este processo físico de perfuração é um
mediado quimicamente e possui papel fundamental no equilíbrio de carbonato de cálcio dos oceanos
ao escavar substratos calcários (e.g. algas coralináceas, corais e moluscos), contribuindo para o
enfraquecimento de recifes e os deixando mais suscetíveis a erosão (Goreau & Hartman, 1963). Nesse
processo, são produzidas partículas de carbonato de cálcio (15-125 µm) - os microchips - na fração
areia muito fina até lama (silt) que contribuem para cimentar espaços dos recifes, assim como para
disponibilizar uma maior relação superfície/volume nas partículas. Essas partículas são facilmente
identificáveis no sedimento, devido a sua morfologia facetada singular.
OBJETIVO
Caracterizar e comparar o sedimento dos arcos interno e externo do Banco dos Abrolhos, quanto à
composição biológica, influência terrígena, granulometria e contribuição de microchips.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
Foram amostrados sedimentos superficiais na base dos recifes rasos de dois locais ecologicamente
distintos do Banco dos Abrolhos no arco interno (Pedra de Leste – 14 km da costa) e no externo
(Parcel dos Abrolhos – 60 km da costa). As amostras de sedimento foram coletadas através de
mergulho autônomo (SCUBA) e secas no forno da embarcação.
Procedimentos
Alíquotas de 5 g das amostras de sedimento foram diluídas em água destilada para remoção de sal e
atacados com hipoclorito de sódio (6%) para digestão da matéria orgânica. O material foi processado
em malhas de 2 mm, 1 mm, 500 µm e 140 µm e a pesagem da amostra pré e pós digestão da matéria
orgânica, tal como a de cada fração. Em sequencia, foram feitas imagens das frações > 140 µm em
microscópio estereoscópico para caracterização da composição biológica e da < 140 µm em
Microscópio Eletrônico de Varredura para quantificação de microchips.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir das imagens obtidas no microscópio estereoscópico foi possível determinar a influência
costeira na Pedra de Leste e no Parcel dos Abrolhos (PL: 18% terrígeno e 82% biogênico; PA: 7%
terrígeno e 93% biogênico). Esse resultado é compatível com o encontrado em Leão et al. (2005),
apesar de apenas terem sido consideradas partículas menores que 125 µm. O sedimento da Pedra de
Leste, por se localizar mais próximo ao continente e por consequência possuir maior aporte fluvial, é
composto por mais partículas terrígenas do que o do Parcel dos Abrolhos, composto majoritariamente
por partículas biogênicas oriundas da bioerosão dos recifes. Nesse contexto, a proximidade costeira
também pode influenciar na composição de matéria orgânica do sedimento de cada local (PL: 34%;
PA: 23%). O sedimento foi composto por fragmentos de algas calcárias, Annelida, Bryozoa,
62
Chordata, Cnidaria, Crustacea, Echinodermata, Foraminifera, Mollusca e Porifera (Figura 1). No
sedimento de ambos os locais há predomínio de partículas de algas calcárias (PL: 44%; PA: 49%)
seguidos por Mollusca (PL: 36%; PA: 30%). As maiores diferenças de composição entre os dois
ambientes foram referentes a Bryozoa (PL: 5%, PA: 13%) e Cnidaria, especificamente escleritos de
Octocorallia (PL: 8%; PA: 0,02%). Observou-se predomínio de sedimento muito fino (PL: < 140µm:
89% e PA: < 140µm: 72%) em ambos os locais (Figura 2). Segundo Leão et al. (2005), as frações de
areia (entre 2 mm e 125 µm) e lama (< 125 µm) constituem mais de 50 % do sedimento tanto nos
arcos interno e externo. A caracterização da composição de microchips no sedimento de Abrolhos é
uma abordagem inédita desse trabalho (Figura 3). No Parcel de Abrolhos, de um total de 1.956
partículas, foram encontrados 55 microchips (2,8%), enquanto na Pedra de Leste foram encontrados 2
microchips, porém devido a maior quantidade de matéria orgânica da amostra, houve formação de
agregados de sedimento que comprometeram a quantificação de partículas totais. Os resultados
obtidos no presente estudo estão de acordo com os obtidos por Fütterer (1974) no Golfo Pérsico e no
Mar Adriático onde a composição de microchips correspondia a 10% da fração de 20-63 µm e 2 a 3%
do sedimento total.
CONCLUSÃO
Os principais grupos taxonômicos que compõem os sedimentos do arco interno e externo da região de
Abrolhos são algas calcárias e moluscos. Além desses organismos também foram encontrados
Annelida, Bryozoa, Chordata, Cnidaria, Crustacea, Echinodermata, Foraminifera e Porifera. Detectou-
se uma maior contribuição de partículas terrígenas e matéria no sedimento no arco interno do que no
externo, refletindo a provável maior influência fluvial. Em ambos os ambientes houve predomínio da
fração de sedimento muito fino (silt). O estudo inédito de microchips na composição dos sedimentos
da região, apesar de preliminar, revelou uma forte diferença na concentração dessas partículas no
gradiente de distância da costa (cross-shelf), com maior contribuição no Parcel dos Abrolhos do que
na Pedra de Leste. Isso pode estar relacionado com a maior abundância de esponjas perfurantes no
local. Essas informações criam um referencial inicial para estratégias de monitoramento de longo
prazo envolvendo esponjas perfurantes, um grupo chave de invertebrados na ecologia do ecossistema
recifal, principalmente no atual cenário de mudanças climáticas globais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMADO-FILHO, G.M. et al. 2012. Rhodolith Beds are Major CaCO3 Bio-factories in the Tropical
South West Atlantic. PLOS One 7(4): e35171
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material of carbonate sediments. Journal of Sedimentary Petrology 44: 79-84
GOREAU T.F. & HARTMAN W.D. 1963. Boring sponges as controlling factors in the formation and
maintenance of coral reefs. Mechanisms of Hard Tissue Destruction 75:25-74
LEÃO, Z.M.A.N.; DUTRA, L.X.C. & SPANÓ, S. 2005. The characteristics of bottom sediments. In:
Dutra, G.F. et al. (Eds.), A Rapid Marine Assessment of the Abrolhos Bank, Bahia, Brazil. RAP
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MOURA, R.L. 2013. Spatial patterns of benthic megahabitats and conservation planning in the
Abrolhos Bank. Continental Shelf Research 70: 109-117
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heads on organically polluted portions of the Grand Cayman fringing reefs. Marine Ecology 6:
345–363 STUBLER, A.D. et al. 2014. Effects of pCO2 on the interaction between an excavating sponge,
Cliona varians, and hermatypic coral, Porites furcata. Marine Ecology. DOI 10.1007/s00227-
014-2466-y
63
Contribuição dos Grupos Taxonômicos X Locais
Figura 1: Gráfico da porcentagem de cada grupo de organismos em relação ao número total de
partículas de origem biogênica.
Figura 2: Distribuição granulométrica do sedimento.
Figura 3: Fração do sedimento menor que 140 µm no Parcel dos Abrolhos (A) e Pedra de Leste (B).
Setas indicam microchips.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
PL
PA
64
RIQUEZA DE ESPÉCIES DA FLORA VASCULAR DA SERRA DO ARACÁ, AMAZÔNAS,
BRASIL
Rafael Gomes Barbosa da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação
02/2011; conclusão do curso – 12/2015; ingresso no PIBIC: 02/2012; Orientador: Rafaela
Campostrini Forzza.
INTRODUÇÃO
A Amazônia é uma floresta tropical de grande importância biológica, abrigando cerca de um terço da
flora neotropical e apresenta alta riqueza de espécies quando comparada às floras de outros lugares do
mundo (Gentry 1988; Fiaschi & Pirani 2009). Na porção mais ao norte da América do Sul, destaca-se
o Escudo das Guianas, composto por grandes formações rochosas originárias na era Proterozóica com
as maiores elevações da Amazônia (Funk et al. 2007). Por ser uma região muito antiga, o Escudo
representa um dos centros de diversidade e endemismo da flora neotropical (Givnish 2000, Rull
2007). Parte desta região é formada pela descontinuidade de montanhas tabulares denominadas tepuis,
que apresentam fatores climáticos e geológicos que favorecem um ecossistema diferenciado,
formando a província biogeográfica Pantepui (Huber 1987). Berry & Riina (2005) apresentam
números que corroboram a importância do Pantepui como um centro endemismo na região
neotropical, abrigando 2.447 espécies de plantas vasculares das quais, 42% são endêmicas da
província. Assim como a Cadeia do Espinhaço, as ilhas suspensas do Pantepui são consideradas old
climatically-buffered infertile landscapes (OCBILs) (Silveira et al. 2009).
Apesar da importância biológica das montanhas da região norte do Brasil, apenas um inventário foi
realizado nestas áreas (Serra do Aracá - Prance & Johnson 1992). Esta falta de conhecimento e de
realização de inventários na Amazônia brasileira não é uma exclusividade das áreas mais altas e têm
diminuído a partir da década de 1980 (Hopkins 2007). Além disto, inventários de floras mais recentes
realizados no Escudo das Guianas (e.g. Funk et al. 2007), não incluem a porção brasileira desta região.
Assim como trabalhos de paleoecologia (e.g. Rull 2007, Nogué 2009) não acrescentam em suas
analises a Serra do Aracá como pertencente ao Pantepui, o que pode dificultar um entendimento mais
abrangente sobre as barreiras geográficas pretéritas, o potencial de migração e distribuição da flora
atual.
OBJETIVO
Esse estudo visa contribuir para o melhor conhecimento da flora vascular da Serra do Aracá,
apresentando uma lista completa dos táxons de plantas vasculares ocorrentes na área. Além disto,
apresenta uma analise da distribuição geográfica dos táxons visando sanar dúvidas quanto ao
posicionamento desta Serra dentro da província Pantepui.
MATERIAL E MÉTODOS
O levantamento das espécies ocorrentes na área foi desenvolvido por meio de expedições e consulta
física aos acervos dos herbários INPA e RB e virtual do MO e NY. Foram realizadas quatro
expedições com duração de cinco dias, entre agosto de 2011 e abril de 2014. As coletas foram
aleatórias e apenas materiais férteis foram amostrados e depositados no herbário RB. As amostras
foram identificadas com a ajuda de literatura específica e especialistas dos diferentes grupos
botânicos. Foram realizadas analises comparativa da composição de espécies entre montanhas do
Pantepui e entre montanhas das OCBILs da América do Sul (sensu Silveira et al. 2009), utilizando o
índice de diversidade de MacArthur & Wilson (1967). A distribuição de sete espécies que ocorrem na
Serra do Aracá e em outras diferentes regiões montanhosas da América do Sul foi utilizada para as
análises de modelagens de nicho utilizando variáveis climáticas. Para as modelagens foram utilizados
projeções para o presente, Holoceno, Último Máximo Glacial (LGM) e Último máximo Interglacial
(LIG).
65
RESULTADOS & DISCUSSÃO
A lista de plantas vasculares da Serra do Aracá incluí 439 spp., distribuídas 244 gêneros e 88 famílias.
Angiospermas são representadas por 379 spp. e 212 gêneros, enquanto as samambaias e licófitas por
59 spp. e 31 gêneros. Apenas uma espécie de gimnosperma foi registrada na área, Podocarpus
aracensis Laubenf. & Silba. O total de táxons aqui identificados representa um acréscimo de 46%
(197 espécies) em relação ao primeiro trabalho publicado sobre a área (Prance & Johson 1992). O
índice de diversidade entre os tepuis mostra que a sua diversidade específica está mais relacionada
com a altitude do que com o tamanho da área. O índice de diversidade nas OCBILs mostra que as
montanhas da Cadeia do Espinhaço possui maior diversidade que as montanhas do Pantepui e a
grande diversidade específica do Espinhaço está mais relacionada com o tamanho das áreas (Fig. 1).
Alguns táxons registrados na Serra do Aracá apresentam disjunções com outras áreas montanhosas da
América do Sul, principalmente com a Cadeia do Espinhaço. Esse padrão já foi registrado em diversos
gêneros de plantas vasculares, roedores, morcegos e lagartos (Fiaschi & Pirani 2009, Leite et al. 2015,
Torres-Carvajal et al. 2016). A partir da modelagem de nicho foi possível verificar que essas duas
regiões não estiveram conectadas no LGM, possivelmente elas estiveram conectadas em um período
glacial anterior ao LIG, proporcionando a atual distribuição das espécies (Fig. 2).
CONCLUSÃO
Espera-se que futuros trabalhos ajudem a melhorar o conhecimento da diversidade da flora das
montanhas do Escudo das Guianas no Brasil, que carece de informação e contribua para o
entendimento da distribuição das espécies.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERRY, P.E. & RIINA, R. 2005. Insights into the diversity of the Pantepui Flora and the
biogeographi complexity of the Guayana Shield. Biologiske Skrifter, 55, 145–167.
FIASCH, P. & PIRANI, J. R. 2009. Review of plant biogeographic studies in Brazil. Journal of
Systematics and Evolution 47:477-496.
FUNK, V. A. et al. 2007. Checklist of the Plants of the Guiana Shield (Venezuela: Amazonas,
Bolivar, Delta Amacuro; Guyana, Surinam, French Guiana).
GENTRY, A. H. 1988. Tree species richness of upper Amazonian forests. Proceedings of the National
Academy of Sciences, USA 85:156±159.
GIVNISH, T.J. et al. 2000. Molecular evolution, adaptative radiation, and geographic diversification
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HOPKINS, M.J. 2007. Modeling the known and unknown plant biodiversity of the Amazon Basin.
Journal of Biogeography 34: 1400–1411.
HUBER, O. 1987. Consideraciones sobre el concepto de Pantepui. Pantepui, 1, 2–10.
MACARTHUR, R. H & WILSON, E. O. 1967. The theory of Island Biogeography. Princeton
University Press, Princeton. 203p.
NOGUÉ, S.; RULL. V. & VEGAS-VILARRÚBIA. T. 2009. Modeling biodiversity loss by global
warming on Pantepui, northern South America: projected upward migration and potential habitat
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PRANCE, G.T. & JOHSON, D.M. 1992. Plant collections from the plateau of Serra do Aracá
(Amazonas, Brazil) and their phytogeographic affinities. Kew Bulletin 47:1-24.
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evolutionary science. Biotropica 39:31–34.
SILVEIRA, F.A.O., et al. 2015. Ecology and evolution of plant diversity in the endangered campo
rupestre: a neglected conservation priority. Plant Soil. doi:10.1007/s11104-015-2637-8.
TORRES-CARVAJAL, O. et al. 2016. Phylogeny and biogeography of the most diverse clade
of South American gymnophthalmid lizards (Squamata, Gymnophthalmidae, Cercosaurinae).
Molecular Phylogenetics and Evolution 99: 63–75.
66
Figura 1. Índice de diversidade. A esquerda gráfico com os dez tepuis com maior diversidade
específica. A direita, comparação de quatro montanhas de cada um dos OCIBLs da América do Sul
(Pantepui e Cadeia do Espinhaço).
Figura 2. Modelagem de nicho das sete espécies, Cleistes tenuis (Rchb.f. ex Griseb.) Schltr., Clusia melchiorii Gleason, Dendrophthora elliptica Krug & Urb., Apochloa chnoodes (Trin.) Zuloaga & Morrone, Utricularia jamesoniana Oliv., Utricularia neottioides A.St.-Hil. & Girard, Vellozia tubiflora (A.Rich.) Kunth: (A) Último Máximo Interglacial (LIG), (B) Último Máximo Glacial (LGM), (C) Holoceno e (D) presente. As cores mais quentes correspondem a regiões com maior probabilidade de ocorrência.
67
SISTEMA DE POLINIZAÇÃO DE EDMUNDOA LINDENII (BROMELIACEAE) EM MATA
ATLÂNTICA MONTANA
Roberta Leal; Graduação em Biologia, UNIRIO; ingresso na graduação – 02/2014; previsão de
conclusão do curso – 02/2018; ingresso no PIBIC: agosto/2015; orientador: Leandro Freitas
INTRODUÇÃO
O conceito de síndromes de polinização envolve a definição de conjuntos de caracteres florais de
acordo com o tipo de polinizador, os quais refletem pressões seletivas convergentes relacionadas à
morfofisiologia e às capacidades perceptivas e cognitivas dos polinizadores. Um dos pressupostos
desse conceito é que a evolução dirige os sistemas de polinização para progressiva especialização
(Ávila Jr e Freitas 2011). Embora muitos sistemas se encaixem nesse modelo, muitas plantas tendem à
generalização na polinização, sendo que se a interação com dois grupos de visitantes florais for
benéfica para o sucesso reprodutivo da planta, as características florais podem evoluir em resposta a
pressões seletivas impostas por ambos (Waser et al. 1996, Ávila Jr e Freitas 2011).
Os visitantes florais podem diferir tanto na sua frequência de visitas como na eficácia em remover e
depositar os grãos de pólen. Logo, para avaliar o grau de generalização de uma espécie é necessário
avaliar a efetividade dos polinizadores (King et al. 2013), que é dada pela frequência de visitas
associada à eficácia de cada visita (Freitas 2013). A maioria das espécies de Bromeliaceae se encaixa
na síndrome de ornitofilia, seguida de outros sistemas também especializados (Smith e Downs 1974).
Bromélias com sistema de polinização mais generalista são bem menos frequentes e pouco estudadas
em relação à efetividade dos diferentes polinizadores. Edmundoa lindenii é um exemplo nesse sentido,
sendo visitada por abelhas e beija-flores em área de Mata Atlântica montana.
OBJETIVO
Este estudo teve como objetivo avaliar efetividade na polinização de E. lindenii por abelhas e beija-
flores, através da quantificação da contribuição destes grupos para o sucesso reprodutivo da planta.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
O estudo foi realizado em uma área do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO)
(22°29'35"S - 43°4'24"O), no município de Teresópolis. A coleta de dados foi feita ao longo do
evento reprodutivo de 2015-2016, com amostragem de indivíduos ao longo de trilhas próximas ao
Centro de Visitantes do Parque, em altitudes próximas a 1100 m.
Procedimentos
O período de floração foi acompanhado e registrado entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016. A
biologia floral foi estudada se analisando as seguintes características: dimensões e espectro de
refletância das flores, período e duração da antese e produção de néctar. O sistema reprodutivo foi
avaliado através de testes controlados de polinização manual: autopolinização espontânea;
suplementação com autopólen; suplementação com pólen cruzado e condições naturais (flores
expostas durante a antese). A eficácia de cada grupo funcional de visitantes florais -- dada pela
fecundidade após uma visita a flor previamente ensacada -- foi avaliada através do número médio de
sementes viáveis produzidas por fruto. Os frutos coletados em campo foram processados em
laboratório, tendo sido feita a contagem de sementes e testes de germinação. Os visitantes florais
foram avaliados quanto ao comportamento e à frequência de visitas, através de observações focais
com duração de 30 min. Ao todo foram realizadas 39,5 horas de observação.
RESULTADOS
Edmundoa lindenii floresceu entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016. As inflorescências são
inseridas no tanque e circundadas por brácteas rosadas e suas flores são brancas, tubulares e
apresentaram antese diurna (Fig. 1). Néctar (volume: 35,1 ± 20,7 µL; concentração: 23,6 ± 8,2%) e
pólen constituem os recursos florais obtidos pelos visitantes. Os resultados parciais de cruzamentos
manuais indicam presença de autoincompatibilidade (quantidade de sementes por fruto após
68
autocruzamentos atingiu ca. 8% da produção em condições naturais) e ausência de limitação polínica.
Os grupos funcionais de visitantes foram beija-flores e abelhas de grande porte, que são polinizadores
com eficácia equivalente, e abelhas pequenas, da tribo Meliponini, que são pilhadores de pólen (Tab.
1). A frequência de visitas variou entre os grupos funcionais, sendo a maioria das visitas por abelhas
pequenas, seguidas pelos beija-flores em 2016. No ano anterior (Ferreira 2015), a predominância de
visitas foi de abelhas grandes, principalmente do gênero Bombus, seguidas por beija-flores.
DISCUSSÃO
Sistemas envolvendo beija-flores e abelhas, que em E. lindenii tiveram eficácia equivalente,
constituem o tipo mais comum dentre os sistemas de polinização mista em Bromeliaceae (Wolowski e
Freitas 2015). Entre as abelhas visitantes de E. lindenii, espécies do gênero Bombus foram muito
frequentes na floração de 2015 (Ferreira 2015), e possuem características (e.g., comportamento,
morfologia) que devem resultar em visitas eficazes nesta espécie. Em 2016, as diferenças de
composição dos visitantes florais incluíram a ausência de espécies de Bombus, de modo que beija-
flores foram mais efetivos que abelhas neste ano. Se a baixa frequência dessas abelhas for algo
recorrente, é esperado que em longo prazo a seleção de atributos florais de E. lindenii seja dirigida em
direção aos beija-flores, já se for esporádica, o sistema tenderia à seleção pelos dois grupos.
As espécies de meliponídeos que visitaram E. lindenii carregavam pólen e durante as visitas podiam
tocar o estigma. Mas como se movem pouco entre as plantas, tais visitas possivelmente não
acarretaram em deposição de pólen viável no estigma, uma vez que E. lindenii é aparentemente
autoincompatível. Além disso, são agressivas com outros visitantes e danificam flores perfurando a
corola. Portanto, os meliponídeos foram apenas pilhadores de pólen de E. lindenii.
CONCLUSÃO
Edmundoa lindenii apresenta características ornitófilas e melitófilas, podendo ser polinizada tanto por
abelhas grandes como por beija-flores, os quais foram equivalentes em eficácia. Desse modo, a
efetividade de cada grupo funcional de polinizadores dessa espécie parece determinada pelas
frequências de visitas. A grande diferença na composição e frequência de visitantes entre um ano e
outro, indica que a população de E. lindenii no PARNASO possa estar submetida a variação
interanual na composição e frequência dos polinizadores, o que pode funcionar como força seletiva
para manutenção de atributos florais relacionados a diferentes grupos polinizadores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÁVILA JR R.S., FREITAS L. 2011. Frequency of visits and efficiency of pollination by diurnal and
nocturnal lepidopterans for the dioecious tree Randia itatiaiae (Rubiaceae). Australian Journal of
Botany 59: 176-184.
FERREIRA J. 2015. Sistema de polinização de Edmundoa lindenii (Bromeliaceae) em Mata Atlântica
Montana. Relatório de bolsa PIBIC-CNPq, Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
FREITAS L. 2013. Concepts of pollinator performance: is a simple approach necessary to achieve a
standardized terminology? Brazilian Journal of Botany 36: 3-8.
KING C., BALLANTYNE G., WILLMER P.G. 2013. Why flower visitation is a poor proxy for
pollination: measuring single-visit pollen deposition, with implications for pollination networks
and conservation. Methods in Ecology and Evolution 4: 811–818.
OLLERTON J. et al. 2009. A global test of the pollination syndrome hypothesis. Annals of Botany
103: 1471–1480.
SMITH L.B., DOWNS R.J. 1974. Bromeliaceae (Pitcairnioideae). Flora Neotropica Monograph 14:
1-662.
WASER N.M., CHITTKA L., PRICE M.V., WILLIAMS N.M., OLLERTON J. 1996. Generalization
in pollination systems, and why it matters. Ecology 77: 1043–1060.
WOLOWSKI, M., FREITAS L. 2015. An overview on pollination of the Neotropical Poales.
Rodriguésia 66: 329-336.
69
Figura 1 - A: Inflorescência de Edmundoa lindenii, mostrando flores abertas (seta) e botões florais
próximos à antese (estrela). Esta inflorescência apresentava seis flores abertas, o que é pouco
frequente, já que em geral abrem menos flores cada dia; B: Fruto simples do tipo baga, coletado em
março de 2016, com as sementes em estágio avançado de desenvolvimento; C: Indivíduo do beija-flor
Amazilia fimbriata inspecionando inflorescência logo antes de visita. Note massa de pólen da espécie
depositado no bico; D: Visita de Trigona spinipes (seta) para coleta de pólen.
Tabela 1 - Efetividade na polinização (eficácia e frequência) dos grupos funcionais de visitantes
florais de Edmundoa lindenii. Eficácia = número de sementes viáveis por fruto produzidas após uma
única visita à flor; Frequência = porcentagem relativa de visitas às flores pelos grupos funcionais;
Condições naturais = produção de sementes em flores expostas aos polinizadores por toda a antese.
*Dados de Ferreira (2015)
Grupo funcional
Eficácia
ANO 2016
(média sementes ± d.p.)
N
(frutos)
Frequência
ANO 2016
(%)
Frequência
ANO 2015*
(%)
Beija-flor 73,3 ± 62,4 38 36,5 42,4
Abelha grande 79 1 11,7 51,9
Abelha pequena 0 48 51,82 5,7
Condições naturais 125,0 ± 65,9 26
70
ESTUDOS ONTOGENÉTICOS EM INFLORESCÊNCIAS DE MICONIEAE
(MELASTOMATACEAE) APLICADOS À SISTEMÁTICA.
Talvanis Lorenzetti Freire; Graduação em Ciências Biológicas; ingresso na graduação – 2012.2;
previsão de formatura – 2016.2; ingresso no PIBIC – 04/2013; Orientador: José Fernando A.
Baumgratz; Coorientadora: Karen L. G. De Toni.
INTRODUÇÃO
Em Melatromataceae, a diversidade taxonômica está estreitamente associada a uma grande
variabilidade morfológica de estruturas vegetativas, florais e frutíferas. A posição da inflorescência
tem sido utilizada como um caráter para distinguir gêneros afins (Judd 1986, 1989; Souza 1998). De
acordo com esses autores, em alguns gêneros há espécies em que a inflorescência terminal é
rapidamente deslocada para uma posição pseudo-axilar, devido ao desenvolvimento de uma gema
axilar imediatamente abaixo da inflorescência. Em outros, porém, além da inflorescência terminal,
formam-se inflorescências axilares, designadas como acessórias (Goldenberg 2000). Na tribo
Miconieae, diversos estudos taxonômicos indicam a presença de inflorescências terminais e/ou
axilares. De acordo com Judd (1986) e Michelangeli (2000), várias espécies que aparentemente tem
inflorescências axilares possuem, na realidade, inflorescências terminais, que são ultrapassadas pelo
rápido crescimento de um meristema lateral, as quais são denominadas de pseudo-axilares.
OBJETIVO
Este trabalho objetiva caracterizar e descrever a origem das inflorescências em espécies de Clidemia
D.Don, Miconia Ruiz & Pav. e Ossaea DC., visando esclarecer as relações entre meristema
“v g iv p iv ” i ê i “ mi i i ” m p v i i i çõ
atuais na sistemática.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletados ápices vegetativos e reprodutivos, em diversos estágios de desenvolvimento, de
espécimes de Clidemia bisserrata DC., C. hirta D.Don, C. urceolata DC. e Miconia tristis Spring, M.
prasina (Sw.) DC., Ossaea angustifolia Triana e O. marginata (Desr.) Triana. Posteriormente,
utilizaram-se protocolos usuais para confecção de lâminas permanentes em anatomia vegetal.
RESULTADOS
Nos ápices reprodutivos dos ramos das espécies de Clidemia e de M. prasina analisadas observa-se,
em estágios iniciais de desenvolvimento, a presença de um meristema reprodutivo (meristema de
inflorescência) terminal, ladeado por dois meristemas vegetativos (Fig. 1a). Neste estágio, o
meristema de inflorescência está ladeado por dois meristemas florais, que correspondem aos três
primeiros ramos da estrutura de floração, ou seja, um central e dois laterais. Já os meristemas
vegetativos posicionam-se lateralmente ao meristema de inflorescência, ou seja, em posição axilar. A
partir dessa etapa, os meristemas vegetativos podem apresentar, ou não, um contínuo e semelhante
desenvolvimento durante toda a maturação da inflorescência. Nesses táxons, quando ambos os
meristemas vegetativos mantém um mesmo grau de desenvolvimento, formando gemas com
dimensões e formas semelhantes, o primórdio da inflorescência mantém a posição terminal nos ramos,
como em M. tristis (Fig. 1b). Entretanto, somente nas espécies de Clidemia analisadas (Fig. 1c),
observa-se que o desenvolvimento dos meristemas vegetativos mostra-se diferenciado, pois se
desenvolvem de maneira desiguais, no qual um deles cessa seu desenvolvimento. Consequentemente,
devido ao contínuo crescimento da outra gema vegetativa, há uma alteração na posição terminal da
inflorescência para pseudo-axilar (Fig. 1c). Já nas duas espécies de Ossaea os meristemas de
inflorescências foram apenas observados nas axilas das folhas, ou seja, em posição axilar (Fig. 1d).
Não foram localizados primórdios de inflorescência em posição terminal nos ápices dos ramos, o que
foi confirmado através, tanto de cortes anatômicos, quanto na análise de espécimes de herbário.
Resultados preliminares indicam que em M. tristis o desenvolvimento inicial das inflorescências é
semelhante ao das espécies de Clidemia estudadas no que se refere ao surgimento dos meristema
71
reprodutivo e dos meristemas vegetativos que o ladeiam e que, até o momento, essa espécie tem
apenas inflorescências terminais (Fig. 1b).
DISCUSSÃO
De acordo com Judd (1989), as inflorescências terminais de Clidemia representam uma característica
plesiomórfica em Miconieae e as inflorescências axilares (laterais) de Ossaea teriam evoluído pelo
menos quatro vezes na tribo e revertido, pelo menos uma vez, ao estado de caráter terminal. Essa
condição plesiomórfica, com base nestes autores, é fundamentada pela ocorrência de inflorescências
terminais no grupo irmão, a tribo Merianieae, e as inflorescências axilares consideradas um estado de
caráter derivado. Michelangeli et al. (2004), ao realizarem uma análise filogenética molecular para a
tribo Miconieae e as implicações na posição das inflorescências, observaram a formação de dois
clados: um composto por gêneros caulifloros (Henriettea, Henriettella, Loreya e Bellucia) e outro
com todos os demais táxons de Miconieae estudados e como grupo irmão de uma politomia que inclui
representantes das tribos Merianieae e Blakeeae. Nessa análise, grupos com inflorescências terminais
são apontados como basais e os com inflorescências axilares surgindo em pelo menos quatro
diferentes linhagens. Tradicionalmente, os trabalhos publicados descrevem apenas o tipo morfológico
das inflorescência, sem abordarem a origem e o desenvolvimento das estruturas de floração. Apesar da
diferença de terminologias “ i ”, “ ” “p - i ”, m b p
análise da morfologia externa para caracterizar as inflorescências, não desenvolvendo qualquer estudo
ontogenético, que elucida e fundamenta a origem dessas estruturas.
CONCLUSÃO
Conclui-se que as espécies de Clidemia estudadas e M. prasina possuem inflorescências terminais,
porém no gênero Clidemia observa-se também a condição pseudo-axilar, decorrente do rápido
crescimento de apenas uma das gemas vegetativas localizadas ao lado do primórdio de inflorescência.
Em Ossaea, por sua vez, as inflorescências encontram-se sempre localizadas nas axilas das folhas, ou
seja, em posição axilar. Os resultados preliminares obtidos no estudo de M. tristis mostram também
que, ontogeneticamente, as inflorescências terminais tem origem em meristemas reprodutivos
terminais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOLDENBERG, R. 2000. O gênero Miconia Ruiz et Pav. (Melastomataceae): I. Listagens Analíticas;
II. Revisão taxonômica da seção Hypoxanthus (Rich. ex DC.) Hook.f. Tese de Doutorado.
Universidade Estadual de Campinas, SP, 249p.
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inflorescence position. Brittonia 38: 150-161.
JUDD, W.S. 1989. Taxonomic studies in the Miconieae (Melastomataceae) III. Cladistic analysis of
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morphological data. Systematic Botany 25: 211-234.
MICHELANGELI, F. A., PENNEYS, D. S., GIZA, J., SOLTIS, D., HILS, M. H. & DAN SKEAN Jr,
J. 2004. A preliminary phylogeny of the tribe Miconieae (Melastomataceae) based on nrITS
sequence data and its implications on inflorescence position. Taxon 53(2): 279-290.
SOUZA, M.L.D.R. 1998. Revisão Taxonômica do gênero Ossaea DC. (Melastomataceae) no Brasil.
Tese Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 317p.
72
73
DIVERSIDADE DE CONVOLVULACEAE NA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI/ MARICÁ,
RJ, BRASIL
Thalita dos Santos Mendes; Graduação em Ciências Biológicas, UERJ/FFP; ingresso na graduação –
08/2009; previsão de conclusão de curso – 12/2016 ingresso no PIBIC – março/2014; orientador: Drª
Elsie Franklin Guimarães.
INTRODUÇÃO
Convolvulaceae foi descrita por Jussieu (1789) e possui distribuição cosmopolita tendo como centro
de diversidadenas regiões tropicais e subtropicais. Inclui cerca de 55 gêneros e 1.900 espécies(Silva &
Bianchinni, 2013). Sendo assinalados sete gêneros (Anisea Choisy, Bonamia Thouars, Dichondra J.R.
Forst. & G. Forst., Evolvulus L., Ipomoea L., Jacquemontia Choisy e Merremia Dennst. ex Endl.) e
43 espécies para o estado do Rio de Janeiro (Falcão & Falcão 1979; Moura & Morim, 2015). De
acordo com APG IV (2016) Convolvulaceae está incluída na ordem Solanales, e divide-se em duas
subfamílias, Humbertioideae e Convolvuloideae. São trepadeiras eretas ou prostradas, folhas alternas
ou espiraladas; inflorescências cimosas; flores geralmente vistosas, diclamídeas, bissexuadas,
pentâmeras, actinomorfas; cálice dialissépalo raro gamossépalo, persistente no fruto; corola
gamopétala, infundibiliforme, campanulada, hipocrateriforme; com zonas epissepálicas estames em
número igual ao das pétalas; disco geralmente presente; ovário súpero, bicarpelar, bilocular, com um
ou dois óvulos por lóculo, estilete terminal e fruto cápsula. A família apresenta espécies alimentícias
(Ipomoea batatas (L.) Lam. conhecida popularmente como batata-doce e outras de valor ornamental
devido à beleza de suas flores. Algumas espécies como de Ipomoea são polinizadas por beija-flores,
mariposas ou borboletas (Simão-Bianchini, 1991).
OBJETIVO
O objetivo do estudo é inventariar as espécies de Convolvulaceae que ocorrem na Serra da Tiririca,
contribuindo para ampliar o conhecimento da diversidade florística da Mata Atlântica.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
O Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) está localizado entre os municípios de Niterói e
Maricá, no estado do Rio de Janeiro. Seus limites estão definitivos com duas partes continentais:
Morro das Andorinhas e Serra da Tiririca (Pedra do Elefante - 412 m, Morro do Telégrafo - 387 m,
Alto Mourão - 369 m, Morro do Catumbi - 344 m, Morro da Serrinha - 277 m, Morro do Cordovil -
256 m, Costão de Itacoatiara - 217 m e Morro da Penha - 128 m) e uma marinha (Enseada do
Bananal), numa área de 2.077 há (Barros & Seoane, 1999). Ressalva-se que este estudo focará apenas
a Serra da Tiririca.
Procedimentos
Foram realizadas coletas de material fértil setembro de 2014 a maio de 2016. As amostras foram
herborizadas seguindo as técnicas utilizadas em inventários floristicos (Guedes-Bruni et al., 2002). O
material testemunho foi incorporado às coleções do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
Janeiro (RB) e dos herbários da Faculdade de Formação de Professores (RFFP).
RESULTADOS
A área apresenta 17 espécies: Bonamia agrostopolis (Vell.) Hallier f., Evolvulus glomeratus Nees &
Mart, Ipomoea alba L., Ipomoea aristolochiifolia G. Don, Ipomoea batatas (L.) Lam., Ipomoea
cairica (L.) Sweet, Ipomoea daturiflora Meisn, Ipomoe anil (L.) Roth, Ipomoea philomega (Vell.)
House, Ipomoea tiliacea (Willd) Choisy, Jacquemontia ciliata Sandwith, Jacquemontia holosericea
(Weinm.) O'Donell., Jacquemontia martii Choisy, Merremia dissecta (Jacq.) Hallier f., Merremia
macrocalyx (R iz &P v.) O’ D ., Merremia umbellata (L.) Hallier f., Operculina macrocarpa
(L.) Urb
74
DISCUSSÃO
A família está bem representada no Brasil onde diversos autores realizaram contribuições em nível
morfológico. Stefanovic (2003) assinalam para o grupo 12 tribos das quais 4 ocorrem na região:
Cresseae (Bonamia Thouars e Evolvulus L.), Ipomoeeae (Ipomoea L.), Jacquemontieae (Jacquemontia
Choisy), Merremieae ( Merremia Dennst. ex Endl. e Operculina Silva Manso). Os caracteres
morfológicos e moleculares definem a família como monofilética. Ressalta-se que o grão de pólen
determina dois grupos de acordo com a ornamentação da parede dos grãos: Psiloconiae (grãos de
pólen desprovidos de espinhos) e Echinoconieae (grãos de polén espinhosos) (Stefanovic,2003).
Dentre as espécies coletadas, destacam-se Bonamia agrostopolis (Vell.) Hallier f., Ipomoea alba L.,
Ipomoea batatas (L.) Lam., Ipomoea nil (L.) Roth que de acordo com os herbários consultados, até o
momento, não havia ainda sido registrada no Parque Estadual da Serra da Tiririca.
CONCLUSÃO
O estudo indica a necessidade de completar as investigações sobre a família com um maior número de
visitas ao campo visto que a área da Serra tem várias fitofisionomias sendo ainda pouco representada
nos herbários consultados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APG IV (Angiosperm Phylogeny Group III). 2016. An update of the Angiosperm Phylogeny Group
classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the
Linnean Society 181: 1-20.
BARROS, A.A.M.; SEOANE, C.E.S. A problemática da conservação do Parque Estadual da Serra da
Tiririca, Niterói / Maricá, RJ, Brasil. In: Vallejo, L.R.; Silva, M.T.C. (Orgs.). Os (des)caminhos
do estado do Rio de Janeiro rumo ao século XXI. Anais... Niterói: Instituto de Geociências da
UFF, 1999. p. 114-124.
FALCÃO, W.F.A.; FALCÃO, J.I.A. Convolvuláceas do Rio de Janeiro. Rodriguésiav.31, p. 7-35,
1979.
MOURA, A.L.O; MORIM, M.P. Convolvulaceae em remanescente de Floresta Ombrófila Densa, Rio
de Janeiro, Brasil. Rodriguésia. v.66, n.3, p.779-805, 2015.
GUEDES-BRUNI, R.R.; MORIM, M.P.; LIMA, H.C. &SYLVESTRE, L.S. 2002. Inventário
florístico. In: SYLVESTRE, L.S. & ROSA, M.M.T. (eds.). Manual metodológico para estudos
botânicos na Mata Atlântica. Seropédica: Ed. Universidade Rural, p. 24-50.
JUSSIEU, A. L. 1789. GeneraPlantarumSecundumOrdinesNaturalesDisposita. Parisiis, Herissant/
TheophilumBarrois.
LISTA DE ESPÉCIES DA FLORA DO BRASIL. JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO.
Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 28 Mai. 2016
SIMÃO-BIANCHINNI, R. 1991. Convolvulaceae na Serra do Cipó Minas Gerais, Brasil. Dissertação
de Mestrado, São Paulo, Universidade de São Paulo. 260p.
STEFANOVIC, S.; AUSTIN, D. F.; OLMSTEAD, R. G. 2003. Classification of Convolvulaceae: A
Phylogenetic Approach. SystematicBotany 28(4): 791-806.
75
76
ATIVIDADE ANTITUMORAL DE METABÓLITOS ISOLADOS DE SYZYGIELLA
RUBRICAULIS (NEES) STEPH. (MARCHANTIOPHYTA) CONTRA LINHAGENS
CELULARES CANCERÍGENAS PULMONARES (A549)
Ellis Figueiredo; Graduação em Química, IFRJ; ingresso na graduação – 01/2014; previsão de
conclusão do curso – 12/2018; ingresso no PIBIC: janeiro/2015; orientador: Dra. Denise Pinheiro da
Costa e Dr. Wladimir Costa Paradas.
INTRODUÇÃO
Apesar de diversas espécies de hepáticas (Marchantiophyta) possuírem metabólitos secundários com
atividade biológica, dificuldades para obtenção de biomassa na identificação taxonômica dificultam o
estudo dos produtos naturais desse grupo, vide a ausência de estudos de elucidação e atividade
biológica dos metabólitos secundários em espécies de hepáticas no Brasil. Dessa maneira, o presente
trabalho propõe avaliar a atividade anti-tumoral do extrato bruto e dos metabólitos isolados de
Syzygiella rubricaulis (Marchantiophyta). Para este objetivo, o extrato e os metabólitos isolados de S.
rubricaulis serão submetidos a ensaios com células de tecido epitelial pulmonar A549, responsáveis
pelo câncer de pulmão, que tem causado elevados índices de óbito em humanos (Santos et al. 2013).
Os metabólitos serão identificados através de análises de frações purificadas do extrato bruto por
Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e Cromatografia Gasosa acoplada ao Espectrômetro de
Massas (CG-EM).
OBJETIVO
O objetivo do presente estudo foi caracterizar metabólitos de S. rubricaulis e realizar ensaios com
extratos e metabólitos isolados de S. rubricaulis em células de tecido epitelial pulmonar A549.
MATERIAL E MÉTODOS
Coleta de Syzygiella rubricaulis, extração, isolamento e caracterização
A coleta de S. rubricaulis foi realizada pela Drª Denise Pinheiro da Costa (IPJBRJ), no Parque
Nacional de Itatiaia, em Itatiaia, Rio de Janeiro. O material coletado foi depositado no herbário RB
(D.P. Costa 5984). Espécimes de S. rubricaulis foram secos ao ar livre e logo após foram
transportadas para o laboratório de Bioquímica de Algas e Plantas (LBAP) do IPJBRJ para a extração
de metabólitos.
Os exemplares de S. rubricaulis secos foram submetidos à extração em diclorometano (Asakawa et al.
2013), em seguida, o solvente foi evaporado em rota-vapor obtendo um líquido viscoso. Este extrato
viscoso foi submetido a um fracionamento por cromatografia preparativa em coluna com sílica gel em
gradiente. Dessa forma, foi isolada a fração 8 de S. rubricaulis.
Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e Cromatografia Gasosa acoplada ao Espectrômetro de
Massas(CG-EM)
A fração 8 de S. rubricaulis foi resuspendida em CDCl3 e os espectros de RMN foram adquiridos em
um espectrômetro MR-400 Varian Unity. Os assinalamentos de 1H e
13C foram realizados por meio de
uma combinação de técnicas (COSY, HMQC e HMBC). A fração 8 de S. rubricaulis foi analisada em
um instrumento Shimadzu QP2010 plus series. O CG-EM estava equipado com uma coluna de capilar
de silicone. A temperatura foi programada a 100° C por 2 min, e aumentada em 8° C min-1
a 310° C
sendo mantida por 1 minuto. Usou-se o hélio gás carreador. As temperaturas do injetor e da interface
foram de 260° C e 320° C, respectivamente. Os espectros de impacto eletrônico foram registrados em
70 eV com tempo de varredura de 1 s. As informações obtidas no cromatograma da fração 8 e do
padrão de hidrocarbonetos foram inseridas no banco de dados da plataforma digital de identificação
de produtos naturais (www.pherobase.com). O processamento de dados foi realizado com o software
versão 2.53 da Shimadzu para CG-EM.
Ensaios com fibroblastos de carcinoma pulmonar A-549
Cultura de células e Ensaio de atividade antitumoral
As células selecionadas para o estudo são da linhagem A549 e foram mantidas em garrafas de cultura
de 25cm2, em incubadora com atmosfera de 5% de CO2 a 37°C e cultivadas em meio F12, em
77
presença de anfotericina B, gentamicina, 10% de soro fetal bovino (SFB) e glutamina. As garrafas das
subculturas foram lavadas duas vezes com a solução salina de tampão fosfato (PBS) a 37°C e foi
adicionado uma solução de tripsina-EDTA ,e as culturas foram incubadas a 37ºC até que as células se
soltassem da superfície da garrafa. Tanto a fração 8 quanto o extrato bruto de S. rubricaulis foram
submetidos ao ensaio de citotoxicidade WST-1. As linhagens celulares foram incubadas em ensaio
colorimétrico com WST-1 (4-[3-(4-Iodofenil)-2-(4-nitrofenil)-2H-5-tetrazolio]-1,3-benzeno
dissulfonato). O indicativo de viabilidade celular foi alcançado através reação da desidrogenase
mitocondrial, cujo produto a substância formazan, determinado por método em placas de ELISA
(abosorvância) (Fidalgo et al. 2009) usando-se diferentes concentrações da fração 8 e do extrato bruto
de S. rubricaulis .
RESULTADOS
Análises químicas
Os dados de 1H-
13C RMN demonstraram sinais da fração 8 de S. rubricaulis característicos de grupo
metila e de metileno de cadeias de carbono alifáticas, além de sinais α b i m i
prótons de carbonila de metileno. Os dados obtidos por CG-EM indicaram a presença majoritária de
ésteres de ácido palmítico: hexadecil éster (41,50%) > docosil éster (35,60%), octadecil éster(15,35%)
> eicosil éster (7,55%), corroborando assim os dados obtidos por RMN 1H e
13C (Tabela 1).
Ensaios com fibroblastos de carcinoma pulmonar A-549
Tanto o extrato bruto quanto a fração 8 de S. rubricaulis apresentaram inibição da proliferação celular
da linhagem A549 com concentrações em torno de 0,4 e 5 g.mL-1
(Figuras 1A e 1B ).
DISCUSSÃO
No presente estudo, os espectros de 1
H-RMN mostraram sinais da fração 8 de S. rubricaulis
característicos de carbonilas de éster. Adicionalmente, os dados obtidos por CG-EM indicaram a
presença, de ésteres de ácido palmítico corroborando os dados obtidos por RMN (Tabela 1)
Tanto o extrato bruto quanto a fração 8 de S. rubricaulis quando submetidos ao ensaios de
proliferação celular da linhagem tumoral A549 (WST-1) inibiram o crescimento celular. Além disso,
os mesmos apresentaram concentrações de inibição semelhantes variando entre 0,4 mg.mL-1
e 4
mg.mL-1
. De uma maneira semelhante o extrato etanólico musgo Polytrichum juniperum contendo o
éster de ácido octadecanóico apresentou as menores concentrações (IC50=24±5) necessárias para
inibição da proliferação celular da linhagem tumoral A549 quando comparadas com outras espécies
de musgos (Klavina et al. 2015). O presente estudo adiciona mais uma função aplicada as moléculas
de S. rubricaulis, possibilitando assim ações futuras no âmbito da biotecnologia, especificamente no
que se refere à bioprospecção de metabólitos desta espécie.
CONCLUSÃO
As substâncias majoritárias identificadas na fração 8 isolada de S. rubricaulis são ésteres de ácido
palmítico. O extrato bruto e a fração 8 de S. rubrucaulis apresentaram inibição proliferação celular das
células A549 quando submetido ao ensaio WST-1.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KLAVINA, LAURA. 2015. Chemical Composition Analysis, Antimicrobial Activity and Cytotoxicity
Screening of Moss Extracts (Moss Phytochemistry). Molecules, 20: 17221-17243.
SANTOS, MAYARA SIMONELLY COSTA DOS. 2013. Citotoxidade induzida por nanoemulsões
de selol em células de adenocarcinoma de pulmão humano. Dissertação (Mestrado em Biologia
Molecular) — Universidade de Brasília, Brasília. 65 f., il.
78
Tabela 1. Análises realizadas por CG-EM da fração 8 de S. rubricaulis demonstraram que esta é constituída
majoritariamente por ésteres de ácido palmítico.
Picos % Substâncias Fórmula Peso molecular 1 41,50 Hexadecil C32H64O2 480
2 15,35 Octadecil C34H68O2 508
3 7,55 Eicosil C36H72O2 536
4 35,60 Docosil C44H88O2 648
Figura 1. Viabilidade celular média da linhagem A549 submetidas a diferentes concentrações do extrato
bruto e da fração 8 isolada de S. rubricaulis contendo majoritariamente as substâncias hexadecil éster
(41,50%), docosil éster (35,60%), octadecil éster(15,35%) e eicosil éster (7,55%) no ensaio WST-1.
Inibição significativa a partir de 0,4 g.mL-1
(p<0,0002, ANOVA, Dunnet Test).
79
MODELAGEM DE PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO POTENCIAL E ANÁLISE
MORFOMÉTRICA DO COMPLEXO Swartzia apetala (Leguminosae, Papilionoideae)
Tarlile Barbosa Lima; Graduação em Ciências Biológicas; UFF; ingresso na graduação – 07/2009;
previsão de conclusão do curso – 07/2016; ingresso no PIBIC: 07/2011; orientador: Vidal de Freitas
Mansano.
INTRODUÇÃO
A família Leguminosae Juss. é a terceira maior família de Angiospermae, possue três subfamílias:
Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae, representadas por 36 tribos, 727 gêneros e cerca de
19.325 espécies que apresentam distribuição pantropical (Lewis et al. 2005). Swartzia Schreb. é um
dos membros basais de Papilionoideae e caracteriza-se por serem plantas lenhosas com distribuição
neotropical portadoras de uma estrutura floral peculiar, com cálice inteiro no botão floral, que se
rompe irregularmente na antese, a corola apresenta uma pétala ou a pétala é ausente e o androceu é,
geralmente, multiestaminado e heteromórfico, com até três tipos diferentes de estames (Mansano &
Souza, 2005). São estimadas cerca de 180 espécies de Swartzia distribuídas principalmente desde o
México até o sul do Brasil (Cowan, 1968; Torke & Mansano, 2009). No estudo sobre a classificação
do gênero com base na filogenia de Swartzia, (Torke & Mansano 2009), destaca-se Swartzia sect.
Swartzia. Mansano & Tozzi (1999) em um estudo sobre o gênero sinonimizaram S. apetala var.
blanchetii e S. apetala var. subcordata com S. apetala var. apetala, considerando desta forma apenas
duas variedades para esta espécie (S. apetala var. apetala e S. apetala var. glabra). Mansano (com.
pess.) propõe que a sinonimização de S. apetala var. blanchetii deva ser revista e que este táxon não é
sinônimo de Swartzia apetala var. apetala, porque há descontinuidade de distribuição geográfica e de
caracteres morfológicos. Após concluir um estudo de modelagem de distribuição potencial de espécies
do complexo Swartzia apetala, nesta etapa da pesquisa, iniciou-se um estudo de morfometria visando
construir um banco de dados de caracteres morfométricos do referido complexo. As análises
morfométricas têm fornecido subsídios taxonômicos consideráveis para a determinação de táxons,
distinguindo diversas espécies antes consideradas sinonímias (De Luna & Gomez-Velásco, 2008),
além de possibilitar a verificação da diversidade morfológica em complexos, associando a
descontinuidade das variedades nos grupos propostos à tendência de distribuição geográfica (Small &
Fawzy, 1992).
OBJETIVO
A partir do resultado da modelagem de distribuição potencial, relacionar a distribuição geográfica do
complexo Swartzia apetala à análise morfométrica, conjugando a singularidade da distribuição
geográfica à descontinuidade dos caracteres morfológicos do referido complexo.
MATERIAL E MÉTODOS
Baseado na análise apurada dos resultados apresentados pelos modelos preditivos de distribuição
potencial do complexo Swartzia apetala (Figuras 1,2,3), optou-se pela realização de um levantamento
morfométrico. Para elucidar questões morfológicas, foi elaborado em banco de dados através da
compilação de exsicatas oriundas de três herbários portadores de coletas significativas da referida
variedade (Herbário RB Jardim Botânico, RJ; Hebário R do Museu Nacional; Herbário
CEPEC/CEPLAC, Ilhéus, BA). O banco de dados incluiu todo o complexo e foi composto por 15
caracteres morfológicos de maior relevância. Optou-se por uma análise multivariada devido ao grande
potencial na investigação de padrões de diferenciação, tal análise utilizada foi a PCA – Análise dos
Componentes Principais, através do software Fitopac, em seguida foi aplicada uma análise de
agrupamento UPGMA – Método de Agrupamento por Médias Aritméticas Não Ponderadas, que
80
identifica os pares mais próximos e calcula a média das distâncias resultando em um dendograma
capaz de refletir uma matriz de similaridade (Valentin, 2010).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em relação aos resultados da primeira etapa da pesquisa, a modelagem de distribuição potencial do
complexo Swartzia apetala demonstram que S. apetala var. apetala, apresenta como variáveis
ambientais de maior significância a precipitação no mês mais seco, temperatura e precipitação
máxima, sua distribuição ocorreu ao longo de todo o gradiente latitudinal da Mata Atlântica. Já para S.
apetala var. blanchettii, a maior adequabilidade ambiental foi determinada pela precipitação no mês
mais seco, temperatura mínima e máxima, além da altitude, sua distribuição ocorreu restrita ao sul do
estado da Bahia. Através da hidratação dos 91 botões florais, dissecação e mensuração dos caracteres
morfométricos foi possível complementar o banco de dados, realizar a análise do PCA (fig.5) e aplicar
o método de agrupamento UPGMA (fig.6). Na PCA, Swartzia apetala var. apetala e S. apetala var.
glabra compartilham como caracteres morfológicos de maior relevância comprimento do ovário (CO),
largura do ovário (LO), número de estames longos (EL). Para a variedade S. apetala var. blanchettii,
comprimento da folha (CF), comprimento dos folíolos (CL), largura dos folíolos (LL), porém os
caracteres reprodutivos diâmetro do pedicelo (DP) e comprimento do estipe (CE) também se
destacam. Em relação ao método UPGMA, de forma geral o banco de dados se agrupa de acordo com
suas respectivas variedades, enfatizando a distinção de S. apetala var. blanchettii.
CONCLUSÃO
De acordo com a modelagem de distribuição potencial de espécies é possível inferir que na
distribuição de todo o complexo Swartzia apetala ocorre sobreposição de áreas de ocorrência, porém
de forma distinta, conforme especificidade ambiental de cada variedade (sobretudo para S. apetala
var. blanchettii). Nos resultados da análise morfométrica, as variedades apresentam componentes
principais múltiplos e distintos entre si, variando desde um conjunto de caracteres morfológicos
florais (S. apetala var. apetala e S. apetala var. glabra) até caracteres foliares (S. apetala var.
blanchettii). Dessa forma, pode-se inferir que há distinção entre as variedades, não se tratando de
sinonímias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Swartzieae) species with trimorphic stamens from Amazonian Brazil. Botanical Journal of the
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VALENTIN, J.L., 2000. Ecologia Numérica – Uma Introdução à Análise Multivariada de Dados
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81