20
Noveau Réalisme - Yves Klein

Yves Klein

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Yves Klein

Noveau Réalisme - Yves Klein

Page 2: Yves Klein

Noveau Réalisme

O Novo Realismo, oficialmente criado na França em 1960, busca ir além da pintura.É um estado de espírito, o gesto fundamental de apropriação do real contemporâneo ligado a um fenômeno quantitativo de expressão, um ponto de vista, uma ‘higiene da visão’.

Trás uma nova metodologia de percepção, um novo modo de ver baseado na constatação de uma natureza moderna e na rejeição da abstração livre da época, a fim de fazer uso dos objetos disponíveis (em geral do material proveniente do ambiente urbano).

O grupo dos novos realistas se anunciaram ao mundo com uma declaração manuscrita a giz por Pierre Restany em Paris, no apartamento de Yves Klein. O documento foi assinado por Arman, Dufrêne, Raymonf Hains, Yves Klein, Martial Raysse, Pierre Restany, Daniel Spoerri, Jean Tinguely e Jacques de la Villeglé. O movimento anunciava uma mudança radical em relação às correntes artísticas vigentes na época e se oficializou mediante a seguinte declaração de Pierre Restany:

“Na quinta-feira 27 de outrubro de 1960, os No-vos Realistas tomaram consciência da sua sin-gularidade coletiva. Novo Realismo = novas aproxi-mações perspectivas do real”. (FERREIRA, 2006, p.53).

Restany anuncia ainda que tal movimento é “muito mais do que um

Page 3: Yves Klein

grupo e bem melhor do que um estilo, o novo realismo europeu aparece hoje como uma tendência aberta” (RESTANY, 1979. p.320).

Rapidamente, o núcleo inicial do movimento é expandido, ganhando a adesão de renomados artistas como César, Gérard Deschamps, Mimmo Rotella, Niki de Saint-Phalle e Christo.

Desenvolvendo uma releitura de Ducamp os Novos realistas, recusam a abstração da Escola de Paris e ditam a consciência de uma nova natureza moderna. Desta forma, seus artistas reclamam a criação de uma nova expressividade, à altura de uma outra realidade sócio-cultural, caracterizada pela hegemonia norte-americana no pós-guerra, pela máquina, pelas culturas de massa e informação, pela publicidade e pelos avanços tecnológicos em um momento específico da sociedade de consumo. Trata-se de religar a esfera da arte ao mundo baseando-se na introdução dos elementos do real nos trabalhos de arte.

A produção destes artistas consistia nas (os): Colagens;Instalações ou décors;Happenings;Acumulações de Arman;Compressões de Cesar;Quadros-armadilhas de Spoerri;Registros industriais de Tinguely;‘Pacotes’ de Christo;Aplicações de resíduos de cartazes de rua por Hains, Villeglé e Dufrère;Métodos de percepção e comunicação sensível a serviço de uma intuição cósmica, explicado nas propostas de Klein; Assemblage como um dos meios mais essenciais.

É nos primeiros anos da década de 1960 que esses artistas participam de importantes exposições, sobretudo nos Estados Unidos, onde se associam aos neodadaístas de New York - Robert Rauschenberg, Jasper Johns, Claes Oldenburg, entre outros - para realizar

importantes eventos.

Suas propostas transformavam-se, cada vez mais, em intervenções e ações-espetáculos. As bases que fundamentam as ações dos Novos Realistas podem ser definidas pela crise dos meios tradicionais, ou seja, como já foi dito, pelo esgotamento da pintura abstrata. Mas, não se pode desconsiderar, também, o grande senso de espetáculo e a preocupação de recuperar poeticamente as formas de expressão através de manifestos. No seu 1o manifesto, realizado em Milão de 1960, o Novo Realismo fazia uma enfatização à apropriação do real. No entanto, “a apaixonante aventura do real”, como os artistas descrevem sua ação, não se dá mediante sua transcrição conceitual ou representação pictórica, mas antes, por meio da apropriação direta de seus fragmentos, investindo-os de um potencial expressivo em si mesmos e trabalhando-os como signos de uma nova linguagem.

No ano de 1961, em Paris, o 2o manifesto trazia a descoberta do folclore industrial contemporâneo e suas possibilidades expressivas ligadas ao senso da natureza moderna; os ready-made dadaístas foram elevados ao maravilhoso moderno.

Já o 3o manifesto, publicado no festival de Munique em 1963, falava sobre a arte da assemblage, arte cinética, a superação dos gêneros tradicionais e uma estética do objeto no seu condicionamento espacial.

Em síntese, o grupo liderado pelo crítico Restany procura desenvolver ações sobre uma questão chave: O que é Novo Realismo? E como resposta apresenta o seguinte argumento: Um novo aproximar-se perceptivo do real.

A última exposição reunindo todos os membros foi em 1963.

Page 4: Yves Klein

Yve

s Kle

inY

ves K

lein

Yve

s Kle

inY

ves K

lein

Page 5: Yves Klein

Em meados da década de 50 do século XX, Yves Klein viria a triunfar na cena artística internacional com a sua mensagem “um mundo novo necessita de um homem novo”. Com um estilo muito peculiar e um carisma fora do comum, Yves iniciava então o seu percurso na metrópole artística parisiense.

Viveu em Paris de 1930 à 1939. Termina os estudos em plena Segunda Guerra Mundial e começa a pintar. Desde cedo, Klein, usa a cor e rejeita as linhas e desenhos.

Em 1954 Yves Klein começou a desenvolver seus monochromes. Buscava na cor absoluta uma intensidade que extrapolasse os limites da tela. Sua santíssima trindade cromática era formada pelo rosa, o dourado e o azul. Serão sobretudo as pinturas azuis - telas de grande dimensão que funcionam como plataforma de meditação perante a cor do céu - que o tornarão rapidamente famoso fora das fronteiras francesas, sob o cognome de Yves - le Monochrome. É a partir daqui que Yves Klein irá iniciar a sua aventura cósmica.

A primeira exposição da proposta monocromática - l’Époque bleue (época azul) - onde ele na “Busca da infinitude” tenta “unir o céu e a terra” ocorreu em 1957 em Milão, depois foi para Paris, Düsseldorf e Londres.

A patente do International Klein Blue (IKB, =PB29, =CI 77007) é de 1960, resultado de uma pesquisa com pigmentos e resinas que resultou num azul ultramarino com o qual recobriu telas, esculturas, bustos, esponjas e até corpos femininos. O artista definia seu ‘azul’ como “meditação perante a cor do céu” e “A cor pura representa por si própria algo”. Embora patenteado o ‘IKB’ não chegou a ser produzido comercialmente.

Paralelamente às pinturas convencionais, em diversos trabalhos Klein utilizou-se

Page 6: Yves Klein

de modelos nuas cobertas com tinta azul que moviam-se ou imprimiam-se sobre telas para formar a imagem. Esta série de trabalhos, em que Yves utilizava as modelos como ‘pincéis vivos’, foi denominada Anthropométries (Antropometria, ou seja que, pela forma, se assemelha ao homem).

Outras pinturas com este método de produção incluem ‘gravações’ de chuva que Klein realizou dirigindo na chuva a mais de 100 km/h com uma tela atada no teto de seu carro, e telas com formas provocadas por sua queima com jatos de fogo.

Klein, também conhecido como fotógrafo, apresenta Saut dans le vide (Salto no Vazio), que aparentemente mostra-o pulando um muro, braços abertos, em direção da calçada. Klein utilizou a fotografia como evidência de sua capacidade de realizar uma viagem lunar sem auxílio. De fato, Saut dans le vide foi publicada como parte de panfleto de Klein (o artista do espaço) denunciando as expedições lunares da NASA como arrogantes e estúpidas.

O trabalho de Klein gira em torno de um conceito influenciado pela tradição Zen que ele denomina le Vide (o Vazio). O Vazio de Klein é um estado similar ao nirvana, livre de influências do mundo, uma zona neutra em que as pessoas são induzidas a concentrar-se em suas próprias sensações e na ‘realidade’, e não na ‘representação’.

Klein apresentou sua obra sob formas que a arte é reconhecida, pinturas, um livro, uma composição musical, mas removendo o conteúdo esperado destas formas, como por exemplo: pinturas sem imagens, um livro sem palavras, uma composição musical sem composição de fato, restando apenas o meio de expressão artística, tal como ele é. Desta forma ele tentou criar para sua platéia uma Zones de sensibilité picturale immatérielle

(Zona de Sensibilidade Pictórica Imaterial).

Ao contrário de representar objetos de um modo subjetivo e artístico, Klein quis que seus temas fossem representados por suas impressões: a imagem de suas ausências. O trabalho de Klein reporta-se intensamente a um contexto teórico e de história da arte, mas também metafísico e filosófico, e em seu trabalho ele visou combinar estes contextos. Ele tentou fazer sua audiência experimentar um estado em que uma idéia poderia ser simultaneamente ‘sentida’ e ‘entendida’.

Em 28 de abril de 1958, na Galeria Iris Clert em Paris, inaugura uma escandalosa exposição: Le Vide (O Vazio), em que exibiu a galeria vazia. Buscou retratar a ‘Época Pneumática’ retirando toda a mobília da galeria e pintando as paredes de branco, com a mesma técnica utilizada em seus quadros, para ressaltar a luminosidade e captar a vida desta ‘não cor’.

Le Vide foi uma tentativa obsessiva de gerar o que chamou de Zones de sensibilité picturale immatérielle (Zonas de sensibilidade pictórica imaterial). Chegou a vender sua ‘uma abstração conceitual’ a preço de ouro, numa complicada transação que incluía recibos e instruções de uso. E para restabelecer a ‘ordem natural’ que ele desequilibrou pela venda dos espaços vazios (que agora não eram mais ‘vazios’), concluí a cerimônia com o lançamento de parte do ouro nas águas do Sena.

Para Pierre Restany “O maravilhoso de Klein é a natureza e seu teatro de eventos”. “Cada acontecimento, manifestação da energia universal, é uma obra real como toda a natureza, mesmo se se coloca momentaneamente no exterior das dimensões dos nossos sentidos, no real absoluto, o espaço infinito, o vazio.”

Page 7: Yves Klein

Le Vide representa a totalidade espacial, de uma realidade ao mesmo tempo tangível e incomensurável. Esta realidade, desmedida, identifica-se com o espaço conceitual da comunicação. O que se torna relevante é a passagem da monocromia ao imaterial. Talvez esta passagem tenha se dado anteriormente quando Klein, ainda jovem, perdia o olhar entre o céu e o mar. Ele se apropriava do céu, de sua cor e dimensão de infinito.

“ Recentemente meu trabalho com a cor levou-me, apesar de mim mesmo, a procurar pouco a pouco, com alguma assistência (do observador, do intérprete), a realização da matéria, e eu de-cidi pôr um fim à guerra. Minhas pinturas agora são invisíveis e eu gostaria de exibi-las, de um modo claro e positivo, em minha próxima exibição na Iris Clert. ”

As experiências com o imaterial incluíram esculturas de fogo e pinturas de vento (prendeu uma tela no capô de seu carro durante uma viagem de Paris a Nice), projetos urbanísticos de alteração climática, sinfonias monótonas e a extensão dos próprios pincéis pelo uso de corpos nus embebidos em tinta.

Algumas vezes a criação de suas pinturas se transformava em um tipo de performance (em um evento em 1960, por exemplo, havia uma platéia vestida a rigor observando modelos realizarem suas tarefas enquanto um grupo de músicos executavam A Sinfonia Monotônica de Klein, de 1949, que consistia de uma única nota.

Yves Klein antecipou os procedimentos de muitos artistas contemporâneos, com

suas técnicas excêntricas e um certo pendor pelo espetacular. No entanto, os fundamentos filosóficos que conjugam corpo e mente (herdados do aprendizado das artes marciais) e o profundo misticismo parecem ter dado ao trabalho do pintor uma consistência superior, raramente igualada pelos artistas de hoje.Ao longo da sua curta existência (1928-1962), bastaram uns escassos sete anos para edificar uma obra que compreende mais de mil pinturas, considerada já como clássica no panorama da arte moderna, firmemente enraizada na tradição ocidental e inesgotável pela riqueza da sua criatividade.

Ao longo da sua vida, Klein, que fazia uma distinção muito nitida entre talento e génio, andava em busca de algo “que nunca chegou a nascer e jamais morrerá”, um valor absoluto, um amparo (apoio) que permitiria libertar o mundo material e circunscrito ao seu imobilismo. Com efeito, só depois de superados os constragimentos cotidianos, o artista poderá desenvolver e explanar a sua lógica e o seu método próprio.

“ A missão do pintor é realizar uma obra prima única: ele próprio, de forma constante... transformando-se assim uma espécie de gerador atômico de radiação constante, ca-paz de impregnar a atmosfera com a sua presença pictórica, a qual permanece gravada no espaço após a sua passa-gem. É este o significado real da pintura, no século XX”.

Afirma Klein, em Setembro de 1957, no seu diário, publicado postumamente, sob o título O Meu Livro.

Page 8: Yves Klein

As obras mais polêmicas

Page 9: Yves Klein

Usando o pigmento, que demorou um ano para desenvolver com a colaboração do químico Edouard Adam , Klein obtém um azul único que patenteou como Intenational Klein Blue.

A obra demostra os objetivos do artista - que dizia : “O azul não é mensurável como as outras cores”. (queria extinguir a linha do horizonte, tornando tudo azul).

Como para Yves Klein cada cor tem vida e representa algo é natural que ele desenvolvesse uma cor especial para suas obras. O azul de Klein é como um filho que reflete sua imagem e representa uma visão de mundo.

Ficha técnica da obra analisada:Blue Monochrome IKB3. 1960. Pigmento puro azul e resina sintética sobre tela, montado sobre madeira, (199 X 153 cm). Paris, Musée National d’Art Moderne, Centre Georges Pompidou.

Page 10: Yves Klein

Monochrome bleu sans titre, (IKB 47), 1956. (31x27x2,5 cm).

Monochrome jaune sans titre, (M 19), 1956. (22x16 cm).

Monochrome rose sans titre, (MP 30), 1955. (110,3x64,4 cm).

Monochrome rouge sans titre, (M 38), 1955. (50x60 cm).

Monochrome blanc sans titre, (M 45), 1957. (50x50 cm).

Monochromes

Monochrome sans titre, (M 52), ca. 1957. (33,1x29,6x0,2 cm).

Monochrome vert sans titre, (M 75), 1955 ca. (59x101,5 cm).

Monochrome noir, (M 78), 1957. (30,5x60 cm).

Monochrome bleu sans titre, (M 40), 1955. (73x27 cm).

Page 11: Yves Klein

Anthropométries de l’Époque bleue

Anthropométries de l’Époque bleue.Galerie Internationale d’art Contemporain, Paris, 9 mars, 1960.

Page 12: Yves Klein
Page 13: Yves Klein

Peinture de feu (Pintura com fogo)

Peinture de feu sans titre (F 3), 1961. (146x97cm).

Peinture de feu sans titre (F 124), 1961. (130x97cm).

Peinture de feu sans titre (F 54), 1961. (158x220 cm).

Peinture de feu sans titre (F 18), 1961. (65x50 cm).

Page 14: Yves Klein

Realização das Pinturas de fogo no Centro d’essais de Gaz de France, La Plaine Saint-Denis, Fevereiro e Julho de 1961.

Page 15: Yves Klein

Un homme dans l’espace! Le peintre de l’espace sejette dans le vide! 3, rue

Gentil-Bernard, Fontenay-aux-

Roses, outubro 1960. Fotomontagem: Harry

Shunk

The Void. Saut dans le vide (Salto no vazio) - Fotografia

Page 16: Yves Klein

Zones de sensibilité picturale immatérielle

Zone de sensibilité picturale immatérielle,

vernissage da exposição “Vision in

Motion”, Hessenhuis, Anvers, Março, 1959

Yves Klein propõe a Zone de sensibilité picturale immatérielle, vernissage da eposição “Vision in Motion”, Hessenhuis, Anvers, Março, 1959

Zonas de sensibilidade pictórica imaterial - Le Vide (O vazio)

Page 17: Yves Klein

Immaterieller Raum, - vazio (vide) - sala reservada para - sensibilité picturale immatérielle. Krefeld, Museum Haus Lange - durante o Monochrome und Feuer - exibido em Janeiro e Fevereiro, 1961.

Yves Klein dentro da Salle du Vide (Sala do vazio). Museum Haus Lange, Krefeld, Janeiro, 1961.

Page 18: Yves Klein

Yves Klein e Dino Buzzati executando o ritual da Cession d’une Zone de Sensibilité Picturale immatérielle, janeiro 1962.

Page 19: Yves Klein

Ferreira, Glória e Cecilia Cotrim (orgs.). Escritos de artistas anos 60/70. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro, 2006.

Restany, Pierre. Os Novos realistas. Tradução Mary Amazonas Leite de Barros; prefácio Michel Ragon. São Paulo: Perspectiva, 1979. 320 p., il. p&b. (Debates, 137).

Sites:

Novo Realismo - Itau Culturalhttp://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=362(Último acesso: julho de 2008)

Site oficial de Yves Kleinhttp://www.yveskleinarchives.org(Último acesso: agosto de 2008)

Referências Bibliográficas

Page 20: Yves Klein

adaGeisaRA: 2007623838

As Artes Plasticas nos anos 1960 e 70Profa. Renata Zago

Artes VisuaisCurso de Aperfeiçoamento

Instituto de Artes - Unicamp