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Zeca Afonso
Arquivo de letras de música
25 de Março de 2002
1
Conteúdo
Achégate a mim, Maruxa . . . . . . . . . . . . . . 3A formiga no carreiro . . . . . . . . . . . . . . . . 4Alegria da Criação . . . . . . . . . . . . . . . . . 5A mulher da erva . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6As sete mulheres do Minho . . . . . . . . . . . . . 7Avenida de Angola . . . . . . . . . . . . . . . . . 8Bailia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10Balada do Outono . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11Canção de embalar . . . . . . . . . . . . . . . . . 12Cantiga do monte . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13Cantigas do Maio (eu fui ver a minha amada) . . . 15Canto moço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Chamaram-me cigano . . . . . . . . . . . . . . . . 17Contos Velhinhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18Coro dos Caídos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19Endechas a Bárbara escrava (aquela cativa) . . . . 20Entrudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22Epígrafe para a arte de Furtar (roubam-me Deus) . 23Eu vou ser como a toupeira . . . . . . . . . . . . . 24Grândola Vila Morena . . . . . . . . . . . . . . . . 25Já o tempo se habitua . . . . . . . . . . . . . . . . 26Maria Faia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28Menina dos olhos tristes . . . . . . . . . . . . . . 29Menino de oiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30Menino d’oiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31Milho verde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32Natal dos simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33No lago do Breu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34No vale de Fuenteovejuna . . . . . . . . . . . . . . 36Oh Coimbra do Mondego . . . . . . . . . . . . . . 37O homem da gaita . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38Por Aquele Caminho . . . . . . . . . . . . . . . . 39Por trás daquela janela . . . . . . . . . . . . . . . 41Qualquer Dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43Quatro quadras soltas . . . . . . . . . . . . . . . . 44Que amor não me engana . . . . . . . . . . . . . . 47Rainha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48Resineiro engraçado . . . . . . . . . . . . . . . . . 49Senhor poeta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50Só ouve o brado da terra . . . . . . . . . . . . . . 51Teresa Torga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52Traz outro amigo também . . . . . . . . . . . . . . 53Tu gitana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54Utopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55Vampiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56Vejam bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57Verdes são os campos . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2
Verdes são os campos
Música: Zeca AfonsoLetra: CamõesIn: Traz outro amigo tambémVersos de Segunda (jeito de jj)
Verdes são os campos,De cor de limão:Assim são os olhosDo meu coração.
Campo, que te estendesCom verdura bela;Ovelhas, que nelaVosso pasto tendes,De ervas vos mantendesQue traz o Verão,E eu das lembrançasDo meu coração.
Gados que pasceisCom contentamento,Vosso mantimentoNão no entendereis;Isso que comeisNão são ervas, não:São graças dos olhosDo meu coração.
Luís de Camões
58
Achégate a mim, Maruxa
Música: Zeca AfonsoLetra: popular: galegoIntérprete: Zeca AfonsoIn: ’fura fura’, 1979(cantar galego)jj
= 80
42
A − ché − ga− te a mim, Ma − ru − xa ché− ga − te ben, mo − re − ni −qué − ro − me ca − sar con − ti − go se − rás mi − ña mu − lle − ri −
ña ché − ga − te ben, mo − re − ni − ñaña se − rás mi − ña mu − lle − ri − ña
= 120
Achégate a mim, Maruxachégate ben, moreniñaquérome casar contigoserás miña mulleriña
Adeus, estrela brilantecompañeiriña da luamoitas caras teño vistomais como a tua ningunha
Adeus lubeiriña tristede espaldas te vou mirandonon sei que me queda dentroque me despido chorando
3
A formiga no carreiro
Letra e música: Zeca AfonsoIn: Venham mais cinco/gravado em 73José João ([email protected]) (não juro que esteja tudo certo...)
A formiga no carreirovinha em sentido contrárioCaiu ao Tejoao pé de um septuagenário(v1 v2 v1 v2 v3 v3 v4 v3 v3 v4)
Lerpou trepou às tábuas (bis)que flutuavam nas águas (bis)e do cimo de uma delasvirou-se para o formigueiromudem de rumo (bis)já lá vem outro carreiro
A formiga no carreirovinha em sentido diferentecaiu à ruano meio de toda a gente
buliu abriu as gâmbeaspara trepar às varandase do cimo de uma delas...
A formiga no carreiroandava à roda da vidacaiu em cimade uma espinhela caída
furou furou à bravanuma cova que ali estavae do cimo de uma delas...
4
Vejam bem
Letra e música: Zeca AfonsoIn: Cantares do Andarilhojj(Dez-95)
Vejam bemque não há só gaivotas em terraquando um homem se põe a pensarquando um homem se põe a pensar
Quem lá vemdorme à noite ao relento na areiadorme à noite ao relento no mardorme à noite ao relento no mar
E se houveruma praça de gente madurae uma estátuae uma estátua de de febre a arder
Anda alguémpela noite de breu à procurae não há quem lhe queira valere não há quem lhe queira valer
Vejam bemdaquele homem a fraca figuradesbravando os caminhos do pãodesbravando os caminhos do pão
E se houveruma praça de gente maduraninguém vaininguém vai levantá-lo do chão
57
Vampiros
Letra e música: Zeca AfonsoArménia Rua, Fernando Faria (Alternativamente Em/D/B7)
No céu cinAmzento Sob o astro mudo
Batendo asGasas Pela noite ca
Amlada
Vêm emE7bandos Com pés ve
Amludo
Chupar oE7sangue Fresco da ma
Amnada
E7 Am E7
Se alguém se enAmgana Com seu ar sisudo
E lhes franGqueia As portas à che
Amgada
Eles comemGtudo Eles comem
Amtudo
Eles comemE7tudo E não deixam
Amnada [Bis]
A toda a parte Chegam os vampirosPoisam nos prédios Poisam nas calçadasTrazem no ventre Despojos antigosMas nada os prende Às vidas acabadas
São os mordomos Do universo todoSenhores à força Mandadores sem leiEnchem as tulhas Bebem vinho novoDançam a ronda No pinhal do rei
Eles comem tudo Eles comem tudoEles comem tudo E não deixam nada
No chão do medo Tombam os vencidosOuvem-se os gritos Na noite abafadaJazem nos fossos Vítimas dum credoE não se esgota O sangue da manada
Se alguém se engana Com seu ar sisudoE lhe franqueia As portas à chegadaEles comem tudo Eles comem tudoEles comem tudo E não deixam nada
Eles comem tudo Eles comem tudoEles comem tudo E não deixam nada
56
Alegria da Criação
Letra e música: Zeca AfonsoIntérprete: Janita SaloméIn: ’galinhas do mato’, 1985jj
Plantei a semente da palavraAntes da cheia matar o meu gadoEnsinei ao meu filho a lavra e a colheitanum terreno ao lado
A palavra rompeuCresceu como a baleiaNo silêncio da noite à lua cheiaVi mudar estações soprar a ventaniaBrilhar de novo o sol sobre a baía
Fui um bom engenheiro um bom castorAmei a minha amada com amorDe nada me arrependo só a vidaMe ensinou a cantar esta cantiga
FeiticeiraMãe de todos nósFlor da espigaMaldita para tiranosAmorosa te louvamostens mais de um milhão de anosRapariga
Quando o lume nos aqueceNo grande frio de InvernoVem até nós uma preceQue assim de longe pareceUma cantiga
Magistrada Nossa naturalVitoriosaCurandeira dos aflitosAmante de mil maridosHá mais de um milhão de idostormentosa
Quando a fera encarceradaQue dentro de nós suplantaQuebra a gaiola sozinhaVoa voa endiabradaUma andorinha
5
A mulher da erva
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’Cantigas do maio’, 1971Arménia Rua
Velha da terra morenaPensa que e já lua cheiaVela que a onda condenaFeita em pedaços na areia
Saia rota subindo a estradaInda a noite rompendo vemA mulher pega na braçadaDe erva fresca supremo bem
Canta a rola numa ramadaPela estrada vai a mulherMeu senhor nesta caminhadaNem m’alembra do amanhecer
Há quem viva sem dar por nadaHá quem morra sem tal saberVelha ardida velha queimadaVende a fruta se queres comer
A noitinha a mulher alcançaQuem lhe compra do seu manjarPara dar à cabrinha mansaErva fresca da cor do mar
Na calçada uma mancha negraCobriu tudo e ali ficouAnda, velha da saia pretaFlor que ao vento no chão tombou
No Inverno terás farturaDa erva fora supremo bemCanta rola tua amarguraManhã moça ... nunca mais vem
6
Utopia
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’Como se fora seu filho’, 1983Victor Almeida
CidadeSem muros nem ameiasGente igual por dentroGente igual por foraOnde a folha da palmaafaga a cantariaCidade do homemNão do lobo, mas irmãoCapital da alegria
Braço que dormesnos braços do rioToma o fruto da terraÉ teu a ti o deveslança o teu desafio
Homem que olhas nos olhosque não negaso sorriso, a palavra forte e justaHomem para quemo nada disto custaSerá que existelá para os lados do orienteEste rio, este rumo, esta gaivotaQue outro fumo deverei seguirna minha rota?
55
Tu gitana
Música: Zeca AfonsoLetra: Cancioneiro de Vila ViçosaIntérprete: Helena VieiraIn: ’galinhas do mato’, 1985jj
Tu gitana que adivinhasMe lo digas, poes no lo sêSe saldre dessa aventuraÔ si nela moriréÔ si nela perco la vidaÔ si nela triumfareTu gitana que adivinhasMe lo digas, poes no lo sê
54
As sete mulheres do Minho
Letra e música: Zeca Afonsojj(Fev-96)
As sete mulheres do Minhomulheres de grande valorArmadas de fuso e rocacorreram com o regedor
Essa mulher lá do Minhoque da foice fez espadahá-de ter na lusa históriauma página doirada
Viva a Maria da Fontecom as pistolas na mãopara matar os Cabraisque são falsos à nação
7
Avenida de Angola
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’Traz outro amigo também’, 1970Arménia Rua,jj
CDum botão de branco punhoFDum braço de fora pretoFVou pedir contas ao
Cmundo
G7Além naquele co
Creto
CLá vai um
Fa lá vão d
Cuas
G7Três pombas a descan
Dsar
CUma é minh
Fa outra é
Ctua
G7Outra é de quem n’a agarr
Car
Na sala há cinco meninasE um botão de sardinheiraFeitas de fruta maduraNos braços duma rameira
Lá vai uma lá vão duas...
O Sol é quem faz a curaCom alfinete de damaNa sala há cinco meninasFeitas duma capulana
Lá vai uma lá vão duas...
Quando a noite se avizinhaDo outro lado da ruaVem Ana, vem SerafinaVem Mariana, a mais pura
Lá vai uma lá vão duas...
Há sempre um botão de punhoNum braço de fora pretoVou pedir contas ao mundoAlém naquele coreto
Lá vai uma lá vão duas...
Ó noite das columbasLeva-as na tua algibeiraNa sala há cinco meninasFeitas da mesma maneira
Lá vai uma lá vão duas...
8
Traz outro amigo também
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’Traz outro amigo também’, 1970versos de segunda/Luís Ferreira (jeito de jj)
AAmigo
Maior que o pensaDmento
CPor essa estrada amigo
Avem
GPor essa estrada amigo
Avem
A7
DNão percas tempo que o
Avento
CÉ meu a
Emigo tam
Abém
A7
DNão percas tempo que o
Avento
CÉ meu a
Emigo tam
Abém
A D A
Em terrasEm todas as fronteirasSeja benvindo quem vier por bemSe alguém houver que não queiraTrá-lo contigo também
AquelesAqueles que ficaram(Em toda a parte todo o mundo tem)Em sonhos me visitaramTraz outro amigo também
nota:
Alternativamente substituir:A=D D=G C=F A7=D7 E=A7 G=C
53
Teresa Torga
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’Com as minhas tamanquinhas’Arménia Rua
No centro a da AvenidaNo cruzamento da ruaÀs quatro em ponto perdidaDançava uma mulher nua
A gente que via a cenaCorreu para junto delaNo intuito de vesti-laMas surge António Capela
Que aproveitando a barbudaSó pensa em fotografá-laMulher na democraciaNão é biombo de sala
Dizem que se chama TeresaSeu nome e Teresa TorgaMuda o pick-up em BenficaAtura a malta da borga
Aluga quartos de casaMas já foi primeira estrelaAgora é modelo à forçaQue a diga António Capela
T’resa Torga T’resa TorgaVencida numa fornalhaNão há bandeira sem lutaNão há luta sem batalha
52 9
Bailia
Música: Zeca AfonsoLetra: Airas NunesIn: ’Contos Velhos Rumos Novos’Ximnasio de Academo
Bailemos nós já todas tres, ai amigas,so aquestas avelaneiras frolidase quen fôr velida, como nós, velidas,se amig’ amar,so aquestas avelaneiras frolidasverrá bailar.
Bailemos nós já todas tres, ai irmañas,so aqueste ramo d’ estas avelañase quen fôr louçaña, como nós, louçañasse amig’ amar,so aqueste ramo d’ estas avelañasverrá bailar.
Por Deus, ai amigas, mentr’ al non fazemos,so aqueste ramo frolido bailemose quen ben parecer, como nós parecemos,se amig’ amar,so aqueste ramo so l[o] que nós bailemosverrá bailar.
10
Só ouve o brado da terra
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’coro dos tribunais’, 1975Arménia Rua
Só ouve o brado da terraQuem dentro delaVeio a nascerAgora é que pinta o bagoAgora é qu’istovai aquecer
remCala-te ó
dóclarim da
remmorte
Quedóa tua
remsorte
Nãodóhei-de eu
remquerer
Mal haja a noite assassinaE quem dominaSem nos vencer
Cobrem-se os campos de geloJá não se ouveO galo cantorAndam os lobos à soltaPega no teuCajado, pastor
Homem de costas vergadasDe unhas cravadasNa pele a arderÉ minha a tua canseiraMas há quem queiraVer-te sofrer
Anda ver o Deus banqueiroQue engana à hora eque rouba ao mêsHá milhões no mundo inteiroO galinheiro é dedois ou três
51
Senhor poeta
Música: Zeca Afonso (?)Letra: António Barahona; Manuel AlegreIntérprete: Zeca Afonso(fado de Coimbra)Fernando Carvalho (Gravação no mosteiro de Santa Clara (?))
Meu amor é marinheiro,E mora no alto mar,Seus braços são como o vento,Ninguém o pode amarrar.
Senhor poeta,Vamos dançar,Caem cometas,No alto mar.
Cavalgam Zebras,Voam duendes,Atiram pedras,Arrancam dentes.
Senhor poeta...
Soltam as velas,Vamos largar,Caem cometas,No alto mar.
50
Balada do Outono
Letra e música: Zeca Afonso(fado de Coimbra)Arménia Rua, jj
mimÁguas
Erépedras do
mimrio
Meurésono va
mimzio
Nãorévão Acor
mimdar
mimÁguas
Dasréfontes ca
mimlai
Ó ribréeiras chor
mimai
Que eu nãosib7volto
réA can
mimtar
Rios que vão dar ao marDeixem meus olhos secarÁguasDas fontes calaiÓ ribeiras choraiQue eu não volto A cantar
ÁguasDo rio correndoPoentes morrendoP’ras bandas do marÁguasDas fontes calaiÓ ribeiras choraiQue eu não volto A cantar
Rios que vão dar ao marDeixem meus olhos secarÁguasDas fontes calaiÓ ribeiras choraiQue eu não volto A cantar
11
Canção de embalar
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’Cantares de andarilho’Arménia Rua
Dorme meu menino a estrela d’alvaJá a procurei e não a viSe ela não vier de madrugadaOutra que eu souber será p’ra ti
Outra que eu souber na noite escuraSobre o teu sorriso de encantarOuvirás cantando nas alturasTrovas e cantigas de embalar
Trovas e cantigas muito belasAfina a garganta meu cantorQuando a luz se apaga nas janelasPerde a estrela d’alva o seu fulgor
Perde a estrela d’alva pequeninaSe outra não vier para a renderDorme qu’inda a noite é uma meninaDeixa-a vir também adormecer
12
Resineiro engraçado
Letra e música: popular: Beira-AltaFernando Faria (Mortágua; recolha de Zeca Afonso)
Resineiro engraçado, engraçado no falar,A D A
Resineiro engraçado, engraçado no falar,D A
Ó i ó ai, eu hei-de ir à terra dele,D E7
Ó i ó ai, se ele me lá quiser levar.A[Bis]
Já tenho papel e tinta, caneta e mata-borrão,Já tenho papel e tinta, caneta e mata-borrão,Ó i ó ai, pr’a escrever ao resineiro,Ó i ó ai, que trago no coração.
Resineiro é casado, é casado e tem mulher,Resineiro é casado, é casado e tem mulher,Ó i ó ai, vou escrever ao resineiro,Ó i ó ai, quantas vezes eu quiser.
Nota:
a primeira mulher do Zeca Afonso, com que casou em Coim-bra, era de Mortágua.
Acorde de viola: Alternativamente C/F/G7, G/C/D7
49
Rainha
Letra e música: Zeca AfonsoIn:versos de segunda() (jeito de jj)
Quem diz que é pela rainhaNem precisa de mais nadaEmbora seja ladrãoPode roubar à vontadeTodos lhe apertam a mãoÉ homem de sociedade
Acima da pobre genteSubiu quem tem bons padrinhosDe colarinhos gomadosPerfumando os ministériosÉ dono dos homens sériosNinguém lhe vai aos costados
48
Cantiga do monte
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’Traz outro amigo também’, 1970Arménia Rua
Fragância morenaPortal de marfimOndina açucenaChamando por mim
Cantiga do monteClareira do arDançando na nuvemMudando em mar
Na flor da montanhaNa espuma a cairNos frutos de AgostoNa boca a sorrir
Na crista da vagaTormento alongueiNo vento e na fragaSó luto encontrei
Abriram-se as velasMal rompe a manhãNa luz e nas trevasFoi-se a louçã
Ai húmida prataMeu sonho sem verAi noite de LuaMeu lume de arder
Ó finas areiasÓ clara manhãÓ rubras papoilasDa cor da romã
Ó rosto da terraE abismos do marOuvide o seu cantoDe longe a arfar
Abriram-se as velasMal rompe a manhãNa luz e nas trevasLá vai a louçã
Da morte zombando
13
Na aurora lunarNum jardim suspensoDo seu folgar
14
Que amor não me engana
Letra e música: Zeca AfonsoIn: Venham mais cinco/gravado em 73Versos de segunda() (jeito de jj)
Que amor não me enganarem dó rem
Com a sua brandurarem dó rem dó
Se de antiga chamadó lam rem
Mal vive a amargurami
Duma mancha negraDuma pedra friaQue amor não se entregaNa noite vazia
E as vozes embarcamrem dó sol rem
Num silêncio aflitorem dó sol rem
Quanto mais se apartamrem dó rem
Mais se ouve o seu gritodó lam rem
Muito à flor das águasNoite marinheiraVem devagarinhoPara a minha beira
Em novas coutadasJunto de uma heraNascem flores vermelhasPela Primavera
Assim tu souberasIrmã cotoviaDizer-me se esperasO nascer do dia
47
Nota:
Em 1979 Sérgio Godinho gravava um disco chamado ’Cam-polide’ e numa das canções cantavam, Adriano Correia deOliveira, Zeca Afonso e Fausto. Essa canção chama-se ’Qua-tro quadras soltas’ e nas quadras, cada um dos convidadoscanta conforme o mencionado.
46
Cantigas do Maio (eu fui ver a minhaamada)
Letra e música: Zeca AfonsoIn: Cantigas do Maiojj(Nov-95)
Eu fuiEmver a minha a
Gmada
lá prósh7lados dum jar
Emdim
dei-lhe uGma rosa encar
h7nada
para se lembrar deEmmim
Eu fui ver o meu benzinholá prós lados dum paçaldei-lhe o meu lenço de linhoque é do mais fino bragal
Minha mãe quando eu morrerai chore por quem muito amargoupara então dizer ao mundoai Deus mo deu ai Deus mo levou
Eu fui ver uma donzelanuma barquinha a dormirdei-lhe uma colcha de sedapara nela se cobrir
Eu fui ver uma solteiranuma salinha a fiardei-lhe uma rosa vermelhapara de mim se encantar
Minha mãe quando eu morrer ...
Eu fui ver a minha amadalä nos campos eu fui verdei-lhe uma rosa encarnadapara de mim se prender
Verdes prados verdes camposonde está minha paixãoas andorinhas não paramumas voltam outras não
Minha mãe quando eu morrer...
15
Canto moço
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’Traz outro amigo também’, 1970Victor Almeida, Fernando Farinha
ASomos filhos da madrugada
E
Pelas praias do mar nosAvamos
À procura de quem nosEtraga
Verde oliva de flor noAramo
NaveDgamos de vaga em
Avaga
Não souDbemos de dor nem
Amágoa
Pelas praias do mar nosEvamos
À procura de manhãAclara
Lá do cimo de uma montanhaAcendemos uma fogueiraPara não se apagar a chamaQue dá vida na noite inteiraMensageira pomba chamadaMensageira da madrugadaQuando a noite vier que venhaLá do cimo de uma montanha
Onde o vento cortou amarrasLargaremos p’la noite foraOnde há sempre uma boa estrelaNoite e dia ao romper da auroraVira a proa minha galeraQue a vitória já não esperaFresca, brisa, moira encantadaVira a proa da minha barca.
16
Das restantes quadras soltasnão tinha sequer noticiadirigi-me a uma esquadrae descrevi-as a um policia
Respondeu-me: com efeitonós temos aqui retidauma quadra sem papeisque encontramos na má vida
Diz que é uma quadra oralsem identificaçãoque uma quadra popularnão precisa de cartão
Se diz que pertence ao povoo povo que venha cáque eu quero ver a licençao registo e o alvará
[Fausto:]O i o, Quando se embebeda o pobreo i o ai, dizem olha o borrachoo i o ai, quando se emborracha o ricoacham graça ao figurão
Fui com a quadra popularÀ procura da restantequando o policia de longedisse: venha aqui um instante
Temos aqui uma outranão sei se você conhecedesrespeita a autoridadee diz o que lhe apetece
Tem uma rima forçadae palavras estrangeirase semeia a confusãoentre as outras prisioneiras
Se for sua leve-a jáque é pior que erva daninhaolhe bem pra ela é sua?Olhei bem pra ela: é minha
O i o ai, nós queremos é justiçao i o ai, e dinheiro para o bifeo i o ai e não esta coboiadaem que é tudo do sherife
45
Quatro quadras soltas
Letra e música: Sérgio GodinhoIn: ’Campolide’, 79Victor Almeida
Eu vi quatro quadras soltasÀ solta lá numa herdadeamarrei-as com uma cordae carreguei-as p’rá cidade
Cheguei com elas a um largoe logo ao largo se puseramforam ter com a famíliae com os amigos que ainda o eram
Viram fados, viram virasviram canções de revoltae encontraram bons amigosem mais que uma quadra solta
Uma viu um livro chamado’Este livro que vos deixo’e reviu velhas amizadeseram quadras do Aleixo
[Adriano:]O i o ai, há já menos quem se encolhao i o ai, muita gente fala e cantao i o ai, já se vai soltando a rolhaque nos tapava a garganta
Ora bem tinha marcadoencontro com as quadras soltaspois sim, fiquei penduradocomo um tolo ali às voltas
Chegou uma e disse: Andeia cumprimentar parentese eu aqui a enxotar moscasvocês são mesmo indecentes
Respondeu-me: ó patrãozinhodesculpe lá esta secaestive a beber um copinhocom uma quadra do Zeca
[e é o próprio sôr Zeca Afonso que vai cantar aqui]O i o ai, disse-me um dia um carecao i o ai, quando uma cobra tem sedeo i o ai, corta-lhe logo a cabeçaencosta-a bem à parede
44
Chamaram-me cigano
Letra e música: Zeca AfonsoIn: Cantares de AndarilhoArménia Rua
Chamaram-me um diaCigano e maltêsMenino, não és boa résAbri uma covaNa terra mais fundaFiz dela a minha sepulturaEntrei numa grutaMatei um tritãoMas tive o diabo na mão
Havia um comboioJá pronto a largarE vi O diabo a tentarPedi-lhe um cruzadoFiquei logo aliNum leito de penas dormiPuseram-me a ferrosSoltaram o cãoMas tive o diabo na mão
Voltei da charolade cilha e arnêsAmigo, vem cá outra vezSubi uma escadaGanhei dinheiramaSenhor D. Fulano MarquêsPerdi na roletaGanhei ao gamãoMas tive o diabo na mão
Ao dar uma voltaCaí no lancilE veio o diabo a ganirNadavam piranhasNa lagoa escuraTamanhas que nunca tal viLimpei a viseiraPeguei no arpãoMas tive o diabo na mão
17
Contos Velhinhos
Letra e música: Ângelo AraújoIntérprete: Zeca Afonso(fado de Coimbra)Fernando Pais
Contos velhinhos de amornuma noite branca e friatantos trago para contarsão pétalas duma flordesfolhadas ao luarcontos velhinhos de amornuma noite branca e friatantos trago para contar
Contos velhinhos os meussão contos iguais a tantosque tantos já nos contaramsão saudades de um adeusde sonhos que já passaramcontos velhinhos os meussão contos iguais a tantosque tantos já nos contaram
18
Qualquer Dia
Música: Zeca AfonsoLetra: F. Miguel BernardesIntérprete: Zeca AfonsoIn: ’Contos Velhos Rumos Novos’jj(Dez-95)
No InEmverno bato o queixo
SemGmantas na manhã
h7fria
No InEmverno bato o queixo
QualquerGdia
Qualquerh7dia
No Inverno aperto o cintoEnquanto o vento assobia...
No Inverno vou por lumeLenha verde não ardia...
No Inverno penso muitoOh que coisas eu já via...
No Inverno ganhei ódioE juro que o não queria...
43
Por trás daquela janelaFaz anos o meu amigoE irmão
Não pôs cravos na lapelaPor trás daquela janelaNem se ouve nenhuma estrelaPor trás daquele portão
42
Coro dos Caídos
Letra e música: Zeca AfonsoFernando Pais
Canta bichos da treva e da aparênciaNa absolvição por incontinênciaCantai cantai no pino do infernoEm Janeiro ou em maio é sempre cedoCantai cardumes da guerra e da agoniaNeste areal onde não nasce o dia
Cantai cantai melancolias serenasComo o trigo da moda nas verbenasCantai cantai guizos doidos dos sinosOs vossos salmos de embalar meninosCantai bichos da treva e da opulênciaA vossa vil e vã magnificência
Cantai os vossos tronos e impériosSobre os degredos sobre os cemitériosCantai cantai ó torpes madrugadasAs clavas os clarins e as espadasCantai nos matadouros nas trincheirasAs armas os pendões e as bandeiras
Cantai cantai que o ódio já não cansaCom palavras de amor e de bonançaDançai ó parcas vossa negra festaSobre a planície em redor que o ar empestaCantai ó corvos pela noite foraNeste areal onde não nasce a aurora
Nota: Comentário do autor, sobre esta música, in ’Canta-res’:
’Um antigo poema incompleto serviu de base á música. Oconjunto constitui como que um complemento dos vampirosentretidos, após a batalha, na recolha dos mais valiosos des-pojos.’
19
Endechas a Bárbara escrava (aquela ca-tiva)
Música: Zeca AfonsoLetra: CamõesIn:Versos de Segunda() (jeito de jj)
mimAquela cativaQue me tem cativo,Porque nela vivoJá não quer que viva.Eu nunca vi rosaEm suaves molhos,Que pera meus olhosFosse mais fermosa.
Nem no campo flores,Nem no céu estrelasMe parecem belasComo os meus amores.Rosto singular,Olhos sossegados,Pretos e cansados,Mas não de matar.
Uma graça viva,Que neles lhe mora,Pera ser senhoraDe quem é cativa.Pretos os cabelos,Onde o povo vãoPerde opiniãoQue os louros são belos.
Pretidão de Amor,Tão doce a figura,Que a neve lhe juraQue trocara a cor.Leda mansidão,Que o siso acompanha;Bem parece estranha,Mas bárbara não.
Presença serenaQue a tormenta amansa;Nela, enfim, descansaToda a minha pena.Esta é a cativaQue me tem cativo;
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Por trás daquela janela
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’Eu vou ser como a toupeira’ 72Arménia Rua (dedicada a Alfredo Matos que se encontrava preso)
Por trás daquela janelaPor trás daquela janelaFaz anos o meu amigoE irmão
Não pôs cravos na lapelaPor trás daquela janelaNem se ouve nenhuma estrelaPor trás daquele portão
Se aquela parede andasseSe aquela parede andasseEu não sei o que fariaNão sei
Se a minha faca cortasseSe aquela parede andasseE grito enorme se ouvisseDuma criança ao nascer
Talvez o tempo corresseTalvez o tempo corresseE a tua voz me ajudasseA cantar
Mais dura a pedra moleiraE a fé, tua companheiraMais pode a flecha certeiraE os rios que vão pró mar
Por trás daquela janelaPor trás daquela janelaFaz anos o meu amigoE irmão
Na noite que segue o diaNa noite que segue o diaO meu amigo lá dormeDe pé
E o seu perfil anunciaNaquela parede friaUma canção de alegriaNo vai e vem da maré
Por trás daquela janela
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Nota: Comentário do autor in ’Cantares’
Lourenço Marques 1956. Versos destinados à página literá-ria de ’Voz de Moçambique’. A música peca por manifestaausência de identificação com os espírito dos ritmos e temasafricanos.
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E pois nela vivo,É força que viva.
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Entrudo
Letra e música: popular: Beira-BaixaIntérprete: Zeca AfonsoIn: 1970Joaquim Leal, Fernando Faria
Ó entrudo Ó entrudoF#m
Ó entrudo chocalheiroE F#m
Que não deixas assentarE
as mocinhas ao solheiroF#m
Eu quero ir para o monteEu quero ir para o monteQue no monte é qu’eu estou bemQue no monte é qu’eu estou bem
Eu quero ir para o monteEu quero ir para o monteOnde não veja ninguémQue no monte é qu’eu estou bem
Estas casa são caiadasEstas casa são caiadasQuem seria a caiadeiraQuem seria a caiadeira
Foi o noivo mais a noivaFoi o noivo mais a noivaCom um ramo de laranjeiraQuem seria a caiadeira
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Por Aquele Caminho
Letra e música: Zeca AfonsoIntérprete: Adriano Correia de OliveiraFernando Pais
Por aquele caminhoDe alegria escravaVai um caminheiroCom sol nas espáduas
Ganha o seu sustentoDe plantar o milhoAquece-o a chamaDe um poder antigo
Leva o solitárioSob os pés marcadoUm rasto de sangueDe sangue lavado
Levanta-se o ventoLevanta-se a mágoaSoltam-se as esporasDe uma antiga chaga
Mas tudo no rostoDe negro nascidoIndica que o negroÉ um espectro vivo
Quem lhe dá guaridaMostra-lhe a pinturaDuma cor que valhaPara a sepultura
Não de mão beijadaPara que não vivaNele toda a raivaDessa dor antiga
Falta ao caminheiroDentro da algibeiraUm grão de sementeDe outra sementeira
O sol vem primeiroGrande como um sinoPensa o caminheiroQue já foi menino
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O homem da gaita
Letra e música: Zeca AfonsoArménia Rua
Havia na terraUm homem que tinhaUma gaita bem de pasmarSe alguém a ouviaFosse gente ou bichoEntrava na roda a dançar
Um dia passavaUm sujeito e ao ladoUm burro com louça a trotarO dono e o burroOuvindo a tocataPuseram-se logo a bailar
Partiu-se a faiançaEm cacos c’o a dançaE o pobre pedia a gritarAo homem da gaitaQue acabasse a fitaMas nada ficou por quebrar
O Juiz de foraChamado na hora’Só tenho que te condenarMas quero uma provaSe é crime ou se é trovaFaz lá essa gaita tocar’
O homem da louçaSentado na salaLevanta-se e põe-se a saltarEnquanto a rabecaNão se incomodavaA sua cadeira era o par
Pulava o juristaDe quico na cristaNinguém se atrevia A pararE a mãe entrevadaQue estava deitadaLevanta-se E põe-se a bailar
Vá de folia vá de foliaQue há sete anos me não mexia
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Epígrafe para a arte de Furtar (roubam-me Deus)
Música: Zeca AfonsoLetra: Jorge de SenaIn: Traz outro amigo tambémjj(Nov-95)
Roubam-me DeusOutros o diaboQuem cantarei
Roubam-me a Pátriae a humanidadeoutros ma roubamQuem cantarei
Sempre há quem roubeQuem eu desejeE de mim mesmoTodos me roubam
Quem cantareiQuem cantarei
Roubam-me DeusOutros o diaboQuem cantarei
Roubam-me a Pátriae a humanidadeoutros ma roubamQuem cantarei
Roubam-me a vozquando me caloou o silênciomesmo se falo
Aqui d’El Rei.
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Eu vou ser como a toupeira
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’Eu vou ser como a toupeira’, 72
Eu vou ser como a toupeiraQue esburacaPenitência, diz a hidraQuando há secaEu vou ser como a gibóiaQue atormentaNão há luz que não se vejaDa charneca
E não me digas agoraEstás à esperaPenitência diz a hidraQuando há secaE se te enfias na tocaÉs como ela
Quero-me à minha vontadeNão na tuaÓ hidra, diz-me a verdadeNua e cruaMais vale dar numa sargejaQue na mãoDe quem nos inveja a vidaE tira o pão
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Oh Coimbra do Mondego
Letra e música: Zeca Afonso (?)(fado de Coimbra)A. Guimarães
Oh Coimbra do Mondegoe dos amores que eu lá tive [bis]quem te não viu anda cegoquem te não ama não vive [bis]
Do Choupal até à Lapafoi Coimbra meus amores [bis]e sombra da minha capadeu no chão abriu em flores [bis]
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No vale de Fuenteovejuna
Música: Zeca AfonsoLetra: Lope de Vega; (versão de) Natália CorreiaIn: ’Contos velhos rumos novos’,J.João (letra incompleta: não consegui entender uma parte do refrão)
No vale de Fuenteovejunacabelos aos vento estavaseguida pelo cavaleiroo da cruz de Calatravaentre a ramada se escondede vergonhosa e turbada
-Para que te escondesmoça formosadesejos ???paredes removem
Acercou-se o cavaleiroe ela confusa e turbadagelosias quis fazerdas ramas emaranhadas
mas como tem amoresas montanhas e os maresatravessa facilmentedisse-lhe estas palavras
-Para que te escondesmoça formosadesejos ???paredes removem
No vale de Fuenteovejunacabelos aos vento estavaseguida pelo cavaleiroo da cruz de Calatravaentre a ramada se escondede vergonhosa e turbada
-Para que te escondesmoça formosadesejos ???paredes removem
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Grândola Vila Morena
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’Cantigas do maio’, 1971Arménia Rua
Grândola, vila morenaTerra da fraternidadeO povo é quem mais ordenaDentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidadeO povo é quem mais ordenaTerra da fraternidadeGrândola, vila morena
Em cada esquina um amigoEm cada rosto igualdadeGrândola, vila morenaTerra da fraternidade
Terra da fraternidadeGrândola, vila morenaEm cada rosto igualdadeO povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheiraQue já não sabia a idadeJurei ter por companheiraGrândola a tua vontade
Nota:
Hoje houvi na rádio a seguinte história: Algumas destas qua-dras forma proibidas pela censura! No entanto, num con-certo (Coliseu?) quando chegou a altura dessas quadras, ZecaAfonso cantou ’la la la’ e o público em coro cantou a letra quefaltava!
Claro que nem a PIDE o podia impedir!
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Já o tempo se habitua
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’Contos velhos rumos novos’Arménia Rua
Já o tempo Se habituaA estar alertaNão há luz Que não resistaÀ noite cegaJá a rosa Perde o cheiroE a cor vermelhaCai a flor Da laranjeiraÀ cova incerta
Água mole Água benditaFresca serraLava a língua Lava a lamaLava a guerraJá o tempo Se acostumaÀ cova fundaJá tem cama E sepulturaToda a terra
Nem o voo Do milhanoAo vento lesteNem a rota Da gaivotaAo vento norteNem toda A força do panoTodo o anoQuebra a proa Do mais forteNem a morte
Já o mundo Se não lembraDe cantigasTanta areia Suja tantaErva daninhaA nenhuma Porta abertaChega a luaCai a flor Da laranjeiraÀ cova incerta
Nem o voo Do milhano ...
Entre as vilas E as muralhasDa moiramaSobre a espiga E sobre a palhaQue derramaSobre as ondas Sobre a praiaJá o tempoPerde a fala E perde o riso
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Nota:
Balada de inspiração Brassens, define simultaneamente umestado de espírito e uma autobiografia, uma crise de consciên-cia (destruição do sentimento de remorso) e uma meio social(os prostíbulos do ’Terreiro da Erva’ ou os seus sucedâneosmais ou menos bem iluminados.
Zeca Afonso, ’Cantares’
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No lago do Breu
Letra e música: Zeca Afonso(fado de Coimbra)Fernando Carvalho, Fernando Pais
No lago do Breu,Ré
Sem luzes no céu nem bom Deus
Que venha abrasar os ateus,Lá
No lago do Breu.Ré
No lago do Breu,A noite não vem sem sinaisQue fazem tremer os mortais,No lago do Breu.
Mas quem não for mau, não váLá
Que o céu não se compraráRé
Não vejo a razão p’ro serLá
Quem teme e não quer viverRé
Sem luzes no céu só mesmo como euSol-Ré
No lago do Breu.Lá Ré
No lago do Breu,Os dedos da noite vão juntosPara amortalhar os defuntos,No lago do Breu.
No lago do Breu,A lua nasceu mas ninguémPergunta quem vai ou quem vemNo lago do Breu.
Mas quem não for mau, não váQue o céu não se compraráNão vejo a razão p’ro serQuem teme e não quer viverSem luzes no céu só mesmo como eu,No lago do Breu.
No lago do Breu,Meninas perdidas eu sei,Mas só nestas vidas me achei,No lago do Breu.
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Perde o amor
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Maria Faia
Letra e música: popular: Beira-BaixaIntérprete: Zeca AfonsoIn: traz outro amigo tambémjj; Creissac(Jan-96) (Malpica :moda da azeitona)
EuAmnão sei como te
Echamas
oh MariaAmFaia
nemGque nome te hei-de eu
Cpôr
oh MariaEFaia oh Faia Ma
Amria
cravo não que tu és rosaoh Maria FaiaRosa não que tu és floroh Maria Faia oh Faia Maria
Não te quero chamar cravoQue te estou a engrandecerChamo-te antes espelhoOnde espero de me ver
O meu abalouDeu-me uma linda despedidaAbarcou-me a mão direitaAdeus oh prenda querida
Nota:
Se fôr muito baixo tentar: Dm A Dm C F A Dm
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Natal dos simples
Letra e música: Zeca AfonsoIn: Cantares de Andarilho(reis, janeiras, canção de natal)Arménia Rua
Vamos cantar as janeirasVamos cantar as janeirasPor esses quintais adentro vamosÀs raparigas solteiras
Vamos cantar orvalhadasVamos cantar orvalhadasPor esses quintais adentro vamosÀs raparigas casadas
Vira o vento e muda a sorteVira o vento e muda a sortePor aqueles olivais perdidosFoi-se embora o vento norte
Muita neve cai na serraMuita neve cai na serraSó se lembra dos caminhos velhosQuem tem saudades da terra
Quem tem a candeia acesaQuem tem a candeia acesaRabanadas pão e vinho novoMatava a fome à pobreza
Já nos cansa esta lonjuraJá nos cansa esta lonjuraSó se lembra dos caminhos velhosQuem anda à noite à ventura
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Milho verde
Letra e música: popular: Beira-BaixaIntérprete: Zeca AfonsoJorge Pinto
Milho verde, milho verdeMilho verde maçarocaÀ sombra do milho verdeNamorei uma cachopa
Milho verde, milho verdeMilho verde miudinhoÀ sombra do milho verdeNamorei um rapazinho
Milho verde, milho verdeMilho verde folha largaÀ sombra do milho verdeNamorei uma casada
Mondadeiras do meu milhoMondai o meu milho bemNão olhais para o caminhoQue a merenda já lá vem
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Menina dos olhos tristes
Música: Zeca AfonsoLetra: Reinaldo FerreiraIntérprete: Adriano Correia de Oliveira; Zeca Afonsojj(fev.96)
EmMenina dos olhos tristesAmo que tanto a faz
Emchorar
Go soldadinho não
Amvolta
h7do outro lado do
Emmar
Em h7 Em
Vamos senhor pensativoolhe o cachimbo a apagaro soldadinho não voltado outro lado do mar
Senhora de olhos cansadosporque a fatiga o tearo soldadinho não voltado outro lado do mar
Anda bem triste um amigouma carta o fez choraro soldadinho não voltado outro lado do mar
A lua que é viajanteé que nos pode informaro soldadinho já voltaestá mesmo quase a chegar
Vem numa caixa de pinhodo outro lado do mardesta vez o soldadinhonunca mais se faz ao mar
Nota:
Zeca Afonso: ’Menina dos Olhos Tristes’ Single Orfeu STAT-803 1969Zeca Afonso: ’De Capa e Batina’ CD Movieplay JA-80001996
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Menino de oiro
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’As primeiras canções’(fado de Coimbra)Fernando Carvalho
O meu menino é d’oiroÉ d’oiro finoNão façam caso que é pequeninoO meu menino é d’oiroD’oiro fagueiroHei-de levá-lo no meu veleiro.
Venham aves do céuPousar de mansinhoPor sobre os ombros do meu meninoDo meu menino, do meu meninoVenha comigo venhamQue eu não vou sóLevo o menino no meu trenó.
Quantos sonhos ligeirosp’ra teu sossegoMenino avaro não tenhas medoOnde fores no teu sonhoQuero ir contigoMenino de oiro sou teu amigo
Venham altas montanhasVentos do marQue o meu meninoNasceu p’r’amarVenha comigo venhamQue eu não vou sóLevo o menino no meu trenó.
O meu menino é d’oiroÉ d’oiro é de oiro finoNão façam caso que é pequeninoO meu menino é d’oiroD’oiro fagueiroHei-de levá-lo no meu veleiro.
Venham altas montanhasVentos do marQue o meu meninoNasceu p’r’amarVenha comigo venhamQue eu não vou sóLevo o menino no meu trenó.
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Menino d’oiro
Letra e música: Zeca AfonsoIn: ’As primeiras canções’(canção de Coimbra)Aménia Rua
O meu menino é d’oiroÉ d’oiro finoNão façam casoQue é, pequeninoNão façam casoQue é pequenino
O meu menino é d’oiroD’oiro fagueiroHei-de levá-loNo meu veleiroHei-de levá-loNo meu veleiro
Venham aves do céuPousar de mansinhoPor sobre os ombrosDo meu meninoDo meu meninoDo meu menino
Venham comigo venhamQue eu não vou sóLevo o meninoNo meu ternóLevo o meninoNo meu ternó
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