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Zephyr n 02

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Revista de imagens, registros de performances, textos e referências do trabalho de Ique in Vogue. A magazine about images, registers of performance, words and references of the work of Ique in Vogue.

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Conduzindo uma turnê, uma circulação de um trabalho experimental

(experimento-sentimental?) que se experimenta (a si próprio), crio uma trajetória de somas e subtrações onde a cada ação executada se limpa as sobras da execução anterior,

se nada no caldo do agora e se separa os resíduos para serem levados pra próxima performance. Desde o nome até o conceito, até a fuga do conceito, até o flyerzinho fofo

que eu crio, eu vou formando meu fazer sem formação.

Não trago forma/formação/formatação e não vou mais fazer associação com o sufixo ação. Não trago, só levo. Acumulo os olhares sobre mim e sobre mim mesmo eu estou

falando. Esse eu mesmo é um pacote fechado e cheio de arrombos de todos que tem passado por aqui/sobre aqui/por cima daqui, de mim.

Falo sobre EU. Não há só EU aqui, por que EU, sou a família, a castração, o espírito, a

resignação, a confusão, os professores, os cursinhos, os workshops, os supervisores, as analistas de RH, os cobradores e motoristas, os corpos, os namorados, os putos, essa gente

toda está montada aqui, dividida nos dois ombros.

Falo do EU, fazendo uma fofoca sem fim de toda essa gente.

Minha formação: ser vivente.

Nasceu um trabalho quando me debrucei sobre um tema. O tema veio da vontade de explorar sentimentos impulsionados por um disco que eu gosto.

De um disco, revivo toda essa gente. Começo a falar de mim e eles abrem a boca por mim/para mim/em mim. Uma história vivida sa,i em cada parto, desse corpo ósseo, compactado, econômico, preocupado em não ocupar demais. Se eu me permitisse,

formaria um outro planeta. Da espessura de um traço, eu faço o favor de segurar todas elas, pra que falem aos poucos, não de uma só vez. Leve como uma folha, eu posso ir

calminho (furioso).

Ainda não caibo em uma planilha, eu estouro todas as linhas guias. Nem na linha do diploma eu não me equilibrei não. Já li que ás vezes não se forma, se deforma.

Vivi deformado mesmo.

Deformado, por não ter procurado uma forma. A vivência como processo infinito de agregação de conhecimento que se produz no contato entre o real interesse e a

experiência catártica; não é místico esperar pelos encontros energéticos e sintonias, é sabedoria da entrega ao processo natural.

Em turnê de busca e encontro (não houve desencontro até agora), vou carregado e carregando. Olho o quanto os outros carregam, claro, curioso, comparo, olho mesmo.

Eu não saberia/não sei/não quero saber/tenho medo de quem sabe como carregar mais do que vivencio, me dá uma angústia de pensar como alguém diria pra mim a maravilha

do poder de um nome e de uma informação e de um relato que eu mesmo não tenha buscado.

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Não tenho argumentos para longas discussões, tenho urgência de discutir comigo mesmo contra o tempo, ele passa e não está nem aí pra minha argumentação.

Performo agora. Vejo-me performar quase em tudo, até ao fazer uma busca no google.

Buscamos o tempo todo uma referência, um ícone, uma imagem, um nome para nos organizarmos no que veio no fluxo e se a gente não segura, não aguenta.

Saio em turnê levando as buscas e jogando por aí. Percurso de dentro pra fora. Vou para

dentro. Excursiono. Tour.                                      

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Imagem HAUNTS, parte da série Zephyr, presença múltipla/ vozes internas, vozes visíveis.

Fotos: Ique in Vogue, 2014

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NOTHING REALLY MATTERS, parte da série Zephyr, quando se aguarda e se pede por mais, ou por menos.

Fotos: Ique in Vogue, 2014

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Videoperformance/ performance para câmera/video-arte/video FACE THE TRUTH

em frames 2015

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não-lugares são os que interessam

não-lugares não, em cada lugar

um lugar para o não onde performer não

onde performer lugar não há o lugar do performer

até que você pise no calo de um nessa hora ele acha o lugar

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Procedimento de performação em vídeo

Conjunto de frames, sequência avassaladora de capturas e fatias de tempo. Trabalho com o vídeo como quem monta um bolo em camadas, só saboreio quando está pronto, tenho uma

vantagem, posso desmontar várias vezes, todas as vezes e ele sempre estará pronto.

Nunca deixo de estar; aquele que vejo ou revejo ainda está. Relação que se renova a cada microssegundo desde que haja contato/relação com aquele que vê. Presença que foi

documentada é força que se expande enquanto contida no tempo imaginário, paralisado, dá play e há presença, dá pause e continua a presença pausada. Não defino quando crio para a

câmera (minha amigona) se a ação é presença, não discuto comigo mesmo e nem estarei disposto à discussão. Ação acontece desde que um, o artista ou o espectador, se movimente. Micro-movimento ocular também conta. Respiração que se contém é movimento, desvio de

olhar, fixação de olhar, dar as costas. É sempre movimento, movimento É. A possibilidade inerente ao SER/JÁ SER/JÁ É tem um tamanho assustador.

Não me assusta, pelo contrário, me atrai. Imortalizar o corpo que já não permanece é poder. Paralisar átomo de tempo e encapsular para oferecer como presente é poder. Medo tem

aquele que exige que só haja presença, quando desconhece a presença sutil do meu SER, afixado com vida em frames que se movem, e não percebe que estou presente e

assombrando o tempo todo, fora de uma fotografia, fora de um vídeo. Até quem me vê se faz presente constante e imortal em cima de mim, quando me revê.

Criar em vídeo e para ele. Me dou poder ao ajudá-lo a contar sobre mim e dou poder a ele. Mídia eletrônica, captadora de dados convertidos, desmontados e remontados, me refaz em átomos teletransportados e

me coloca e reconstitui na frente, ali, de quem me revê e ainda deveria agradecer de ter esse poder que eu dei, de me dar um play, de me dar um pause, de me dar um stop.

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ZEPHYR, sozinho, coexistindo comigo mesmo em múltiplos universos

Fotos: Ique in Vogue, 2014

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Instagramar

pensar a ação e o movimento, de maneira que caibam num quadrado alterado por filtros digitais que fingem um tratamento físico sob a fotografia (envelhecimento ou química) e de uma hashtag, palavra que se forma num único símbolo/caractere e carrega todo um código

extremamente abstrato ou extremamente óbvio que faz com que aquelas imagens, na percepção de seu autor, sejam aquela palavra + #.

minha imagem que flui, que escapa de mim, que escorre transformada numa aglutinação de filtro e hashtag

direcionamento da criação/ato de criar/imaginação a um canal que puxa, suga meu olhar de forma que em conjunto com ele eu pense na imagem pronta e quadrada, exatamente

como a sua formatação soberana exige e me curvo, eu me dou a ela.

novo meio de jogar o corpo presente e que força entrada, que quer ser mais e falar alto, acha um lugar ali. Crio a performance de moldar-me/fazer-me para um aplicativo.

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Zéfiro e os pecados - 2015

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Zéfiro e os pecados - 2015

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