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 Curso: Biologia Disciplina: Zoologia dos Invertebrados Professor: Jalison Rêgo Aluno: __________________________________________________  Rua Dr. Paulo Ramos, 1090 - Centro CEP 65775-000 - Gonçalves Dias  MA CNPJ nº 09.450.189/0002-70 Telefones: (99) 3562  1005, (99) 8168  6256, (99) 8100  6051 E-mail coordenação pedagógica:  [email protected] [email protected] www.facebook.com/agnaldo.coelho.507

Zoologia Dos Invertebrados

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  • Curso: Biologia Disciplina: Zoologia dos Invertebrados Professor: Jalison Rgo Aluno: __________________________________________________

    Rua Dr. Paulo Ramos, 1090 - Centro

    CEP 65775-000 - Gonalves Dias MA CNPJ n 09.450.189/0002-70

    Telefones: (99) 3562 1005, (99) 8168 6256, (99) 8100 6051 E-mail coordenao pedaggica: [email protected]

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  • PROTISTA

    Os protistas so seres unicelulares eucariontes, portanto no so animais. Apesar de serem uma nica clula,

    eles conseguem viver normalmente e realizar todas as funes vitais em ambientes aquticos. Existem protistas

    hetertrofos, ou protozorios, e auttrofos, que realizam fotossntese. considerado como um reino prprio, Protista,

    apesar de no ser um grupo monofiltico. Algumas linhagens de protistas ancestrais evoluram nos animais, outras

    originaram as plantas e outras, os fungos.

    Os diversos txons protistas se diversificaram em dezenas de milhares de espcies com as mais diversas formas

    e tamanhos, podendo ser solitrios ou coloniais, de vida livre ou parasitas, ssseis e locomotores. Para suas funes

    vitais, desenvolveram uma srie de estruturas celulares a partir de organelas comuns das clulas eucariontes, como

    flagelos, membranas, clios, microtbulos, paredes celulares, entre outras.

    1. PLANO BSICO E FUNES VITAIS

    O plano bsico protista o mesmo de todas clulas eucariontes, aprendido na disciplina

    Biologia e Fisiologia Celular.

    As membranas so de suma importncia para a vida protista, j que a membrana externa responsvel pelas

    trocas gasosas, pela alimentao, locomoo e seleo de entrada e sada de substncias do meio interno e as diversas

    membranas internas das organelas so responsveis pelos processos qumicos e fsicos ligados s funes vitais, como

    digesto, respirao, fotossntese, sntese de protenas, osmorregulao, etc.

    Um protista no pode ter um corpo muito grande, pois o transporte de substncias dentro da clula limitado.

    Alm disso, o volume interno no pode ser muito grande, pois a superfcie de contato com o ambiente externo restringe

    a troca de substncias suficientes para sustentar toda a clula. Por isso, os protistas so microscpicos e normalmente

    aparentam forma achatadas, finas ou alongadas, aumentando a superfcie de contato com o meio externo.

    Os hetertrofos se alimentam por fagocitose, quando a membrana envolve e internaliza partculas slidas ou

    outros organismos, ou pinocitose, difuso e transporte ativo, quando a membrana absorve lquidos ou organismos muito

    pequenos, como bactrias. Alguns protistas podem predar organismos maiores que eles, mesmo animais. O alimento

    digerido em vacolos digestivos que contm muitas enzimas. Os auttrofos se nutrem atravs de fotossntese, realizada

    por cloroplastos. Vrios txons compartilham as duas formas de nutrio, heterotrfica e autotrfica.

    A locomoo se d de diversas formas diferentes, como pseudpodes, ou seja, expanses de membrana que se

    alongam, puxando o restante da clula, flagelos, estruturas proteicas afiladas que se desenvolvem a partir dos

    microtbulos comuns s clulas eucariticas, e clios, mais numerosos e menores que os flagelos.

    Algumas destas estruturas tambm servem para a sustentao da clula, alm de feixes de microtbulos

    internos, feixes proteicos, placas ou tecas externas de celulose, slica, protena ou calcrio, entre outras formas. Assim, a

    maioria dos protistas tm forma definida, de acordo com o plano bsico do filo a que pertencem.

    A osmorregulao muito importante para esses organismos, principalmente nos protistas de gua doce

    (Figura 4). Eles esto o tempo todo inchando com gua que entra pela membrana da clula, j que ela um meio

    hipertnico em relao ao ambiente. Assim, elas possuem um ou mais vacolos contrteis de membrana interna que

    armazenam o excesso de gua e, de segundos em segundos, se contrai expulsando a gua para fora.

    Figura 4: Vacolos contrteis (nas setas), responsveis pela osmorregulao e demais organelas de um protista

    ciliado de gua doce.

  • Existe uma diversidade muito grande de tipos de reproduo em protistas. A reproduo assexuada pode ser

    por brotamento ou fisso, quando a clula-me sofre mitose e se divide em dois ou mais seres. No brotamento, a clula-

    filha muito menor que a clula-me, pois brotou dela. Na fisso, a clula-me se divide ao meio ou em vrias clulas-

    filhas. A reproduo sexuada tambm muito variada e ela muito importante para os protistas, pois garante a

    diversificao dos indivduos das espcies. Em geral, a meiose ocorre dentro das clulas-me, podendo, em seguida,

    haver: conjugao de duas clulas (Figura 5), ou seja, troca de ncleos haplides, e posterior diviso de cada uma delas;

    auto-feritilizao, dentro da clula, podendo dividir-se em seguida; produo de gametas, ou seja, vrias meioses

    seguidas e produo de pequenas clulas que so liberadas pela clula-me; entre muitos outros tipos.

    Figura 5: Conjugao (reproduo sexuada) entre dois indivduos de protistas ciliados.

    2. DIVERSIDADE

    Os protistas so divididos em pelo menos 17 filos que refletem a sua grande diversidade de formas e

    hbitats. Citaremos abaixo alguns dos txons principais com caractersticas morfolgicas e ecolgicas.

    2.1. CILIADOS

    O filo Ciliophora composto com organismos que possuem uma grande quantidade de clios espalhados por

    toda ou parte da membrana celular, que so usados para a locomoo. Batimentos sincronizados dos clios permitem a

    natao desses seres. Eles tm uma estrutura anloga a uma boca, o citstoma, por onde o alimento fagocitado e restos

    so eliminados.

    Existem ciliados errantes e ssseis, de vida livre e parasitas. Esto presentes em vrios ambientes marinhos e

    de gua doce, incluindo o solo mido, onde a pequena quantidade de gua o suficiente para a vida desses pequenos

    seres. Alguns so mutualistas de ruminantes, como vacas e cabras, e ajudam a digerir a celulose da matria vegetal.

    Alguns ssseis vivem fixos no substrato e tm uma forma cnica, com vrios clios no alto que filtram pequenas

    partculas e clulas suspensos na gua com as quais se alimentam.

    Os ciliados mais conhecidos so os do gnero Paramecium (Figura 6). Eles so muito comuns em qualquer

    local com gua doce, inclusive pequenas poas. Eles so totalmente cobertos com clios, tem um formato quase

    cilndrico e nadam em movimento unidirecional, girando em torno de seu prprio eixo com o movimento dos clios.

    Figura 6: Paramecium em fotografia de Microscopia Eletrnica de Varredura, mostrando os inmeros clios e o

    citstoma (orifcio no meio da clula).

  • 2.2. AMEBAS

    As amebas e grupos relacionados so reconhecidos facilmente pelos pseudpodes (=ps falsos), extenses

    compridas e finas da clula que so usadas para a locomoo e alimentao. Elas movimentam os pseudpodes de

    forma bastante gil em vrios locais da membrana com o movimento interno do citoplasma.

    O filo Rhizopoda (p em forma de raiz) apresenta o plano bsico dos protistas que usam pseudpodes e, por

    isso, so as legtimas amebas. Esses organismos no tm formato definido, mudando medida que se locomovem,

    levados pelos pseudpodes (Figura 7). As amebas so bem comuns em qualquer ecossistema aqutico, marinho ou de

    gua doce. Existem muitas espcies endoparasitas, como a Entamoeba hystolistica, que causa a disenteria amebiana em

    humanos.

    Figura 7: Amoeba proteus. Perceba os pseudpodes se alongando para os lados.

    Existem dois filos de protistas com pseudpodes, mas que possuem formato definido. O filo Actinopoda (ps

    de raios) possuem axpodes, grandes espinhos de slica que saem do centro da clula e do ao organismo uma forma de

    sol (Figura 8), entre outras (Figura 9), que apresentam tecas de slica. Estes so organismos planctnicos e, assim, tm

    locomoo limitada, ficando suspensos na coluna d'gua, esperando algum outro organismo passar para se alimentar.

    Figura 8: Heliozorio (Actinopoda) com muitos raios e psudpodes partindo da clula.

    Figura 9: Tecas de uma diversidade de espcies de radiolrios (Actinopoda).

  • Os Foraminifera so bastante diversificados, com aproximadamente 40.000 espcies (Figura 10). Eles tm uma

    carapaa, chamada de testa, de calcrio, de protena, ou de partculas duras do ambiente aglutinadas, como gros de

    areia, espculas de animais, ou qualquer outra. Eles movimentam os pseudpodes para fora da testa para predar e vivem

    principalmente no ambiente bntonico. Os foraminferos antigos deixaram muitos fsseis (as testas), o que denota

    grande diversificao antiga, do Cambriano (mais de 500 milhes de anos atrs). Por isso, eles so muito usados na

    Geologia para datar estratos geolgicos. Alguns depsitos antigos formam a maior parte das atuais rochas calcrias de

    onde se tira todo o giz, calcrio e mrmore para uso humano.

    Figura 10: Um foraminfero com vrios pseudpodes saindo de dentro de sua testa.

    2.3. FLAGELADOS

    Muitos filos de protistas usam os flagelos como principal forma de locomoo, podendo um indivduo portar

    de apenas um a cinco flagelos, dependendo do txon.

    Os Kinetoplastida tm um ou dois flagelos usados para locomoo. A maioria das espcies deste filo parasita

    de animais e plantas. Os mais conhecidos so dois agentes de doenas importantes, Trypanossoma, causador da doena

    de Chagas (Figura 11), e Leishmania, causador da leishmaniose. O flagelo destes txons passa na lateral da clula,

    formando uma membrana ondulante que termina em um feixe de microtbulos, que facilita a natao destes organismos

    em meios viscosos, como o sangue.

    Figura 11: Trypanosoma cruzi nadando em sangue humano, com hemcias em volta (clulas esfricas).

    Perceba o flagelo e a membrana ondulante.

    Os Dinoflagelata so protistas muito comuns no plncton dos mares (Figura 12). Muitos fazem fotossntese,

    produzindo muito oxignio e so produtores primrios importantes dos oceanos. Existem

    muitos hetertrofos e algumas espcies que conseguem mudar de uma forma de nutrio para outra! Eles so

    caracterizados pela teca formada de placas de celulose, que d eles formas das mais variadas e curiosas. Eles tm dois

    flagelos, um impulsiona o organismo para frente, enquanto outro, enrolado em volta da clula, cria movimentos

    giratrios. Algumas espcies so bioluminescentes, criando lindos espetculos quando fazem a gua brilhar. Existem

    muitas espcies que so endossimbiontes de animais invertebrados, como os corais e outros cnidrios. As zooxantelas

    (o nome do gnero simbionte mais conhecido) fazem fotossntese e divide os acares com o animal, enquanto ela se

    aproveita da proteo e dos nutrientes de seu hospedeiro. Algumas espcies de dinoflagelados esto envolvidas em

    fenmenos de desequilbrio ecolgico catastrficos, as mars vermelhas. Elas tm suas populaes extremamente

  • aumentadas, talvez por efeito da poluio dos mares, e liberam toxinas que, em grande quantidade, causam mortandade

    e contaminao de peixes e outros frutos do mar, e acabam contaminando populaes humanas.

    Figura 12: Dinoflagelado com formato caracterstico. O sulco mediano porta um dos flagelos.

    Os coanoflagelados so organismos tpicos, caracterizados por possurem um flagelo envolto por um colarinho

    de microvilos que os ajudam a capturar presas. Existem espcies solitrias e coloniais, mas todas so ssseis marinhas.

    Este filo tem poucas espcies vivas, mas sua importncia reside na crena de que uma linhagem antiga de

    coanoflagelado colonial deu origem aos animais (ver unidade 3 e 4).

    Figura 13: Desenho mostrando hbito de cinco indivduos coanoflagelados coloniais.

    Outros flagelados importantes: as Euglena (filo Euglenida) so importantes protistas de gua doce, pois so

    usados como indicadores de qualidade da gua, fotossintetizantes, portanto com uma colorao verde forte, mas que se

    locomovem ativamente; Giardia (filo Diplomonadida) so parasitas de intestino de vertebrados, inclusive humanos, que

    possuem cinco flagelos e so achatados, e podem causar enormes infestaes, com clulas fixas em todo o intestino.

    2.4. APICOMPLEXA

    Este o nico filo de protista no qual todos seus representantes so endoparasitas de uma grande variedade de

    animais, invertebrados e vertebrados. So caracterizados por possurem o complexo apical, uma estrutura formada por

    uma srie de microtbulos dispostos de formas variadas. Usando estes complexos, esses protistas conseguem fazer com

    que uma clula do hospedeiro o engolfe. Assim, ele vive dentro das clulas de algum tecido do hospedeiro em pelo

    menos uma fase da vida. Os mais conhecidos Apicomplexa so do gnero Plasmodium, causadores da malria, e que

    parasitam hemcias e clulas do fgado humanas.

    Eles apresentam uma boa locomoo, apesar de no apresentarem nenhuma estrutura conspcua para tal.

    Acredita-se que os microtbulos e microfilamentos internos os auxiliem no deslizamento. Alimentam-se do citoplasma

    das clulas de seus parasitas sem estruturas especiais, apenas fagocitando ou pinocitando.

    Os Apicomplexa passam por vrias fases no seu ciclo de vida, reflexo de sua complexa reproduo. As fases

    de reproduo assexuada e sexuada so alternadas e muitas vezes em hospedeiros diferentes. O indivduo assexuado o

    que produz grande quantidade de esporos, clulas pequenas que se dispersam e infectam hospedeiros com facilidade. O

    indivduo sexuado, chamado de gamonte, se une com outro indivduo para criar um ou vrios novos indivduos. No caso

    da malria, o Plasmodium passa por quatro fases diferentes no clico de vida.

    2.5. ALGAS UNICELULARES

  • Alga um nome genrico que serve para vrios organismos fotossintetizantes muito diferentes. Existem as

    algas azuis ou cianobactrias, que so procariontes, as algas multicelulares, as que vemos aos montes nas praias, e as

    unicelulares eucariontes, ou seja, protistas. Na verdade, j falamos de vrios protistas fotossintetizantes acima, que

    poderamos chamar de algas. A nica diferena com as algas que esto descritas abaixo, que os dinoflagelados e as

    euglenas, por exemplo, se locomovem mais ativamente.

    As diatomceas so protistas que possuem carapaas ou tecas de slica, que no se movimentam e so

    representantes importantssimos do plncton de todos os mares (Figura 14). Por isso, o grupo muito importante para a

    fixao do carbono, atravs da fotossntese, e um dos principais produtores primrios dos oceanos. Seus formatos so

    curiosos e belssimos, muitas se parecendo com caixas de joias bem ornamentadas. Elas so aparentadas a outros

    protistas fotossintetizantes e at algas multicelulares, que so conhecidas como algas pardas ou crisfitas.

    Figura 14: Variedade de espcies de diatomceas.

    As clorfitas, ou algas verdes, tm vrios grupos de organismos fotossintetizantes unicelulares diferentes que

    tm cloroplastos muito parecidos com as das plantas multicelulares. Elas podem ter tecas ou no, ser solitrias ou

    coloniais, e so importantes componentes do fitoplncton. As plantas podem ter surgido de uma linhagem antiga de

    protistas como esses.

    ESPONJAS (PORIFERA) E OUTROS ANIMAIS MUITO SIMPLES

    As esponjas so animais de plano bsico corporal muito simples que vivem em ambientes aquticos, muito

    comuns em todos os mares, mas presentes tambm em corpos de gua doce, principalmente lagoas. So animais ssseis

    (fixos, ou seja, que no se locomovem) e que no possuem tubo digestivo nem boca. So caracterizados por possurem

    um esqueleto formado por milhares de pequenas espculas minerais (de calcrio ou slica). Muitas vezes, o esqueleto de

    animais mortos formam uma estrutura parecida com uma esponja de banho (por isso o nome dos animais deste filo).

    Como elas no tm tubo digestivo, se alimentam de seres vivos microscpicos e pequenas partculas orgnicas

    que so capturados e digeridos internamente por clulas especiais, os coancitos. Pelo seu corpo todo perfurado,

    formado por canais e espaos internos, passa um fluxo contnuo de gua, que garante sua respirao, alimentao e

    limpeza. Por isso, o nome do filo Porifera, que significa portador de poros.

    Elas so consideradas como o txon-irmo de todos os outros animais, assim como outros filos de animais

    marinhos mais raros, como Placozoa e Rhombozoa. Todos os outros animais, exceto estes filos, tm tecidos verdadeiros

    e boca (Eumetazoa), aquisies evolutivas que permitiram toda a diversificao zoolgica que conhecemos hoje.

    Portanto, o ancestral do Reino Metazoa, provavelmente tinha a estrutura corporal to ou mais simples do que os animais

    dos trs filos tratados nesta unidade (Porifera, Placozoa e Rhombozoa).

    1. PLANO BSICO DE PORIFERA

    As esponjas so formadas por clulas com certo grau de independncia, unidas como um revestimento interno

    e outro externo em volta de um esqueleto formado de espculas. As clulas externas chamam-se pinaccitos e formam

    um revestimento, mas no um tecido verdadeiro. As do revestimento interno so adaptadas para alimentao e so

    chamadas coancitos. Esta parte interna no um tubo digestivo, pois a gua que circula a no se diferencia em nada

  • do ambiente externo. Ela apenas uma cmara interna, o trio, por onde a gua passa pelos coancitos, as clulas

    responsveis pela alimentao.

    A ligao entre o ambiente externo e o trio se d pelos inmeros poros espalhados pelo corpo do animal, os

    stios, pequenos poros laterais por onde a gua entra, e o sculo, poro maior por onde a gua sai, por cima do animal.

    Os stios, os poros menores, geralmente esto delimitados por uma clula em forma de cano, o porcito.

    Com este plano bsico, j podemos entender como a esponja vive. A gua entra pelos stios, passa pelos

    coancitos no trio interno, onde filtrada, sendo retidos nutrientes e oxignio, e sai pelo sculo. Os coancitos, muito

    parecidos com os protistas coanoflagelados, possuem um flagelo que se mexe o tempo todo, o que cria o fluxo contnuo

    de gua pelos poros e cmaras internas.

    Entre as camadas simples externa de pinaccitos e interna de coancitos, existe uma matriz extra-celular, a

    mesoglia. Ela basicamente uma soluo gelatinosa composta por fluidos, fibras proteicas, espculas, produtos

    secundrios do metabolismo, sais e diversas clulas independentes:

    esclercitos: produzem as espculas;

    espongicitos: produzem espongina, protena que forma fibras parecidas com o colgeno, responsveis pela

    sustentao do animal, junto com as espculas;

    micitos: clulas contrteis que se dispem prximas aos sculos e canais principais possuem muitos

    microtbulos e microfilamentos para esse fim;

    amebcitos: clulas locomotoras responsveis por parte da digesto, transporte de nutrientes e oxignio,

    defesa, entre outras funes - totipotentes.

    Esses so apenas alguns exemplos mais comuns e importantes de clulas em esponjas, mas existem vrios

    outros tipos em txons diferentes. Na verdade, os amebcitos so totipotentes, ou seja, so capazes de se transformarem

    em qualquer tipo de clula, desde as clulas de revestimento at a clulas gamticas. Assim, as esponjas tm uma

    capacidade que nenhum outro animal tem: conseguem criar clulas novas a partir dos amebcitos totipotentes e, assim,

    regenerar completamente seu corpo. Alguns experimentos chegaram a triturar completamente uma esponja, e suas

    clulas conseguiram, aos poucos, se reagrupar e recriar um indivduo!

    2. ALIMENTAO, EXCREO E RESPIRAO

    Como j dito, as clulas responsveis pela alimentao so os coancitos que ficam espalhados em todas as

    paredes internas do trio. Elas so semelhantes aos coanoflagelados que so protistas, j vistos na unidade 2. Elas

    possuem um colarinho de microvilos que filtram a gua, retendo pequenas partculas e organismos microscpicos, bem

    menores que a prpria clula, e um flagelo grande, que se localiza no meio do colarinho. Com os movimentos dos

    flagelos, os coancitos estabelecem um fuxo contnuo de gua pelas cmaras internas do animal. Ao ter alguma

    partcula em seus microvilos, o coancitos so capazes de fagocitar ou pinocitar o corpo estranho. Assim, se for um

    alimento, a partcula ser digerida internamente pela prpria clula ou repassada para amebcitos que esto adjacentes,

    dentro da mesoglia, que tambm so importantes na digesto das esponjas. A partir da, o alimento digerido est

    disponvel nos amebcitos, que continuam se locomovendo na mesoglia, carregando os nutrientes para diversas partes

    das esponjas.

    A locomoo livre dos amebcitos permite que boa parte das funes vitais da esponja ocorra normalmente,

    sem a necessidade de rgos ou sistema nervoso para coorden-las. Assim, os nutrientes que esto nos amebcitos sero

    absorvidos pelas outras clulas de acordo com a necessidade. Da mesma forma, o oxignio da gua circulante

    absorvido pelas clulas diretamente e o gs carbnico difundido para o ambiente externo. Isso ocorre tambm com os

    compostos nitrogenados, como amnia, que excretado por difuso simples dos coancitos. Como essas funes

    ocorrem por difuso simples, a distncia entre os amebcitos, coancitos e o ambiente externo deve ser muito pequeno,

    nunca passando de 1 milmetro.

    No caso de esponjas de gua doce, os coancitos precisam controlar a osmorregulao, pois a gua do

    ambiente externo hipotnica em relao mesogleia e suas clulas. Assim, os coancitos e amebcitos possuem

    muitos vacolos cheios de gua que precisam ser excretados continuamente.

    3. REPRODUO

    As esponjas tm uma grande capacidade de regenerao por causa de seus amebcitos totipotentes. Ento,

    qualquer parte solta dela, pode dar origem a um novo indivduo. Por isso, a forma mais comum de reproduo em

  • Porifera a assexuada. Formas comuns so brotamentos de novos indivduos na superfcie da esponja parental ou ento

    o fracionamento simples de partes. Muitas esponjas, principalmente as de gua doce, produzem uma estrutura de

    dormncia capaz de dar origem a uma nova esponja, a gmula. Ela uma pequena estrutura especial formada por alguns

    amebcitos e uma capa de proteo de espculas que consegue resistir por longos tempos a condies desfavorveis,

    com um inverno rigoroso ou reas secas. Depois que as condies ambientais voltam ao normal, os amebcitos

    comeam a sair da gmula, se dividem e se diferenciam em pinaccitos e coancitos, dando origem ao novo animal.

    Apesar da sua simplicidade estrutural, as esponjas podem tambm se reproduzir sexuadamente. Espermas e

    vulos so produzidos a partir da diferenciao de coancitos e amebcitos concentrados em cistos que se localizam na

    mesoglia. Dentro desses cistos, ocorre a meiose e os gametas ficam armazenados. Em geral, os gametas so expelidos

    para o ambiente externo pelo fluxo de gua, saindo pelo sculo, e se encontram na coluna dgua. Mas existem casos

    tambm de esponjas em que a fecundao ocorre internamente, ou seja, os espermatozides so capturados pelos

    coancitos e levados at o ocito, que se encontra na mesoglia. Nesse caso, uma larva pronta j sai da esponja parental.

    As larvas, com algumas dezenas ou centenas de clulas, so livres-natantes, possuindo clulas externas

    flageladas para tal fim. Depois de algumas horas, elas se fixam em um substrato adequado e do origem nova esponja.

    Existem esponjas hermafroditas e dioicas, ou seja, com indivduos de sexos separados. Nas esponjas

    hermafroditas, a produo de esperma e vulos ocorre em perodos separados e, em todos os casos, ocorre fertilizao

    cruzada, ou seja, no ocorre fecundao de gametas de um mesmo indivduo.

    4. DIVERSIDADE E ECOLOGIA

    As esponjas ocorrem em todos os mares onde haja substrato para sua fixao, mesmo mole, como areia. Em

    muitos locais, como alguns costes rochosos na zona entre-mars ou em recifes de corais, elas podem ser muito

    abundantes, cobrindo toda uma rocha, por exemplo, e bem diversas (Figura 18). Elas podem ser incrustantes, ou seja,

    ter uma estrutura menos rgida e cobrir um substrato duro, mantendo a forma dele, ou ter um esqueleto forte,

    desenvolvendo formas eretas e grandes, chegando a at dois metros de altura! Podem ter estrutura esqueltica calcrea

    ou de slica, ou os dois no mesmo indivduo, podendo ter formas ramificadas, arredondadas, tubulares ou at mesmo

    sem forma definida. Tambm pode-se encontrar esponjas de todas as cores possveis. Na gua doce, o filo bem menos

    diversificado, sendo inclusive incomum encontr-las em rios e lagos.

    Figura 18: Esponjas encontradas em recifes do litoral paraibano.

    Existem trs tipos estruturais bsicos nas esponjas, dependendo da espcie: asconide, siconide e leuconide

    (Figura 19), sendo a ltima mais complexa. Elas se diferenciam pela quantidade de crtex, ou seja, de massa compacta

    de mesoglia e esqueleto entre os espaos internos, e a quantidade de superfcie interna onde ficam os coancitos.

    Assim, as esponjas asconides tm um trio simples, com os stios dando acesso diretamente a ele, e um nico sculo.

    As siconides tm seus stios se abrindo em cmaras internas onde est a camada de coancitos. Estas cmaras, ento,

    se abrem no trio principal. Assim, as cmaras coanocitrias do maior superfcie para a presena de grande quantidade

    de coancitos, permitindo uma maior alimentao, respirao e outras funes vitais em um menor volume total do

    animal. A leuconide possui uma rede complexa de cmaras e canais imersos em um espesso crtex de mesoglia.

    Assim, os stios esto bem separados do trio e este se reduz a pequenos canais exalantes que se abrem em vrios

    sculos.

  • Figura 19: Os trs tipos estruturais das esponjas, scon, scon e lucon, respectivamente. Amarelo =

    pinaccitos, vermelho = coancitos, cinza = mesoglia. Em azul, o fluxo d'gua.

    Muitas esponjas usam para sua defesa substncias extremamente txicas. Como so animais ssseis e de pouca

    movimentao, outros tipos de defesa comuns entre os animais no ocorrem no filo, como a fuga ou o ataque de uma

    peonha contra o predador. Outro fato que elas no possuem um sistema imunolgico prprio dos animais bilaterais, o

    que faz com elas sejam muito suscetveis a infeces microbianas. Portanto, elas se adaptaram para se defender de

    predao e parasitismo atravs de sua alta toxicidade. Muitos tipos de compostos diferentes podem ser encontrados nas

    diversas espcies de esponjas, que tm estimulado muitos estudos farmacolgicos. J encontraram substncias desses

    animais com ao antibitica, antiinflamatria, com ao sobre os sistemas respiratrio, vascular e gastrointestinal, e at

    antitumoral.

    Quadro de diagnose:

    - Sem tecidos verdadeiros (embriolgicos) ou rgos;

    - Sem simetria;

    - Adultos ssseis, larvas geralmente livre-natantes;

    - Clulas totipotentes;

    - Coancitos em grande quantidade criam fluxo de gua por canais internos do animal e capturam

    alimento;

    - Digesto intracelular;

    - Esqueleto formado por espculas clacrias ou de slica e fibras de colgeno;

    - Mais de sete mil espcies descritas.

    5. TRS FILOS DE MESOZOA

    Existem alguns pequenos animais marinhos com estrutura corporal bastante simples, como as esponjas, e que

    so classificados em trs filos: Placozoa, Rhombozoa e Orthonectida. Juntos, estes trs filos tm aproximadamente 100

    espcies um tanto quanto raras. So chamados de Mesozoa, pois, como as esponjas, no possuem tecidos verdadeiros,

    simetria ou rgos, ao contrrio dos Eumetazoa. So formados por poucas clulas ciliadas dispostas em uma camada

    externa e algumas poucas clulas internas. Eles se alimentam por absoro do substrato e tm digesto intracelular.

    Os Rhombozoa so simbiontes de rins de lulas e polvos, os Orthonectida so parasitas internos de vrios

    invertebrados e Placozoa, representados por uma nica espcie, Trichoplax adhaerens so animais de vida livre, mas

    com baixa mobilidade.

    Esses animais tm origem incerta entre os outros invertebrados, sendo provavelmente irmos dos Eumetazoa.

    A nica certeza de que as esponjas e esses animais misteriosos so de linhagens basais na evoluo dos invertebrados,

    que mantiveram um plano bsico muito simples e com funes vitais parecidas com as de protozorios unicelulares,

    apesar de serem pluricelulares (ou multicelulares).

  • GUAS-VIVAS, ANMONAS, CORAIS E OUTROS: FILO CNIDARIA

    O filo Cnidaria formado por uma grande diversidade de animais aquticos comuns aos seres humanos, como

    gua-vivas, caravelas, anmonas, corais, hidras, medusas e gorgnias, a grande maioria de seres marinhos e alguns

    poucos representantes de gua doce. Basta ir praia que pode-se encontrar um cnidrio com certa facilidade, ou ento

    ser ferroado na gua do mar, o que causa coceiras e dor. Uma barreira de recifes, construda em parte por inmeros

    tipos de incontveis corais calcrios, est na frente de todo o litoral paraibano e de vrios estados do nordeste, por onde

    sobre pode-se passar uma manh de mar baixa tomando sol e banho do mar com amigos e familiares.

    O nome Cnidaria dado pela sua caracterstica mais importante: todos representantes tm cnidas, estruturas

    celulares especiais que cobrem algumas partes do corpo do animal e causam a irritao na nossa pele. As cnidas so

    usadas para defesa e predao.

    Os cnidrios tm duas formas bsicas: o plipo, que pode ser sssil ou mvel bentnico (vive no substrato no

    fundo dos ecossistemas aquticos) e podem formar colnias, e a medusa, que nadadora pelgicas (vivem na coluna

    d'gua). Existem espcies que s apresentam indivduos plipos, algumas apenas com indivduos medusas e outras com

    as duas formas de vida.

    Eles tm boca e uma cavidade digestiva, mas no tm nus. Possuem sistema nervoso e muscular e dois tecidos

    verdadeiros, o de fora, a ectoderme, que forma a epiderme, e o de dentro, a endoderme, que forma as paredes da

    cavidade digestiva. Assim, seu plano bsico simples, parecido com o do ancestral de todos animais com tecidos

    verdadeiros, que viveu h mais de 600 milhes de anos (talvez h mais de um bilho!), o ser do passado que deu origem

    a todos os animais diblsticos e triblsticos, ou os Eumetazoa.

    1. PLANO BSICO

    A simetria dos cnidrios radial, com a boca no centro do plano de simetria. Assim, os cnidrios no tm parte

    anterior e posterior (ou parte da frente e de trs), e sim a superfcie oral, com a boca no centro, e aboral, todo o lado

    oposto. As medusas nadam com a superfcie oral para baixo, enquanto os plipos tem a boca posicionada para cima e

    plipos ssseis ficam com a superfcie aboral fixa a alguma outra superfcie (da colnia ou em algum substrato).

    Figura 23: Plano bsico dos Cnidaria em uma medusa e um plipo, respectivamente. Vermelho = epiderme,

    azul = gastroderme, cinza = mesoglia.

    2. TIPOS MORFOLGICOS - PLIPOS, SOLITRIOS E COLONIAIS, E MEDUSAS

    Os plipos so indivduos ssseis ou de mobilidade limitada que vivem nas comunidades bentnicas dos

    ecossistemas aquticos. Os tentculos e a boca ficam posicionados para cima e entre eles se forma uma superfcie em

    forma de funil, ou hipostmio, ou um disco oral. Os plipos tm formato tubular dos tentculos at a base, que pode ser

    em forma de um disco pedal. Eles podem ficar fixos a algum substrato rgido como as anmonas, com uma base larga,

    ou podem ser livres, como as hidras de gua doce, que se locomovem dando cambalhotas, j que elas no tm

    nenhum apndice especializado para locomoo.

    Muitas espcies so coloniais, ou seja, seus plipos vivem unidos na base, compartilhando nutrientes e

    oxignio. Alguns txons, como os hidrozorios e gorgnias, apresentam os plipos fixos a uma mesma haste que se

    ramifica como uma rvore, com diversos indivduos como se fossem as folhas dessa rvore (Figura 24). Em outros,

    como os corais, os plipos esto cercados por um esqueleto calcrio construdo por eles mesmos, e unidos por um

  • estolo que atravessa a parte dura pela base, como se fosse um tnel. Muitas colnias, como as dos hidrozorios e as

    caravelas, tm tipos diferentes de plipos, alguns especializados para predao, outros para reproduo, outros para a

    digesto, outros para defesa, etc. Em alguns casos, eles evoluram em morfologias bem diferentes do plano bsico

    descrito acima.

    Figura 24: Plipos fixos em uma colnia arborescente (Hydrozoa).

    Os plipos podem ter esqueleto, que se apresentam de muitas formas diferentes. O mais conhecido o

    esqueleto calcrio duro e espesso dos corais, que chegam a formar verdadeiras paredes nos recifes. Eles tm formas

    variadas, desde corais ramificados ou tubulares a esfricos. Os hidrozorios produzem um esqueleto externo de protena

    e quitina que reveste toda a colnia, formando uma fina camada por sobre as hastes e uma estrutura em forma de taa

    em volta dos plipos (hidroteca). As gorgnias tm um esqueleto interno axial proteico passando por toda a haste da

    colnia. Muitos txons tambm possuem pequenos escleritos calcrios na mesoglia.

    As medusas so indivduas nadadores livres que geralmente tm formato de guarda-chuva. Toda a parte de

    cima, a superfcie aboral, chama-se umbrela. Os tentculos se posicionam em toda a volta da borda da umbrela (Figura

    25). A mesoglia espessa e gelatinosa, o que d a esses animais uma consistncia bem mole e aparncia translcida

    (por isso gua-viva). A cavidade digestiva ampla e acompanha a forma da umbrela com canais radiais que se

    estendem at a borda, prxima aos tentculos. A boca fica no centro da parte inferior da umbrela e pode ficar na ponta

    de uma extenso de tecido, como um tubo, chamado manbrio, ou envolta por compridos braos orais (Figura 25).

    Figura 25: Medusa com tentculos finos saindo da borda da umbrela e braos orais grandes no centro

    (Scyphozoa, fotografado na Paraba).

    As medusas nadam pelo movimento de toda a umbrela. Quando a umbrela se contrai, a gua expulsa para

    baixo, o que impulsiona o animal para cima. Ao se distender, a umbrela se abre e assim a gua entra novamente na parte

    inferior da umbrela. Com os movimentos rtmicos da umbrela, a medusa pode nadar, mas sempre de forma lenta, sendo

    a locomoo mais importante desses animais causada pelas correntes marinhas. Ou seja, elas so mais levadas pelo mar

    do que nadam para algum local especfico.

  • 3. ALIMENTAO

    A principal forma de alimentao dos cnidrios por predao. Podem comer desde peixes at protistas

    microscpicos. Para isso, usam os tentculos cheios de cnidas, que tm toxinas, para paralisar e matar a presa (Figura

    26). Em geral, os tentculos se enrolam na presa e, em seguida, ela levada boca e ingerida para a cavidade digestiva.

    As cnidas so estruturas celulares complexas formadas por um tbulo de colgeno enrolado. Elas so grandes,

    ocupando grande parte do volume da clula que a contm, o cnidcito. Os cnidcitos esto espalhados principalmente

    nos tentculos, mas podem ser encontrados em todas as partes do corpo dos cnidrios, inclusive na cavidade digestiva.

    Ao ser estimulado com um toque, as cnidas disparam, evertendo de forma violenta o seu tbulo longo. Elas so armadas

    com diversos espinhos e ganchos, que perfuram o tegumento de presas ou predadores, e contm toxinas que so

    inoculadas no adversrio pelo tbulo.

    Figura 26: Esquema mostrando o funcionamento de uma cnida. Em cima, em repouso dentro do cnidcito, no

    meio, o incio da abertura da cnida e, embaixo, a cnida completamente evertida dentro do tegumento de outro

    organismo.

    As toxinas das cnidas so de diferentes classes qumicas e podem subjugar presas bem grandes, como peixes,

    ou causar grande irritao e dor ao ser humano. As toxinas de algumas medusas podem causar at morte, como as das

    vespas-do-mar da Austrlia, pois so neurotoxinas poderosas que causam insuficincia respiratria e cardaca. Algumas

    anmonas das ilhas do Pacfico tambm podem causar a morte se ingeridas.

    Existem 30 tipos diferentes de cnidas, algumas com funes bem diferentes, como as adesivas (ao invs de

    serem perfuradoras), e algumas, por exemplo, servem para a construo de um tubo com funo de proteo em

    ceriantrios, uma espcie sssil. Mas a grande maioria tem a funo de ataque e defesa, pela inoculao de toxinas.

    Na cavidade digestiva, a digesto comea pela secreo de enzimas pelas clulas da gastroderme. Como essa

    cavidade geralmente ampla, principalmente nas medusas, o alimento distribudo por todo o corpo do animal, j

    servindo para uma funo de circulao do alimento e dos nutrientes (lembre-se que os cnidrios no tm sistema

    circulatrio!). Entretanto, parte da digesto termina dentro das clulas da gastroderme. Assim, quando o alimento est

    menor, ele fagocitado e pinocitado por essas clulas. Depois disso, os nutrientes s podem ser circulados pelo corpo

    atravs de trocas entre as clulas, que so bem limitadas se considerarmos um cnidrio de corpo grande.

    4. REPRODUO E OUTRAS FUNES VITAIS

    Quando se diz que um animal simples, estamos falando de poucos rgos ou sistemas especializados, apesar

    de existirem neles todas as funes vitais que um ser precisa para sobreviver. Os cnidrios no tm um sistema

    respiratrio, mas precisam do oxignio para sobreviver. Ento, ele simplesmente absorvido por difuso da gua para

    as clulas da gastroderme e da epiderme, em qualquer parte do corpo. claro que isso faz com que animais muito

    grandes e ativos, como algumas medusas, possam ter dificuldades. Isto compensado pela ampla cavidade digestiva

    que estende por toda a umbrela do animal atravs de canais. Por outro lado, no encontramos nenhum cnidrio com

    camadas celulares grossas, o que poderia impedir a difuso de oxignio e gs carbnico. No caso das espessas medusas,

    a mesoglia, que contm poucas clulas esparsas, que ocupa grande parte do corpo do animal.

    No caso das colnias grandes (Figura 27), como os corais, todos os seus indivduos se encontram interligados

    por estoles ou pelas hastes, o que faz que internamente toda a cavidade digestiva seja nica. Assim, nas colnias, como

  • as que possuem tipos diferentes de plipos, o alimento capturado por um deles ser levado para toda a colnia pela

    cavidade digestiva, inclusive para os plipos que sejam especializados em outras funes, como reproduo ou defesa.

    Figura 27: Colnia grande de antozorios do litoral paraibano.

    O mesmo ocorre com os compostos nitrogenados que so produtos secundrios do metabolismo, ou seja, a

    urina. A excreo tambm feita por difuso entre as clulas, at que as substncias nocivas ao animal sejam levadas

    para fora na gua do mar.

    A forma de reproduo mais comum entre os cnidrios a assexuada, atravs de brotamento de novos

    indivduos de indivduos paternais (Figura 29). Isso ocorre mais frequentemente com os plipos, sendo que as colnias

    so todas construdas a partir de poucos indivduos que vo se dividindo e multiplicando a colnia. No caso das

    colnias de hidrozorios, os novos plipos vo brotando a partir das hastes, enquanto que, nos corais, o indivduo sofre

    uma fisso longitudinal, produzindo dois indivduos.

    Nas espcies que possuem indivduos plipos e medusas, ocorre a alternncia de geraes, ou seja, os plipos

    produzem filhos medusas, e a medusas produzem filhos plipos. Nesse caso, os plipos do origem a novos indivduos

    medusas por fisso. As medusas so os indivduos sexuados: elas produzem gametas a partir da clula da gastroderme,

    sendo mais comum as espcies dioicas, ou seja, cada indivduo com um sexo. Os gametas so liberados pela boca na

    gua do mar. Quando se encontram, ou na coluna d'gua, ou na cavidade digestiva da fmea, ocorre a fecundao. O

    embrio se desenvolve em uma larva plnula que nada at se fixar em um substrato adequado e se desenvolver em um

    novo plipo.

    5. DIVERSIDADE E ECOLOGIA

    Os cnidrios so classificados em quatro classes: Hydrozoa, Scyphozoa, Cubozoa e Anthozoa.

    Os Hydrozoa so os mais diversificados, tendo a maioria de seus representantes como colnias de plipos de

    vrios tipos e formas diferentes, mas tambm espcies com medusas apenas (Figura 28). As colnias podem ser em

    forma de corais (hidrocorais), com esqueletos calcrios ou quitinosos fortes, ou em forma de rvore, com hastes

    cobertas de pequenos plipos (Figura 24), ou at colnias flutuantes, com diversos tipos de plipos com funes

    diferentes. Os exemplos mais conhecidos de colnia flutuante so as caravelas (Figura 30). A parte flutuante um nico

    indivduo plipo que possui uma bolsa de ar, especializado para manter a colnia na superfcie. Abaixo dele, existem

    inmeros plipos com funes diferentes: alguns possuem tentculos extremamente compridos e tm a funo de

    captura de presas, outros so responsveis pela reproduo, alguns s pela ingesto e digesto do alimento. Algumas

    dessas colnias podem ter mais de mil indivduos!

    Figura 28: Medusa de Hydrozoa.

  • Figura 29: Um plipo solitrio de Hydra, cnidrio de gua doce, sofrendo brotamento.

    Figura 30: Caravela, colnia de plipos flutuante no litoral paraibano.

    O cnidrio de gua doce mais conhecido, a hidra (gnero Hydra), um plipo solitrio que se locomove e

    tambm pertence a Hydrozoa (Figura 29). So bastante comuns em qualquer corpo de gua doce, principalmente os

    ambientes lnticos (de gua parada), como lagos e audes. So animais bem pequenos e tem uma reconhecida e

    impressionante capacidade de regenerao a partir de poucas clulas.

    Os Scyphozoa e os Cubozoa tm as maiores medusas entre os cnidrios e so a fase da vida mais importante

    destes animais, tendo plipos pequenos ou mesmo ausentes. As medusas de Scyphozoa, que so as guas-vivas mais

    conhecidas, geralmente possuem braos orais bem desenvolvidos e bastante ornamentados com pregas e dobras, muito

    maiores e conspcuos do que os tentculos (Figura 25). comum essas guas-vivas apresentarem pigmentos que

    deixam estes animais com coloraes belssimas. Elas tambm apresentam clulas sensoriais especializadas na borda da

    umbrela, que so capazes de sentir estmulos mecnicos, como a aproximao de outro animal, qumicos, e at de

    recepo de luz, como pequenos olhos primitivos.

    Os Anthozoa s tm representates plipos, sendo as medusas ausentes da classe (Figura 31). Alguns

    representantes bem conhecidos so as anmonas, que so plipos de vida livre, e os corais-verdadeiros, que so grandes

    colnias recheadas de espessos esqueletos calcrios, chegando a formar recifes inteiros. Alguns representantes so

    colnias arborescentes, como as gorgnias, que chegam a ter galhos grandes, de vrios metros.

    Figura 31: Anthozoa do litoral paraibano.

    Na zona tropical, os corais so muito comuns e em muitas regies formam barreiras inteiras de recifes,

    formadas por uma grande diversidade de espcies de cnidrios coloniais. As colnias formam esqueletos to rgidos e

  • espessos como paredes e seu crescimento durante milhares de anos faz com que eles se acumulem e formem recifes.

    Eles so ambientes que fornecem abrigo e alimento para uma grande diversidade de peixes, poliquetos, moluscos,

    vermes e todos os tipos de animais e algas marinhas, sendo os recifes, portanto, os ecossistemas mais diversificados dos

    mares. A Grande Barreira da Austrlia o maior recife do mundo, ocupando uma extenso de mais de 2000 km, e

    formado principalmente pelos corais. Os nossos recifes, que se estendem na frente de todo litoral paraibano e muitos

    outros estados do nordeste, so primariamente formaes geolgicas de arenito cobertas superficialmente por corais e

    outros construtores biolgicos, como algas calcreas e poliquetos ssseis que constrem paredes de areia (Figura 32).

    Uma visita ao Picozinho uma tima oportunidade para se conhecer os nossos recifes de perto e sua diversidade,

    apesar do grande impacto que esse turismo dirio causa a ele.

    Figura 32: Coral do litoral paraibano.

    A maioria dos corais e vrios outros cnidrios, coloniais e solitrios, vivem em simbiose com uma diversidade

    de protistas fotossintetizantes, as zooxantelas. Estes protistas vivem dentro dos cnidrios, realizando fotossntese e,

    assim, fornecendo energia aos animais. Por outro lado, estes endossimbiontes vivem se aproveitando dos nutrientes, do

    oxignio e da proteo dos cnidrios. Nos corais, eles ajudam quimicamente a produo do calcrio que vai formar os

    recifes. Acredita-se que os recifes, na verdade, atingiram sua importncia atual pela participao coevolutiva das

    zooxantelas. Por isso, os corais s conseguem viver prximos superfcie, onde haja grande quantidade de luz do sol.

    Acredita-se que, com o aquecimento global causado pelo efeito estufa, as zooxantelas tenham uma reduo drstica em

    nvel mundial. Com isso, os corais sero afetados, reduzindo-se os recifes e, ento, reduzindo em quantidade os

    ecossistemas mais diversificados do bioma marinho. Essa reduo pode ser catastrfica para a diversidade dos mares e,

    portanto, para o futuro do planeta.

    Quadro de diagnose:

    - Animais diblsticos, com uma epiderme e uma gastroderme em camada simples, com uma mesoglia entre elas;

    - Simetria radial, com modificaes para birradial, quadrirradial, entre outras;

    - Eixo corporal oral-aboral;

    - Presena de cnidas, estruturas celulares urticantes com funes na predao, defesa, entre outras;

    - Clulas epiteliomusculares com funo nos movimentos do corpo;

    - Rede nervosa simples;

    - No possuem estruturas nem rgos para respirao, excreo ou circulao, nem sistema nervoso

    central;

    - Dois tipos morfolgicos: plipos e medusas;

    - Mais de 11000 espcies descritas.

    6. FILO CTENOPHORA

    Os ctenforos so animais marinhos planctnicos, ou seja, que vivem deriva na coluna d'gua. Eles se

    assemelham bastante com as medusas dos cnidrios por serem gelatinosos e translcidos. O plano bsico do corpo

    tambm parecido com o dos cnidrios, com a diferena de que possuem uma camada completamente celular entre a

    epiderme e a gastroderme, o mesnquima (ao invs de uma mesoglia) e possuem poros anais, pequenas sadas do

    tubo digestivo, no lado oposto da boca.

  • Em geral, tm um formato oval, contm oito fileiras longitudinais de clios no corpo (estes so os ctenos =

    pentes; phora = portador) e dois longos tentculos adesivos que saem do lado do corpo. Os ctenforos usam estes

    tentculos para predar uma grande variedade de animais e protistas planctnicos.

    Eles podem ser encontrados na praia, sendo carregado pelas ondas e muitas vezes seus clios so iridescentes,

    fazendo sua chegada um belo espetculo, ainda mais quando esto em grande abundncia.

    PLATYHELMINTES, OS VERMES CHATOS

    Os platelmintos so animais vermiformes comuns que vivem no mar, gua doce e em ambientes terrestres

    midos. O filo tem importantes representantes parasitas de outros animais, como as solitrias (Taenia) e o Schistosoma,

    que causam doenas comuns no Brasil. Os de vida livre so chamados normalmente de planrias, podendo ser aquticas

    ou animais que vivem nas florestas, de todos os tamanhos e algumas extremamente coloridas.

    Esses animais so pertencentes ao grande clado Bilateria, que incluem os vermes, os insetos, os moluscos e os

    vertebrados (ns tambm!), por exemplo. A condio bilateral permitiu a imensa diversificao dos animais, com

    aproximadamente um milho de espcies viventes. Com a simetria bilateral, os animais comearam a se locomover para

    frente o que ocasionou, evolutivamente, a aquisio da cabea, to importante em animais mais complexos.

    Eles possuem um tubo digestivo complexo, mas possuem apenas boca, sem nus. Possuem estruturas

    especializadas para excreo e reproduo, assim como um sistema nervoso central e cefalizao (estruturas sensoriais e

    gnglio na frente) e tecidos musculares formando feixes.

    Todos animais bilaterais (do clado Bilateria) tambm so triblsticos, ou seja, tm ectoderme e endoderme

    (como os Cnidaria), mas tambm uma mesoderme, ou seja, um tecido entre a ectoderme e a endoderme. Os platelmintos

    tm um plano bsico bem parecido com o do ancestral de todos os Bilateria, apesar de muito deles terem se modificado

    bastante evolutivamente, principalmente os parasitas.

    1. PLANO BSICO

    A simetria bilateral, o animal se locomove em direo anterior, ou seja, uma locomoo unidirecional,

    fazendo-se necessrio que as estruturas sensoriais estejam nesta extremidade, ou seja, no local do corpo onde o

    indivduo encontra os fatores ambientais, como uma substncia qumica dissolvida na gua ou um outro animal.

    2. LOCOMOO E FIXAO

    Os platelmintos tm muitos clios em suas clulas epidrmicas, principalmente na face ventral do corpo. Nos

    animais de vida livre, os movimentos sincronizados desses clios permitem que eles deslizem sobre o substrato. Em

    conjunto com os clios, a face ventral apresenta vrios sulcos no tegumento, fazendo com que pequenos movimentos

    musculares auxiliem no rastejamento do animal. Como esses vermes no possuem esqueleto, seu tegumento est

    desprotegido, o que faria com que gros de areia ou outras partculas ferissem o animal. Isso no ocorre porque todos os

    platelmintos produzem uma grande quantidade de muco nas clulas epidrmicas que secretado para fora, o que os

    protege fisicamente e quimicamente. Nos animais de vida livre, este muco garante o deslizamento do animal at em

    terrenos bem secos.

    Os parasitas, em geral, se locomovem muito pouco, ficando fixos nas paredes de algum outro animal. Muitos,

    por exemplo, se fixam nas paredes internas do intestino do hospedeiro, absorvendo os nutrientes digeridos, ou ento

    sugando o sangue dos vasos sanguneos mais prximos. Para isso, algumas espcies usam espinhos para se agarrar nas

    paredes do hospedeiro, algumas usam ventosas, ou seja, expanses circulares de tegumento que funcionam como um

    desentupidor de pia. Alguns tipos de ventosas esto em volta da boca, j servindo como estruturas que auxiliam na

    alimentao tambm. Estas estruturas de fixao se localizam nas extremidades anterior e posterior do corpo desses

    parasitas.

    3. ALIMENTAO E OUTRAS FUNES VITAIS

    A maioria dos platelmintos so carnvoros, podendo ser predadores, necrfagos (que se alimentam de carne

    morta) ou parasitas. Os animais de vida livre normalmente tm na entrada da boca uma faringe que pode ser evertida.

    Ela simplesmente uma dobra da ectoderme que fica para dentro da boca e evertida, como um pequeno tubo, para

    atacar alguma presa ou para sugar o alimento. Alguns predadores chegam a ter ganchos duros associados faringe. Para

  • auxiliar a predao, alguns txons usam o muco para prender a presa, j que preciso compensar, de alguma forma, a

    baixa mobilidade desses animais.

    Em geral, a digesto comea do lado de fora do corpo. O animal secreta enzimas digestivas sobre a presa ou

    matria morta que vai comer e, ento, suga o alimento para o intestino, onde continua a digesto. O intestino dos

    platelmintos muito ramificado e est espalhado por quase todo seu corpo. Um intestino to desenvolvido quase

    necessrio para os Platyhelminthes, j que eles no possuem sistema circulatrio. Assim, os cecos (ramos do intestino)

    leva nutrientes e gua para todas as partes do corpo, sendo que uma parte difundida pelas clulas.

    Os restos alimentares so excretados pela boca, pois eles no possuem nus. Este uma condio primitiva

    entre os Eumetazoa, mantido apenas em Cnidaria e Platyhelminthes. Os outros Bilateria possuem uma boca e um nus

    como plano bsico.

    Eles no possuem um sistema respiratrio, ento o oxignio absorvido diretamente pelo tegumento e

    difundido pelos tecidos. Dessa forma, um platelminto no pode ser grande, pois dificultaria muito a chegada de

    oxignio aos tecidos mais internos. Por essa razo que muito deles tm um formato achatado, pois, com esta forma, a

    superfcie de absoro fica aumentada em relao ao volume do animal.

    Os Platyhelminthes excretam compostos nitrogenados (urina) e excesso de gua, uma necessidade dos que

    vivem principalmente na gua doce, atravs de pequenas estruturas chamadas protonefrdios. A maioria dos Bilateria

    tm nefrdios e os platelmintos tm um proto, pois muito mais simples do que dos outros animais. Ele composto

    por pequenos bulbos espalhadas em disposio longitudinal e bilateral pelo corpo. Os bulbos so as clulas-flama, que

    so flageladas e ficam se mexendo o tempo todo, como a chama de uma fogueira (por isso o nome). Elas absorvem do

    mesnquima principalmente o excesso de gua, ou seja, elas tm uma funo osmorregulatria, mas tambm absorve

    amnia, produto nitrogenado secundrio do metabolismo (urina). Estas substncias so levadas por longos tbulos

    interligando todos os protonefrdios at o nefridiporo (o poro do nefrdio) que se abre para o ambiente externo. Boa

    parte da amnia tambm excretada por difuso pela parede do corpo.

    O sistema nervoso dos platelmintos formado por cordes nervosos longitudinais principais, podendo ter um

    par ventral, um dorsal e um lateral. Algumas espcies tm um padro em escada com cordes transversais ligando os

    principais longitudinais. A partir destes cordes, se ramificam vrios pequenos nervos por todo o corpo do animal. Na

    parte anterior, os cordes se ligam a um gnglio principal que processa os estmulos ambientais recebidos pelo

    indivduo. Nesta poro, os platelmintos de vida livre apresentam uma variedade de estruturas sensoriais, como ocelos,

    quimiorreceptores, mecanorreceptores, estatocistos (para se orientarem em relao gravidade), entre outros.

    4. REPRODUO

    Eles podem se reproduzir assexuadamente e sexuadamente. A capacidade de regenerao de um platelminto

    muito grande, sendo possvel se cortar uma planria em pedaos que ela se regenerar em vrios novos indivduos.

    Muitos animais de vida livre se reproduzem desta forma, por brotamento ou fisso transversal do indivduo paternal.

    Para a reproduo sexuada, os indivduos possuem gnadas bem desenvolvidas, em alguns deles, ocupando

    boa parte do corpo do animal. Os platelmintos so, em geral, hermafroditas, ou seja, tm testculos e ovrios bem

    desenvolvidos, com aberturas prprias, mas existem algumas espcies diicas (p.ex., Schistosoma mansoni). Os

    hermafroditas fazem fertilizao cruzada, um indivduo deposita esperma no gonporo feminino do outro, muitas das

    espcies utilizando orgos copuladores, o cirro, para tal fim.

    O desenvolvimento inicial ocorre no tero, parte mais ampla do sistema reprodutivo feminino, que forma ovos.

    Muitas espcies depositam os ovos no ambiente, onde ocorre o resto do desenvolvimento, algumas liberam larvas

    natantes de vida livre que passam por uma metamorofose at atingir a fase adulta. Uma grande diversidade de parasitas

    passam por complexos ciclos de vida, alternando fases sexuadas e assexuadas. Alguns possuem fases de vida muito

    diferentes, com morfologias, formas de locomoo e tamanhos diversos, dependendo do hospedeiro (nos casos dos

    parasitas que tem mais de um hospedeiro, como as solitrias) ou se tm alguma fase de vida livre.

    5. DIVERSIDADE E ECOLOGIA

    O Filo Platyhelminthes podem ser divididos em quatro classes: Turbellaria, Monogenea, Trematoda e Cestoda.

    Os turbelrios so primariamente os platelmintos de vida livre, apresentando algumas poucas espcies parasitas

    ou simbiontes. a nica classe que possui representantes terrestres, as planrias (Figura 33), que normalmente so

    bastante coloridas e grandes (podendo chegar a 20 centmetros de comprimento) de uma forma surpreendente, j que

    quanto maior o tamanho, mais fcil um animal desseca, alm do que ela precisa respirar e circular nutrientes dentro do

    corpo sem rgos especializados para isso.

  • Figura 33: Uma planria terrestre fotografada em uma floresta na Paraba.

    Entretanto, a maioria dos turbelrios so marinhos e de gua doce e de tamanhos microscpicos, vivendo em

    uma grande variedade de micro hbitats, desde o interstcio (entre gros de areia) at animais pelgicos (vivem na

    coluna d'gua) (Figura 34). Os que mais chamam ateno so os grandes turbelrios marinhos bentnicos (vivem no

    fundo) da ordem Polycladida, que so capazes de nadar com movimentos ondulatrios das bordas laterais do corpo e

    apresentam coloraes variadas e impressionantes. As planrias de gua doce so as mais conhecidas por estudantes de

    biologia e do ensino mdio, pois so muito comuns em qualquer lago ou at em poas d'gua e so usadas

    frequentemente nos experimentos simples de regenerao. Tm uma aparncia bastante peculiar, com seus ocelos que

    se parecem olhinhos vesgos e sua extremidade anterior em formato losangular.

    Figura 34: Planrias de gua doce com ocelos e expanses laterais anteriores.

    As outras trs classes so formadas por espcies parasitas, a grande maioria endoparasitas de vertebrados,

    principalmente de peixes. Em geral, ficam fixos na parede intestinal de seu hospedeiro, mas tambm comum os que

    ficam soltos na circulao sangunea do hospedeiro. Existe uma variedade muito grande de ciclos de vida entre eles.

    Desde animais com um nico hospedeiro, at a trs hospedeiros diferentes. Nestes casos, so fases de vida diferentes

    vivendo em cada hospedeiro, umas podendo ser fixas no intestino, algumas a passarem por diversos rgos do

    hospedeiro e outras apenas serem depositrias de ovos do parasita. considerado hospedeiro definitivo aquele onde

    ocorre a reproduo sexuada do platelminto. Algumas espcies so parasitas comuns de seres humanos, como as

    espcies de Schistosoma e as solitrias (Taenia), das quais veremos os ciclos de vida com maiores detalhes no tpico

    abaixo.

    Quadro de diagnose:

    - Animais vermiformes achatados dorso-ventralmente;

    - Triblsticos, bilaterais, cefalizados, sem cavidade interna, exceto o tubo digestivo;

    - Tubo digestivo incompleto, mas bem desenvolvido, com boca e sem nus;

    - Sistema nervoso com gnglios anteriores e cordes nervosos longitudinais, ligados por menores

    trasversais;

  • - Presena de estruturas excretoras simples, os protonefrdios;

    - Musculatura em camadas, de origem mesodrmica;

    - Representantes marinhos, de gua doce e terrestres, de vida livre e parasitas;

    - Mais de 20.000 espcies.

    VERMES BLASTOCELOMADOS: FILO NEMATODA E OUTROS

    Para alm dos platelmintos, vistos na unidade anterior, existem mais de dez filos de animais que podemos

    chamar de vermes. Vrios deles possuem uma cavidade interna entre o tubo digestivo e os tecidos mais externos, ao

    contrrio dos platelmintos que no tm cavidade alguma. Esta cavidade o blastoceloma, um espao interno que todos

    os embries de Eumetazoa possuem no comeo do desenvolvimento, mas que se mantm na fase adulta apenas nesses

    vermes blastocelomados.

    Uma cavidade no corpo do animal preenchida por fluidos importante por diversas razes: funciona como

    esqueleto hidrosttico, como espao para circulao, como forma de uso em estruturas que se movem por presso, como

    espao para o desenvolvimento de rgos, entre outras funes. Alm dos blastocelomados, a maioria dos txons

    animais possuem uma cavidade interna, o celoma, como as minhocas, os insetos, os vertebrados e os moluscos.

    Acredita-se que o aparecimento do celoma no ancestral destes animais tenha ajudado no grande sucesso evolutivo e

    diversificao existente nos dias de hoje.

    O principal filo dos vermes blastocelomados Nematoda, que contm alguns animais comuns, como as

    lombrigas (Figura 36). Na verdade, eles so to comuns que existem indivduos nematdeos microscpicos sobre quase

    todas as superfcies nossa volta (Figura 37), incluindo ns mesmos. Talvez eles sejam os animais mais abundantes do

    planeta, vivendo em quase todos os ambientes marinhos, terrestres e de gua doce. Os mais conhecidos so os parasitas,

    como a j citada lombriga, que causam doenas comuns como amarelo, bicho geogrfico, elefantase, oxiurase, entre

    outras.

    Figura 36: Lombriga (Nematoda).

    1. NEMATODA

    1.1. PLANO BSICO

    Os nematdeos so vermes cilndricos, de simetria bilateral e que apresentam cefalizao,pela presena de

    gnglio e orgos sensoriais. Eles tm boca e nus, portanto, um tubo digestivo completo.

    O tegumento coberto completamente por uma cutcula com vrias camadas acima da primeira camada de

    clulas da epiderme. Essas camadas apresentam fibras de colgeno e protenas que ficam dispostas em diferentes

    direes, o que d a elas uma grande resistncia. Isso permite que o animal consiga sobreviver em ambientes hostis

    como a terra seca e o intestino de um hospedeiro. Durante o seu crescimento, o animal troca de cutcula quatro vezes,

    um processo que se chama muda. A cutcula muito diversificada nas espcies de Nematoda, desde lisa, como a da

    lombriga, at com ornamentos variados, de setas compridas a sulcos e dobras.

    A epiderme formada pela ectoderme. Logo abaixo est a musculatura, formada pela mesoderme (lembre-se

    que ele triblstico), que forma as paredes externas do blastoceloma. A parede de dentro o tubo digestivo que foi

    formado pela endoderme. Quando o embrio sofre a gastrulao, que forma a endoderme e o tubo digestivo, ele oco,

  • apenas com uma camada externa de clulas. Esta a fase de blstula e a cavidade chama-se blastocele. Aps o embrio

    se desenvolver, esta cavidade persiste como o blastoceloma. Ela preenchida por um fluido com muitas substncias

    diludas em gua, como protenas, sais, amnia e acares, por exemplo, onde esto submersos orgos como os sistemas

    reprodutor e o excretor.

    Os Nematoda no tm estruturas respiratrias ou circulatrias, apesar do blastoceloma cumprir em parte estas

    funes. As trocas gasosas ocorrem por difuso pelas clulas do tegumento.

    1.2. ALIMENTAO E OUTRAS FUNES VITAIS

    Existem as mais variadas formas de alimentao entre os Nematoda: comedores de depsitos marinhos,

    detritvoros, predadores, entre outros, sendo o parasitismo de animais e plantas muito comum. A boca tem estruturas

    variadas relacionadas a forma de alimentao, como estiletes para predar, papilas, cerdas, ganchos, mandbulas, etc.,

    dispostas radialmente em volta dela. A faringe tem uma mobilidade razovel, podendo servir para protrair estruturas e

    sugar lquidos.

    Figura 37: Nematoda de vida livre do solo.

    Possuem um sistema excretor simples formado por duas a trs clulas muito grandes imersas no blastoceloma,

    as clulas renete. Elas absorvem amnia e principalmente excesso de gua (funo osmorregulatria) do blastoceloma e

    excreta para o meio externo por um poro prprio. Muita amnia tambm sai por difuso do organismo.

    O sistema nervoso formado principalmente por um cordo nervoso longitudinal ventral e outro menor dorsal,

    interligados por uma srie de nervos laterais e transversais que variam nos txons. Na parte anterior do corpo, existe um

    anel nervoso em volta do tubo digestivo e um gnglio ceflico principal, alm de vrios outros gnglios menores. A

    tambm ocorrem quimiorreceptores especializados e cerdas e papilas variadas com funo ttil.

    Os Nematoda apresentam apenas musculatura longitudinal com clulas dispostas homogeneamente na parede

    do blastoceloma. Por isso, eles apenas fazem movimentos ondulatrios, como os de um chicote. Com a ajuda de cerdas,

    espinhos e estrias e a fora do esqueleto hidrosttico do fluido do blastoceloma (pense em um balo cheio de gua), eles

    se locomovem sobre substrato slido e nadam.

    Quadro de diagnose:

    - Vermes cilndricos, triblsticos, bilaterais, cefalizados e com uma cavidade interna, o blastoceloma;

    - Presena de uma cutcula com vrias camadas recobrindo todo o corpo, que trocada algumas vezes durante o

    desenvolvimento, o processo de muda;

    - Tubo digestivo completo, com boca, envolta por estruturas complexas, e nus;

    - Sistema nervoso com cordo ventral e dorsal, alm de vrios outros menores, gnglios e estruturas sensoriais

    anteriores;

    - Musculatura longitudinal de origem mesodrmica revestindo o blastoceloma;

    - Sistema excretor simples de clulas renete;

    - Espcies diicas, com sistema reprodutor complexo;

    - Representantes marinhos, de gua doce e terrestres, de vida livre e parasitas de plantas e animais;

  • - Provavelmente, os animais mais abundantes da Terra, presentes em quase todas as superfcies;

    - Mais de 25.000 espcies descritas.

    2. FILO ROTIFERA

    Os rotferos so vermes microscpicos muito comuns na gua doce e no mar, podendo ser encontrados em

    pequenas poas d'gua ou em solos midos de florestas (Figura 39). Eles possuem coroas ciliares na extremidade

    anterior, que batem de forma sincronizada, que se assemelham a rodas girando rapidamente (da o nome do filo), que

    servem para a natao. Esses animais tm o plano bsico muito parecido com os dos Nematoda, exceto pela coroa e

    uma mandbula interna que serve para triturar o alimento.

    Tm formas variadas de alimentao, incluindo detritivoria, filtrao da gua, predao, entre outras. Pela sua

    abundncia e diversidade, so importantes representantes de diversos ecossistemas aquticos.

    Os representantes deste filo possuem uma caracterstica impressionante, compartilhada por algumas espcies

    de Nematoda: suas espcies possuem um nmero fixo de clulas que no muda aps atingir a fase adulta.

    Figura 39: Representante de Rotifera.

    3. OUTROS FILOS DE BLASTOCELOMADOS

    Existem vrios outros filos de vermes blastocelomados de menor importncia ecolgica e em diversidade, cada

    um deles com caractersticas prprias, apesar de manterem o plano bsico blastocelomado semelhante ao dos

    Nematoda. Alguns se diferenciam pela presena de variados e grandes espinhos, cerdas, carapaas e ornamentaes

    cuticulares, como Loricifera (Figura 40), Gastrotricha e Kinorhyncha.

    Figura 40: Loricifera.

    Os Priapula apresentam uma probscide eversvel e so animais marinhos que podem ser grandes, atingindo

    at 20 centmetros de comprimento. Os Nematomorpha tm tubo digestivo reduzido, absorvendo alimento pelo

    tegumento. Os Acantocephala so parasitas de intestinos de vertebrados, principalmente peixes. Gnatosthomulida

    formado por microscpicos vermes intersticiais e Cycliophora foi descoberto em 1995 como comensais em pernas de

    crustceos decpodes.

    4. FILO NEMERTEA

  • Os nemertinos so vermes predominantemente marinhos, mas com representantes de gua doce e terrestres.

    So triblsticos, bilaterais com sistema nervoso, protonefrdios e estruturas sensoriais bem parecidas com os dos

    platelmintos. Mas possuem um tubo digestivo completo, com nus, sistema circulatrio fechado e uma cavidade interna

    diferente, a rincocele, que guarda a probscide eversvel. Eles usam esta estrutura para a captura de presas quando a

    everte de dentro da boca com foras musculares e hidrostticas.

    Esses animais so principalmente bentnicos marinhos (vivem no fundo) e podem atingir tamanhos bem

    grandes, com registros de animais de 60 metros de comprimento! Muitas espcies so muito coloridas tambm.

    A quantidade de caractersticas derivadas, como o sistema circulatrio fechado, a musculatura em vrias

    camadas e a rincocele faz alguns pesquisadores acreditarem que este filo seja celomado. Por outro lado eles tm

    caracteres semelhantes a platelmintos. A nica certeza que este filo mais uma demonstrao da espetacular

    diversificao e histria evolutiva dos animais, especialmente dos invertebrados. A quantidade, a diversidade e

    importncia ecolgica dos vermes impressionante e o que h ainda para se descobrir est alm da nossa imaginao.

    FILO MOLLUSCA

    1.1 CARACTERES GERAIS DOS MOLLUSCA

    Os moluscos so animais celomados no deuterostomados, tais como ostras, mexilhes, caramujos, lulas e

    polvos (Fig. 1). So animais muito conhecidos, pois, alm de serem economicamente importantes, so muito

    abundantes, habitando ambientes terrestres e aquticos, tanto marinhos como de gua doce. Constituem, portanto, um

    grupo muito bem sucedido na natureza. Ocupam vrios ambientes e exibem hbitos de vida bastante diversificados. Os

    bivalves, que vivem na gua do mar ou dos rios e lagos, podem viver fixos ou enterrados. Muitos podem perfurar rochas

    e substratos duros. Alguns, como os Pecten, podem deslocar-se fechando rapidamente a concha, expulsando a gua do

    seu interior em jato, dessa forma, o animal move-se no sentido oposto ao do jato da gua.

    Figura 1 - Diversidade de Mollusca.

    Os moluscos so celomados. A cavidade delimitada pela mesoderme dos sacos celomticos o celoma, que

    uma cavidade secundria dos moluscos. Em consequncia do desenvolvimento de um macio e musculoso parnquima,

    o celoma dos moluscos restringe-se, em geral, a um espao que encerra as gnadas e o corao; na maioria dos casos

    sobra como resto do celoma s a parte que circunda o corao, isto , o pericrdio. So animais esquizocelomados,

    protostmios e dotados de simetria bilateral. Tem corpo mole (da o nome do grupo, mollis = mole) que pode ou no

    estar recoberto por concha calcria.

    A concha (Fig. 2) consiste de uma camada orgnica externa (peristraco) e de camadas predominantemente

    calcrias subjacentes, das quais a mais interna pode ter a natureza de uma camada madreprola. O crescimento em

    espessura da concha d-se em toda regio do manto, enquanto que o crescimento em extenso s ocorre ao longo do

    bordo do manto; a concha pode deslocar-se secundariamente para o interior do corpo e sofrer uma reduo quase total.

  • A pele dos moluscos, uma regio no coberta pela concha, muitas vezes provida de um revestimento ciliar e

    muito rica em clulas glandulares, cujas secrees tornam o tegumento mido e mole. O exoesqueleto durssimo

    (concha) que apareceu nos moluscos durante a evoluo, desempenha vrias funes: confere resistncia ao organismo;

    permite que o corpo se sustente contra a ao da gravidade; serve como ponto de insero dos msculos; protege contra

    a dessecao e representa uma armadura que protege o animal dos predadores. Portanto, o aparecimento do

    exoesqueleto resolveu muitos problemas da sobrevivncia no meio terrestre.

    Figura 2 - Concha de Mollusca.

    1.2 ANATOMIA

    Embora entre os moluscos haja uma grande diversidade de formas, eles so constitudos por trs partes:

    cabea, p e massa visceral (Figs. 3 e 4).

    Figura 3 - Anatomia interna de Mollusca.

    Figura 4 - Esquema geral de um molusco.

  • -Cabea aloja os gnglios cerebrides, portadora dos rgos dos sentidos (tentculos e olhos) e inclui a abertura bucal.

    -P representa a regio ventral da massa visceral, particularmente musculosa, forte, e muitas vezes prolongada.

    -Massa visceral uma volumosa protuberncia da regio dorsal, que aloja a maioria dos rgos.

    Alm disso, h uma regio da pele que secreta a concha e cobre a massa visceral denominada manto (ou plio);

    o manto desenvolve uma dobra saliente (prega do manto), que forma o teto de um sulco ou de uma cavidade

    denominada palial, onde esto localizados os rgos respiratrios.

    Essas partes bsicas variam quanto forma e funo dentro do filo, por exemplo: em animais terrestres, como

    o caramujo (tambm denominados caracis), que exploram o ambiente procura de alimento, a cabea, sede dos rgos

    sensoriais, bastante desenvolvida, bem como a musculatura do p, que permite a movimentao do animal. A massa

    visceral, em um caramujo de jardim, reduzida em relao ao resto do corpo. Em animais como os mexilhes, que

    vivem no mar e filtram seu alimento da gua circundante, a cabea muito reduzida, bem como o p, sendo a maior

    parte do corpo constituda pela massa visceral. Essas modificaes refletem adaptao aos diversos ambientes e aos

    hbitos de vida adotados pelos moluscos.

    1.3 SISTEMA NERVOSO

    A maioria dos moluscos tem dois gnglios cerebrides na regio da cabea que controlam a maioria das

    atividades corporais. Na regio dorsal, existem os gnglios viscerais que controlam as vsceras, e na regio ventral, os

    gnglios pedais, que controlam as atividades do p ventral. Na classe Cephalopoda, os gnglios cerebrides formam um

    verdadeiro crebro que controla todas as atividades corporais.

    A configurao do sistema nervoso central muito caracterstica. Dos gnglios cerebrides, situados por cima

    da faringe, partem para trs dois pares de cordes: os cordes pedlicos (ventralmente) e os cordes pleuroviscerais

    (lateralmente). Quanto aos rgos do sentido encontra-se com regularidade os olhos, estatocistos e um tipo especial de

    rgos olfativos instalados na cmara palial.

    Os olhos so habitualmente estruturas simples, com a forma de fossetas ou vesculas, porm atingem um alto

    grau de diferenciao nos representantes da classe cefalpodes.

    1.4 SISTEMA RESPIRATRIO

    Os moluscos possuem respirao branquial; as brnquias apresentam forma caracterstica e so denominadas

    ctendios; consistem de um septo mediano e de lamelas triangulares, que se inserem em um ou em ambos os lados do

    septo. Nos moluscos que passaram para a vida terrestre, os ctendios so substitudos pelo pulmo; constitudo por um

    sistema de vasos sanguneos muito ramificados e que se espalham no teto da cmara palial.

    As classes mais representativas do filo Mollusca so: Bivalvia (= Pelecypoda), Gastropoda e Cephalopoda. Os

    bivalves (ostras, mexilhes etc.) so dotados de concha externa com duas valvas. Os gastrpodes tm uma concha

    externa nica (espiralada) e os cefalpodes tem concha interna ("pena") ou no tem concha.

    1.5 SISTEMA DIGESTRIO

    A parte anterior do tubo digestrio dos moluscos diferencia-se em uma faringe musculosa, cuja parede basal

    segrega uma lmina quitinosa, denominada rdula, portadora de dentculos dirigidos para trs e prpria para raspar os

    alimentos maneira de uma lima; um rgo exclusivo dos moluscos. O intestino mdio dotado de uma glndula

    digestiva (fgado), composta de numerosos tubos glandulares; o nus abre-se na cavidade palial.

    O alimento cai na boca onde tem a rdula (Fig. 5), cuja funo a raspagem do alimento. Nem todos os

    moluscos possuem a rdula, na classe Bivalvia no existe a rdula, pois so filtradores. Da boca o alimento passa para

    faringe que possui uma glndula salivar, em sua poro posterior, que produz secrees lanadas no interior do sistema

    digestrio. Nos moluscos predadores, a glndula salivar produz substncias que paralisam as presas. Da faringe o

    alimento passa para o papo, onde armazenado e amolecido. Do papo o alimento passa para o estmago, local em que o

    hepatopncreas e o fgado liberam secrees que promovem a digesto qumica dos alimentos. Nos bivalves, existe o

    estilete cristalino que armazena enzimas digestivas, produzidas nos cecos intestinais, que so liberadas durante a

    digesto qumica no estmago. Do estmago as partculas passam para o intestino onde ocorre absoro com digesto

    intracelular. Nos cefalpodes a digesto apenas extracelular.

  • Figura 5 - Microfotografia de uma rdula de molusco.

    1.6 SISTEMA CARDIOVASCULAR

    O sistema cardiovascular, apesar do desenvolvimento das artrias, veias e capilares, sempre aberto (exceto

    nos cefalpodes), comunicando-se com lacunas sanguneas situadas entre vrios rgos. O corao dos moluscos tem

    posio dorsal, saquiliforme e recebe o sangue proveniente dos rgos respiratrios por intermdio de veias; compe-

    se de um ventrculo e um nmero de aurcula que varia com o nmero das brnquias. O sangue azul pela presena da

    hemocianina, que um pigmento respiratrio rico em cobre.

    Nos gastrpodes e nos bivalves a circulao aberta ou lacunar. O corao dorsal, com uma ou duas

    cavidades, bombeia o sangue at as lacunas que esto entre os tecidos; das lacunas ocorre a distribuio dos nutrientes

    para os tecidos. Se o molusco for aqutico, o sangue passa das lacunas para a brnquia onde oxigenado. Se for

    terrestre, o sangue oxigenado nos pulmes; da brnquia ou do pulmo o sangue retorna para o corao, sendo

    bombeado novamente para as lacunas. Nos cefalpodes a circulao fechada. Este o grupo mais evoludo com o

    corao formado por trs cavidades: duas aurculas e um ventrculo. O corao bombeia o sangue diretamente para os

    tecidos; dos tecidos o sangue passa para o corao branquial; deste o sangue passa para as brnquias onde oxigenado;

    das brnquias o sangue retorna para o corao, sendo bombeado novamente para os tecidos.

    1.7 SISTEMA URINRIO

    Os rgos excretores so metanefrdios transformados (na maioria um par), iniciam com uma abertura

    (nefrostmio) no pericrdio e os canais de sada dilatam-se em sacos e desguam na cavidade palial. A excreo dos

    moluscos feita por um conjunto de metanefrdios que se unem para formar um ou dois rins esponjosos, que retiram

    excretas da cavidade pericrdica. Nos moluscos aquticos o excreta principal a amnia, enquanto nos terrestres a

    ureia.

    1.9 CLASSIFICAO

    Existem dez classes de moluscos, oito com espcies viventes e duas que s so conhecidas atravs de fsseis.

    Essas classes contm as mais de 50000 espcies de moluscos: Caudofoveata (habitantes de guas profundas; 70

    espcies conhecidas); Aplacophora (parecidos com minhocas; 250 espcies); Polyplacophora (cabea pequena, sem

    tentculos nem olhos; 600 espcies); Monoplacophora (habitantes de fundos ocenicos; 11 espcies); Bivalvia (ostras,

    amijoas, mexilhes, conquilhas etc.; 10000 espcies); Scaphopoda (concha carbonatada aberta dos dois lados; 350

    espcies, todas marinhas); Gastropoda (corpo protegido por concha e cabea bem definida; entre 40000 e 50000

    espcies); Cephalopoda (lula, polvo, nautilus; 786 espcies, todas marinhas); Rostroconchia (provveis ancestrais dos

    bivalves; cerca de 1000 espcies); Helcionelloida (fsseis; parecidos com caracis).

    Figura 6 - Ostra com prola em seu interior.

  • Figura 7 - Cultivo de ostras.

    1.9.1 CLASSE CAUDOFOVEATA

    uma classe pequena do filo Mollusca. So vermiformes, cilndricos e sem concha. Habitam guas profundas,

    enterrados no sedimento. No possuem p nem estruturas sensoriais como tentculos, olhos e estatocistos. Conhecem-se

    cerca de 70 espcies.

    1.9.2 CLASSE APLACOPHORA (A = SEM; PLACO = VALVAS; PHORA = PORTADOR)

    Existem cerca de 250 espcies. Tm espculas calcrias e carecem de olhos e tentculos. Tm uma estrutura

    que se pensa ter a mesma origem que o p nos outros moluscos. Alguns destes moluscos vivem em anmonas do mar e

    corais e encontram-se a mais de 200 metros de profundidade. So animais carnvoros e/ou onvoros que se alimentam

    de foraminferos, detritos e cnidrios.

    1.9.3 CLASSE POLYPLACOPHORA (FIG. 8)

    uma classe de moluscos marinhos, com cabea minscula, revestidos por uma concha com oito partes ou

    valvas sobrepostas, desprovidas de tentculos e olhos. Ex.: qutons.

    Figura 8 - Diversidade de Polyplacophora; Abaixo, esquema de Amphineura.

  • 1.9.4 CLASSE MONOPLACOPHORA (FIG. 9)

    uma classe de moluscos que se julgava extinta, at que em 1952 foi recolhido de sedimentos marinhos de

    grande profundidade um espcime vivo. O nome "Monoplacophora" significa 'portador de uma placa'. Vivem em

    fundos ocenicos profundos. Muito pouco conhecido acerca deste grupo de animais. Possuem uma nica concha

    arredondada de simetria bilateral e assemelham-se aos qutons (Classe Polyplacophora). A sua concha muitas vezes

    fina e frgil. O apex da concha anterior. Os segmentos corporais apresentam uma repetio primitiva, com rgos

    similares em vrios segmentos. Esta organizao assemelha-se existente em alguns aneldeos, sugerindo assim uma

    ligao evolutiva entre este e os moluscos. Movimentam-se atravs de um p circular. A respirao executada por 5

    ou 6 pares de guelras, existentes de cada lado do corpo. A sua cabea reduzida e no possui olhos nem tentculos.

    Alimentam-se de lama e detritos. Neopilina galatheae foi a primeira espcie a ser descoberta. Espcimes anteriores

    datavam esta espcie do Paleozico. Estes moluscos tm entre 0,5 e 3,0 cm de comprimento.

    Figura 9 - Exemplar de Monoplacophora.

    1.9.5 CLASSE BIVALVIA (ANT. PELECYPODA OU LAMELLIBRANCHIA) (FIG. 10)

    a classe do filo Mollusca que inclui os animais aquticos popularmente designados por bivalves. Estes

    organismos caracterizam-se pela presena de uma concha carbonatada formada por duas valvas. Esta concha protege o

    corpo do molusco, entre elas h o p muscular e os sifes inalante e exalante para a entrada e sada de gua, que traz

    oxignio e partculas em suspenso.

    O oxignio absorvido por difuso direta pelas lminas branquiais, e a partculas de alimento so filtradas e

    transportadas atravs do batimento de clios at a boca. A alimentao por filtrao aumenta o risco de intoxicaes,

    pois este tipo de alimentao comum em animais fixos representando um grande risco, caso a ostra e/ou marisco entre

    em contato com gua poluda. O grupo surgiu no Perodo Cambriano e atualmente muito diversificado, com cerca de

    10000 espcies. A separao das diferentes subclasses faz-se pelo tipo e estrutura das guelras nos organismos vivos, e

    pelas caractersticas das valvas nos bivalves fsseis. O mexilho um exemplo popular de bivalves que servem como

    alimento ao Homem. As ostras originam as prolas.

    Figura 10 - Concha de Bivalve; abaixo, esquema de lamelibrnquio.

  • 1.9.6 CLASSE SCAPHOPODA (FIG. 11)

    uma classe de moluscos marinhos, caracterizada pela presena de uma concha carbonatada em forma de cone

    e aberta dos dois lados. A maioria das espcies pequena, as maiores medem 15 cm de comprimento, e tem modo de

    vida bentnico. A concha destes organismos ligeiramente recurvada, lembrando as presas de um elefante, apresenta

    duas aberturas, uma basal mais larga e a outra terminal bem mais estreita. As partes moles do animal esto confinadas

    concha. O p alongado, cilndrico e pontiagudo e usado para cavar, fixando o molusco na areia. Da abertura basal da

    concha, junto do p saem vrios tentculos denominados captculos que funcionam como rgos tcteis e adesivos,

    para apreenso de alimentos. No existe cabea nem sistema cardiovascular organizado. Os escafpodes alimentam-se

    de detritos microscpicos existentes no fundo do oceano e de pequenos organismos como foraminferos. Os primeiros

    registros geolgicos da ordem Scaphopoda surgiram no Ordoviciano. Esta foi a ltima classe de moluscos a aparecer

    durante a evoluo do grupo.

    Figura 11 Scaphopoda (Antalis vulgaris).

    1.9.7 CLASSE GASTROPODA (FIG. 12) (GASTROPODA, DO GREGO GASTER, ESTMAGO + POUS,

    PODOS, P)

    A grande maioria dos gastrpodes tem o corpo protegido por uma concha, geralmente espiralada sobre o lado

    direito embora algumas formas (como as lapas) tenham evoludo uma concha mais simples. Os gastrpodes apresentam

    uma cabea bem marcada, munida de dois ou quatro tentculos sensoriais e uma boca com rdula. A cabea encontra-se

  • unida a um p ventral musculado em forma de pala. O seu desenvolvimento embrionrio caracteriza-se por toro da

    massa visceral, coberta pelo manto, que surge no adulto enrolada sobre um dos lados de forma a ser acomodada na

    concha. As lesmas tm uma concha apenas vestigial e, em consequncia, os efeitos deste enrolamento so diminutos

    sendo o corpo linear.

    O modo de alimentao dos gastrpodes bastante variado e controla o tipo de rdula presente em cada espcie. Os

    gastrpodes herbvoros tm rdulas fortes que usam para raspar algas do substrato rochoso ou triturar folhas e caules.

    As formas detritvoras e filtradoras tm uma rdula simples ou ausente. Os gastrpodes carnvoros tm peas bucais

    sofisticadas e algumas formas, como os Conus, so predadores activos que caam pequenos peixes com uma espcie de

    arpo. Muitos dos gastrpodes marinhos tm modo de vida endobentnico, isto , vivem enterrados no subsolo. Estas

    formas apresentam um sifo extensvel que actua como um respirador, permitindo ao animal o contacto com a gua

    carregada de oxignio.

    Figura 12 - Anatomia interna de um Gastropoda (a); esquema de Prosobranchia (b); e esquemade Pulmonado (c). 1-

    concha, 2-figado, 3-pulmo, 4-nus, 5-poro respiratrio, 6-olho, 7-tentculo, 8-gnglios cerebrais, 9-duto salivar, 10-

    boca, 11-, 12-glndula salivar, 13-poro genital, 14-pnis, 15-vagina, 16-glndula mucosa, 17-oviduto, 18-saco de

    dardos, 19-p, 20-estmago, 21-rim, 22- manto, 23-corao e 24-vasos deferentes.

    1.9.8 CLASSE CEPHALOPODA QUE SIGNIFICA "PS-NA-CABEA"

    a classe de moluscos marinhos a que pertencem os polvos (Fig. 13), as lulas (Fig. 14) e os chocos. Os

    cefalpodes apresentam um corpo com simetria bilateral, uma cabea e olhos bem desenvolvidos, a boca armada de um

    bico quitinoso e rodeada por uma coroa de tentculos, tambm na boca que existe a caracterstica mais marcante dos

    cefalpodes, a rdula (espcie de lixa). So animais extremamente rpidos, tendo desenvolvido um sistema de

    propulso na forma de funil (jato-propulso), que uma modificao do p dos restantes moluscos. A pele contm

  • clulas pigmentadas, chamadas cromatforos, que mudam de cor para efeitos de comunicao e camuflagem; esta

    mudana de cores dada por aes nervosas diretas. Os estatocistos so os rgos de equilbrio. A concha est ausente

    nos polvos, interna nos chocos e lulas e externa no nautilus e no argonauta. Muitos cefalpodes possuem uma bolsa

    de tinta que produz um lquido escuro. Ao ser lanada, a tinta forma uma nuvem, servindo como proteo contra os

    predadores. So conhecidas cerca de 800 espcies atuais de cefalpodes e duas importantes subclasses de cefalpodes

    fsseis, incluindo os amonides extintos.

    Figura 13 - Classe Cephalopoda. Polvo.

    Figura 14 - Classe Cephalopoda: Lula.

    FILO ANNELIDA

    2.1 INTRODUO

    Se pedirmos s pessoas para citar o nome de um verme, com certeza uma minhoca serum dos primeiros

    animais lembrados. As minhocas, to populares pelo seu uso como iscas de pesca e ocorrncia comum nos quintais,

    pertencem ao filo Annelida. Porm, tambm pertencem a esse grupo as famosas sanguessugas e inmeras espcies de

    vermes marinhos, conhecidos como poliquetos, frequentemente de hbitos crpticos (animais que vivem enterrados, ou

    debaixo de pedras etc.), de enorme beleza e diversidade de formas.

    Os aneldeos so animais comuns, diversificados e abundantes que ocorrem em todos ambientes (marinho,

    terrestre e de gua doce). Contm cerca de 16.500 espcies cujo tamanho pode chegar a 3 metros de comprimento nas

    minhocas gigantes da Austrlia e quase 1 metro de comprimento nas famosas minhocuus (do tupi au = grande) da

    Mata Atlntica e Floresta Amaznica brasileira [para maio