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BIO LOGIA Zoologia Prof. Múcio Luiz Banja Fernandes 2 a edição | Nead - UPE 2013

Zoologia - ww1.ead.upe.brww1.ead.upe.br/nead20161/theme/2016/biologia/5_periodo/zoologia/...OBJETIVO GERAL Conhecer os animais invertebrados, buscando entender seu desenvolvimento

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BIOL O G I A

Z o o l o g i a

P r o f . M ú c i o L u i z B a n j a F e r n a n d e s

2a edição | Nead - UPE 2013

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife

Fernandes, Múcio Luiz BanjaBiologia: zoologia/Múcio Luiz Banja Fernandes. – Recife: UPE/NEAD, 2011.

44 p.

1. Zoologia 2. Animais Invertebrados 3. Educação à Distância I. Universidade de Pernambuco, Núcleo de Educação à Distância II. Título

CDD – 17ed. – 591Claudia Henriques – CRB4/1600

BFOP-119/2011

F363b

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE

ReitorProf. Carlos Fernando de Araújo Calado Vice-ReitorProf. Rivaldo Mendes de Albuquerque

Pró-Reitor AdministrativoProf. Maria Rozangela Ferreira Silva

Pró-Reitor de PlanejamentoProf. Béda Barkokébas Jr.

Pró-Reitor de GraduaçãoProfa. Izabel Christina de Avelar Silva

Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Viviane Colares Soares de Andrade Amorim

Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional e ExtensãoProf. Rivaldo Mendes de Albuquerque

NEAD - NÚCLEO DE ESTUDO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Coordenador GeralProf. Renato Medeiros de Moraes

Coordenador AdjuntoProf. Walmir Soares da Silva Júnior

Assessora da Coordenação GeralProfa. Waldete Arantes

Coordenação de CursoProf. José Souza Barros

Coordenação PedagógicaProfa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima

Coordenação de Revisão GramaticalProfa. Angela Maria Borges CavalcantiProfa. Eveline Mendes Costa LopesProfa. Geruza Viana da Silva

Gerente de ProjetosProfa. Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes

Administração do AmbienteJosé Alexandro Viana Fonseca

Coordenação de Design e ProduçãoProf. Marcos Leite

Equipe de DesignAnita Sousa/ Gabriela Castro/Renata Moraes/ Rodrigo Sotero

Coordenação de SuporteAfonso Bione/ Wilma SaliProf. José Lopes Ferreira Júnior/ Valquíria de Oliveira Leal

Edição 2013Impresso no Brasil

Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo AmaroRecife / PE - CEP. 50103-010Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664

ZOOLOGIA

Prof. Múcio Luiz Banja Fernandes Carga Horária I 60 h

OBJETIVO GERAL

Conhecer os animais invertebrados, buscando entender seu desenvolvimento evolutivo atra-vés dos estudos anatômicos e fisiológicos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Conhecerosprincipaisgruposdeinverte-brados;

• Entenderassuascaracterísticasdiferenciaisnos aspectos anatômicos e fisiológicos;

• Compreender a importância dos inverte-brados para o equilíbrio ecológico do pla-neta Terra.

PROGRAMA DE ESTUDO

CAPÍTULO 1: Estudo dos Protozoários - Os Protozoários - Protistas - História Natural - Digestão - Respiração - Excreção - Plâncton - Classificação - Rizópodes ou Sarconíceos - Flagelados - Esporozoários - Esquizogonia - Ciliados

CAPÍTULO 2: Animais Acelomados - Filo Porífera - Histologia - Digestão - Outros Sistemas - Reprodução - Classificação - Filo Cnidária - Revestimento, Sustentação e Movimentos - Digestão - Respiração,Circulação, Excreção - Coordenação Nervosa - Reprodução - Alternância de Gerações - Classe Hydrozoa - Classe Scyphozoa - Classe Anthozoa - Filo Platyhelminthes - Caracteres Gerais - Cobertura do Corpo e Siste mas - Tamanho

CAPÍTULO 3: Animais Pseudocelomados - Asquelmintos - Filo Entoprocta - História natural - Morfologia - Alimentação e digestão - Circulação, trocas gasosas e excreção - Sistema nervoso - Reprodução e desenvolvi mento - Filo Acanthocephala - Filo Nematelminthes - Ancilostomose - Filariose - Outros nematelmintes para sitas

CAPÍTULO 4: Animais Celomados - Filo Annelida - Os Artrópodes - Classificação dos Artrópodes - Os Insetos - Os Aracnídeos - Os Crustáceos - Curiosidades so bre os crustáceos - Quilópodes e dipló podes

- Filo Mollusca - Circulação - Digestão, respiração e excre ção - Sistema nervoso - Reprodução - Classe Gastropoda - Classe Bivalvia - Classe Cephalopoda - Filo Achinodermata - Classificação Geral dos Invertebrados

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ZOOLOGIA DOS InVERTEBRADOS

OBJETIVO GERAL

Conhecer os animais invertebrados, bus-cando entender seu desenvolvimento evolutivo através dos estudos anatômicos e fisiológicos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Conhecer os principais grupos deprotozoários;

• Entenderassuascaracterísticasdife-

renciais nos aspectos anatômicos e fisiológicos;

• Compreenderaimportânciadospro-

tozoários para o homem, sua aplica-bilidade e seu potencial médico.

EMEnTA

Estudo dos Protozoários em seus aspec-tos anatômicos e fisiológicos, conside-rando a sua importância para a ciência e para o homem.

Prof. Múcio Luiz Banja Fernandes Carga Horária I 15 h

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UnIDADES TEMÁTICAS DO CAPÍTULO- Os Protozoários - Protistas - História Natural - Digestão - Respiração - Excreção - Plâncton - Classificação - Rizópodes ou Sarconíceos - Flagelados - Esporozoários - Esquizogonia - Ciliados

ESTUDO DOS PROTOZOÁRIOSComo já foi estudado no semestre anterior, sabemos que os seres vivos podem ser classifi-cados em seis reinos: Eubacteria, Archaeobac-teria, Protoctista (algas, protozoários e outros organismos, aquáticos ou parasitos menos conhecidos), Fungi, Metazoa ou Animalia e Plantae. Os dois primeiros são procariontes, e a distinção destes em dois grupos foi eviden-ciada pela biologia molecular, levando em con-sideração, principalmente, o seqüenciamento do RNA ribossômico.

Neste capítulo, iremos iniciar os estudos dos protistas em geral, considerando este grupo como detentores de caracteres morfológicos e fisiológicos, semelhantes ao observado para o reino Animália.

O reino denominado Protoctista é considerado polifilético na atualidade, e uma nova classifi-cação começa a surgir, baseada em informa-ções ultra-estruturais associadas à sistemática molecular. Os dinoflagelados (com espécies au-totróficas e outras heterotróficas), os parasitos apicomplexos e os ciliados, por exemplo, for-mam o recém-reconhecido grupo dos Alveola-dos, cuja sinapomorfia consiste na existência de sacos ou alvéolos sob a superfície celular. Estu-dos moleculares recentes confirmam a valida-de do grupo, mas as relações entre as diversas linhagens ainda estão para serem resolvidas.Alguns zoólogos adotam diferentes siste-

mas de classificação. Estaremos seguindo a tradicional classificação de Ruppert & Barnes (1994), a qual estabelece 17 filos.

Portanto, protozoários assim como protoctista ou protista são denominações que tendem a cair em desuso, já que os três declaradamente não formam grupos monofiléticos. Protozoário referia-se a um agrupamento de unicelulares eucariontes feito com base, apenas, no modo de nutrição heterotrófica e que, por esta úl-tima característica, assemelha-se aos animais.

PROTISTAS

CÉLULAS DE PROTISTAS

Incluídos nos protistas, estão as algas unicelu-lares e os protozoários. A célula de um protista é semelhante às células de animais e plantas, mas há particularidades. Os plastos das algas são diferentes dos das plantas quanto à sua organização interna de membranas fotossin-téticas. Ocorrem cílios e flagelos para a lo-comoção. Alguns protozoários, como certas amebas, têm envoltórios protetores, as tecas. Os radiolários e heliozoários possuem um es-queleto intracelular composto de sílica. Os fo-raminíferos são dotados de carapaças externas feitas de carbonato de cálcio. As algas diato-máceas possuem carapaças silicosas. Os pro-tistas podem ainda ter adaptações de forma e estrutura, de acordo com o seu modo de vida: parasita ou de vida livre.

Os Protistas agrupam organismos eucariontes, unicelulares, autótrofos e heterótrofos. Neste reino, incluem-se as algas inferiores: eugle-nófitas, pirrófitas (dinoflagelados) e crisófitas (diatomáceas), que são Protistas autótrofos (fotossintetizantes). (Figura 1.1)

Protozoários são seres microscópicos, euca-riontes, unicelulares e heterótrofos. Esses or-ganismos constituem um grupo de eucarion-tes com cerca de 20 mil espécies. É um grupo diversificado, heterogêneo, que evoluiu a par-tir de algas unicelulares. Quando dividimos os seres vivos em Animais e Vegetais, os proto-zoários são estudados no Reino Animal, e os fitoflagelados – que também são protozoários – são estudados no Reino Vegetal.

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Em alguns casos, essa origem torna-se bem clara, como, por exemplo, no grupo de flage-lados. Há registro fóssil de protozoários com carapaças (foraminíferos), que viveram há mais de 1,5 bilhão de anos, na Era Protero-zóica. Grandes extensões do fundo dos mares, as conhecidas “vasas”, apresentam espessas camadas de depósitos de carapaças de certas espécies de radiolários e foraminíferos.

HISTÓRIA nATURALOs protozoários são, na grande maioria, aquáticos, vivendo nos mares, rios, tanques, aquários, poças, lodo e terra úmida. Há es-pécies mutualísticas, e muitas são parasitas de invertebrados e vertebrados. Eles são or-ganismos microscópicos, mas há espécies de 2 a 3 mm. Alguns formam colônias livres ou sésseis.

Muitos protozoários apresentam orgânulos es-pecializados em determinadas funções, daí se-rem funcionalmente semelhantes aos órgãos. Suas células, no entanto, podem ser conside-radas “pouco especializadas”, já que realizam, sozinhas, todas as funções vitais dos organis-mos mais complexos, como locomoção, ob-tenção do alimento, digestão, excreção, repro-dução (Figura 1.2). Nos seres pluricelulares, há divisão de trabalho, e as células tornam-se muito especializadas, podendo, até, perder certas capacidades, como digestão, reprodu-ção e locomoção.

Figura 1.1. Vista de protozoários e fitozoário.

Figura 1.2. Aspecto geral de um protozoário ciliado.

A célula do protozoário tem uma membrana simples ou reforçada por capas externas pro-téicas ou, ainda, por carapaças minerais, como certas amebas (tecamebas) e foraminíferos. Há estruturas de sustentação, como raios de sul-fato de estrôncio, carapaças calcáreas ou eixos protéicos internos, os axóstilos, da mesma for-ma que existem em muitos flagelados.

O citoplasma está diferenciado em duas zonas, uma externa, hialina, o ectoplasma, e outra in-terna, granular, o endoplasma. Nesta, existem vacúolos digestivos e inclusões.

DIGESTÃONas espécies de vida livre, há formação de va-cúolos digestivos. As partículas alimentares são englobadas por pseudópodos ou penetram por uma abertura pré-existente na membrana, o citóstoma. Já no interior da célula, ocorre di-gestão, e os resíduos sólidos não digeridos são expelidos em qualquer ponto da periferia, por extrusão do vacúolo ou num ponto determi-nado da membrana, o citopígio ou citoprocto. (Figura 1.3)

Figura 1.3. Esquema de digestão de um protozoário ciliado.

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RESPIRAÇÃOA troca de gases respiratórios se processa em toda a superfície celular.

EXCREÇÃOOs produtos solúveis de excreção podem ser eliminados em toda a superfície da célula. Nos protozoários de água doce, há um vacúolo contrátil, que recolhe o excesso de água absor-vido pela célula, expulsando-a de tempos em tempos, por uma contração brusca. O vacúolo é, portanto, osmorregulador.

PLÂnCTOnCorresponde a um conjunto de seres que vi-vem em suspensão na água dos rios, lagos e oceanos, carregados, passivamente, pelas on-das e correntes. No plâncton, distinguem-se dois grupos de organismos:

Fitoplâncton: organismos produtores (fotos-sintetizadores), representados, principalmente, por dinoflagelados e diatomáceas, constituem a base de sustentação da cadeia alimentar nos mares e lagos. São responsáveis por mais de 90% da fotossíntese no planeta.

Zooplâncton: organismos consumidores, isto é, heterótrofos, representados, principalmen-te, por protozoários, pequenos crustáceos e larvas de muitos invertebrados e de peixes.

CLASSIFICAÇÃOA classificação dos protozoários baseia-se, fundamentalmente, nos tipos de reprodução e de organelas locomotoras. A locomoção se faz por batimento ciliar, flagelar, por emissão de pseudópodos e, até, por simples deslizamento de todo o corpo celular. Em alguns ciliados, há, no lugar do citoplasma, filamentos contrá-teis, os mionemas. Os pseudópodos, embora sendo expansões variáveis do citoplasma, po-dem se apresentar sob diferentes formas.

Na tendência moderna, os protozoários estão incluídos no Reino Protista, subdivididos em quatro filos:

RIZÓPODES OU SACORnÍCEOSSão marinhos, de água doce ou parasitas. Têm um ou mais núcleos, vacúolos digestivos e va-cúolos contráteis (apenas nos de água doce).

São amebas (“nus”); radiolários e foraminíferos (têm carapaças com formas bastante vistosas, feitas de calcário ou de sílica - importantes in-dicadores da existência de jazidas de petróleo).

Os Rizópodes caracterizam-se por apresentarem pseudópodes como estrutura de locomoção e captura de alimentos. Podem ser de vida livre (Fi-gura 1.4) ou parasitas (Entamoeba histolytica).

Figura 1.4. Ameba de vida livre.

As amebas de vida livre que vivem em água doce apresentam vacúolo contrátil ou pulsá-til para osmorregulação, eliminando o excesso de água que vai entrando no seu citoplasma (hipertônico), vindo do ambiente mais diluído (hipotônico).

Em condições desfavoráveis, por exemplo, quando está sujeita à desidratação, a Entamo-eba produz formas de resistência, os cistos, com quatro núcleos no seu interior (partição múltipla).

A reprodução assexuada é por bipartição sim-ples ou cissiparidade.

Dentre as amebas, é importante a Entamoeba histolytica, que parasita o intestino humano, causando a disenteria amebiana ou amebíase.

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FLAGELADOSExistem flagelados de vida livre (Euglena – pos-suem clorofila e realizam fotossíntese; podem, também, nutrir-se de forma heterótrofa = zooflagelados), mutualísticos (Trichonympha, no intestino de cupins – fornecem a enzima celulase) e parasitas (Trypanosoma cruzi). Nos coanoflagelados, há uma espécie de colarinho, que serve para a captura de partículas alimen-tares; têm estrutura muito semelhante aos co-anócitos, células típicas das esponjas, sugerin-do uma ligação filogenética entre esses dois grupos. (Figura 1.5)

Figura 1.5. Esquema de um coanoflagelado.

ESPOROZOÁRIOSNão possuem orgânulos para locomoção.

São todos parasitas e apresentam um tipo de reprodução assexuada especial, denominada de esporulação: uma célula divide seu núcleo numerosas vezes; depois, cada núcleo com um pouco de citoplasma é isolado por uma mem-brana, formando, assim, vários esporos a par-tir de uma célula. (Figura 1.6)

Figura 1.6. Esquema reprodutivo dos esporozoários

A reprodução é sexuada ou assexuada por divisão longitudinal. Por exemplo, em Trypa-nosoma:

Podem ter um ou mais flagelos, e, em alguns, há, também, pseudópodos. No gênero Trypa-nosoma, há uma membrana ondulante, que auxilia na locomoção. Este filo concentra im-portantes parasitas humanos:

• Leishmania braziliensis - causa a leishma-niose tegumentar.

• Trypanosoma cruzi - causa a doença de Chagas.

• Giardia lamblia - causa a giardíase (in-testinal).

• Trichomonas vaginalis - causa a tricomoní-ase (no aparelho genital).

ESQUIZOGOnIAOs esporozoários apresentam, em seu ciclo vital, alternância de reprodução assexuada e sexuada.

O principal gênero é o Plasmodium, com vá-rias espécies causadoras da malária (Figura 1.7). É importante, também, o Toxoplasma gondii, causador da doença toxoplasmose, de grande seriedade em mulheres grávidas, até o terceiro mês.

Figura 1.7. Esquema reprodutivo da malária no homem.

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CILIADOSÉ o grupo mais especializado. Apresentam cílios, cirros e membranelas. Estas duas últi-mas estruturas resultam da concrescência de muitos cílios. Dentre eles, estão os protozo-ários “gigantes”, como os paramécios (Para-mecium), muito utilizados em estudos (Figura 1.8). Aqui estão os protozoários de organiza-ção mais complexa. A maioria é de vida livre.

Figura 1.8. Imagem de um paramécio.

O Balantidium coli é a única espécie ciliada pa-rasita do homem (intestino).

A reprodução sexuada por conjugação con-siste no pareamento de dois paramécios, com fusão das membranas e, em seguida, troca de material genético dos micronúcleos. Depois, os paramécios se separam e se reproduzem assexuadamente por cissiparidade. (Figura 1.9)

Figura 1.9. Esquema reprodutivo dos paramécios.

Além de orgânulos especializados, possuem dois núcleos: macronúcleo (funções vegetati-vas) e micronúcleo (funções genéticas: here-ditariedade e reprodução); apresentam extre-midades anterior e posterior; na membrana, a entrada do alimento ocorre através do citós-toma, e a saída de resíduos, do citopígio (= citoprocto).

ATIVIDADES DO CAPÍTULO

1. O que leva os pesquisadores a estudarem protozoários entre os grupos animais e vegetais?

2. Descreva duas estratégias reprodutivas dos protozoários.

3. Como se processa a excreção dos protozoários?

4. Como os protozoários podem ser classificados? Descreva duas características de cada grupo.

5. Descreva o processo digestivo da digestão no paramécio.

6. Comente sobre três protozoários que são de grande importância para o homem.

7. Por que admitimos que os ciliados são os mais evoluídos dos protozoários?

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REFERÊnCIABarnes, R.D. Zoologia dos Invertebrados. 4ª edição. São Paulo: Livraria Roca Ed. Ltda. 1984. 1079p.

Brusca, R.C. & G.J. Brusca. Invertebrates. Sun-derland: Sinauer Associates. 1990. 922p.

Ribeiro-Costa, C.S. & R.M. da Rocha. Inver-tebrados: manual de aulas práticas. Ribeirão Preto: Holos Ed.. 2002. 226p. (Série: Manuais Práticos em Biologia, 3).

Ruppert, E.E. & R.D. Barnes. Zoologia dos In-vertebrados. 6ª edição. S. Paulo: Livraria Roca Ltda. 1996. 1029p.

Storer, T.I; R.L. Usinger; R.C. Stebbings & J.W. Nybakken. Zoologia Geral. S. Paulo: Compa-nhia Ed. Nacional. 1984. 816p.

Ville, C. A.; B.Walker & R.D.Barnes. Zoolo-gia Geral. Rio de Janeiro: Editora Guanabara. 1989. 820pp.

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AnIMAIS ACELOMADOS

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Conhecerosprincipaisgruposdeinverte-brados acelomados;

• Entenderassuascaracterísticasdiferen-

ciais nos aspectos anatômicos e fisioló-gicos;

• Compreenderaimportânciadessesinver-

tebrados para o equilíbrio ecológico do planeta Terra.

EMEnTA

Estudo dos mais primitivos invertebrados, discutindo sobre seus aspectos anatômicos e fisiológicos, considerando o seu desenvolvi-mento evolutivo.

UnIDADES TEMÁTICAS DO CAPÍTULO

Neste capítulo, apresentaremos grupos de animais acelomados, que representam o iní-cio da escala evolutiva animal. Esses animais são representados pelos espongiários, pelos cnidários e pelos platelmintes.

- Filo Porífera - Histologia - Digestão

Prof. Múcio Luiz Banja Fernandes Carga Horária I 15 h

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16 - Outros Sistemas - Reprodução - Classificação

- Filo Cnidária - Revestimento, Sustentação e Movimentos - Digestão - Respiração, Circulação, Excre ção - Coordenação Nervosa - Reprodução - Alternância de Gerações - Classe Hydrozoa - Classe Scyphozoa - Classe Anthozoa

- Filo Platyhelminthes - Caracteres Gerais - Cobertura do Corpo e Siste mas - Tamanho

FILO PORÍFERAPode-se comparar o corpo dos poríferos (es-ponjas) a um saco re pleto de buracos (poro = poro; foro = portador). Todos os poríferos são aquáticos, e a maioria é marinha, havendo, apenas, uma família de água doce.

As esponjas vivem soltas ou presas a rochas no fundo do mar. Há cerca de cinco mil espécies, que vivem isoladas ou formam colônias de ta-manho e cores variados.

A organização das esponjas é muito simples: parece mesmo que ficaram no meio do cami-nho entre uma colônia de protistas (do qual devem ter se originado dos coanoflagelados) e um verdadeiro organismo pluricelular, pois suas células não formam tecidos definidos nem se agrupam em órgãos. São, também, os únicos animais sem sistema nervoso. Devido a essas características muito simples, elas são co-locadas, às vezes, à parte dos outros animais, no grupo dos parazoários (para - ao lado; zoo = ani mal).

A esponja apresenta, na superfície, uma série de poros ou óstios, por onde penetra a água,

trazendo alimento (plâncton) e oxigênio. No interior, há uma cavidade, o átrio ou espongio-cele, e, na parte superior, existe uma abertura maior, o ósculo, do qual sai a água.

HISTOLOGIAA parede do corpo das esponjas apresenta três regiões: epider me, endoderme e mesênquima. A epiderme é formada por uma cama da de cé-lulas, denominadas pinacócitos, interrompida por porócitos, que são células que permitem a entrada de água. (Figura 2.1)

A endoderme é formada por células caracte-rísticas das espon jas, os coanócitos, que pro-movem a circulação de água com batimen tos de seus flagelos e que fagocitam partículas de alimentos suspensas na água.

Entre as duas camadas, aparece o mesênqui-ma, formado por uma espécie de gelatina, com várias células: amebódtos, células que se loco movem por pseudópodos; arqueócitos, células não especializadas capazes de originar outras células; espongioblastos e escleroblos-tos, que pro duzem o esqueleto do animal.

Figura 2.1. Tipos celulares das esponjas

A sustentação da esponja é dada por uma rede macia e flexível de filamentos protéticos, a es-pongina, produzida pelos espongioblastos. Além dessa rede, há esponjas que possuem um esque-leto formado por espículos de calcário (CaCo3) ou sílica (SiO2). Esse esqueleto, mais duro, é pro-duzido pelos escleroblastos. (Figura 2.2)

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Figura 2.2. Estruturas esqueléticas das esponjas

Figura 2.3. Tipos morfológicos das esponjas

A morfologia básica, descrita ao lado, corresponde às esponjas mais simples, do tipo óscon (asco = saco) (Figura 2.3). Mas, na maioria das esponjas, a parede do corpo sofre uma série de dobras, formando um sistema mais complexo de canais e câmaras por onde a água circula. Desse modo, surgem a esponja do tipo sícon (sico = liga) e a do tipo íêucon (leuco = branco).

DIGESTÃOAs esponjas não possuem boca nem cavidade digestiva: são ani mais filtradores, isto é, ali-mentam-se de seres microscópicos do plânc-ton. À medida que a água circula em seu interior, os coanócitos captu ram, por fago-citose, seres unicelulares e realizam a diges-tão intracelu lar. Dos coanócitos, o alimento passa para os amebócitos, que distri buem os alimentos a outras células do mesênquima e à epiderme.

OUTROS SISTEMASNas esponjas, não há sistemas responsáveis pela respiração, cir culação e excreção. O oxi-gênio, o gás carbônico e os excretas entram ou saem por difusão das células e são levados pela corrente de água. Também não possuem sistema nervoso nem órgãos sensoriais, e as respostas das esponjas dependem da capaci-dade de contração dos pinacócitos, que po-dem, inclusive, regular a abertura dos poros.

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REPRODUÇÃOA reprodução pode ser sexuada ou assexuada. A grande capa cidade de reprodução assexua-da e de regeneração das esponjas de corre do pequeno grau de complexidade deste animal: pequenos pe daços do corpo podem regenerar um corpo inteiro. Se trituradas, as células de uma esponja podem se reunir e formar nova-mente uma es ponja inteira.

O brotamento também é freqüente. Os brotos são formados por amebócitos que originam novos indivíduos. Estes podem se desta car ou permanecer presos, formando colônias. Nas esponjas de água doce, encontramos brotos especiais, as gêmulas, formadas por massa de arqueócitos e envolvidas por uma capa im-permeável de espículas. As gêmulas resistem à época de seca dos rios, perdurando após a morte da esponja-mãe. Na época das chuvas, desenvolvem-se e ori ginam novos indivíduos.

A reprodução sexuada ocorre a partir da pro-dução de gametas formados pelos arque-ócitos. Não há glândulas sexuais (gônadas) dife renciadas. Há espécies monóicas (herma-froditas) e dióicas (sexos sepa rados), sempre com fecundação cruzada (entre indivíduos diferentes).

Os espermatozóides saem pelo ósculo, junto com a água e pe netram em outra esponja. Nessa esponja, são capturados pelos coanóci-tos e levados para o mesênquima onde se fe-cundam os óvulos.

O desenvolvimento é indireto, pois o ovo não origina uma es ponja, mas se diferencia em uma larva móvel e ciliada, que pode ser de dois tipos: a anfiblástula e a estereoblástula, que saem pelo ósculo, nadam algum tempo e, em seguida, se fixam a um substrato, originan-do uma nova esponja.

CLASSIFICAÇÃODe acordo com o tipo de espícula, as esponjas são classifica das em:

• calcárias - com espículas calcárias;

• hexatinelídeas - com espículas silicosas, formando redes contínuas;

• demosponjas - com espículas silicosas dife-rentes das anteriores ou ape nas espongina (esponjas córneas). Antes da disseminação do uso da espuma de plástico, algumas des-mosponjas eram utilizadas para o banho.

FILO CnIDARIACom cerca de nove mil espécies, os cnidários ou celenterados são representados pelos co-rais, águas-vivas, anémonas, caravelas e hi-dras. São todos aquáticos (principalmente marinhos), sendo bastante conhe cidos pelos habitantes do litoral devido às queimaduras que podem causar na pele.

Os cnidáríos são animais diblásticos ou diplo-blásticos, isto é, seu embrião possui, apenas, duas camadas de células, a ectoderme e a en-doderme, que originam duas camadas de teci-dos no adulto.

Os cnidários possuem simetria radial, pois seu corpo pode ser dividido em vários planos de simetria, dispostos em raios (Figura 2.4). Há duas formas típicas: o pólipo e a medusa. O pólipo é fixo ou tem pouca mobilidade; a me-dusa é livre e flutua na água.

Figura 2.4. Plano de simetria dos cnidários.

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Figura 2.5. Formas do corpo dos cnidários

A forma pólipo é cilíndrica, com uma das extremidades apoiada num substrato qualquer, e a outra livre apresentando a abertura bucal rodeada de tentáculos (Figura 2.5). A medusa é arredondada (em forma de guarda-chuva) e sem vida livre. A boca localiza-se na face inferior, e os tentáculos, na periferia do corpo.

Figura 2.6. Tipos celulares dos cnidários

REVESTIMEnTO, SUSTEnTAÇÃO E MOVIMEnTOSOs cnidários apresentam a parede do corpo formada pela epi derme - derivada da ectoder-me - e pela gostroderme, derivada da endo-derme. Entre ambas, há uma camada gelati-nosa, a mesogléia.

Na epiderme, encontram-se células contráteis: as células miopiteliais, ligadas ao sistema ner-voso e que agem como músculos, contrain do o corpo do animal e provocando movimento nas formas móveis.

Nos tentáculos, há células exclusivas desse ramo, os cnidoblastos (cnide = urtiga), res-ponsáveis pela defesa e pelo ataque.

Os cnidoblastos possuem uma pequena cáp-sula, o hemotocisto, que injeta um estilete com substância paralisante na pele de quem lhe toque a superfície (Figura 2.6). Eles causam queimaduras nas pessoas que entram em con-tato com água-viva.

Alguns cnidários, como os corais, produzem um exoesqueleto secretado pela epiderme (esque-leto externo) de calcário e substâncias orgâni-cas. Outros, como a água-viva, são moles, por-que não possuem um esqueleto de sustentação.

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DIGESTÃODiferentemente das esponjas, os cnidários apresentam uma cavidade digestiva, a cavida-de gastrovascular ou celêntero, vindo, daí, o nome do grupo (gostro = estômago; cele = oco; êntero = intestino).

No entanto, não possuem uma abertura anal, o que caracteriza um tubo digestivo incompleto.

A gastroderme possui células glandulares, que produzem enzimas digestivas e atacam o ali-mento no celêntero (digestão extracelular), e células que fazem a digestão intracelular dos fragmentos alimentares parcialmente digeri-dos. Os resíduos alimentares são expulsos pela boca.

RESPIRAÇÃO, CIRCULAÇÃO, EXCREÇÃOOs cnidários não possuem sistemas respirató-rio, circulatório e excretor. Como são animais de pequeno porte, as distâncias são peque nas, e a difusão é suficiente para levar as substân-cias a qualquer ponto do corpo. Desse modo, o oxigênio dissolvido na água se difunde pela parede do corpo (epiderme e gastroderme), atingindo todas as célu las. O gás carbônico faz o caminho inverso, também por difusão. Da mesma forma, os excretas são eliminados pela parede do corpo, e os alimentos passam da gastroderme para a mesogléia e epiderme.

Nas formas mais volumosas, a cavidade digesti-va ou celêntero é ramificada, facilitando a che-gada do alimento a todos os pontos do corpo. De certa forma, essa ramificação da cavidade digestiva substitui o aparelho circulatório, por isso é chamada cavidade gastrovascular.

COORDEnAÇÃO nERVOSANa mesogléia, há uma rede de células nervosas que se comuni cam com células sensoriais da epiderme e da gastroderme, mas ainda não há gânglios centralizadores e coordenadores dos estímulos, o que caracteriza o chamado siste-ma nervoso difuso. A resposta aos estímulos é realizada pelas células miopiteliais.

A forma medusa possui ocelos - corpúsculos capazes de perce ber maior ou menor intensi-dade de luz - e estatocistos, órgãos de equi-líbrio que dão ao animal informações sobre sua inclinação em relação ao plano horizontal.

REPRODUÇÃOA reprodução assexuada pode ser feita por brotamento ou por estrobilização. No caso do brotamento, o broto pode se soltar e ter vida independente ou permanecer ligado, for-mando colônia (Figura 2.7). Na estrobilização, ocorre um tipo de estrangulamento que divide trans versalmente o animal em vários filhotes. (Figura 2.8)

Figura 2.7. Reprodução por brotamento, nos hidrozoários.

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Figura 2.8. Reprodução por estrobilização, nos sifozoários

A reprodução sexuada se faz por gametas, com fecundação ex terna (os gametas se unem na água) ou interna (os gametas se encon tram no interior da fêmea). O desenvolvimento é in-direto (com um es tágio larvar), e do ovo surge uma larva ciliada e livre, a plânula, que de pois se transforma, por metamorfose, no adulto.

ALTERnÂnCIA DE GERAÇÕESEm muitos exemplos de cnidários, a reprodu-ção assexuada se alterna com a reprodução sexuada, num ciclo em que há também uma alternância de formas pólipo e medusa (alter-nância de gerações ou metagênese). Esta alter-nância é diferente da estudada nos vegetais, pois aqui, tanto a forma assexuada (pólipo) como a forma sexuada (medusa) são diplóides.

No caso da Obelia, há uma colônia de pólipos com dois tipos de indivíduos: o gastrozóide e ogonozóIde. O primeiro (em maioria na colô-nia), responsável pela nutrição, possui boca com tentáculos e cavidade digestiva. O segun-do é um pólipo muito modificado, sem bo ca e sem cavidade digestiva e que produz, por uma espécie de brotamento, pequenas medusas unissexuadas com fecundação externa, que se

soltam e vão para a água, passando da forma jovem para a forma adulta. A larva proveniente do zigoto se fixa e forma um póli po, que, por brotamento, dá origem a uma nova colônia.

No caso da água-viva, o ciclo é semelhante, porém, nesse caso, as medusas predominam. A larva, ao se fixar, forma uma espécie de póli-po temporário, o ofístoma, que, por estrobili-zação, produz uma série de medusas.

Os cnidários dividem-se em três classes: Hydro-zoa (hidrozoários), Scyphozoa (cifozoários) e Anthozoa (antozoários).

CLASSE HYDROZOANo grupo dos hidrozoários, incluem-se espé-cies com a forma de pó lipo e de medusa, apre-sentando um ciclo reprodutivo com alternân-cia de gerações. Em outras espécies, aparece, apenas, a forma pólipo ou, apenas, a forma medusa.

Dentre os exemplos mais importantes, há o gê-nero Hydra (hidra), um pólipo isolado de água doce, a Obelia e a Physalia (caravela). As cara-velas são particularmente peri gosas, pois seu veneno pode provocar desmaios em banhistas que en costam em seus tentáculos.

CLASSE SCYPHOZOAAo grupo dos cifozoários pertencem as águas--vivas, como a Aure lia. São sempre marinhos, sendo basicamente representa dos pela forma medusa, que é mais desenvolvida que a dos hidrozoários. A forma pólipo é temporária (cifístoma).

CLASSE AnTHOZOAOs antozoários, também marinhos, são repre-sentados essencial mente pela forma pólipo, que pode ter vida isolada, como a anêmona--do-mar (Actinia), ou formar colônia, como os corais (Corallium, Siderastrea). No caso dos co-rais, os pólipos secretam um esquele to externo calcário, responsável pela formação dos recifes de corais.

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FILO PLATYHELMInTHESÉ o primeiro a alcançar o nível de construção de órgãos no Reino Animal. Os Platelmintos tam-bém são os primeiros animais a apresentarem um terceiro folheto germinativo, o mesoder-ma. Eles são, portanto, animais tribásticos. É a presença desta terceira camada germinativa no embrião que possibilita o desenvolvimento da maioria dos sistemas de órgãos, ora vistos pela primeira vez e na maioria dos grupos sub-sequentes.

Concomitante com o desenvolvimento do mesoderma e dos sistemas de órgãos é o de-senvolvimento da simetria bilateral. Podemos agora falar de região anterior e posterior e, mesmo, de uma região cefálica e caudal. O filo dos platelmintos são os primeiros a apre-sentarem esta simetria bilateral em oposição à simetria radial ou birradial dos filos tratados anteriormente. Simetria bilateral significa que os animais têm seus aspectos externos e mui-tos dos aspectos internos dispostos simetrica-mente em cada lado, de um plano mediano ou sagital. Todos os filos subseqüentes têm simetria bilateral, como a simetria primária,

Figura 2.9. Imagem de uma planária e sua célula flama

Figura 2.10. Ciclo biológico do Schistosoma mansoni.

e podem ser denominados de Bilatéria. As poucas exceções geralmente são de animais sésseis ou sedentários. Por isso, associamos a simetria bilateral a um modo ativo de vida, e a simetria radial ou birradial, a um modo mais sedentário de vida.

Avanços adicionais desses filos em relação aos filos dos cnidários incluem o desenvolvimento de órgãos excretores, a concentração do sis-tema nervoso em um “cérebro” anterior e um número variado de cordões nervosos dirigidos para a parte posterior do corpo e para órgãos reprodutivos distintos.

Apresenta o corpo mole e fino. O filo inclui três classes: os TURBELARIA ou platielmintes de vida livre, a maioria deles habita em am-bientes de água doce ou salgada ou lugares úmidos na terra (Figura 2.9); os TREMATODA, parasitos externos ou internos (Figura 2.10) e os CESTODA ou tênias, cujos adultos são para-sitos intestinais de vertebrados (Figura 2.11). Trematódeos e tênias são parasitos importan-tes para o homem, rebanhos e animais silves-tres, alguns causando moléstias sérias ou mor-te destes hospedeiros.

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Figura 2.11. Escolex de Taenia solium.

CARACTERES GERAIS• Simetriabilateral;3folhetosgerminativos;

corpo geralmente achatado dorso-ventral-mente; sem segmentação verdadeira.

• Epidermemoleeciliada(TURBELLARIA)ourevestida por cutícula e com ventosas ou ganchos externos ou ambos para fixação no hospedeiro (TREMATODA, CESTODA).

• Sistema digestivo incompleto, com boca,mas sem ânus e geralmente muito ramifi-cado; ausente em CESTODA.

• Camadas musculares bem desenvolvidas;sem cavidade do corpo; espaços entre os órgãos internos preenchidos por um pa-rênquima frouxo.

• Sem sistema esquelético, circulatório ourespiratório; sistema excretor com muitas células-flama ligadas a ductos excretores (protonefrídios).

• Sistemanervoso:umpardegângliosante-riores ou um anel nervoso, ligando-se de 1 até 3 pares de cordões nervosos longitudi-nais com comissuras.

• Sexos geralmente unidos (monóicos, her-mafrodita); sistema reprodutor de cada sexo com gônadas, ductos e órgãos aces-sórios; fecundação interna; ovos microscó-picos, cada um incluído com várias células vitelinas em uma casca; desenvolvimento direto (TURBELLARIA, TREMATODA mo-nogenético) ou com um ou mais estágios larvais (TREMATODA digenéticos, alguns TURBELLARIA, CESTODA); reprodução se-xual autofecundação, hermafrodita obri-gatório ou absoluto.

Os Platyhelminthes mostram-se mais adianta-dos que os Poríferas e Cnidários, por terem:

1. simetria bilateral, com diferenciação ante-roposterior e dorsoventral;

2. um sistema nervoso com gânglios ante-riores dilatados e cordões nervosos que se estendem ao longo do corpo;

3. mesoderma como um terceiro folheto ger-minativo (no lugar da mesogléia), produ-zindo músculos e outros órgãos entre o ectoderma e endoderma;

4. camadas e feixes de músculos, possibilitan-do movimentos variados; e

5. gônadas internas com ductos reproduto-res permanentes e órgãos copuladores.

Os platelmintes diferem da maioria dos ani-mais superiores pela (o): 1. ausência de cavidade do corpo acelomado;

2. intestino com ramos que vão para várias partes do corpo;

3. geralmente não tem ânus.

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COBERTURA DO CORPO E SISTEMASOs únicos platelmintes da vida livre são encon-trados entre os tuberlários. Já os trematódeos são parasitos externos ou internos, e todas as tênias são parasitos internos. Especializações estruturais fisiológicas acompanham essas ten-dências de hábitos. Os tuberlários têm epider-me ciliada delicada, enquanto que os trema-tódeos e as tênias são revestidos com cutícula resistente à digestão, apresentando ventosas e ganchos para fixação nos seus hospedeiros. Aqueles que vivem internamente não possuem órgãos sensitivos, e as tênias não possuem tra-to digestivo. As espécies que são parasitos in-ternos produzem um número enorme de ovos, o que é necessário para todos os organismos que têm ciclos vitais complexos.

TAMAnHOOs turbelários medem, na maioria, menos de 50mm de comprimento, mas algumas pla-nárias terrestres atingem 500mm de compri-mento. Vários trematódeos alcançam de 0,5 a 75mm de comprimento, e espécies diferentes de tênias de 3mm, até 30 metros ou mais.

ATIVIDADES DO CAPÍTULO

1. Cite a função e a localização dos pinacó-citos, porócitos, arqueócitos e coanócitos das esponjas.

2. Qual a estratégia de sustentação do corpo das esponjas?

3. Explique o processo reprodutivo das es-ponjas.

4. Como se processa a digestão nos cnidá-rios?

5. Descreva o processo de alternância de ge-rações nos hidrozoários.

REFERÊnCIABarnes, R.D. Zoologia dos Invertebrados. 4ª edição. São Paulo: Livraria Roca Ed. Ltda. 1984. 1079p.

Brusca, R.C. & G.J. Brusca. Invertebrates. Sun-derland: Sinauer Associates. 1990. 922p.

Magalhães C, Kury AB, Bonaldo AB, Hajdu E, Simone LR. Coleções de invertebrados do Bra-sil. Documento de trabalho. Projeto Diretrizes e Estratégias para a Modernização de Coleções Biológicas Brasileiras e a Consolidação de Siste-mas Integrados de Informações sobre Biodiver-sidade, 2005 (disponível em http://www.cria.org.br/cgee/junho/docs/ColecoesdeInvertebra-dosMagalhaes BonaldoKuryHadju.pdf).

Ribeiro-Costa, C.S. & R.M. da Rocha. Inver-tebrados: manual de aulas práticas. Ribeirão Preto: Holos Ed. 2002. 226p. (Série: Manuais Práticos em Biologia, 3).

Ruppert, E.E. & R.D. Barnes. Zoologia dos In-vertebrados. 6ª edição. S. Paulo: Livraria Roca Ltda. 1996. 1029p.

Storer, T.I; R.L. Usinger; R.C. Stebbings & J.W. Nybakken. Zoologia Geral. S. Paulo: Compa-nhia Ed. Nacional. 1984. 816p.

Ville, C. A.; B.Walker & R.D.Barnes. Zoolo-gia Geral. Rio de Janeiro: Editora Guanabara. 1989. 820pp.

Zaher H, Young PS. As coleções zoológicas bra-sileiras: panorama e desafios. Ciência e Cultura 2003; 55 (3): 24-26 (disponível em http://cien-ciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v55n3/alv55n3.pdf).

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AnIMAIS ACELOMADOS

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Conhecerosprincipaisgruposde inver-tebrados acelomados;

• Entenderas suas característicasdife-

renciais nos aspectos anatômicos e fisiológicos;

• Compreender a importância desses in-

vertebrados para o equilíbrio ecológico do planeta Terra.

EMEnTA

Estudo dos animais invertebrados pseudo-celomados, discutindo sobre seus aspectos anatômicos e fisiológicos, considerando o seu desenvolvimento evolutivo e a importân-cia para o homem.

UnIDADES TEMÁTICAS DO CAPÍTULO

Neste capítulo, apresentaremos grupos de animais pseudocelomados, que são repre-sentados pelos asquelmintos e nematelmin-tos, abordando suas principais características biológicas, relacionando-os com o homem.

- Asquelmintos- Filo Entoprocta - História natural - Morfologia

Prof. Múcio Luiz Banja Fernandes Carga Horária I 15 h

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26 - Alimentação e digestão - Circulação, trocas gasosas e excreção - Sistema nervoso - Reprodução e desenvolvimento

- Filo Acanthocephala- Filo Nematelminthes - Ancilostomose - Filariose

- Outros Nematelmintes Parasitas - Strongiloides stercoralis - Enterobius vermicularis - Trichuris trichiura

ASQUELMInTOSOs asquelmintos são vermes de corpo cilíndri-co, tratando-se de animais triblásticos, protos-tânios, de simetria bilateral, pseudocelomados e não segmentados. Têm o corpo revestido por uma culícula espessa e contínua e apresentam sistema digestivo completo; sua digestão é ex-clusivamente extracelular.

A existência de uma cavidade no corpo, o pseudoceloma, representa uma vantagem dos asquelmintos em relação aos platelmintos. Essa cavidade aumenta o espaço interno, per-mitindo que os órgãos se enrolem.

Os animais pseudocelomados são classificados em 3 filos diferentes: o primeiro filo é o ento-procta (figura 3.1), formado por pequenas es-pécies aquáticas, em sua maioria, marinhos; o segundo, denominado acanthocephala (figura 3.2), compõe-se de vermes dotados de uma tromba cefá-lica retrátil, provida de espinhos; o terceiro e úl-timo é o filo Aschelmin-thes. Neste, é de particu-lar interesse o estudo de uma classe, a Nematoda.

Figura 3.1. Esquema de um entoprocta.

Figura 3.2. Propóscide de um acantocéfalo.

FILO EnTOPROCTA

HISTÓRIA nATURAL

Este filo, essencialmente marinho, é formado por cerca de 150 espécies de animais peque-nos (até 5mm de comprimento), organizados em colônias ou solitários, geralmente sésseis. As colônias podem estar fixadas a diferentes tipos de substratos, como rochas e algas, e os indivíduos solitários podem estar em simbiose com outros organismos, como esponjas e poli-quetas. São basicamente intertidais, com algu-mas espécies encontradas em profundidades de até 500m. Dentro de todo o filo, apenas um único gênero encontra-se em água doce, o Urnatella.

MORFOLOGIA

O corpo destes animais é constituído de um cálice, no qual se encontra presente uma coroa

de tentáculos ciliados e, circundados por esta coroa, na superfície do cálice, estão situados boca e ânus. Esse cálice é sustentado por uma haste, que, nos solitários, se prende, diretamente, ao substrato e, em colônias, está ligada a ramos maiores.

Os zoóides individuais, embora sejam bilaterais, possuem uma forma simé-trica radial.

Os entoproctos já foram agrupados no filo Bryozoa, juntamente com ecto-

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27proctos, durante boa parte dos séculos XVIII e XIX. A condição de filo foi mais aceita, quando se descobriu sua natureza não celomada. Mes-mo com uma cavidade do corpo preenchida por mesênquima, durante muitos anos, foram considerados blastocelomados. Entretanto, Nielsen sugere que entoproctos e ectoproctos podem estar proximamente relacionados. De fato, os entoproctos podem ser formas primi-tivas dos ectoproctos. Sugere, também, que os entoproctos poderiam ser primitivamente acelomados e possuir um blastoceloma pre-enchido secundariamente. Para Ruppert e Bar-nes (1996), eles são, de fato, acelomados, e, para Brusca e Brusca (2003), são considerados como funcionalmente acelomados.

A parede corporal é coberta por uma cutícu-la fina e fibrosa, que recobre cálice e haste, mas não, a porção ciliada dos tentáculos e do vestíbulo.

A epiderme é ciliar. Na subepiderme, encon-tram-se músculos retratores dos tentáculos, compressores do corpo e contratores do cá-lice. Outros músculos encontram-se na haste, conferindo capacidade de se curvar.

O mesênquima, que preenche o espaço entre o sistema digestivo e a parede corporal, junto com a cutícula, é que dará sustentação e su-porte ao corpo.

ALIMEnTAÇÃO E DIGESTÃO

São filtradores, comedores de matéria orgânica em suspensão. Eles extraem partículas de co-mida, a maioria fitoplâncton, de correntes pro-duzidas por cílios laterais de seus tentáculos.

A superfície dorsal está presa à haste, e a ven-tral encontra-se oposta a esta, ou seja, numa posição contrária ao substrato. É através das correntes de água, que passam da parte dor-sal para a ventral, fluindo entre os tentácu-los, que a comida fica retida nos cílios laterais e é movida juntamente com uma lâmina de muco para os cílios frontais, que movem o muco e a comida para um sulco vestibular ci-liado na base dos tentáculos, onde se encon-tram outras áreas ciliadas que levam a comida para a boca.

O sistema digestivo apresenta-se em forma de U, típico em animais sésseis, com um grande estômago bulboso. As partículas, juntamen-te com o muco, são movidas para o intestino pelos cílios, que contornam o tubo bucal por contrações musculares do esôfago. O esôfago leva ao estômago, do qual um pequeno intes-tino se estende a um reto localizado dentro do cone anal. A comida é movida dentro do sis-tema digestivo por cílios. O revestimento do estômago secreta enzimas digestivas e muco, que são misturados ao alimento por ação das correntes ciliares. A digestão e a absorção pro-vavelmente ocorrem dentro do estômago e in-testino, local onde a comida é retida por um esfíncter muscular intestinal-retal.

CIRCULAÇÃO, TROCAS GASOSAS E EXCREÇÃO

A excreção é realizada, aparentemente, pelo sistema digestivo, o qual porta dois protone-fídios, que se abrem num nefridióporo atrás da boca. Algumas células da parede vetral do estômago acumulam ácido úrico e guanina, liberando-os na luz do estômago, onde serão eliminados pelo ânus.

Algumas células, denominadas atrócitos, fago-citam restos e detritos presentes no mesênqui-ma, liberando-os no duto excretor.

O sistema digestivo é responsável, em grande parte, pelo transporte interno desses animais, por difusão, através do mesênquima, entre sua luz e a parede do corpo.

Os entopróctos coloniais têm um órgão “cé-lula-estrela”, localizado perto da junção do cálice com a haste. Funciona na pulsação e no bombeamento do fluido do cálice para a haste. Trocas gasosas provavelmente ocorrem sobre a maior parte da superfície do corpo, principalmente em regiões que não possuem cutícula, como tentáculos e vestíbulo.

SISTEMA nERVOSO

Possuem um sistema nervoso reduzido, co-mum em animais sésseis, composto de um único gânglio (gânglio subentérico), localizado entre o estômago e o vestíbulo. Deste gânglio partem alguns nervos para os tentáculos, para a parede do corpo e para a haste.

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28Órgãos táteis, como papilas ciliadas, podem ser encontrados sobre a parede do corpo e concentrados nos tentáculos.

REPRODUÇÃO E DESEnVOLVIMEnTO

As colônias são formadas a partir de brota-mentos na base dos zoóides ou em ramos da haste. Formas solitárias produzem brotos no cálice, que se separam do parental e, depois, se fixam como novos indivíduos.

Muitos, talvez todos os solitários, sejam herma-froditas com algumas espécies protândricas. Formas coloniais podem ter zoóides hermafro-ditas ou dióicos, e a colônia pode ter um sexo ou ambos. Um ou dois pares de gônadas loca-lizam-se entre o estômago e o vestíbulo. Gono-dutos curtos levam das gônadas até um poro comum que se abre na câmara incubadora.

A fertilização ocorre nos ovários, aparente-mente depois que os espermatozóides são li-berados na água e penetram no trato repro-dutivo da fêmea. À medida que os zigotos se movem no oviduto, glândulas de cimento se-cretam hastes pelas quais os embriões são pre-sos à parede da câmara incubadora. Algumas espécies podem ser vivíparas, área em que os embriões ficam retidos nos ovários, e células especiais do adulto nutrem o embrião em de-senvolvimento.

A clivagem nos entoproctos é holoblástica e espiral. Divisões não sincronizadas produzindo cinco quartetos de micrômeros mais ou menos no estágio de 56 células. O destino das célu-las é similar ao daquele com desenvolvimento típico dos protostômios, incluindo o fato de a mesoderme ser derivada da mesoderme. Uma celoblástula se forma por invaginação.

A larva que se desenvolve, segundo alguns au-tores, é similar a uma trocófora, típica entre os protostômios. A maioria tem vida livre-natan-tes e planctotrófica, embora possam ocorrer larvas lecitotróficas ou rastejantes em algumas espécies.

Após curto período como larva livre natante, esta se fixa ao fundo por uma superfície ciliada e sofre um grande aumento desigual da massa

corporal, direcionando a superfície vestibular, ventral, ao lado oposto ao substrato fixado. Pode acontecer, também, em alguns casos, da larva aderir ao substrato e, sem rotação, produzir um broto assexual apropriadamente orientado que se tornará o adulto. Tais brotos podem também ser formados mais cedo, en-quanto a larva ainda está na câmara incubado-ra e podem ser liberados pela ruptura da larva antes da fixação.

De acordo com o desenvolvimento dos ento-proctos, alguns autores acreditam que este grupo pode estar relacionado a outros que também possuam larva trocófora e que, pro-vavelmente, teria uma ancestral comum com os briozoários celomados. Outros pesquisado-res, entretanto, pensam que tal semelhança entre estes dois grupos se deve ao fato de se-rem sésseis, ou seja, possuírem modo de vida semelhante, levando a uma provável conver-gência adaptativa.

FILO ACAnTHOCEPHALAOs vermes representantes do filo Acanthoce-phala são compostos por parasitas, encontra-dos em muitas espécies de peixes, anfíbios, pássaros e mamíferos. Os acantocéfalos ca-racterizam-se pela presença de uma probósci-de reversível, munida de espinhos e que serve para fixar o animal ao intestino do hospedeiro. Estão descritas cerca de 850 espécies que me-dem entre alguns milímetros até cerca de 6 cm de comprimento.

Os acantocéfalos não possuem boca nem sis-tema digestivo. Todos os nutrientes dos quais necessitam para o seu desenvolvimento ou vida são digeridos pelo hospedeiro e absor-vidos diretamente pela pele do acantocéfalo, que vivem presos na mucosa intestinal. O sis-tema nervoso é ganglionar e não tem órgãos sensoriais evidentes. Não há sistema excretor.

Os acantocéfalos são dióicos e, por isso, há in-divíduos de sexo masculino e feminino. O seu ciclo de vida é complexo e envolve, em muitos casos, mais do que um único hospedeiro. Só foram descritos ciclos de vida completos para, apenas, 25 espécies deste filo. De uma forma geral, o embrião de acantocéfalo é expelido

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29do organismo hospedeiro através das fezes. Em seguida, é necessário que seja ingerido por um hospedeiro intermediário, em geral, crustáceos. Em vez de digerido, o embrião penetra na parede intestinal do crustáceo e aloja-se na cavidade abdominal, onde forma um cisto e se transforma em cisticanto. Esse estágio é semelhante ao adulto, exceto pela ausência de órgãos reprodutores. Em deter-minado momento, o hospedeiro intermediá-rio é ingerido pelo hospedeiro definitivo que pode ser um mamífero, uma ave ou um pei-xe. A digestão do crustáceo provoca a liber-tação do acantocéfalo no intestino do hos-pedeiro definitivo. Para garantir a fixação, o cisto ejeta a probóscide e se fixa na mucosa do intestino, desenvolvendo-se, então, até a fase adulta.

FILO nEMATELMInTEApesar da grande diversidade de espécies, pode-se dizer que todos são estruturadamente semelhantes. Por isso, as características obser-vadas no estudo do Ascaris lumbricoides darão uma boa idéia de todo o grupo.

O A. lumbricoides, popularmente conhecido como lombriga, é um verme parasita. Habita o intestino de porcos e homens, onde se nutre de alimentos já digeridos. Dá-se o nome de as-caridíase à doença causada por esse parasita. As fêmeas da Ascaris eliminam grande quan-tidade de ovos, que chegam ao meio exterior com as fezes do hospedeiro, contaminando a água e os alimentos. A ascaridíase é adquirida pela ingestão desses ovos. Esses ovos chegam até os pulmões; as larvas rompem os aovéolos; sobem pela árvore respiratória e chegam à fa-ringe, onde são deglutidas. Ao chegarem ao intestino delgado, transformam-se em vermes adultos.

Raramente as larvas migratórias causam pro-blemas no fígado e nos pulmões. No intestino delgado, os vermes adultos expoliam o orga-nismo, nutrindo-se de alimentos já digeridos. O doente apresenta sintomas variados, como fome, dores vagas no abdômen, digestão di-fícil, diarréia ou prisão de ventre, náuseas e, às vezes, vômitos. Um número excessivo de vermes apresenta o perigo de obstrução in-

testinal. Além de lombrigas, existem outros nematódios causadores de doenças, como o Necator americanus (amarelão), a Wucheria bamcrofti (filariose), etc.

AnCILOSTOMOSEÉ uma doença causada por dois vermes que apresentam ciclos muito seme lhantes, o Ancylostoma duodenale e o Necator americanus.

Os vermes adultos vivem no intestino delga-do do homem, e os ovos são expulsos com as fezes. Encontrando condições favoráveis no solo (calor e umidade), tornam-se embrio-nados (isto é, com larva rabditóide) 24 horas depois da expulsão. A larva, então, aban dona a casca do ovo, passando a ter vida livre no solo. Num período de cin co a oito dias, trans-forma-se em uma larva infestante, chamada larva filarióide.

As larvas filarióides penetram na pele do ho-mem, migram para os capilares linfáticos da derme e, em seguida, passam para capilares sangüíneos, sendo levadas pela circulação até o coração e, finalmente, ao pulmão. Depois, perfuram os capilares pulmonares e a pare-de dos alvéolos, migram pelos bronquíolos e chegam à faringe. Daí descem pelo esôfago e alcançam o intestino delgado, onde se tornam adultos.

Às vezes, os vermes jovens são expulsos pela boca, na passagem da traquéia para a farin-ge. Outra maneira de infestação é pela larva filarióide encistada que, quando ingerida pela boca, alcança o estado adulto no intestino del-gado, sem migração.

Por intermédio de suas placas cortantes ou dentes, esses ver mes rasgam as paredes intestinais, sugam o sangue e provocam he morragias. As larvas produzem lesões pulmonares.

A prevenção se faz através da construção de instalações sanitá rias, do tratamento da água e do uso de sapatos.

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FILARIOSEÉ causada pelo verme Wucherería bancrofti ou filária, que vive nos vasos linfáticos. As fêmeas produzem larvas, as microfilárias, que migram para o sangue e só completam o seu desenvol-vimento num mosquito hematófago (gênero Culex ou Aedes). (Figura 3.3)

Com a picada, as microfilárias passam com o sangue para o tubo digestivo. Daí migram para os músculos e crescem formando larvas infestantes, que se dirigem para a cavidade geral e se instalam nas peças bucais do inseto. Quando o inseto pica o homem, essas larvas atingem os vasos linfáticos, nos quais se tor-nam adultas.

A doença produzida é a elefantíase ou filario-se, causada pela obs trução dos vasos linfáticos pelos vermes adultos (as larvas vivem nos capi-lares sangüíneos). A elefantíase se caracteriza por uma hipertrofia das regiões afetadas (per-nas, mamas, saco escrotal). A pro filaxia consis-te no tratamento dos doentes e no combate ao mosquito.

OUTROS nEMATELMInTES PARASITAS

STROnGILOIDES STERCORALIS

Nematelminte de distribuição mundial, habi-tando, além do homem, cães, gatos e maca-

Figura 3.3. Ciclo Biológico da filariose

cos. É um animal de ciclo biológico complexo, com fêmeas partenogenéticas vivendo na pa-rede intestinal, de onde eliminam larvas migra-tórias pelo sistema digestivo.

EnTEROBIUS VERMICULARIS

Também conhecido por oxiúrus, possui diver-sas espécies de interesse veterinário e para o homem. Foi descrito pela primeira vez, por Li-neu, em 1758 como Ascaris vermicularis, sen-do adotado o gênero Oxiurus em 1803, por Rudolphi (Neves, 2003). O verme apresenta di-morfismo sexual, com a fêmea muito maior (1 cm) do que o macho (0,5 cm), que possui a ex-tremidade final fortemente encurvada. O ciclo biológico deste parasita é simples, do tipo mo-noxênico (um só hospedeiro) com transmissão em seu período larval.

TRICHURIS TRICHIURA

Esse parasita não possui órgão sensorial, com sua superfície ventral esofagiana, possuindo uma série de glândulas unicelulares com pe-quenos poros, provavelmente relacionados à regulação osmótica desses animais. Medem entre 3 e 5 cm, com os machos sendo meno-res que as fêmeas e com a porção final do cor-po larga e região anterior afilada como um fio (daí o nome erroneamente usado de tricuris = cauda em forma de fio ou cabelo). O seu ciclo biológico é simples (monoxênico) com machos e fêmeas, reproduzindo-se no intestino grosso do homem.

ATIVIDADES DO CAPÍTULO

1. Qual a vantagem de um asquelminte com um pseudoceloma em relação aos platel-mintes que são acelomados?

2. Como está composto morfologicamente o sistema digestivo do entoprocta?

3. Explique resumidamente como acontece a reprodução e o desenvolvimento do entoprocta.

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4. Qual a estratégia de fixação do acantocé-falo em seu hospedeiro?

5. Quais sintomas podem ser relacionados à ascaridíase?

6. Faça um quadro, demonstrando as formas de transmissão da ascaridíase, do amare-lão e da filariose.

7. Desenvolva uma pesquisa sobre outras formas de nematelmintes parasitas do homem.

REFERÊnCIA

Barnes, R.D. Zoologia dos Invertebrados. 4ª edição. São Paulo: Livraria Roca Ed. Ltda. 1984. 1079p.

Brusca, R.C. & G.J. Brusca. Invertebrates. Sun-derland: Sinauer Associates. 1990. 922p.

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Neves, D.P. Parasitologia Humana. Atheneu: São Paulo. 10ª. ed. 2003. 28p.

Ribeiro-Costa, C.S. & R.M. da Rocha. Inver-tebrados: manual de aulas práticas. Ribeirão Preto: Holos Ed.. 2002. 226p. (Série: Manuais Práticos em Biologia, 3).

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Ville, C. A.; B. Walker & R. D. Barnes. Zoolo-gia Geral. Rio de Janeiro: Editora Guanabara. 1989. 820pp.

Zaher H, Young PS. As coleções zoológicas bra-sileiras: panorama e desafios. Ciência e Cultura 2003; 55 (3): 24-26 (disponível em http://cien-ciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v55n3/alv55n3.pdf).

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AnIMAIS CELOMADOS

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Conhecerosprincipaisgruposdeinver-tebrados celomados;

• Entenderassuascaracterísticasdiferen-

ciais nos aspectos anatômicos e fisioló-gicos;

• Compreendera importânciadesses in-

vertebrados para o equilíbrio ecológico do planeta Terra e para o homem.

EMEnTA

Estudo dos mais evoluídos invertebrados, discutindo sobre seus aspectos anatômicos e fisiológicos, considerando os seus aspec-tos de interação com a espécie humana.

UnIDADES TEMÁTICASDO CAPÍTULO

Neste capítulo, apresentaremos grupos de animais celomados, que representam uma grande diversidade animal, sendo eles re-presentados pelos anelídeos, artrópodes, moluscos e equinodermatas.

- Filo Annelida

- Os Artrópodes - Classificação dos Artrópodes - Os Insetos

Prof. Múcio Luiz Banja Fernandes Carga Horária I 15 h

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34 - Os Aracnídeos - Os Crustáceos - Curiosidades sobre os crustá ceos - Quilópodes e diplópodes

- Filo Mollusca - Circulação - Digestão, respiração e excre ção - Sistema nervoso - Reprodução - Classe Gastropoda - Classe Bivalvia - Classe Cephalopoda

- Filo Echinodermata

FILO AnnELIDAAnimais, como a minhoca e a sanguessuga, pertencem ao filo anelida ou anelídeos. São vermes anelados, animais, cujo corpo se divide em anéis ou segmentos. São animais triblás-ticos, celomados e de simetria bilateral. O ce-loma não é aqui uma cavidade única, embora se apresente dividido em partes, por septos de origem mesodérmica.

Os anelídeos são classificados, segundo o nú-mero de cerdas que possuem. De acordo com esse critério, distinguem-se três classes perten-centes ao filo Annelida:

• Oligoquetas ou classe Oligachaeta - ane-lídeos com poucas cerdas. Exemplo: mi-nhocas.

• Poliquetas ou classe Polychaeta - anelíde-os que possuem muitas cerdas. Exemplo: Nereis.

• Hirudíneos ou classe Hirudinea - quase to-das as espécies sem cerdas. Exemplo: san-guessuga.

O principal exemplo de anelídeos é a minho-ca, normalmente por seu papel como agente espontânea e voluntária do beneficiamento do solo em diversos países do mundo.

O corpo é revestido de uma cutícula fina e transparente. Abaixo dela, situa-se um epité-lio simples, constituído de células cilíndricas. Nele se encontram células glandulares secre-toras de muco, fotorreceptoras e sensoriais. (Figura 4.1)

Figura 4.1. Estrutura de um anelídeo oligoqueta (minhoca).

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35O sistema digestivo é completo. Trata-se de um tubo retilíneo, localizado na parte central do corpo sustentado por pregas de mesoderme.

O sistema circulatório é fechado, ou seja, o sangue só circula no interior de vasos sangüí-neos. Na região dorsal do corpo, pode ser visto externamente, por transparência, um vaso lon-gitudinal dorsal, localizado sobre o intestino.

As minhocas não possuem sistema respirató-rio. A respiração é cutânea, e a troca de ga-ses ocorre através da superfície do corpo; para isso, é importante que a célula esteja umedeci-da, o que facilita a difusão de gases. O sangue, que chega à parede do corpo pelas capilares, libera o gás carbônico e se oxigena.

O sistema nervoso é centralizado. Na extremi-dade anterior do corpo, há dois gânglios ce-lebrais ou supra-esofágicos que, por meio de um anel periofágico, se comunicam com dois gânglios subesofágicos.

A reprodução ocorre, por fecundação cruzada, entre dois indivíduos que se unem pela região de clitelo. Nessa ocasião, uma minhoca depo-sita espermatozóides no receptáculo seminal da outra. Após a troca de espermatozóides, os animais se separam, formando-se um casulo na região do clitelo.

Existem cerca de 5.300 espécies de poliquetos, a maioria vivente no mar. Os poliquetos diferem dos oligoquetos em vários aspectos. Em primeiro lugar, pos-suem uma cabeça diferenciada, na qual existem apêndices sensitivos. Possuem, ainda, em cada anel do corpo, numerosas cerdas concentradas em expansões late-rais, que funcionam como rudimentos, de patas, servindo à locomoção, denomi-nados parapódios. (Figura 4.2)

Figura 4.2. Anelídeo poliqueta.

Figura 4.3. Sanguessuga, representante dos hirudíneos.

Os hirudíneos são vermes aquáticos e terres-tres que não possuem cerdas, cuja segmenta-ção externa não corresponde à interna: há cer-ca de três anéis externos para cada metâmero interno. As sanguessugas possuem as cerdas nas extremidades do corpo e usam-nas para locomoção e fixação. (Figura 4.3.)

OS ARTRÓPODES

Em relação ao estudo dos invertebrados, o filo Arthropoda merece atenção especial. Ele agrupa mais de 800 mil espécies, quantia que supera todos os demais filos reunidos. Além disso, merecem citação: a grande diversidade dessas espécies; sua boa adaptação a diferen-tes ambientes; as vantagens em competição

com outras espécies; a excepcional capacidade reprodutória; a eficiên-cia na execução de suas funções; a resistência a substâncias tóxicas e a sua perfeita reorga-nização social, no caso das abelhas, formigas e cupins.

Os artrópodes são inver-tebrados, que possuem patas articuladas, nome formado de Athros, que significa articulações, o podes, que significa pés ou patas. Os artrópodes têm uma carapaça pro-tetora externa, que é o

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36seu esqueleto, formada por uma substância resistente e impermeável, denominada quiti-na, endurecida por conter muito carbonato de cálcio.

Ao crescer, os artrópodes abandonam o es-queleto velho, pequeno e fabrica outro maior. Esse fenômeno é chamado muda. Ela ocorre várias vezes para que o animal possa atingir o tamanho adulto.

Figura 4.4. Esquema de um representante dos insetos (gafanhoto).

Os artrópodes, no entanto, não possuem ape-nas patas articuladas mas também outras ex-tremidades, como as antenas e as peças bucais. Os seus membros inferiores são formados por partes que se articulam, ou seja, que se movi-mentam umas em relação às outras: os seus pés se articulam com suas pernas, que se articulam também com suas coxas, que também se arti-culam com os ossos do quadril. (Figura 4.4.)

CLASSIFICAÇÃO DOS ARTRÓPODESOs artrópodes podem ser classificados em cinco classes principais, sendo usado como critério o número de patas. (Quadro 4.1.)

Quadro 4.1. Relação do número de patas em relação aos diversos grupos de artrópodes.Número de patas Grupo Exemplos

6 Insetos Barata, formigas, besouros, etc.

8 Aracnídeos Aranhas, escorpiões, carrapatos, etc.

10 Crustáceos Caranguejo, siri, cracas, camarão, etc.

1 par por segmento Quilópodes Lacraia

2 pares por segmento Diplópodes Embuá, piolho de cobra.

OS InSETOSSão artrópodes com seis patas distribuídas em três partes. Os insetos apresentam o corpo subdivi-dido em cabeça, tórax e abdome. Possuem um par de antenas e três pares de patas no tórax. Na maioria das espécies, há dois pares de asas, mas há espécies com apenas um par e outras, sem asas. (Figura 4.5)

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O corpo dos insetos é formado por três regiões: cabeça, tórax e abdome. Na cabeça dos insetos, podemos notar antenas, olhos e peças bucais.

As antenas são utilizadas para a orientação. Todos os insetos têm um par de antenas. Os olhos dos insetos são compostos da seguinte forma:

• 2olhos compostos, isto é, formadosporvárias unidades, que permitem enxergar em várias direções, ao mesmo tempo;

• 3olhos simples, tambémconhecidosporocelos.

Esse conjunto de olhos proporciona aos inse-tos uma excelente visão. Eles podem enxergar coisas que não são visíveis ao homem.

As peças bucais, todas dotadas de articulação, estão diretamente relacionadas à alimentação. Assim, as peças bucais podem ser de vários tipos, conforme os hábitos alimentares dos insetos.

O tórax dos insetos é dividido em três partes; em cada uma delas, prende-se um par de pa-tas. É, ainda, no tórax que se prendem as asas, existentes na maioria dos insetos. Quanto ao número de asas, existem 3 tipos de insetos: sem asas, com um par de asas e com dois pa-res de asas.

A respiração dos insetos se dá através de tra-quéias, pequenos canais que ligam as células do interior do corpo com o meio ambiente. Ao longo de todo o corpo de um inseto, podem ser vistos os estigmas, pequenas malhas onde se abrem as traquéias.

Os insetos são animais de sexos separados e ovíparos. Depois que os ovos são deposi-tados pelas fêmeas, eles se desenvolvem e formam um novo inseto. Alguns insetos têm desenvolvimento direto: do ovo, nasce uma forma jovem, que já tem o aspecto do adul-to, embora menor. É, por exemplo, o caso da traça. O desenvolvimento da mosca é in-direto: ela nasce diferente do adulto e viven-cia mudanças na forma do corpo, enquanto se transforma de recém-nascida em adulta (Figura 4.6.). Dizemos que a mosca sofre metamorfose. Todas as formas que têm as-pecto diferente do adulto são denominadas de larvas. Nem todos os insetos apresentam metamorfose, embora ela ocorra na maioria deles. Você já deve ter visto as lagartas das borboletas: elas são larvas que se transfor-marão em borboletas adultas.

A borboleta deposita o ovo em uma folha, e desse ovo nasce uma lagarta, que é a primeira forma de larva desses insetos. Em seguida, a la-garta se transforma, passando por outras for-mas de larva, até originar a borboleta adulta.

Figura 4.5. Gafanhoto representando a morfologia externa dos insetos.

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Existem aproximadamente 800 mil espécies de insetos, distribuídas por mais de 30 ordens. Um dos critérios usados para a classificação dos insetos é o número e a forma das asas. (Quadro 4.2.)

em enormes bandos, capazes de destruir rapidamente plantações inteiras. Um outro inseto menos voraz é o bicho-da-seda, uma mariposa, cujas larvas alimen-tam-se de folhas, principalmente de amoreiras.

Embora se alimentem dessas fo-lhas, as larvas do bicho-da-seda são muito úteis, pois produzem a seda, tão importante na indus-trialização de tecidos.

Os insetos trazem poucos bene-fícios diretos à saúde humana. A

abelha, no entanto, é um exemplo de benefí-cio direto, pois produz o mel, que utilizamos como alimento e possui ótimo valor nutritivo. A maior parte das relações diretas entre os in-setos e o homem é nociva. Assim, por exemplo, muitas abelhas, que são tão úteis, são também venenosas, e seus venenos podem provocar forte dor e grande reação local. As picadas de abelha, no entanto, geralmente não causam grandes males.

O maior mal que os insetos causam à saúde humana é a sua atividade como vetores de doenças parasitárias. É o caso, por exemplo, da mosca doméstica, que pousa no lixo e em outros lugares contaminados e depois pousa nos nossos alimentos, trazendo sujeira e mi-cróbios. Assim, ela pode causar diversas doen-ças, como a disenteria.

Outros exemplos de doenças transmitidas por insetos são a elefantíase, a malária, a febre amarela, a doença de Chagas e a dengue.

OS ARACnÍDEOSOs aracnídeos são representados pelas ara-nhas, pelos escorpiões e pelos carrapatos. To-dos eles possuem um par de quelíceras e qua-tro pares de patas locomotoras.

As quelíceras são apêndices em forma de pin-ças, situadas na parte anterior da cabeça. É um exemplo de uma aranha jovem e uma adul-ta. Seus corpos têm a mesma forma.Todos os aracnídeos não sofrem metamorfose.

Figura 4.6. Diferentes tipos de larvas dos insetos.

Quadro 4.2. Alguns exemplos de Ordens dos Insetos

Ordem Características Exemplos

Himenoptera Asas semelhantesa membranas

Formigas e abelhas

Diptera Asas duplas Moscas e mosquitos

Coleoptera Asas compactadas

Besouros

Ortoptera Asas em ângulo reto com o corpo

Gafanhoto

Lepdoptera Asas com escamas

Borboletas e mariposas

O equilíbrio ecológico, em todo ecossistema, é mantido graças a uma série de relações, algu-mas positivas e outras negativas. Uma relação altamente positiva é a que ocorre entre os in-setos voadores e as flores. Para que as plan-tas se reproduzam, há necessidade de que o grão de pólen de uma flor seja transportada até outra flor. Esse comportamento chama-se polinização, sendo realizado pelos insetos voa-dores e por vários outros agentes. O transporte do pólen é realizado em grande parte pelos insetos e é de extrema importância na preser-vação de matas, florestas, jardins, pomares. É, enfim, essencial à preservação de numerosos ecossistemas. Um exemplo de relação negativa é o que ocorre entre o gafanhoto e as planta-ções. O gafanhoto é um predador voraz e vive

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39Outra característica importante dos aracnídeos é que eles têm a cabeça e o tórax numa peça só, denominada cefalotórax.

É fácil distinguir um aracnídeo de um inseto através do exame externo do corpo. (Figura 4.7)

Figura 4.8. Estrutura geral de um crustáceo

Figura 4.7. Principais representantes do grupo dos aracnídeos.

Os Aracnídeos podem ser distribuídos por 3 ordens, com base no aspecto externo do cor-po, como pode ser observado no quadro 4.3. a seguir.

Quadro 4.3. Estrutura do corpo dos AracnídeosOrdem Corpo Exemplos

Araneídeos Cefalotórax e abdômen

Aranhas

Escorpionídeos Cefalotórax, abdômen e pós-abdômen

Escorpiões

Acarinos Cefalotórax fundido com o abdômen

Carrapatos

Os araneídeos englobam todas as espécies de aranhas, venenosas ou não.

Os Escorpionídeos reúne os escorpiões. O es-corpião é um aracnídeo, que provoca um certo receio nas pessoas, pelo seu aspecto e com-portamento agressivo.

OS CRUSTÁCEOS

Crustáceos são os artrópodes que possuem uma crosta, que protege o corpo. Os principais representantes dessa classe são os camarões, as lagostas, os caranguejos e os siris, todos

com 5 pares de patas. São, portanto, decápo-des (deca= dez; podes= patas, pés).

Na maioria dos decápodes, as 2 patas dian-teiras são modificadas e bem desenvolvidas como adaptação à apreensão de alimentos.

O número de patas é um bom critério, que permite dividir a classe dos crus-táceos em duas ordens: Decápodes e Isópodes. Os decápodes, você já co-nhece: são crustáceos de dez patas.

Os isópodes são crustáceos, que pos-suem numerosas patas, todas seme-lhantes. O exemplo mais conhecido é um isópode encontrado em toda a costa litorânea do Brasil, conheci-do por tatuí, tatuíra ou tatuzinho de praia.

O esqueleto é um sistema encarrega-do da sustentação do corpo, tanto em vertebrados como em invertebrados; nos vertebrados, o esqueleto fica den-

tro do corpo, e nos invertebrados, fica fora, revestindo o corpo. Dizemos, então, que os vertebrados têm endoesqueleto (esqueleto in-terno) e que os invertebrados têm exoesquele-to (esqueleto externo).

Dentre os artrópodes, os crustáceos são os que possuem exoesqueleto mais volumoso e mais desenvolvido; ele forma a crosta, que deu nome aos crustáceos e que reveste e protege o corpo desses animais. Essa crosta é constituída de quitina e carbonato de cálcio.

Externamente, podemos reconhecer duas par-tes no corpo dos crustáceos: o cefalotórax e o abdômen. (Figura 4. 8)

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40No cefalotórax, localizam-se dois pares de an-tenas e um par de olhos compostos, que ge-ralmente se situam na extremidade de dois pedúnculos. São, por isso, chamados olhos pedunculados. Esses olhos são movimentados pelos pedúnculos, permitindo, assim, uma am-pla exploração do ambiente.

Os crustáceos são, na sua maioria, animais aquáticos e de respiração branquial.

CURIOSIDADES SOBRE OS CRUSTÁCEOSCaranguejo ou siri? Muita gente confunde ca-ranguejo com siri. Eles podem, no entanto, ser diferenciados facilmente por várias caracterís-ticas. Duas delas muito evidentes:

• Ocorpodosiriémaisachatadodoqueocorpo do caranguejo, que é mais arredon-dado.

• Aspatastraseirasdosirisãolargas,comoremos, ao passo que as patas do caran-guejo são pontudas.

Essas duas características devem-se ao fato de que os siris estão mais bem adaptados ao nado do que os caranguejos.

Os crustáceos são inofensivos ao homem. Além disso, são largamente utilizados na ali-mentação humana. Na verdade, pra-ticamente, todos os artrópodes utili-zados como alimento são crustáceos: camarão, lagosta, siri, caranguejo, ta-tuíra etc...

QUILÓPODES E DIPLÓPODESTem como principal característica a di-visão de corpo em vários segmentos, onde se prendem as patas. Os quiló-podes e os diplópodes possuem um par de antenas e olhos simples, não possuindo olhos compostos.

Quilópodes: como principal exemplo, temos a centopéia, a lacraia e a esco-lopendra. (Figura 4.9)

Figura 4.10. Estrutura de um diplópode (Embuá)

Principais características:

• 1pardepatasemcadasegmento;

• corpo dividido em 2 regiões, cabeça etronco.

• Diplópodes: oprincipal exemplo éopio-lho-de-cobra (embuá).

Principais características:

• 2paresdepatasemcadasegmento;

• corpodivididoemtrêsregiões:cabeça,tó-rax e abdômen.

Os Quilópodes e os Diplópodes (Figura 4.10) não têm interesse especial para a saúde huma-na. A única agressão ao homem é praticada pelas centopéias, que possuem um par de pin-ças de veneno na cabeça, que podem provocar picadas dolorosas.

Figura 4.9. Estrutura de uma centopéia

FILO MOLLUSCA

Os moluscos (lat. mollis, mole) têm corpo mole, con-sistindo, tipicamente, de uma cabeça anterior, um pé ventral e uma massa visceral dorsal. Possuem simetria bilateral, tri-blásticos e não segmentados. O corpo é mais ou menos co-berto por um manto fino, car-noso e comumente abrigado em uma concha calcária ex-terna. O filo compreende sete classes de aspectos e hábitos diferentes: Neopilina (Clas-se MONOPLACOPHORA), os

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41quítons (POLYPLACOPHORA), os solenogastros (APLACOPHORA), dentálios (SCAPHOPODA), caramujos, caracóis e lesmas (GASTROPODA), mariscos, ostras e outros bivalves (BIVALVIA) e os náutilos, lulas e polvos (CEPHALOPODA).

O filo MOLLUSCA é o segundo maior filo ani-mal com mais de 80.000 espécies viventes e é um grupo importante da linha evolutiva dos invertebrados protostômios. Os moluscos são de larga distribuição no tempo e no espaço, tendo um registro contínuo desde o Cambria-no; muitos são abundantes como indivíduos e são ecologicamente importantes. Apesar de a maioria ser marinha, muitos caramujos e les-mas invadiram os ambientes de água doce e terrestre. Junto com os artrópodes, os molus-cos apresentam adaptações ao maior número de habitats de todos os invertebrados.

A maioria dos moluscos é de vida livre, mo-vendo-se lentamente e apresentando uma re-lação íntima com o substrato. Alguns aderem a rochas, conchas ou madeira; alguns cavam, outros flutuam, e as lulas e polvos podem na-dar livremente. De maior importância econô-mica são os mariscos, ostras, lulas, e outros que servem como alimento humano e alguns bivalves que produzem pérolas. Alguns cara-cóis e lesmas são pestes agrícolas e se alimen-tam de plantas cultivadas. Certos caramujos de água doce são hospedeiros intermediários de vermes parasitos. Um grupo de bivalves de água doce possuem suas larvas parasitas de peixes, e os teredos que danificam navios e portos de madeira. A malacologia é a ciência que estuda os moluscos; a conquiliologia é o estudo de conchas, especialmente aquelas dos moluscos.

A coleção de conchas é um passatempo popu-lar e tem contribuído significativamente para o conhecimento dos moluscos. Conchas fósseis encontram-se freqüentemente bem conserva-das e servem como indicadores úteis das épo-cas geológicas antigas.

CIRCULAÇÃO

O sistema circulatório é lacunar ou aberto, ha-vendo um coração dorsal. A respiração pode ser cutânea, branquial ou pulmonar. A excre-ção se faz por rins. O sistema nervoso é muito

centralizado e do tipo ganglionar. Há estrutu-ras sensoriais, tácteis, visuais, quimiorrecepto-ras e de equilíbrio.

DIGESTÃO, RESPIRAÇÃO E EXCREÇÃO

Trato digestivo é completo e complexo, com tratos ciliados para selecionar partículas pe-quenas. A boca possui sistema raspador na forma de rádula, apresentando fileiras trans-versais de diminutos dentes quitinosos para raspar o alimento (exceto nos BIVALVIA). O sis-tema digestivo termina no ânus, abrindo-se na cavidade do manto. Como anexo, possui uma glândula digestiva grande e freqüentemente glândulas salivares.

A Respiração dos moluscos se dá através de um a muito ctenídios de estrutura peculiar (formando as brânquias) no interior da cavida-de do manto (secundariamente perdidos em alguns), pela cavidade do manto ou pelo pró-prio manto.

A Excreção ocorre nos rins (nefrídios), geral-mente ligados à cavidade pericárdica e termi-nando com abertura na cavidade do manto. A região celomática está reduzida às cavidades dos nefrídios, das gônadas e da área pericárdica.

SISTEMA nERVOSO

O sistema nervoso dos moluscos está formado tipicamente com um anel nervoso circunfarín-geo com vários pares de gânglios e dois pares de cordões nervosos, onde um par inerva a re-gião do pé, e o outro, a massa visceral. Muitos representantes apresentam órgãos para o tato, olfato ou gosto. Possuem, também, manchas ocelares ou olhos complexos (nas vieiras) e es-tatocistos para o equilíbrio.

REPRODUÇÃO

Os sexos são geralmente separados, alguns sendo monóicos, e poucos, protrândricos. Apresentam ductos para transporte de game-tas, e a fecundação pode ser externa ou interna. A maioria são ovíparos e apresentam clivagem do ovo determinada, espiral, desigual e total (meroblástica nos CEPHALOPODA). Possuem fase larval, com aspectos trocófora ou véliger.

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Figura 4.12. Rádula de um molusco gastrópode.

Algumas espécies possuem desenvolvimento direto, como nos Pulmonata e Cephalopoda.

CLASSE GASTROPODASão conhecidas cerca de 25 mil espécies de moluscos da classe dos gastrópodes (Figura 4.11.), vivendo em águas salgadas e doces, e outras, em ambiente terrestre. A maioria é herbívora. Essa classe possui, dentre outros, o caracol, a lesma e o caramujo. Possuem uma rádula raspadora situada na faringe. (Figura 4.12.)

O caracol de jardim é hermafrodita. Possui um sistema reprodutor bastante complicado. Há uma glândula hermafrodita denominada ovo-testis, que produz óvulos e espermatozóides em épocas diferentes.

CLASSE BIVALVIATambém conhecidos como pelecípodes apre-sentam corpo mole, localizado dentro de uma concha rígida, que possui duas partes ou val-vas, o que caracteriza o nome de bivalves. (Fi-gura 4.13.)

Figura 4.11. Vista geral de um gastrópode terrestre.

Figura 4. 13. Morfologia de um molusco bivalve.

CLASSE CEPHALOPODA

Os moluscos cefalópodes caracterizam-se por terem poderosos tentáculos, diretamente li-gados à cabeça. São os moluscos mais desen-volvidos. Exclusivamente marinhos, em geral são bons nadadores e perseguem suas vítimas (peixes, crustáceos e outros moluscos), agar-rando-os com poderosas ventosas existentes nos tentáculos.

FILO ECHInODERMATASão animais exclusivamente marinhos, como a estrela-do-mar, o ouriço-do-mar e o pepino--do-mar. São cerca de 5500 espécies, de tama-nhos médios, nunca sendo muito grandes ou pequenos.

São características exclusivas dos equino-dermos:

• Sistemahidrovascular,constituídodevasosem cujo interior circula água;

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Figura 4. 14. Estrutura geral de uma estrela-do-mar.

• Formaçõesexistentesnasuperfíciedocor-po, dotadas de mandíbulas e acionadas por músculos;

• Endoesqueletocalcário:oesqueletointer-

no, recoberto pela epiderme de origem mesodérmica e constituído de placas cal-cárias que, em algumas espécies, emitem estruturas espinhosas.

Sobre as características do grupo, podemos afirmar que os equinodermos são animais triblásticos, celomados, deuterostômios e de simetria radial de base pentarradiada, quan-do adultos. As larvas apresentam simetria bilateral.

O corpo da estrela-do-mar apresenta-se for-mado por um disco central do qual partem, radialmente, cinco braços triangulares. Em al-gumas estrelas, o número de braços pode che-gar a vinte ou mais. (Figura 4.14)

Figura 4.15. Esquema de um ouriço-do-mar

Os pepinos-do-mar são animais de corpo alongado e mole, e suas placas calcárias são pequenas e não se soldam, como ocorre no ouriço-do-mar.

Os equinodermos ofiuróides assemelham-se às estrelas-do-mar, embora seus braços sejam muito finos. Esses braços são articulados e ca-pazes de movimentar água.

O lírio-do-mar possui um pedúnculo através do qual se fixa ao solo marinho ou a recifes de corais. Na extremidade do pedúnculo, existe um disco em forma de cálice, do qual partem cinco braços ramificados. Alguns desses bra-ços são capazes de se soltar e flutuar.

ATIVIDADES DO CAPÍTULO

1. Como se classificam os representantes do filo dos anelídeos?

2. Faça um resumo sobre a importância das minhocas e sanguessugas para o homem.

3. Como pode ser dividido o corpo dos artró-podes?

4. Considerando que artrópodes possuem esqueleto externo, como acontece o seu crescimento?

5. Exemplifique e comente sobre três artró-podes de importância para o homem.

Os secos são separados. Em cada braço, há um par de gônados. Cada uma destas pos-sui um pequeno canal, que se abre num poro situado na parte superior do disco central. A estrela-do-mar possui um grande poder de regeneração.

O ouriço-do-mar, chamado de pindá pelos indígenas, vive em buracos de rochas, onde chega à água marinha. Seu corpo tem a for-ma de um globo achatado, sendo coberto por espinhos e, dentre eles, pedicelárias. (Figura 4.15)

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6. Como podemos classificar os crustáceos? Exemplifique.

7. Cite e exemplifique as classes do filo mo-lusca.

8. Como ocorre a reprodução dos gastrópo-dos?

9. Por que se afirma que os cefalópodos são os mais inteligentes dos invertebrados?

10.Comente três importâncias dos moluscos para o homem.

11.De que forma os moluscos constroem suas conchas?

12.Descreva a classificação dos equinoder-mes.

13.Comente sobre a importância do sistema hidrovascular nos equinodermes.

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