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N.º 2 MAR./ABR./MAI. 2010 €3.00 Portugal [Cont.]

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Fotografia Prática

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N.º 2MAR./ABR./MAI. 2010

€3.00Portugal [Cont.]

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CLICKO QUE VAI ENCONTRAR NA zOOm

Foto da capa: Raul Nunes

FICHA TÉCNICA zOOM n.º 2 [Março/Abril/Maio 2010]

DIRECTORMaurício Reis REDACÇÃO Paulo Jorge Dias, Cláudio Silva MARKETING Sandra Mendes ARTE/GRAFISMO +ideias design IMPRESSÃO Peres-Soctip- Industrias Gráficas, S.A

DISTRIBUIÇÃO Vasp, Lda PROPRIEDADEMR Edições e Publicações, de Maurício José da Silva Reis | Contribuinte 175282609 | REDACÇÃO|PUBLICIDADE Rua da Escola, 35 - Coselhas,

Apartado 97, 3001-902 Coimbra | Tel.: 239081925 | E-mail: [email protected]

Depósito legal: 305470/10 | Registado na E.R.C. n.º 125761 Periodicidade: Trimestral | Tiragem: 12.500 exemplares

[ Está interdita a reprodução de textos e imagens por quaisquer meios, a não ser com a autorização por escrito da empresa editora ]

3 LIVROS

“Fräulein” e “Lisboa, cidade triste e alegre”

4 EXPOSIÇÃO

As fotos dos nossos leitores

15 INICIADOS

Melhore os JPG que saem da máquina

16 À LA MINUTE

Mundo de brincar

18 CONHECER

Conheça os fotógrafos Mehmet Ozgur, Philip Makanna

e Benedict Campbell

19 PRÁTICA

Inspire-se com os nossos guias passo a passo:

- Desenhos de fumo

- Ilusão de escala

- Experiências com refracção

- Pintar com uma… lanterna

30 TÉCNICA

Panorâmicas perfeitas

36 PELA OBJECTIVA DE...

Raul Nunes

e Luis Ferreira

48 FOTO AVENTURA

Oito meses a viajar e a fotografar. Leia a incrível história

de Alexandre Barbosa

30 TÉCNICA

36 PELA OBJECTIVA DE...

2 | zOOm

http://revistazoom.pt.vu www.flickr.com/photos/revistazoom http://twitter.com/revista_zoom www.facebook.com/profile.php?id=100000324082370

EDITORIALAntes de mais, bem-vindo ao segundo número da zOOm – Fotografia Prática.Queremos aproveitar este espaço para agradecer a todos os que de alguma forma nos contactaram, ou ajudarama divulgar esta nova publicação de e sobre fotografia. As opiniões que nos fizeram chegar foram lidas com toda aatenção e uma boa parte delas poderá até vir a ser implementada.As participações dos leitores, com fotografias, suplantaram (e muito) as nossas melhores previsões. Tanto, quemuitas das imagens que nos chegaram tiveram de passar para a próxima edição da zOOm. Mais uma vez, o nossoobrigado.Nesta edição voltamos a apresentar mais dois fotógrafos que são já casos de sucesso: Raul Nunes e Luis Ferreira.Como tivemos oportunidade de referir no editorial da edição um, daremos atenção a fotógrafos, amadores e pro-fissionais, menos conhecidos no panorama nacional. Existe muito bom trabalho escondido por aí…Como fazer panorâmicas envolve algumas regras a ter em conta, decidimos que seria um bom tema para apre-sentar neste número da zOOm. Depois de ler o nosso artigo, acreditamos que será mais fácil (e rápido) conseguirresultados espectaculares.Juntámos ainda mais algumas ideias práticas que poderá experimentar, como, por exemplo, fazer figuras defumo, ou explorar a refracção, ou até criar ilusões de óptica.Por fim, fique com a extraordinária ‘Foto Aventura’ de Alexandre Barbosa, por terras do Oriente.Inspire-se e... boas fotografias.

A direcção

A GIZ-we can train you (www.giz.pt) ea NUTKASE (www.nutkase.org) lan-çam o programa AGRESTE –Maratona Fotográfica da CostaVicentina (www.agreste.org) que seirá realizar entre 26 e 28 de Marçonos Concelhos de Aljezur e Vila doBispo.

A Costa Vicentina Portuguesa é daszonas mais visitadas e procuradas nonosso país.O Parque Natural do SudoesteAlentejano e da Costa Vicentina com70.000 hectares é uma das maioresreservas naturais em Portugal. É umazona protegida, que se estende pormais de 60 km do Cabo de SãoVicente, o ponto mais a sudoeste docontinente Europeu, até Odeceixe nafronteira com o Alentejo. A costarochosa e íngreme é intervalada porpequenas baías.

Por ser uma zona protegida, a paisa-gem continua sem sofrer as altera-ções que normalmente o turismo traz.O sistema ecológico é único, o clima émenos ameno do que no resto doAlgarve e a ondulação do Atlântico éespectacular, atraindo surfistas, prati-cantes de parapente e muitos outrosturistas com interesses gerais ouespecíficos, incluindo ornitólogos detodo o mundo.

Esta Maratona fotográfica tem trêsobjectivos:

1º – Envolver as Câmaras de Vila doBispo e Aljezur na escolha de locais afotografar.

2º – Criar um banco de imagens daregião para que possam servir comosuportes de comunicação das duasCâmaras Municipais envolvidas.

3º – Realização de duas exposiçõesno Verão de 2010 nos Concelhosmencionados.

A AGRESTE- Maratona Fotográficada Costa Vicentina tem início naEscola da Aldeia da Pedralva, local derecepção aos inscritos e de sede daorganização, e termina no mesmolocal com a aceitação e formalizaçãode candidatura ao concurso. Terá iní-cio às 11 da manhã de Sábado 27 efim às 11 da manhã de Domingo 28de Março.

Os participantes inscritos na MaratonaFotográfica ficam desde logo habilita-dos aos prémios a concurso bemcomo verem os seus trabalhos selec-cionados para as exposições.

As inscrições e o pagamento podemser feitas até ao dia 15 de Março de2010.

AGRESTE – Maratona Fotográficada Costa Vicentina

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FräuleinFOTOS DE ELLEN VON UNWERTH . TEXTO DE INGRID SISCHY€500 | Páginas: 482 | Editor: Taschen

Lisboa, cidade triste e alegreFOTOS DE VICTOR PALLA E COSTA MARTINS . TEXTO DE GERRY BADGER€90 | Páginas: 179

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LIVROSQUE DEVE TER NA SUA ESTANTE

Moda. Cláudia Schiffer. Fetiche. CarlaBruni. Burlesco. Dita von Teese. Fantasia.Mónica Belluci. Romance. Kate Moss. Tudoisto existe, tudo isto não é triste, e tudoisto é fado. Destino, queremos precisar.Tudo isto desperta ideias certas de encon-trar em Fräulein. Ellen von Unweth jogaem casa. Foi supermodelo e actualmente éautora de muitas das fotografias que atra-vessam revistas como a Vogue e a VanityFair, bem como assina campanhas para aVictoria’s Secret, Guess, ou Chanel.Algumas das melhores fotos de 15 anos decarreira são compiladas neste livro, limita-do a 1500 cópias numeradas e autografa-das. O preço não é para todas as carteiras,é certo, mas na impossibilidade de terSchiffer, Bruni, ou Belluci à mesa, porquenão tê-las na estante?

Aos 50 anos, Lisboa Cidade Triste e Alegre ganha mais vigor do que nunca. Sim, lem-bramo-nos que em 2004 foi considerado um dos 200 melhores livros de fotografia domundo e de sempre no The Photobook: A History, de Martin Parr e Gerry Badger. Sim,também sabemos que em 2007 foi vendido um exemplar num leilão na Christie’s, emLondres, por mais de 10000 euros, e que em 2008 foi vendido outro na P4Photography,em Lisboa, por 7400 euros. Mas, agora, a vitalidade é renovada com a resposta às precesdos que desesperavam por encontrar uma das raras cópias do álbum: acaba de ser lança-da a reedição, fac-símile, de Lisboa Cidade Triste e Alegre. Sim, mantêm-se as fotos doquotidiano de uma capital e seus habitantes em meados dos anos 50. Sim, também láestão as páginas desdobráveis e o design vanguardista do que começou por ser um con-junto de fascículos num Portugal acabrulhado pelo Estado Novo. Os inéditos deFernando Pessoa, Alexandre O’Neill, e David Mourão-Ferreira, entre outros, mantêm-sevizinhos das fotos. O rei dos livros de fotografia portugueses está de volta. Perdoem-nosclichés, mas é precisamente disso que falamos.

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NOME: Jorge CasaisPAÍS: PortugalIDADE: 31OCUPAÇÃO: Prof. de Educação FísicaCÂMARA: Canon 40D/10DWEBSITE: www.jorgecasais.com

Envie as suas imagens num CD (ou por e-mail, [email protected]), acompanhadas deuma pequena descrição e, caso pretenda, pode contar asua história de vida ligada à fotografia: como ganhougosto pela mesma, como foi a aprendizagem, qual oequipamento que teve/tem; enfim, fale um pouco dassuas fotos e da sua paixão pela fotografia.

zOOm - Fotografia PráticaApartado 97 . 3001-902 Coimbra

Gostaria de veras suas fotosnesta secção?

EXPOSIÇÃODOS LE ITORES

DESTA

QUE DA

EDIÇÃO

“Chamo-me Jorge Casais edesde muito pequeno quesou viciado em fotografia.

Não tinha máquina, por isso usava e abu-sava da máquina dos meus pais. A vonta-de de querer registar cada momentolevou-me a gastar muito rolo (e dinheironas revelações). Muitas fotos tirava e muito errava, mas

fui aprendendo com os erros e evoluí. Epor isto só tenho que agradecer aos meuspais, que sempre me apoiaram neste(caro) hobbie.Apesar de ter um portfólio variado, é

pela macrofotografia que sinto mais

atracção. A natureza é todos os dias alvode destruição maciça, fruto das nossas ati-tudes irreflectidas. Todos os dias se vaideteriorando e morrendo à nossa custa.Mesmo sabendo isso, continuamos a des-truí-la. Gerações e gerações, ano apósano... Tenta-se mudar muito mas nada sefaz... É nas pequenas coisas, é pelos peque-nos gestos que devemos começar.Por este motivo, e por influência de

outros amigos fotógrafos, nomeadamenteFernando Quintino Estévão, Hugo Amadore Albano Soares, enveredei e empenhei-me ainda mais nesta área da fotografia. ANatureza pela qual nós passamos todos os

dias e não reparamos, ou simplesmentenão nos importamos.Estou feliz pelo que a fotografia me aju-

dou a mudar, pelos amigos que conheci epela satisfação que me dá tirar cada foto.É garantido que este vício (saudável) é

para continuar.Este conjunto de fotografias é apenas

uma amostra da minha vasta galeria pes-soal. Espero que gostem e passem a prote-ger mais a natureza que nos rodeia e faztanta falta para sobreviver.O meu sonho é editar um livro de foto-

grafia. Quem sabe um dia não se tornarárealidade... nZ

LIBÉBULA“Fotografia captada em Couce, Valongo.”Canon 400D . f/9.0 . 1/200” . ISO 200

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CIMA: OLHOS NOS OLHOS“Fotografia captada em Couce, Valongo”Canon 400D . f/8.0 . 1/200” . ISO 100

CIMA ESQUERDA: AMOR“Fotografia captada em Viseu”

Canon 400D . f/9 . 1/400” . ISO 400

CIMA DIREITA: ABELHA“Fotografia captada no jardim de casa”

Canon 10D . f/2.8 . 1/500” . ISO 100

DIREITA: SOL“Mais uma foto tirada no jardim de casa”

Canon 10D . f/11 . 1/125” . ISO 100

BAIXO ESQUERDA: ALIEN“Fotografia captada em Couce, Valongo”

Canon 400D . f/8.0 . 1/200” . ISO 800

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ESQUERDA: INVERNESS | ANA LOURO“Fiz recentemente uma viagem à Escócia, onde tive aoportunidade de fazer fotografias muito bonitas. Aqui oanoitecer numa das mais bonitas cidades da Escócia”

Olympus C765UZ . 6.3mm . f/4 . 1/200” . ISO 64

CIMA: ILHA DE SKYE - THE OLD MAN OF STORR | ANA LOURO“O típico nevoeiro matinal que se vê na Escócia quase sempre, espe-cialmente nas Highlands”Olympus C765UZ . 12mm . f/4 . 1/500” . ISO 64

EXPOSIÇÃO

CIMA: BIARRITZ | FERNANDO QUINTINO ESTEVÃO | www.fqe.com.ptDurante uma recente visita a França com o propósito de fazer exclusivamente longas exposições, capturei esta imagem em Biarritz. Foi utilizado um tripé Manfrotto, um caboprogramador com possibilidade de aplicar intervalos e determinar o tempo de exposição adequado e filtros de densidade neutra de vários stops, além de alguns ND graduados.A máquina utilizada foi uma Canon 1Ds MK II e a lente uma Tilt and Shift de 24mm. Foi aplicado um Shift de 5º e um Tilt de 2º Canon 1Ds MK II . 24mm . f/11 . 113” . ISO 100

COLABORAÇÃO

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CIMA: OLHAR ATENTO | ANTÓNIO CAEIRO |http://antoniocaeiro-fotografias.blogspot.com/“Foto captada no Jardim Zoológico de Lisboa”Canon 450D . 214mm . f/5.6 . 1/250” . ISO 800

DIREITA: CADEADOS DO AMOR | ANTÓNIO CAEIRO“Foto captada em Roma, Itália. Uma das formas de os jovens apaixona-dos declararem o seu amor, é colocar próximo da Fonte de Trevi, emRoma, cadeados com declarações de amor. Esses cadeados são deixa-dos no portão da Igreja dos Santos Vincenzo e Anastasio, a poucosmetros da Fonte, onde depois os casais jogam as chaves do seu símbo-lo de amor”Canon 450D . 60mm . f/4 . 1/20” . ISO 100

CIMA: BUARCOS | JOÃO RODRIGUES | www.flickr.com/photos/joaopsr“A foto foi tirada na zona do Cabo Mondego. Foi tirada com Sony a350 e com a Tamron 70-300. A intenção não era apanhar imagens deste tipo, uma vez que quan-do saí de casa o céu estava bem mais dramático e com umas cores bastante apelativas. Ao chegar ao local, acabei por deixar os filtros na mochila, uma vez que aluz estava bem mais equilibrada do que estava à espera. Assim, o que saiu, acabou por ser mais “ao natural” Sony a350 . 70mm . f11 . 6” . ISO 100

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EXPOSIÇÃO

CIMA: COLOR AND COLORS OF THE SEA... | FRANCISCO SILVA | www.flickr.com/photos/francislm/“Para mim este foi um dos melhores pores-do-sol que pude registar na minha vida. Usei a minha350D juntamente com a Sigma 12-24 para captar esta fotografia”

Canon 350D . 12mm . f/13 . 5” . ISO 100

ESQUERDA: LORD OF THE HATS... | FRANCISCO SILVA“Fotografia obtida quando realizei um “raid” fotográfico pela Póvoa de Varzim de modo a captar fotografiaarquitectónica para um trabalho que realizei. Logo deu para ver que a arquitectura e os seus detalhes foramfacilmente esquecidos quando me deparei com este cenário. Foi uma foto de ocasião que em muito descreveem si o meu género de fotografia favorito”Canon 5d MKII . 12mm . f/8 . 1/50” . ISO 200

BAIXO: CASA DA MÚSICA, PORTO | FRANCISCO SILVA“Esta foi a minha primeira visita a este local emblemático idealizado e desenhado pelo holandês Rem Koolhaas.A luz está por todo o lado e parece chamar por nós. Usei a Canon 350D com a Sigma 12-24 para “roubar" estemomento”Canon 350D . 15mm . f/8 . 1/80” . ISO 200

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CIMA ESQUERDA: O CARPINTEIRO QUE SE TORNOU PASTOR | JOÃO RIBEIRO | www.flickr.com/photos/jpspider/“Durante um passeio tranquilo na minha zona conheci este pastor, que com angústia me contou que devido a um acidente de trabalho teve de deixar a sua antiga profissão, carpinteiro. Pedi-lhepara fazer este retrato e mais tarde procurei-o novamente e ofereci-lhe uma impressão desta foto”Canon 350D . 34mm . f/8 . 1/640” . ISO 200

CIMA DIREITA: TRAIN SINGING | JOÃO RIBEIRO“Na estação do Oriente, um jovem espantava os seus males. Aproveitei a sua total entrega à musica e à canção para montar a teleobjectiva e fotografá-lo num dos momentos mais inspiradores da sua musica”Canon 350D . 250mm . f/6.3 . 1/160” . ISO 100

BAIXO: FIRESTARTER | JOÃO RIBEIRO“Foto feita para o folhetos promocionais do festival Scalabis Urbe 2009. O título foi obviamente inspirado no da banda Prodigy”Canon 350D . 18mm . f/4 . 1/160” . ISO 400

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EXPOSIÇÃO

ESQUERDA: MIRAGEM | FRANCISCO CORDEIRO“Foto captada na paisagem calma, deserta e serena, emAvis. A miragem e a textura na paisagem Alentejana”Fuji SP2000

BAIXO: TIXA | FRANCISCO CORDEIRO“Glamorosa, Princesa do sonho, pura de um olhar dos teus olhos ver-des!”Nikon D50 . 56mm . f/6.3 . 1/640” . ISO 200

CIMA: AV. BRASIL | JOSÉ DIAS“Diz respeito a um autentico ex-libris da cidade do Porto e da Av. Brasil, é a famosa Pérgola do Molhe, faz parte de uma das mais bonitasAvenidas do Porto, a Avenida Brasil e fica perto da Foz do Douro”Sony a100 . 75mm . f/7.1 . 1/320” . ISO 100

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CIMA: MENINOS, OLHEM PARA AQUI |JORGE TEIXEIRA | www.flickr.com/jorgetm“No Jardim Zoológico, aproveitando a tarde, alguns já res-sonavam...”

Nikon D70 . 190mm . f/6.3 . 1/640”

ESQUERDA: LORD OF THE HATS... | FRANCISCO SILVA“Em França, esta ponte tinha por baixo uma rede de canalizaçoes deprodutos tóxicos que desaguavam na praia onde surfei, só mais tardeme apercebi”Nikon D200

LADO: A NEW COCKTAIL | FRANCISCO SILVA“Fui a Andorra e tinha acabado de comprar duas objectivas e um flash,cheguei ao hotel e na mesa de cabeceira improvisei tudo”Nikon D200 . 150mm . f/14 . ISO 200

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EXPOSIÇÃO

ESQUERDA: AV. BRASIL | DANIELA URBANO |www.flickr.com/photos/danielaurbano/“Fotografia tirada numa tarde como tantas outras, cativa anossa atenção não só pela beleza do elemento que a com-

põe, mas sobretudo pela simplicidade do mesmo”Canon 400D . 55mm . f/13 . 1/160" . ISO 100

BAIXO: PONTE VASCO DA GAMA | DANIELA URBANO“Fotografia da conhecida Ponte Vasco da Gama, uma composição umpouco diferente do habitual onde procurei captar uma visão alternativamostrando assim esta ponte com arquitectura moderna num meioenvolvente completamente oposto”Fujifilm Finepix S5700 . 6mm . f/5.6 . 1/300” . ISO 64

CIMA: TREES | JOÃO PAULO MACHADO | www.flickr.com/photos/danielaurbano/“Fim de tarde de Janeiro numa Herdade perto de Montemor-o-Novo em que a cor do céuparece indiciar tratar-se de um dia de Verão”Canon 300D . 300mm . f/5.6 . 1/4000" . ISO 200

ESQUERDA: ENVELHECENDO | JOÃO PAULO MACHADO“Fotografia tirada perto de Lamego que ainda hoje me impressiona pela sensação de solidão tranquila quetransmite”Canon 300D . 55mm . f/8 . 1/125" . ISO 100

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ESQUERDA: PAZ | MÁRIO GOMES“Esta fotografia foi tirada num evento de observação deaves realizado numa quinta que dá pelo nome de “Quintada Mourisca”. Enquanto esperávamos que a maré enches-

se para fazermos um passeio de barco, aproveitei para tirar esta foto-grafia que, em minha opinião, ficou lindíssima”Canon 400D . 24mm . f/9.5 . 1/350” . ISO 100

CIMA ESQUERDA: LAGOAS EM ESPELHO | PAULO COELHO“Numa visita às Lagoas de Ponte de Lima o cenário pedia uma foto e o espelho de água podiadar alguma vida a isso mesmo”Nikon D60 . 34mm . f/5 . 1/250” . ISo 100

CIMA DIREITA: SACERDOTE | PAULO COELHO“No Santuário de S.Bento no Gerês achei piada este sacerdote que orava pelo santuário”Nikon D60 . 50mm . f/5.6 . 1/50” . ISO 100

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EXPOSIÇÃO

CIMA: LEANDRO LIBERAL | PAULO COSTA |http://olhares.aeiou.pt/maximos“Spot: S. Salvador, Armil, Fafe. Modalidade: Downhill”Canon 450D . 73mm . f/4 . 1/400” . ISO 800

ESQUERDA: SANDRO SILVA | PAULO COSTA“Spot: Amares, Braga. Modalidade: Dirt Jumping. Manobra: Backflip”Canon 450D . 18mm . f/7.1 . 1/640” . ISO 200

CIMA: SURF | RICARDO ALVES“Eu faço bodyboard e logo devido a isso o meu tema preferido para as fotos é o body-board, o surf, as paisagens na praia”Fugifilm FinePix S100FS . 102mm . f/6.4 . 1/500” . ISO 100

CIMA: LOVERS | MÁRCIO SOUSA | http://olhares.aeiou.pt/marcio19781018“Uma demonstração de amor... num lugar fantástico... o Cabo Espichel”Canon 350D . 18mm . f/8 . 1/200” . ISO 100

{ NOTA PARA OS PARTICIPANTES }

Devido ao elevado número de participações - que ultrapassou em muito as nos-

sas melhores expectativas -, por limite de espaço reservado para esta secção (que

viu o número de páginas aumentar), não nos foi possível incluir mais participa-

ções nesta edição da zOOm. Assim, serão incluídas no próximo número.

A todos os participantes o nosso muito obrigado!

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INICIADOSA FOTOGRAFIA DE UMA FORMA S IMPLES

Melhore os JPGque saem da câmaraGrande parte dos utilizadores que

passam de uma máquina foto-gráfica compacta para uma mais

avançada, queixam-se que as imagensdesta última não são tão vivas quanto asque conseguia obter com a câmara maisbarata. Muitos chegam mesmo a pensartrocar de máquina, o que nos parecemanifestamente... radical. Se está numasituação parecida, não desespere já e vejao que pode fazer para inverter a situação.Se quer mesmo aprender fotografia, a suanova máquina é o instrumento de traba-lho ideal para conseguir tal objectivo.Por norma, quem ainda sabe pouco,

coloca a máquina em modo de exposiçãoautomática e opta por captar as fotos em

formato JPEG em vez da opção RAW. Evita,numa primeira fase, ter que efectuar con-versões e usar programas que ainda achacomplicado. É compreensível…O problema vem no momento em que

abre as fotos no computador. Estas pare-cem-lhe nitidamente inferiores às queconsegue com uma máquina de gamamais baixa. De uma forma simples, istoacontece porque os fabricantes optarampor, em máquinas mais evoluídas, daremmargem de manobra aos fotógrafos paraque estes editem as imagens a gosto. Poroutro lado, se nunca teve outra máquinaque servisse como termo de comparação,poderá gostar das imagens que tem ca-ptado, mas alterando alguns valores con-

seguirá resultados ainda mais positivos.Felizmente, todas as DSLR permitem ajus-tar os JPEGs, alterando a saturação, nitideze contraste, directamente no software dacâmara. A seguir mostramos-lhe porquedeve tomar controlo sobre os JPEG quesaem da sua máquina, a fim de obter bonsresultados sem grandes complicações. nZ

SaturaçãoO caminho mais fácil para conseguir resultados atracti-

vos de forma imediata. Suba os valores da saturação e

veja as cores ganharem outra vida. As paisagens pode-

rão sair beneficiadas com esta alteração positiva, ao

passo que fotos com pessoas (retratos, por exemplo)

poderão ficar melhores com valores negativos na satu-

ração.

ContrasteOutra opção que, quando bem escolhida, oferece outra

vida às fotografias. Diminuindo o contraste, por exem-

plo, aumenta o valor de altas luzes e detalhes nas som-

bras, o que é particularmente agradável em imagens de

pessoas. Aumentando o contraste melhorará todos os

outros géneros de fotografia, particularmente a preto e

branco.

NitidezAtenção: aumentar o valor desta opção não melhora as

imagens desfocadas. Contudo, oferece mais nitidez a

uma foto de uma forma geral. Não suba mais do que

um ou dois valores na nitidez, já que mais do que isto

tornará as imagens algo desagradáveis. Em fotos com

ISO elevado, excesso de nitidez leva a que o ruído seja

ainda mais visível.

TRÊS PASSOS PARA MELHORES JPEGSConvém primeiro ler o manual da sua máquina para saber como deve alterar as definições como saturação, contraste e nitidez. Os resultados até lhe poderão parecer subtis,

mas vale tudo para se conseguir incrementar a qualidade das fotos, não é? Aqui ficam as nossas recomendações básicas para tirar ainda mais partido dos seus JPEGs.

JPEG saído da máquina

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Mundode brincarOestilo que produz fotografias de

objectos e cenários reais deforma a parecerem miniaturas

apelidou-se de “tilt and shift”. Existem len-tes que fazem isto directamente, mas quesão algo dispendiosas. Uma maneira deimitar o feito é recorrer ao um editor deimagens, como o Photoshop, por exemplo.Este género de fotografia funciona melhorem imagens tiradas de um ponto elevado,

como uma ponte, prédio, ou escada.Recorrendo a uma combinação de suavi-zação e saturação, conseguirá dar outravida a algumas das suas fotografias, tor-nando-as (quase) em maquetas. Se está adar os primeiros passos no Photoshop,pode levar algum tempo até conseguir oefeito desejado, mas uma vez assimiladonão vai querer outra coisa. nZ

1Abra a imagem no Photoshop e seleccione o modo ‘Quick Mask’ na barrade ferramentas lateral. Se não encontra, carregue na tecla [Q] para entrarneste modo. Agora clique na ferramenta ‘Brush’ e selecciona uma opaci-

dade de 85%. “Pinte” a área da imagem que pretende que fique nítida.2Saia do modo ‘Quick Mask’ (clique novamente na tecla [Q]). Deve ver a

área seleccionada cercada por uma moldura a tracejado. Se não estiversatisfeito, volte ao modo ‘Quick Mask’ e repita o processo, caso contrário

siga para o próximo passo.

3Chegou o momento de aplicar o ‘blur’ à imagem. Vá ao menu ‘Filter’ >‘Blur’ > ‘Lens Blur’ e verá agora o efeito aplicado à foto no painel de pre-visualização. Altere o valor ‘Radius’ para salientar mais, ou menos, o efei-

to e clique em ‘OK’.4Carregue nas teclas [Ctrl +D] para remover a selecção a tracejado e esta-

mos prontos para ajustar a saturação. Vá ao menu ‘Image’ >‘Adjustments’ > ‘Hue/Saturation’ para abrir a respectiva janela.

À LA MINUTE

ORIGINAL

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zOOm | 17

5Aumente a saturação na foto deslocando a seta do meio (‘Saturation’)para a direita. O valor a colocar tem muito a ver com o gosto pessoal,mas podemos sempre recomendar um valor próximo de +40. 6Finalmente, abra o painel ‘Curves’ [Ctrl + M] e desenhe um S na linha dia-

gonal, como mostrado na figura. Cuidado para não exagerar neste pontopara não dar cabo da imagem. Grave e imagem e já está!

IMAGEM FINALImagens banais podem ficar muito mais engraçadas

com esta edição

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CONHECERFOTÓGRAFOS DE CÁ E DE LÁ

FOTÓGRAFOSNa zOOm vai ficar a conhecer alguns dos melhores fotógrafos do mundo, sejameles nacionais ou internacionais. As suas fotografias são, na grande maioria,autênticas fontes de inspiração. É que, felizmente, também se aprende (emuito) sobre fotografia... a ver.

Philip MakannaUm dos melhores e mais valentes fotógrafos de aeroplanos. Phil, é bastante conhe-cido no meio da aviação, graças às suas excelentes fotografias aéreas. E é mais fácilencontrá-lo num avião com a porta aberta, máquina Nikon D3 na mão, a arriscar avida, do que em terra. Tudo para conseguir as melhores imagens da sua maior pai-xão: aviões, de preferência bem antigos. A qualidade das suas fotos é conhecida emtodo o mundo, bem como o calendário anual GHOSTS. Mesmo assim, a modéstiacontinua a ser a forma de estar de Makanna, que afirma que as suas fotos são “purasorte” – quando toda a gente sabe que é, sim, graças ao seu enorme talento. Paraver algumas das mais fantásticas fotografias de Phil Makanna, visite o site, localonde pode adquirir os famosos calendários do fotógrafo.Site: www.ghosts.com

Mehmet OzgurEste engenheiro electrotécnico, especialista em várias áreas incluindoNanotecnologia, descobriu, não há muito tempo, a sua paixão pela foto-grafia e agora é famoso por criar esculturas feitas de fumo. Mehmetrecorre a incenso e nitrogénio líquido para fazer o fumo. Depois de ca-ptadas as várias formas de fumo, Ozgur sobrepõe as imagens – comoutros desenhos de fumo ou objectos -, criando imagens com bastanteimpacto. No site pode ainda encontrar outros géneros fotográficos,essencialmente paisagens.Site: http://mehmet-ozgur.com

Benedict CampbellUm génio. Para além de ser um fotógrafo profissional bem sucedido, com mais devinte anos de experiência, Campbell (também) já impõe a sua marca na criaçãodigital, com produções para as maiores marcas do mundo. Ainda num recentetrabalho fotográfico para o catálogo da Harley Davidson, colegas americanos fica-ram espantados com os resultados conseguidos por Campbell, com tão poucosmeios e orçamento reduzido. A marca gostou tanto, que o convidou para novodesafio. Site: www.benedict1.com

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PRÁTICAINSP IRE-SE COM OS NOSSOS EXEMPLOS PRÁTICOS

Certamente o leitor já viu este género defotografia. Uma forma simples de conse-guir espectaculares imagens abstractas é

fotografar fumo. Para este exemplo recorremosaos práticos paus de incenso, já que são acessí-veis a todos, relativamente seguros e oferecema “viscosidade” certa de fumo para esta técni-ca. Um flash também será necessário e comuma lente macro conseguirá ainda melho-res resultados, embora neste caso não seja“obrigatória”.São deslumbrantes os resultados que se

conseguem fácil e rapidamente. Uma vezque o fumo do incenso toma várias direc-

ções, podemos afirmar que existe uma infinidade dedesenhos que se conseguem captar. Mais, depois doprocesso fotográfico propriamente dito, em pós-processamento pode ainda criar outras formas,colorir, queimar e escurecer, inverter… enfim,como diz o ditado, a imaginação é o limite.

Neste artigo prático explicamos-lhe o quedeve fazer e ter para conseguir (bons) resul-tados em muito pouco tempo.

Por fim uma recomendação de seguran-ça: terminada a sessão, certifique-se queapaga mesmo os paus de incenso, já queestes podem causar incêndios. nZ

Desenhos de fumo

DificuldademédiaEquipamento usadoCanon 50DTamron 17-50mmFlash Canon 430EX IIFlash Trigger

MaisCartolina pretaIncensoSuporte para incensoMesa/suporte

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PRÁTICA

1Não precisa de um mini-estúdio para levar a cabo esta experiência. Umafolha de cartolina a servir de fundo, um suporte para o pau de incenso,tripé para a máquina e um suporte para o flash (se for outro tripé, ópti-

mo) é tudo o que precisa. Como pode ver na imagem, o flash ficou colocadoatrás do incenso, com um pequeno pedaço de cartolina “agarrado” de forma aevitar que a luz fosse reflectida para o fundo. Monte então a máquina, com oflash trigger (disparador remoto de flash – encontra baratos no eBay, porexemplo), no tripé. Mantenha alguma ventilação no espaço onde estiver.

3Por uma questão de conforto (só), usámos um disparadorremoto para disparar a máquina. Depois de algumas deze-nas de fotografias, revimos as imagens através do LCD da

câmara. Certifique-se que não existe luz do flash a atingir ofundo. Terminado este processo e uma vez satisfeitos com oresultado, apagámos completamente o incenso.

4Chegou o momento de transferir as imagens para o computador. Recorremos, mais umavez, ao poderoso Photoshop para editarmos as fotos obtidas. No Camera Raw usámos aopção ‘Black’ para escurecermos o fundo ainda mais antes de abrirmos a imagem pro-

priamente dita. Com a ferramenta ‘Eraser’ eliminámos algumas áreas do fumo que não pre-tendíamos ter no resultado final. Feito isto, invertemos a imagem, indo ao menu ‘Image’ >‘Adjustments’ > ‘Invert’. Isto fez com que o fundo ficasse branco e o fumo com vários tons depreto/cinzento.

2Colocamos a máquina em modo Manual e alterámos a lente para foca-gem manual. Depois focámos a área exactamente acima do incenso(pode colocar um dedo para facilitar a tarefa de focagem). Como veloci-

dade de disparo pode escolher a máxima que a máquina permite para sincro-nizar com o Flash (consoante os modelos 1/200”, 1/250”, etc…) e uma abertu-ra que nos permitisse profundidade de campo suficiente, como f/14. O formatode gravação seleccionado foi RAW.

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5Obviamente que, caso queira, é possível dar mais vida à imagem, adicio-nando-lhe alguma cor, por exemplo. Na ferramenta ‘Hue/Saturation’ doPhotoshop activámos a opção ‘Colorize’ e movemos as barras (Hue e

Saturation) até ficarmos satisfeitos com o resultado. Gravámos o resultadocom um novo nome.

6Abrimos uma segunda imagem e repetimos os passos quatro e cinco,mas desta vez optámos por dar uma outra cor a este segundo desenhode fumo. Com as duas imagens abertas, copiámos a segunda imagem

(‘Select’ > ‘Select All’ > ‘Edit’ > ‘Copy’) e colámos na janela da primeira ima-gem (‘Edit’ > ‘Past’). Reduzimos então a opacidade da segunda imagem emovemo-la até ficarmos satisfeitos. Voltámos a alterar a opacidade para 100%e mudámos o ‘Layer Blending Mode’ de ‘Normal’ para ‘Multiply’. Finalmentejuntámos as imagens (‘Layer’ > ‘Flatten Image’) e gravámos o resultado final.

IMAGEM FINALÉ espectacular fotografar fumo. Os resultados são sempre exclusivose cada imagem obtida poderá ser interpretada de maneira diferente

de pessoa para pessoa.

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Ilusão de escala

Transformar um objecto pequenoem algo “enorme” pode ser relati-vamente simples de se conseguir

através da fotografia. É uma “técnica”rápida, fácil e divertida, como poderá com-provar.A ideia é fotografar um modelo à escala

para que, à primeira vista, pareça real.Pode experimentar com variadíssimosassuntos, embora no nosso caso optámospor um automóvel. Primeiro porquetemos muitos e são quase banais em qual-quer casa. Depois não obrigam a montarou a demonstrar o que quer que seja:basta pegar nele, literalmente, e levá-lopara a rua. Escolha um modelo que sejaequilibrado em termos de dimensões e,preferencialmente, bem detalhado. Afinal,vai querer que pareça real…Embora seja fácil concluir com êxito o

que aqui propomos, convém ter em aten-ção alguns pormenores. Evite pavimentosempedrados (como vai fotografar junto aochão, as pedras também “aumentam” detamanho, tornando óbvio que o carro se

trata de uma miniatura); estradas commuito trânsito, ou com veículos estaciona-dos; bem como ter o cuidado de não ficarreflectido (ou criar sombra) na superfíciedo objecto.Tivemos oportunidade de usar primeiro

uma lente macro de 90mm, mas o resul-tado não foi nada satisfatório, pelo queaconselhamos vivamente o uso de umagrande angular (15, 17, 18mm chegam per-feitamente). Como vai fotografar à distân-cia mínima que conseguir do carro, serádifícil colocá-lo fora de foco – ou pelomenos a parte frontal que é a que interes-sará. Se a sua máquina não possui LiveView,

aconselhamos a usar uma roupa maisvelha, já que quase de certeza terá que sedeitar no chão para tirar as fotografias. Setem esta função, aqui está uma razão paraa usar.No caso de escolher uma rua onde nor-

malmente passem carros, tenha bastanteatenção ao facto, ou então peça a umamigo para ir consigo. nZ

DificuldadebaixaEquipamento usadoCanon 50DTamron 17-50mm 2.8

MaisModelo automóvel à escala1/18 - Ferrari 348

PRÁTICAINSP IRE-SE COM OS NOSSOS EXEMPLOS PRÁTICOS

Profundidadede campoA área do objecto que fica foca-da é a chave para o sucessodesta experiência. Como referi-mos no texto principal, uma vezque vai fotografar a uma distân-cia relativamente curta do carro,a profundidade de campo serámínima. Se o objecto ficar muito“desfocado” parecerá quaseuma foto macro. Por outro lado,se recorrer a uma aberturapequena, focando praticamentetudo o que rodeia o objecto, esteperder-se-á no meio de tantoruído visual, tornando efeitopouco credível. Praticar e experi-mentar será a melhor forma deobter resultados interessantes.

Dica

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1Depois de escolhermos o objecto a fotografar – um lindíssimo Ferrari 348– fomos para rua. Afastámo-lo o mais que conseguimos das casas, paraque estas ficassem (quase) fora de foco, graças à abertura relativamente

grande que pretendíamos usar.2Como a nossa máquina possui (felizmente) LiveView, não foi necessário

deitar no chão. Com o modo de exposição definido para dar prioridade àabertura, seleccionámos uma abertura relativamente pequena (f/4.5),

suficiente para colocar fora de foco tudo o que envolvesse o carro. Mas pode(e deve) experimentar outros valores. Embora tivéssemos testado com umalente macro de 90mm, o resultado não foi nada interessante. Por isso, decidi-mos que uma grande angular seria a lente ideal para obter um efeito maisreal. Com a máquina praticamente pousada no pavimento, fotografámos omais perto do carro que fosse possível e de forma a que ocupasse grandeparte do cenário.IMAGEM FINAL

Olhando com atenção notar-se-á que se trata de um modelo à escala,mas olhando de relance poderá ter a percepção que se trata de um carro real.

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PRÁTICAINSP IRE-SE COM OS NOSSOS EXEMPLOS PRÁTICOS

DificuldadebaixaEquipamento usadoCanon 50DTamron 17-50mm 2.8[Ideal com lente Macroou com filtro close up]Tripé Slik Pro 330DX

MaisCaixa transparente CD;Folha branca; Cartolina preta(ou tecido); Seringa;Pintarolas; Flores

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Um feixe de luz desvia-se ao pas-sar do ar para a água e vice-versa. Este desvio deve-se a uma

mudança na velocidade da luz ao passarde um meio transparente para outro echama-se refracção da luz. Por isso é quequando mergulha um lápis num copo,parece que este se “parte”. Ou, se visto decima, parece que fica mais pequeno.Desde o século 19 que se sabia que a luz éuma forma de onda que se propaga a altavelocidade. Mas esta velocidade dependemuito do meio por onde a luz se está apropagar. No ar, a velocidade da luz équase 300.000 Km/s. No interior de umvidro transparente reduz-se a uns “meros”200.000 Km/s. E esta mudança de veloci-dade que faz o feixe de luz desviar-se aopassar do ar para o vidro.Graças a isto, temos todo um potencial

fotográfico à mão de semear. Recorrendoa uma lente macro, ou a um filtro ‘closeup’ pode captar efeitos espectaculares.Um flor fica extremamente bonita vistaatravés de uma gota de água, por exemplo– obtendo-se uma imagem dentro deoutra imagem.Sabendo disto, tem todo um mundo

para explorar. Para o nosso exemplo recor-remos a umas pintarolas, caixa transpa-rente de CD, fundo preto e “copo” feito apartir de uma folha branca. E para criar asgotas de água, pode usar uma seringa.Mas em vez de pintarolas, pode usar texto,um relógio, comida, ou flores.Se, como referimos, resulta melhor com

uma lente macro, ou com filtro close-up(muito acessíveis), pode testar com umalente que foque relativamente perto. Anossa “brincadeira” foi feita com uma 17-50mm da Tamron e funcionou na perfei-ção. nZ

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Experiênciascom refracção

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PRÁTICA

1Um tripé é (praticamente) essencial para conseguir bons resultados. Umavez que vamos querer uma abertura pequena – de forma a obtermosgrande profundidade de campo e uma imagem nítida -, a velocidade de

obturação também será diminuta. Se usar uma macro, então qualquer treme-deira será exponenciada e o resultado será sofrível. Um comando remoto tam-bém será bem-vindo, embora se possa recorrer ao temporizador da máquina.

3No fundo colocámos uma cartolina preta e para envolver as pintarolasfizemos um “copo” de papel branco A4, que também serve de apoio aoplástico da caixa de CD. Com cuidado, fomos colocando algumas gotas de

água na tampa de plástico – cada gota cria uma refracção das pintarolas.4Posicionámos então o tripé paralelo à área de trabalho para que fosse

possível maximizar a profundidade de campo. Compusemos a imagem epassámos a focagem para manual, incidindo o foco para a imagem refrac-

tada com as pintarolas e não para as gotas propriamente ditas.Experimentámos com uma abertura de f/4, mas a profundidade de campo ficou“curta”, com a imagem a ficar pouco atractiva.

2As pintarolas são um bom motivo para este nosso artigo prático. E nãoestamos a falar no facto de as poder comer a seguir, mas sim pela varie-dade de cor disponível. Depois tanto pode usar um vidro, como recorrer à

tampa de uma caixa transparente para CD, em plástico. Para colocar as gotasde água, tanto pode usar uma seringa (como foi o nosso caso), como um vapo-rizador de água.

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IMAGEM FINALAo fim de pouco tempo conseguirá resultados muito interessantes.

Motivos coloridos dão outra força a este género de fotografia.

5Mudámos a abertura para uns mais “exigentes” f/13 para conseguirmosmaior profundidade de campo. Como seria de esperar, a velocidade deobturação desceu drasticamente, pelo que tripé e comando remoto (ou

temporizador) passam a ser essenciais. O resultado? Para nós, muitíssimomelhor. Temos as gotas nítidas, bem como um fundo muito mais colorido econtrastante. Só que, analisando cuidadosamente a imagem, notamos os riscose sujidade da tampa plástica.

6Talvez não tivesse sido má ideia termos limpo a caixa de plástico antes deavançarmos, mas como o mal está feito, só nos resta eliminar algumasdestas marcas num programa de edição de imagens (como Photoshop,

por exemplo). Dá algum trabalho, mas também não é nada de muito complica-do. Recorrendo à ferramenta de clonagem em pouco tempo terá a foto“limpa”. Depois aproveite para editar o resultado final, com toques nos níveis(‘Levels’), curvas, contraste e talvez um pouco de saturação.

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Pintar com uma… lanterna

Como se depreenderá, pintar comluz envolve longas exposições eiluminar um determinado objecto

com uma lanterna, por exemplo. Para estenosso artigo prático não recorremos a umcarro que verá as suas linhas contornadaspor uma luz, nem tentaremos escreveruma palavra com luz.Decidimos testar esta técnica recorren-

do a uma taça com algumas maçãs a com-por. E precisa de pouca coisa para conse-guir imagens curiosas e interessantes. Umtripé é imprescindível, máquina e lente,taça e respectivas maçãs (ou outra fruta),um local escuro e, obviamente, uma lan-

terna. Depois, durante a exposição, move-rá a lanterna em diferentes ângulos evelocidade. Obviamente que se parar maistempo para iluminar determinada área,esta surgirá mais clara no resultado final.Nada como experimentar e também errar,pois só desta forma terá a noção do que épossível fazer com esta técnica relativa-mente simples.Quanto a máquina fotográfica e lentes,

não precisa de nada especial. Mesmo coma lente que veio com a sua câmara serácapaz de obter bons resultados.Por fim uma última dica: quando deci-

dir experimentar esta técnica, na divisão

escura onde o fizer, não se esqueça deficar junto ao interruptor da luz… nZ

DificuldademédiaEquipamento usadoCanon 50DTamron 17-50mm 2.8Tripe Slick 330DX Pro

MaisTaça cerâmicaMaçãsLanterna

PRÁTICAINSP IRE-SE COM OS NOSSOS EXEMPLOS PRÁTICOS

1Coloque a máquina no tripé e direccione-a para baixo, como mostrado naimagem. Mude para o modo de exposição Manual e defina uma aberturaentre os valores f/8 e f/11 para óptima definição do objecto. Como tempo

de exposição pode começar com tempos entre os quatro e oito segundos.2Componha a imagem recorrendo ao óculo, ou via LiveView. Faça a foca-

gem e passe a lente para focagem manual (MF), para que o foco fiquebloqueado – e também, porque a máquina será incapaz de focar o que

quer que seja quando desligar a luz da divisão. Assim, se não mover a câma-ra, ou fizer zoom, a imagem continuará bem focada.

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3Apague a luz e coloque-seem posição. Carregue nobotão de disparo (ou, prefe-

rencialmente, no disparadorremoto) e mova a lanterna alea-toriamente pelo objecto.Terminada a exposição verifique oresultado e ajuste, se necessário,novamente os valores para aexposição, alterando a velocidadeem ‘stops’ inteiros (dividindo oumultiplicando o valor actual pordois), consoante a imagem saiamais clara ou escura do que aqui-lo que seria ideal.

IMAGEM FINALDe cada vez que experimentar esta técnica, obterá resultados diferentes.

Em mais de dez imagens que obtivemos, esta agradou-nos particularmente.

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Panorâmicasperfeitas

TÉCNICATIRE PARTIDO DA SUA CÂMARA FOTOGRÁFICA

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EM TEMPOS, UM “CRAQUE DA BOLA” FICOU CÉLEBRE POR DIZER QUE A CAR-REIRA DELE TINHA DADO UMA VOLTA DE 360 GRAUS. OK, NÃO QUEREMOSQUE A SUA CARREIRA FAÇA UMA DESSAS MANOBRAS. APENAS QUE A SUACÂMARA FOTOGRÁFICA DÊ VOLTAS COM O ÂNGULO QUE O LEITOR MUITOBEM ENTENDER: 90, 180 OU MESMO 360 GRAUS. BASTA, PARA ISSO, QUE LEIA

ESTE ARTIGO E APRENDA A CRIAR FOTOGRAFIAS PANORÂMICAS.

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TÉCNICA

Oconceito é simples: captar foto-grafias com um campo visualalongado. Tão alongado que se

estica muito para lá dos limites da própriacâmara. E dos limites do olho humano,também.Como? Fotografando uma sequência de

imagens, que serão depois “coladas” umasa seguir às outras, usando um softwarepróprio para o efeito. Ou seja, fotografar onosso campo visual, aos bocadinhos, edepois juntar as fotos como se fossempeças de um puzzle.O resultado é uma imagem de grandes

dimensões, tão grandes que podem che-gar aos famosos 360 graus. No fundo,aquilo que se chama de fotografia panorâ-mica.Claro que na prática tudo é mais com-

plicado. Mas só um bocadinho. Nada quenão se consiga ultrapassar com algum tra-balho, boas ferramentas informáticas e,claro, uns quantos truques que lhe vamosensinar nas páginas seguintes.Comece então por anotar o material que

vai precisar: uma câmara, pois claro; umtripé, porque vai rodar a câmara ao captara sequência de imagens. Ah e não seesqueça que o tripé deve ter um nível.Caso contrário deverá comprar um.Sim, porque na fotografia panorâmica

basta haver uma pequeníssima variaçãonuma só imagem para borrar a pintura.Neste caso, a foto. Se a ideia é fotografarvárias vezes a mesma cena, rodando pro-gressivamente a câmara para a sua direita– os especialistas recomendam uma rota-ção no sentido dos ponteiros do relógio –um desvio da câmara para cima, ou parabaixo, pode obrigá-lo a horas e horas emfrente ao computador, a tentar corrigir oproblema. Isto quando a foto não estáirremediavelmente perdida.E quem diz variações de nível, diz outra

coisa qualquer. Na cidade, por exemplo,com tanta coisa sempre em movimento, éo cabo dos trabalhos para captar uma boa

imagem panorâmica. Um carro que andamais do que devia, uma pessoa que teimaem atrapalhar.Ah e claro, o vento. Que pode arrastar

objectos, folhas, lixo e sabe-se lá mais oquê para o nosso campo visual. Idemaspas para a luminosidade e para asnuvens. Se não estivermos atentos ao quese passa lá em cima, arriscamo-nos a per-der uma tarde ou uma noite às voltas como Photoshop, tentando encaixar aquelecumulonimbus algures num céu nublado.O ideal, dizem os especialistas, é ir expe-

rimentando. Fotografar a ver no que dá.Claro que a paciência também ajuda. Semesquecer, naturalmente, o instinto preda-dor do fotógrafo. Que é como quem diz:esperar serenamente até o clima, o trânsi-to ou qualquer um desses elementosexternos acalmem. Focagem e exposiçãoautomática, não obrigado!A grande vantagem da tecnologia é

poupar-nos trabalho. No mundo da foto-grafia digital essa é uma das verdadesuniversais. Ao ponto de tornar a fotogra-fia, aparentemente, acessível até mesmoaos principiantes.Mas se quer mesmo captar uma ima-

gem panorâmica como manda a lei,esqueça os automatismos. São óptimospara as fotos de férias ou para o jantar dedespedida daquele colega de trabalho.Mas não para as panorâmicas.

O que quer dizer que vai ter de desacti-var a focagem e o modo de exposiçãoautomáticos. Mas vamos por partes: afocagem manual é necessária porqueobviamente vamos precisar que o foco(bem como a distância focal) se mantenhainalterado enquanto tiramos as váriasfotografias.Quanto ao modo de exposição, é funda-

mental que não fotografe em modo auto-mático, uma vez que a densidade da ima-gem irá variar entre um e outro disparoda câmara.Para evitar este tipo de variações, reco-

mendamos que aponte a câmara parauma parte da cena a fotografar que nãoseja nem muito iluminada, nem muitoescura, e tire umas quantas fotografias deteste. Quando a exposição lhe parecer amais adequada (saber ler o histogramaajuda bastante), mude para o modomanual e regule a câmara para a exposi-ção indicada para essa zona. Deverádepois manter essa exposição durantetoda a sequência de imagens a captar.Se houver contraste de luzes isso poderá

eventualmente implicar que algumas par-tes da sua foto panorâmica fiquem subex-postas, ou então sobreexpostas. Mas valea pena, pois a consistência da exposiçãovai garantir uma fotografia panorâmicade qualidade. nZ

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É sempre a mesma coisa. Precisamente quando mais

nos estamos a divertir, é que aparece alguma coisa

assim chatinha para nos atrapalhar.

Na fotografia panorâmica, essa coisa irritante chama-se

Erro de Paralaxe. É o problema técnico mais comum

nesta área e acontece quando, ao rodarmos a câmara,

entre um e outro disparo, o alinhamento de um ou mais

elementos da cena sofre alteração.

O pior de tudo é que, normalmente, só damos conta do

erro quando estamos em frente ao computador e per-

cebemos que as fotografias não se alinham na perfei-

ção, quando tentamos juntá-

las.

Uma das soluções é deixar

uma certa margem, em cada

fotografia, de modo a deixar

que o software tenha espaço

para corrigir as falhas. Para

que isso aconteça, idealmen-

te, cada foto deverá sobre-

por-se uma à outra em, pelo

menos, 30 por cento.

Mas não resolve totalmente o

problema. Para isso há que

recorrer a uma solução pre-

ventiva, que evita os erros de

paralaxe: o chamado centro

óptico, muitas vezes também

referido – erradamente, ou

não – como ponto nodal.

É definido como ponto de

retorno óptimo da câmara,

ou seja, o ponto de intersec-

ção entre os eixos ópticos e a

superfície principal do objec-

to. Sempre que um raio de

luz atinge o ponto nodal late-

ral da imagem de determina-

do ângulo, o raio de luz vai sair do ponto nodal sob o

mesmo ângulo.

Para contornar o erro de paralaxe, a câmara terá de

rodar sempre em torno do seu centro óptico. É, por

isso, recomendável – mas não obrigatória – a utilização

de um equipamento próprio, chamado suporte nodal,

que lhe permite ajustar a posição da câmara, em rela-

ção à cabeça do tripé.

Ao fotografar a panorâmica, em vez de rodar a câmara

a partir da sua base – normalmente, assente no tripé –

irá definir o centro óptico e rodá-la em torno desse

ponto.

Deverá também definir o centro óptico para a lente a

utilizar. O procedimento é simples: coloque dois objec-

tos sensivelmente a um metro um do outro (por exem-

plo, dois lápis de cor, colados a uma mesa, de modo a

ficarem na vertical).

Em seguida, deve nivelar a

câmara como se fosse para

fazer uma sequência de foto-

grafias e posicioná-la de

modo a que os objectos este-

jam perfeitamente alinhados.

Fotografe os objectos no cen-

tro da imagem, vire a câmara

para a esquerda e tire outra

fotografia, depois vire à direi-

ta e tire nova foto.

Caso o objecto de trás apa-

rentar ter-se movido ligeira-

mente para a esquerda quan-

do rodou a câmara para a

esquerda – e para a direita

quando rodou a câmara para

o lado direito –, isso quer

dizer que o suporte nodal está

demasiado recuado.

No entanto, se o objecto

parecer ter-se movido para a

direita quando rodou a câma-

ra para a esquerda – e para a

esquerda quando rodou a

câmara para a direita –, isso

indicará que o suporte está

muito para a frente.

Em função do resultado obtido, deverá posicionar a

câmara no suporte nodal e repetir o procedimento até

que os objectos permaneçam perfeitamente alinhados.

Uma vez encontrado o centro óptico para a lente espe-

cífica, marque a posição no suporte.

O irritante erro de paralaxe

Polarizador, WBe sobreposiçãoEvite o uso de polarizador quan-do fotografar sequências deimagens para juntar. A polariza-ção vai variar de foto para foto eacabará com um efeito estranhono céu.O Balanço de Brancos automáti-co também não é aconselhável,já que cada imagem poderá serguardada de forma diferente daanterior sempre que mova acâmara. Assim, se ainda estiverde dia, altere para ‘Daylight’ (Luzde dia), por exemplo. Se for denoite, pode continuar a manterem ‘Daylight’ ou mudar para‘Tungsten’ (Tungsténio).Cada fotografia deverá sobre-por-se em pelo menos 30 porcento uma à outra. Isto dar-lhe-á alguma margem para corrigireventuais falhas, quando estivera compor a imagem no compu-tador (ver páginas do passo apasso, 34 e 35).

Dicas

Exemplo de um suporte nodal, especialmentedesenvolvido para fotógrafos de panorâmicas,que necessitam de resultados perfeitos, sem osconsequentes erros de paralaxe. Pode sabermais sobre este acessório emwww.nodalninja.com. Contudo, para uso ama-dor, programas como o Photoshop já lidammuito bem com este “erro”.

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TÉCNICA

Panorâmicaspasso a passoExplicamos-lhe tudo o que precisa desaber para começar a tirar panorâmi-cas de forma simples. Em poucos pas-sos conseguirá obter resultados bas-tante satisfatórios.

1Monte a sua câmara, na posição vertical,num tripé. Certifique-se que a base deste estánivelada - grande parte dos tripés já vem com

nível de bolha -, para que quando rodar a câmaraentre disparos, esta se mantenha ao mesmo nível.Olhe à sua volta para decidir onde quer começar eacabar.

3Rode a câmara para o ponto mais à esquerdada cena que quer capturar. Faça a focagemmanualmente (aproveite e passe o foco para

manual) e tire uma fotografia à sua mão esquerdacom os dedos a apontar para a direita. Porquê?Com isto saberá onde começa a sequência, evitan-do qualquer confusão na hora de iniciar a “cola-gem” das imagens.

4Agora tire a primeira foto da sequência.Depois mova a câmara ligeiramente para adireita e nova fotografia. Repita este proces-

so até chegar à última parte da cena a registar.Mais uma vez, certifique-se que sobrepõe cadaimagem em 30-40%, facilitando o trabalho do pro-grama que escolher para criar a panorâmica.

5Por fim, tire uma foto da sua mão direita comos dedos a apontarem para a esquerda, comoque a sinalizar o término da sequência.

Quando descarregar os ficheiros para o computa-dor, saberá que as imagens entre as duas mãosfazem parte do mesmo conjunto.

2Tire uma fotografia de teste a partir de umaárea de luminosidade média de uma cena –não a mais luminosa ou a mais escura. Se

possível analise o histograma para ver se estáequilibrado. Mude a câmara para exposiçãomanual e coloque os valores de abertura e veloci-dade que obteve na foto de teste. Desta formagarante a mesmo exposição para cada uma dasfotos que irão compor a panorâmica.

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ProgramasSe o software é o melhor amigo da fotografia

digital, então no caso da fotografia panorâmica

eles são mesmo os melhores amigos.

Actualmente existem programas que nos facili-

tam de tal maneira a tarefa, que basta descarre-

gar as fotos e deixar que o software se encarre-

gue de as ordenar, colar e dar os últimos reto-

ques. De entre os inúmeros programas de foto-

grafia panorâmica disponíveis no mercado, o

nosso destaque vai para o PTGui, o Panorama

Maker e o Photoshop CS3/4. Este último será

seguramente o mais usado.

6Se, por norma, fotografa em RAW, processeos ficheiros que compõem a cena de forma aterem os mesmos ajustes e correcções, caso

contrário obterá um resultado inconsistente.Coloque os ficheiros (JPG ou TIFF), que servirãopara a panorâmica, junto numa mesma pasta.

9E, se não se enganou em nenhum passo, tem finalmente a sua panorâmica. Terá apenas que a cortarde forma a evitar os cantos irregulares. Isto será comum se não usar um suporte nodal de forma aevitar o erro de paralaxe (ver caixa da página anterior). Mas nada com que tenha com que se preo-

cupar muito, já que os programas gerem muito bem este “problema”.

7Abra o Photoshop e vá ao menu ‘File’ >‘Automate’ > ‘Photomerge’. Seleccione o tipode panorâmica que pretende. ‘Auto’, por

norma funciona bastante bem. Depois resta-lheseleccionar a abrir os ficheiros, através dos botões‘Folders’ e ‘Browse’.

8Seleccionadas as imagens, clique em ‘OK’.Como que por magia o programa começa otrabalho por si. Obviamente que o processo

de “construção” poderá levar alguns minutos. Tudodepende do tamanho das imagens, da velocidadedo computador, entre outros factores. Se vir queestá para durar, aproveite para beber um café.

10Depois de juntar as camadas (‘Layer’ >‘Flatten Image’), grave a sua panorâmi-ca. A seguir edite-a a gosto: contraste,

níveis, curvas, enfim, o que achar melhor. E pron-to, o trabalho está pronto e a sua panorâmica vaiser um sucesso!

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PELA OBJECTIVA DE...TEXTO: PAULO JORGE DIAS . FOTOS : RAUL NUNES

Raul Nunes

O puro prazerde fotografar

Gosta de fotografar quando lhe apetece, o que lhe apetece e da maneira como lheapetece. E ainda bem que o faz. Porque o resultado final é admirável. Paisagensfascinantes e a capacidade de captar o lado desconhecido das pessoas são imagensde marca do trabalho de Raul Nunes, o nosso fotógrafo amador em destaque.

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Agenética tem destas coisas. Boaparte daquilo que temos recebe-mo-lo de herança dos nossospais. E não estamos aqui a falarda casinha na aldeia, do carrovelho ou da colecção de moedas

antigas.Em regra, herdamos traços físicos, feições, gostos,ideias, prazeres, vícios. E às vezes até, as própriaspaixões. No caso de Raul Nunes, a herança foi preci-samente essa: a paixão pela fotografia. “O meu pai tirava fotografias a preto e branco e

revelava-as em casa, num escritório transformadoem câmara escura. Nessa altura ele notou que eumostrava interesse pelas suas actividades e come-çou a convidar-me para ir com ele para o ‘estúdio’ajudar a revelar as suas fotos”, recorda o fotógrafo.Nessa época, teria cerca de 10 anos e começou a

fazer as suas próprias fotografias e revelá-las. O paiera, não só fonte de inspiração, como também pro-fessor.

“A minha aprendizagem baseou-se principal-mente em estudar as fotos do meu pai e dos fotó-grafos que apareciam nas revistas de fotografiaque ele comprava na altura”, explica.“Gosto imenso de ver e estudar fotografias de

outros fotógrafos, e tentar compreender comoessas mesmas fotos são elaboradas. Também tenhopor hábito comprar, de vez enquanto, um livro e/ouvídeo que me chamem a atenção e que me tragamalgo de novo que eu queira aprender a fazer”, refe-re.Fotógrafo amador, que profissionalmente traba-

lha como professor de Educação Visual, Raul Nunesassume-se como autodidacta, para quem boa parteda aprendizagem é feita com base no princípio do“trial and learn”.Ou seja, a sala de aulas, por excelência, é o terre-

no “onde faço todo o tipo de experiências e ondeaprendo, cada vez mais, com os meus erros e acer-tos”.Claro que para isso é necessário um bom equipa-

FÁBRICA DE NUVENSNIKON D300 . 12MM . F/16 . 2.5" .

ISO 200

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CIMA: TÂNIA ALEXANDRANikon D300 . 170mm . f/6.3 . 1/40" . ISO 1250

ESQUERDA: MONICA FOIXNikon D300 . 50mm . f/5 . 1/160" . ISO 200

mento. A primeira máquina digital comprou-a em2005. Era uma Nikon D70 que logo de seguida foitrocada por uma D70s, que por sua vez deu lugar auma Nikon D200, adquirida dois anos depois. No ano passado, comprou uma Nikon D300,

actualmente a sua companheira inseparável emmuitas expedições fotográficas, para as quais Raulnão tem uma agenda definida: “Depende muito daminha vontade de, nessa semana, me apetecer ounão fotografar. Posso passar uma semana, oumesmo um mês, sem tirar fotos e, na semanaseguinte, posso dedicar os 7 dias à fotografia.Ora, tanto equipamento implica um investimen-

to pesado? A essa questão o fotógrafo respondecom um sorridente “acho que prefiro não pensarnisso”.Há coisas que não têm preço. E, pelos vistos, uma

delas é o prazer de tirar uma boa fotografia. E boasfotografias é o que não falta no portfólio de RaulNunes.

Como é o caso da foto tirada numa muito chuvo-sa tarde de Inverno. Usando as palavras do fotógra-fo: “um daqueles dias em que não nos apetece fazernada”. Mas havia um barco encalhado no rio Douro

quase a implorar para ser fotografado. E lá ficou osofá a arrefecer em casa, enquanto Raul tentavaperceber como havia de cruzar aquele canal deágua com um metro de profundidade e cinco delargura.É daquelas alturas em que dava jeito ser Jesus

Cristo e caminhar sobre as águas. Mas na fotogra-fia os milagres fazem-se com a câmara. Por isso,não houve outro remédio senão pôr a mochila àscostas, o equipamento e tripé à cabeça e os pés aocaminho.Mas valeu a pena o esforço: “Depois de estar

completamente encharcado, lá peguei no materiale tirei a foto. Curiosamente esta viria a ser a fotomais publicada nas revistas portuguesas. Uma foto

RAUL NUNES

Idade: 40Equipamento:Nikon D300Nikon D40Nikkor AF 80-400mm 4.5-5.6D VRNikkor AF-S 12-24mm 4.0 IF EDDXNikkor AF-S 18-105mm F/3.5-5.6GED VR DXNikkor AF-S 18-200mm 3.5-5.6GED VR DXNikon SB-25 (vários)Nikon SB-600Tripé de fibra de carbonoManfrotto 190CXPRO3Cabeça de tripe Manfrotto 322RC2

www.raulnunes.com

TALENTONão Profissional n Profissional

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CIMA ESQUERDA: TIME GOES BYNikon D300 . 12mm . f/11 . 45" . ISO

200

CIMA DIREITA: SMOGNikon D300 . 12mm . f/11 . 20" . ISO

200

BAIXO ESQUERDA: TEMPODE DESCANSO

Nikon D300 . 12mm . f/11 . 1/5" . ISO200

BAIXO DIREITA: O TRONCONikon D300 . 14mm . f/11 . 15" . ISO

200

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40 | zOOm

tirada num dia em que não me apetecia fotografare, ainda por cima num local de acesso proibido”.A ambição de viver exclusivamente da fotografia

é comum a todos os artistas amadores, certo? Nempor isso: “Sinceramente, não me atrai muito. Eugosto de fotografar quando me apetece, o que meapetece e da maneira como me apetece. Tornando-me profissional, provavelmente iria perder esselado lúdico da fotografia, que se tornaria numaobrigação”.Mas perante a nossa insistência, lá deixa cair

uma ou duas pistas: a fotografia de paisagem e ade moda, são as áreas onde gostaria de trabalhar.Isto, se decidisse tornar-se profissional.Viajar pelo país em busca daqueles cenários que

parecem mesmo estar ali, à espera de ser fotografa-

dos. E fotografar modelos, desvendando através dacâmara o lado mais desconhecido das pessoas. Asduas razões para a sua escolha. “Acho que tenho uma certa aptidão para captar,

nas pessoas, algo que elas mesmo desconheciamter, e transportar isso para as fotografias. Por vezes,até as próprias modelos ficam admiradas com oque eu consigo ‘descobrir’ delas”, explica.OK, ser profissional não é uma prioridade. Mas

então e exposições? “Já fui convidado a expor osmeus trabalhos, mas (sem falsas modéstias) achoque ainda não atingi o nível que pretendo paraachar que tenho material suficiente para expor”.A humildade fica sempre bem. Mas as suas fotos,

em exposição, ficavam ainda melhor. Dizemos nós,que até percebemos alguma coisa disto. nZ

CIMA ESQUERDA: MARTA COSTANikon D40 . 35mm . f/11 . 1/640" .

ISO 200

CIMA DIREITA: ALEGRIA SINCERANikon D70 . 62mm . f/4.5 . 1/50" .

ISO 200

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As fotos foram criadas a 2 de Março de 2009, num dia calmo como as águas de um

rio que encontra a sua margem, em perfeita harmonia. Num dia sereno como a man-

sidão de um barco, que aparenta viajar à deriva, mas que jaz, adormecido.

Essa serenidade apoderara-se do autor e incendiara o ardente desejo de captar o

momento. Bastou um olhar para o céu e perceber o chorrilho de emoções que voava.

O entediante cinzento dominava, o azul persistia, resistente, e o sol preparava-se para

partir, não sem antes pintar o tédio de vermelho. O ardente desejo ficou definitivamen-

te em chamas… As águas de um rio seriam insuficientes para suster a força do fogo.

O cenário tinha de ser partilhado, a câmara iria entrar em acção, as águas pousadas,

trépidas, e as voadoras, enraivecidas, funcionaram como fonte de inspiração.

Com ondulação ligeira, o rio clamou. O fotógrafo obedeceu, na esperança de conse-

guir um bom primeiro plano daquele céu único. Aquele lugar pareceu favorável para

comunicar sem palavras. A dissonância cromática entre o primeiro plano e o céu (foto

1) falaria por si.

Montar o tripé e a máquina e olhar pelo visor foram tarefas excessivamente rápidas,

para que aquela natureza não se adulterasse. O Sol, apressado, queria ofuscar os ata-

ques furtivos dos céus. Havia que procurar o melhor enquadramento possível, mas

faltava algo. O céu e o rio necessitavam do movimento das nuvens, suavizados pela

superfície de um rio terno.

Com um filtro de Densidade Neutra 3.0 (9 stops) e outro filtro de Densidade Neutra

Graduado 1.2 colocados na máquina, liga-se o disparador remoto à D300 e nasce uma

exposição de 45s com f/11 a ISO 200. Estava criada a foto número 1.

Apesar de resultar uma imagem bela, pretendia-se algo mais intenso no primeiro

plano, um outro pedaço de natureza que fosse mais do que figurante, mas que encar-

nasse as contradições do cenário. A 59 metros de distância, num estaleiro, um barco

morto no rio vestiu a pele de um protagonista vivo.

Desenhado o enquadramento, restava caminhar para o espaço certo – um local de

acesso proibido.

Uma vez no reino do inóspito, repetiram-se os procedimentos da imagem anterior.

Faz-se o enquadramento correcto e surge o fulgurante disparo. O resultado atinge um

patamar superior (foto 2). Restava, no entanto, um terceiro protagonista, para dotar a

imagem de total equilíbrio, no canto inferior direito.

Uma pedra, deitada no chão, parecia pedir licença para entrar no projecto de uma

fotografia completa. Foi meticulosamente colocada no cenário, entre o Céu e a Terra,

banhada pelas águas. O clique origina a foto 3, o quadro pintado no imaginário do

autor, desde o primeiro olhar para o estaleiro.

Deste trabalho, nascem três fotos e fica provado que, mesmo em locais proibidos,

podemos moldar a natureza, sem a agredirmos. Podemos arrastar pedras para rios

fraternos, debaixo de céus zangados, iluminados por um Sol envergonhado.

Depois de colocar esta foto em sites da especialidade, o comentário mais vezes repeti-

do foi “a pedra no canto inferior esquerdo é a cereja no topo do bolo”.

CIMA: O BARCONikon D300 . 20mm . f/11 . 50" . ISO 200

[ RAUL NUNES EXPLICA COMO CHEGOU AO RESULTADO FINAL ]

O BARCO

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PELA OBJECTIVA DE...TEXTO: PAULO JORGE DIAS . FOTOS : LU IS FERREIRA

Luis Ferreira

A Câmara de NoéInsectos, répteis, aves, quantospequenos seres escapam aonosso olhar, por entre a corre-ria dos dias? Felizmente, nãoescapam à objectiva de LuisFerreira, fotógrafo portuguêsque nos surpreendeu com assuas espantosas fotografias doreino animal. Eterno aprendize impiedoso caçador de ima-gens de animais em movimen-to, ele é um dos nossos convi-dados desta edição.

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NEUROPTEROCanon 5D MKII . 150mm . f/11 . 1/125 . ISO 200

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PELA OBJECTIVA DE...

CIMA: HYLES EUPHORBIAECanon 5D MKII . 150mm . f/14 . 1/60” .ISO 200

DIREITA: LUTRA LUTRACanon 5D MKII . 390mm . f/5.6 . 1/60” .ISO 1600

Um pouco à semelhança dafamosa publicidade televisiva,Luis Ferreira podia fotografarsem cor. Mas não era a mesmacoisa.É a cor que lhe permite captar

em toda a sua intensidade os animais e todas asespécies da vida selvagem, que são no fundo aspersonagens principais do seu trabalho. “A cor é uma ferramenta poderosíssima na trans-

missão de sentimentos e emoções”, explica o fotó-grafo. E tantas são as emoções que as fotos de LuisFerreira transmitem.O deslumbramento, por exemplo. É fácil deslum-

brarmo-nos ao contemplar a riqueza visual do voode um pássaro, do salto de um cervo, do deslizar deuma cobra.E muitos mais habitantes do mundo animal que

a pouco e pouco Luis Ferreira vai coleccionando nasua câmara, qual arca de Noé onde parecem cabertodas as espécies.“O que me preocupa mais nas minhas imagens é

conseguir uma estética dinâmica, que demonstreos animais em acção”, refere o fotógrafo a propósitodo movimento, sempre presente no seu trabalho.Um bom exemplo disso é a fotografia favorita de

Luis Ferreira, onde um Neuróptero da espécieBubopsis agrionoides – um insecto voador raro –assume uma postura dinâmica e natural sobre afragrância do rosmaninho selvagem.Um trabalho que exige tempo e paciência até

porque “uma imagem que demora centésimos desegundo a tirar, leva semanas ou até mesmo mesesa preparar e estas constituem as fotografias maisdifíceis, pelo trabalho prévio que exigem”. É o caso do Guarda-rios apanhado de saída do

ninho, após alimentar as crias: “Demorei mais deum mês a conseguir aquela proximidade do ninhoe fui progressivamente montando um abrigo deforma a não interferir com a criação da prole. Paraa imagem foram necessários dois flashes, um flashbracket, um sistema de infra-vermelhos (que detec-ta a saída da ave e faz disparar a câmara), um tripé,o cabo disparador, mas sobretudo sorte e muitaperseverança”.Sorte, perseverança e, claro, talento, trabalhado

LUIS FERREIRA

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ESQUERDA: SALAMANDRA SALAMANDRACanon 5D MK II . 150mm . f/13 . 1/100” . ISO 100

ao longo de anos de aprendizagem. Inicialmentecomo autodidacta, Luis estudou diversos manuaisde fotografia, um pouco à semelhança do que faze-mos todos nós, fotógrafos.“Mas foi sobretudo com a experimentação que a

minha prática foi evoluindo. Na minha óptica, afotografia analógica com medições totalmentemanuais foi uma grande escola. Apontava os valo-res da abertura, velocidade e sensibilidade do nega-tivo em cada imagem do rolo que, após a revelação,eram conferidos e corrigidos”, explica o fotógrafo.Claro que numa área em permanente evolução,

como é o caso da fotografia, a aprendizagem é ummovimento contínuo, sempre com coisas novaspara aprender. Por esse motivo, Luis define-se comoum eterno aprendiz: “neste meio nunca se sabetudo e temos de estar em constante actualização”.Sem esquecer, obviamente, as horas passadas a

observar e estudar o trabalho de outros fotógrafos.Entre os seus autores de referência, Luis Ferreiradestaca artistas como Thomas Marent, VicentMunier, Staffan Windstrand, Art Wolfe, Ingo Arndt,Miguel Lasa, Eduardo Ruiz Baltanás e outros tantosfotógrafos amigos portugueses. O “namoro” com a fotografia começou em 1998,

quando preparava uma viagem de autocarro até àEslováquia.“Adquiri a minha primeira máquina analógica,

com o intuito de poder registar os locais que ia visi-tar. Passámos por locais fantásticos, Bilbau,Veneza, Budapeste e Kosice. A paixão já existia,

mas esta viagem funcionou como um trampolimpara elevar a importância da fotografia na minhavida”, recorda.Com 16 anos Luis dava os primeiros passos na

fotografia, ainda na era do rolo fotográfico. A suaprimeira câmara, uma Nikon F60, seria a sua fielcompanheira, nesses primeiros anos.Até que em 2006 decide dedicar-se ao maravilho-

so mundo da fotografia de vida selvagem. Um tra-balho que tem ajudado a sensibilizar muitas pes-soas para a importância da conservação e valoriza-ção das espécies. u

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PELA OBJECTIVA DE...

CIMA: RELA -HYLA ARBOREACanon 5D MK II . 150mm . f/16 . 1/160” . ISO 100

ESQUERDA: CAMALEÃOCanon 5D MKII . 150mm . f/9 . 1/250” . ISO 100

LU IS FERREIRA

LUIS FERREIRA

Idade: 27Equipamento:Canon 5D Mark IISigma 150mm F2.8 HSMCanon 17-40mm F5LCanon 50mm F1.8Canon 100-400 F4-5.6LFlashes

http://luisferreirafotografia.blogspot.com

TALENTONão Profissional n Profissional

É uma mensagem que as suas fotografias se têmencarregado de difundir através da sua exposição“Micro-Cosmos”, bem como em diversas exposiçõese festivais onde participa com regularidade. Formador na área da fotografia, Luis Ferreira

reconhece a importância do trabalho de edição deimagem: “é mais uma ferramenta que pode fazertoda a diferença, quando bem utilizada”.Ainda assim, considera que uma boa imagem

não necessita de edição. Ou não fosse ele um defen-sor da beleza das coisas simples, uma espécie deminimalismo.“Sou apologista dos fundos limpos e formas sim-

ples, mas não descuro os movimentos e as compo-sições dinâmicas, que utilizo para expressar aminha linguagem artística”, esclarece o fotógrafo.

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A OSGA “A foto escolhida retrata uma Osga perspectivada de forma diferen-

te. Após capturar o animal, necessitei de um vidro bem limpo, onde

o coloquei para conseguir a imagem do seu abdómen.

Posicionei-me sob o vidro para que, com a ajuda de dois flashes

sincronizados através de infra-vermelhos e posicionados de forma

rasante, conseguisse o resultado pretendido.”

ESQUERDA: ANDORINHASCanon 5D MKII . 400mm . f/5.6 . 1/1000” . ISO 400

BAIXO: OSGACanon 30D . 150mm . f/14 . 1/250” . ISO 100

BAIXO: TRITAO DE VENTRE LARANJACanon 5D MK II . 150mm . f/9 . 1/80” . ISO 400

Uma linguagem que descreve cenários inespera-dos, como aquele que Luis Ferreira descobriu umdia, durante uma das suas caminhadas em buscade seres “fotografáveis”.Deparou-se com uma manilha de saneamento

semi-aberta e, ao espreitar para o seu interior,encontrou sete animais de três espécies distintas –tritão-marmorado, sapo-comum e a cobra-de-água-viperina – a conviverem pacificamente num espaçode apenas 70 centímetros de diâmetro. Clic, clic, clic… e já está! Sete novos passageiros da

Câmara de Noé. Ou antes, a Câmara de LuisFerreira. Moral da história: “a Natureza surpreende-nos onde menos esperamos e são estes momentosque transformam a fotografia numa arte apaixo-nante”. nZ

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FOTO AVENTURAT E X TO E F O TO S : A L E X A N D R E BA R B O S A

ADMIRÁVEL MUNDO… NÃO HÁ NADA TÃO FASCINANTE COMO A FOTOGRAFIA DEVIAGENS. DEFINITIVAMENTE, O MUNDO TEM MAIS ENCANTO,VISTO PELA OBJECTIVA DE UM FOTÓGRAFO. NESTA EDIÇÃO DAZOOM CONVIDAMOS ALEXANDRE BARBOSA, UM VIAJANTEPOR EXCELÊNCIA, A RELATAR-NOS ALGUMAS DAS SUAS VIA-GENS. PELAS SUAS PALAVRAS. E, OBVIAMENTE, PELAS IMAGENSQUE FOI CAPTANDO PELO CAMINHO.

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“Há cerca de dez anos que viajo por países onde não há estradasalcatroadas nem se pode beber água da torneira. Em 1999 deiuma volta ao mundo e, ao todo, já viajei por cerca de 40 paí-

ses. Em 2008 parti com um budget limitado e sem nada marcado para poucomais de oito meses, a não ser um bilhete para Bangkok.

Perguntam-me muitas vezes se não tenho medo, onde durmo, como me des-loco, onde arranjo dinheiro para estas extravagâncias… Esta questão, parecendoque não, é das mais simples: guardo 30€ por mês, equivalente a dois cafés pordia, ou um maço de tabaco de 3 em 3 dias. Ao fim de dois anos tenho poucomais de 700€, que dá para comprar um bilhete para um sítio qualquer. Quantogasto lá? Num mês gasto o que gastaria por cá. Nem mais, nem menos! Claroque nesta viagem gastei mais e tive que poupar para a fazer.

O meu lema é ir, estar com as pessoas, trocar ideias com outros viajantes, e irfazendo o roteiro… Nesta viagem pensei em ficar pelo Sudeste Asiático, masdepois de ouvir algumas histórias, acabei por ir também à China, Tibete, Nepale Bangladesh.

É óbvio que já tive pequenos contratempos: fiquei uma semana de cama etinha frio com 40 graus lá fora; dormi no aeroporto de Singapura porque sóhavia voo no dia seguinte às 5 da manhã; voei do Nepal para o Bangladesh,quando o plano era atravessar “a pé” a Índia, porque já não tinha espaço nopassaporte para mais um visto; tive que comprar botijas de oxigénio para con-seguir respirar a mais de 5000m de altitude no Tibete; tive toda a gente àminha volta no Bangladesh, porque nunca tinham visto turistas ao vivo; toca-ram-me e agarraram-me no sul da China, por ter pêlos nos braços (aparente-mente é uma raridade); crianças no Yunnan e no Tibete desataram a chorar sóporque olhei para elas; fiquei a meio de uma viagem no Nepal por não havercombustível à venda…

Já não é a primeira vez que viajo por estas paragens e sei exactamente o quelevar. Desta vez a fotografia ia desempenhar um papel importante na minhaviagem, então decidi levar uma SLR e um portátil para ir vendo e organizandoas fotos. Como não gosto de andar carregado, decidi que a minha mochila iriapesar o mínimo possível. É uma forma fantástica de nunca ter que a pôr noporão do avião, em cima do autocarro, do tuc-tuc do riquexó, ou do barco, nomeio das cabras, galinhas e sacos de arroz. Anda sempre comigo. Acabei porandar com cerca de 6kg/7kg ao todo.

O meu material principal é constituído por uma 40D, uma 17-55 IS 2.8, uma70-200 F4 IS, uma 50mm, uma 20D, dois flashes 580EX II, tripé, filtros, blá, blá,blá! u

… ANTIGOAlexandre BarbosaWWW.LUGARESEMOMENTOS.COM

NO GLACIAR DE KHAROLA,A MAIS DE 5500M DE ALTITUDE

Canon 350D . 106mm . f/32 . 1/200" . ISO 400

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DESAFIO

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TOPO ESQUERDA: MULHER JUNTO A RODA DE ORAÇÃO. SASKIACanon 350D . 106mm . f/7.1 . 1/200" . ISO 200

TOPO: AS RUAS DE KHODARICanon 350D . 106mm . f/9 . 1/320" . ISO 400

TOPO DIREITA (PÁGINA AO LADO): NOITE EM SAIGÃOCanon 350D . 50mm . f/1.8 . 1/30" . ISO 1600

Como é óbvio, isto não ia caber na mochila. Aliás, só o material pesa mais de7kg. Decidi reduzir isto ao mínimo, e levei apenas uma 350D (que no fundo,embora seja mais complicada de utilizar, dá uma imagem tão boa como asoutras), uma Sigma 18-200 sem IS, que é quase tão pequena como a lente dekit, e o carregador com o fio encurtado para cerca de 5cm, para poupar peso.

Uma das razões para esta opção foi o facto de querer andar livre, sem estarpreocupado com deixar a máquina ou as lentes aqui ou ali e assim não leveinada que não pudesse perder. Por vezes durmo em cabanas com porta semfechadura, em ilhas. Teria que ficar a vigiar as coisas e preocupado com isso,em vez de ir fazer surf ou dar uns mergulhos. Uma das razões pelas quais deci-di fazer esta viagem foi para me libertar das preocupações, não foi para aslevar comigo. Decidi prescindir de alguma qualidade de imagem, em troca depaz de alma.

Com o tempo apercebi-me que precisava de uma lente mais luminosa, parausar à noite, e comprei uma 50mm 1.8 em Singapura. Adoro usá-la à noite, apreto e branco, com ISO1600. Mais tarde comecei a achar que precisava de umpouco mais de qualidade para grande angular. Como os reviews falavam bemda 18-55IS, e era barata, decidi gastar mais umas patacas numa quando andavapor Chengdu, na China, à espera que voltassem a abrir a fronteira do Tibete(era Março e “celebravam-se” os 50 anos do exílio do Dalai Lama).

Comprei um PC exclusivamente para a viagem. Para além de servir paraescrever, guardar e ver as fotos, iria servir também para ouvir música, ver fil-mes, ligar à net, etc. Tinham acabado de sair aqueles sub-notebooks baratos e

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MAIS À ESQUERDA: AVÓ E NETA EMMENGHAICanon 350D . 106mm . f/9 . 1/400" . ISO400

ESQUERDA: AS ESCADAS DEDURBARCanon 350D . 50mm . f/5 . 1/400" . ISO200

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gastei 200€ num. Comprei também um disco rígido externo paraguardar as fotos (este sim, andou sempre comigo, mas comprei omais pequeno que encontrei em Banguecoque).

Parti com poucos planos para além de fazer uns workshops defotografia, tirar um curso de mergulho e passar uns tempos emilhas a fazer surf e a ver peixes coloridos. A ideia passava maispor viver uns tempos no meio de culturas que já conheço, em vezde andar a visitar templos e museus.

Uma das coisas que gosto é de fotografar pessoas, e por lá tam-bém fotografei alguns casamentos. Na Ásia não fazem as coisas àpressa como por cá. Alguns dos estúdios onde apresentei o meuportfólio têm centenas de vestidos, fatos, cenários, têm cabeleirei-ro, manicure, maquilhadores e até uns dálmatas ou caniches a

cheirar a pó-de-arroz, só para tornar a coisa um pouco mais chi-que. É outro mundo e posso dizer que aprendi muito.

Por vezes sinto necessidade de me soltar das regras do mundoocidental, onde as pessoas agem simplesmente porque “têm odireito” e sentem-se protegidas pelo sistema. Os Europeus atra-vessam a rua na passadeira porque se sentem no seu pleno direi-to.

O “3º mundo”, como gostamos de lhe chamar, não funcionaassim. As pessoas atravessam a estrada quando não há carros. Osveículos pequenos dão prioridade a veículos maiores. Nós chama-mos-lhe “lei da selva”. A verdade é que é apenas a realidade. Comtantas regras que temos por cá, acabamos por viver num ambien-te artificial e perdemos a noção da escala humana. nZ

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