ZORZAL 2003

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    22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

    14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina

    IX-009 - BATIMETRIA DOS LAGOS DOS PRINCIPAIS PARQUES PÚBLICOS DACIDADE DE CURITIBA/PR

    Fábio Márcio Bisi Zorzal (1)

    Engenheiro Civil pela UFES (1997), Adesguiano pelo XVII CEPE - ADESG/ES (1996),

    Mestre em Ciências em Engenharia Ambiental pela UFES (1999). Um dos Ganhadores doPrêmio "Tião Sá" de Pesquisa Ecológica da Prefeitura Municipal de Vitória (1998).Professor no Curso de Engenharia Civil da Universidade Tuiuti do Paraná – UTP (desde1999). Finalista do Prêmio Paraná Ambiental 2001. Doutor em Engenharia de Produçãocom Ênfase em Gestão Ambiental pela UFSC (2003).

    José Roberto Bosa de Oliveira

    Engenheiro Civil pela Universidade Tuiuti do Paraná (2002). Consultor de empresas.

    Rodrigo Rodrigues da Silva

    Engenheiro Civil pela Universidade Tuiuti do Paraná (2002). Consultor de empresas.

    Juliano Vicente Venete Elias

    Engenheiro Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1997), Especialista emGerenciamento de Obras pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (1998),Mestre em Ciências em Engenharia Hidráulica pelo IHE International Institute for Infra-strutuctral, Environmental and Hydraulic Engineer - DELFT (2000). Professor no Curso deEngenharia Civil da Universidade Tuiuti do Paraná (desde 2001).

    Alex Soria Medina

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    Engenheiro Cartógrafo pela Universidade Federal de Pernambuco (1996). Mestre emCiências em Geodésia pela Universidade Federal do Paraná (1998). Doutorando emGeodésia pela UFPR (desde 2000). Professor Adjunto no Curso de Geografia da

    Universidade Tuiuti do Paraná (desde 2001).

    Endereço(1): R. Monsenhor Ivo Zanlorenzi, 1668/603 – Mossunguê – CEP: 81.210-000 –Curitiba – PR – Brasil – Cel: +55 041 9985 7050 – Tel./Fax.: +55 041 263 3424 –

    E-mail: [email protected] – Web : www.utp.br/fzorzal/index.htm

    RESUMO

    Em maio de 2000, iniciou-se uma pesquisa exploratória dos perfis batimétricos dos principais lagos públicos urbanos da cidade de Curitiba. O primeiro deles, no SãoLourenço, contou com o apoio do Departamento de Parques e Praças da SecretariaMunicipal do Meio Ambiente (SMMA), que forneceu barcos necessários para suaexecução.

    Esse trabalho abriu perspectivas para novas investigações, quanto à caracterização dealguns parâmetros associados ao desempenho físico- funcional para os quais foram criados.Além disso, viabilizou o cálculo dos volumes do reservatório, e, quando possível, dos

    volumes de sedimentação a partir da comparação com projetos e dados do passado.

    Para cada local, então, procedeu-se o cálculo do perímetro e da área do espelho d’águaatuais, assim como a representação de algumas seções transversais com seus detalhes, quefoi objetivo geral dessa investigação.

     Na seqüência, foram realizadas outras batimetrias nos lagos dos parques Tangüá, Tingüi,Jardim Botânico, Bacacheri, entre outros, deixando um retrato de seu assoreamento atual.Isso é razão suficiente para tornar instrumento de fundamental importância à comparaçãofutura, e essencial à tomada de decisões quanto às possíveis intervenções.

    PALAVRAS-CHAVE: Batimetria, Lagos e Reservatórios, Hidrologia, Recursos Hídricos,Administração Pública.

    1. Introdução

    Os Parques de Curitiba são fruto da intervenção humana sobre o uso e ocupação do solo,uma vez que foram previstos durante o crescimento urbano para a primariamente para acontenção das cheias que assolavam essa importante cidade do Estado do Paraná. O parqueSão Lourenço foi um dos pioneiros, sendo um exemplo positivo de planejamento urbano,idealizado e concebido há mais de 25 anos (1972), época em que se estabeleciam as primeiras tendências sobre o que fazer dos cursos d’água desta região.

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     Por outro lado, muitos desses parques são apenas porções de terra às margens de rios quecortam o município, tais como o Belém e o Barigüi. Têm sua composição formada de

    equipamentos diversos, destacando-se: atelier de escultura e cerâmica, auditório, cantina,sanitários, churrasqueiras, lagos, cancha de futebol de areia e grama, pista de patinação,roda d’água, ponte, sede administrativa e ilhas. Isso caracteriza os parques como centros decultura e lazer para os munícipes e turistas.

    Em condições normais de operação, eles parques recebem pessoas em seu cotidiano, o que permeia a necessidade corrente de manutenção, incluindo as lagoas como atrativo.Sabendo-se que há certa carência municipal desse tipo de informações para que se possa proceder à devida operação, o objetivo deste trabalho passa a ser o de caracterizar o volumede água do reservatório, sua margem, perímetro, área do espelho d’água, e tudo o que a batimetria seja capaz de conduzir.

    2. IMPORTÂNCIA DOS PARQUES PÚBLICOS PARA A CIDADE DE CURITIBA

    Se for observada, a história da criação do São Lourenço traduz-se na necessidade contençãodo regime hídrico dos rios que cortam a cidade. Portanto, a maioria dos parques teve afunção inicial de equilibrar as vazões provenientes de chuvas intensas à montante daocupação urbana. Em 1970, chegou a promover estragos materiais no próprio local do parque São Lourenço durante uma chuva intensa, donde serviu de alerta paramunicipalidade vislumbrar tragédias maiores já na Capital do Estado em tempos futuros.

    A desapropriação daquela área foi conseqüência irreversível, e hoje, tal obra se encontra

    dentre os lugares mais visitados por conta de sua beleza. O controle de enchentes se fezcom a ampliação do leito do curso d’água original em torno de regiões adjacentes a ele, ouseja, através da criação da lagoa (Controle de Enchentes).

    O despejo constante de materiais diversos ao longo dos cursos d’água não é um privilégiode poucos afluentes brasileiros. E esta evidência é tanto maior ou mais agravada quantomais se aproxima das épocas atuais. Por atravessar pequenas zonas ocupadas, o Rio Belémdeságua nesse parque trazendo consigo material disperso sob diferentes formas. O mesmoacontece com o Rio Barigui, o Rio Bacacheri e outros. Muito embora, essas lagoas sejamhoje receptoras de toda uma parcela de carga orgânica, elas ainda conseguem terconsideráveis taxas de autodepuração. Quanto aos outros componentes, carecem de estudos

    mais específicos para avaliação da capacidade enquanto estação natural de tratamento(Controle da Poluição).

    Por outro lado, condizente com o uso e ocupação do solo na época de sua criação, o parquetambém impediu novos avanços em direção ao curso d’água. As conseqüências para os diasde hoje são inquestionáveis, pois resguardam a municipalidade de indenizações decorrentesdo avanço indevido por sobre áreas de inundação e mata ciliar (Controle da OcupaçãoUrbana).

    E ainda, os parques por si só traduzem espaços reservados à natureza. A paisagem naturalrefeita é incrementada com espécimes exóticos provendo aos locais razoável harmonia

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    entre o que se deseja preservar e o que se deseja desenvolver. São comuns espéciesdomésticas tais como patos, marrecos, ovelhas, da fauna, e araucária, aroeira, gramíneas eoutros da flora natural de mata Atlântica (Preservação e animal e vegetal).

    A infra-estrutura disponível é atrativa para a comunidade, haja vista a constatação dosfreqüentes passeios, corridas ou simplesmente a estada de pessoas lendo jornais e revistasnas sombras das árvores do parque ou nos bancos. Algumas atividades recreativas sãoigualmente colocadas à disposição. Constata-se que se cumpriu e cumpre com a finalidadede ser um aglutinador de pessoas neste período (Centro de Cultura e Lazer).

    3. MATERIAIS E METODOLOGIA DA PESQUISA  Normalmente os aqüíferos urbanos caracterizam-se por estarem, não raramente, próximosaos grandes logradouros, tais como, parques, pontes, ruas, avenidas e outras regiões nas

    grandes metrópoles, habitualmente freqüentadas ou habitadas por grande contingente de pessoas, tornando-se imprescindível e vital para o bem-estar da população destas regiões, arealização de estudos para preservação, manutenção ou correção de ecossistemas. Tão maisrecomendável é o estudo quanto mais próximo de grandes comunidades for.

    3.1. O ESTUDO BATIMÉTRICO

    Em sua definição formal, a batimetria é o processo pelo qual se obtém a forma do relevoabaixo de uma lâmina d’água, normalmente, lagos e rios; ou ainda, é a descrição datopografia abaixo do nível d’água de um curso através da medição de sua profundidade.Uma de suas aplicações imediatas é o de evitar o transbordo através da quantificação do

    assoreamento, caracterização do escoamento hidrodinâmico pelo estudo da forma do relevosubmerso, modelagem matemática para uma situação de qualidade e quantidade num corpod’água, entre outras inúmeras aplicações. Em fim, é um trabalho de engenharia quenecessita de conhecimentos de topografia, hidrologia, hidráulica e outros correlatos ao meioambiente.

    Operacionalmente, o processo de levantamento depende das condições locais e pode serfeito a vau (a pé), com guincho hidrométrico (de um lado a outro com uma corda) ou comecobatímetro (sonar). Em todos os casos recomenda-se percorrer o curso d’água em seçõesaproximadamente perpendiculares às margens espaçadas entre si por razoável distância,que determina o erro desejável, tanto na mesma seção quanto em seções ao longo do curso.

    Os processos utilizados nos parques de Curitiba foram o guincho hidrométrico consorciadocom um barco ancorado na seção. Este método é um dos mais utilizados no Brasil,contemplando uma gama enorme de situações no campo. Necessita de embarcaçãoadequada, que, depois de posicionada com os recursos de topografia (teodolito e régua ou baliza) para se marcar a posição em que a corda ocupa a seção, verificam-se as cotas (onível) para aquela posição.

    Medem-se as cotas de fundo do relevo, da superfície do espelho d’água e das bordas daseção do curso ao longo de cada seção. Nos parques, foram escolhidas seções espaçadas de

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    cinqüenta metros em cinqüenta metros e, na mesma seção, pontos espaçados de vintemetros em vinte metros.

    3.2. AS FERRAMENTAS DE TRABALHO

    Foram utilizados os equipamentos conforme adiante:

    Teodolito: é o principal equipamento utilizado num levantamento planimétrico topográfico.Com ele são medidos os ângulos horizontais em relação à uma direção conhecida, quer sejao Norte Magnético, quer seja outra direção calibrada a partir desse. Também se fazemleituras na mira taqueométrica que permite a determinação indireta das distâncias e dosdesníveis das feições do terreno. Marca Leica T100 com tripé em alumínio.

     Nível: acoplado a uma luneta, permite dar visadas nas miras graduadas, baseando-se na

    diferença de leituras feitas em três linhas disponíveis em sua luneta, semelhante àtaqueometria. A precisão obtida é de milímetros nos trabalhos especiais de primeira ordem,e de apenas alguns centímetros nos trabalhos topográficos comuns. Marca Leica NA 820com tripé em alumínio. Ou estação total Leica em substituição ao teodolito e nível.

    Réguas: São miras graduadas, usadas para fazer a leitura das alturas a partir do nível. MarcaMiratec em alumínio.

    Piquetes: Ao traçar a linha "imaginária" ao longo do lago, dividiu-se a linha em,aproximadamente, doze seções perpendiculares, de cinqüenta metros em cinqüenta metros,cravando-se piquetes para marcar assinalar esses pontos no terreno. Sem marca, em

    madeira.

    Trenas: é um diastímetro, ou seja, equipamento utilizado para medir distâncias. MarcaLufkin 30m e 50m.

    Cordas: Para esticar e marcar as seções de um lado ao outro do lago; nessa corda marcam-se os pontos de vinte metros em vinte metros para orientar o posicionamento do barco nolago. Sem marca, tipo sisal.

    Balizas: São hastes pintadas de vermelho e branco alternadamente. Marca AVR emalumínio.

    Barcos: São utilizados para transporte das pessoas envolvidas no trabalho dentro do lago.Tais barcos têm a capacidade de transportar até cinco pessoas, mas foram prescritas equipesde duas pessoas, todas equipadas com coletes salva-vidas. Sem marca, em alumínio.

     Na primeira fase do trabalho do Parque São Lourenço, traçou-se a linha imaginária,denominada linha "mestra", beirando toda uma margem do lago numa extensão deseiscentos metros aproximadamente. Depois, foram colocados piquetes a cada cinqüentametros, separando o lago em doze seções perpendiculares a esta linha. Essas seções perpendiculares foram representadas por uma corda para que os barcos pudessem seorientar em linha reta dentro do lago.

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     As profundidades foram medidas a cada vinte metros na seção, onde se colocava a régua nonível da água e no fundo; na superfície e nos bordos do lago, procedimento este que se

    repetiu ao longo de todas as doze seções, permitindo o mapeamento completo do lago. Omesmo procedimento ocorreu nos parques Barigüi, Tangüá, Tingüi, Jardim Botânico,Pedreira Paulo Leminski, Passeio Público, Unilivre, Barreirinha e outros.

    4. RESULTADOS E SUAS DISCUSSÕES

    Com descrição do método, os resultados passam a ser colocados conforme cada atividaderealizada nos anos de 2000 e 2001, servindo de retrato de início de década. São eles:

    4.1. PARQUE SÃO LOURENÇO

    A representação gráfica do Parque São Lourenço é trazida em planta conforme mostra aFigura 1. Nela, constata-se a geometria do lago em planta, que é a primeira ferramentaauxiliar no cálculo do volume de água daquele lago, quando evidencia as duas dimensõesestampadas no plano do espelho d’água. Sabe-se que as doze seções levantadas, dispostasem corte na Figura 2, formam a segunda ferramenta do cálculo, qual seja, a inserção daterceira dimensão que é a profundidade. Assim, dá-se a Tabela 1 como o primeiro resultadonumérico retirado da investigação batimétrica no São Lourenço.

    Tabela 1 – Resultados das seções transversais do lago do Parque São Lourenço

    Seção

    Área Calculada (A1® 2 em m2)

    Área Média (Am em m2)

    Volume* (V em m3)

    1

    97,8

    48,9

    900,1**

    2

    140,1

    118,9

    5.947,2

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     3

    190,8

    165,5

    8.272,7

    4

    80,6

    135,7

    6.784,6

    5

    64,1

    72,3

    3.616,2

    6

    90,2

    77,1

    3.856,7

    7

    63,2

    76,7

    3.835,3

    8

    41,3

    52,3

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    2.613,1

    9

    22,7

    32,0

    1.600,2

    10

    28,2

    25,4

    1.272,2

    11

    14,4

    21,3

    1.064,1

    12

    46,6

    30,5

    1.170,9***

    Volume total do lago do Parque São Lourenço

    40.933,4

    * Considerando a distância entre as área de 50m V=50xAm.

    ** A primeira seção tem 18,4m em relação à borda e não 50m como no caso das demais.

    *** A última seção tem 38,4m em relação à borda e não 50m como no caso das demais.

    **** O N.A está localizado na cota 99,420m. A cota máxima é de 97,920 que está situada anoroeste do lago com profundidade de 2,20m. A cota mínima é de 99,250 está a leste do

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    lago entre a ilha com área aproximada de 1.580,00m2 e a jusante do lago, com profundidade de 0,17m. A cota média é de 98,460 com profundidade de 0,96m.

    ***** Ao sul do lago existe outra ilha com área aproximada de 1.763,00 m2.

    Para o cálculo da área das seções transversais, deve-se usar o próprio AutoCAD paraconsegui-lo. A Tabela 1 mostra os valores encontrados. Para o cálculo da área média, procede-se a média entre áreas adjacentes. Isso se faz por conta de se encontrar diferentesáreas nas seções levantadas. O volume se faz multiplicando-se a área média pela distânciaentre as seções, que é de cinqüenta metros.

    Disposições volumétricas: Sabe-se também que o volume executado na etapa de projeto erade 45.000m3. Como o volume atual é de 40.933,4m3, encontra-se calculado na tabelaanterior, pode-se diagnosticar uma redução de volume decorrente da deposição de material

    de duas fontes principais: uma de natureza erosiva, ou seja, sedimento com granulometria bem definida de cascalhos, pedras, areia, silte e argila, e outra de natureza orgânica equímica, devido ao lançamento de carga orgânica e química ao longo do curso d’água. Aredução é dada pela diferença de volumes e é expresso pelo valor 4.066,6m3, representandouma perda de 9,03% no volume de projeto, nos 28 anos de existência.

    Disposições planimétricas: A área do espelho d’água atual é de 42.527,4m2; seu cálculo édado pelo AutoCAD.

    Disposições Lineares: O perímetro do lago é de 137.633.06m; seu cálculo é dadodiretamente pelo AutoCAD. A profundidade média encontrada foi de 0,96m. Seu cálculo é

    dado pela relação entre o volume e a área do espelho d’água.

    O volume atual do lago do Parque São Lourenço é de 40.933,4m3. A área do espelhod’água é de 42.527,4m2. Tendo a necessidade de acumular os volumes excessivos de águas provenientes do escoamento à montante da Cidade de Curitiba, tornou-se também umsistema natural de tratamento da poluição, uma reserva, ainda que pequena, de espécies daregião, além de ser atrativo à comunidade adjacente e ao público turístico.

    Assim, nota-se que o parque, apesar de antigo, resguarda suas boas características de projeto e uma intervenção no seu leito não se faz em caráter de emergência. Notou-se arecente construção de um sistema de drenagem do parque com a instalação de tubos que

    desembocam na lagoa. Tal sistema deve ficar algum tempo em observação quanto a suaeficiência. (prioridade médio -longo prazo).

     No entanto, pelo assoreamento acontecido ao longo de seus 28 anos de existência, o parque perdeu um volume de 4.066,6m3, que representa 9,03% do total armazenado. O volume perdido pelo assoreamento ainda não inviabiliza seu lago. Na batimetria, não foi detectadonenhum local com prejuízo maior de perda de seção. Na entrada, pelo acúmulo natural dachegada dos resíduos no remanso e digestão de matéria orgânica, forma-se uma camada delodo, que deve ser removida. (prioridade de médio prazo).

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    A recomposição das margens talvez seja uma das necessidades mais urgentes. Nela deveconstar arborização, com instauração de cercas vivas, principalmente nos pontos próximosà entrada lago do parque que contém material contaminante. Os objetivos são segurança

    dos circulantes e aumento da qualidade estética daquela região. (prioridade curto prazo).Quanto aos quesitos uso e ocupação do solo e instalações físicas, estes cumprem com seusobjetivos, nada tendo a acrescentar senão que a área se mantém livre de invasão e que osedifícios abrigam seus funcionários e usuários com razoável conforto.

    4.2. PARQUE BARIGUI

    Em 2000 houve uma longa manutenção no lago do parque Barigui que tratou de retirarsedimento depositado no fundo da represa para um terreno ao lado da rodovia que sai paraPonta Grossa. Seguida a retirada desse material, eram feitas as batimetrias paraacompanhamento do volume de material retirado para identificação da nova capacidade do

    lago bem como para o pagamento do serviço contratado. Daquela época até hoje ainda nãose verificou nenhuma batimetria com o objetivo de acompanhar o assoreamento.

    Devido às dificuldades na mensuração do lago do parque, este foi subdividido em três partes e, estas partes foram mensuradas separadamente, calculadas de acordo com dadosobtidos pela estação total conforme mostra a tabela abaixo.

    Tabela 2 –Resultados das Áreas Obtidas do Lago do Parque Barigüi

    Código da área

    Área (m²)

    Perímetro (m)

    Volume (m³)

    1

    212.294,04

    3.154,62

    326.932,82

    2

    39.993,61

    1.779,64

    21.596,55

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    11/16

    3

    12.966,37

    1.180,15

    6.872,17

    * O N.A está localizado na cota 98,010.

    A cota máxima 96,115 situada a sudoeste próximo a saída do lago, com profundidade de1,90m. A cota mínima 97,910 se encontra ao extremo norte na entrada da área levantadacom profundidade de 0,10m. A cota média 97,140 com profundidade de 0,87m.

    ** Existem seis ilhas totalizando uma área de 24.794,18 m2. A ilha ao norte tem áreaaproximada de 6.655,00 m2. As ilhas ao oeste tem área aproximada de 166,00 e 224,00 m2respectivamente. A leste a ilha mede 5655,00 m2 aproximadamente. Ao centro a ilha tem980,00m2. Finalizando, ao sul, a ilha tem 11.112,00 m2 e todas elas servem de abrigo parafauna local, como capivaras, várias espécies de aves e o jacaré do parque.

    4.3. PARQUE TANGÜÁ

    A intervenção batimétrica no lago do Parque Tanguá foi realizada no final de 2001,

    observando-se, em linhas gerais, um pequeno potencial deposição devido à pequena entradade material de sedimento trazido pelo lançamento das descargas de águas pluviais deterrenos erodidos no entorno à montante do parque, o que pode merecer uma avaliaçãomais específica noutra oportunidade.

    Tabela 3 – Resultados do Lago do Parque Tangüá

    Índice

    Valor medido ou calculado

    Perímetro

    1.459,82 m

    Área

    28.614,04 m2

    Volume

    40.630,94 m3

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     * O N.A está localizado na cota 99,220. A cota máxima é de 97,395, estando a leste do lagocom profundidade de 1,83m; a cota mínima é de 98,906 está ao extremo sul, com

     profundidade de 0,31m. A cota média é de 97,800 com profundidade de 1,42m.

    PARQUE TINGÜI

     No lago do Parque Tingüi, pôde-se constatar que o volume atual do lago do parque aindasofre constantes transformações de marcação de margens, associada à criação de umaestação de tratamento biológico dos esgotos convergente à bacia daquela pequena região.Detectou-se também o início da eutrofização da lagoa, que se faz presente devido à grandeinserção de nutrientes por conta do lançamento proposital dos efluentes domésticos

    mencionados.

    Tabela 4 – Resultados do Lago do Parque Tingüi

    Índice

    Valor medido ou calculado

    Perímetro

    1.541,21 m

    Área

    60.199,38 m2

    Volume*

    68.100,134 m3

    * O N.A está localizado na cota 99,200. A cota máxima de 96,597 ao sul entre a ilha e a ponte com profundidade de 2,60m. A cota mínima é de 97,788 esta ao norte do lago com

     profundidade de 1,22m. A cota média de 98,070 com profundidade de 1,13m.

    JARDIM BOTÁNICO

    As batimetrias dos lagos do Parque Jardim Botânico encontram-se numericamentedispostas pela tabela a seguir.

    Tabela 5 – Resultados dos Lagos do Parque Jardim Botânico

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    Código da área

    Área (m²)

    Perímetro (m)

    Volume (m³)

    1*

    6728,87

    382,49

    7.065,31

    2**

    3.432,43

    337,45

    3.329,46

    * O N. A do lago 1 está localizado na cota 97,330m. A cota máxima é de 95,599 que se

    encontra a oeste do lago com profundidade de 1,73m. A cota mínima é de 96,501 que seencontra a nordeste do lago bem próxima da margem com profundidade de 0,83m. bem aocentro do lago encontra-se uma ilha com área aproximada de 560,80 m2. A cota média96,580 com profundidade de 1,05m.

    ** O N.A. do Lago 2 está localizado na cota 98,910m. A cota máxima é de 97,980 que estásituada ao centro do lago com profundidade de 1,63m. A cota mínima de 98,779 queencontra-se ao extremo norte com profundidade de 0,13m. A cota média de 97,940 com profundidade de 0,97m.

    PASSEIO PÚBLICO

    O lago do Passeio Público é artificial, tendo em seu projeto inicial uma profundidade igualem toda a sua extensão em concreto armado. Por esse motivo, fica fácil a determinação doseu volume a partir da área e do perímetro, conforme indica a Tabela 6.

    Tabela 6 – Resultados do Lago do Parque Passeio Público

    Índice

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    Valor medido ou calculado

    Perímetro

    1.462,24 m

    Área

    14.373,40 m2

    Volume

    11.498,72 m3

    * A cota máxima é de 0,84m que se encontra ao norte do lago. A cota mínima é de 0,18mque se encontra a noroeste próxima a cascata artificial por onde entra a água do lago, tendouma cota média de 0,80m de profundidade.

    BACACHERI

    A batimetria do lago do parque Bacacheri é trazida pela próxima tabela:

    Tabela 7 – Resultados do Lago do Parque Passeio Público

    Índice

    Valor medido ou calculado

    Perímetro

    1.462,24 m

    Área

    14.373,40 m2

    Volume

    11.498,72 m3

    * O N.A está localizado na cota 97,700m. A cota máxima é 95,890 que se encontra anoroeste do lago com profundidade de 1,81m. A cota mínima é de 97,206 situada a norte próximo a margem do lago, com profundidade de 0,49m.

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    ** Existe a nordeste uma ilha com área aproximada de 2.147,50 m2. Tem cota média de96.180m com profundidade de 1,52m.

    5. CONCLUSÕES

    Atualmente, a Cidade de Curitiba possui mais de vinte parques públicos com as maisdiferentes finalidades: bosques para lazer, parques náuticos voltados à prática de esportesaquáticos, parques de contenção de cheias, parques educandários, etc.. Muitas vezes elesapresentam em seu interior lagos onde abrigam espécies vegetais e animais, algumasmigratórias, que deles se utilizam para descanso, fonte de alimento e a própria existência.

     Não obstante, o planejamento urbano da cidade tem previsto e construído alguns parques

    em seu zoneamento urbano com uma missão ainda maior: de resguardar áreas de proteçãoambiental da invasão populacional. Esse planejamento ajuda na contenção de grandescontingentes imigratórios prevenindo-os da inundação durante as cheias que acontecem justamente nessas áreas de ocupação.

    Isso levou a criação dos parques em regiões de manancial, obrigando invariavelmente aretificação, alargamento ou correção dos canais dos rios, e, muitas vezes, a construção delagos. Com o passar do tempo, eles recebem sedimentos originários de suas bacias, que passam a depositar nesses locais de remanso, onde hoje são os lagos desses parques.

    Em resumo, sete desses parques tiveram seus lagos monitorados durante os anos de 2000,

    2001 e 2002, buscando-se compor um acervo batimétrico dos mesmos com a finalidade deacompanhar seus níveis de sedimentação. Em decorrência dele, a prefeitura local pode ter asua disposição, informações sobre o nível de assoreamento dos seus parques, possibilitandotomar decisões acerca de sua manutenção.

    Os parques envolvidos na pesquisa foram: o Passeio Público, o São Lourenço, o Tingüí,maior parque linear urbano do Brasil, o Tangüá, antiga região de exploração mineral, oJardim Botânico municipal, o Bacacheri, e o Barigüi, considerado uma das maisimportantes áreas de lazer da cidade. Todos somam uma área de considerável importância para a cidade, posto que recebem várias pessoas para a prática de esportes ou,simplesmente, para apreciação da natureza.

    6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    DECRETO MUNICIPAL NÚMERO 621. Curitiba. PMC. 1972.

    DREW, D. Processos Interativos entre o Homem e o Meio Ambiente. Trad. João Alves dosSantos. 4a. ed.. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

    GARCEZ, L. N., ALVAREZ, G. A.. Hidrologia. São Paulo. Edgard Blücher. 1988.

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    PILOTO. R.. Parque São Lourenço. Entrevista concedida a Fábio M. B. Zorzal. Curitiba,19/05/2000.

    PMC. Parques e Praças de Curitiba. Curitiba. PMC/SMMA/DPP. 2000. (váriosmimeografados)

    PORTO. R. L. L., et al. Hidrologia Ambiental. São Paulo. USP/ABRH. v.3. 1991.

    SÃO JOÃO, J. C. Topografia. Curitiba. UFPR/SCT/DG. Notas de Aula. 2000.

    ZORZAL, F. M. B. Laudos Ambientais. Curitiba. UTP. Notas de Aula. 2000.

    ZORZAL, F. M. B.. Engenharia de Recursos Hídricos. Curitiba. UTP. Notas de Aula. 2002.