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.
An
os
195
0
• Fidel Castro se torna presidente
de Cuba
• O Havaí passa a ser o 50o estado
dos Estados Unidos
• Hitler é oficialmente declarado
morto
• O primeiro satélite é lançado
• O bambolê é inventado
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Frank Sinatra | In The Wee Small Hours (1955)
Selo | Capitol
Produção | Voyle Gilmore
Projeto gráfico| Tommy Steele
Nacionalidade | EUA
Duração | 50:25
22 | 23 Anos 1950
Lista de músicas
01 In The Wee Small Hours Of The Morning
(Hilliard•Mann) 3:00
�02 Mood Indigo (Bigard•Ellington•Mills) 3:30
03 Glad To Be Unhappy (Hart•Rodgers) 2:35
04 I Get Along Without You Very Well
(Carmichael) 3:42
05 Deep In A Dream (De Lange•Van Heusen) 2:49
06 I See Your Face Before Me (Dietz•Schwartz) 3:24
07 Can’t We Be Friends? (James•Swift) 2:48
08 When Your Lover Has Gone (Swan) 3:10
�09 What Is This Thing Called Love (Porter) 2:35
10 Last Night When We Were Young
(Arlen•Harburg) 3:17
� 11 I’ll Be Around (Wilder) 2:59
12 Ill Wind (Arlen•Koehler) 3:46
13 It Never Entered My Mind (Hart•Rodgers) 2:42
14 Dancing On The Ceiling (Hart•Rodgers) 2:57
15 I’ll Never Be The Same (Kahn•Malneck) 3:05
16 This Love Of Mine (Parker•Sanicola•Sinatra) 3:33
No início dos anos 50, Frank Sinatra estava acabado – incapaz de
conseguir um contrato regular com uma casa noturna, quanto
mais com uma gravadora. Seu salvador chegou bem a tempo.
Alan Livingston, vice-presidente de A&R (artist and repertoir) da
Capitol Records e fã de Sinatra, o contratou por sete anos em 14
de março de 1953,contrariando o conselho de seus colegas.
O Oscar que Sinatra recebeu, no mesmo ano, por A Um Passo
da Eternidade comprovou a clarividência de Livingston. O prê-
mio também deu ao cantor uma segunda chance, que ele agar-
rou com unhas e dentes em Songs For Young Lovers e Swing Easy.
Ambos são grandes discos, mas viraram um marco por terem
apresentado Sinatra – inicialmente, contra sua vontade – a um
jovem arranjador chamado Nelson Riddle.
In The Wee Small Hours foi lançado pouco depois de o romance
entre Sinatra e Ava Gardner ter terminado, e esse rompimento
talvez tenha tornado este o melhor álbum de todos os tempos
sobre o tema da separação.O Sinatra do imaginário popular,aquele
sujeito meio malandro,sempre com uma piada na ponta da língua,
não aparece aqui – ele é um homem, apenas. Os vendedores de
discos que costumavam colocar Sinatra na prateleira de easy
listening certamente nunca o tinham ouvido cantar as confissões
de bêbado de “Can’t We Be Friends?”, e muito menos suplicar como
em “What Is This Thing Called Love”, de Cole Porter. E “Mood
Indigo”,de Duke Ellington,nunca havia soado tão melancólica.
Riddle enquadra essa amargura toda em arranjos delicados
naquele que hoje é considerado o primeiro disco em que a
parceria realmente funcionou. Outros se seguiriam, embora num
novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado em
dois discos de 10 polegadas, In The Wee Small Hours foi logo
depois reeditado em 12 polegadas, antecipando, sem querer, a
era do LP. WF-J
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24 | 25 Anos 1950
Lista de músicas
01 Blue Suede Shoes (Perkins) 2:00
�02 I’m Counting On You (Robertson) 2:25
�03 I Got A Woman (Charles) 2:25
04 One-Sided Love Affair (Campbell) 2:11
05 I Love You Because (Payne) 2:43
06 Just Because (Robin•B. Shelton•J. Shelton) 2:34
07 Tutti Frutti (LaBostrie•Penniman) 1:59
�08 Trying To Get To You (McCoy•Singleton) 2:31
09 I’m Gonna Sit Right Down
(And Cry Over You) (Biggs•Thomas) 2:01
10 I’ll Never Let You Go (Little Darlin’) (Wakely) 2:24
� 11 Blue Moon (Hart•Rodgers) 2:40
12 Money Honey (Stone) 2:36
Elvis Presley | Elvis Presley (1956)
Selo | RCA
Produção | Não consta
Projeto gráfico| William V. Robertson
Nacionalidade | EUA
Duração | 28:42
Não é nenhuma jóia rara. De fato, quando tocado para os ouvi-
dos do século 21, habituados à arte e à técnica da produção de
um bom álbum, o primeiro LP de Elvis Presley mostra-se frus-
trante e inconsistente.
O repertório, montado a partir de várias sessões, é composto
por sete faixas registradas no início de 1956 – às vésperas do
lançamento do álbum, em 13 de março – e cinco que eram,
virtualmente, sobras da Sun Records, de 1954 e 1955, gravadas
antes do contrato de Elvis com a RCA. O vocal bem trabalhado de
“I’ll Never Let You Go (Little Girl)”, uma das heranças da Sun, chega
ao limite da autoparódia: naquela época, por ironia, Elvis não
tinha uma imagem pública que pudesse ser imitada. Uma curio-
sidade é que,embora todo relançamento em CD inclua “Heartbreak
Hotel” – a música que catapultou o garoto de 21 anos da
celebridade local em Memphis à fama mundial em algumas
semanas –,essa faixa não consta do disco original.
No entanto, o álbum tem magia, e muita; revoluções já
aconteceram por menos do que isso. O gospel branco de “I’m
Counting On You” e o ressoar nervoso de “I Got A Woman”, de Ray
Charles, formam uma seqüência forte logo no início; perto do
fim, encontra-se a versão definitivamente solitária de “Blue
Moon”. Mas a faixa que se destaca é a impressionante “Trying To
Get To You”, que coloca Presley um patamar acima de um menino
da roça, a caminho de virar uma estrela. É uma gravação
inesquecível.
A capa é também inesquecível. A foto, creditada a William V.
“Red” Robertson e tirada em 31 de julho de 1955, num show em
Tampa, na Flórida, é uma das mais simbólicas do cantor. O The
Clash concordou,subvertendo a imagem para a capa de London’s
Calling,de 1979. WF-J
“Cara, eu era um bobo comparado
com as coisas que fazem agora.”
Elvis Presley, 1972
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26 | 27 Anos 1950
Lista de músicas
�01 Kentucky (Davis) 2:39
02 I’ll Be All Smiles Tonight (Carter) 3:14
03 Let Her Go God Bless Her (Trad. ) 2:55
04 What Is Home Without Love (Trad. ) 3:00
05 A Tiny Broken Heart (Hill•C. Louvin•I. Louvin) 2:34
06 In The Pines (Riggs) 3:15
�07 Alabama (Hill•C. Louvin•I. Louvin) 2:43
�08 Katie Dear (Bolick) 2:34
09 My Brother’s Will (Nelson) 3:16
� 10 Knoxville Girl (Trad. ) 3:49
11 Take The News To Mother (Callahan•Caloway) 2:48
12 Mary Of The Wild Moor (Turner) 3:11
The Louvin Brothers | Tragic Songs Of Life (1956)
Selo | Capitol
Produção | Ken Nelson
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 35:58
Não é preciso ser maluco, assassino, bêbado, compulsivo, solitá-
rio, intratável ou melancólico para cantar música country... mas
ajuda. Ira Louvin não era tudo isso, mas possuía algumas dessas
características. Surgidos na década de 40, Charlie e Ira Louvin se
encaixaram perfeitamente na tradição country da dupla de
irmãos harmoniosos – seguindo os passos dos The Delmore
Brothers e servindo de modelo aos The Everly Brothers. Este
primeiro álbum dos Louvins é uma das pedras fundamentais do
country. A voz de barítono de Charlie e o tenor alto de Ira
dialogam e se fundem num estilo alegre e gracioso. É o melhor
do bluegrass tirado do fundo do coração.
A capa mais conhecida do disco mostra Charlie e Ira super-
postos à imagem de uma loura triste, segurando uma carta
amassada, como numa fotonovela barata. Essa ilustração foi feita
para lançamentos posteriores e romantiza a verdade.De fato,para
Ira e Charlie, essas músicas sobre pecado e fraqueza, tragédia e
tentação eram muito reais.Nada neles era intencional ou kitsch.
Porém, foi a tendência autodestrutiva de Ira que emprestou à
dupla o viés cortante. Charlie era uma pessoa estável, mas o
irmão bebia muito, era mulherengo e propenso a explosões
violentas. Em 1963, Charlie se cansou disso e decidiu seguir
carreira solo. Ira sobreviveu mais do que se supunha – mesmo
tendo levado um tiro de sua terceira mulher, Faye –, mas, em
1965, acabou morrendo (ao lado da noiva) num acidente de
carro no Missouri.
Alguns anos mais tarde, Gram Parsons fez renascer o inte-
resse na música dos irmãos e, desde então, o mito dos Louvins
continua a crescer. RF
“A palavra ‘tolerante’se soletra:
p-e-c-a-d-o.”
The Louvin Brothers, 1952
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Anos 1950 26 | 27
Lista de músicas
�01 Medley: Just A Gigolo—I Ain’t Got Nobody
(Brammier•Caesar•Casucci•Graham•Williams) 4:42
02 (Nothing’s Too Good) For My Baby
(Budston•Falcon) 2:36
03 The Lip (Klages•Knight) 2:15
04 Body And Soul (Eyton•Green•Heyman•Sour) 3:22
�05 Oh Marie (Dicapua, arr. Prima) 2:25
06 Medley: Basin Street Blues —
When It’s Sleepy Time Down South
(L. Rene•O. Rene•Williams) 4:12
�07 Jump,Jive, An’ Wail (Prima) 3:28
�08 Buona Sera (De Rose•Sigman) 2:58
09 Night Train (Forrest) 2:46
10 (I’ll Be Glad When You’re Dead)
You Rascal You (Theard) 3:13
Louis Prima | The Wildest! (1956)
Selo | Capitol
Produção | Voyle Gilmore
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 32:00
Cantor e trompetista popular nos clubes nas décadas de 30 e 40,
inicialmente em sua terra natal, Nova Orleans, depois em Nova
York, Prima se viu sem trabalho em 1954. Acompanhado de sua
nova mulher e companheira de palco, Keely Smith – ele, um
desgastado homem de 43 anos; ela, em seus inocentes 22 –, ele
conseguiu de favor umas apresentações no lounge do Sahara,
em Las Vegas, e contratou o jovem saxofonista de Nova Orleans,
Sam Butter, para liderar a banda. O sucesso foi imediato; essa
brilhante meia hora, gravada ao vivo no estúdio em abril de
1956, foi a cereja no bolo.
Os apaixonados pelo jazz muitas vezes consideram Prima
apenas uma imitação italianizada de Louis Armstrong, talvez
pelos três sucessos de Satchmo aqui incluídos:“You Rascal You”e
um medley unindo a contida “Basin Street Blues” e a anti-soporí-
fera “When It’s Sleepy Time Down South”. Mas esta não é a ques-
tão: a música de Prima é simplesmente irreprimível e combina
totalmente com sua alegria gloriosa na foto de capa. Ele está
radiante, cheio de gás e irresistível, sacudindo a banda em “Oh
Marie”, com Smith num delicioso e bem amarrado contraponto.
Butera e seus colegas, enquanto isso, envolvem os dois em um
dos mais fervilhantes jump-jives já gravados. Esse som é
constantemente imitado, como na versão de Brian Setzer de
“Jump, Jive, An’ Wail” para um comercial da GAP. Butera, que teve
seus arranjos originais apropriados pelo anúncio, se queixou de
ter ganho três pares de calças em troca do privilégio.
Prima morreu em 1978, mas o seu legado continua vivo
através de sua filha Lena – que se apresentou recentemente no
Sahara – e da dublagem “jive” do orangotango Rei Louie, do
desenho Mogli, O Menino Lobo, seu último trabalho. Na verdade,
Prima era o rei dos swingers. WF-J
“Já fiz discos de sucesso,mas não gostei
de nenhum (...). Mas este é diferente.”
Louis Prima, 2002
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Lista de músicas
�01 Blueberry Hill (Lewis•Rose•Stock) 2:21
�02 Honey Chile (Bartholomew•Domino) 1:48
03 What’s The Reason (I’m Not Pleasing You?)
(Grier•Hatch•Poe•Tomlin) 2:03
�04 Blue Monday (Bartholomew•Domino) 2:18
�05 So Long (Bartholomew•Domino) 2:13
06 La-La (Bartholomew•Domino) 2:15
07 Troubles Of My Own (Bartholomew•Domino) 2:15
08 You Done Me Wrong (Domino) 2:05
09 Reelin’ And Rockin’ (Domino•Young) 2:20
10 The Fat Man’s Hop (Domino•Young) 2:26
11 Poor, Poor Me (Domino) 2:11
12 Trust In Me (Domino•Jarrett) 2:50
28 | 29 Anos 1950
Fats Domino | This Is Fats (1956)
Selo | Imperial
Produção | Dave Bartholomew
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 27:11
Seis anos antes de Bill Haley gravar “Rock Around The Clock”, o
jovem Antoine “Fats” Domino, aos 21 anos, escreveu a canção-
base do rock ’n’ roll,“The Fat Man”, em 1949. A partir do sucesso
desse single de estréia, que vendeu um milhão de cópias, o
vocalista e pianista nascido em Nova Orleans compôs mais hits
do que qualquer outro da era do rock dos anos 50, à exceção
de Elvis Presley, incluindo uma impressionante série de 39
singles que ocuparam os primeiros lugares das paradas, entre
1954 e 1962.
Ao vender algo em torno de 65 milhões de discos naquela
década, Domino foi, sem dúvida, o responsável por fazer uma
ponte entre o R&B e o rock – embora Little Richard possa dispu-
tar o título. O que está fora de discussão é a influência exercida
por seu trabalho nos anos 50, que se espalhou por toda a música
pop,atingindo de Pat Boone aos Beatles.
This Is Fats, o terceiro álbum do cantor pela Imperial, foi lança-
do no auge da carreira de Domino e tornou-se o mais poderoso
retrato de sua genialidade, graças a maravilhas do boogie-
woogie como “Blue Monday”e “Honey Chile”e a obras-primas da
tristeza como “So Long”e “Poor,Poor Me”.
A triunfante “Blueberry Hill”, que abre o álbum, foi um sucesso
de Glenn Miller em 1940, mas, apesar de seu charme e calor, a
música acabou sendo surpreendentemente difícil de gravar.
Ninguém conseguia achar a partitura e Domino esquecia o tem-
po inteiro a sua parte. Não foi possível completar sequer um take
e o estúdio teve de emendar o material gravado. O resultado do
esforço foi um single que chegou ao primeiro lugar das paradas
de R&B nos Estados Unidos e ao segundo lugar nas de pop – a
melhor colocação de Domino nessa categoria. JiH
“Minha maior ambição é obedecer
aos Dez Mandamentos.”
Fats Domino, 2002
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Duke Ellington
Ellington At Newport
1956 (1956)
Selo | Columbia
Produção | George Avakian
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 44:00
30 | 31 Anos 1950
Em meados dos anos 50, Frank Sinatra estava de volta ao auge
não apenas de seu talento, mas das paradas, desmentindo a
máxima de F. Scott Fitzgerald: “Não existe uma segunda chance
para os americanos.” No final de 1955, novamente com Nelson
Riddle,Sinatra planejou um disco com um sabor diferente.
O que surgiu dessas sessões, realizadas um mês depois de o
cantor completar 40 anos, foi o oposto do trabalho anterior.
Comparado com The Wee Small Hours e seu clima de bêbado-
num-bar-às-duas-da-manhã, o eufórico Songs For Swingin’ Lo-
vers! parece um passeio numa tarde ensolarada de domingo,
literalmente transbordando de joie de vivre. Sinatra está à vonta-
de como nunca, ágil em “You Make Me Feel So Young”, cantando
“How About You?” como se estivesse pedindo alguém em
casamento ou piscando o olho, daquele seu jeito, em “Makin’
Whoopee”. Mas nada disso teria valor sem a gloriosa orquestra-
ção de Riddle. Reza a lenda que seu insuperável arranjo para “I’ve
Got You Under My Skin”, terminado às pressas na noite anterior à
gravação, foi espontaneamente aplaudido pelos músicos duran-
te a sessão,em 12 de janeiro de 1956.
Este álbum talvez chegue perto de ser o grande songbook
americano. No entanto, os estudiosos mais atentos da música
pop podem reparar que há uma simetria nas 15 faixas que
cravam os 45 minutos do disco. A arte de fazer canções de três
minutos começa e termina ali. WF-J
Frank Sinatra
Songs For Swingin’
Lovers! (1956)
Selo | Capitol
Produção | Voyle Gilmore
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 45:00
Depois de um período de estagnação,quando as bandas de swing
saíram de moda, a popularidade de Duke Ellington recrudesceu
com sua apresentação no Festival de Jazz de Newport, em julho
de 1956. É irônico que o disco lançado apressadamente pela
Columbia para capitalizar o sucesso do show não tenha sido
gravado realmente em Newport.
Quando souberam que a gravação no festival não havia
ficado boa, os executivos da Columbia enviaram Ellington a um
estúdio em Nova York para refazer a apresentação, na segunda-
feira após o show. O álbum é, portanto, uma colcha de retalhos
dos registros ao vivo e em estúdio, e de aplausos gravados. E se
tornou o maior sucesso de vendas da carreira de Duke.
Um relançamento brilhante, em 1999, finalmente consertou
as coisas. O disco original foi mantido, mas, graças a um
complicado trabalho de pós-produção, utilizando os masters do
álbum de 1956 e uma gravação de rádio há anos considerada
perdida, o show completo foi recuperado e, por fim, é possível
entender por que causou tanto impacto. As três partes da suíte
do Festival de Jazz de Newport – algo tão novo que, segundo
Ellington, “nem tivemos tempo de dar um nome à música” –
apresentam os sons agudos típicos do trompete de Cat Ander-
son. Mas a fama do show e do álbum se deve ao blues eferves-
cente de “Diminuendo And Crescendo In Blues” e, mais
especificamente, aos inacreditáveis 27 refrões que o saxofonista
Paul Gonsalves transformou em um dos solos mais celebrados
da história do jazz. WF-J
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Anos 1950 30 | 31
The Crickets
The “Chirping”
Crickets (1957)
Selo | Brunswick
Produção | Norman Petty
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 25:59
É surpreendente que este marco da história do rock dure menos
de meia hora. Isso prova as virtudes da concisão – 12 grandes
músicas, muitas familiares a qualquer museólogo do pop, e
nenhuma que chegue perto dos mágicos três minutos de
duração.
Buddy Holly formou a banda com um colega de escola, o
baterista Jerry Allison. O misto de rockabilly, blues, R&B e uma
profunda sensibilidade pop firmou os The Crickets na vanguarda
do primeiro fluxo do rock ’n’ roll. Este álbum de estréia (o único
LP de Holly lançado em vida) inclui seus três primeiros clássicos,
assim como duas músicas escritas em parceria com Roy Orbison.
Muitos aspirantes a guitarrista se esforçaram para imitar a
introdução de “That’ll Be The Day” – o título, dado por Holly, é
uma expressão usada por John Wayne no filme Rastros de Ódio,
de 1956.
O talento pioneiro de Holly para cantar e compor in-
fluenciaria tremendamente outros artistas posteriores, como os
Beatles e os Rolling Stones. Não há muitas músicas creditadas a
Buddy Holly neste disco, porque, na realidade, ele assinava como
Charles Hardin – seu nome verdadeiro era Charles Hardin
Holley.
Há que se destacar também as versões de músicas de Chuck
Willis e Lloyd Price. Acusações póstumas de que Holly seria
racista são discutíveis. JT
Count Basie
The Atomic
Mr.Basie (1957)
Selo | Roulette
Produção | Teddy Reig
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 39:30
Em 1957, os melhores dias do grupo de Bill Basie, formado em
1930, haviam ficado duas décadas para atrás; as mudanças nos
gostos musicais o haviam forçado a desistir de sua big band por
uns tempos, no início dos anos 50.Felizmente, foi a última vez que
ficou sem uma banda. Tudo o que Basie precisava, ele descobriu,
era de um pouco de sangue novo, que encontrou nas veias do
jovem arranjador Neal Hefti. Apenas cinco anos depois de seu
primeiro trabalho para o grupo,Hefti foi chamado para orquestrar
todo o disco que Basie lançaria por seu novo selo,Roulette.
“Nunca me gabei de nada”, escreveu Basie, sempre modesto,
em sua autobiografia,“mas poderia ter me gabado dessa banda”.
Estava certo. lmpulsionados pelo saxofonista Eddie “Lockjaw”
Davis e um naipe estelar de trompetes liderados por Thad Jones,
os 12 instrumentos de metal alternam fogo (“Whirly-Bird”) e gelo
(“After Supper”) e dão um efeito efervescente às 11 músicas
compostas por Hefti. Mas, como sempre acontece com Basie, o
melhor do disco está na seção rítmica: o baixista Eddie Jones, o
baterista Sonny Payne, o guitarrista Freddie Green e o próprio
Basie no piano, com seu típico estilo econômico, levam o swing
até músicas suaves como “Li’l Darlin’”.
Foi o último disco genial de Basie. Em meados da década de
60, ele já havia se acomodado à confortável posição de um dos
mais queridos da velha-guarda do jazz, papel que desem-
penharia até sua morte, em 1984. Hefti, enquanto isso, se livrou
do jazz em prol de Hollywood, ficando famoso por suas trilhas
sonoras para Batman e Um Estranho Casal. WF-J
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32 | 33 Anos 1950
Lista de músicas
�01 Brilliant Corners (Monk) 7:47
02 Ba-Lue Bolivar Ba-Lues-Are (Monk) 13:21
�03 Pannonica (Monk) 8:52
04 I Surrender Dear (Barris•Clifford) 5:27
05 Bemsha Swing (Best•Monk) 7:41
Thelonious Monk | Brilliant Corners (1957)
Selo | Riverside
Produção | Orrin Keepnews
Projeto gráfico| Paul Bacon
Nacionalidade | EUA
Duração | 43:08
Um dos mais reverenciados compositores do século 20, sem
falar em sua influência universal como pianista, Thelonious
Sphere Monk ocupava, porém, uma inexplicável posição margi-
nal em 1957.
Depois de ter exercido um papel fundamental na criação do
bebop no clube Minton, no Harlem, em meados da década de 40,
e de ter contribuído com vários clássicos para o cânone do jazz,
ele acabou afastado dos jazz clubs de Manhattan por conta de
uma falsa condenação por porte de drogas, e sua gravadora
perdeu o interesse em seu trabalho. Monk ficou, então, fora de
cena durante os anos 50. Foi só quando Orrin Keepnews – a alma
por trás do selo de indie jazz Riverside – o contratou que ele
começou a ter o devido reconhecimento.
Keepnews reapresentou Monk ao público do jazz com duas
sessões de trio, a primeira em cima da obra de Ellington e a
segunda, de standards do pop. Brilliant Corners marcou seu
retorno como um compositor de primeira ordem, acompanhado
do quinteto formado pelo sax tenor de Sonny Rollins, o sax alto
de Ernie Henry (que morreu cedo e tragicamente), o baixo de
Oscar Pettiford e a bateria de Max Roach (o trompetista Clark
Terry e o baixista Paul Chambres substituem Henry e Pettiford
em “Bemsha”). A faixa-título, de cair o queixo, foi a responsável
pela necessidade de troca de músicos – era tão difícil que, depois
de 25 tentativas,não havia um único take completo.
A tensão é palpável na gravação, mesmo depois da edição
feita por Keepnews, mas o resultado foi a primeira obra-prima
dessa fase da carreira de Monk. Outros destaques são a suave
melodia de “Pannonica”, escrita para a amiga e patronesse de
Monk, a baronesa “Nica” Koenigswarter, e sua versão solo de
“I Surrender Dear”. AG
“Não estava tentando fazer algo difícil
de tocar. Apenas compus uma música que
se encaixava no que eu estava pensando.
Eu sabia que os músicos iam se esforçar,
porque era realmente boa.”
Thelonious Monk, 1965
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Anos 1950 32 | 33
Sabu | Palo Congo (1957)
Selo | Blue Note
Produção | Alfred Lion
Projeto gráfico| Reid Miles
Nacionalidade | EUA
Duração | 40:52
Chano Pozo revelou a batida da conga afro-cubana ao jazz
quando tocava na orquestra de Dizzy Gillespie, no final dos anos
40. Dessa forma, ele abriu a porta para talentosos percussionistas
como Louis “Sabu” Martinez, que o substituiu na banda de
Gillespie depois da morte de Pozo, em 1948.
Equipado com mãos e espírito poderosos, Sabu triunfou
como músico de estúdio da Blue Note Records, trabalhando nos
discos Orgy In Rhythm e Holiday For Skins, de Art Blakey, entre
outros. Como músico principal em Palo Congo, ele deliciou o
público com uma variedade de batidas, se valendo de sua
herança espanhola,africana e indígena.
A gravação, coordenada pelo engenheiro de som Rudy Van
Gelder, capta a fúria da rumba cubana e estilos afins. Martinez
convidou uma banda que incluía a tres (uma guitarra cubana
com três cordas duplas) do produtivo Arsenio Rodriguez, um
pilar da salsa moderna, e Ray Romero, que havia tocado com
Miguelito Valdes. Os músicos, na maioria oriundos da banda de
Rodriguez, interagem com Sabu numa calorosa gravação analó-
gica, sem distorções. Apesar de ser mono, é tão bem equilibrada
que permite se ouvir individualmente a percussão, as vozes e o
baixo acústico.
Sabu abre cantando “El Cumbanchero”, de Rafael Fernandez,
uma melodia contagiante. A genialidade de Arsenio permeia
“Rhapsodia Del Maravilloso”, na qual introduz variações de “El
Manisero”. Sua tres tem um quê de soul e funk.
O próprio Sabu faz solos potentes de percussão em Palo
Congo, em meio a orações de santeria, num álbum que ilumina
suas raízes como nova-iorquino residente no El Barrio, no Harlem
espanhol. JCV
Lista de músicas
�01 El Cumbanchero (Hernandez) 5:38
�02 Billumba-Palo Congo (Martinez) 6:06
03 Choferito-Plena (Rios) 4:02
04 Asabache (Martinez) 4:22
05 Simba (Martinez) 5:55
�06 Rhapsodia Del Maravilloso (Martinez) 4:39
07 Aggo Elegua (Martinez) 4:28
�08 Tribilin Cantore (Martinez) 5:19
“Comecei tocando latas nos quintais.
Então, quando eu tinha 11 anos,
entrei para um trio e tocava na Rua 125
por 25 cents, a cada três noites.”
Sabu Martinez, 1968
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34 | 35 Anos 1950
Miles Davis | Birth Of The Cool (1957)
Selo | Capitol
Produção | Pete Rugolo
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 37:56
Lista de músicas
�01 Move (Best) 2:33
�02 Jeru (Mulligan) 3:13
03 Moon Dreams (MacGregor•Mercer) 3:19
�04 Venus De Milo (Mulligan) 3:13
�05 Budo (Davis•Powell) 2:34
06 Deception (Davis) 2:49
07 God Child (Wallington) 3:11
�08 Boplicity (Henry) 3:00
09 Rocker (Mulligan) 3:06
10 Israel (Carisi) 2:18
11 Rouge (Lewis) 3:15
12 Darn That Dream (DeLange•Van Heusen) 3:25
Ano de 1949: saído de baixo das asas de Charlie “Bird” Parker e
Dizzy Gillespie, Miles Davies, aos 24 anos, percebe que está
perdendo tempo ao tentar replicar os vôos harmônicos verti-
ginosos de seus mentores de bebop. A solução: juntar um bom
time de músicos de estúdio de Nova York e tentar reconstruir e
desconstruir o vocabulário bebop num espaço novo de impro-
visação. E espaço, para Miles, é o lugar fundamental de criação
nesta sua primeira sessão de jazz como líder de banda.
Entrelaçando os tons surdos de seu trompete com os arran-
jos orquestrais urbanos ao gosto de Gil Evans, Gerry Mulligan e
John Lewis, Miles dá forma a um harmônico cool jazz, que bebe
tanto da música clássica européia como do hot jazz do bebop ou
do ragtime. Seu solo de trompa, sem vibrato, na música de
abertura,“Move”, abre o caminho para uma série de poemas em
tom impressionista, uma resposta velada ao excesso de acordes
do bebop. Mas é uma música cool com balanço: é só ouvir Miles
interagindo com o leve sax alto de Lee Konitz em “Jeru”.
O fotógrafo Aram Avakian capta com precisão o jogo entre a
frieza controlada e o poder emocional concentrado na música de
Miles na simbólica foto da capa do disco. Os críticos também
identificaram a “quietude audaciosa” do álbum – o público, no
entanto, não gostou. O estilo cool foi deixado de lado até sua
ressurreição no revisionismo feito na Costa Oeste dos grupos de
meados dos anos 50. E Miles? Ele levou sua música cool para o
cinema, no filme Ascensor Para O Cadafalso (1957),de Louis Malle,
apurando esse estilo até chegar à sua obra-prima Kind Of Blue
(1959), numa carreira voltada para a colaboração musical e a
renovação da linguagem. MK
“Sempre tive curiosidade
de tentar coisas novas
na música.”
Miles Davis, 1962
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Machito | Kenya (1957)
Selo | Roulette Jazz
Produção | Ralph Seijo
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 35:46
Anos 1950 34 | 35
Nos anos 40, Machito e a sua orquestra criaram uma onda de
mambomania, misturando os ritmos afro-cubanos com o jazz
americano. Frank Grillo, conhecido como Machito, cantava e to-
cava maracas, enquanto o diretor musical Mario Bauza coordena-
va o cruzamento entre o som das primeiras big bands e a
estrutura musical cubana.
Bauza sonhava há muito tempo em fazer uma big band
latina, que fundisse o fogo das tradicionais orquestras cubanas
que ele ouvia em Havana, quando criança, com o balanço de
Duke Ellington, que conheceu no Harlem (aos 19 anos, Bauza
chegou ao Harlem e começou a tocar sax e trompete nas bandas
de Chick Webb,Don Redman e Cab Calloway).
Este álbum, uma jóia pouco valorizada, traz audaciosas
composições originais e arranjos de Bauza, René Hernandez,
que toca piano no disco, Chano Pozo e AK Salim (um destacado
compositor de jazz e arranjador). Os convidados especiais
Cannonball Adderley, Doc Cheatham e Joe Newman acrescen-
tam o seu talento como improvisadores em riffs elegantes ao
longo de refrões curtos mas belos.
Na faixa de abertura, “Wild Jungle”, fica claro por que os
percussionistas eram tão excepcionais. José Mangual (bongô),
Uba Nieto (címbalos), Candido Camero (conga) e Carlos “Patato”
Valdes (conga) impulsionam as músicas. “Holiday” e “Blues À La
Machito” fundem o blues e o swing, mostrando uma excepcional
coesão e interação da orquestra. “Tin Tin Deo” é uma vibrante
versão do clássico do jazz latino composto por Pozo.
A Machito Orchestra estabeleceu os marcos do que o jazz
latino poderia ser. Seu disco mais fortemente inspirado nos
ritmos africanos, Kenya, que é todo instrumental, atingiu o auge
da musicalidade do grupo. JCV
Lista de músicas
�01 Wild Jungle (Bauza•Hernandez) 2:46
02 Congo Mulence (Salim) 2:55
�03 Kenya (Bauza•Hernandez) 3:26
04 Oyeme (Salim) 3:11
�05 Holiday (Bauza•Hernandez) 2:46
�06 Cannonology (Salim) 2:29
07 Frenzy (Bauza•Hernandez) 2:40
�08 Blues À La Machito (Salim) 3:01
09 Conversation (Bauza•Hernandez) 2:55
� 10 Tin Tin Deo (Pozo) 2:55
� 11 Minor Rama (Salim) 3:01
12 Tururato (Salim) 3:10
.
“Quem tem ritmo tem tudo.
Sem ritmo, não se tem nada.”
Mario Bauza, 1992
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36 | 37 Anos 1950
Little Richard
Here’s Little Richard (1957)
Selo | Specialty
Produção | Bumps Blackwell
Projeto gráfico| Thadd Roark
Nacionalidade | EUA
Duração | 27:31
“A-wop-bop-a-Ioo-bop-a-Iop-bam-boom... tutti frutti, oh rootie!!”
No verão de 1955, o rock ’n’ roll explodiu em toda parte, e Fats
Domino, Ray Charles, Chuck Berry e Bo Diddly emplacavam um
sucesso atrás do outro nas paradas. Ansioso para surfar nessa
onda, Art Rupe, da Specialty Records, pediu a seu caçador de
talentos, Bumps Blackwell, que encontrasse um novo Ray Charles.
Sabendo onde procurar, Bumps rumou para o Sul e, no lendário
Dew Drop Inn, em Nova Orleans, achou um cantor e pianista de
jump blues extravagante (e assumidamente gay) chamado Little
Richard Penniman. Pouco tempo depois, já tinha convencido
Richard a gravar no pequeno estúdio de Cosimo Matassa, o J&M
Studio,onde fizeram história.
A palavra “transbordante” nem chega perto de descrever
a energia irreverente, quase insana, gravada por Richard, Bumps,
Cosimo e pelos músicos mais originais de Nova Orleans.
“Tutti Frutti” começou a subir nas paradas no mês seguinte e
foi seguida, em 1956, por “Long Tall Sally”, “Slippin’ And Slidin’”,
“Ready Teddy” e “Jenny Jenny”. Essa série de músicas enlou-
quecedoras foi reunida em Here’s Little Richard, que ainda
apresenta uma foto inesquecível de Richard na capa,em ação.
Totalmente clássico, Here’s Little Richard é seu LP mais
vendido. Pode ser difícil achá-lo em vinil, mas as músicas apa-
recem em vários CDs – o nome Specialty é a garantia de que se
trata das gravações originais e não de versões inferiores feitas
por Richard para muitos outros selos. Here’s Little Richard é a
célula-tronco do rock ’n’ roll – a partir deste álbum (e de meia
dúzia de outros incluídos neste livro) foi que o gênero
floresceu. ML
Lista de músicas
�01 Tutti Frutti (LaBostrie•Lubin•Penniman) 2:24
02 True Fine Mama (Penniman) 2:41
03 Can’t Believe You Wanna Leave (Price) 2:23
�04 Ready Teddy (Blackwell•Marascalco) 2:07
05 Baby (Penniman) 2:03
�06 Slippin’ And Slidin’ (Bocage•Collins) 2:38
�07 Long Tall Sally
(Blackwell•Marascalco•Penniman) 2:07
08 Miss Ann (Johnson•Penniman) 2:15
09 Oh Why? (Scott) 2:06
� 10 Rip It Up (Blackwell•Marascalco) 2:22
� 11 Jenny Jenny (Johnson•Penniman) 2:00
12 She’s Got It (Marascalco•Penniman) 2:25
“Eu faria de tudo no palco.”
Little Richard, década de 80
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Lista de músicas
�01 El Cayuco (Son Montuno) (Puente) 2:33
02 Complicación (Aguabella) 3:18
�03 3-D Mambo (Mambo Jazz Instrumental)
(Santos) 2:23
04 Llegó Miján (Son Montuno) (Puente) 3:10
05 Cuando Te Vea (Guaguanco) (Puente) 4:10
�06 Hong Kong Mambo (Puente) 3:42
07 Mambo Gozón (Puente) 2:44
08 Mi Chiquita Quierre Bembé
(Cha Cha Cha Bembé) (Puente) 3:55
�09 Varsity Drag (Mambo Jazz International)
(Brown•DeSylva•Henderson) 2:48
� 10 Estoy Siempre Junto A Tí (Bolero) (Delgado) 3:10
11 Agua Limpia Todo (Guaguancó) (Aguabella) 2:55
12 Sacu Tu Mujer (Guaracha) (Puente) 3:02
Anos 1950 36 | 37
Tito Puente And His Orchestra
Dance Mania,vol.1 (1958)
Selo | BMG
Produção | Não consta
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 38:41
Quando Tito Puente morreu, em 2000, aos 77 anos, era co-
nhecido pelas gerações mais novas como o autor de “Oye Como
Va”, um clássico do rock/R&B regravado por Santana, e também
por ter aparecido no episódio do final de temporada do desenho
Os Simpsons. Mas, antes disso, o compositor, líder de banda e
mestre dos címbalos, era o Rei do Mambo. E Dance Mania, seu
disco mais vendido – e o primeiro que dedicou inteiramente à
música para dançar –,mostra o porquê.
Puente já tinha estado à frente de uma big band por mais de
uma década quando foi a Nova York para gravar Dance Mania. Os
amantes do jazz conheciam há tempos a síntese dançante que
esse porto-riquenho-americano fazia dos ritmos afro-cubanos,
dos princípios do jazz e das tradições musicais de seus ances-
trais. Agora, o resto do mundo estava começando a entender sua
música.
Dance Mania também marcou a estréia do vocalista da
banda de Puente, Santitod Colón, que, com sua voz sedutora,
podia incendiar ou seduzir o público. “EI Cayuco”, a faixa de
abertura, desliza pelas ruas dos subúrbios com um sincopado
bem orquestrado, instigado pelo hipnótico trabalho de Puente
nos címbalos e pelo toque destacado da trompa. Puente mostra
seu talento de percussionista em várias outras faixas extraordi-
nárias de estilos diversos: na instrumental “Hong Kong Mambo”,
ele toca marimba como gosta, enquanto na majestosa “Estoy
Siempre Junto A Ti” enquadra toda a música em seu vibrafone
fluido e,muitas vezes,contido. YK
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38 | 39 Anos 1950
Lista de músicas
�01 I’m A Fool To Want You
(Herron•Sinatra•Wolf) 3:23
02 For Heaven’s Sake
(Bretton•Edwards•Meyer) 3:26
�03 You Don’t Know What Love Is (Depaul•Raye) 3:48
�04 I Get Along Without You Very Well
(Carmichael) 2:59
05 For All We Know (Coots•Lewis) 2:53
06 Violets For Your Furs (Adair•Dennis) 3:24
�07 You’ve Changed (Carey•Fisher) 3:17
08 It’s Easy To Remember (Hart•Rodgers) 4:01
09 But Beautiful (Burke•Van Heusen) 4:29
� 10 Glad To Be Unhappy (Hart•Rodgers) 4:07
� 11 I’ll Be Around (Wilder) 3:23
Billie Holiday | Lady In Satin (1958)
Selo | Columbia
Produção | Irving Townsend
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 39:10
Será que Lady In Satin é apenas um retrato voyeurista de uma
artista em declínio ou um pedaço visceral da alma exposta de
uma das mais talentosas cantoras de jazz? Admitindo qualquer
uma dessas hipóteses, o fato é que o vigor das gravações da
“Lady Day” para a Verve, em 1930, já ia de longe sendo subs-
tituído pela amargura de uma cantora lutando contra o sério
vício em heroína. Holiday estava agora mais para uma senhora
de 70 anos do que para uma estrela de 40 tentando aos poucos
retomar a carreira, e o arranjador Ray Ellis não estava, a princípio,
nada satisfeito com sua voz cheia de falhas.
No entanto, ao desnudar standards como “You Don’t Know
What Love Is” e “Glad To Be Unhappy” até sobrar apenas a emo-
ção, Holiday canaliza seu orgulho junkie para os blues mais
sinceros já gravados. São canções-guia, diferentes de tudo que o
jazz já havia cantado antes: o amor é pintado como loucura,
desespero, resignação, com uma brutal honestidade. Não é
surpresa que este seja o disco favorito de Holiday e tenha se
tornado o testamento e o desejo final de um mito.
Os arranjos de cordas “acetinados” de Ellis parecem querer
expor as cicatrizes da voz de Holiday, mas, na verdade, acentuam
sua habilidade singular para colocar swing em qualquer
acompanhamento, mesmo os mais cafonas. Quando ela estica as
sílabas até um suspiro de reprovação em “I’m A Fool To Want You”,
é como se estivesse perdida nas suas próprias freqüências do
blues. Há algo de fascinantemente terrível neste álbum, tão
hipnótico e angustiante como assistir a um viciado se drogando.
Mas sem Lady In Satin não existiriam, nas décadas seguintes,
divas como Nina Simone ou Janis Joplin, dispostas a abrir seu
coração sem concessões. MK
“Tenho que adaptar a melodia
ao meu jeito de cantar.”
Billie Holiday, 1939
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40 | 41 Anos 1950
Sarah Vaughan
Sarah Vaughan
At Mister Kelly’s (1958)
Selo | EmArcy
Produção | Bob Shad
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 37:00
Sarah Vaughan já era uma das mais adoradas divas do jazz
quando fez uma temporada de uma semana no Mister Kelly’s,
uma badalada casa noturna de Chicago, no verão de 1957. Ella
Fitzgerald se embrenhava cada vez mais no swing e Billie Holiday
mergulhava no lirismo, e nenhuma cantora de jazz se comparava
a Vaughan em sua voz impecável e suntuosa sonoridade. Uma
virtuose com total controle de diapasão, timbre e dinâmica, ela
usava sua rica voz de contralto como uma trompa, embelezando
as melodias com uma imaginativa estrutura de composição,
típica dos melhores improvisadores instrumentais do jazz.
Conhecida como “Sassy” por sua irreverência, Vaughan foi
uma peça-chave na criação do bebop, embora nem sempre
receba esse crédito. Ela funcionava melhor quando acompa-
nhada por poucos músicos e nunca cantou com um trio tão bom
quanto o que levou para o Mister Kelly’s, composto pelo subesti-
mado pianista Jimmy Jones, o monstro do baixo Richard Davis e
o moderno baterista de jazz Roy Haynes, que fazia um contra-
ponto perfeito para Vaughan com suas entradas peculiares e
luminosas.
O CD Sarah Vaughan At Mister Kelly’s, lançado em 1991 pela
EmArcy, justifica plenamente as reedições. Contém o dobro de
músicas do original. Vaughan está inefável em “September In
The Rain” e sensual em “Honeysuckle Rose”. Quando esquece a
letra em “How High The Moon”, tem presença de espírito e ofe-
rece alguns improvisos em homenagem a Ella Fitzgerald. AG
Jack Elliott
Jack Takes
The Floor (1958)
Selo | Topic
Produção | Bill Leader • Dick Swettenham
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 31:45
Este disco é uma faísca no motor da música moderna. Jack Takes
The Floor (mais tarde relançado com o nome de Muleskinner) foi
gravado sem formalidades na Topic Records, em Londres. Jack
inicia cada música com introduções lentas e oblíquas, e só isso já
vale o preço do disco. Sua técnica na guitarra era uma aula para
os “cantores de folk” que arranhavam as cordas na época, mas
também deixou marcas,mais adiante,na música popular em si.
O álbum junta um panteão de fontes então pouco conhe-
cidas – como Jesse Fuller, Reverend Gary Davis, canções dos
trabalhadores negros das fazendas e blues de penitenciária – e é
incrivelmente afiado. A beleza crua e sem enfeites de “Dink’s
Song” e “Black Baby” continua arrepiante. “Mule Skinner’s Blues”
e “San Francisco Bay Blues” se tornaram a marca registrada do
trabalho de Elliott.
Jack tocava com freqüência com Woodie Guthrie nos anos
50. Depois de se instalar em Nova York, em 1951, ele conheceu
um rapaz no quarto de hospital de Guthrie que, mais tarde,
anunciaria seu primeiro show na cidade em cartazes dizendo:
“Filho de Jack Elliott – Bob Dylan.” Em Chronicles, Dylan descreve
a primeira vez que ouviu este disco: “Parecia que eu tinha sido
jogado de repente no inferno... sua voz salta de todos os lados... e
ele toca a guitarra sem esforço,num estilo limpo e perfeito...”
Paul McCartney, Mick Jagger e Keith Richards também
reconheceram a influência de Jack. Uma pequena maravilha: este
álbum continua tão atraente como em 1958. SJar
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Anos 1950 40 | 41
Em 1946, Norman Granz colocou Ella Fitzgerald, então com 28
anos, sob sua proteção, escalando a cantora para participar de
uma série de shows organizada por ele só com estrelas do jazz,
conhecida como Jazz At The Philharmonic. No entanto, a fama de
Ella só se tornou incontestável quando Granz a contratou, pelo
seu selo Verve, para fazer uma coleção de álbuns com a obra dos
melhores compositores americanos – entre eles Richard Rodgers
e Duke Ellington.
Se um pouco da malícia de Cole Porter se perdeu na
interpretação de Ella Fitzgerald, e nem todas as músicas de
Rodgers e Hart mereceram sua atenção, as melodias incompará-
veis de Gershwin e o jeito à vontade de cantar da diva foram
feitos um para o outro. A terna “Oh, Lady, Be Good!” é uma
revelação, uma interpretação próxima às aulas de scat que Ella
daria em seus shows durante anos; a lenta “Embraceable You” é,
da mesma forma, envolvente. Mas é nas músicas rápidas que ela
brilha. O swing que Ella emprestava, sem esforço, a tudo o que
cantava encontra o seu melhor em “Clap Yo’ Hands”, “Bidin’ My
Time” e na deliciosa “‘S Wonderful”; vale ouro o tempero que ela
acrescenta à contraposição boba de salsaparilla/sasparella dos
versos de Ira Gershwin em “Let’s Call The Whole Thing Off”. Riddle,
no auge de sua criatividade depois de vários discos com Frank
Sinatra, mostra-se inspirado. Este álbum é o melhor da coleção
Song Book e apresenta a seleção definitiva da obra daquele que
é, talvez,o compositor americano definitivo. WF-J
Ella Fitzgerald
Sings The Gershwin
Song Book (1959)
Selo | Verve
Produção | Norman Granz
Projeto gráfico| Bernard Buffet
Nacionalidade | EUA
Duração | 194:10
Ray Charles
The Genius
Of Ray Charles (1959)
Selo | Atlantic
Produção | Nesuhi Ertegun
Projeto gráfico | Marvin Israel
Nacionalidade | EUA
Duração | 37:58
Durante os anos 50, Ray Charles não conseguia sentar ao piano
sem inventar um novo estilo de música. Embora tenha se
tornado conhecido do mainstream (ou melhor,dos brancos) com
o sucesso comercial de “What’d I Say”, Charles era um veterano do
circuito de música negra dos EUA e havia desenvolvido ao longo
do caminho uma fusão revolucionária de blues, jazz, R&B e
gospel. Quando ele lançou o seu terceiro LP, a soul music já tinha
as digitais desse monstro sagrado.
A classificação dos gêneros musicais parecia fútil, portanto,
quando Charles entrou no estúdio, no final de 1959. Na essência,
ele era um inventor dos sentidos. The Genius... começa com força,
com uma apimentada série de seis músicas ao melhor estilo das
big bands,da qual se destacam os metais elegantes e as linhas de
baixo de “Let The Good Times Roll”e “Alexander’s Rag Time Band”.
Com arranjos de Quincy Jones e acompanhamento de alguns
dos integrantes das bandas de Count Basie e Duke Ellington, este
disco tornou Charles responsável pela música mais bem elabo-
rada da época.
No lado B, Charles pegou um rumo mais sedutor, com uma
série de baladas ancoradas por um naipe de cordas deslum-
brante e um coro de vozes de sereias. Seu domínio musical em
clássicos como “Just For A Thrill”e “Come Rain Or Come Shine”era
admirável para alguém ainda na casa dos 20 anos, e marcou
tanto sua vontade como sua capacidade de transcender os
gêneros sem esforço. MO
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42 | 43 Anos 1950
Lista de músicas
�01 So What (Davis) 9:25
02 Freddie Freeloader (Davis) 9:49
03 Blue In Green (Davis) 5:37
04 All Blues (Davis) 11:35
�05 Flamenco Sketches (Davis) 9:26
Miles Davis | Kind Of Blue (1959)
Selo | Columbia
Produção | Irving Townsend
Projeto gráfico| Jay Maisel
Nacionalidade | EUA
Duração | 45:52
Às vezes, a badalação exagerada em cima de um álbum o
sufoca. Adjetivos fáceis como “clássico”, “inovador” ou “marcan-
te” são atribuídos por aí com muita facilidade e, em meio a isso,
pode-se perder o verdadeiro valor do material original. Ainda
bem que Kind Of Blue não precisa dessa advertência – trata-se
de um momento que definiu um gênero musical do século 20 e
ponto final.
Davis tocava com o saxofonista John Coltrane desde 1955
e, nos anos seguintes, eles afiaram sua música até chegar a Kind
Of Blue.
Gravadas no estúdio da Columbia, na 30th Street, em Nova
York, as cinco faixas ocuparam duas sessões de nove horas, um
tempo notável para uma banda que nunca tinha visto as par-
tituras antes – um truque usado com freqüência por Davis para
fazer os músicos se concentrarem mais em suas performances. Ele
também acreditava em poucos ensaios e,assim,conseguia levar os
instrumentistas a uma brilhante espontaneidade.
Desde a abertura em meio-tempo de “So What”, o álbum
apresenta um leque variado de estilos, como a espantosa “Blue In
Green”,com Wynton Kelly tocando piano suavemente para acom-
panhar os lamentos do trompete de Davis, e a languidez da espa-
nholada “Flamenco Sketches”. A banda estava tão afinada que
foram necessários apenas seis takes para gravar as cinco faixas –
apenas “Flamenco Sketches”precisou de uma nova rodada.
O álbum foi celebrado desde o lançamento. Mas nem Miles é
infalível. Três faixas foram gravadas no tom errado (o que seria
consertado mais tarde, nos relançamentos). Como se alguém
tivesse notado. SJac
“Não ligo para o que os críticos
falam de mim, seja bem ou mal.
Eu sou o meu crítico mais exigente...
sou vaidoso demais para tocar qualquer
coisa que não considere boa.”
Miles Davis, 1962
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44 | 45 Anos 1950
Lista de músicas
�01 Big Iron (Robbins) 4:03
02 Cool Water (Nolan) 3:16
03 Billy The Kid (Trad., arr. Robbins) 2:25
04 A Hundred And Sixty Acres (Kapp) 1:47
05 They’re Hanging Me Tonight (Lowe•Wolpert) 3:11
�06 The Strawberry Roan (Trad.) 3:30
�07 El Paso (Robbins) 4:26
08 In The Valley (Robbins) 1:53
09 The Master’s Call (Robbins) 3:13
10 Running Gun (J. Glaser•T. Glaser) 2:17
11 The Little Green Valley (Robinson) 2:32
12 Utah Carol (Trad.) 3:18
Martin Robinson reclamou muitas vezes de sua infância infeliz.
Uma coisa boa que ela lhe ensinou, porém, foi amar o Oeste
americano. Robinson foi criado na empoeirada Glendale, no
Arizona, e saía escondido do irmão, com quem trabalhava como
tratador de cavalos, para ver os filmes de Gene Autry. Depois de
vários sucessos comerciais durante os anos 50 (incluindo “Singing
The Blues”, que chegou ao primeiro lugar nas paradas ao mesmo
tempo na voz de Robinson e na versão de Guy Mitchell), e
rebatizado como Robbins, ele resgatou a influência do western
para lançar este disco, que quebrou padrões e estabeleceu novas
referências.
Gravado num único dia com uma banda pouco conhecida
mas bem azeitada, Gunfighter Ballads And Trail Songs é uma
homenagem ao Velho Oeste. Algumas faixas cantam histórias
tradicionais, em particular “Billy The Kid” e “The Strawberry Roan”.
O que destaca este disco são as quatro músicas escritas por
Robbins, cantadas daquele seu jeito suave e inconfundível. “Big
lron” é uma canção que evoca de forma maravilhosa o Oeste
mitológico das telas de cinema, que foi apresentado a Robbins
por seu avô, um patrulheiro do Texas, quando ainda era criança.
“El Paso” é a história, contada na primeira pessoa, de como
Robbins atirou num forasteiro numa disputa pelo amor de uma
mexicana. Essa música ganhou o primeiro Grammy concedido a
uma canção country; o LP serviu de modelo para um sem-
número de álbuns country lançados depois.
Robbins continuou a fazer sucesso: nas paradas, claro, mas
também como ator, apresentador de TV, escritor (lançou o livro
The Small Man) e piloto de stock-car. WF-J
Marty Robbins
Gunfighter Ballads And Trail Songs (1959)
Selo | CBS
Produção | Don Law
Projeto gráfico| Howard Fritzson
Nacionalidade | EUA
Duração | 35:53
“Eu desprezo o trabalho honesto.”
Marty Robbins, 1982
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Anos 1950 44 | 45
The Dave Brubeck Quartet
Time Out (1959)
Selo | Columbia
Produção | Teo Macero
Projeto gráfico| Não consta
Nacionalidade | EUA
Duração | 38:21
A última coisa que Dave Brubeck esperava quando entrou no
estúdio, em 1959, com uma pilha de músicas mal-ajambradas
era fazer sucesso. O pianista de óculos já tinha construído um
invejável império de fãs com seus concertos pioneiros em
universidades. Um experimentador cheio de vida, que nunca
deixou a popularidade interferir em sua inspiração, Brubeck
gravou um dos mais populares discos de jazz de todos os
tempos com um material que não valia muito, para dizer o
mínimo.
Na faixa “Take Five”, concebida previamente no compasso
5/4, pouco apropriado ao swing, o pianista se mantém num
improviso percussivo permanente, enquanto o sax alto de Paul
Desmond navega em uma linha sinuosa. Muitas vezes, Brubeck
não é a estrela do trabalho. Poucos se lembram que Desmond –
que, com seu estilo seco, teve um papel importante no sucesso
do quarteto – é o autor desse inesquecível hit. Da mesma forma,
é fundamental a bateria segura de Joe Morello e a solidez do
baixo de Eugene Wright, que transformaram um material difícil
como “Blue Rondo À La Turk”, no compasso 9/8, e “Three To Get
Ready”, que oscila entre 3/4 e 4/4, em uma matéria-prima funda-
mental do jazz. É bom lembrar que, nessa época, John Coltrane,
Cecil Taylor e Ornette Coleman estavam abrindo os caminhos do
free jazz.
Na lógica defensiva dos críticos de jazz, Brubeck muitas vezes
foi considerado maldito, e perdeu ainda mais valor com o
sucesso que Time Out fez entre o público em geral. Mas o álbum
continua vendendo bem até hoje e, apesar de seu uso excessivo
em anúncios, representa um feito fascinante. AG
Lista de músicas
�01 Blue Rondo À La Turk (Brubeck) 6:44
02 Strange Meadow Lark (Brubeck) 7:22
�03 Take Five (Desmond) 5:24
04 Three To Get Ready (Brubeck) 5:24
05 Kathy’s Waltz (Brubeck) 4:48
06 Everybody’s Jumpin’ (Brubeck) 4:23
07 Pick Up Sticks (Brubeck) 4:16
“Espero pelo dia em que tiver
gravado tudo o que compus,
mas acho que esse dia não vai chegar.”
Dave Brubeck, 2002
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