DISFONIA INFANTILterapia
Sandra Martins
RevinteR
ÍNDICE
História de Calinho_____________________________________________________________________
Regras básicas para a administração dos exercícios facilitadores do processo da fonoterapia infantil_____
Exercícios____________________________________________________________________________
A flor____________________________________________________________________
A vaquinha_______________________________________________________________
A cobra __________________________________________________________________
A abelha _________________________________________________________________
A moto __________________________________________________________________
A voz do monstro __________________________________________________________
O peixe __________________________________________________________________
A praia __________________________________________________________________
A corrida do carro e o cavalo _________________________________________________
O sono __________________________________________________________________
Mastigando _______________________________________________________________
A bruxinha _______________________________________________________________
O tobo-água ______________________________________________________________
Ondas do mar _____________________________________________________________
A pista de skate ___________________________________________________________
A roda gigante ____________________________________________________________
Bibliografia___________________________________________________________________________
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Essa é a história de Calinho, um menino muito esperto, porém, muito gritão.
Calinho tinha preguiça de andar até onde sua mãe estava e, então, ficava gritando de longe:
MAMÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃE!!!
Quando Calinho assistia televisão, não conseguia ficar calado, conversava o tempo todo e a TV estava no volume máximo.
Coitado do amigo de Calinho, pois ele não conseguia prestar atenção na TV e nem entender o que o Calinho dizia.
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O mesmo acontecia quando ele ouvia música. Não ficava calado.Ou estava cantando junto com o disco ou ficava puxando conversa e isso tudo aos gritos.
Quando Calinho chegava da escola, grudava no telefone e ficava horas falando com os amigos...
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... ou corria para a janela e ficava conversando com o amiguinho que estava lá embaixo no prédio.
Na hora de brincar era a mesma coisa, no futebol...
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... ou nas festas,
Calinho era sempre o que mais gritava.
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Chegou um dia em que Calinho não conseguiu mais gritar.Foi ficando rouco, rouco...
Chegou até a perder a voz.
A mãe de Calinho levou-o ao médio para fazer um exame.Um exame muito legal, pois Calinho iria ser filmado e, filmado por dentro da garganta.
Uau! Isso é um barato!
Então ele viu na tela de um aparelho feito uma televisão as suas pregas vocais e lá estavam elas, com duas bolinhas bem no meio, uma de cada lado. Eram dois nódulos vocais que se formaram por causa da
gritaria sem fim que ele fazia e, agora, estavam impedindo que o som da sua voz estivesse normal.
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O médico pediu que Calinho procurasse um(a) fonoaudiólogo(a) para ajudá-lo a resolver esse problema realmente chato.
Calinho quase não conseguia mais falar.
Você gostaria de fazer os exercícios que Calinho aprendeu para ficar bom?
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REGRAS BÁSICAS PARA A ADMINISTRAÇÃO DOS EXERCÍCIOS FACILITADORES DO PROCESSO DA FONOTERAPIA INFANTIL
•Todo e qualquer procedimento realizado com a criança deve ser precedido por uma explicação simples e objetiva a respeito de sua finalidade.
•O trabalho com a respiração deve ser dinâmico e, se possível, associado à coordenação fono-respiratória.
•O terapeuta deverá mostrar como se faz o exercício e, posteriormente, executá-lo junto com a criança.
•O terapeuta deve permitir e incentivar as iniciativas e sugestões da criança. Isso faz com que a terapia fique mais rica e adequada individualmente.
•Algumas crianças assimilam melhor as propostas de exercícios baseadas na sua vivência cotidiana. Uma investigação minuciosa dos hábitos e comportamentos da família e dos locais que a criança freqüenta (escola, academia, creche, etc.) são de grande valia para a individualização da terapia.
Um fator importante de motivação é tornar mais concretos os parâmetros a serem abordados, tomando por base os mesmos exercícios com os adultos, porém, através de ilustrações e de uma história que enriquece a terapia e desperta na criança o interesse em participar do processo terapêutico dando “asas à imaginação” e fantasias inerentes a sua idade.
Uma das maiores conquistas para o êxito da terapia de voz com crianças é justamente a sua motivação para que haja uma participação ativa e efetiva no trabalho.
A idéia está lançada...
As variações, acréscimos e adaptações dos exercícios ficam por conta das necessidades da criança e da criatividade de cada profissional.
Desejo sucesso a todos que utilizarem este livro como auxílio à terapia vocal infantil.
Sandra Martins
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A FLOR
Obs.: A respiração já deverá estar localizada na região costo-diafragmática.
A VAQUINHA
Representa os sons nasais. mu... mu... mu...Também conhecidos como HUMING.
Obs.: Certifique-se de que o ar sonorizado está dirigido para ambas as cavidades (oral e nasal), porém, com maior concentração na cavidade oral.
Variações:
humhum Moduladohum Grave para Agudohum Agudo para Grave
hum – mastigandohum – ahum – e...
ma-ma-ma...me-me-me...mi-mi-mi...mo-mo-mo...mu-mu-mu...
Todas as vezes que aparecer a flor, a criança deverá inspirar suave e profundamente.
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A COBRA
P.S.: Os exercícios da cobra e da abelha poderão ser feitos em conjunto (veja na próxima página).
A ABELHA
Representa o som fricativo sonoro /Z/ Z... Z... Z...Zum...Zum...Zum...
Variações:
ZZ ModuladoZ Grave para AgudoZ Agudo para Grave
Z_________a, Z_________e, Z_________i, Z_________o, ...
Representa o som fricativo surdo /S/.
Variações:
S_____________________________S__________________S_____S____S_________S____S____S____S____
Obs.: Observar a coordenação fono-respiratória.
Exercício da cobra associado ao exercício da abelha:S__________ Z________ S________ Z________ a...
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A MOTO
A VOZ DO MONSTRO
Representa o som basal. Também conhecido como glotal Fry.
Representa os sons vibrantes.
Variações:
rrrrrrrr...rrrrrrrrrra, rrrrrrrrrre, rrrrrrrrrri, rrrrrrrrrro, rrrrrrrrrru.trrrrrrrrrr...Brrrrrrrrrr... (com os lábios)trrrrrrrrrra... trrrrrrrre... trrrrrri... trrrro... trrru...brrrrrrrrrra... brrrrrrrre... brrrrrri... brrrro... brrru...
trrrr Moduladobrrrr Moduladotrr/brr Grave para Agudobrr/trr Agudo para Grave
Variações:
Obs.: As cavidades supraglóticas devem estar relaxadas, próximas ao ajuste articulatório da vogal /a/.
a _____________________________ a ___________ la la la la la la...a – la – le – li – lo – lu...a ___________ na na na na na na...a – na – ne – ni – no – nu...
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O PEIXE
A PRAIA
Representa a fala salmodiada.
Representa a técnica sueca do /B/ prolongado.
Variações:
(a) B B B B B B
(b) B a B a B a B a B a B a ... e, i, o, u.
Sugestões:
-Números, palavras-Dias da semana-Meses do ano-Frases
-O dia está lindo-O sol está brilhando-O avião está no céu-Os meninos brincam na água, etc.
Obs.: Pode-se alternar a voz normal com a voz salmodiada até conseguir uma produção vocal satisfatória.
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A CORRIDA DO CARRO E O CAVALO
O SONO
O sono representa o bocejo-suspiro.
Representa a associação do som nasal com o estalar da língua simultaneamente.
Variações:
-Com a boca aberta-Na primeira fase do bocejo, com a boca aberta e, na segunda, com a boca fechada-Com vogais-Palavras iniciadas por vogais-Bocejo-suspiro associado à fala salmodiada-Associação à mastigação
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MASTIGAÇÃO
A BRUXINHA
Representa o método mastigatório de Froeschels.
1. Mastigar normalmente com os lábios fechados, sem nada na boca2. Mastigar ativamente, com movimentos amplos e vigorosos,
abrindo a boca e emitindo sons aleatórios e, depois, sons nasais e nasais/orais
3. Mastigar enquanto fala palavras4. Mastigar enquanto fala frases
Representa os sons emitidos no padrão Belting.
- Imitar a risada da bruxinha, sem esforço na laringe.
a – ha! ha! ha!... e - he! he! he!...i - hi! hi! hi!... o - ho! ho! ho!... u - hu! hu! hu!...
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O TOBO-ÁGUA
ONDAS DO MAR
Poderá ser utilizado com quase todos os exercícios.Ele representa os glissandos.
As ondas do mar representam a variação tonal agudo/grave.
i agudo
grave
u agudo
grave
o a e
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A PISTA DE SKATE
A RODA GIGANTE
Representa a emissão suave da sonorização inicial.
Exemplos: (h aspirado)havahevahivahovahuva
Também pode ser utilizada com os sons de apoio.
ssszzza... fffvvva... xxxjjja...ssszzze... fffvvve... xxxjjje...ssszzzi... fffvvvi... xxxjjji...ssszzzo... fffvvvo... xxxjjjo...ssszzzu... fffvvvu... xxxjjju...
Representa as escalas musicais.Pode-se utilizar os sons nasais, vibrantes, vogais, etc. para executar os movimentos ascendente, descendente e ascendente/descendente (vocalizes).
i
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u
u
uu
a
a
a
a
mu
mu
mu
mu
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BIBLIOGRAFIA
BEHLAU, MS & PONTES, PAL. Avaliação Global da Voz. São Paulo: Paulista Publicações Médicas, 1995.
BEHLAU, MS & PONTES, PAL. Princípios de Reabilitação Vocal nas Disfonias. 2. ed. São Paulo: Paulista Publicações Médicas, 1990.
BOONE, DR & McFARLANE, SC. A Voz e a Terapia Vocal. 5. ed. Sandra Costa. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 1994.
BRANDI, ESM. Educação da Voz Falada. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1994.
COLTON, RH & CASPER, JK. Compreendendo os Problemas de Voz. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1996.
FERREIRA, LP (org.). Um Pouco de Nós sobre Voz. Barueri, São Paulo: Pró-Fono, 1996.
JANNIBELLI, ED. A musicalização na Escola. Rio de Janeiro: Editora Lidador, 1971.
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