A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 5
1. A AMÉRICA LATINA
A América Latina compreende aos países que fazem parte da América
Central, e do Sul. Da América do Norte, apenas, o México. Este nome se dá por
causa dos países que a colonizaram terem a língua oficial derivadas do latim.
De acordo com o site Geocities [s.d], o Latin é uma língua indo-européia,
originalmente falada na cidade de Lácia antiga, onde hoje é Roma, capital da Itália.
Essas foram os primeiros latinos. A língua disseminou por toda a Europa, ganhando
força em outros países, como na Espanha, França, Portugal e Romênia.
Em Portugal a língua era oficial até 1296, e no Brasil, o Latin era,
obrigatoriamente, ensinado nas escolas. A Lei 4061/61 extinguiu esse ensino. O
Latin morreu no Brasil, e diminuiu muito em todo mundo. O único lugar que essa
língua, ainda é oficial, é no Vaticano. E alguns dialéticos italianos também
conservam palavras latinas.
Em toda América Latina encontramos cinco línguas oficiais: espanhol,
português, holandês, francês e inglês, bem como, milhões dialetos indígenas e
idiomas derivados do crioulo, língua originária da na África (inventada pelos próprios
escravos).
A américa anglo-saxônica (EUA e Canadá) foram colonizados, pela Inglaterra,
país que sofreu domínio germânico-ocidental (anglo-saxão).
Segundo a enciclopédia online Wikipédia [s.d], a America Latina tem
aproximadamente 548 milhões de habitantes (censo de 2006), distribuídos: na
America do Sul (67%), América Central (26%) e Caribe (7%). Este vasto território é
formado por 36 países, 10 dos quais são pequenas ilhas no Caribe.
Atualmente, a população da América Latina é duas vezes a população dos
Estados Unidos e seis vezes a população da Alemanha. (EUA - 303.007.997 e
Alemanha – 83.438.000 habitantes, segundo censo de 2007).
Para Belatto [s.d], outra possibilidade para a divisão das Américas é a de que
no lado de cima os países anglo-saxônicos, EUA e Canadá, fazem parte dos ricos e
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desenvolvidos. Do lado de baixo da América Latina ficam os pobres e
subdesenvolvidos.
Segundo Belatto [s.d], Simón Bolívar (1783 – 1830), “apesar de fazer parte do
século XIX, é impossível falar de América Latina sem se falar dele. Conhecido como
El Gran Libertador, Bolívar foi o primeiro líder a defender e buscar uma unidade
latino-americana”.
Bolívar é considerado o responsável pela libertação de cinco países sul-
americanos do domínio espanhol: Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru e Equador.
Seu sonho, agora, era expandir a liberdade para todo o
continente. Para tanto, formou novos exércitos e aliou-se a militares que já promoviam movimentos de libertação em outras comarcas, como o uruguaio José Artigas e o argentino José de San Martín. Recrutando populares como soldados e dividindo as áreas de atuação, os três generais gradualmente proclamaram a independência dos territórios, até a expulsão definitiva dos espanhóis. (BELATTO, [s.d]).
De acordo com Belatto [s.d], os esforços de Bolívar, no entanto, terminaram
nessas lutas de libertação. “Consciente de que somente uma América unida poderia
fazer frente às grandes potências européias e aos EUA, o general tentou unificar
todos os territórios libertados”.
Bolívar morreu em 1830, acometido pela tuberculose. Reconhecera que cada elite latino-americana se identificou com sua luta apenas para se libertar da tutela política espanhola, mas não para formar um novo país. Desiludido, profetizou o que a história do continente, marcada por ditadores, mortes e submissão econômica, comprovou: "A América cairá infalivelmente nas mãos de um bando desenfreado de tiranos mesquinhos de todas as raças e cores, que não merecem consideração". (BELATTO, [s.d]).
As grandes cidades, em população, de países latino-americanos:
CIDADE PAÍS POPULAÇÃO Cidade do México México + de 20 milhões São Paulo Brasil 39,8 milhões Buenos Aires Argentina 15 milhões Rio de Janeiro Brasil 14,3 milhões
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Lima Peru 8.4 milhões Bogotá Colômbia 7.4 milhões Santiago Chile 6 milhões Caracas Venezuela 3,9 milhões
1.1 Mapa da América Latina
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2. O JORNAL FOLHA DE S. PAULO
Fundada em 1921, tornou-se na década de 80 o jornal mais vendido no país
(no ano passado, a circulação média foi de 299 mil exemplares em dias úteis e 370
mil aos domingos). O crescimento foi calcado nos
princípios editoriais do Projeto Folha: pluralismo,
apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Organizado em cadernos temáticos diários e suplementos,
tem circulação nacional. Foi o primeiro veículo de
comunicação do Brasil a adotar a figura do ombudsman e
a oferecer conteúdo on-line a seus leitores.
A Folha Mundo publica diariamente
as principais notícias
internacionais, sempre
acompanhadas de análises precisas e enfoque didático. O
leitor também tem acesso ao que é publicado nos mais
influentes meios de comunicação do planeta.
O maior jornal brasileiro, a Folha é hoje o jornal
brasileiro de maior tiragem e circulação. Os números
auditados pelo IVC (Instituto Verificador de Circulação) podem ser conferidos
abaixo.
A Folha circula aos domingos com 370.185 exemplares e nos dias úteis com
299.249. O jornal se consolidou nessa posição durante a campanha pela
redemocratização do país, em 1984, quando empunhou a bandeira das eleições
diretas para presidente.
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 9
3. DESCRIÇÃO DO MATERIAL CLIPADO
O clipping foi realizado no período de uma semana, de 18 a 22 de agosto de
2008. O veículo escolhido para a análise foi o jornal Folha dê S. Paulo, o caderno
Mundo.
3.1 Segunda-feira, 18/08/2008
Data da publicação: 18 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Chávez promete a Lugo petróleo “até a última gota”
Jornalista (Nome): Da redação
Fontes utilizadas: Presidente da (Venezuela) Hugo Chávez, departamento de
energia dos EUA, presidente do (Paraguai) Fernando Lugo
Breve descrição do conteúdo da matéria
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, prometeu fornecer ao Paraguai todo
petróleo que o país necessitar e aproveitou para pedir ingresso no Mercosul.
Em visita ao departamento de San Pedro (Paraguai), Chávez assinou em conjunto
com Fernando Lugo 12 acordos de cooperação nas áreas de energia, agricultura,
educação e indústria. Um dos acordos eleva de 16,8 mil para 25 mil barris por dia e
exportação do produto.
Data da publicação: 18 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Argentina – Ruralistas retomam protestos hoje
Jornalista (Nome): Adriana Küchler de Buenos Aires (Argentina)
Fontes utilizadas: Eduardo Buzzi, presidente da Federação Agrária Argentina
Breve descrição do conteúdo da matéria
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 10
Produtores agropecuários argentinos reiniciaram em 18/08 protestos nas estradas
do país reivindicando respostas do governo ao setor.
As manifestações reiniciaram um mês depois de o senado ter derrubado o projeto do
governo que aumentava os impostos sobre as exportações de grãos. Esta decisão,
pois fim a crise entre governo e produtores que já durava quatro meses.
3.2 Terça-feira, 19/08/2008
Data da publicação: 19 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Cuba estuda reforma de rede de bem-estar social
Jornalista (Nome): Do “Financial Time” tradução Paulo Migliacci
Fontes utilizadas: Alfredo Jam, diretor de análise macroeconômica do Ministério da
Economia Cubano
Breve descrição do conteúdo da matéria
Após 50 anos, Cuba planeja acabar com o sistema de bem-estar social que vigorá
no país. De acordo com Alfredo Jam. Os cubanos são protegidos com um sistema
que subsidia os custos da comida e limita os salários que as pessoas podem ganhar
o que gera escassez de mão-de-obra.
Segundo Jam é possível das as pessoas igualdade de acesso à educação e saúde,
sem afetar sua disposição para o trabalho, sem igualdade de renda.
Data da publicação: 19 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Venezuela decide expropriar fábricas de mexicana Cemex
Jornalista (Nome): Fabiano de Maisonnave de Caracas
Fontes utilizadas: Presidente e vice-presidente da Venezuela, Hugo Chávez e
Ramón Carrizalez, Jornal mexicano “El Universal” e Javier Santiso, economista para
revista Cepal (Comissão Econômica para América Latina e o Caribe)
Breve descrição do conteúdo da matéria
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 11
O governo venezuelano anunciou que expropriaria na madrugada de terça-feira a
fábrica multinacional de cimento mexicana Cemex do país devido à falta de acordo
sobre o preço de venda.
A Cemex produz sozinha 50% do cimento consumido na Venezuela. Suas três
fábricas tem produção anual de cerca de 4,6 milhões de toneladas.
As empresas Lafarge (francesa) e Holcim (Suíça) também do setor tiveram em abril
a nacionalização decretada, mas entraram em um acordo.
Como as três empresas representam 90% do mercado venezuelano, agora o
abastecimento ficará sob controle quase total do Estado.
Data da publicação: 19 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: América Central: Tempestade Fay deixa pelo menos 14 mortos no Caribe
Jornalista (Nome): Da redação
Fontes utilizadas: Fred Blaise, porta-voz da missão da ONU, Silveira Guillaume,
coordenador do departamento Raitiano de defesa civil da região atingida, Centro
Nacional de furacões dos EUA.
Breve descrição do conteúdo da matéria
A tempestade tropical Fay deixou no dia 18 de agosto pelo menos dez vitimas no
Haiti e quatro na Republica Dominicana. Dois bebês morreram no Haiti com o
tombamento de um ônibus lotado que tentava atravessar as águas transbordadas do
rio Glace, no oeste do país.
Fay é a sexta tempestade tropical ou furação na temporada de furacões de 2008 no
Atlântico, que vai de 1º de junho a 30 de novembro.
Data da publicação: 19 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Argentina – Ruralistas voltam a protestar para cobrar ações de Cristina
Jornalista (Nome): Adriana Küchler de Buenos Aires (Argentina)
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 12
Fontes utilizadas: Eduardo Buzzi, presidente da Federação Agrária Argentina,
Alfredo de Angeli, presidente da Federação Agrária de entre Ríos
Breve descrição do conteúdo da matéria
Um mês depois do fim do conflito com o governo, produtores agropecuários voltaram
a protestar em dois atos em estradas argentinas e ameaçaram voltar ao locaute se o
governo de Cristina Kirchner não atender as reivindicações do setor.
Data da publicação: 19 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Direitos iguais: Argentina concede direito à pensão a homossexuais
Jornalista (Nome): Da Associated Press
Fontes utilizadas: Pedro Paradiso Sottile, da Ong Comunidade Gay Argentina
Breve descrição do conteúdo da matéria
A Argentina anunciou ontem (18/08) que casais homossexuais terão direito a pedir
pensão de seus parceiros mortos. A medida é o primeiro decreto nacional a garantir
direitos a casais do mesmo sexo no país.
Para receber o beneficio é necessário comprovar união estável por meio de provas
documentais.
O próximo foco do ativista, Pedro Paradiso é nacionalizar a união civil entre
homossexuais. Ela já é legalizada em cinco estados argentinos entre eles Buenos
Aires desde 2004.
Data da publicação: 19 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Bolívia – Partido de oposição a Morales perde prazo e fica sem registro
Jornalista (Nome): Da EFE, agências internacionais
Fontes utilizadas: Sem fontes
Breve descrição do conteúdo da matéria
A Corte Nacional Eleitoral (CNE) da Bolívia arquivou o pedido de registro do partido
de oposição “Podemos” por que a legenda não entregou no prazo as ao menos 57
mil assinaturas requeridas.
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 13
A maior força opositora na Bolívia são os governadores e não o partido. Mas a
legenda controla o Senado, do qual Morales depende para aprovar seus projetos.
Data da publicação: 19 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Paraguai – Diretor assume Itaipu e diz que demitirá “fantasmas”
Jornalista (Nome): Da redação
Fontes utilizadas: Diretor – geral pelo Paraguai da Usina binacional de Itaipu,
Carlos Balmelli
Breve descrição do conteúdo da matéria
Carlos Balmelli, diretor-geral assumiu o cargo ontem (19/08) e prometeu cortar em
30% os gastos da Usina de Itaipu no país e demitir 300 funcionários fantasmas,
além de divulgar lista de fornecedores.
Os anúncios fazem parte de um pacote de medidas para dar maior transparência à
gestão da usina, acordados entre Brasil e Paraguai. Nos dois lados da fronteira a
usina foi alvo de corrupção.
O anúncio foi feito durante posse de Fernando Lugo, presidente do Paraguai. Uma
das bandeiras de Lugo é a renegociação do tratado de Itaipu com o Brasil e o
combate a corrupção.
3.3 Quarta-feira, 20/08/2008
Data da publicação: 20 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Incêndio em boate – Começa julgamento em Buenos Aires
Jornalista (Nome): Sem assinatura
Fontes utilizadas: Sem fontes
Breve descrição do conteúdo da matéria
Começou ontem o julgamento dos 15 acusados pelo incêndio da boate República
Cromanõn, que provocou a morte de 194 pessoas em um show de rock em 30 de
dezembro de 2004.
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 14
Entre os acusados estão o gerente da discoteca, ex-funcionários da área de
fiscalização do governo de Buenos Aires, ex-chefes de polícia e os integrantes da
banda Callejeros.
O julgamento deve levar sete meses para ser concluído.
Data da publicação: 20 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Equador – Bispo crítico a Correa vira alvo de investigação
Jornalista (Nome): Da EFE
Fontes utilizadas: Conferência Episcopal Equatoriana (CEE)
Breve descrição do conteúdo da matéria
O arcebispo Antonio Arregui, presidente da CEE, Serpa investigado por suposta
violação de tratado de 1937 entre Equador e Vaticano que proíbe a participação da
Igreja Católica em atividades políticas.
Arregui foi acusado por um ativista pró-presidente Rafael Correa de defender um
voto contra a nova constituição equatoriana no referendo que será realizado em 28
de setembro.
Data da publicação: 20 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Colômbia: Ministro de Uribe é chamado a depor
Jornalista (Nome): Sem assinatura
Fontes utilizadas: Sem fontes
Breve descrição do conteúdo da matéria
O Ministério Público da Colômbia convocou o ministro da Segurança Social, Diego
Palacio, o secretário-geral da presidência, Bernardo Moreno e seu antecessor no
cargo, Alberto Velásquez para depor nas investigações sobre a compra de votos de
parlamentares para a aprovação da emenda constitucional que permitiu a reeleição
do presidente Álvaro Uribe.
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 15
Data da publicação: 20 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Expropriação de cimenteira mexicana tem hino e festa
Jornalista (Nome): Fabiano Maisonnave de Caracas
Fontes utilizadas: Ministro das Energias e Petróleo, Rafael Ramirez, Embaixador
mexicano em Caracas, Jesus Mario Chacón.
Breve descrição do conteúdo da matéria
Com festa militantes, Guarda Nacional e governo venezuelano liderado por Rafael
Ramirez expropriaram na madrugada de ontem as instalações da multinacional
cimenteira mexicana Cemex, após o fim do prazo de 60 dias fixado pelo presidente
Hugo Chávez para que os dois lados chegassem a um acordo sobre o preço da
reestatização.
Data da publicação: 20 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Governo Chávez apreende arroz e o vende mais barato
Jornalista (Nome): Fabiano Maisonnave de Caracas
Fontes utilizadas: Eduardo Samán, presidente do Instituto para a Defesa das
pessoas no Acesso aos Bens e serviços (Indepabis) e José Vicente Urbaneta, porta-
voz do supermercado Excelsior, Pablo Baraybar, presidente da Câmara
Venezuelana da Indústria de Alimentos.
Breve descrição do conteúdo da matéria
Funcionários do governo venezuelano, encabeçados pelo presidente do Indepabis,
Eduardo Samán, entraram no supermercado Excelsior, um dos maiores de Caracas,
e apreenderam cerca de 1,6 toneladas de arroz para logo em seguida vendê-lo na
rua, diante do próprio estabelecimento.
A ação ocorrida na tarde de 18/08, foi criticada por setores empresariais da
Venezuela. Ela foi baseada na legislação recém-promulgada pelo presidente Hugo
Chávez, que aumenta o poder do Executivo para intervir na cadeia alimentar.
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 16
Data da publicação: 20 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Opositores voltam a parar regiões em ato anti-Morales
Jornalista (Nome): Flávia Morreiro da redação
Fontes utilizadas: União Juvenil Cruzenha (UJC), Branko Marinkovic, empresário
do Comitê Cívico de Santa Cruz, analista Oscar Veja, o governo.
Breve descrição do conteúdo da matéria
Os governos, o comércio e as principais empresas das capitais de cinco
departamentos controlados pela oposição da Bolívia paralisaram atividades ontem
em protesto contra o presidente Evo Morales. A mobilização de 24 horas provocou
cancelamento de vôos de La Paz às regiões e houve enfrentamentos entre grupos
pró e contra a greve em um bairro na periferia da cidade de Santa Cruz. Os
opositores prometem bloquear hoje as principais estradas.
Data da publicação: 20 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Rival de presidente critica papel de Lula em referendo revogatório
Jornalista (Nome): Clóvis Rossi, enviado especial a Santander
Fontes utilizadas: Jorge Quiroga, ex-presidente boliviano (2001/02) e líder do
partido conservador Podemos
Breve descrição do conteúdo da matéria
A oposição boliviana não gostou que Lula tenha comparecido em julho a um ato com
Evo Morales no departamento de Bene, cujo governante (Ernesto Suárez) é um dos
que querem a autonomia e faz oposição a Morales. O ex-presidente Jorge Quiroga
disse que Chávez usou Lula como escudo e que a política boliviana não deve mudar
com o referendo revogatório.
3.4 Quinta-feira, 21/08/2008
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 17
Data da publicação: 21 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Senado brasileiro investigara suspeita sobre missão no Haiti
Jornalista (Nome): Da sucursal Brasília
Fontes utilizadas: Ministério da Defesa, Eduardo Suplicy (PT-SP)
Breve descrição do conteúdo da matéria
A Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado decidiu ontem, solicitar aos
Ministérios de Relações Exteriores e da Defesa, informações sobre as operações
das Nações Unidas no Haiti, cujo comando é exercido pelo Exército Brasileiro.
O presidente da comissão, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) marcou uma
reunião ontem com o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, para discutir o assunto.
O senador Eduardo Suplicy na reunião da CRE apresentou vídeo feito por jornalistas
do Haiti com imagens de haitianos mortos e feridos nas ruas do país.
A violência é creditada as tropas da ONU, porém nas imagens não aparecem
soldados das Nações Unidas atirando ou agredindo as pessoas.
Data da publicação: 21 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Lula insta Morales a começar dialogo com a oposição
Jornalista (Nome): Fábio Guibu – da Agência Folha de São Paulo, em São Gonçalo
do Amarante (CE)
Fontes utilizadas: Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil e Evo Moralez,
presidente da Bolívia
Breve descrição do conteúdo da matéria
Durante participação do lançamento do terminal de gás natural liquefeito (GNL) no
porto de Pecém, o presidente Lula afirmou que o presidente da Bolívia, Evo Morales,
obteve uma vitória extraordinária no referendo revogatório e conclamou o colega a
tomar iniciativa de dialogar com a oposição.
3.5 Sexta-feira, 22/08/2008
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 18
Data da publicação: 22 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo 1
Título: Chile –Falso Cônsul inclui agente da Dina entre mortos
Jornalista (Nome): Sem assinatura
Fontes utilizadas: Agência de notícias EFE
Breve descrição do conteúdo da matéria
Um homem identificou-se como Carlos Montenegro e dizendo se Cônsul do Chile
em Madri, comunicou a um canal de TV chileno a morte de um cidadão do país no
maios grave acidente aéreo da Espanha em 25 anos.
A vítima era Juan José Soto Vargas.
A chancelaria do Chile divulgou que o tal Montenegro não existe, nem tampouco
houve a morte do chileno.
Quem existe é Soto Vargas, ele foi membro da Dina, o serviço secreto da ditadura
de Pinochet (1973-1990). Ele esteve exilado na Alemanha e nos últimos anos fez
vários trotes.
Data da publicação: 22 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Paraguai – Lugo muda comando militar e prefere policiais para escolta
Jornalista (Nome): Da redação
Fontes utilizadas: Sem fontes
Breve descrição do conteúdo da matéria
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, nomeou ontem novos comandantes para
Marinha, Exército e Aeronáutica e também trocou a maioria dos demais postos
militares.
Data da publicação: 22 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo
Título: Pecuaristas anunciam locaute em protesto contra Morales
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 19
Jornalista (Nome): Com agências internacionais
Fontes utilizadas: Evo Morales, presidente da Bolívia
Breve descrição do conteúdo da matéria
Pecuaristas de Beni e Santa Cruz, departamentos governados pela oposição,
anunciaram ontem a suspensão do envio de carne à capital La Paz e à vizinha El
Alto, e a mais duas regiões do Altiplano em protesto contra o presidente Evo
Morales.
Os departamentos respondem por 70% da carne consumida no país.
O locaute visa apoiar governadores e empresários de cinco dos nove departamentos
da Bolívia que traçam ferrenha disputa com o governo nacional.
Data da publicação: 22 de agosto de 2008
Caderno/Pág.: Mundo A22
Título: Chávez ataca governador que rompeu com governo
Jornalista (Nome): Fabiano Maisonnave, de Caracas
Fontes utilizadas: Hugo Chávez, presidente da Venezuela- Eduardo Manuitt,
governador de Guárico (Venezuela) e Andrés Cañizález, pesquisador da CIC da
Universidade Católica Andrés Bello (Ucab)
Breve descrição do conteúdo da matéria
Hugo Chávez fechou nesta semana duas emissoras de rádio e ameaçou uma
intervenção militar no Estado de Guárico (centro) controlado por Eduardo Manuitt,
ex-aliado do governo chavista.
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 20
OBS: Todos os recortes, originais, das matérias clipadas e analisadas desse trabalho se encontram nos anexos a partir da página 33.
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 21
4. TEORIA DO GATEKEEPER
A metáfora de gatekeeper refere-se à pessoa que tem o poder de decidir se
deixa ou não a informação passar. Neste caso o jornalista que é
porteiro/selecionador (o gatekeeper) decide dentre as muitas informações que
recebe o que passará pelo portão (gate em inglês) para se transformar em notícia.
O conceito de gatekeeper foi utilizado pela primeira vez em 1947 pelo
psicólogo Kurt Lewin durante suas análises dos processos de tomada de decisões
dos grupos sociais na modificação de seus hábitos alimentares.
Seu estudo analisou se uma campanha publicitária de massa que visava
mudar os costumes alimentares em época de guerra deveria dirigir-se a toda
população ou apenas, às pessoas-chaves.
O estudo apontou que o pai era responsável pelos alimentos produzidos pela
própria família, enquanto que a mãe ou a empregada doméstica eram responsáveis
pelos alimentos comprados.
“Com esse resultado, o termo gatekeeper aplica-se às pessoas dentro do “canal” pelo qual fluem os resultados alimentares, àquele que decide a respeito dos bens que vão entrar em casa e ser consumido. Lewin (1958, p.199) conclui que o conceito de gatekeeper era apropriado também para a análise do fluxo de comunicações dentro de um grupo, noutras palavras, empregou o termo no sentido de um líder de opinião. Os “seletores de notícias” abarcam os grupos e as redes de comunicação com esse perfil. Segundo Lewin (1951, p.186), as comportas são controladas por regras impessoais ou por indivíduos”. (KUCINSKI, 2002:234).
O conceito foi utilizado pela primeira vez no jornalismo em 1950 por David
Manning White. “Ele estudou o fluxo de notícias dentro dos canais de organização
dos jornais com o objetivo de individualizar os pontos que funcionam como
cancelas”. (PENNA, 2005:134).
Durante uma semana, White analisou o trabalho de um editor telegráfico com
25 anos de experiência profissional, morador da cidade norte-americana do Midwest
de cem mil habitantes, cuja função era determinar as notícias que deveriam ser
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 22
selecionadas dentre as muitas informações que chegavam todos os dias das
agências de notícias.
White concluiu que as decisões que levaram seu pesquisado chamado de Mr.
Gates, a decidir por uma notícia e não por outra foram subjetivas e arbitrárias,
dependentes de juízos de valor baseados em suas experiências, atitudes e
expectativas.
Cerca de 90% das notícias que chegavam pelo telégrafo não eram utilizadas.
Quando questionado o motivo o Mr. Gates alegava que: a informação não merecia
uma matéria e que escolhia-se apenas uma matéria em cada três disponíveis sobre
o fato.
De cada dez despachos, nove foram rejeitados. Das 1.333 explicações para recusa de uma notícia, cerca de oitocentas referiam-se à falta de espaço, trezentas foram consideradas repetidas (sobrepostas a outras histórias já selecionadas) ou não tinham interesse jornalístico, e 76 não estavam dentro da área de interesse do jornal. Além disso, o pesquisador também concluiu que o fator tempo teve uma importância significativa. (PENNA, 2005:134).
De acordo com Kunczik (2002) o conceito de gatekeeper foi utilizado muito
antes de 1950 pelo autor Levin Schucking em Die Soziologi der Literarischen
Geschmacksbildung (A Sociologia da Formação de Gostos Literários) no ano de
1913. “Já a primeira admissão, por parte dos guardiões dos portões externos do
templo da fama literária, depende de certas condições. Esses guardiões poderiam
ser os diretores de teatro ou os editores. Conquanto dependam do público, boa parte
do poder do destino repousa em sua discrição pessoal”. (KUNCSIK, 2002: 234).
O processo de seleção da notícia pode ocorrer várias vezes até que ela seja
publicada, passando pelo pauteiro, repórter, editor e até pelo dono do veículo.
Da riqueza desse material, grande parte do qual se apresenta na forma de piada, vale a pena mencionar um exemplo particularmente impressionante de seleção de notícias na revista Time, em que toda informação apresentada pelos correspondentes era totalmente redigida de novo na sala de redação do escritório central. Isso garantia que as notícias refletissem os interesses da empresa. Teddy White, correspondente na China, tinha o seguinte aviso em sua sala: “Qualquer semelhança entre o que se imprime na revista Time é mera coincidência”. (KUNCZIK, 2002:236).
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 23
A deficiência do conceito de gatekeeper consiste na hipótese de que somente
o jornalista tem poder sobre o que é publicado ou televisionado, quando há indícios
fortes de que a empresa jornalística em que ele atua tem forte influência no que é
publicado.
Os estudos sobre a seleção de notícias funciona de acordo com o seguinte pressuposto: o jornalista escolhe ativamente entre as informações recebidas, e as fontes de informações são na maioria passivas, o que quer dizer que não influem de maneira manipuladora na seleção de notícias (por exemplo, forjando pseudo-eventos) e muito menos estruturam ativamente (por exemplo, mediante relações públicas). Mas essa noção de coleta de notícias é demasiado simplista. (KUNCZIK, 2002:240).
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 24
5. TEORIA ORGANIZACIONAL
Muitos jovens que ingressam no jornalismo vêem na profissão um ideal de
liberdade, muitos acreditam que serão livres para escrever o que bem entenderem,
sem cortes ou qualquer tipo de edição.
A grande maioria pensa que o trabalho jornalístico não tem regras ou normas,
muito menos mesmice. O dia de uma jornalista é normal, têm regras, normas e
horários, como qualquer trabalhador assalariado.
De acordo com Kunczik (2002), a essência da ilusão da “profissão livre”
consiste no seguinte: como os jornalistas participam continuamente dos últimos
acontecimentos, tendem a adquirir um senso de superioridade. Seu contato com as
pessoas importantes intensifica essa tendência.
A Teoria Organizacional reforça estes preceitos determinando que o trabalho
jornalístico é dependente dos meios utilizados pela organização.
De acordo com esta hipótese o jornalismo é um dos componentes da uma
empresa de comunicação. Como toda empresa precisa de grandes lucros, para se
manter uma empresa jornalística não poderia ser diferente, sem lucros há falência.
O grande captador de recursos dos jornais são os anúncios, sem eles a edição de
amanhã provavelmente não chegará às bancas.
Sendo os anúncios os grandes responsáveis pela produção dos jornais é
previsível pensar que o espaço para publicidade é reservado nas páginas antes
mesmo das notícias, elas só preenchem o espaço que ficou vazio. Caso apareça no
último minuto uma anúncio a notícia deixará de ser publicada.
Na televisão a lógica é a mesma, embora os anúncios sejam determinados
pelos intervalos dos programas, eles influenciam sim no curso da programação. Isto
por que se o programa vai mal, os anunciantes não iram anunciar seus produtos nos
intervalos daquele programa de baixa audiência.
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 25
Diante deste quadro podemos pensar que o trabalho jornalístico sofre grande
influência de suas organizações, daí o conceito de que o jornalismo não é tão livre
quanto parece.
Estudos de Warren Breed, realizados em 1955 sobre o controle social nas redações
mostram com clareza isto.
Para Breed, o contexto profissional-organizativo-burocrático exerce influência decisiva nas escolhas do jornalista. Sua principal fonte de expectativas, orientações e valores profissionais não é o público, mas o grupo de referências constituído pelos colegas e pelos superiores. O jornalista, então, acaba socializado na política editorial da organização através de uma lógica de recompensas e punições. Em outras palavras,, ele se conforma com as normas editoriais, que passam a ser mais importantes do que as crenças individuais. (PENNA, 2005:136).
De acordo com Breed, este conformismo é causado por seis fatores:
• A autoridade institucional e as sanções – o chefe tem o poder de decidir
quem fará a reportagem, artigo ou matéria. Ele pode não publicar o material,
ordenar que seja reescrito ou até mesmo não dar os créditos do autor da
matéria;
• Os sentimentos de dever e estima para com os chefes – laços de
afetividade e respeito para com os superiores acabam sendo transferidos
para a relação com a empresa;
• Aspirações de ascensão profissional – o jornalista deseja outro cargo e
para alcançar o objetivo não discorda das normas da organização para não
correr o risco de ser lembrado como o “arruaceiro” no momento da promoção;
• A homogeneidade dos grupos nas redações – as redações jornalísticas
são ambientes normalmente pacíficos, em que prevalece um senso comum e
uma cultura própria, com poucos confrontos de classe ou interferência
sindical;
• Jornalismo: atividade prazerosa – os jornalistas consideram a atividade que
exercem algo bastante prazeroso, já que convivem com pessoas importantes
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 26
e são sempre os primeiros a tomar conhecimento das informações. Além
disso, acreditam que dentro das redações há um ambiente de cooperação.
• As notícias são o que há de mais importantes – Ao invés de perder tempo
contestando a linha editorial do veículo em que atuam os jornalistas investem
todo seu tempo na captação de notícias. A harmonia entre jornalistas e
superiores existe por que ambos tem a mesma preocupação: captar notícias.
Para Breed, embora esses seis fatores promovam o conformismo com a
política editorial da organização, dão também ao jornalista a idéia de autonomia
profissional.
Segundo ele, há outros cinco fatores que ajudam a fugir do controle social da
empresa.
A falta de clareza de grande parte das normas presentes na política editorial, que costuma ser vaga e pouco estruturada. As rotinas de produção da notícia, muitas vezes, escapam ao controle dos chefes, que não estão presentes durante a coleta e redação das informações. O jornalista pode privilegiar determinado entrevistado ou dar enfoque especifico a um assunto. Geralmente, o jornalista acaba se tornando especialista em uma determinada área. E o chefe vai pensar suas vezes antes de interferir na reportagem dele. Principalmente se a pauta foi sugerida pelo próprio repórter. O jornalista pode ameaçar a chefia com a pressão do furo, alegando que o jornal concorrente deve publicar a matéria. O “estatuto de jornalista”, que é uma espécie de star system da profissão. Aqueles que têm estatuto de estrela, como colunistas, ou repórteres especiais, podem transgredir com mais facilidade a política editorial. (PENNA, 2005: 138).
Breed, conclui afirmando que a linha editorial das organizações é quase
sempre seguida, mas existem brechas que permitem as transgressões descritas.
De acordo com Kunczik (2002), as normas das organizações podem nem
sempre ser dribladas pelos novatos, mas sim pelos veteranos, dos quais se espera
um comportamento “inovador e excêntrico” graças ao longo tempo de experiência.
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6. ANÁLISE DO JORNAL FOLHA DE S. PAULO
O objeto desta análise é o caderno Mundo do jornal Folha de São Paulo.
Foram analisadas as matérias e pequenas notas publicadas, durante o período de
18 a 22 de agosto.
Com base nas Teorias de gatekeeper e organizacional, ambas expostas
nesta analise podemos determinar que a Folha de São Paulo fez uma cobertura
mais ampla dos conflitos ocorridos no Oriente Médio e das eleições presidenciais
nos Estados Unidos do que das notícias referentes aos países da América Latina.
Dentre as 22 matérias clipadas somente nove delas leva a assinatura de um
jornalista, enquanto que o material restante é resultado do trabalho das agências de
notícias ou da redação do jornal.
Se considerarmos o conceito de Gatekeeper podemos afirmar que o
jornalista, responsável pelo filtro privilegiou as notícias sobre a Ásia e América do
Norte em detrimento as notícias da América Latina, e quando o fez, deu maior
destaque a Venezuela, Bolívia, Argentina, Paraguai, com destaque menor para
outros países, sendo que alguns não foram nem mesmo citados.
Se considerarmos que notícia é algo novo, relevante, de interesse comum e
que nos afeta diretamente, já está muito próximo de nossa realidade, podemos
acreditar que o jornalista responsável pela seleção de notícias falhou, quando
privilegiou a cobertura de fatos que estão ocorrendo a quilômetros de distância de
nosso país. Assim ele deveria ter dado a ambos os temas, Oriente Médio, Estados
Unidos e América Latina o mesmo espaço editorial.
No entanto se consideramos que o jornalista tem bastante autonomia para
decidir, mas não é ele o único seletor do que é publicado podemos afirmar que a
organização em que ele atua influenciou na publicação destas matérias.
A teoria Organizacional apregoa o conceito de que o jornalista não é o único
filtro na redação, ele é limitado por procedimentos, normas e regras estabelecidas
pelas empresas em que atuam.
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Com base nisso podemos definir que a organização privilegiou as notícias do
Oriente Médio e Estados Unidos, pois os temas recorrentes a estas nações rendem
mais vendas aos jornais.
Uma pesquisa feita por Nazareth Ferreira, apud Barbosa (2005) comprova
brilhantemente, por meio de dados concretos [...] que a América Latina perde
espaço para Europa e EUA no noticiário. A autora estabelece como causas dessa
problemática a influência neoliberal e a ideologia capitalista das empresas
detentoras dos veículos.
De acordo com Wolf (2003:242), o processo de seleção de notícias pode ser
comparado a um funil dentro do qual se colocam inúmeros dados de que apenas um
número restrito consegue ser filtrado. Trazendo para análise das matérias esse funil
tende para o lado da América Latina, pois as matérias ficaram totalmente restritas,
peneiradas a ponto do espaço dado ao jornal à elas ser em média aproximadamente
2%.
Segundo Golding-Eliott, (1979:1) apud Wolf (2003:188), esse critério de
importância e noticiabilidade se dá devido a como é associada essa imagem às
exigências quotidianas da produção de noticias, nos organismos radiotelevisivos.
Portanto, se a os telejornais dão à América Latina um espaço pequeno em seu
noticiário, conseqüentemente os jornais darão o mesmo.
Uma forma de estabelecer o que realmente é notícia foi feita por Tuchman
(1977:45) apud Wolf (2003:189), em que ele esclarece que o objetivo declarado de
qualquer órgão de informação é fornecer relatos dos acontecimentos significativos e
interessantes. Para ele a vida cotidiana é constituída por uma superabundância de
acontecimentos, desses acontecimentos tem de extrair os factuais, impactantes,
dignos de virar notícias,mas como fazer isso?
Essas exigências, que são devidas a superabundância dos fatos que acontecem, indicam que os órgão de informação, para produzirem notícias, devem cumprir três obrigações: 1. Devem tornar possível o reconhecimento de um fato desconhecido (inclusive os que são excepcionais), como acontecimento notável; 2. Devem elaborar formas de relatar os acontecimentos que tenham em conta a pretensão de cada fato ocorrido a um tratamento idiossincrásico;
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3. Devem organizar, temporal e espacialmente, o trabalho de modo que os acontecimentos noticiáveis possam afluir a ser trabalhadores de uma forma planificada. (TUCHMAN, 1977:45 apud WOLF, 2003:189).
Com essas medidas, “Estabelece-se, assim, um conjunto de critérios, de
relevância que definem a noticabilidade (newsworthiness) de cada acontecimento,
isto é, a sua, <<aptidão>> para ser transformado em notícia.” (WOLF, 2003:189).
Obrigações essas, que a Folha de S. Paulo não demonstrou ter no período
analisado.
É inacreditável que a América Latina, que abrange duas Américas (Central e
do Sul), nesses cinco dias tenham tido em seus países um número de notícias
insignificante. Levando em conta, que há países que nem ao menos foram
mencionados. Ou nada acontece nesses países, ou há um preconceito midiático. Já
que, se trata de países pobres e subdesenvolvidos, inferiormente menores, no que
diz respeito a economia, política e geopolítica de países que ganham maior
destaque como os Estados Unidos, alguns países da Europa e poucos do Oriente
médio e Ásia.
O que acontece também é que nesses países não há correspondentes
brasileiros, o que prova o desinteresse não só do jornal pesquisado mas de toda a
mídia brasileira,em relação as notícias sobre a maioria dos países da América
Latina. Para Barbosa (2008), esse drama de solidão da América Latina, não ter
correspondentes, não ser considerada "próxima", apenas reforça o quanto a região
não é considerada significativa para a indústria jornalística.
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7. UM PROBLEMA ALÉM DA FOLHA DE S. PAULO
Segundo Callado (1974) apud Corrêa (2006:27) dissertou num seminário em
74, que a censura e a repressão são noções familiares para os cidadãos latino-
americanos. Ou seja, o que ele falou se estende até hoje. Afinal, enfrentar essas
barreiras fazem parte da vida na América Latina, por elas ainda existirem.
Quanto ao tratamento que os meios de comunicação em geraldão as notícias
da América Latina, Barbosa (2005) cita dois aspectos importantes:
O primeiro está no fato de que essas correntes de pensamento se misturam – ou são meras transposições e adaptações – das teorias, temas e modas vigentes na Europa e nos Estamos Unidos. “É comum verificar que o que foi moda em Paris, Londres e Nova Iorque torna-se moda depois, de modo caricato, aqui e ali, na América Latina”. Se o processo acontece em todos os campos do pensamento, na Comunicação Social ele é ainda mais forte.
O segundo aspecto é que a América Latina é demasiado heterogênea para se fazer um pensamento universalizante. Essa heterogeneidade não é só de países e histórias, mas diz respeito, principalmente à interpretação do que é a nação latino-americana [...]. Uma é a nação burguesa, oficial, dominante. Outra é a popular, camponesa e operária, indígena e negra. Neste caso, a problemática das análises é saber a qual América Latina se referem... (BARBOSA, 2005).
É por isso que o problema atravessa séculos. “Pessoalmente eu me encontro
numa situação apropriada para ser pessimista em relação a América Latina, sem
deixar de levar em conta nenhum país”. (CALLADO, 1974 apud CORRÊA, 2006:28).
Essa expressão de mais de 30 anos é confirmada por, Arbex apud Barbosa (2005),
ele cita América Latina, atualmente, como sendo um mais grave.
Pois, segundo ele, durante pesquisas constatou que na mídia há um “deserto
de informação sobre a vida nacional dos povos, em benefício da notícia que
privilegia o jogo das potências políticas e econômicas (...) os países latino-
americanos simplesmente não interessam.
Uma das coisas que mais me abalaram foi saber que certas notícias serão censuradas ou descartadas não por afetaram interesses políticos ou econômicos, mas simplesmente serão
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consideradas desinteressantes a priori, mesmo se fascinantes. Serão descartadas por um processo de pura exclusão cultural. [...] Para os editores dos jornais pesquisados, a “América Latina, enquanto região significativa do ponto de vista da notícia-mercadoria, é nula, pois quase todos os jornalistas confirmaram que ela não vende jornal”. Espaços reduzidos, ausência de correspondentes e uso de do material das agências internacionais, sediadas nos EUA e na Europa são fatos comuns a todos os veículos. (BARBOSA, 2005).
O problema da leitura crítica dos jornais latino-americanos é de acordo com
Ferreira apud Barbosa (2005) a visível predominância de assuntos que envolvem
notícias de escândalos, violência, catástrofes. Ou seja, quando esses países
ocupam espaço nos jornais, “estão relacionados com notícias sensacionalistas.”
“Entre os temas preferidos estão o narcotráfico, o futebol e os desastres naturais”.
(BARBOSA, 2005).
De acordo com a autora, as causas para esse cenário podem ser encontradas dentro do jornalismo. Nazareth Ferreira fez entrevistas com jornalistas dos principais veículos de comunicação impressa. A resposta foi quase sempre “isso não interessa ao meu público”.
“Como sabem o que é de interesse dos leitores?” pergunta Nazareth. “O que se sabe sobre o gosto do público, sobre a ideologia do público, tem sido usado como desculpa enganosa para encobrir uma política conservadora de manutenção das massas na sua inconsciência. (FERREIRA apud Barbosa, 2005).
Fato é que para, Callado (1974) apud Corrêa (2006:35) a própria América
Latina tem culpa nisso, pois seus próprios escritórios não a favorecem em seus
relatos.
A literatura latino-americana me parece bastante fraca no que diz respeito a livros sobre pobres. Ou, por falar nisso, em obras sobre os escravos. A escravidão no Brasil durou desde o primeiro século de sua existência – o século XVI – até o ano de 1888, mas nunca produziu nem mesmo algo como,digamos, A cabana do pai Tomás. [...] exceção de um jovem poeta Castro Alves. (CALLADO, 1974 apud CORRÊA, 2006:35).
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8. CONCLUSÃO
Ao estudar por uma semana o espaço em que o jornal Folha de S. Paulo deu
as matérias de países latino-americanos, concluímos que existe ainda hoje uma
classe chamada “os excluídos”. E, infelizmente, a América Latina, inclusive o próprio
Brasil faz parte dela. Como o emissor excluído e como o receptor que excluí.
Se por um lado adotamos fielmente um modelo de jornalismo norte-
americano, com ele absorvermos a imponência de um país capitalista e
preconceituoso, que valoriza da onde vem a notícia, mais do que sua importância. E
partir daí decide se é conveniente ou não sua publicação.
Essa conveniência depende de uma série de fatores, políticos, econômicos,
religiosos, e principalmente corporativos. Já que, há um manual a se seguir dentro
das empresas de comunicação. Ainda que prevaleça o bom senso do profissional
esse sensor empresarial existe, e o não seguimento dele, assim como da vetação de
superiores hierárquicos é fatal para a exclusão do jornalista do rol dessa entidade.
Essa censura dos dias atuais se apropria do grande número de jornalistas
que se formam a cada ano. Assim quem está no ofício teme uma represália, agindo
como um gatekeeper em favor dos interesses da empresa e não da população, que
afinal merece a informação independente do país que ela venha, se ela é importante
deveria ser dada.
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ANEXO
A América Latina - Por Guilene Matos e Samanta Leandro Página 34
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
a) Livros
CORRÊA, Villas Boas. Censura e outros problemas de escritores latino-americano. 1 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.
KUNCZIK, Michael. Conceitos de jornalismo: Norte e Sul: Manual de Comunicação/
Michael Kunczik, tradução Rafael Varela Jr.- 2 ed. 1. reimpr. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.
PENNA, Felipe. Teoria do Jornalismo. 1 ed. Rio de Janeiro: Contexto, 2005.
WOLF, Mauro. Teoria da Comunicação. 8 ed. São Paulo: Presença, 2003. b) Artigos BARBOSA, Alexandre. Indústria jornalística prioriza os EUA e joga a América Latina nas sombras na cobertura sobre furacões, Artigos. Disponível: http://www.latinoamericano.jor.br/, (15 de outubro de 2008). BELATTO, Luís Fernando B. América Latina: 100 anos de opressão e utopia revolucionária, Klepsidra, Online. História. Disponível: http://www.klepsidra.net/klepsidra5/america.html, (24 de outubro de 2008). OS LATINOS a terra e o povo. Geocities. Online. Disponível: http://www.geocities.com/Athens/Agora/1417/Latim2.html, (24 de outubro de 2008).
c) Enciclopédia on-line AMÉRICA Latina. Wikipédia, enciclopédia livre. Disponível: http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_Latina, (18 de outubro de 2008). d) Tese, dissertação e trabalho de graduação BARBOSA, Alexandre. A solidão da América Latina na grande imprensa brasileira. Escola de Comunicação e Artes (ECA), Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, Tese de Mestrado. 2005. 237 p. Online. Disponível: http://www.latinoamericano.jor.br/docs/MESTRADO_ALEXANDRE.pdf, (15 de outubro de 2008).
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