1º Congresso Nacional de Psicogerontologia
Estimulação Cognitiva no Cérebro Envelhecido
Filipa Brito – Unidade de Neuropsicologia CHPL
Envelhecimento
• Demográfica – envelhecimento demográfico das populações verifica-se na maioria
dos países desenvolvidos devido a diversos fatores, nomeadamente à diminuição da
natalidade, fecundidade e mortalidade e ao aumento da esperança média de vida.
2 perspetivas:
• Individual – modificações biológicas e psicossociais que ocorrem com o
passar dos anos.
Envelhecimento
«….o Envelhecimento apresenta várias alterações tanto a nível
psicológico como biológico, que se sucedem de forma gradual, ao longo
do ciclo vital e, como consequência não é possível delimitar uma data
exata para que a pessoa possa ser considerada velha.»
Spar & La Rue 2005
Envelhecimento
«A idade cronológica não é um bom critério para se estudar o envelhecimento,
seja qual for o ponto de vista considerado, uma vez que o número de anos que um
individuo vive não nos dá qualquer informação sobre a qualidade da sua vida, a sua
experiência psicológica e social ou mesmo a sua saúde.»
Paúl & Fonseca, 2001
Envelhecimento
Envelhecimento Normal “Bem sucedido”
Lezak, Howieson & Loring, 2004
Envelhecimento 3 componentes do envelhecimento
•Componente biológica – vulnerabilidade crescente e donde resulta uma maior
probabilidade de morrer;
•Componente psicológica – capacidade de autorregulação do indivíduo (tomar
decisões e fazer opções, nomeadamente) face ao processo de senescência
•Componente social – relativo aos papéis sociais apropriados às expectativas da
sociedade para este nível etário;
Paúl & Fonseca, 2001
Envelhecimento Normal “Bem sucedido”
• Capacidade para manter três comportamentos ou características
• Baixo risco de doença e de incapacidades
• Funcionamento físico e mental elevado
• Envolvimento/compromisso ativo com a vida
Rowe & Khan, 1998
EnvelhecimentoEnvelhecimento “bem sucedido”
Envelhecimento ativo
1. “O processo pela qual se otimizam as oportunidades de bem-estar físico, social e mental durante toda a vida com o objetivo de aumentar a esperança de vida saudável, a produtividade e a qualidade de vida na velhice”.
2. Ótica preventiva
3. Participação contínua nas questões sociais, económicas, culturais, espirituais e civis, e não apenas à capacidade de o individuo estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho.
OMS, 2002
Envelhecimento Ativo
Tardif & Simard, 2011
• Principais Domínios:
• Nutrição
• Atividade física
• Interações Sociais
• Atividade cognitiva
Envelhecimento e Défices Cognitivos
Envelhecimento e Défices Cognitivos
Orientação
Velocidade de processamento
Motricidade
Atenção
Linguagem
Gnosias
Memória
Atividade pré-frontal
Envelhecimento e Défices Cognitivos• Os défices cognitivos encontrados em sujeitos idosos, podem ser
explicados por défices ao nível da velocidade de processamento da
informação e da velocidade psicomotora.
• Existência de uma disfunção ao nível dos circuitos frontais que
permite explicar os défices os défices encontrados.
Lezak, Howieson & Loring, 2004
Envelhecimento e Atenção
Consoante a natureza da tarefa
Atenção divida
Atenção sustentada / Concentração
Deteção do Estímulo
Lezak, Howieson & Loring, 2004
Envelhecimento e Memória
Associado a estratégias pouco eficazes de retenção e evocação da informação
Quando é necessário manipular/ organizar mentalmente a informação a reter (memória de trabalho)
Lezak, Howieson & Loring, 2004
Relembrar informação, enquanto desempenham outra tarefa
Envelhecimento e Memória
Memória verbal
Lezak, Howieson & Loring, 2004
Memória visual
Envelhecimento e Habilidade Visuo-construtiva
Tarefas visuo-construtivas apenas quando o tempo é
contabilizado.
Cópia de desenhos simples
Lezak, Howieson & Loring, 2004
Envelhecimento e Atividade Pré-frontal
Capacidade de resolução de problemas não familiares e estruturalmente
complexos.
Distinção da informação relevante da informação irrelevante
Tarefas de formação de conceitos, inibição, abstração e flexibilidade cognitiva.
Lezak, Howieson & Loring, 2004
Envelhecimento e Défices Cognitivos
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva
Treino Cognitivo vs Estimulação Cognitiva
Termo que em Português melhor se aproxima do objetivo
«….ajudar os indivíduos a melhorar o desempenho das atividades
de vida diária, de um modo a não necessitarem da assistência de
outra pessoa ou, pelo menos a minimizar a necessidade de
assistência externa.»
Guerreiro, 2005
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva
Reserva cognitiva
Escolaridade
Neuroplasticidade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva
• Iliteracia afeta o desenvolvimento das capacidades cognitivas,
estratégias de processamento e a organização funcional;
• Sujeitos com baixa escolaridade, obtém piores desempenhos mesmo
em tarefas cujas funções recrutadas se acreditava não serem
influenciadas pela escolaridade• Memória espacial
• Digit Span
• Atenção (tarefas de cancelamento)
• Cópia de estímulos simples
• Escolaridade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva
• Qualidade da escolaridade
• Ex: fez a 4ª classe mas ia apenas uma vez por semana à
escola e atualmente pouco sabe escrever e/ou ler;
• Bagagem Cultural – riqueza das experiências pessoais, profissionais e
sociais.
• Escolaridade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva
• Capacidade do cérebro de mudar e alterar a sua estrutura (ramificações
dendríticas e sinapses) em resposta a estímulos externos e internos,
provocando consequentemente alterações comportamentais
• Neuroplasticidade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva • Reserva Cognitiva – capacidade de ativação progressiva de redes
neuronais em resposta a contingências crescentes.Educação estratificada em = ou < de 9 anos e > de 9 anosOcupação: trabalhador não-especializado (ex. dona de casa) vs trabalho especializado (gestor, oficial técnico superior.)
Educação estratificada em = ou < de 9 anos e > de 9 anos
Score obtido no Vocabulário da WAIS.
Sujeitos com 5 ou mais pontos são considerados como tendo “alta reserva” e os com 4 ou menos pontos como “baixa reserva”.
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva
Técnicas informatizadas
de estimulação cognitiva
RehaCom
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva
• Permite controlar várias variáveis (tempo de exposição ao estímulo e tempo de reação)
• A recolha e análise dos dados é facilitada
• Os estímulos apresentados são mais atrativos (motivação)
• Oferece um feedback rápido e correto dos desempenhos
• Ajuste rápido das tarefas e do nível de dificuldade
Vantagens
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva
• Dificuldade em adequar os programas a cada paciente, alguns programas
mostram-se muito inflexíveis e rígidos
• Pouca familiaridade com o uso do computador pode provocar respostas de
ansiedade
• Escasso poder de individualização nas estimulações
• Elevado custo
Desvantagens
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino Comportamento Reativo
Treino do comportamento
reativo, através da reação a
estímulos visuais
6 níveis de dificuldade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino de Atenção – Vigilância
A tarefa consiste em vigiar no
monitor uma linha de objetos e
retirar o objeto que apresentem
um ou mais detalhes diferentes
dos objetos exemplo
15 níveis de dificuldade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino Atenção Visuo-Espacial Bidimensional
Figuras Bi-Dimensionais, para o
treino de relações posicionais.
Deve selecionar a figura idêntica á
figura de comparação. A figura a
ser selecionada encontra-se numa
rotação diferente.
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino Atenção/ Concentração
Escolher a figura da matriz que é
idêntica à da figura localizada à
direita
24 níveis de dificuldade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino Atenção Dividida
Requer que se acompanhe vários
aspetos de uma situação
simultaneamente (deve regular a
velocidade e responder a um
conjunto de sinais).
14 níveis de dificuldade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino Memória Topológica
Consiste em memorizar a posição
de cartas e quando as figuras
desaparecem, deve lembrar-se
em que posição estava cada carta
12 níveis de dificuldade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino Memória de Faces
Reconhecer e decidir se já viu esta
pessoa antes ou não (nome,
profissão e número de telefone).
21 níveis de dificuldade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino Memória de Palavras
Capacidade para reconhecer
palavras individuais. Após a
visualização das palavras, vão
surgindo palavras no monitor e
terá que reconhecer as palavras
que estavam presentes na fase de
aprendizagem
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino de Memória de Figuras
Treino indicado para a memória
de trabalho. Após a fase de
aprendizagem surgem palavras e
terá que identificar as que
correspondem ás figuras
apresentadas
9 níveis de dificuldade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino Memória Verbal
Após ler uma história/noticia
deverá responder a questões
acerca da historia que acabou de
ler.
10 níveis de dificuldade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino Atividade Pré-frontal (Compras)
Treino de situações em que o
paciente deve fazer compras num
supermercado. O objetivo é
melhorar o planeamento de
tarefas concretas e realísticas.
18 níveis de dificuldade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino Atividade Pré-frontal – Registo Diário
Planear a ordem pela qual deverá
executar um conjunto de
atividades referentes à vida
quotidiana
55 níveis de dificuldade
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Treino Atividade Pré-frontal – Raciocínio Lógico
Completar sequências de
símbolos que são construídos de
forma lógica
23 níveis de dificuldade
Eficácia dos Programas de Estimulação Cognitiva
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva • Comparação de 14 estudos de Estimulação Cognitiva em Idosos Saudáveis
(de 2001 a 2011).
• DataBase: PsycINFO e PUBMED
• Key-words: Cognitive Training, Cognitive Stimulation; Elderly and Aging
• Critérios de Inclusão: 1)- Envolver pelo menos um grupo ou condição controlo; 2)- ser aplicado
algum tipo de estimulação/treino cognitivo em idosos saudáveis; 3)- Incluir pelo menos dois
momentos de avaliação (pré e pós treino cognitivo); 4)- análise comparativa dos resultados intra-
sujeitos, inter-sujeitos ou inter-grupos (p ≤ 0,05).
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva N Idade Escolaridade Tempo de duração
Semana SessõesFollow up
(Mês) Função cognitiva trabalhada
82 79,7 9,8 1 – 4 6 6 e 9 mês Atenção, Memória e Raciocínio
2832 73,6 5,9 5 – 6 10 12 e 24 Memória, Raciocínio e V. processamento
47 66,8 3,4 8 8 - M. Episódica, Atenção
49 78,7 3,9 14 14 6 Memória
42 - - 8 8 - Evocação de Memoria Serial
49 78,7 3,9 14 14 6 Comp. Estratégico
236 64 – 75 - 2 3 + P. casa 4 e 12 -
487 75,3 15,7 8 40 - Processamento informação
2832 73,6 5,9 56 10 60 Memória, Raciocínio e V. processamento
182 70,9 16,3 8 – 10 40 – 50 3 Memória Verbal e V. processamento
62 69,4 - 8 8 1 Atenção Seletiva
88 71,0 - 3 6 - Atenção
238 74,4 8,3 104 108 - Atenção/Orientação
133 76,9 8,4 7 14 9 Atenção/Orientação, M. MT FE VP Abst.
c
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva N Idade Escolaridade Tempo de duração
Semana SessõesFollow up
(Mês) Função cognitiva trabalhada
82 79,7 9,8 1 – 4 6 6 e 9 mês Atenção, Memória e Raciocínio
2832 73,6 5,9 5 – 6 10 12 e 24 Memória, Raciocínio e V. processamento
47 66,8 3,4 8 8 - M. Episódica, Atenção
49 78,7 3,9 14 14 6 Memória
42 - - 8 8 - Evocação de Memoria Serial
49 78,7 3,9 14 14 6 Comp. Estratégico
236 64 – 75 - 2 3 + P. casa 4 e 12 -
487 75,3 15,7 8 40 - Processamento informação
2832 73,6 5,9 56 10 60 Memória, Raciocínio e V. processamento
182 70,9 16,3 8 – 10 40 – 50 3 Memória Verbal e V. processamento
62 69,4 - 8 8 1 Atenção Seletiva
88 71,0 - 3 6 - Atenção,
238 74,4 8,3 104 108 - Atenção/Orientação
133 76,9 8,4 7 14 9 Atenção/Orientação, M. MT FE VP Abst.
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva N Idade Escolaridade Tempo de duração
Semana SessõesFollow up
(Mês) Função cognitiva trabalhada
82 79,7 9,8 1 – 4 6 6 e 9 mês Atenção, Memória e Raciocínio
2832 73,6 5,9 5 – 6 10 12 e 24 Memória, Raciocínio e V. processamento
47 66,8 3,4 8 8 - M. Episódica, Atenção
49 78,7 3,9 14 14 6 Memória
42 - - 8 8 - Evocação de Memoria Serial
49 78,7 3,9 14 14 6 Comp. Estratégico
236 64 – 75 - 2 3 + P. casa 4 e 12 -
487 75,3 15,7 8 40 - Processamento informação
2832 73,6 5,9 56 10 60 Memória, Raciocínio e V. processamento
182 70,9 16,3 8 – 10 40 – 50 3 Memória Verbal e V. processamento
62 69,4 - 8 8 1 Atenção Seletiva
88 71,0 - 3 6 - Atenção,
238 74,4 8,3 104 108 - Atenção/Orientação
133 76,9 8,4 7 14 9 Atenção/Orientação, M. MT FE VP Abst.
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva N Idade Escolaridade Tempo de duração
Semana SessõesFollow up
(Mês) Função cognitiva trabalhada
82 79,7 9,8 1 – 4 6 6 e 9 mês Atenção, Memória e Raciocínio
2832 73,6 5,9 5 – 6 10 12 e 24 Memória, Raciocínio e V. processamento
47 66,8 3,4 8 8 - M. Episódica, Atenção
49 78,7 3,9 14 14 6 Memória
42 - - 8 8 - Evocação de Memoria Serial
49 78,7 3,9 14 14 6 Comp. Estratégico
236 64 – 75 - 2 3 + P. casa 4 e 12 -
487 75,3 15,7 8 40 - Processamento informação
2832 73,6 5,9 56 10 60 Memória, Raciocínio e V. processamento
182 70,9 16,3 8 – 10 40 – 50 3 Memória Verbal e V. processamento
62 69,4 - 8 8 1 Atenção Seletiva
88 71,0 - 3 6 - Atenção,
238 74,4 8,3 104 108 - Atenção/Orientação
133 76,9 8,4 7 14 9 Atenção/Orientação, M. MT FE VP Abst.
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva N Idade Escolaridade Tempo de duração
Semana SessõesFollow up
(Mês) Função cognitiva trabalhada
82 79,7 9,8 1 – 4 6 6 e 9 mês Atenção, Memória e Raciocínio
2832 73,6 5,9 5 – 6 10 12 e 24 Memória, Raciocínio e V. processamento
47 66,8 3,4 8 8 - M. Episódica, Atenção
49 78,7 3,9 14 14 6 Memória
42 - - 8 8 - Evocação de Memoria Serial
49 78,7 3,9 14 14 6 Comp. Estratégico
236 64 – 75 - 2 3 + P. casa 4 e 12 -
487 75,3 15,7 8 40 - Processamento informação
2832 73,6 5,9 56 10 60 Memória, Raciocínio e V. processamento
182 70,9 16,3 8 – 10 40 – 50 3 Memória Verbal e V. processamento
62 69,4 - 8 8 1 Atenção Seletiva
88 71,0 - 3 6 - Atenção,
238 74,4 8,3 104 108 - Atenção/Orientação
133 76,9 8,4 7 14 9 Atenção/Orientação, M. MT FE VP Abst.
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva Resultados e Discussão
•Resultados preliminares promissores (memória, atenção, funções
executivas e velocidade de processamento), mais ainda pouco
robustos;
•Não avalia a generalização das competências adquiridas
Questionário de autoestima e autoconfiança
Questionário de atividade de vida diária instrumentais e básicas
Envelhecimento e Estimulação Cognitiva • Durabilidade das competências adquiridas
Uniformizar os períodos de follow upPostura pró-ativa dos participantes ou não
• Avaliação Neuropsicológica completa pré e pós estimulação cognitiva
• Diversidade de metodologias utilizadas e funções cognitivas estimuladas
Quais as melhores técnicasIntervenções prescritas
Obrigada pela vossa atençã[email protected]
Bibliografia• Lezak, M., Howieson, D., & Loring, D. (2004). Neuropsychological Assessment, (4th ed.). U.S.A,
New York: Oxford University Press;
• Guerreiro, M. (2005). Terapêutica não Farmacológica da Demência. In Castro-Caldas, A. &
Mendonça (Eds.), A Doença de Alzheimer e outras Demências em Portugal (p. 121- 148). Lisboa:
Lidel;
• Paúl, C., & Fonseca, A. (2001). Psicossociologia da Saúde. Lisboa, Climepsi Editores;
• Rowe, J., & Khan R. Successful ageing. New York: DTP Health; 1998;
• Spar, J., & La Rue, A. (2005). Guia Prático de Psiquiatria Geriátrica. Lisboa, Climepsi Editores