As três esferas de governo e construção do SUS
Os Avanços na construção do SUS apesar dos
Obstáculos.
• 1923 - CAPs (Caixas de Aposentadoria e Pensões): organizadas por empresas, de natureza civil e privada, financiadas e gerenciadas por empregados e empregadores;
• 1930 – Ministério da Educação e Saúde;• 1933 - Institutos de Aposentadoria de Pensões
(IAPs): organizados por categorias profissionais, com dependência do Governo Federal;
• 1953 – Ministério da Saúde: 25 de Julho;• 1960 – Promulgação de Lei Orgânica da
Previdência Social (LOPS);• 1966 – Instituto Nacional de Previdência Social
(INPS): fusão dos diversos IAPs;
• 1974 a 1979: Crise, reforma e consolidação da rede privada em Saúde:– 1974: Ministério da Previdência e Assistência Social
(MPAS) e do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS);
– 1974: Subdivisão do INPS: Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e o Instituto de Arrecadação da Previdência Social (IAPAS), ficando o INPS responsável pelas aposentadorias e pensões;
– 1976: Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS);
– 1976: Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES);
– 1978: Conferência de Alma-Ata (Ucrânia), que preconi-zava "Saúde para Todos no Ano 2000", principalmente por meio da Atenção Primária à Saúde;
– 1979: VII Conferência Nacional de Saúde;– 1979: Associação Brasileira de Pós-Graduação em
Saúde Coletiva (ABRASCO);
• Década de 1980: Eclosão da crise estrutural e con-solidação das propostas reformadoras:
– 1980: Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-SAÚDE) com pressupostos de hierarquização, participação comunitária, integração de serviços, regionalização e extensão de cobertura, e que, na realidade, nunca saiu do papel ;
– 1981: Conselho Consultivo da Administração de Saúde Previdenciária (CONASP): Objetivo de operar sobre a organização e o aperfeiçoamento da assistência médica, sugerir critérios de alocação de recursos previ-denciários para este fim, recomendar políticas de finan-ciamento e de assistência à saúde, analisar e avaliar a operação e o controle da Secretaria de Assistência Médi-ca da Previdência Social;• Autorização de Internação Hospitlar (AIH);
– 1982: Ações Integradas de Saúde (AIS): Em 1984 e 1986 com recursos de 4% e 12 %, respectivamente, do orça-mento do INAMPS. Foi uma estratégia de extrema im-portância para o processo de descentralização da saúde;
– 1986: VIII Conferência Nacional de Saúde: marco na formulação das propostas de mudança do setor de saúde, consolidadas na Reforma Sanitária Brasileira.
– 1987: Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS): • consolidação das Ações Integradas de Saúde, que adota como
diretrizes:– a universalização e a eqüidade;– a integralidade; – a regionalização dos serviços de saúde e implementação de distritos
sanitários;– a descentralização das ações de saúde; – o desenvolvimento de instituições colegiadas gestoras;– o desenvolvimento de uma política de recursos humanos;Fase de transição em direção ao SUS e incorporação do INAMPS pelo
Ministério da Saúde; transferência dos serviços do para Estados e Municípios.
1988 "Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos
em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liber-dade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconcei-tos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pací-fica das controvérsias, promulgamos, sob a prote-ção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”.
Sistema Único de Saúde
• Art 196: “A Saúde é direito de todos e dever do Es-tado, garantido mediante políticas sociais e econô-micas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”
Princípios Doutrinários:• Universalização: O acesso às ações e serviços deve
ser garantido a todas as pessoas, independente de sexo, raça, renda, ocupação ou outras característi-cas sociais ou pessoas.
• Eqüidade: O objetivo da eqüidade é diminuir desi-gualdades. Mas não significa que a eqüidade seja sinônimo de igualdade. Apesar de todos terem direi-to aos serviços, as pessoas não são iguais e,por isso, têm necessidades diferentes. Eqüidade significa tra-tar desigualmente os desiguais, investindo mais on-de a carência é maior. Eqüidade é um princípio de Justiça Social.
• Giovanni Berlinguer: “Não se pode falar de igualdade em saúde como se fala em relação à outros direitos. Há diferenças de saúde que implicam em uma avaliação moral.”
• Boaventura Santos: “Direitos iguais quando a diferença inferioriza e direito de ser diferente quando a igualdade descaracteriza” .
• Integralidade: O princípio da integralidade signifi-ca considerar a pessoa como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Integração de ações, in-cluindo a promoção da saúde, a prevenção de doen-ças, o tratamento e a reabilitação.
Princípios Organizativos• Regionalização e Hierarquização.
• Descentralização e Comando Único.
• Participação Popular: Conselhos e Conferências de Saúde.
Fundamentos Jurídicos e Reguladores
• Lei Orgânica da Saúde nº. 8.080 de 19/09/90• Lei nº. 8.142 de 28/12/90• Normas Operacionais Básicas (NOB) instituídas em
1991, 1992, 1993 e 1996 • Emenda Constitucional no. 29 de 13/09/00• Norma Operacional da Assistência à Saúde Noas -
SUS 01/2001• Norma Operacional da Assistência à Saúde Noas -
SUS 02/2002
Avanços na Construção do SUS:
• Descentralização da Gestão (estadualização e municipalização);
• Comissões Intergestoras (Tripartite e Bipartites);• Fundos de Saúde Nacional, Estaduais e Municipais;• Modalidade de repasse fundo a fundo;• Conselhos de Saúde em todos os Estados, Distrito Federal e
na grande maioria dos Municípios;• Implemento da rede pública de serviços de saúde em todos
os níveis de complexidade e consequente Aumento da cobertura dos serviços;
• Ênfase na Atenção Básica (Programa de Agentes Comu-nitários de Saúde e Programa de Saúde da Família);
• Regulamentação dos transplantes de órgãos e tecidos;
• Ampliação da cobertura vacinal;
• Incremento da cobertura às Gestantes e à Infância, com diminuição regional da mortalidade materna e infantil;
• Elevação da capacidade de gestão pública entre os municípios (Gestão Plena da Atenção Básica e Plena do Sistema Municipal de Saúde);
• Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica;
• Acesso às informações de saúde via internet;
• Crescimento de 25% para 42% da participação dos Estados e Municípios no financiamento do SUS nos anos 90;
• Regulamentação da aplicação da Emenda Constituicional n°. 29;
• Repactuação dos papéis das três esferas de Governo, ao nível das Comissões Intergestoras Tripartite, Bipartites e dos Conselhos de Saúde em torno da Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS 01/02);
• Política de medicamentos genéricos;
• Descentralização da Vigilância Sanitária ( Gestão Estaduais e Municipais);
• Amplo reconhecimento e legitimação pela Sociedade, Governo e Partidos, dos Princípios e Diretrizes do SUS;
• Regulação dos planos privados de saúde (Agência Nacional de Saúde).
• Em resumo: O conjunto de avanços comprova a adequação dos princípios e diretrizes constitucionais do SUS e que a sua construção,na prática, é um processo positivo em andamento, não devendo ser admitido qualquer tipo de retrocesso, apesar das conjunturas adversas que continuam envolvendo sua construção.
DADOS GERAIS SOBRE ASSISTÊNCIA HOSPITALAR E AMBULATORIAL NO SUS (competência 2002)
O SUS que temos:
5.794 Unidades Hospitalares: • 441.045 leitos, • 11,7 milhões de internações/ano;• 2,6 milhões de partos;• 83 mil cirurgias cardíacas;• 60 mil cirurgias oncológicas;• 92,9 mil cirurgias de varizes;• 23,4 mil transplantes de órgãos
• 132,5 milhões de atendimentos de alta complexidade entre tomografias, exames hemodinâmicos, ressonância magnética, sessões de hemodiálise, de quimioterapia e radioterapia;
• Assistência integral: portadores de HIV e doentes de AIDS, renais crônicos e pacientes com câncer;
63.650 Unidades Ambulatoriais:
• O PSF conta com 17.610 equipes atendendo mais de 55 milhões de pessoas em 90% dos municípios do país;
• 1 bilhão de procedimentos de Atenção Básica;• 251 milhões de exames laboratoriais;• 8,1 milhões de exames de ultra-sonografia;
Obstáculos na construção do SUS:
• Dificuldades de Financiamento;
• Disputa de Grupos com Interesses Diferentes;
• Insuficiência de Capacidade Gerencial;
• Excessiva Burocracia nas formas de administrar a coisa pública;
• Insuficiência de mecanismos jurídicos para a regulação da rede privada;
• Gestão de Recursos Humanos: Remuneração e Formação.
Diretrizes do Ministério da Saúde para a 12 ª. Conferência Nacional da Saúde
• Superação do processo burocrático-normativo, que tem pautado a ordenação de atribuições e responsabilidades no processo de habilitação à gestão de municípios e estados, com vistas à formalização de contratos em que se explicitem responsabilidades, objetivos e metas sanitárias socialmente construídas e passíveis de avaliação;
• Instituição de processos permanentes de avaliação do desempenho do Sistema de Saúde nas três esferas de governo;
• Dinamização e ampliação do processo de negociação e pactuação vigente nas comissões inter-gestores, propiciando o avanço na regionalização da saúde, atendendo os requisitos de racionalidade econômica e de efetividade na atenção, respeitadas as diversidades regionais;
• Dinamização e ampliação do processo de negociação e pactuação vigente nas comissões inter-gestores, propiciando o avanço na regionalização da saúde, atendendo os requisitos de racionalidade econômica e de efetividade na atenção, respeitadas as diversidades regionais;
• Revisão dos mecanismos de alocação e repasse de recursos para reorientar a gestão e os modelos de atenção vigentes;
• Regulamentação do dispositivo constitucional que trata da destinação de recursos para o setor, para precisar responsabilidades com o financiamento do sistema e definir as modalidades do gasto sanitário;
• Incentivo à participação cidadã e à utilização dos instrumentos legais disponíveis para o controle social e efetivação de compromissos e responsabilidades entre os gestores, em sintonia com as mudanças desejadas para a construção do “SUS que queremos”.