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3.IMAGEM DA IGREJA MATRIZ DE VIÇOSA DO CEARÁ
E ENSINO DE HISTÓRIA
CHURCH IMAGE CEARÁ VIÇOSA MATRIX AND HISTORY
OF EDUCATION
RESUMO
A historiografia vem ampliando os campos de investigação aos novos pesquisadores, possibilitando encontrar novas documentações a serem analisadas. Destacar a iconografia da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção, em Viçosa do Ceará, recortando como o tema a imagem indígena, requer compreender quem são os sujeitos reproduzidos no período colonial. São representações de índios, padre em seu cotidiano e relações de sobrevivência e de trabalho, mostrando pedagogicamente a relação com o passado. É possível compreender uma sociedade que memorializa um passado.O presente artigo discorre sobre o uso da imagem como conteúdo reflexão para o ensino de História de Viçosa do Ceará, partindo da perspectiva de valorização da cultura indígena e a abordagem sobre analise da imagem do mito de fundação da cidade, quando da comemoração dos seus 300 anos.
Palavras-Chave: Imagens, história, arte, educação e sociedade.
ABSTRACT The historiography has pushed the research fields to new researchers , enabling find new documentation to be analyzed . Highlight the iconography of the Church of Our Lady of the Assumption in Viçosa do Ceará , cutting as the theme indigenous image , requires an understanding of who are the subjects played in the colonial period . Are representations of Indians, a priest in their daily lives and relationships of survival and work, showing pedagogically the relationship with the past. You can understand a society that memorializa a gift passado.O article discusses the use of the image as reflection for the content of history teaching Viçosa of Ceará , starting from the valuation perspective of indigenous culture and approach to myth of image analysis founding of the city , when the celebration of its 300 years.
Keywords : photos , history, art,
Antonia Wagna Araújo
Especialista em História do Brasil – INTA
Chrislene Carvalho dos Santos Pereira Cavalcante Professora INTA/UVA
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“Muito antes do Brasil se conhecer como país, antes das fronteiras e das leis que regem a nação, já viviam milhões de pessoas.”
Pátria Amada Esquartejada
A nova historiografia vem possibilitando novos sujeitos, fontes e métodos tanto para a
pesquisa quanto para o ensino de História e as imagens vem sendo uma rica fonte de pesquisa.
Este trabalho é um exercício de leitura da imagem de fundação da cidade de Viçosa do Ceará e
o que a temática possibilita refletir.
Considerando que toda história parte de um lugar é importante apresentar a
localização Geográfica de Viçosa do Ceará. Está na microrregião da serra de Ibiapaba, Noroeste
Cearense. O município tem 46.832 habitantes (2003), a 740 metros de altitude esta cercada de
vegetação nativa e fontes de águas cristalinas. Sua paisagem de exótico relevo faz a perfeita
harmonia com seu clima de serra. Viçosa do Ceará tem patrimônio arquitetônico colonial com a
sua construção iniciada em 1695 é o testemunho vivo de três séculos da história Portugal na
Região, erguida a partir da construção da Igreja Matriz Nossa Senhora da Assunção. Ao redor
dela ergueu-se a Aldeia da Ibiapaba, uma das principais missões jesuítas do país, no século XVII.
A cidade de Viçosa do Ceará foi declarada oficialmente patrimônio histórico nacional pelo
IPHAN, no dia 14 de agosto de 2003( www.vicosadoceara.ce.gov.br).
Antes de iniciar o debate acadêmico é importante compreender como este artigo
surgiu, considerando que toda história é uma produção do historiador e suas inquietações,
problematizações e respostas. (Rossen, 2002). O interesse pelo tema nasceu na experiência de
docência, na falta de materiais sobre a história local, o que possibilitou ser estudada no
Programa de Iniciação Científica do Instituto de Estudos e Pesquisa do Vale do Acaraú, e com
continuidade na Especialização em História do Brasil, nas Faculdades INTA.
Neste texto busquei um exercício historiográfico sobre a questão indígena a partir das
imagens sobre o aldeamento na cidade de Viçosa do Ceará. Ao escolher a temática em estudo
tinha grandes curiosidades de saber como eram os povos indígenas e fui inicializada com o
interesse com as imagens de fundação da aldeia jesuítica, com interesse da imagem de
fundação da cidade de Viçosa dos Ceará que está exposta em dois lugares da cidade.
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Nesta experiência com a introdução das leituras, achava impossível compreender. O
que mais encontrava eram perguntas e não sabia respostas. Depois de bastantes leituras, fui
familiarizando aos textos. Nas leituras orientadas veio aquele entendimento ao dialogar com os
autores e foi desvendado o conhecimento da temática. Nos fichamentos realizados fui
percebendo que poderia ir além, descobrir o tema que para mim que estava encoberto.
Dessa forma, fundamental foi a obra de Ernane Pereira, historiador e pintor viçosense,
observa-se a importância da Arte na pedagogia e na vida. A arte tem uma grande importância
no processo de ensino/aprendizagem escolar, facilitando mensagem entre professores e
alunos.
Analisar, entender o que uma imagem tenta transmitir exige uma boa intimidade como
esse recurso, levar ao educando essa intimidade requer do educador um bom
amadurecimento nessa perspectiva de um bom compreendimento no processo iconográfico.
O historiador, principalmente, deverá considerar a imagem como um recurso didático e
ao mesmo tempo como documento do seu tempo. No caso a imagem em estudo retrata a
memória da cidade no período colonial, é uma narrativa, uma forma de contar, segundo
Ricouer (1994). Fazer uma análise de como era a cidade de Viçosa do Ceará no período Colonial
e como passou a ser após a colonização é um ponto bastante crítico e reflexivo. De acordo com
alguns estudos historiográficos Viçosa do Ceará e Almofala1 foram as duas cidades cearenses
que mais resistiram no período Colonial e por conta disso foram as últimas a aderir ao processo
de colonização. Sofreram grandes massacres mesmo assim não aderiram facilmente. Na cidade,
antiga Aldeia da Ibiapaba, primeiros registros portugueses de onde hoje conhecemos como
Viçosa, existem traços físicos e culturais presentes dos povos indígenas. Os povos
predominantes na Aldeia eram os tabajaras e os demais eram em menor quantidade.
Vale ressaltar que de acordo com a história os povos nativos que habitavam na
terra brasileira antes da chegada dos colonizadores, foi marcada pela presença de “índios”.
Esses povos aqui encontrados continuam até hoje estereotipados, entretanto merecem toda
dignidade e respeito como qualquer outro grupo étnico.
Vale ressaltar que esta nomenclatura tem sua historicidade:
1 Sobre o tema ver....
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A palavra índio, longe de expressar uma origem, expressa
unicamente uma condição social inferior, uma maneira de vida
primitiva, como os favelados do Rio de Janeiro, os moradores do
Mocambo do Recife2.
O texto descrito afirma que o vocábulo é usado de forma preconceituosa, onde o
indígena não tem nenhum valor presente na sociedade contemporânea. Sabendo que não
existe cultura inferior ou superior, a cultura indígena traz na sua diferença um complemento
cultural que dá suporte e característica para a multiplicidade de relações existentes no Brasil.
Este ponto vem sendo caracterizado no decorrer dos tempos, desde a chegada dos portugueses
na então “Ilha de Vera Cruz”. Assim, o uso da expressão indígena, refere-se ao índio no sentido
aos habitantes do território. Esta reflexão é importante para a compreensão sobre o passado
indígena e conhecimento de ancestralidade.
No século XXI todos têm direito e deveres, a palavra “todos” tem o sentido da
universalidade. As diferenças étnicas, raciais, políticas e sociais, definem compassos que,
independente dos grupos e das crenças, formam conceitos que se relacionam e dão faces para
que a sociedade seja percebida. Estas diferenças são possíveis de serem compreendidas a partir
do desenvolvimento e da convivência de formação de cada povo, daí a necessidade de respeito,
independente do grupo social o qual as pessoas reconhecem. Os povos indígenas vem lutando
por sua dignidade e respeito, pois, dentro do reconhecimento de suas qualidades humanas,
vêm conquistando espaços, antes negado a eles em sociedade.
O que é certo é que o Brasil é um país pluriétnico, prevalecendo a diversidade cultural
dos povos, entretanto como as diferenças e as contradições movem as bases da sociedade e as
transformam, muito do que se percebe enquanto modificação de pensamentos, métodos e
crenças, se dá devido estas relações étnico raciais que movem o Brasil enquanto nação e deve
estar nos bancos escolares. Como praticar o respeito?
O ensino de História pode deixar de ser apenas de páginas de sangue e apresentar
formas de convívio pelos acordos, a políticas, as relações sociais. Para isso há necessidade de
2 Riscadas no mapa: As nações indígenas. Pátria Armada Esquartejada. São Paulo: prefeitura de São Paulo, 1995.
p. 129
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uma nova ética de ensino, metodologias de abordagem histórica, para que se possa
compreender as experiências humanas no seu tempo.
A IBIAPABA NOS TEMPOS COLONIAIS
A questão indígena é um tema de extrema complexidade, que atrai com freqüência a
atenção da comunidade internacional. E tão complexo quanto é a imagem como documento.
Um campo novo para o historiador, mas que possibilita uma compreensão de imaginário e uma
perspectiva do que foi o vivido em um determinado tempo e espaço (BRAUDEL, 1996).
A questão indígena nasceu com o descobrimento. É desnecessário, portanto,
salientar a importância histórica e cultural do índio na formação da nacionalidade brasileira.
Pouco mais de 200 grupos étnicos vivem no Brasil como comunidades distintas. Falam 180
línguas diferentes e somam mais de 350 mil indivíduos. Sua dispersão espacial é bastante
ampla, mas aproximadamente 60% deles estão na Amazônia.
O Estado do Ceará tem origem fortemente vinculada aos povos indígenas. O próprio
nome do Estado provém de "ciará" ou "siará", que significa "canto da jandaia", que na
linguagem em tupi é um tipo de papagaio.
De acordo com dados de 2006 da A Fundação Nacional do Índio – FUNAI, o Estado do
Ceará tem uma população de 11.726 indígenas que se encontram principalmente nos
Municípios de Poranga, Aquiráz, Crateús, Trairi, Itarema, Maracanaú, Pacatuba, Viçosa do Ceará
e Caucaia. Contudo, de acordo com dados da PNAD-IBGE, a população indígena estimada no
Ceará é de aproximadamente 21.015 pessoas em 2006. (IPECE, 2009).
Município localizado na Mesorregião da Ibiapaba. Suas origens, pelo menos em
termos indígenas, datam do Século XIV, quando em suas descidas em busca de paz aí se
instalaram os Índios Tabajaras. Esses Índios têm como procedência as regiões são-franciscanas,
onde parte de suas aldeias e em número considerável se localizavam. Desavenças tribais terão
sido os principais motivos do seu desagregamento e consequente formação de outros grupos.
Visando compreender a memória social sobre o tema da questão indígena como identidade da
região de Viçosa é importante analisar a partir de uma imagem como vem sendo
memorializado e valorizado o passado jesuítico, indígena e de importância colonial para o
Ceará.
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A colonização da Ibiapaba3 se processou no final do século XVI, início do século XVII4 e
a cidade de Viçosa tem seu marco como sendo a primeira cidade ibiapabana que os europeus
começaram os trabalhos de catequização indígena. Considerando a resistência intensa que
havia, de acordo com Sousa5, a região da Ibiapaba era habitada por aldeias das tribos dos
Camucins, Anacés e Arariús do grupo tapuia, além dos Tabajaras, do grupo Guarani, em maior
número, dirigido por Padres jesuítas.
Diante do texto de Sousa a antiga aldeia da Ibiapaba atual cidade Viçosa do Ceará
mantém traços étnicos do processo colonizador, tanto indígena, quanto europeu, com
habitantes mestiços, peles brancas, cabelos loiros, olhos claros. A aldeia da Ibiapaba foi a mais
importante sob a catequese dos jesuítas na Ordem de Inácio de Loiola no Brasil.
Considera-se importante a catequese dos Jesuítas por motivos de interesse variados,
principalmente querendo um povo “calmo”, “manso” e majoritariamente, catequizado nos
preceitos católicos
De acordo com Barreto (2006), em 1607, se apresentou em maior escala o processo de
aculturação dos indígenas para com os costumes europeus e o malogro expedicionário.
Com o malogro da expedição de Pero Coelho e a necessidade de continuação de
domesticação e catequização indígena surgira na serra da Ibiapaba a Campanha de Jesus, tendo
maior força no que se refere ao processo de catequese. Na apreciação do autor, a companhia
de Jesus supriria o desgaste de relações ocasionado pela forma como Pero coelho tentara
“domesticar” os indígenas, ou seja, na maior demonstração do uso da força e ficou a
companhia de Jesus, onde para eles catequizar por meio dos ensinamentos religiosos, seria a
3 Região da chamada Serra Grande que compreende os municípios de Viçosa do Ceará, Tianguá, Ubajara, Ibiapina,
São Benedito, Guaraciaba do Norte e a cidade de Ipu. 4 Viçosa do Ceará é a primeira cidade da Serra da Ibiapaba. Inicialmente era habitada por tribos indígenas, entre
elas os Tabajaras, pertencentes ao ramo Tupi. Foi desbravada no final do século XVI, quando os franceses aqui chegaram, vi ndos do Maranhão e tiveram contato com os índios. A antiga aldeia da Ibiapaba era dirigida por padres da Companhia de Jesus. Em 1607, os padres Luís Figueira e Francisco Pinto, jesuítas da Companhia de Jesus estiveram na Ibiapaba com o objetivo de catequizar os índios. Segundo a historiografia, o padre Francisco Pinto foi morto pelos índios em uma dessas missões. As missões, no entanto, não foram contínuas, não havendo assim uma colonização regular na Ibiapaba. Em 1660, o Padre Antônio Vieira esteve na Aldeia da Ibiapaba como visitador e Superior da Missão, deixando relatos da futura aldeia. No ano de 1693, os padres Ascenso Gago e Manoel Pedroso chegaram à Ibiapaba e somente em 1697, noticiaram ao Superior da Companhia relatos sobre a região, na localidade onde hoje é Viçosa do Ceará. 5 SOUSA, Célio Fontenele. Viçosa do Ceará: Breve Histórico. Ubajara-Ceará. Gráfica Tavares, 2001.
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melhor saída para “domesticar” os povos pertencentes a terra primitiva, pensando numa
colonização mais acessível e de melhor acessibilidade.
IMAGENS E POSSIBILIDADE PARA O ENSINO DE HISTÓRIA DE VIÇOSA DO CEARÁ
Sobre a análise indígena, o que percebemos é que a historiografia viçosense cala-se
em determinados momentos, colocando em apresentações apenas as visões dos jesuítas e a
influência que eles tiveram na sistematização da cidade, entretanto, os índios aparecem como
“classe” associada, ou seja, tendo o valor apenas como explorado na estruturação dos prédios
tidos como simbólicos, como a Igreja Católica de Viçosa e outros quesitos relacionados com a
própria Igreja, como é o caso das duas imagens analisadas.
Quando vai se abordar sobre as condições que os indígenas vivenciaram, muito é
ocultado, e aí, muitas interpretações podem ser direcionadas, pois quem escreveu a conhecida
“História de Viçosa”, eram os mesmos detentores do poder eclesiástico e político da cidade,
portanto, percebemos que a história viçosense fora escrita “de cima para baixo”, mostrando o
que interessava para uma determinada classe.
Sabendo que a composição étnica brasileira colonial envolveu brancos, negros e
índios, e os brancos europeus formaram em maior escala a sociedade brasileira, dando uma
maior visibilidade de suas culturas, embora, mista. Os considerados “inferiores”, como negros e
índios, tiveram que se adequar em certos momentos a novas culturas, introjetando em
determinados espaços seus contextos culturais, para que não fosses esquecidos ou dominados.
O interesse desses povos colonizadores desqualificou grande parte dos valores
culturais da Antiga Aldeia. Estas intencionalidades dos povos colonizadores era uma nova
adaptação cultural, visando uma melhor forma de como instalar uma nova cultura. Mesmo com
todo esse jeito europeu, os indígenas resistiram por muito tempo.
Desconstruir uma memória elitista que vem sendo construída por séculos não é tão
fácil, entretanto possível, desde que pesquisadores e população invistam profundamente em
novas leituras, com certo academicismo o que dá conteúdo de aproximação analítica dos fatos.
Sendo assim, buscando compreender como esse processo ocorreu em Viçosa é mister
afirmar que a partir da história colonial brasileira, Viçosa do Ceará com quase 310 anos de
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existência foi a primeira cidade da Serra da Ibiapaba. Pode-se afirmar que Viçosa inicialmente
habitada por índios, foi ocupada ao findar do século XVI, pelos padres da Companhia de Jesus,
como política de controle do contato dos índios com os franceses, vindos do Maranhão. Este é
o pano de fundo da imagem do mito de fundação da cidade.
Neste sentido, esta imagem pode ser analisada em uma aula de campo e nas aulas
teóricas sobre História Regional, mostrando que este processo ocorreu quando os franceses
estiveram na região Ibiapaba entre 1590 até 1604, quando foram expulsos por Pero Coelho de
Sousa, quando este fazia tentativas de Colonização portuguesa no Ceará.
Um Marco importante desta colonização na história de Viçosa do Ceará foi a
construção da igreja Mariz de Nossa Senhora da Assunção conforme informações do Padre
Ascenso Gago, sua fundação data do ano de 1965. Os Jesuitas ficaram até meados de 1759, ano
em que foram abolidas no Brasil, as missões da Companhia de Jesus, por determinação de
Marquês de Pombal, ministro do rei de Portugal, D. José I. Com isso, também foram abolidas as
aldeias que tinham o comando dos Jesuítas, sendo as mesmas substituídas por vilas e
povoados.
IMAGEM COMO DOCUMENTO NO ESTUDO DA HISTÓRIA
Como ler a imagem no ensino de história? Como uma imagem pode ser referência
para o ensino, a pesquisa e para a produção do conhecimento histórico? Essas
problematizações visam compreender que o estudo de história atualmente visa colocar a
reflexão para se compreender o seu entorno na compreensão das experiências humanas
passadas.
Isso por que a historiografia vem possibilitando novos tipos de analises de
documentos, tendo como exemplo as imagens e outras fontes, que possibilitam leitura de um
tempo, como alegoria.
De acordo com o texto de Oliveira (2011) o termo alegoria é um conceito bem
dinamizado para melhor compreender a história da arte, dispondo de uma variedade de
entendimentos quando se fala de imagens como a arte visual, vislumbra o olhar de algo que
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alguém vai descrever naquele momento, também o que seu imaginário vai perceber e
despertar diante daquela situação.
A imagem também transmite uma pedagogia. Nesse sentido, educa e desperta
interesse e dedicação ao querer tentar realizar a leitura de uma determinada imagem.
O conhecimento histórico, bem como a atuação do professor de história está em plena
relação com a atualização do estudo imagens, podendo servir como ferramenta para
conscientização crítica dos aprendizes.
A história está entrelaçada com a arte quando se trata de imagens. Por conta disso
estar preparado é uma boa ação para desenvolver trabalhos utilizando o uso da imagens como
recurso pedagógico de grande valor para o atual estudo de história.
Vale ressaltar que os PCN’S do Ensino Fundamental mostra que a escola não tem só
que ensinar a criança aceitar e sim produzir e discutir levando ao discente conhecimento que
levará longe e ao além do que é considerado comum, principalmente no social conhecendo o
que é direito e dever para um “ cidadão”.
É possível perceber que na leitura visual (BURKE, 1992) da imagem pedagógica no teto
da Igreja Matriz inspirada no cotidiano colonial dos séculos XVII e XVIII há uma política
evangelizadora do catolicismo com os índios da serra da Ibiapaba e que vem sendo preservada
como marco do passado de Viçosa, do Ceará, sendo preservada como patrimônio cultural
nacional.
A imagem é uma representação do vivido (CAHRTIER, 1990) o que possibilita
compreender uma historia social no período colonial cearense a partir do imaginário do século
XX. É uma imagem do contemporâneo visando valorizar uma memória colonial, cristã,
européia.
No processo de atividades e análise de imagens vamos nesse momento destacar os
três tipos de leituras possíveis de imagem. A primeira é a leitura impressionista, onde será
descrita a impressão que a imagem causa; a segunda é a leitura interna onde será descrita
todos os objetos da imagem: cenário, personagens , cores; e em seguida a leitura externa onde
será discutida todo o contexto da produção da imagem: autor, data.
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Diante de um entendimento pedagógico e artístico, exercitaremos essas leituras na
imagem em discussão:
Foto da autora 2007. Imagem da Igreja Matriz de Viçosa.
Imagem localizada no Centro de Capacitação e Habilitação Pe. Ascenso
Gago e Restaurante Flor de Lins, na cidade de Viçosa.
Numa leitura impressionista percebe-se um ar bucólico, de tranqüilidade, paz e uma
sensação harmoniosa de cotidiano, em um lugar verde e bastante agradável, com uma
sensibilidade de natureza, alegria, dignidade e riquezas naturais.
Neste sentido, pode-se solicitar ao grupo de alunos que observem a imagem na sala de
aula e descrevem a impressão, a sensação, sua sensibilidade foi despertada com que
sentimentos? Outra possibilidade é que solicitem que visitem um dos lugares em que ela está
localizada na cidade e descrevam qual a impressão, sensação, sentimentos foram
experimentados, despertados.
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Na segunda etapa, fazendo uma leitura interna, é possível descrever que a imagem
apresenta um cenário onde cujos personagens são: jesuítas conversando com um índio em um
enquadramento central; ambos com a mesma linguagem corporal de respeito, mas diferença
no modo de vestir, o índio de tanga e o padre de batina. Há também um menino índio à beira
de um rio pescando, tendo galinha atrás de si. Como centro de encontro está a construção da
Igreja Matriz de Viçosa do Ceará, como um clarão na mata atlântica da Serra da Ibiapaba,
preservando algumas árvores, apresentando troncos de outras e o destaque ao ipê amarelo. As
cores são pastéis.
Na terceira etapa, a análise externa possibilita ver a imagem não como pintura e sim
como documento. O que se observa na imagem em discurso sobre a época,,sendo seu autor o
pintor Ernane Viana.
Esta foi uma pintura do século XX em pleno momento de festa dos 300 anos da cidade
para que os visitantes conhecessem a memória da atual cidade Viçosa do Ceará e Antiga Aldeia
da Ibiapaba. Representando uma idéia de mito fundador do lugar.
Ao se trabalhar com a imagem na aula de história vale destacar na análise que no
século XVI não havia máquina fotográfica, por isso não é uma fotografia, considerando que há
uma nova geração da época digital que considera que tudo é registrado imediatamente. Há de
sensibilizar para os saberes de diferentes tempos e seus usos políticos, inclusive da arte. Esta
ênfase se dá por que hoje há existência de inúmeras outras linguagens que produzem também
outras representações utilizadas em sala de aula e que são diretamente voltadas para a
produção e compreensão do conhecimento histórico, principalmente em uma sociedade
imagética como a nossa caracterizada pela comunicação de massa, pela força das imagens
produzidas para e pela televisão.
A partir de 1996 com a nova LDB a arte passou a ser uma disciplina obrigatória da
Educação Básica. Os parâmetros curriculares Nacionais (PCN’s) definem que ela é composta de
quatro linguagens: Artes visuais, dança, música e teatro. E esta sensibilidade artística vem
sendo trazida para as novas linguagens no estudo da história. E esta prática pode ser
desenvolvida na cidade de Viçosa do Ceará indo para a Igreja Matriz ou o Restaurante Flor de
Liz, onde a imagem tem um espaço de decoração, mas pode ser problematizada. Afinal o
mundo atual é imagético.
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Dessa forma, como afirma Bittecourt 12 (1998), fazer os alunos refletirem sobre as
imagens que lhe são postas diante dos olhos é uma das tarefas urgentes da escola e cabe ao
professor criar as oportunidades, em todas as circunstancias, sem esperar a socialização de
suportes tecnológicos mais sofisticados para as diferentes escolas e condições de trabalho,
considerando a manutenção das enormes diferenças sociais, culturais e econômicas pela
política vigente.
De acordo com as imagens vistas em dois pontos da cidade, observa-se que não são
valorizadas pelos filhos da terra. Pois não procuram saber o que tenta transmitir e qual o
objetivo daquela exposição.
Isso precisa ser desvendado, pois educar à partir de iconografia é um desafio para
profissionais dessa área. A imagem é uma forma bem concreta a ser estudada pelo colegiado
da educação básica como afirma Burke13: “Uma vantagem particular do testemunho de
imagens é:
“A de que elas comunicam rápido e claramente os detalhes de
um processo complexo, como o da impressão, por exemplo,o que
um texto leva muito mais tempo para descrever de forma mais
vaga”. (BURKE, 2001, p.101)
De acordo com Burke a imagem como uma forma de compreensão co mais agilidade o
significado do texto previsto. Ao ler a imagem levará muito além da impressão a qual está
sendo transmitida, o reflexo atrai bastante o leitos ao querer desvendar a capacitação da
mensagem. Tudo partirá da cor, paisagem, cenário, enfim tudo que a imagem possa transmitir
ao leitor para melhor compreensão.
Observa-se que, o que vai deixar bem claro, vai ser a impressão de como a imagem foi
vista e interpretada assim repassará uma leve compressão e conseqüentemente interpretação.
É possível perceber que na leitura visual (BURKE, 1992) da imagem pedagógica no teto
da Igreja Matriz inspirada no cotidiano colonial dos séculos XVII e XVIII há uma política
evangelizadora do catolicismo com os índios da serra da Ibiapaba e que vem sendo preservada
como marco do passado de Viçosa, do Ceará, sendo preservada como patrimônio cultural
nacional.
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A imagem é uma representação do vivido (CAHRTIER, 1990) o que possibilita
compreender uma historia social no período colonial cearense a partir do imaginário do século
XX. É uma imagem do contemporâneo visando valorizar uma memória colonial, cristã,
européia.
Observando o interior da Igreja há uma pintura colonial tendo ao fundo a Matriz em
construção, um índio conversando com um padre, uma criança índia em primeiro plano como
se estivesse caçando tendo ao lado um cachorro branco, sendo a pintura emoldurada pela
paisagem verde da Serra. Essa imagem educa para um olhar positivo sobre a catequisação,
como afirma Pinheiro “escamoteando o processo de execução dos povos indígenas no Ceará”.
bem como o sentido de preservação desse memória nesses 300 anos, podendo indagar: Que
sociedade era essa? Que sentidos de preservação se instituiu? Como ocorria o cotidiano
colonial? Que perspectivas a religiosidade formou comportamentos, memórias? Podendo desse
forma, articular arte e história na compreensão do passado. Como afirma Pinheiro(1999).
De acordo com Burke a imagem não é omissa, ela consegue transmitir verdadeiros
momentos ocorridos na história da humanidade. Historiadores contemporâneos estão
intensificando seus trabalhos com base nesse recurso didático capaz de descobrir idéias em
todos os aspectos sociais. A imagem demonstra curiosidades da vida dos primeiros habitantes
que foram os povos indígenas como é o caso da pesquisa em debate.
Burke aborda que os professores ou educadores não desenvolveram a capacidade de
fazer com que os alunos analisem imagens, uma vez, que foram educados para apenas
investigar textos transcritos. Trabalhar com imagens requer do educador um envolvimento e
uma intimidade onde possa levar ao além. Educar é preciso exercitar a mente para que
capacidades e habilidades venham a fazer essa relação.
A lei Nº 11.645/2008 aborda a problemática da saída da condição de possibilidade
para tornar-se uma obrigação estudar o lado antropológico do grupo étnico que também teve
grande influência na formação do povo brasileiro.
As imagens vistas dos povos indígenas são bastante estereotipadas, onde prevalece
mais ao colonizador, e também é questionado o preconceito por serem tão desvalorizados. Por
conta disso observa-se uma grande curiosidade para refletir essa problemática.
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Diegues Junior 12 afirma em seu texto que o povo brasileiro possui um legado muito
grande dos indígenas como caçar, pescar e coletar além de outras atividades. Essas atividades
econômicas erram mais desenvolvidas pelos tupis. A agricultura era praticada por algumas
tribos, e a cultura mais importante era a mandioca. Assim como também tinha uma grande
habilidade no artesanato; Praticava a cestaria e a tecelagem, aquela com fibras vegetais, e esta
com algodão Silvestre.
De acordo com o texto o autor analisa que os povos primitivos existentes em terras
brasileiras não demonstram tais objetivos deixados pelos colonizadores, no entanto vivam de
seus próprios trabalhos e de acordo com a sua cultura, ou seja, seu modo de vida, maneira seu
modo de vida, maneira os quais foram educados por seus descendentes.
As atividades econômicas realizadas do povo tupi eram bem parecidas com as existentes
no nordeste brasileiro principalmente nos interiores. Os hábitos dos nordestinos não são
diferentes dos povos primitivos. As realizações continuam até hoje como: caça, pesca, coletar
frutos, além de outros cultivos agrícolas como foi destacado o da mandioca.
A base da economia do município de Viçosa é a agricultura. Dali sai a subsistência de
várias famílias que moram no interior. Apenas pequena parte dos produzem para o comércio é
voltada mais para a subsistência.
Observa-se que se o povo daquela época (colonização) elas não produziam e tão pouco
realizavam suas atividades como foi visto anteriormente elas realizavam toda a sua
sobrevivência e de maneira rudimentar. Tinham toda liberdade de viver dessa maneira e isso
faz parte da cultura de um povo.
Desconstruir na memória da sociedade esses estereótipos que colonizador deixou da
imagem dos povos indígenas é algo de responsabilidade dos que investigam e pesquisam a
história.
Em seu texto ainda aborda como foram juntados os costumes trazidos pelos
colonizadores e do povo tupi formado a cultura luso- brasileira. Os que mais predominam são
os indígenas. Assim pode ser observar que a população brasileira não é pura e sim interetnica
perpassando por três grupos étnicos que já se toma um assunto bem discutido na sociedade
contemporânea.
Sobral, ano 3, v.1, n.5, p.25-40, jul-dez 2014. ISSN: 2317-2649
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Na historiografia de fundação da identidade nacional do século XIX há destaque a
miscigençao ente indígenas, africanos e portugueses. Isso aborda que o povo brasileiro não é
um grupo puro, sofreu relações de três grupos ou raças daí miscigenou o povo brasileiro.
As imagens devem ser utilizadas como conteúdo no ensino de história, já que elas
possuem muito do seu tempo e do tempo que querem retratar. Essa pintura abre um leque de
possibilidades para o conhecimento do passado, sendo ainda um ponto positivo na formação
do aluno, que aprendendo a ler as imagens na escola, poderá ler o mundo a sua volta, podendo
assim ser um cidadão mais critico com a sociedade a que pertence.
Esses povos merecem um respeito que dignifique-os no convívio social por deixarem
esse bem que poderá ser considerado patrimônio cultural para todos os brasileiros. O que falta
é conhecimento para possíveis valorizações diante de um instrumento rico, e que as pessoas
não buscam conhecer melhor. Caso contrário é algo muito significando para aqueles que se
vêem como sujeito no processo histórico. O ensino pode tem poder de valorizar a diferença e
respeitar a identidade nacional.
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