MANEJO DO NASCIMENTO AO DESCARTE DE AVES DE POSTURA
Tópicos a serem abordados: Panorama da avicultura de postura Evolução da postura comercial no Brasil Panorama do sistema de produção de ovos Instalações Controle de Enfermidades Programa de Luz Nutrição e alimentação de poedeiras Controle zootécnico da granja Manejo da pintainha – Cria Manejo de frangas – Recria Pré-Postura (17 semanas a 1º ovo) Manejo das poedeiras – Postura Muda forçada (Indução do 2º ciclo de postura) Manejo dos ovos Qualidade dos ovos Manejo de dejetos
PANORAMA DA AVICULTURA DE POSTURA
A produção avícola brasileira passou por um processo de transformação nos últimos anos, se destacando com
uma avicultura competitiva no mercado.
A avicultura de postura é destinada a produção de ovos e oferece um produto de excelente qualidade, o qual
possui nutrientes necessários para formar um animal completo e contribuir a nutrição como uma proteína de alta
qualidade, 13 vitaminas e minerais, possuindo uma pequena porcentagem calórica. Além disso, por apresentar preço
consideravelmente baixo é uma fonte de proteína de origem animal de fácil acesso para famílias de baixo poder
aquisitivo.
Na produção de ovos o Brasil se encontra entre os 10 maiores produtores mundiais. O Brasil é o 7° produtor
mundial de ovos, com uma produção, em 2011, de 31,5 bilhões de unidades, 9,4% superior ao comparado com o ano
anterior.
Em 2011, o estado de São Paulo foi o maior produtor de ovos (35,85% da produção nacional), seguido de MG
(11,45%) e Paraná (6,92%), segundo dados divulgados pela UBABEF No entanto, o RS é o maior exportador, seguido
de MG e SP. Isso ocorre porque, somente 2% da produção de ovos nacional são destinadas a exportação, sendo que
98% são para consumo interno.
As exportações brasileiras de ovos somaram 27.721 toneladas em 2010, o que representa uma queda de 25%
em relação a 2009. Sendo que 90% dos ovos exportados são na forma in natura.
O consumo de ovos no Brasil ainda é pequeno se comparado aos países desenvolvidos como Japão e EUA,
que chega a um consumo per capita anual de 258 a 373 ovos. Outros países como México e China consomem "per
capita" anualmente de 301 a 363 ovos. Isso ocorre devido aos mitos acerca do ovo, principalmente com relação ao
colesterol. Mas, de acordo com dados fornecidos pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef), o consumo per capita
de ovo no Brasil fechou 2011 em 162,5 unidades, contra 148,8 unidades do ano anterior (aumento de 9,2%).
Figura 1 – Fluxo da cadeia produtiva do ovo
EVOLUÇÃO DA POSTURA COMERCIAL NO BRASIL
Inicialmente, a avicultura estava sob o domínio da atividade familiar que com o decorrer dos anos,
principalmente após a abertura tecnológica nas áreas de genética, ambiência, sanidade e nutrição, passou a ter uma
visão empresarial para atender as exigências de mercado. Estes fatores são os principais responsáveis pelo destaque do
país.
No início da avicultura industrial, era comum submeter às frangas a mudanças de local de criação com muita
freqüência. Com o desenvolvimento de novas tecnologias, entretanto, os avicultores mudaram de procedimento
chegando, mais recentemente, a realizar apenas uma troca de alojamento, com cerca de 8 semanas de idade. As
vantagens de manter as aves num mesmo lugar desde o início até o momento em que passam para o aviário de postura
são, principalmente, a simplificação do manejo e a redução de uma importante fonte de stress ao longo da criação.
Assim, a avicultura mais moderna inclina-se para a adoção de apenas uma mesma instalação para a fase de cria-recria.
Atualmente, observamos grandes empresas avícolas com instalações modernas, visando a maximização dos
lucros e transformação de produtos Primários da Agricultura (milho, sorgo, soja, etc.) em produtos nobres para a
alimentação humana, num curto espaço de tempo ocupando áreas reduzidas.
Geneticamente as aves têm evoluído rapidamente, e hoje temos linhagens cada vez mais precoces e
produtivas, se comparar com as aves de 20 anos atrás. O aumento na produção dos ovos se fez em parte antecipando o
início da produção, conseqüentemente reduzindo-se o período do qual se dispõe para que as aves alcancem um bom
desenvolvimento corporal e da imunidade. A produção e o tamanho dos ovos estão relacionados com o peso e a
uniformidade da franga ao início de produção. O lote que não atinge o peso corporal ideal, dificilmente alcança o
padrão esperado de produção e tamanho de ovos.
O cruzamento das raças gera galinhas híbridas cuja produção ultrapassa 330 ovos em 80 semanas de idade.
Para efeito de comparação, este número representa mais do que o dobro obtido na década de 40, quando uma ave
alojada com aproximadamente 70 semanas produzia 134 ovos, ou mesmo há cerca de 20 anos, quando a produção por
ave alojada estava em torno de 260 ovos (Gráfico 1).
Pode-se observar que as evoluções genéticas das poedeiras produziram aves mais produtivas, com menor peso
corporal e baixo consumo de ração. A ampliação da produtividade, no entanto, vem chegando ao seu limite e as
pesquisas de melhoramento genético já trabalham há algum tempo com outros aspectos produtivos, como a diminuição
da mortalidade, a redução da agressividade entre as aves, a padronização do ovo obtido durante o período produtivo da
ave e o aperfeiçoamento dos índices de conversão alimentar.
Tabela 1 – Evolução dos índices zootécnicos das poedeiras
Sendo as aves bastante precoces e as criações de frangas em galpões abertos, nos quais não é possível fazer o
controle de iluminação adequadamente, a precocidade tem se tornado um problema para lotes que atingem a
maturidade sexual durante a primavera e o verão, pois iniciam a produção antes de atingir o peso corporal ótimo.
Nossa preocupação é conseguir atingir o peso corporal ideal ao início da produção, equacionando adequadamente os
muitos fatores que interferem nesse objetivo.
Gráfico 1 – Produção de ovos por ave durante o ciclo de vida na postura em 2003
Características da Poedeira Moderna
As linhagens diferenciam-se quanto ao temperamento, potencial produtivo, consumo de ração, ganho de peso,
viabilidade, tipo de ovos. Pelo fato das aves a cada ano adiantarem um dia a maturidade sexual, tem sido um desafio
para os técnicos estimularem o consumo de ração e o ganho de peso das frangas em cria, recria, principalmente em
linhagens de baixo consumo de ração.
As características de ganho de peso destinadas aos frangos de corte e as características reprodutivas que foram
desenvolvidas para as poedeiras comerciais, são índices zootécnicos geneticamente antagônicos. Dessa forma, apesar
da evolução na produção de ovos, verificada nos últimos anos, observa-se um baixo consumo de ração o que ocasiona
uma redução no peso corporal da ave no início da postura e ainda, as aves apresentam dificuldade no ganho de peso.
A precocidade das aves resultou na necessidade de programas de alimentação específicos para cada fase de
criação e principalmente que estes programas garantam a ingestão adequada de nutrientes para atender a demanda
biológica de manutenção, ganho e produção. A poedeira moderna exige um consumo adequado de energia, para que
não ocorra clássica queda de produção de ovos após o pico ou que esta ave entre em um balanço nutricional negativo.
A rentabilidade de um lote de poedeiras comerciais é influenciada diretamente pela qualidade atingida na
criação das frangas. Os programas nutricionais desenvolvidos para as fases de cria e recria devem ter como principal
objetivo o máximo de retorno econômico.
PANORAMA DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE OVOS
A produção pode ser de ovos brancos ou vermelhos, mas independente da cor, que varia conforme a linhagem
utilizada, o sistema de criação é confinado, geralmente m gaiolas e com elevada densidade de criação. A criação é
geralmente dividida em núcleos de idade única.
As granjas tendem a automatização dos serviços, principalmente no que se refere à coleta e classificação de
ovos. Os atuais sistemas são exigentes quanto ao planejamento e técnicas de manejo, programas de iluminação e
programas de nutrição fásicos.
A criação de poedeiras é dividida em fases:
Cria: 0 a 6 semanas – pintainha
Recria: 7 a 16 semanas – franga
Pré-postura: 17 semanas ao 1º ovo – poedeira (galinha)
Postura: 1º ovo até 80 semanas
2º Postura (opcional): 70 a 112 semanas
A produção de ovos durante o ciclo (sem a 2ª postura) é de 290-350 ovos e o início da produção ocorre entre
17-21 semanas.
Objetiva-se um ciclo com a máxima produção de ovos vendáveis/ave alojada. Além disso, procura-se alta
viabilidade, uniformidade >80%, peso corporal padrão, aves sexualmente maduras e excelente conversão alimentar.
As linhagens mais utilizadas são: Lohmann LSL, Hy-Line W32, W36 e W98, Hisex White, H&N Nick Chick,
Isa Babcock B300, Shaver White e Embrapa 011, para ovos brancos; e, Lohmann Brown, Hy-Line Brown, Hisex
Brown, H&N Nick Chick Brown, Isa Brown, Shaver Nrown e Embrapa 031.
Índices Zootécnicos Gerais (varia conforme a linhagem)
Viabilidade = 97-98%
Ração consumida: 5,5-6,5 kg
Peso corporal: 1250-1500 g
Inicio da produção: 18-19ª semana
Idade a 50% da produção: 20-21ª semana
Pico de postura: 95-96%
Idade ao pico de postura: 26-28ª semana
Nº de ovos/ave alojada: 330-340
CA/dz de ovos: 1,4 a 1,6
CA/kg de ovos = 1,9 a 2,1
Viabilidade na fase de postura: 91-92%
INSTALAÇÕES
Em relação ao nº de galpões podem ser considerados 3 sistemas de criação convencionais:
1. Crescimento inicial em galpões tipo “cama”
Cria: até 6ª sem. – galpões “cama” – até 20 aves/m2
Recria: 6ª até 17ª sem. – gaiolas
Postura: 17ª até 72ª - 74ª sem. - gaiolas
2. Crescimento Inicial em Baterias
Cria: até 4ª sem. – baterias
Recria: 4ª até 17ª sem. – gaiolas
Postura: 17ª até 72ª - 74ª sem. – gaiolas
3. Cria e recria no galpão tipo “cama”
Cria e Recria: até 15ª - 17ª sem. – galpões “cama”
Postura: 15ª - 17ª à 72ª - 74ª sem. - gaiolas
Normalmente a granja é planejada para possuir um núcleo de cria, um núcleo de recria e 4 núcleos de
produção. Os galpões são afastados entre si de 20 a 30 metros para criações de mesma idade e 200m para criações de
idades diferentes.
A diferença da gaiola de recria para a de postura é que na fase de postura a gaiola possui aparador de ovos,
mas os galpões são construídos da mesma forma.
O dimensionamento ou determinação da largura e comprimento dos galpões é feito por meio das dimensões
das gaiolas e das larguras do corredor de circulação. Sob as fileiras de gaiola, o piso é de terra.
Galpões de Cria
Instalações idênticas às usadas para frangos de corte;
Densidade de criação no pinteiro pode ser de até 22 aves/m2 e na gaiola 140 cm²/ave; (manual)
Gaiolas ou baterias apropriadas para esta idade, inclusive com aquecimento.
Galpões de Recria
Pode ser realizada em piso com cama (idênticas as usadas para frangos) ou gaiolas especiais, dispostas
em paralelo ou no sistema de escada
Densidade de criação no piso pode ser de 8-10 aves/m2 e na gaiola 375cm²/ave; (manual da linhagem)
4 fileiras de gaiolas
Galpão com 8 fileiras de gaiolas (2 corredores)
Galpão com 12 fileiras de gaiolas (3 corredores)
Figura 2 – Modelo de distribuição de gaiolas em galpões de recria e postura.
Implicações da produção em gaiola
Na fase de cria e recria: maior densidade de aves /m² e, portanto, uso racional das instalações, facilita as
práticas de manejo (debicagem, vacinações e etc.), maior controle de ração e do peso corporal, diminuindo a
concorrência entra as galinhas na alimentação, melhorando a uniformidade do lote, controle de doenças, maior com
consequente maior viabilidade;
Na fase de postura: facilita o acompanhamento da postura e o descarte de galinhas improdutivas, facilita a
coleta de ovos, e eles ficam mais limpos, evita a ovofagia, maior produção, maior viabilidade e uniformidade do
plantel e facilita o manejo.
Implicações da produção em piso
Considerando um único galpão, permite maior área, dificuldade de manejo, maior uso da mão de obra, pior
controle sanitário, ovos mais sujos e necessidade de ninhos.
CONTROLE DE ENFERMIDADES
Um lote de aves pode manifestar todo seu potencial genético, quando a influência das doenças estiver
minimizada. Várias doenças podem se manifestar tanto na forma clínica quanto subclínica, agindo com severa
mortalidade. As doenças de importância econômica variam de região para região, mas em todos os casos o maior
desafio é a sua identificação e controle.
Biossegurança
A biosseguridade é o melhor método para se evitar enfermidades. Um bom programa de biosseguridade
identifica e controla as maneiras mais prováveis de entrada de uma enfermidade na granja.
A entrada de pessoas e de equipamentos dentro da granja deve ser controlada. As visitas nas granjas devem se
limitar àquelas que sejam essenciais para sua operação. Não se deve permitir a entrada de pessoas que tenham estado
em outra instalação avícola dentro de um prazo de 48 horas. Devem-se fornecer botas limpas, roupas e toucas a todos
que trabalham ou visitam a granja. Devem-se colocar lavadores de botas que contenham desinfetante na entrada de
todos os galpões de aves. Se for possível, evite o uso de equipamentos que venham de fora da granja para a vacinação,
transferências e debicagem das aves.
O funcionário deve ter acesso apenas ao galpão que trabalha. O número de lotes visitados num dia deve ser
limitado, e sempre fazer as conferências de forma progressiva, ou seja, dos lotes mais jovens para os lotes mais velhos,
e dos lotes sadios para os enfermos. Depois de visitar um lote enfermo, não se devem visitar outros lotes.
O momento do descarte de aves velhas é propício para a introdução de enfermidades. Geralmente, os
caminhões e o pessoal utilizados para transportar aves velhas estiveram em outras granjas; deve-se, então, traçar um
plano para minimizar s riscos da biosseguridade durante o tempo em que se necessita utilizar pessoal ou equipamento
que venha de fora para vacinar, transferir ou debicar as aves.
O ideal é ter um galpão de crescimento de uma só idade, que utilize os princípios de tudo dentro/tudo fora. Isto
prevenirá a transmissão de enfermidades dos lotes velhos para lotes de aves jovens susceptíveis.
Todos os galpões devem estar desenhados para prevenir a exposição do lote às aves silvestres. A granja deve
estar livre de escombros e de grama alta, que pode servir de proteção aos roedores. O alimento e os ovos devem ser
armazenados em áreas a prova de roedores.
Recomenda-se monitorar os galpões de aves contra a presença de espécies patogênicas de Salmonella,
particularmente Salmonella enteritidis. Isto pode ser feito através de provas rotineiras do meio ambiente utilizando
swabs de arrasto.
Programa de vacinação
Os programas de vacinação têm como objetivo proteger o lote contra doenças ao longo da vida. Os desafios
contra doenças variam em todo o mundo e, portanto, o planejamento dos programas de vacinação deve levar em conta
a exposição a doenças, à virulência das cepas patogênicas locais e aos níveis de imunidade parental. Assim,
os programas de vacinação utilizados na criação de poedeiras comerciais variam sistematicamente em função do risco
sanitário de cada região.
A vacina obrigatória contra Marek é aplicada no período incubatório no primeiro dia de vida das aves. Pintos
de um dia devem ser livres de Mycoplasma gallisepticum (MG) e Mycoplasma synoviae (MS). Em geral, os
programas de vacinação devem incluir proteção contra Doença de Newcastle (DN), Bronquite Infecciosa (BI),
Encefalomielite Aviária (EA), Bouba Aviária (BA), Doença de Gumboro (DG).
Para otimizar o controle durante a vacinação, esvazie uma gaiola, vacine as aves e passe-as para a gaiola
seguinte, até que todo o lote receba a medicação. Faça, periodicamente, uma triagem e seleção das poedeiras para
eliminar, por razões econômicas, aquelas que não estão produzindo e as que estão debilitadas. Aves que apresentam
feridas graves causadas pelas gaiolas ou por bicadas, galinhas doentes ou com aspecto doentio, tristes, com
empenamento sem brilho ou com manifestações de diarréia são sérias candidatas a uma possível eliminação.
Não vacine as aves em períodos de estresse intenso ou quando o lote estiver enfrentando problemas sanitários.
Aves sadias, instaladas em um local recém-construído, raramente apresentam problemas sanitários. A melhor
opção para um controle de doenças é o sistema que descarta todas as aves ao mesmo tempo, efetuando, em seguida, a
limpeza e desinfecção rigorosa do aviário. A repovoação só deve ser feita depois do vazio sanitário, que é
representado por um intervalo de 15 dias em que o galpão fica vazio, até a chegada de novas aves.
Realize a vacinação em dias que se encaixem no manejo, para que não seja necessário deslocar funcionários de
funções primordiais e também não incomodar as aves várias vezes, e com isso, estressá-las.
Figura 3 – Sugestão de programa de vacinação para poedeiras comerciais
PROGRAMA DE LUZ
A produção de ovos está estreitamente relacionada às mudanças no número de horas às quais as poedeiras são
expostas. Os estímulos luminosos atuam ao nível de hipófise promovendo a liberação de gonadotrofinas, as quais
exercerão influência no aparelho reprodutor (ovário, oviduto) com liberação, por exemplo, de hormônio luteinizante
(LH), responsável pela ovulação.
O número de ovos, o tamanho do ovo, a viabilidade e a rentabilidade total podem ser influenciados
favoravelmente por um programa de luz adequado, que pode ser de acordo com a indicação do manual da linhagem e é
baseado na idade das aves. A iluminação deve ser uniforme em todo aviário.
Normalmente, verificam-se algumas diretrizes específicas quanto ao programa de iluminação para as
diferentes linhagens comerciais disponíveis no mercado. O tipo de aviário (ambiente controlado ou aberto),
localização geográfica da granja (latitude), época do ano em que as aves são alojadas (fotoperíodo natural crescente e
decrescente), o grau de sensibilidade aos estímulos luminosos (idade/fase produtiva), interferem decisivamente no
estabelecimento do programa de iluminação. No entanto, algumas regras básicas ainda perduram:
Aves em crescimento devem ser submetidas à fotoperíodos constante e decrescente;
Aves em produção devem ser submetidas à fotoperíodos crescente e constante;
Não proporcionar estímulos luminosos para aves que não estejam com o peso corporal adequado.
Vantagens do programa de luz
Retira o efeito do fotoperíodo natural sobre as aves;
Antecipa ou retarda o inicio da produção de ovos;
Estimula, aumenta e sincroniza a produção de ovos;
Maximiza o pico e a persistência da produção de ovos;
Favorece o consumo compensatório à noite;
Melhora a qualidade da casca;
Melhora a conversão alimentar do lote;
Favorece o escalonamento da produção de ovos durante todo o ano .
Cria e Recria
Na primeira semana as pintainhas devem receber 20-22 horas de luz diária a uma intensidade de 30
lux.
Reduzir para 20 horas na 2ª semana, com 5 lux. Nas semanas seguintes (7- 9 semanas) reduzir o
período de luz até que se atinja 10-12 horas; quando em galpões abertos, reduzir o período luminoso
conforme o dia mais longo (entre 06 e 17 semanas).
Período de Estímulo Luminoso
Para chegar à maturidade sexual ou à produção de ovos, são necessários:
Idade cronológica mínima, geneticamente determinada (17 semanas);
Peso corporal mínimo (1,27 kg);
Consumo de nutrientes suficientes para manter a produção;
Luz do dia constante (ou em crescimento) de pelo menos 12 horas.
O estímulo luminoso não deve ser iniciado até que os lotes alcancem seu peso ótimo de 1,27 kg. Os lotes que
receberam estímulo luminoso para produzir, e que tenham pesos corporais abaixo do padrão, produzirão ovos de
tamanho menor do que o normal e apresentarão picos de produção mais baixos e, posteriormente, uma queda na
produção.
O aumento inicial deverá ser de uma hora ou menos. Aumente o período de luz em 15-30 minutos por semana,
ou a cada duas semanas, até que se atinja 16 horas de luz diária. Preferencialmente, o período de estímulo luminoso
deve ser até as 28-32 semanas. A intensidade de luz também deve ser aumentada até 10-30 lux no momento do
alojamento. Não permita que a duração de luz diária, nem a intensidade luminosa, diminuam para as aves adultas.
O período de estímulo luminoso pode ser usado como uma ferramenta para ajudar a obter o tamanho do ovo
desejado. Geralmente, o estímulo precoce resultará em poucos ovos a mais por ave alojada, porém, haverá uma
redução no tamanho do ovo. O atraso no estímulo de luz resultará em uns poucos ovos a menos por ave alojada, no
entanto, um aumento precoce no tamanho dos ovos.
Desta maneira, os programas de iluminação podem ser feitos de acordo com as necessidades de mercado.
Alimentação à "Meia - Noite"
Uma técnica opcional de iluminação, que incrementa o consumo de ração, é a chamada alimentação à Meia-
Noite. Deve-se oferecer luz por uma hora, no meio do período de escuro, e rodar os comedouros durante esse período.
Para uma poedeira típica, o programa diário com 16 horas de luz e 8 de escuro, a noite, consiste de 3,5 horas de
escuro, 1 hora de luz, e 3,5 horas de escuro.
O período de 16 horas de luz não deve ser mudado. O tempo de luz (1 hora) deve ser oferecido de uma única
vez e deve ser retirado de forma gradativa, a cada 15 minutos por semana.
Esta técnica permite que o consumo de ração aumente cerca de 2-5 g/ave/dia, sendo aplicável em condições de
stress calórico, ou a qualquer momento para aumentar o consumo de ração, tanto para lotes em crescimento, quanto
para lotes em produção.
NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE POEDEIRAS
A evolução genética das poedeiras produziu aves mais produtivas, com menor peso corporal e baixo consumo
de ração. O grande desafio é dominar o dinamismo da genética que tornaram as aves muito mais exigentes,
principalmente sob o aspecto nutricional. Assim como, são necessárias novas práticas de manejo e adequação destas
aves as novas instalações cada vez mais automatizadas, e com ambientes controlados que permite alojar com maior
coletividade e densidade.
Vários são os fatores ligados à nutrição que influem no bom desenvolvimento da poedeira:
Genética das aves que estão sendo criadas;
Qualidade das matérias-primas;
Formulação de ração adequada para a linhagem;
Qualidade da ração fornecida às aves;
Suplementação vitamínico-mineral adequada;
Qualidade e quantidade da água fornecida.
Programas Nutricionais
As linhagens são diferentes geneticamente, ou seja, o potencial de GP das aves é diferente, e
consequentemente, as recomendações nutricionais para cada linhagem são específicas e os programas nutricionais
também diferem.
A ração na granja de poedeira pode ser adquirida pronta, de alguma indústria que forneça ração animal, ou ser
fabricada na própria propriedade. O avicultor compra os ingredientes, a formulação e fabrica. E eles devem seguir
sempre os programas de alimentação específicos para cada fase de criação, que pode ser visualizado no manual da
linhagem.
Por razões de praticidade de trabalho dentro da granja, são poucos os criadores que adotam programas
nutricionais e fórmulas de rações específicas para cada linhagem determinada, muitas vezes prejudicando uma ou
outra. De acordo com o sistema de trabalho da granja, clima e instalações, deverá ser determinado um programa
nutricional específico.
Um exemplo de um programa nutricional
1. Ração inicial: 0 a 6 semanas;
2. Ração crescimento: 7 a 12 semanas
3. Ração pré-postura: 13 a 18 semanas
4. Ração postura: 19 até o fim da postura
Pontos importantes no manejo nutricional são sempre substituir o tipo de ração (alterar as fases) de acordo
com o peso e desenvolvimento corporal das aves (o manual da linhagem sempre traz uma tabela padrão). Caso as aves
não estejam com peso dentro dos valores padrão deve ser mantida a ração, ou caso necessário, fornecer uma ração
mais densa e energética para o lote até que este recupere o desenvolvimento normal.
E em períodos de stress é necessário estimular o aumento do consumo de ração. Práticas de manejo que
incentivem o consumo de ração incluem: aumentar o número de refeições e misturar a ração com mais freqüência;
utilizar ventilação adequada; usar ingredientes de ração altamente palatáveis, umidificar os galpão, entre outras.
Nutrientes essenciais
Energia
O fornecimento adequado de energia garantirá os melhores resultados zootécnicos, porém sendo a energia o
nutriente mais oneroso da ração, o retorno econômico será o principal determinante do nível ótimo de energia para
poedeira. O requerimento de energia é variável de acordo com o peso corporal, fase de produção, tamanho de ovo,
linhagem e temperatura ambiente.
A temperatura ambiente é um fator determinante no desempenho das aves. As poedeiras modernas são muito
mais exigentes em energia metabolizável do que era a poedeira antiga na mesma condição ambiental (temperatura de
25°C) e a necessidade energética é maior no frio.
No clima frio, a variação de consumo é menor para cada grau de variação de temperatura em relação ao clima
quente assim como, em temperaturas elevadas ocorre uma menor ingestão de EM.
Com o aumento de temperatura ocorre um declínio no consumo de energia (Gráfico 2 ). Entretanto, acima de
27-28°C o declínio começa a ser drástico desde que a ave esteja sob stress calórico. O ponto de cruzamento das linhas
representa a energia disponível para a produção e como a temperatura está crítica (acima de 28°C), a energia
disponível para a produção é também reduzida drasticamente e na temperatura de 33°C esta torna-se negativa.
Gráfico 2 – Temperatura ambiental e balanço energético de poedeiras de 1,5 kg de peso vivo.
Energia metabolizável x produção e peso de ovos
A habilidade das aves em direcionar a energia consumida para manutenção, peso e número de ovos está
diretamente relacionada com as condições ambientais na qual estão alojadas. Pesquisas com poedeiras alojadas em
temperatura termoneutra (21,1°C) indicam que primeiramente as aves utilizam a energia metabolizável para produção
de ovos e não para aumentar o peso dos ovos.
Em um estudo com aves em ambiente termoneutro (21°C) e em temperatura quente cíclica (26,7 a 35,6°C),
verificou-se que as aves na temperatura de 21°C somente aumentaram o número de ovos com o incremento de EM,
enquanto que as aves alojadas em ambiente quente direcionaram a energia tanto para o número, quanto para o peso dos
ovos, pois o requerimento de energia para mantença destas últimas foi significativamente reduzido.
É importante ressaltar que as aves somente são eficientes em temperaturas elevadas quando estão consumindo
adequadamente. Porém, observamos que o conforto térmico fornece melhores condições para que o animal expresse
seu potencial produtivo. Em temperaturas elevadas pode-se adicionar gordura na dieta que além de melhorar a
palatabilidade e diminuir o pó da ração, também reduz o incremento calórico do animal.
Proteína
A dieta deve garantir os aminoácidos essenciais e um nível adequado de proteína bruta para assegurar um
satisfatório “pool” de nitrogênio para a síntese de aminoácidos. Assim, as rações devem ser formuladas com base nos
aminoácidos e não no mínimo de proteína bruta.
Em condições ambientais brasileiras de temperaturas elevadas, devemos sempre elevar a quantidade de
aminoácidos sintéticos (metionina, lisina e treonina) com o mínimo incremento da proteína para não ocorrer um
aumento na produção de calor endógeno gerado pela digestão protéica.
O requerimento de proteína está associado com a taxa de produção e tamanho dos ovos. A produção de ovos
sobe rapidamente quando se eleva o consumo de EM da dieta, ao passo que níveis crescentes de proteína somente
influenciam a produção de ovos, quando o consumo de energia é baixo.
Proteína e Tamanho de ovo
Embora o tamanho da gema tenha uma grande influência no tamanho do ovo, não podemos menosprezar a quantidade
de albúmen. Sendo os sólidos do albúmen do ovo quase inteiramente protéicos, a demanda de proteína e aminoácidos
é grande, ou seja, uma carência de proteína resultaria num decréscimo da quantidade de albúmen e conseqüentemente
do tamanho do ovo, de forma similar afetaria a quantidade de gema. Não podemos esquecer que o peso do ovo e a
porcentagem de gema aumentam com a idade das aves, enquanto que a casca e a clara diminuem.
Aminoácidos
Metionina e lisina são os aminoácidos limitantes das dietas formuladas à base de milho e soja.
A metionina é um importante fator no controle do conteúdo de ovo (peso do ovo – peso da casca x % da
produção de ovos), pois a poedeira consome energia para sustentar o número de ovos, mas o peso dos ovos depende
dos níveis de aminoácidos da dieta.
Cálcio
Em razão de sua importância para a formação da casca do ovo, o cálcio tem sido um dos nutrientes mais
pesquisado nos últimos anos. Na avicultura de postura perdas de enorme importância econômica para o avicultor estão
relacionadas com a qualidade de casca dos ovos e aos índices de quebras que se traduzem em prejuízos diretos.
Quando ocorre quebra de casca dos ovos na granja, o importante é verificar a origem do problema. Por
exemplo, se ovos são quebrados antes da coleta, na área de processamento, no transporte, se já estavam trincados ou
existe um impacto causando a quebra, etc.
Os níveis de Ca são variáveis de acordo com a fase de produção, tamanho e idade das aves, EM da ração e
temperatura. O consumo inadequado de cálcio prejudica a qualidade da casca, assim como, o aumento da idade.
É fato conhecido que com o aumento da idade da poedeira em produção e um correspondente aumento no
tamanho do ovo há uma redução na espessura e resistência da casca e conseqüente aumento no índice de quebra dos
ovos. Para aves mais velhas e com problemas de cascas anormalmente finas podemos elevar o nível de consumo de
cálcio até um máximo de 4,75 g/ave/dia.
Além da idade da ave, temperaturas elevadas influenciam os parâmetros da casca. O estresse por calor reduz o
consumo de cálcio e a conversão da vitamina D3 em sua forma metabolicamente ativa, a 1,25 (OH)2D3, que é
essencial para a absorção e a utilização de cálcio. De fato, a exigência de cálcio para poedeiras aumenta com altas
temperaturas ambientais.
A piora da qualidade da casca nos meses quentes do ano também ocorre devido a um desbalanço ácido/base
quando as aves começam a ofegar para dissipar o incremento de calor. O uso de bicarbonato de sódio repõe parte dos
eletrólitos na ração e ajuda reduzir este problema.
Calcário e tamanho da partícula
O tamanho da partícula é muito importante, pois se o calcário for muito fino, o cálcio passa na moela
rapidamente, não ficando disponível no momento em que a ave está formando a casca do ovo. Como a formação da
casca usualmente ocorre durante à noite, quando as aves não estão comendo, a vantagem do uso de partículas maiores
é sua passagem mais lenta no trato gastrointestinal, deixando assim, o cálcio disponível para formação da casca e
consequentemente ocorre menor mobilização do cálcio ósseo pela ave.
Fósforo
As aves necessitam de um nível adequado de fósforo, pois a falta ou excesso deste mineral ocasiona a má
formação da casca e o aumento da mortalidade do lote.
Na literatura existem controvérsias à respeito dos níveis ideais de fósforo. Provavelmente, isto ocorra por não
levarem em consideração a idade da ave, já que estas respondem melhor com níveis mais altos no início do ciclo de
produção e níveis menores no final.
Alimentação das Frangas
A nutrição e o manejo das frangas durante o período de crescimento têm importantes efeitos na produção e no
peso do ovo durante o período de postura. Erros cometidos durante a fase de crescimento podem levar à baixa
produção na postura e não são corrigidos facilmente neste período. Por esta razão, é necessário o ajuste da formulação
das frangas no momento da mudança das fórmulas a fim de assegurar que o peso corporal e a uniformidade padrão
sejam atingidos.
Fórmula inicial farelada pode aumentar o ganho de peso corporal e a uniformidade através do aumento do
consumo de ração evitando a seleção dos ingredientes. As mudanças da formula são baseadas nas mudanças corporais,
não na idade das aves. Monitorar de perto o peso corporal das frangas é um pré-requisito para a mudança das fórmulas.
Se as aves estão abaixo do peso padrão recomendado às 3 semanas de idade (quando se recomenda
normalmente alterar a fórmula inicial para a de crescimento), a fórmula inicial deve ser mantida por mais tempo até
que o peso padrão para a idade seja atingido.
Se houver discrepância entre o peso corporal das frangas em relação ao padrão, refaça as fórmulas com altas
concentrações de energia. As frangas não ajustam o consumo de ração com base na ingestão de energia como as aves
adultas, respondendo a fórmulas de alta densidade de energia com um aumento do peso corporal.
O aumento de níveis energéticos na ração com o objetivo de aumentar o peso corporal em clima quente, não é
tão eficiente quanto em clima frio; portanto, aumente também as concentrações de aminoácidos, minerais e vitaminas,
proporcionalmente, nestas situações.
Embora fórmulas de alta densidade possam ser usadas para aumentar o ganho de peso, o uso de rações com
nível energético maior que o recomendável ou, com baixo conteúdo de fibra, podem resultar em baixo consumo de
ração e produção.
Ração Pré-Postura
O nível de cálcio para a ração de frangas é de cerca de 1%, o que assegura o consumo de cálcio suficiente ao
desenvolvimento e boa estrutura óssea. A ração pré-postura, fornecida à 2 semanas antes do primeiro ovo, mas nunca
antes de 15 semanas de idade, deve ter níveis de cálcio (2,50% cálcio) e fósforo mais altos que a fórmula de
crescimento, numa tentativa de auxiliar na formação do osso medular. Este tipo de osso age como um reservatório de
cálcio, do qual a ave pode mobilizar rapidamente o cálcio para a formação da casca do ovo.
O desenvolvimento correto do osso medular tem implicações como osteoporose e qualidade de casca no final
da postura. Todavia, o manejo extra da ração pré-postura, fornecida por um curto período, pode excluir este uso.
Nestes casos, não é recomendável fornecer à poedeira uma ração com altos níveis de cálcio (4-5%) antes da
maturidade sexual (ao invés da ração pré-postura), porque isso leva a produção de esterco úmido, que pode persistir
por todo o período de postura.
Por outro lado, as rações de crescimento e pré-postura não devem ser fornecidas após o primeiro ovo, uma vez
que possuem quantidades de cálcio inadequadas para sustentar a produção.
Alimentação das aves em postura
Pode ser feito um programa de arraçoamento por fases para assegurar um consumo nutricional correto por
todo período de postura para atender a demanda de produtividade e controle do tamanho do ovo.
A formulação deve ser feita de acordo com o consumo real de ração e os níveis de produção desejados. O
número de arraçoamento diário é uma importante ferramenta, mas deve ser feito de forma cuidadosa e controlada, a
fim de se evitar perdas. As aves devem ter acesso à alimentação várias vezes, especialmente antes do período de
escuro.
O consumo de ração das poedeiras é controlado por vários fatores, incluindo peso corporal (ou idade), % de
produção, peso do ovo, temperatura ambiente, textura da ração, desbalanceamento nutricional e nível de energia da
ração. O último é extremamente importante porque as poedeiras tendem a aumentar ou diminuir o consumo de ração
para manter o consumo de energia; em outras palavras, as poedeiras consumirão mais de uma ração de baixa energia,
do que uma ração de alta energia.
O aumento da densidade energética e de nutrientes da ração é favorável algumas vezes, especialmente quando
o consumo de energia se torna um fator limitante, como no período crítico entre alojamentos e pico de produção. Lotes
que consomem menos do que 270-280 kcal/dia (1,13-1,17 MJ/dia) por ave no pico de produção, tendem a apresentar
picos de queda de produção e redução no peso do ovo.
Stress calórico também pode resultar em baixo consumo de ração e de energia. Aumentando o nível de energia
da ração, pode-se ter um aumento no ganho de peso, na produção e no peso do ovo. Gorduras ou óleos são fontes de
energia e podem ser sadas para aumentar os níveis de energia da ração. A digestão de produtos à base de gordura
diminui o calor corporal (ou seja, a gordura tem um incremento calórico relativamente baixo), o qual é aproveitado
durante os períodos de stress calórico. Além disso, óleos vegetais são ricos em ácido linoleíco, benéfico ao peso do
ovo, embora também seja aceitável uma mistura de óleos vegetal e animal.
Manejo da ração
Normalmente esvazie, limpe e desinfete os silos, evitando que estejam com ração velha, mofada e não
palatável. Deve-se oferecer às aves comedouro cheio, mas com ração de boa qualidade.
No momento da entrega da ração, antes do descarregamento, assegure-se de que o produto e as quantidades
corretas estejam sendo entregues e que sejam colocadas nos silos corretos. Durante o descarregamento, colete
amostras representativas e coloque etiquetas apropriadamente, antes da estocagem (de preferência em freezer a -
20oC), por pelo menos 4 semanas.
Inspecione a ração visualmente em relação ao tamanho de partícula, coloração e cheiro comparando com as
amostras anteriores.
Há muito se discute se se deve ou não administrar ração à vontade, ou controlada, às frangas em crescimento. A favor
de ração à vontade se tem a simplificação do trabalho; a favor da restrição se tem a economia de ração, além de uma
melhora do desempenho na fase de postura. De qualquer forma, não se deve fazer restrição alimentar em frangas do
tipo leve, originadas da White Leghorn, já que elas não têm tendência a consumo elevado, sendo fácil ajustar sua curva
de peso àquela preconizada para a linhagem.
Entretanto, as aves de cor precisam de uma restrição bem aplicada. Porém, se deve considerar os seguintes fatos:
a quantidade do ração restringida a ser administrada depende do tipo genético da ave, da época do ano, do
sistema de criação e do nível energético da ração. Em princípio se admite que a ave em restrição alimentar,
deve consumir 70 a 80 % daquilo que consumia, se o regime fosse “ad libitum”. O acompanhamento do
peso corporal das aves, segundo o padrão da linhagem, permite fazer correções nas quantidades
administradas. A restrição deve começar na idade de 6 a 8 semanas, prolongando-se até 15 a 16 semanas. A
partir daqui se pode permitir à ave, se for o caso, um crescimento “compensatório” até chegar ao início da
postura;
pode-se aplicar o sistema dia-sim-dia-não, dobrando-se a quantidade
no dia-sim em relação àquela que seria dada se a restrição fosse
diária; ou o de dar a ração semanal em apenas três dias, deixando-as
em jejum nos outros 4 dias da semana; um terceiro sistema é o de
congelar a quantidade administrada a partir de 6 semanas de vida até
15 ou 16 semanas, deixando que elas ingiram a mesma quantidade
que ingeriam em regime “ad libitum” na sexta semana de vida. Este é
o sistema mais simples de todos, já que evita novos cálculos a cada
semana;
todas as aves devem ter acesso simultâneo aos comedouros,
favorecendo a uniformidade;
a restrição deve ser eliminada tão logo se observe a presença de
alguma enfermidade, retomando a ela tão logo o problema seja
resolvido;
nos dias de jejum, convém restringir também a água, evitando que as
dejeções se tornem muito úmidas, com conseqüências ruins para a
qualidade do esterco.
As frangas de reposição são aves que deverão apresentar, ao
final do período de recria, um peso corporal adequado e maturidade
sexual numa idade esperada proporcionando condições para a plena
expressão do seu potencial produtivo.
De maneira geral, o nível de proteína bruta (PB)
decresce da fase de cria para a recria. Segundo a citação do NRC
(1994), as dietas com PB baixa têm um efeito transitório sobre o
tamanho da fibra muscular, mas quando administradas por longos
períodos o efeito será sobre o número de fibras musculares. Tal
ocorrência explica o comprometimento do crescimento inicial,
afetando negativamente as etapas posteriores da franga. MILES
(1997) salientou que para cada 45 gramas de peso abaixo do
esperado, a maturidade sexual pode atrasar em 3 a 3,5 dias.
A fase de pré-postura é relativamente curta, cerca de 2
semanas, mas tem gerado controvérsias ao longo dos anos sobre os
níveis de cálcio principalmente. Segundo PENZ JÚNIOR (1991),
pelo menos 4 propostas de alimentação são realizadas normalmente.
A primeira delas seria a utilização da ração de crescimento até a
produção do 10 ovo. A segunda relaciona-se com o aumento do nível
de cálcio na ração de recria. A terceira proposta está vinculada ao
aumento do nível de proteína da dieta, para sustentar o expressivo
ganho de peso (400 a 500 g) em função do aumento do fígado e do
aparelho reprodutor. E a quarta proposta seria a antecipação da ração
de postura por duas semanas. LEESON (1986) citado por PENZ
JÚNIOR (1991), sugere que não há motivos para utilização de
qualquer programa nutricional, na fase de pré-postura, quando as aves
se desenvolvem de acordo com a curva de crescimento esperada.
CONTROLE ZOOTÉCNICO DA GRANJA
Número de aves alojadas
Data do alojamento
Data de nascimento
Origem das aves
Linhagem
Vacinas administradas
Programa de alimentação empregado
Peso corporal e uniformidade das aves
Mortalidade e viabilidades
Programa de iluminação utilizado
Idade da debicagem
Ovos produzidos
Peso médio dos ovos C
Consumo de ração
Outras observações relevantes
MANEJO DA PINTAINHA – Fase de cria (1 dia a 6ª semana)
O desenvolvimento da ave é multifásico. Na fase de cria, 1 até 6 semanas ocorre o crescimento visceral, ou
seja a definição do tamanho interno dos órgãos, determinando a estrutura corporal das aves, que dará suporte para
produção de ovos e de bom tamanho. Portanto atenção especial deve ser dada visando a boa produtividade das aves.
Antes de receber as pintainhas:
Limpar e desinfetar as instalações, equipamentos e áreas anexas;
Checar o funcionamento dos equipamentos: sistemas de aquecimento, comedouros e bebedouros;
Desinfetar os sistemas de água (tubulações);
Controle de roedores;
Ligue o sistema de aquecimento 24 horas antes da chegada das pintainhas;
Preparar o galpão
Gaiola:
Coloque papel para que não se deslize no piso da gaiola. Este papel deve desintegrar-se e cair do piso da
gaiola ou deve ser removido, quando se efetuar a debicagem (10 dias). Ligue o sistema de aquecimento 24 horas antes
da chegada das aves. Ajuste a temperatura a 32-33ºC e umidade relativa de 40-60%.
Observe os sinais de super aquecimento (respiração ofegante, sonolência), ou frio (amontoamento), e tome as
medidas apropriadas. O controle do aquecimento é crítico na criação em gaiola durante o crescimento, já que as
pintainhas não podem se mover para encontrar uma zona de temperatura adequada.
Piso:
Forme os círculos 24 horas antes. Ajuste a temperatura das campânulas para 33-35ºC. Elimine toda a corrente
de ar do galpão. Mantenha a umidade relativa adequada às aves alojadas no chão. As pintainhas se sentem melhor
quando a umidade relativa está entre 40 e 60%.
Qualidade das Pintainhas
O avicultor ao receber as pintainhas deve observar algumas características que determinam qualidade das
mesmas:
Pintainhas ativas e olhos brilhantes;
Umbigo bem cicatrizado;
Tamanho e cor uniformes;
Canelas brilhantes e lustrosas;
Plumagem seca e macia;
Sem emplastamento na cloaca.
A qualidade da pintainha de 1 dia se inicia na fase anterior, onde a nutrição, o manejo e as boas práticas para
as matrizes são essências para se obter aves com características fenotípicas adequadas e, sobretudo, no seus aspecto
interior quanto as reservas nutricionais iniciais, bem como anticorpos maternos, garantindo saúde imunológica
necessária para o inicio adequado da fase de crescimento das aves.
Fatores que afetam a qualidade da pintainha:
Idade da matriz:
Aves na fase inicial de postura produzem ovos menores, com maiores perdas de peso durante a incubação,
resultando em pintainhas de baixo peso corporal e com reservas insuficientes para o inicio de seu desenvolvimento.
Assim, observa-se alta mortalidade durante o alojamento.
Além disso, a idade da matriz influencia o peso da gema, albúmen e na proporção gema: albúmen, sendo que
matrizes mais velhas apresentam maior conteúdo de gema em relação ao albúmen, indicando que este pode ser um dos
fatores limitantes ao desenvolvimento embrionário, embora a principal fonte de minerais para o embrião durante a
incubação é a gema.
Para matrizes no final do ciclo, o grande problema é a transferência de imunidade passiva para as principais
enfermidades, assim, as pintainhas ficam expostas a problemas imunológicos na fase inicial de crescimento. Este
problema pode ser contornado com manejo nutricional adequado na 1ª semana de vida, com dietas com maior
densidade nutricional e na forma minipeletizada.
Dieta da matriz
Estudos mostram que progênie oriunda de matrizes que receberam suplementação de Zn, Mn e AA mostraram
maior viabilidade, que pode ser reflexo a melhoria no sistema imune. Além disso, aves oriundas de matrizes que
receberam altos níveis de Vitamina D3 e Ca mostraram maior GP, alta concentração de cinzas ósseas e Ca plasmático
e reduzida incidência de discondroplasial tibial.
Manejo na recepção das pintainhas:
Encher os bebedouros ou colocar o sistema hidráulico em funcionamento;
Cheque a temperatura dos sistemas de aquecimento: comece com uma temperatura de 32-33 ºC para gaiolas
ou 33-35 ºC ao nível das pintainhas para crescimento no piso;
Assim que colocadas nas instalações encher bebedouros de pressão para estimular bebida, quando o
bebedouro for nipple, reduzir a pressão da água para que as aves possam ver a gota de água suspensa no
bebedouro;
Encher os comedouros no nível mais alto;
Manter as luzes acesas a uma intensidade alta por 20-22horas por dia na 1ª semana.
Durante as primeiras seis semanas, o manejo alimentar deve ser duas vezes ao dia ou com maior frequência.
Debicagem
È uma prática de manejo comum na avicultura de postura, que tem por objetivo melhorar o desempenho
produtivo; evitar o canibalismo e reduzir a ocorrência de um “sistema hierárquico” entre as aves, melhorando a
uniformidade do lote; diminuir o desperdício de ração, uma vez que evita que as aves selecionem as partículas maiores
de ração (melhor CA); evitar que as galinhas quebrem os ovos durante a postura e permitir o confinamento das aves.
O canibalismo é um problema comportamental de animais confinados, ocorrendo com maior frequência em aves de
postura comercial criadas em sistema de gaiolas. Tem início com o ato de as aves bicarem suas companheiras, o que
frequentemente pode levar ao óbito da ave agredida, pois a ave machucada torna-se alvo de suas companheiras que
buscam pelo sangue de seu ferimento. Nas galinhas, a bicagem e o canibalismo geralmente afetam a região da
cloaca, mas podem se estender a outras partes do corpo, como as pontas das asas ou o dorso.
Deve ser feita uma vez (início da manhã ou entardecer) entre os 7-10 dias de idade com o auxílio de uma
maquina debicadora automática ou manual, que contém lâmina aquecida (595 ± 38 ºC) que realiza o corte e a
cauterização do bico. O tamanho apropriado deve ser selecionado a fim de garantir 2 mm entre a narina e o anel de
cauterização.
È um fator estressante para as aves, portanto deve ser realizada por pessoal capacitado, em tempo adequado e
com equipamento em bom estado, eliminando todo erro possível, o qual pode causar imperfeições no bico, afetando o
desenvolvimento da ave e consequentemente sua produtividade e contribuindo para desuniformidade do lote.
De acordo com a União Brasileira de Avicultura o processo de debicagem pode comprometer por algum
tempo o comportamento alimentar da ave, havendo a necessidade de um período para a reabilitação da mesma. Ainda
que, a debicagem cause estresse, é uma prática recomendada e desejada, desde que realizada com cuidado.
Recomenda-se utilizar eletrólitos e vitaminas (K e C) durante o período de debicagem (± 2 a 3 dias) e
aumentar os níveis de ração no comedouro. Não se deve debicar aves doentes.
Debicagem x bem estar
Poedeiras comerciais são debicadas para reduzir as injúrias e mortalidade causadas devido ao canibalismo, um
comportamento de extrema gravidade sob o ponto de vista de bem-estar.
A prática da debicagem possui vantagens e desvantagens sob a ótica do bem-estar animal. Algumas
desvantagens da debicagem incluem a percepção de dor de curta a longa duração próxima à área debicada; além disso,
a habilidade da ave em alimentar-se fica prejudicada temporariamente, uma vez que deve haver uma re-adaptação à
nova forma do bico. As vantagens em se adotar a debicagem no bem-estar do lote incluem a redução no canibalismo e
mortalidade, melhor condição do empenamento e menor estresse geral.
Os animais têm adaptado seu comportamento durante o período de domesticação a que foram submetidos. Em
programas de seleção genética, é essencial conhecer as diversas correlações entre características de comportamento em
relação às variáveis de produção. A seleção genética para produção de ovos indiretamente veio associada às
características negativas de comportamento como, por exemplo, a agressividade em determinadas linhagens. A
influência do background genético no comportamento das aves é exemplificada na manifestação do canibalismo, que
possuí herdabilidade de 0.05 a 0.50. Com o rápido desenvolvimento da genética molecular, estudos de QTL
(Quantitative Trait Loci) em comportamento animal, por exemplo, indicaram um total de 30 QTL envolvidas em
características de canibalismo em poedeiras.
Embora maior número de pesquisas seja necessário para se determinar a melhor idade para efetuar a primeira
debicagem em aves comerciais, resultados em termos de desempenho e bem-estar indicam que a primeira debicagem
deve ser efetuada até os 10 dias de idade e por mão-de-obra treinada. Uma segunda debicagem às vezes é necessária, o
que geralmente é feito entre 5 a 8 semanas de idade das aves, porém, quando a primeira debicagem é adequadamente
efetuada, um segundo corte do bico não se faz necessário.
A solução genética aos problemas de bem-estar causados pelo canibalismo tem sido a mais desejável na
atualidade, considerando que a debicagem também implica em mudanças de comportamento que vem afetar
negativamente o bem-estar. Não há dúvida que na ocorrência de um “surto” de canibalismo num lote, haverá grande
comprometimento do bem-estar das aves, contudo, com a prática da debicagem isto pode ser evitado.
MANEJO DE FRANGAS – Recria (6ª a 17ª semana)
O sucesso na produção de ovos comerciais é dependente da adequada criação das frangas de reposição. Podem
ser consideradas qualidades essenciais para uma boa franga, o seu desenvolvimento corporal e maturidade sexual em
idade adequada com boa uniformidade no inicio da produção.
As primeiras 17 semanas na vida de uma ave são críticas. Um bom sistema de manejo, durante este período,
assegura que a ave chegará ao galpão de postura pronta para render todo seu potencial genético. Quando ocorrem erros
durante as primeiras 17 semanas, geralmente não podem ser corrigidos no galpão de postura.
O desenvolvimento da ave é multifásico, onde de 1 até 6 semanas (cria) ocorre o crescimento visceral, de 7 a
12 semanas o crescimento ósseo, e de 13 a 18 semanas, do aparelho reprodutor.
Gráfico 3 – Estágios de crescimento e desenvolvimento de órgãos e tecidos de frangas de reposição (Adaptado de
Bertechini, 2006)
A conformação corporal com estrutura esquelética bem formada e ossos medulares com boa densidade óssea
são essenciais na manutenção de bons índices produtivos das poedeiras. Assim, especial atenção deve ser dada as
praticas de alimentação durante o período de recria, tendo como alvo o adequado crescimento e formação dos ossos.
Cuidados especiais com as fontes de cálcio e fósforo são fundamentais para se ter formação óssea adequada,
ate porque durante a fase de produção este tecido é extremamente importante para dar suporte à parcela de cálcio para
formação da casca (10% do Ca corporal total é usado), bem como no controle homeostático sanguíneo durante a
formação do ovo. Além disso, o programa de luz adotado também exerce influencia sobre o adequado
desenvolvimento dos ossos das aves.
O peso corporal da ave, que é influenciado por fatores nutricionais na recria, pode afetar o tamanho dos ovos,
principalmente no início da fase produtiva.
As aves em crescimento devem estar em local estritamente isolado das aves mais velhas. Medidas sanitárias
devem ser tomadas. Trace um plano de trabalho rotineiro para que os agentes patogênicos não passem das aves mais
velhas para as que estão em crescimento.
Figura 4 – Pontos críticos na produção da franga influenciando a qualidade do produto final
Transferência para o aviário de recria
Três dias antes de transferir as aves para o galpão de postura utilize vitaminas solúveis e eletrólitos na água de
beber. Continue por três dias, após o alojamento. Esta medida ajudará a minimizar os efeitos do estresse, causado pela
transferência.
Deve ser feito nas horas mais frescas do dia e com muita calma. As aves devem ser apanhadas pelos pés ou corpo e
serem colocadas em caixas limpas e desinfetadas e transportadas em veículos desinfetados. O galpão deve estar
previamente preparado
Associar com práticas de manejo, como vacinação e pesagem. Distribuir as aves por faixa de peso
(uniformidade).
Controle do peso e da uniformidade
Na fase de recria até o final do pico da postura os pesos corporais devem ser verificados periodicamente e
controlados, comparando-os com os pesos padrões do manual da linhagem.
Pelo menos 100 aves devem ser pesadas semanalmente durante o período de crescimento, iniciando na 6ª
semana de idade e repetida a cada duas semanas. É muito importante que se pese antes de uma troca programada de
alimento. Se o peso do lote é menor que o recomendado, deve-se seguir com a formulação contendo níveis mais
elevados de nutrientes, até que se alcance o peso corporal ideal para a idade.
Além do peso corporal médio, a uniformidade dos pesos corporais dentro do lote é um indício do
desenvolvimento normal.
A uniformidade se expressa como a porcentagem dos pesos individuais que estão dentro dos 10% da média do
lote. Uma meta realista é de 80% de uniformidade. Por exemplo, se o peso médio do lote às 18 semanas for de 1,27
kg, 80 % das aves deverão pesar entre 1.14 kg a 1.40 kg. Geralmente, a uniformidade atinge 90% no pico de postura,
com valores mais baixos em aves mais jovens ou mais velhas.
Os fatores que podem prejudicar o peso corporal e a uniformidade são: qualidade da pintainha, amontoamento,
enfermidades, debicagem mal realizada, consumo inadequado de nutrientes, elevada densidade de criação, doenças
clínicas e subclínicas e aquecimento e ventilação inadequados.
A pesagem com intervalos frequentes em determinada idade na qual o lote varia do padrão, ajudará a tomar
medidas corretivas, como separar por categoria de peso e manejo diferenciado de alimentação entre os grupos.
Figura 5 – Curva de distribuição de uniformidade de frangas
PRÉ-POSTURA (17 semanas ao 1º ovo)
É importante salientar que a fase de pré-postura é caracterizada por mudanças fisiológicas, tais como: aumento
no tamanho da crista e barbela, aumento no tamanho e atividade do fígado, aumento no depósito de cálcio medular,
formação do oviduto e formação dos primeiros ovos.
Para atender as exigências das aves nesta fase de constantes mudanças fisiológicas em que a poedeira chega a sustentar
um aumento de peso de 400 a 500g aproximadamente em duas semanas, justifica-se o uso de dietas de pré–postura
com níveis adequados de aminoácidos, cálcio e fósforo.
Transferência para o galpão de postura
O galpão de postura deve ser limpo, desinfetado, assim como o sistema de água também deve estar limpo e a
água clorada. A idade ideal para transferir as frangas para o galpão de postura deve ser antes do início de produção,
entre 15 e 17 semanas. Durante a transferência realizar a seleção e padronização das aves, agrupando-se frangas pela
conformação corporal (peso corporal) e maturidade sexual (desenvolvimento da crista).
Fornecer às aves vitaminas hidrossolúveis e eletrólitos por 3 dias antes e 3 dias depois da transferência.
Durante a transferência das aves, proceder de maneira ordenada e cuidadosa para evitar fraturas ósseas ou lesões no
sistema reprodutivo.
Favorecer o acesso à ração e à água, principalmente as aves criadas no piso com bebedouros pendulares e
transferidas para gaiolas com bebedouros tipo Nipple. Manter estímulos constantes de consumo de ração pelo menos
nas duas semanas seguintes à transferência
Os dados de campo revelam que o peso alcançado pelas aves às 18 semanas de idade irá influenciar
diretamente nos índices zootécnicos da vida da poedeira.
O gráfico 4, demonstra que as aves pequenas e leves com 18 semanas são as menores no início da postura,
consomem pouca ração e permanecem pequenas e produzindo ovos menores durante todo o ciclo de postura, sendo o
inverso verdadeiro para as aves mais pesadas. Tal ocorrência explica o comprometimento do crescimento inicial que
influencia negativamente as etapas posteriores da franga.
Gráfico 4 – Curva de peso de poedeiras de 15 a 63 semanas de idade
MANEJO DE POEDEIRAS – Postura (1º ovo até 80 semanas)
As poedeiras comerciais modernas estão cada vez mais exigentes no seu inicio de postura, sendo que a não
observância dos princípios básicos da produção de frangas acarretam em vários problemas durante o inicio da
produção e ao longo do ciclo produtivo, como alta mortalidade, baixa manutenção do pico de postura e menor
longevidade produtiva das aves.
A conformação corporal com estrutura esquelética bem formada e ossos medulares com boa densidade óssea
são essenciais na manutenção de bons índices produtivos das poedeiras.
Descarte de galinhas improdutivas (“Culling”)
A transição dos períodos de cria e recria para o período de postura é de suma importância para o futuro lote.
Aves mal formadas terão uma vida produtiva abaixo de suas potencialidades genéticas. Normalmente entre 18 e 20
semanas de idade, dependendo da linhagem, as poedeiras já devem estar preparadas para a postura. É importante
considerar que nem todas as galinhas entram em postura ao mesmo tempo, mas espera-se que em lotes saudáveis todas
as aves já tenham atingido a maturidade sexual até as 30 semanas de idade.
Contudo, vários fatores podem prejudicar o desempenho das aves, mesmo após o início da maturidade sexual.
Entre eles destacam-se:
Deficiências nutricionais e distribuição e regulagem incorreta de equipamentos (comedouros e
bebedouros), o que pode causar desuniformidade no lote;
Elevada densidade de criação;
Material de cama inadequado e manejo incorreto;
Ocorrência de doenças em virtude da ausência de programas de vacinação e biosseguridade;
Problemas com verminoses ou parasitas externos (piolhos, ácaros).
Para corrigir deficiências de manejo é fundamental que o produtor utilize como referência os manuais de
criação e boas práticas na produção de galinhas de postura. No monitoramento do lote deve-se anotar os dados de
produção de ovos que serão utilizados para acompanhar o desempenho das aves.
Culing é o descarte de aves improdutivas. Este descarte deve ser feito porque o objetivo principal da criação
de poedeiras é a alta produção de ovos e que as aves mal formadas terão uma vida produtiva abaixo de suas
potencialidades genéticas, e isso acarretaria em baixo desempenho econômico do lote.
Então deve ser feito um descarte no início da fase da postura (por volta das 17 semanas), retirando as aves
fracas, defeituosas e doentes. E a partir de 28-30 semanas (que é considerado a maturidade sexual das aves, o pico da
postura), o descarte deve ser feito regularmente para fêmeas com baixo índice produtivo, ou que não estejam
produzindo.
É fácil detectar as aves improdutivas por determinadas características físicas externas e pela pigmentação em
certas partes do corpo (Tabela). Além disso, há os métodos de reversão da cloaca e verificação das distâncias entre os
ossos púbicos e o osso externo (Tabela 2). Na medição da distância horizontal entre os ossos púbicos e da distância
vertical entre esses mesmos ossos e a ponta do osso externo, considera-se nem produção as aves que apresentam
abertura suficiente para a passagem do ovo.
MUDA FORÇADA (INDUÇÃO DO 2º CICLO DE PRODUÇÃO)
A muda é um processo natural de renovação da plumagem das aves que ocorre anualmente e representa o
período em que acontecem mudanças no comportamento de ingestão de alimentos com redução ou cessamento das
suas funções reprodutivas. Normalmente, coincide com o fotoperíodo decrescente, ou seja, quando a quantidade de luz
vai diminuindo e os dias vão ficando mais curtos.
Na produção comercial de poedeiras, o avicultor colocou em prática a chamada muda forçada ou indução do
segundo ciclo de produção, que se constitui na restrição de água e alimento. Ou seja, a muda forçada é uma estratégia
econômica adotada nas granjas de poedeiras comercias, tanto para ovos como para pintos. O plante é forçado ou
induzido ao descanso num reprodutivo num período de um tempo determinado através do método escolhido pelo
avicultor.
Objetivo e características
A busca pela melhora no desempenho reprodutivo e o aumento da produtividade das poedeiras em 25 a 30
semanas, pela melhoria da casca do ovo e da produção de ovos é o objetivo da muda forçada.
A muda forçada pode ser executada em qualquer idade da produção. Normalmente é realizada no final do 1º
ciclo de postura (em torno de 70 semanas de idade).
Consiste, principalmente, na restrição do consumo de alimento e manutenção das poedeiras por um período
não produtivo em torno de 10 semanas. Esse tempo é necessário para cair a plumagem, o ovário e o trato reprodutivo
regredirem, diminuição do peso corporal, as penas renascerem e a ave se tornar apta à fotoestimulação.
Aspectos fisiológicos
A muda proporciona um período de descanso para o aparelho reprodutivo da ave, que se tornará rejuvenescido
para iniciar um novo ciclo de postura por desencadeamento de mecanismos hormonais envolvidos no processo.
Uma muda pode ser iniciada quando se rompe o equilíbrio hormonal que possibilita a postura ou ainda quando
se produz uma alteração deste equilíbrio como consequência defatores de estresse
Durante o jejum, a síntese do hormônio liberador de hormônio luteinizante (LHRH) é inibida pelo hipotálamo,
levando a redução da secreção do hormônio luteinizante (LH) pela adenohipófise. Isso faz com que haja um colapso
na hierarquia folicular do ovário, ocorrendo perda de estímulo do hormônio estrogênio que mantém em atividade o
oviduto, induzindo por consequência sua regressão.
Os folículos em maturação hierárquica sofrem atresia e o material da gema é reabsorvido causando a
diminuição de peso dos ovários. Além da redução de LH e estrogênio, os níveis de estradiol e progesterona declinam e
os de tiroxina aumentam. Esses níveis elevados de tiroxina podem ser a causa da perda de penas, uma vez que a
tiroxina estimula o crescimento de novas penas.
A redução do peso do ovário é inicialmente independente da duração do jejum e da taxa de perda de peso.
Após a perda de 25% do peso corporal, o ovário está completamente regredido.
Após o término do período de indução a muda, com o retorno do fornecimento de ração balanceada, ocorre
uma retomada dos esteróides sexuais pelos ovários durante a recuperação da muda, e o oviduto reaviva
A temperatura corporal no período de muda, durante o jejum, sofre um decréscimo, mas volta a subir quando
o alimento é reintroduzido, fato que coincidente com a perda das penas nas poedeiras e leva à sua renovação.
A vitamina D na sua forma hormonal 1,25 (OH)2D3, é de importância central para o transporte de Ca do
intestino para glândula da casca. As concentrações plasmáticas de 1,25 (OH)2D3 diminuem nas aves com o aumento
da idade e são aumentados após a muda, obtendo-se níveis semelhantes ao de aves jovens. Com a muda forçada
verificou-se também a ocorrência do aumento do número de receptores para 1,25 (OH)2D3 na glândula da casca.
Importância econômica da muda forçada
A decisão em efetuar um programa de muda forçada deve levar em conta o ponto de vista econômico, que
depende de numerosos fatores, destacando a necessidade de melhoria da qualidade da casca do ovo de aves velhas, e
custo das frangas para reposição.
Taxa de ocupação das instalações
O custo das instalações é um fator de grande importância no custo total da produção de ovos. Além das
questões de densidades de criação, a maneira na qual as instalações são ocupadas ao longo do tempo influem nos
resultados econômicos. Portanto, a otimização na utilização deste recurso pode significar a diferença entre as margens
positivas ou negativas da atividade.
Quando submetemos a ave a um programa de MF fazemos com que a produtividade de ovos/unidade física de
produção sofra uma redução, o que é decorrente de um período em que as aves ocupam os galpões de produção sem
que haja ovipostura. Assim quando consideramos o volume total de ovos por dia de ocupação do galpão de produção,
frequentemente há vantagem para exploração em ciclo único.
Quando ocorre a troca de lotes, sem a MF, o período de ausência de ovos é mais reduzido, gerando uma maior
produção de ovos por unidade produtiva (ovos/ave/dia/galpão)
Figura 5 - Volume de ovos por dia de ocupação do galpão de postura para produção em 1 e 2 ciclos.
Quando induzir o 2º ciclo de produção
Considerando a taxa de ocupação das instalações, a opção de fazer um novo ciclo de produção deve ser bem
analisada e alguns fatores devem ser considerados.
À medida que a poedeira envelhece há uma queda na produção e na qualidade externa dos ovos, justamente
quando o peso do ovo é maior. Esses são os principais motivos para a indução do segundo ciclo em galinhas poedeiras.
No entanto, outros fatores como custo de formação das frangas de reposição, oferta e preço dos ovos no
mercado consumidor e problemas de sazonalidade na demanda do produto, podem influenciar na decisão.
Estes fatores devem ser comparados ao custo de manutenção das poedeiras por um período não produtivo em
torno de 10 semanas. Quando a qualidade dos ovos é boa e eles estão com bom preço de mercado, pode-se induzir o
segundo ciclo de produção quando a poedeira estiver com cerca de 70 semanas. Por outro lado, se a qualidade é ruim e
os preços estão baixos, a antecipação do segundo ciclo pode acontecer.
A realização de um segundo ciclo de produção somente se justifica quando resulta em melhoria da qualidade
dos ovos e aumento do lucro do produtor, já que a vida útil da poedeira aumenta por mais 25 a 30 semanas, podendo
atingir picos de produção em torno de 85%.
Vantagens da MF
Redução nos custos de recria: na exploração de ciclo único, faz-se necessário um maior volume de aves em
período de recria, o que significa maior volume de capital de giro investido nesta fase;
Melhoria da qualidade dos ovos (interno e casca);
Aumenta a produção de ovos;
Ajustes no volume de produção de ovos em momentos específicos (sazonalidade);
Ajustes na programação de alojamento de pintainhas de 1 dia;
Necessidade de cancelamento de novos lotes;
Necessidade de redução da produção de alimento;
Providências iniciais para induzir o segundo ciclo de produção
Observar se o lote está sadio e as vacinas atualizadas e adequadas - o período de restrição alimentar é um fator de
grande estresse e gera um estado de imunossupressão, que promove a possibilidade de ocorrência de problemas de
ordem sanitária nestes lotes. Aves que serão submetidas a um segundo ciclo de produção devem, portanto, receber um
novo programa de vacinações e receber aditivos alimentares para restabelecimento da microbiota eutrófica.
Realizar uma seleção e retirar as aves refugo;
Informar-se sobre o peso das galinhas, através de uma amostra em torno de 10% do plantel em lotes inferiores
a 1.000 aves ou 5% se o lote variar de 1.000 a 5.000 aves ou 1% em lotes acima de 5.000 aves;
Fazer a homogeneização da lotação por gaiola ou por boxes;
Controle da mortalidade e peso corporal durante todo o processo
Métodos
Ao longo do tempo, várias metodologias têm sido empregadas para a indução deste descanso forçado. Os
métodos envolvem restrição alimentar quantitativa (jejum) ou qualitativa (restrição de Na e Ca ou altos níveis de Zn e
Cu), redução do fotoperíodo e jejum de água.
A maioria dos programas de indução do segundo ciclo de produção utiliza a retirada de ração por um período
de 8 a 14 dias. Esse jejum provoca um estresse severo e causa a perda de peso da ave, paralisando a produção de ovos
rapidamente.
O período de jejum (sem alimento) é variável, depende da gordura acumulada pelo lote (por isso a importância
de sempre acompanhar o ganho de peso do lote) e da capacidade da linhagem em perder peso (geralmente o manual da
linhagem das sugestões de métodos de muda que pode ser utilizados)
Períodos de jejum mais prolongados determinam maior perda de peso e involução dos órgãos do sistema
reprodutivo e, consequentemente, um maior período para o retorno à produção de ovos. Em contrapartida, estas aves
retornam com a produtividade e qualidade de ovos superior em relação às aves que são submetidas a períodos mais
curtos de descanso. A escolha da metodologia mais adequada deve levar em conta estes aspectos técnicos, além
daqueles relacionados com a economicidade desta prática de manejo.
Independente do método adotado o retorno do alimento deve ser quando: o lote perder em torno de 25 a 30%
do peso em que se iniciou a muda; o peso se aproximar daquele do início da produção; as aves atingirem no máximo
12 dias sem alimento; a mortalidade deve ser no máximo 1,2% do lote.
O método de indução de muda forçada baseado no jejum é o mais utilizado no Brasil, porém esse método vem
sendo contestado em todo o mundo, onde a preocupação com o bem-estar das aves é bastante intensa e surge como
uma tendência mundial
Os métodos nutricionais de restrição qualitativa tem sido os mais estudados e se baseiam na oferta de ração
com baixas ou altas concentrações de determinados nutrientes, ou na inclusão de um alimento alternativo na ração.
Entre as propostas estão o fornecimento de ração com menos cálcio, menos fósforo, deficientes em sódio e com altos
teores de zinco. Outro método entre os nutricionais que vem sendo estudado tem como base o uso de rações diluídas
com ingredientes ricos em fibra e ou que contenha fatores antinutricionais, como a inclusão de jojoba, bagaço de uva,
farelo de trigo, farelo ou semente de algodão e feno de alfafa.
Figura 6 – Recomendações de Muda sem jejum sugerido no manual de manejo da Hy-Line W36
Fatores que afetam a muda forçada
Porcentagem de produção pré-muda
Poedeiras com percentagem de postura menor antes da muda apresentam mudanças fisiológicas mais
significativas quando comparadas com aves com maior índice de produção, tais como redução no peso corporal e do
oviduto;
Idade das poedeiras
Quanto mais tarde se faz a muda, pior os resultados econômicos no segundo ciclo.
Temperatura ambiente
A regulação do consumo de alimento pelas aves é prejudicado quando são alojadas fora do seu conforto térmico.
Linhagem utilizada
As galinhas indicadas para um segundo ciclo de produção são as poedeiras leves (normalmente de penas
brancas e ovos brancos), pois estas produzem ovos por um período mais longo. Além disso, algumas linhagens perdem
peso mais lentamente que outras, portanto, não se deve usar como parâmetro somente os dias em muda, mas também
monitorar o peso das aves.
Concentrações dietéticas de cálcio
A ração usada durante a muda deve conter baixa concentração de cálcio, para suspender a liberação das
gonadotropinas, e conseqüentemente, provocar a interrupção da produção de ovos.
Nutrição adequada pós-muda
Uma produtividade satisfatória durante o segundo ciclo só é atingida quando as aves têm condições
nutricionais adequadas para garantir uma boa recuperação dos componentes corporais e retorno rápido à produção de
ovos. Sendo assim, um dos principais nutrientes requeridos pelas galinhas nessa fase são os aminoácidos, destacando-
se a metionina + cistina.
2º Ciclo de produção
O 2º ciclo de postura deverá durar aproximadamente 35 a 40 semanas. O pico de produção no segundo ciclo
poderá chegar a 84-87%, e cada galinha poderá produzir durante o ciclo em torno de 170-200 ovos.
Os ovos do segundo ciclo são maiores e a casca é bem resistente, mas a qualidade do ovo começa a cair após o
4o mês de postura.
Muda forçada x bem estar animal
Esse método é economicamente viável, no entanto, está em desacordo com as normas de bem-estar animal, já
que a fome é um motivador básico e o desejo insaciável por alimentos pode tornar-se exacerbado quando poedeiras
são alojadas em densidades altas nas gaiolas, o que limita a expressão do comportamento normal da ave.
Nos últimos anos, muitas pesquisas têm sido efetuadas na busca de métodos alternativos ao jejum prolongado
para obter a muda e, conseqüentemente, efetuar o aproveitamento do lote por mais um ciclo de produção. Técnicas
substitutivas têm usado vários desbalanços nutricionais para esta finalidade. Estes métodos são mais onerosos e
demorados que o jejum, pois o período de perda de peso e a redução na função reprodutiva da ave levam mais tempo.
Trabalhos têm demonstrado que o óxido de zinco (2.800 ppm de Zn), fornecido na ausência de cálcio, tem um
efeito supressivo no sistema reprodutivo independente da anorexia.
As fibras insolúveis como o farelo de algodão, a farinha de jojoba, o farelo de trigo e o feno de alfafa podem
ser usadas para diluir a dieta, proporcionando menor consumo de energia e proteína pelas poedeiras. Além disso, tem-
se usado rações deficientes em sódio (<0,04%) ou cálcio (<0,3%) para induzir o repouso da ave.
Contudo, vale lembrar que os estudos relativos aos métodos alternativos de muda forçada têm freqüentemente
encontrado resultados conflitantes. Muitas vezes, os resultados alcançados no segundo ciclo de produção não atendem
ao objetivo do produtor, pois há alguns fatores que interferem diretamente.
No Brasil, a União Brasileira de Avicultura (UBA), já tem editado o “Protocolo de Bem-Estar para Aves
Poedeiras”, no qual a Mudança Forçada não é recomendada. Todavia, as seguintes recomendações servem para reduzir
o sofrimento das aves quando as condições econômicas exigirem a sua realização:
O processo de muda dos lotes deve ser feito de maneira que reduza ao mínimo a mortalidade e danos ao
mesmo. As galinhas de descarte devem ser separadas do lote antes de começar a muda;
Não deve ser realizada a muda em lotes com histórico de enfermidades;
Não deve ser realizada a muda em lotes com histórico de enfermidades;
O lote submetido à muda deve estar em bom estado nutricional e sanitário;
A água deve estar disponível sempre durante a muda;
A mortalidade e a perda de peso corporal devem ser supervisionadas diariamente durante o período de muda;
Deve ser feita a muda sem a retirada total do alimento e utilizando grãos. Em qualquer caso, a alimentação
deve ser retornada às aves antes que o peso corporal reduza 25% em relação ao peso anterior à muda;
Durante a muda, o período de luz deve ser reduzido a 8 horas ou permanecer no período natural de luz diário e
de acordo com o sistema de criação.
MANEJO DOS OVOS
Coleta de ovos
O manejo dos ovos que deve ser bastante cuidadoso. Não há um número exato de coletas diárias, mas o maior
o número de coletas é recomendado para evitar ovos sujos, contaminados ou quebrados. Coleta manual em granjas
pequenas recomenda-se no mínimo 2 vezes ao dia. Já em granjas automatizadas a coleta pode ser feita até de hora em
hora.
Lavagem dos ovos
Após coletados os ovos deve ser lavados com água de boa qualidade a Tº de 38-40°C ou com solução
detergente a fim de desinfetar a casca e melhorar o aspecto visual. A lavagem deve ser feita no máximo até 4h após a
postura.
Ovoscopia
Depois de lavados e secos os ovos devem passar pelo processo de ovoscopia no qual o ovo (casca e interior) é
observado através da luz, para identificar possíveis anomalias.
O Ovoscópio é um aparelho que permite detectar eventuais anomalias, na casca ou no interior do ovo.
Os principais defeitos que podem ser verificados no processo são:
Trincas ou pequenas rachaduras;
Ovos com manchas de sangue e coloração rosa-pálido na clar;
Gemas duplas ou múltiplas;
Ovos velhos (câmara de ar maior que o normal e gema densa);
Massa Escura (contaminação)
Aspersão Mineral
Depois da ovoscopia os ovos devem passar pela aspersão de óleo mineral para fechar os poros da casca.
Classificação
O ovo é classificado em grupos, classes e tipos, segundo a coloração da casca, qualidade e peso.
1. Coloração da casca, será ordenado em 2 grupos:
I – Branco
II - De cor (coloração avermelhada)
Ambos apresentam a mesma condição nutritiva, e a preferência entre eles se dá, muitas vezes, pela cor mais
pigmentada da gema.
2. Qualidade, será ordenado em 3 classes:
Classe - A
Classe - B
Classe – C
Conforme características da limpeza, integridade da casca, e físicas da clara e gema.
3. Peso do ovo – é a classificação mais comum no Brasil. Pode ser manual ou automática
Classe XXL – Jumbo - É Superior a 65 gramas.
Classe XL – Extra Grande - Tem entre 60 a 65 gramas
Classe L - Grande - Tem entre 55 a 60 gramas.
Classe M - Médio - Tem entre 50 a 55 gramas.
Classe S - Pequeno - Tem entre 45 a 50 gramas
Embalagem
Após classificados os ovos são embalados com a finalidade de proteção para manter a qualidade do produto e
contribuir para o “marketing”.
As embalagens podem ser de papelão ou isopor e a quantidade de ovos por embalagem para o consumidor,
mais comuns, são 30 ovos (2,5 dúzias), 12 ovos (1 dúzia), 6 ovos (1/2 dúzia).
Cada embalagem pode corresponder a um lote e a uma classe de peso.
Armazenagem
Os ovos embalados devem ser armazenados com cuidado de colocá-los em salas limpas, pois absorvem certos
odores. O ideal é armazená-los em temperatura de 10°C a 13°C e umidade relativa de 70 a 80%. Assim a qualidade
interna do ovo pode ser mantida por mais de dois meses.
Processamento de ovos
O processamento de ovo exige diversas fases e através dele é possível a obtenção de diversos tipos de ovos.
Existem diversos produtos considerados como sendo obtidos a partir do ovo, dos seus diferentes componentes, clara
ou gema, depois lhes ser retirada a casca e as membranas e que são destinados ao consumo humano, podem estar
complementados com outros produtos alimentares ou aditivos. Os ovos processados podem ser encontrados em pó ou
liquido e são classificados como:
ovo integral desidratado;
ovo integral pasteurizado resfriado;
ovo integral pasteurizado congelado;
gema de ovo desidratada;
gema de ovo pasteurizada resfriada;
gema de ovo pasteurizada congelada;
gema de ovo desidratada especial para maionese;
clara de ovo desidratada;
clara de ovo pasteurizada resfriada;
clara de ovo pasteurizada congelada;
mistura de ovos pasteurizado resfriado;
mistura de ovos pasteurizado congelado.
Na Figura 7 é representado o fluxograma básico do processamento de ovos. É importante ser observado que a
lavagem dos ovos só é recomendada quando da produção de conserva de ovos, quando então os ovos serão
imediatamente quebrados. Isso se deve pelo fato que na lavagem, a depender do tipo detergentes, possa ocorrer a
retirada cutícula, propiciando assim a contaminação interna, como também, acelerando o processo de decomposição,
uma vez que ocorrerá a perda do CO2 dissolvido na clara e facilitará a entrada de microrganismos.
Figura 7 – Fluxograma do processamento de ovos
Comercialização, nomenclatura de ovos: Normas Gerais de Inspeção de Ovos e Derivados (PORTARIA Nº
01, de 21.02.1990) e o Título IX do RIISPOA.
QUALIDADE DOS OVOS
O ovo é um alimento nutricionalmente completo, com elevado valor nutritivo e apresenta baixo custo, sendo a
acessível a todas as classes sociais. A produção de ovos com qualidade superior requer estratégias especiais de
controle dos mecanismos que influenciam ou determinam os parâmetros desejáveis.
A qualidade dos ovos recebe diferentes enfoques para produtores, consumidores e processadores. Para os produtores, a
qualidade parece estar relacionada com o peso do ovo e resistência da casca (defeitos, sujeiras, quebras, manchas de
sangue). Para os consumidores, a qualidade está ligada ao prazo de validade do produto com as características
sensoriais, como cor da gema e da casca, bem como a composição nutricional (colesterol, vitaminas, ácidos graxos). Já
para os processadores, a qualidade está relacionada com a facilidade de retirar a casca, com a separação da gema da
clara, com as propriedades funcionais e com a cor da gema (especialmente para massas e produtos de padaria).
Fatores que influenciam a qualidade dos ovos
Embora sob diversos ângulos, os mecanismos que influenciam a qualidade dos ovos ainda são os mesmos:
genética, idade da ave, ambiente, manejo e nutrição. A melhoria da qualidade dos ovos consiste de estratégias de
manipulação desses mecanismos em conjunto ou isoladamente, de acordo com o objetivo desejado
1. Fatores Genéticos
Linhagens diferentes de galinhas poedeiras apresentam capacidades distintas de transporte de nutrientes para
os ovos, bem como certas particularidades como a cor da casca. Quanto à composição nutricional dos ovos, a mesma
sofre grande influência da nutrição da ave, contudo a cor da casca é dependente exclusivamente da genética.
Apesar das diferenças que possam existir em relação aos parâmetros físicos dos ovos entre diferentes
linhagens, a cor da casca não é um indicativo direto de qualidade, todavia, muitos consumidores fazem essa
associação. Um exemplo clássico é o fato dos ovos marrons serem geralmente mais caros que os ovos brancos. Essa
variação de preços está unicamente relacionada aos custos mais elevados com a produção das poedeiras semi-pesadas
do que com poedeiras leves.
No entanto, muitos consumidores associam esse preço à qualidade do produto ou o associam a ovos de
galinhas caipiras, os quais consideram mais saudáveis.
2. Idade da ave
A idade é o maior determinante do tamanho do ovo para todos os tipos de aves. Ao longo do ciclo de postura
ocorre a piora na espessura da casca, todavia, a quantidade de casca depositada no ovo não diminui. Na realidade o
que ocorre é que a elevação na secreção de carbonato de cálcio pela poedeira é insuficiente em acompanhar
simultaneamente o aumento no tamanho do ovo, conseqüentemente a espessura da casca decresce.
Um fato interessante é que as correlações existentes entre o peso da casca e do ovo são, em condições normais,
positivas e elevadas, dessa forma, parece claro que não é o tamanho do ovo propriamente dito que influencia na
qualidade da casca, mas sim o incremento em seu tamanho, uma vez que, quando ovos sofrem um substancial aumento
de tamanho ao longo do ciclo de postura, é quando mais se verifica a redução da característica de resistência da casca a
quebra
3. Ambiente
A qualidade da casca diminui gradativamente a partir de 26ºC. Altas temperaturas associadas à umidade
elevada podem causar alterações no equilíbrio ácido-base das aves e consequentemente prejudicar a formação do ovo e
sua qualidade. Nesta situação, a exaustão do CO2 (ofegação), que leva a uma alteração no equilíbrio ácido-base
(alcalose respiratória), desencadeia também um desequilíbrio eletrolítico e mineral, que pode resultar em ovos
pequenos e de casca fina. Isto ocorre, principalmente, porque a alcalose afeta a concentração de cálcio no sangue.
4. Nutrição
A nutrição das poedeiras além de influenciar na qualidade física dos ovos (tamanho, porcentagem de seus
componentes, resistência da casca) pode ainda influenciar a qualidade nutricional (composição química) dos mesmos.
Com relação aos minerais, o cálcio deve receber atenção especial, uma vez que a deposição diária deste
mineral na casca do ovo corresponde a 10% do total de cálcio estocado no organismo da ave, o que torna evidente a
importância desse mineral na alimentação das poedeiras e na qualidade da casca. Se há um aumento da concentração
de cálcio da dieta das poedeiras, verifica-se um incremento na gravidade específica dos ovos (espessura da casca),
associado à elevação do nível plasmático de cálcio e redução do fósforo.
No período de calcificação, o cálcio a ser depositado na casca tem duas origens: a dietética e a do osso. A
liberação de cálcio do osso é acompanhada pelo fósforo, aumentando significativamente o nível desse mineral na
corrente sangüínea, o qual é mais do que suficiente para suprir as necessidades da ave, tanto as metabólicas quanto
para a deposição na gema do ovo. O excesso de fósforo prejudica a liberação de cálcio do osso e a adequada
mineralização da casca. Então, do ponto de vista fisiológico, durante o período de calcificação do ovo, para melhorar a
qualidade do ovo, a dieta mais adequada seria aquela com baixo nível de fósforo. Infelizmente é impossível fornecer
dois tipos de dieta em um mesmo dia para os planteis comerciais de poedeiras.
A qualidade da casca é melhorada quanto se aumenta o nível de sódio (Na+) e potássio (K+), mas piora com a
elevação do cloro (Cl-).
A deficiência de vitamina A é o maior fator conhecido que afeta a formação de manchas de sangue nos ovos.
Essas manchas de sangue são encontradas na superfície da gema, não afetando o valor nutricional dos ovos, entretanto,
são responsáveis por grandes perdas econômicas, uma vez que os consumidores rejeitam esses ovos.
A proteína e os aminoácidos, e especialmente a metionina, são, provavelmente, os principais mecanismos que
controlam o tamanho do ovo. Assumindo que não há deficiência, os níveis de proteína e aminoácidos da dieta têm
pouca influência sobre o número de ovos. Quando a ingestão de proteína é baixa, associado a altos níveis de energia,
há um efeito negativo sobre o tamanho do ovo, todavia, quando a ingestão de proteína está dentro das recomendações
nutricionais, não há efeito da energia sobre esse parâmetro.
Cerca de 50% da matéria seca do ovo é proteína, dessa forma o suprimento de aminoácidos para a síntese de
proteínas é critico para a produção do ovo. Quando o suprimento de algum dos aminoácidos requeridos é reduzido, a
síntese da proteína em questão é prejudicada, dessa forma, pode haver a redução do tamanho do ovo ou a queda na
produção. Freqüentemente, a redução no tamanho do ovo somente é observada em dietas com uma grande deficiência
em proteína ou aminoácidos.
A coloração da gema não indica qualidade nutricional, porém está ligada ao aspecto visual, ou seja, à
preferência do consumidor. A intensidade da coloração da gema é um critério de decisão em relação à preferência do
consumidor, pois normalmente associa-se a pigmentação a quantidade de vitaminas do ovo. A coloração da gema está
intimamente relacionada à alimentação da ave, ou seja, quantidade adicionada de carotenóides contidos nos alimentos
ou através de aditivos, e da natureza ou habilidade que possuem em colorir.
Tamanho do ovo
O tamanho do ovo é determinado em grande parte geneticamente, mas dentro desse parâmetro podemos alterá-
lo de acordo com o manejo, segundo as necessidades de mercado. Deve-se prestar atenção aos seguintes aspectos de
manejo, para se obter os resultados desejados:
Peso corporal na maturidade - Quanto mais pesada a ave no momento da primeira postura, maiores serão os
ovos durante toda sua vida. Para se obter um tamanho máximo de ovo, não estimule a maturidade com luz até que as
aves obtenham um peso corporal de 1,27 kg.
Taxa de maturidade - Está também relacionada ao peso corporal, mas geralmente, quanto mais cedo a
produção se inicia, menor será o tamanho do ovo, e da mesma maneira, quanto mais tarde chegar à maturidade,
maiores serão os ovos. Os programas de iluminação podem ser manipulados para influenciar a taxa de maturidade. Um
programa decrescente de iluminação, no período de 8 a 10 semanas, retardará a maturidade e aumentará o tamanho
médio do ovo.
Nutrição - O tamanho do ovo é afetado pelo consumo de energia, gordura total, proteína bruta, metionina e
cistina e o ácido linoléico. Os níveis destes nutrientes podem ser alterados para aumentar o tamanho do ovo no início
da postura e podem ser reduzidos gradualmente para controlar o tamanho do ovo no final da postura.
Peso do ovo
À medida que as aves envelhecem, ocorre uma redução no número de ovos produzidos a partir do pico de
produção, mas o peso dos mesmos tende a seguir aumentando ao longo do período de postura. As curvas de peso dos
ovos dependem grandemente da genética das aves e do seu desenvolvimento no período de recria, mas programas
nutricionais podem, dentro de um limite, contribuir para o ajuste do peso desejado.
O peso corporal no momento do pico influencia o tamanho da gema, o que por sua vez influencia o peso do
ovo. Logo, alterações nas fórmulas e no manejo alimentar para aumentar o peso corporal no pico de produção podem
aumentar o tamanho do ovo, por todo o período de postura e vice-versa.
Durante o período de postura, o tamanho do ovo pode ser controlado para diversos tipos, mudando o consumo
balanceado de proteína ou de aminoácidos individuais (destes, a metionina tem sido tradicionalmente usada para
alterar o peso do ovo); ácido linoleíco e suplementação de gordura ou óleo.
É importante iniciar o controle do peso dos ovos o mais cedo possível durante o ciclo produtivo- pois uma vez
que os ovos estejam abaixo do peso desejado, é difícil fazer correções sem afetar a produção.
Qualidade de Casca
Muitos fatores, que incluem, adequação da nutrição, problemas sanitários no plantel, praticas de manejo,
condições ambientais e genéticas, relacionam-se com a qualidade da casca do ovo.
O consumo adequado de cálcio, fósforo, minerais (zinco, magnésio, manganês, e cobre), e vitamina D3 , é
essencial para a qualidade da casca do ovo. A biodisponibilidade dos minerais varia muito entre os ingredientes e deve
ser considerada também no momento da formulação (principalmente o carbonato de cálcio).
Normalmente, os problemas de qualidade da casca do ovo não são vistos em lotes antes das 40 a 45 semanas
de idade. À medida que a idade da galinha avança, os ovos se tomam maiores. O aumento no peso do ovo significa
que a galinha tem de distribuir uma quantidade constante de casca ao redor de uma superfície de ovo maior. A galinha
poedeira tem muita habilidade genética em depositar uma certa quantidade de cálcio na casca de cada ovo
(aproximadamente dois gramas). No entanto, à medida que a idade da ave avança e os ovos ficam maiores, a espessura
da casca do ovo fica menor e a quebra ocorre com maior freqüência.
Se as medidas da qualidade da casca são feitas (gravidade especifica do ovo, medição da espessura da casca e
resistência da casca à quebra), em ovos à medida que a idade da galinha avança, cada uma destas medidas vai refletir
pior qualidade da casca do ovo.
Com o aumento da idade e conseqüentemente do tamanho do ovo, aquelas galinhas que tiveram o maior
aumento no peso do ovo durante o ano, terão maior declínio na qualidade da casca do ovo. As aves que tiveram a
melhor qualidade de casca no início do período de postura continuarão produzindo ovos com a melhor qualidade da
casca no final do período de produção. Também, galinhas produzindo ovos com pior qualidade de casca vão manter
esta casca fina durante toda a sua vida.
As exigências de proteína para galinhas poedeiras tom se mostrado superiores para ganho de peso em aves
adultas e máximo pesa ao número total de ovos. Usualmente, alto consumo de proteína por galinhas poedeiras resulta
em aumento no tamanho dos ovos. Tem sido comprovado que o aumento no peso do ovo que ocorre com o aumento
da idade pode ser reduzido pelo controle no consumo de metionina para melhorar a qualidade da casca do ovo sem
provocar efeito adverso na produção total de ovos.
Uma grande parte dos problemas relacionados com a qualidade da casca é causada basicamente pelo consumo
inadequado de cálcio, o qual é influenciado por inúmeros fatores. Várias medidas podem ser tomadas para melhorar as
características da casca como o fornecimento de partículas maiores de carbonato de cálcio, reduzir levemente o nível
de fósforo dietético ou entrar com um programa de arraçoamento noturno. Estas medidas irão incrementar a absorção
de cálcio e a mobilização de cálcio, melhorando as qualidades da casca.
Ovos com trincas internas ou “cintados” (body checks)
São aqueles ovos que sofreram rachaduras ou trincas durante o processo de formação da casca e foram
reparadas por uma deposição adicional de carbonato do cálcio antes da oviposição. Esta quebra pode ocorrer tanto nas
fases inicial, intermediária ou final do processo de formação da casca. A qualidade do reparo está na dependência da
severidade e do momento em que ocorreu a rachadura. A ocorrência deste problema em lotes de poedeiras pode variar
de 2 à 12% dos ovos produzidos, sendo que em lotes problemáticos a freqüência pode exceder os 20%.
Vários pesquisadores têm apontado que a ocorrência de “ovos cintados aumenta em lotes mais velhos. A
maior parte dos ovos “cintados” é produzida por aves velhas e em sua maioria são postos entre seis e oito horas da
manhã. A incidência destes ovos também está relacionada com a densidade das aves na gaiola. Assim, quanto maior a
quantidade de aves por gaiola maior será a severidade do problema. Um dos primeiros passos para se controlar a
ocorrência de ovos “cintados” é diminuir a densidade das aves e realizar o processamento separado entre os ovos das
seis e das oito horas da manhã do restante dos ovos produzidos.
Contudo, muitos produtores são relutantes em adotar essas mudanças no fluxograma de suas granjas. Um
outro importante achado é que o número de ovos cintados está relacionado com o programa de luz adotado. Quanto
maior o fotoperíodo, mais cedo as aves irão realizar a postura dos ovos o que aumenta a incidência de ovos com cascas
ultra finas durante o dias resultando em ovos “cintados”. As atividades e movimento de pessoal ou máquinas rios
galpões de produção também devo ser mínimo após as cinco horas da tarde.
Ovos com casca rugosa e depósitos calcáreos
Ovos com depósitos calcários são aqueles ovos que apresentam pequenas partículas do cálcio ou outros
materiais na superfície da casca. Esses depósitos podem ser podem variar de pequenos pontos a formações maiores.
Os lotes de poedeiras velhas produzem uma maior quantidade de ovos com depósitos calcários. A exata
etiologia deste problema ainda não é bem conhecida. Porém, é sabido que o útero de aves velhas apresenta pequenas
partículas calcificadas de secreções do oviduto ou mesmo fragmentos do oviduto que se aderem à superfície da casca
formando esses depósitos. É provável que a origem destes fragmentos de oviduto calcificadas seja devido a
anormalidades dos mecanismos de início e término da calcificação da casca. Até o presente momento, a única medida
que reduz a ocorrência deste fenômeno é a muda forçada a qual causa uma regressão e “rejuvenescimento” do trato
reprodutivo, limpando o sistema reprodutivo dos fragmentos calcificados de oviduto.
Ovos sem casca
Nos ovos sem casca somente as membranas da casca estão presentes envolvendo o albúmen e a goma. Estes
ovos deslizam e escapam através do piso das gaiolas e nunca são coletados. Em alguns lotes o montante de ovos sem
casca chega a atingir de 7-10% do total de ovos produzido. Este problema aumenta proporcionalmente com a idade e
ocorre praticamente em todas as linhagens de poedeiras.
O tempo de permanência dos ovos sem casca no útero é similar aos ovos normais. A época do ano e a
temperatura também não parecem exercer nenhuma influência na produção destes ovos. A muda forçada provoca uma
queda na ocorrência de ovos sem casca mas em um curto espaço de tempo os ovos sem casca repare bem no lote. Até
o momento não se conhece a exata causa dos ovos sem casca em lotes de postura.
Doenças
O monitoramento do título de anticorpos para determinadas doenças deve ser feito regularmente durante toda a
vida dos lotes de poedeiras. Ovos deformados, sem casca e com casca fina são sintomas típicos que surgem durante e
logo após os desafios de New Castle e bronquite Infecciosa.
Perfil dos ovos no 1º e 2º ciclo de produção
À medida que as aves envelhecem, ocorre uma redução na taxa de ovipostura diária, após um pico de
produtividade máxima que ocorre em torno das 26 a 30 semanas de idade.
Como regra geral, os ovos produzidos no início do período de produção são menores, mas tem boa qualidade
externa e interna. Quando as poedeiras se tornam mais velha, produzem ovos maiores, mas com mais problemas de
qualidade de casca e albúmen.
Os problemas de baixa produtividade e qualidade dos ovos podem ser parcialmente contornados com a
proativa de muda forçada, fazendo com que as aves retomem o 2º ciclo de produção. A pós este período de descanso,
as aves retornam com melhor produtividade e qualidade dos ovos.
Ovos enriquecidos
Minerais
O enriquecimento de ferro nos ovos, apesar de ser benéfico para a saúde humana, pode ser problemático
quando os ovos são cozidos durante a preparação do alimento. O cozimento prolongado, em altas temperaturas causa
uma quebra na molécula de cisteína presente no albúmen do ovo, que leva a produção de gases de sulfato de
hidrogênio, os quais penetram na membrana da gema e reagem com o ferro presente, produzindo um complexo sulfato
ferroso verde escuro, uma coloração que não agrada as pessoas. Entretanto, pode-se prevenir esse processo pela
redução do tempo de cozimento para o mínimo necessário e colocação dos ovos cozidos em água fria, imediatamente
após seu cozimento.
O selênio é um mineral essencial, pois é componente de enzimas envolvidas na proteção antioxidante e no
metabolismo da tireóide. A suplementação de selênio nas rações de poedeiras não apenas previne os sintomas de
deficiência, mas também permite aumentar a concentração deste mineral nos ovos, o que favorece uma maior ingestão
de selênio pelos consumidores deste produto. Além disso, o incremento dos níveis de selênio nos ovos possibilita a
manutenção da qualidade interna dos ovos durante os períodos de estocagem.
O zinco é cofator da enzima anidrase carbônica que se apresenta em altas concentrações na glândula da casca,
no oviduto de galinhas em postura, estando assim envolvida no processo de formação da casca dos ovos. Com a
suplementação de zinco, os níveis da anidrase carbônica podem ser aumentados, levando a diminuição de defeitos na
casca dos ovos.
Vitaminas
Além dos minerais, a possibilidade de enriquecimento dos ovos com vitaminas têm despertado o interesse de
pesquisadores e empresas, que visam melhorar a qualidade nutricional dos ovos, desmistificando sua imagem de
alimento prejudicial à saúde humana e criando uma estratégia de “marketing”: os “ovos enriquecidos”.
A composição de vitaminas no ovo é variável e depende primordialmente dos teores de vitaminas contidas na
dieta das galinhas, contudo, a eficiência com que essas aves transferem as vitaminas do alimento para o ovo pode ser
dividida em quatro categorias (baixa, média, alta e muito alta) e variar de 5 a 80%.
O enriquecimento dos ovos com a vitamina E é interessante para melhorar a qualidade nutricional dos mesmos
(enriquecidos com ácidos graxos ômega 3), beneficiando assim a saúde humana, pois apresenta função de antioxidante
metabólico minimizando riscos de doenças coronarianas e processos inflamatórios. Outro fator positivo seria as
reservas de oxidantes que influenciam o período de armazenamento dos ovos, que está associado a alterações na
composição e estrutura das membranas do ovo.
Ácidos graxos insaturados
Uma vez que estudos clínicos e epidemiológicos têm apontado a gordura saturada da dieta como sendo a
grande responsável pelo aumento dos níveis de colesterol sangüíneo e não o nível dietético de colesterol, a
possibilidade de se reduzir o perfil de ácidos graxos saturados da gema ou elevar os insaturados, através da
manipulação dietética, tem sido uma opção para melhorar a qualidade nutricional dos ovos, torná-los mais saudáveis e
melhorar aceitabilidade dos consumidores.
De maneira geral o enriquecimento dos ovos com ácidos graxos insaturados parece ser possível, contudo os
resultados variam significativamente em função da fonte utilizada, da combinação entre várias fontes e dos níveis
adicionados. Além dessa falta de padronização, os ácidos graxos insaturados são mais susceptíveis a oxidação, o que
reduz seu tempo de prateleira, fator esse que pode ser melhorado através da associação de selênio ou vitamina E, os
quais apresentam funções antioxidantes, como citado anteriormente.
Ovo x colesterol
Durante muitos anos o ovo tem sido banido do cardápio das refeições de muitas pessoas que buscavam uma
alimentação mais saudável. O principal motivo para isto foi todo marketing negativo sobre o colesterol dos ovos.
A ingestão do colesterol pela galinha é mínima, pois as dietas convencionais são geralmente formuladas a base
de produtos de origem vegetal contendo, algumas vezes, pequenas porcentagens de farinha de carne como fonte
protéica animal. Dessa forma a ave sintetiza a maior parte do colesterol que compõe o ovo. Muitas pesquisas têm sido
realizadas na tentativa de reduzir a produção de colesterol da ave através da utilização de drogas que provocam efeitos
hipocolesterolêmicos, contudo os resultados são muito divergentes, além de proporcionarem uma série de efeitos
colaterais como a redução da produção de ovos.
Nem todo colesterol do alimento se torna o colesterol sangüíneo quando ingerido, sendo a maior parte desse
colesterol sangüíneo produzido pelo próprio corpo, com variação nos índices de produção de individuo para
individuo.
Atualmente já não restam mais dúvidas que os níveis elevados do colesterol sangüíneo aumentam os riscos de
problemas de saúde, entretanto, os efeitos do colesterol dos alimentos sobre os níveis de colesterol sangüíneo ainda
estão sendo discutidos por muitos profissionais da área da saúde.
A American Heart Association (AHA) sugere que pessoas com concentrações de colesterol sangüíneo normais
podem consumir um ou dois ovos diariamente.
MANEJO DE DEJETOS
Não só na avicultura de postura, como em todas as outras criações, há uma preocupação com seus dejetos
devido às novas tecnologias de instalação que dão ao setor a oportunidade de aumento no número de aves alojadas e
conseqüente aumento na produção de dejetos.
Os dejetos na avicultura de postura, oriundos da digestão e absorção dos alimentos pelos animais, são valiosos
do ponto de vista biológico (ricos em nutrientes e matéria orgânica) e devem ser usados e não simplesmente
eliminados. Assim, como qualquer parte do sistema produtivo o gerenciamento dos resíduos merece importância e
deve ser executado pelo produtor e pela agroindústria.
A composição nutricional dos dejetos varia conforme o tipo de exploração: linhagem, genética, densidade das
aves e composição da ração consumida.
Independente do tratamento escolhido, o controle do manejo deve ser rigoroso para que se evite contaminação
ambiental e garanta a qualidade do produto final.
Biodigestores
Os dejetos podem ser aproveitados para geração de biogás através da biodigestão anaeróbica. Este é o
resultado do processo anaeróbico com vantagem energética, sendo que o metano produzido tem alto poder calorífico,
gerando ao produtor, que dele se utiliza, a oportunidade de economizar energia.
Dados de literatura relatam potencial de produção de 3.900m³/dia de biogás no plantel de 100.000 aves em
sistemas automatizados de produção e 550m³/dia no mesmo plantel em sistemas convencionais.
Não é muito utilizado na avicultura, uma vez que os dejetos são sólidos, sendo preciso adicionar água para
que o processo de biodigestão aconteça.
Compostagem
À forma mais econômica e rápida de transformar nutrientes presentes nos dejetos em fertilizantes orgânicos
para a agricultura e anda reduzir o risco ambiental.
Os resíduos possuem elementos químicos nutritivos para os vegetais. Mas para virar fertilizante deve passar
por um processo de fermentação microbiológica que resulta na decomposição da matéria orgânica de forma aeróbica
ou anaeróbica.
Dejetos x meio ambiente
Quando não manejados, os dejetos podem causar problemas como a contaminação do solo e das águas
superficiais e subterrâneas.
No Brasil, cerca de 7% das instalações possuem o sistema automatizado para coleta de dejetos. O esterco
produzido junto a outros resíduos caem, por gravidade, em esteiras únicas que ficam abaixo das gaiolas. Por estas
esteiras o esterco é transportado para fora do galpão.