SEMANA PROGRAMAÇÃO1ª de 30 /01 a 03 /02 Entendimento de texto 1 – Felicidade clandestina2ª de 06 /02 a 10 /02 PTE 1 – Análise do conto – A moça rica3ª de 13 /02 a 17/02 Gramática 1 – Conjunções coordenativas e
subordinativas / Período composto porcoordenação e subordinação
4ª de 23 /02 a 24 /03 PTE 2 – Produção de texto5ª de 27 /02 a 02/ 03 Entendimento de texto 2 – A moça tecelã6ª de 05 /03 a 09 /03 PTE 3 – O discurso indireto livre7ª de 12 /03 a 16 /03 Gramática 2 – Orações subordinadas substantivas8ª de 19 /03 a 23 /03 PTE 4 – Produção de texto / Com certeza tenho
amor9ª de 26 /03 a 30 /03 Entendimento de texto 3 – No Retiro da Figueira10ª de 02 /04 a 04 /04 PTE 5 – continuação da atividade Redação 4
11ª de 09 /04 a 13 /04 Gramática 3 – Regência verbal e nominal
AULAS DE TÉCNICAS DE REDAÇÃO8º ANO – PERÍODO 1 (MANHÃ)
ENTENDIMENTO DE TEXTO
FELICIDADE CLANDESTINA / A MOÇA TECELÃ / NO RETIRO DA FIGUEIRA
GRAMÁTICA
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS E SUBORDINATIVAS / PERÍODO COMPOSTO PORCOORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO / ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS /REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
PRODUÇÃO DE TEXTO
O CONTO
FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL
Ensino Fundamental Nível II – PRODUÇÃO DE TEXTO
NOME: NÚMERO:
___/___/2012 F-9_______
TEXTO 1
FELICIDADE CLANDESTINA
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados.Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse,enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquercriança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos umlivrinho barato, ela nos entregava um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era paisagemdo Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia comletra bordadíssima palavras como ―data natalícia‖ e ―saudade‖.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balascom barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós éramos imperdoavelmente bonitinhas,esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Naminha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava aimplorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa.Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o,dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela suacasa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eunadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobradocomo eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-meque havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo.Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eurecomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas deRecife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os diasseguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andeipulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria eratranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e ocoração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que euvoltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do ―diaseguinte‖ com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido,enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que elame escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito:como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes eladizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o
emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavandosob meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa asua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquelamenina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa,entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fatode não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e comenorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser adescoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência deperversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento dasruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: vocêvai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: ―E você fica com o livro por quanto tempoquiser.‖ Entendem? Valia mais que me dar o livro: ―pelo tempo que eu quisesse‖ é tudo o queuma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão.Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não saí pulando como sempre. Saí andando bemdevagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito.Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente,meu coração pensativo.
Quando cheguei em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois tero susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fuipassear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia ondeguardara o livro, achava-o, abria-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsasdificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria serclandestina para mim.
Clarice Lispector. O primeiro beijo e outros contos.
1. A) A descrição objetiva e/ou subjetiva é um dos recursos que serve para dar literariedade e
coerência ao conto. Os autores usam algumas estratégias da linguagem para torná-la mais
interessante e satisfazer suas intenções. Que estratégias de linguagem foram usadas pela
narradora no trecho abaixo e qual sua intenção?
“... nós éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas...”
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B) A narradora inicia a descrição da menina ruiva focando aspectos físicos ou psicológicos?
Essa descrição apresenta algum tipo de discriminação ou preconceito?
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2. Gradação é um aumento ou diminuição gradual, que acontece pouco a pouco.Há esse movimento na descrição das idas da narradora até a casa da menina ruiva? Que
tipo de reação espera-se que o leitor tenha durante a leitura? Justifique.
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3. Por que o desejo e poder de vingança da menina ruiva eram maiores em relação à
narradora?
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4. A) Na maioria das vezes em que a narradora vai e volta da casa da menina ruiva é
observado um ritmo no seu modo de caminhar. Isso se mantém após conseguir o livro?
Justifique.
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B) Use sua resposta (4A) para dizer se o ritmo do caminhar da narradora é coerente com suas
emoções. Justifique.
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C) Após chegar a sua casa e de posse do livro, a narradora age de maneira esperada? Que
objetivo tinha ao agir assim?
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5. Coloque V(verdadeiro) ou F(falso) para as informações abaixo:
( ) A narradora faz descrições justas e imparciais.
( ) A narradora não revela a ninguém seu drama e, quando adquire o livro, esconde-o
para sentir uma felicidade clandestina. Isso revela que ela é uma pessoa contida e que vive
apenas interiormente seus sentimentos.
( ) O conto lido não atende à regra da manutenção de um são conflito.
( ) A personagem da mãe age conforme os padrões estabelecidos pela sociedade
embora preocupe-se mais com a filha, que acabara de conhecer, do que com o fato em si.
( ) A crueldade da menina ruiva foi tanta que chegou a afetar fisicamente a narradora.
Ensino Fundamental Nível II – PRODUÇÃO DE TEXTO
NOME: NÚMERO:
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RECURSOS IMPORTANTES DE QUE DISPÕE O CONTISTA
Os gêneros narrativos ficcionais apresentam em comum dois elementos essenciais: o tempo e o
espaço. O tratamento que esses elementos recebem, porém, varia de um gênero para outro. No
romance, por exemplo, tais elementos costumam ser mais detalhados, tratados com profundidade. No
conto, são apresentados de forma mais contida, reduzidos ao essencial.
Vamos analisá-los no conto abaixo:
A MOÇA RICA
A madrugada era escura nas moitas do mangue, e eu avançava no batelão velho;
remava cansado, com um resto de sono. De longe veio um rincho de cavalo, depois, numa
choça de pescador, junto do morro, tremulou a luz de uma lamparina.
Aquele rincho de cavalo me fez lembrar a moça que eu encontrara galopando na praia.
Ela era corada, forte. Viera do Rio, sabíamos que era muito rica, filha do irmão de um homem
de nossa terra. A princípio a olhei com espanto, quase desgosto: ela usava calças compridas;
fazia caçadas, dava tiros, saía de barco com os pescadores. Mas na segunda noite, quando
nos juntamos todos na casa de Joaquim Pescador, ela cantou; tinha bebido cachaça, como
todos nós, e cantou primeiro alguma coisa em inglês, depois o Luar do sertão e uma canção
antiga que dizia assim: “Esse alguém que logo encanta deve ser alguma santa”. Era uma
canção triste.
Cantando, ela parou de me assustar: cantando, ela deixou que eu a adorasse com essa
adoração súbita, mas tímida, esse fervor confuso da adolescência — adoração sem esperança,
ela devia ter dois anos mais do que eu. E amaria o rapaz de suéter e sapato de basquete, que
costuma ir ao Rio, ou (murmurava-se) o homem casado, que já tinha ido até a Europa e tinha
um automóvel e uma coleção de espingardas magníficas. Não a mim, com a minha pobre
flaubert, não a mim, de calça e camisa, descalço, não a mim, que não sabia lidar nem com um
motor de popa, apenas tocar um batelão com meu remo.
Duas semanas depois que ela chegou é que a encontrei na praia solitária; eu vinha a pé,
ela veio galopando a cavalo; vi-a de longe, meu coração bateu adivinhando quem poderia estargalopando sozinha a cavalo, ao longo da praia, na manhã fria. Pensei que ela fosse passar me
dando apenas um adeus, esse ―bom-dia‖ que no interior a gente dá a quem encontra; mas
parou, o animal resfolegando e ela respirando forte, com os seios agitados dentro da blusa fina,
branca. São as duas imagens que se gravaram na minha memória, desse encontro: a pele
escura e suada do cavalo e a seda branca da blusa; aquela dupla respiração animal no ar fino
da manhã.
E saltou, me chamando pelo nome, conversou comigo. Séria, como se eu fosse um
rapaz mais velho do que ela, um homem, como os de sua roda, com calças de “palm-beach”,
relógio de pulso. Perguntou coisas sobre peixes; fiquei com vergonha de não saber quase
nada, não sabia o nome dos peixes que ela dizia, deviam ser peixes de outros lugares mais
importantes, com certeza mais bonitos. Perguntou se a gente comia aqueles cocos dos
coqueirinhos junto à praia — e falou de minha irmã, que conhecera, quis saber se era verdade
que eu nadara desde a ponta do Boi até perto da lagoa.
De repente me fulminou: ―Por que você não gosta de mim? Você me trata sempre de um
modo esquisito...‖ Respondi, estúpido, com voz rouca: ―Eu não‖.
Ela então riu, disse que eu confessara que não gostava mesmo dela, e eu disse: ―Não é
isso‖. Montou o cavalo, perguntou se eu não queria ir na garupa. Inventei que precisava passar
na casa dos Lisboa. Não insistiu, me deu um adeus muito alegre; no dia seguinte foi-se
embora.
Agora eu estava ali remando no batelão, para ir no Severone apanhar uns camarões
vivos para isca; e o relincho distante de um cavalo me fez lembrar a moça bonita e rica. Eu
disse comigo — rema, bobalhão! — e fui remando com força, sem ligar para os respingos de
água fria, cada vez com mais força, como se isto adiantasse alguma coisa.
(Os melhores contos de Rubem Braga. São Paulo: Global, 1985. p. 39-40.)
VocabulárioBatelão = canoa pequena. Choça = cabana.
Flaubert = espécie de arma, espingarda. Palm beach = balneário em Miami.Resfolegar: respirar com esforço e/ou ruído.
O TEMPO
Os fatos de uma narrativa relacionam-se com o tempo em três níveis:
Época em que se passa a história
A época em que se passa a história constitui o pano de fundo para o enredo. Nem
sempre a época da história narrada coincide com o tempo real em que ela foi publicada.
1. No conto ― A moça rica, em que época se passa a história?
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Tempo cronológico
É o tempo que transcorre na ordem natural dos fatos no enredo. É o tempo ligado ao
enredo linear, ou seja, à ordem em que os fatos ocorrem. Chama-se cronológico porque pode
ser medido em horas, meses, anos, séculos.
2. O conto em questão apresenta tempo cronológico em sua segunda história. Qual a duração
dos fatos da segunda história?
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Tempo psicológico
É o tempo que transcorre numa ordem determinada pela vontade, pela memória ou pela
imaginação do narrador ou de uma personagem. De acordo com esse tempo, os fatos podem
ou não aparecer em uma ordem linear, isto é, coincidente com o tempo cronológico.
3. No conto ― A moça rica, a que fatos ocorridos no passado o narrador-personagem faz
referências?
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A técnica do flashback
Nas narrativas que empregam o tempo psicológico, é muito comum o narrador lançar
mão da técnica do flashback, que consiste em voltar no tempo. Observe, no conto trabalhado,
como se dá a passagem do presente para o passado, ou seja, o flashback.
O ESPAÇO
Os fatos de uma narrativa relacionam-se com o espaço em dois níveis:
O espaço físico ou geográfico
É o lugar onde acontecem os fatos que envolvem as personagens; uma rua
movimentada, uma cidade, um cinema, uma escola, um cômodo de uma casa etc. O espaço
pode ser descrito detalhadamente ou suas características podem aparecer diluídas na
narração.4. No conto lido, qual o espaço físico?
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O espaço social (ambiente)
É o espaço relativo às condições socioeconômicas, morais e psicológicas que dizem
respeito às personagens. O espaço social situa as personagens na época, no grupo social e
nas condições em que se passa a história. Ele pode, ainda, refletir os conflitos vividos por elas
ou ainda fornecer pistas para o desfecho.
5. Em ―A moça rica‖, o espaço social é determinante. De que forma isso acontece no conto?
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ATIVIDADE DE GRAMÁTICA
1. Circule, transcreva e classifique as conjunções dos períodos abaixo:
a – Conforme foi combinado, sairemos juntos para o passeio.
b – Ele foi trabalhar, embora não estivesse passando bem.
c – Se não fosse o acidente na estrada, teríamos chegado mais cedo.
d – Esperávamos que ele chegasse para o almoço.
e – A vendedora nos viu e veio nos atender.
f – Estou com muito sono, mas preciso sair agora.
g – Parem com essa briga ou vou embora.
h – Fiquem aqui que já volto.
a. __________________________________________________________________________
b. __________________________________________________________________________
c. __________________________________________________________________________
d. __________________________________________________________________________
e. __________________________________________________________________________
f. __________________________________________________________________________
g. __________________________________________________________________________
h. __________________________________________________________________________
2. Leia e analise os períodos, fazendo o que se pede:
- divida-os em orações
- classifique os períodos
a – Todos os alunos poderiam participar do debate, porém a maioria não quis.
_____________________________________________________________________________
b – Tinha um cisco no olho, por isso não enxergava nada!
_____________________________________________________________________________
c – Embora tivéssemos saído tarde, não chegamos atrasados.
_____________________________________________________________________________
d – Andei pulando pelas ruas como sempre fazia.
_____________________________________________________________________________
e – Conforme foi combinado, sairemos juntos para o passeio.
____________________________________________________________________________
f – Ele foi trabalhar, embora não estivesse passando bem.
____________________________________________________________________________
g – Se não fosse o acidente na estrada, teríamos chegado mais cedo.
____________________________________________________________________________
h – Esperávamos que ele chegasse para o almoço.
____________________________________________________________________________
i – A vendedora nos viu e veio nos atender.
____________________________________________________________________________
j – Estou com muito sono, mas preciso sair agora.
____________________________________________________________________________
k – Parem com essa briga ou vou embora.
____________________________________________________________________________
l – Fiquem aqui que já volto.
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___/___/2012 F-9_______
LEVANTAMENTO DA ESTRUTURA DO ENREDO
Leia o conto abaixo para responder ao que se pede:
A MOÇA RICA
A madrugada era escura nas moitas do mangue, e eu avançava no batelão velho;
remava cansado, com um resto de sono. De longe veio um rincho de cavalo, depois, numa
choça de pescador, junto do morro, tremulou a luz de uma lamparina.
Aquele rincho de cavalo me fez lembrar a moça que eu encontrara galopando na praia.
Ela era corada, forte. Viera do Rio, sabíamos que era muito rica, filha do irmão de um homem
de nossa terra. A princípio a olhei com espanto, quase desgosto: ela usava calças compridas;
fazia caçadas, dava tiros, saía de barco com os pescadores. Mas na segunda noite, quando
nos juntamos todos na casa de Joaquim Pescador, ela cantou; tinha bebido cachaça, como
todos nós, e cantou primeiro alguma coisa em inglês, depois o Luar do sertão e uma canção
antiga que dizia assim: “Esse alguém que logo encanta deve ser alguma santa”. Era uma
canção triste.
Cantando, ela parou de me assustar: cantando, ela deixou que eu a adorasse com essa
adoração súbita, mas tímida, esse fervor confuso da adolescência — adoração sem esperança,
ela devia ter dois anos mais do que eu. E amaria o rapaz de suéter e sapato de basquete, que
costuma ir ao Rio, ou (murmurava-se) o homem casado, que já tinha ido até a Europa e tinha
um automóvel e uma coleção de espingardas magníficas. Não a mim, com a minha pobre
flaubert, não a mim, de calça e camisa, descalço, não a mim, que não sabia lidar nem com um
motor de popa, apenas tocar um batelão com meu remo.
Duas semanas depois que ela chegou é que a encontrei na praia solitária; eu vinha a pé,
ela veio galopando a cavalo; vi-a de longe, meu coração bateu adivinhando quem poderia estar
galopando sozinha a cavalo, ao longo da praia, na manhã fria. Pensei que ela fosse passar me
dando apenas um adeus, esse ―bom-dia‖ que no interior a gente dá a quem encontra; mas
parou, o animal resfolegando e ela respirando forte, com os seios agitados dentro da blusa fina,branca. São as duas imagens que se gravaram na minha memória, desse encontro: a pele
escura e suada do cavalo e a seda branca da blusa; aquela dupla respiração animal no ar fino
da manhã.
E saltou, me chamando pelo nome, conversou comigo. Séria, como se eu fosse um
rapaz mais velho do que ela, um homem, como os de sua roda, com calças de “palm-beach”,
relógio de pulso. Perguntou coisas sobre peixes; fiquei com vergonha de não saber quase
nada, não sabia o nome dos peixes que ela dizia, deviam ser peixes de outros lugares mais
importantes, com certeza mais bonitos. Perguntou se a gente comia aqueles cocos dos
coqueirinhos junto à praia — e falou de minha irmã, que conhecera, quis saber se era verdade
que eu nadara desde a ponta do Boi até perto da lagoa.
De repente me fulminou: ―Por que você não gosta de mim? Você me trata sempre de um
modo esquisito...
[...]
(Os melhores contos de Rubem Braga. São Paulo: Global, 1985. p. 39-40.)
VocabulárioBatelão = canoa pequena. Choça = cabana.Flaubert = espécie de arma, espingarda.Resfolegar: respirar com esforço e/ou ruído. Palm beach = balneário em Miami.
1. O conflito é um elemento da história que se opõe a outro, criando tensão. Nesse conto, em
que consiste essa tensão?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
2. O encontro na praia, duas semanas depois, acentua o conflito, aumentando a tensão da
narrativa. Identifique em que parágrafos o conflito atinge seu ponto máximo de tensão (clímax).
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
3. O conto A moça rica apresenta uma história dentro da outra. Identifique-as.
1ª história:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________2ª história:
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4. Crie um desfecho para a primeira e para a segunda história.
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TEXTO 1 - A MOÇA TECELÃ
Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite.E logo sentava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre osfios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longos tapetes quenunca acabava.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava nalançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazidapelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve,a chuva vinha cumprimentá-la à janela.
Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas se espantavam ospássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse aacalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para o outro e batendo os grandes pentes dotear para a frente e para trás, a moça passava seus dias.
Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eisque o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leiteque entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela
primeira vez pensou como seria ter um marido ao lado.Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida,
começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucosseu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapatoengraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponta dos sapatos,quando bateram à porta.
Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foientrando na sua vida.
Aquela noite, deitada contra o ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceriapara aumentar ainda mais a sua felicidade.
E feliz foi, por algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo osesqueceu. Porque, descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisastodas que ele poderia lhe dar.
— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora queeram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, epressa para a casa acontecer.
Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente. — Por que ter casa, se podemos terpalácio? — perguntou. Sem querer resposta, imediatamente ordenou que fosse de pedra comarremates de prata, ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios eescadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noitechegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem pararbatiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.
Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos , o marido escolheu para ela e seutear o mais alto quarto da mais alta torre.
— É para que ninguém saiba do tapete — disse. E antes de trancar a porta a chaveadvertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!
Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, oscofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queriafazer.
E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que opalácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou como seria bom estar sozinhade novo.
Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novasexigências. E descalça para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se aotear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e,jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos,as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas asmaravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim alémda janela.
A noite acabava quando o marido, estranhando a cama dura, acordou, e espantadoolhou em volta. Não teve tempo de levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, eele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo,
tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi
passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha dohorizonte.
Marina Colasanti. In: Para gostar de ler: histórias de amor.
1. A coerência do texto é dada pela descrição do ato de tecer da personagem.
A) Para começar o dia, que linha a tecelã usava?___________________________________
B) Explique a relação da linha usada com o momento do dia.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
C) A narradora descreve a tecelã fazendo representações diversas do dia. Justifique.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________2. Escolha a melhor opção, de acordo com o sentido do texto. Justifique, exemplificando com
um trecho do parágrafo 5.
( ) A tecelã, simplesmente, bordava as figuras da natureza num tapete.
( ) A tecelã tecia a própria natureza.
( ) A tecelã, apenas, contemplava a natureza, enquanto tecia.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
3. A) A narrativa sofre uma transformação a partir de um sentimento da tecelã. Que sentimento
foi esse?
____________________________________________________________________________
B) A transformação vivida pela tecelã foi positiva? Justifique.
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
4. Um conto é um tipo de narração que conta uma história, desenvolvida num enredo. Oenredo é o conjunto de acontecimentos que constroem a história narrada.
A) Nesse enredo, acontece:
Mudança de tempo? Justifique:____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Mudança de lugar, de espaço? Justifique:__________________________________________
____________________________________________________________________________
B) Mesmo com algumas mudanças, o enredo se organiza em torno de uma ação principal, um
núcleo, que cria o efeito de unidade da história narrada. Assinale a opção que define a ação
principal do enredo.
( ) A ação ambiciosa do marido.
( ) A ação criadora da tecelã.
( ) A ação dos elementos da natureza.
Justifique:____________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________TEXTO 2 PERDAS
A condição humana é sofrida, pois continuamente debate-se entre a realidade de ser só
e precisar do outro. Enquanto a pessoa não consegue se perceber só, ela não consegue se
apoderar do seu eu e ter uma relação de igual (...) e de entrega com o outro. Também se tem
que aprender a aceitar perdas para poder se entregar. Só através dessa aceitação é que
ocorre o desenvolvimento: para ser bebê, você deixa de ser feto, para ser mulher tem que
perder a adolescência. Quando a mulher consegue vivenciar perdas e percebe que ela ainda é
ela e existe, então ocorre a possibilidade de viver e arriscar. Ela pode se entregar e amar, pois
suporta a perda. A perda não é mais catastrófica. O equilíbrio e bem-estar ocorrem dentro de
um constante movimento. A busca do ponto fixo é a morte, pois significa parada de
desenvolvimento.
Marta Suplicy. De Mariazinha a Maria.
COMPARANDO TEXTOS
5. Os dois textos abordam o tema da perda. Porém, são diferentes quanto à estrutura. Por
quê?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
6. Explique em que momento o texto 1 apresenta a perda e se ela foi devidamente vivida,
segundo as explicações do texto 2.
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____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
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O discurso citado em gêneros narrativos ficcionais: o discurso indireto livre
Você já aprendeu que um texto narrativo ficcional pode apresentar diferentes vozes e que o
discurso direto e o discurso indireto são alguns dos procedimentos utilizados pelo narrador para
inserir no texto o discurso das personagens. Além desses dois procedimentos, há uma terceira forma de
introduzir a fala das personagens: o discurso indireto livre. Trata-se de um recurso frequentemente
utilizado na ficção moderna quando se deseja captar o mundo interior das personagens (como no caso
dos contos).
SEXTA-FEIRA 13
Era um romance e reduzi para uma novela. Era uma novela e reduzi para um conto —
fragmento que pode ser lido em poucos minutos e soprado da memória com a rapidez com que
foi soprada a cinza da pequena urna que o funcionário do crematório entregou ao familiar
interessado. E o que o familiar interessado (segundo a vontade do morto) deveria espalhar no
campo. Ou no mar, isso se a moda do dia estivesse mais inclinada para o mar. Mas o familiar
interessado abriu mão de todo o ritual que o morto idealizou (veleiro, as cinzas na espuma das
ondas ou o cavalo de crinas ao vento, a campina, cavaleiro e ânfora) e simplificou a cerimônia:
levou a pequena urna até o clube, tinha atrás da quadra de tênis uma pista de corrida, podia
enterrá-la debaixo da árvore. Debaixo da árvore, dois tenistas tomando laranjada, desistiu. E
naquele terreno baldio? Lá perto mesmo, hem? Que tal naquele terreno? Foi até o terreno,
ótimo, ninguém. Com o cabo quebrado de uma vassoura que achou no meio do mato já alto,
fez a cova apressada e enterrou a urna, cobrindo-a com terra, lixo, o que encontrou fácil em
redor. Quando saiu, viu o moleque espiando, esperando que ele sumisse para desenterrar a
urna, jogar as cinzas fora (louco de raiva, mas não era dinheiro?) e levar a caixinha, quem sabe
podia render alguma coisa. Chutou uma pedra, e daí? Fazer o quê agora? ―Paciência, tenho
hora certa pra pegar o batente, viu? E com esse trânsito, ...! Um pouco mais de respeito pelos
vivos, pô!‖
(Lygia FagundesTelles. A disciplina do amor. São Paulo: Círculo do Livro, 1980)
1. Observe este trecho do texto ―Sexta-feira 13‖:“... levou a pequena urna até o clube, tinha atrás da quadra de tênis uma pista de corrida, podia
enterrá-la debaixo da árvore. Debaixo da árvore, dois tenistas tomando laranjada, desistiu. E
naquele terreno baldio? Lá perto mesmo, hem? Que tal naquele terreno? Foi até o terreno, ótimo,
ninguém.”
Aqui se nota a presença de mais de um discurso: o do narrador e o da personagem.
a) Indique onde começa e termina o discurso do narrador.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
b) Identifique as frases que podem ser atribuídas à personagem.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
c) Há algum sinal de pontuação — travessão ou aspas — antes das falas da personagem?
____________________________________________________________________________
d) As falas da personagem são introduzidas pela conjunção que ou se ou por verbos de
elocução (dizer, falar, pensar, comentar etc)? _____________________________________
2. Observe, agora, este outro trecho:
“Quando saiu, viu o moleque espiando, esperando que ele sumisse para desenterrar a urna,
jogar as cinzas fora (louco de raiva, mas não era dinheiro?) e levar a caixinha, quem sabe podia
render alguma coisa. Chutou uma pedra, e daí? Fazer o quê agora? “Paciência, tenho hora certa
pra pegar o batente, viu? E com esse trânsito, ...! Um pouco mais de respeito pelos vivos, pô!”
a) A quem se atribuem as falas ou pensamentos “mas não era dinheiro?” e “quem sabe podia
reder alguma coisa”? Foi utilizado algum recurso formal para separar essas falas ou
pensamentos da fala do narrador?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
b) A quem se atribui a fala “Paciência, tenho hora [...] Um pouco mais de respeito pelos vivos,
pô!”? Essa fala está em discurso direto ou indireto? Justifique.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________3. A escolha de um ou outro tipo de discurso nos gêneros narrativos ficcionais está vinculada
ao sentido que se pretende construir. Que efeito de sentido é criado pela mistura de diferentes
tipos de vozes ou de discursos no texto?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Em alguns trechos do texto Sexta-feira 13, o discurso do narrador funde-se com o
discurso das personagens, pois não foram empregadas as marcas convencionais dos
discursos direto e indireto. As frases “E naquele terreno baldio?” e “mas não era dinheiro?” ,
por exemplo, são introduzidas sem os verbos dicendi (perguntar,dizer), sem conectivos (que,
se, onde) e sem sinais de pontuação (dois-pontos, aspas). As frases são reproduzidas na
forma interrogativa, como no discurso direto. Na segunda frase, entretanto, o verbo ser passa
do presente do indicativo (é) para o pretérito imperfeito (era), como no discurso indireto.
A essa forma de inserir a voz das personagens no discurso do narrador, chamamos
discurso indireto livre.
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ATIVIDADE DE GRAMÁTICA
1. Transforme os períodos simples em períodos compostos.
a) Surpreende-me sua certeza.
________________________________________________________________________
b) Desejamos a sua participação na festa.
________________________________________________________________________
2. As orações subordinadas substantivas podem ser introduzidas por conjunção integrante
que, no caso de certeza, ou pela conjunção se, no caso de incerteza.
Considerando essa informação, escreva a conjunção mais adequada para introduzir estas
orações:
a) Disseram __________ haveria vagas para todos.
b) Não sabemos __________ os prazos foram fixados.
c) Ninguém imaginava __________ o médico aceitaria a proposta.
3. Identifique a oração reduzida e desenvolva-a empregando a conjunção integrante adequada:
OBS: Não se esqueça de que é importante considerar o tempo verbal da oração principal.
a) A saída era ficarmos em casa.
____________________________________________________________________________
b) Pensou estar doente.
____________________________________________________________________________
4. A. Complete as orações abaixo com a preposição adequada:
a) Todos gostariam __________ que os presságios não se concretizassem.
b) Tenho o firme propósito __________ que tudo esteja terminado até o final do ano.
c) Tenho esperança __________ que serei aprovado.
B. Classifique as orações do exercício (4 A) em subordinada substantiva objetiva indireta ou
subordinada substantiva completiva nominal.
5. A. Sublinhe as orações subordinadas e classifique-as conforme a legenda:
a) Oração subordinada substantiva objetiva direta
b) Oração subordinada substantiva objetiva indireta
c) Oração subordinada substantiva completiva nominal
d) Oração subordinada substantiva subjetiva
e) Oração subordinada substantiva predicativa
f) Oração subordinada substantiva apositiva
( ) Não sei se viajarei amanhã.
( ) Que você deponha é urgente.
( ) Cientistas holandeses têm uma posição: que o papel eletrônico é uma realidade .
( ) Os brasileiros aspiram a que a violência seja combatida.
( ) É útil que algumas instituições assistenciais demonstrem suas despesas .
( ) A virtude da juventude será que eles escolherão bem políticos.
( ) Ele fez questão de que nos retirássemos.
( ) Os jovens sempre se esquecem de que não são onipotentes.
B. Observe estes enunciados.
I. Nosso desejo é a alegria das crianças.
II. Nosso desejo é que as crianças fiquem alegres.
III. Nosso desejo é alegrar as crianças
a) Que tipo de período os enunciados apresentam?
FRASE CLASSIFICAÇÃO
a)
b)
c)
ENUNCIADO TIPO DE PERÍODO
I
II
III
b) Em todos os enunciados, o segmento destacado exerce a mesma função sintática. Qual é
essa função?
________________________________________________________________________
c) Considere sua resposta ao item anterior e classifique as orações destacadas nos
enunciados II e III.
6. Transforme o substantivo em oração substantiva:
a) Fortes chuvas impediram o prosseguimento das buscas ao cargueiro desaparecido.
____________________________________________________________________________
b) Os ecologistas impediram a construção de um aeroporto em Caucaia.
____________________________________________________________________________
c) Discussões provocadas por uma novela determinaram o desligamento do etnólogo daFunai.
____________________________________________________________________________
d) Exigimos do difamador a retratação pública.
____________________________________________________________________________
7. Agora, transforme a oração substantiva em substantivo:
a) A companhia pediu-lhe que doasse alguns imóveis.
____________________________________________________________________________
b) Os índios confessaram que não toleram o novo catequista.
____________________________________________________________________________
c) O policial exigiu que nos identificássemos.
____________________________________________________________________________
d) O presidente sugeria que o secretário se demitisse.
ENUNCIADO CLASSIFICAÇÃO
I
II
____________________________________________________________________________8. Classifique as orações destacadas, conforme o código:
(1) oração subordinada substantiva subjetiva
(2) oração subordinada substantiva objetiva direta
(3) oração principal
a. ( ) Meu pai dizia que os amigos são para as ocasiões.
b. ( ) É uma honra que ele adote nossa sugestão.
c. ( ) Ninguém soube que a famosa violinista se apresentaria no Teatro Municipal.
d. ( ) Disseram-me que você é uma pessoa digna de confiança.
e. ( ) O criado anunciou que o jantar estava servido.
f. ( ) É possível que eles concordem com a proposta.
g) ( ) O rei berrou que estava cheio dos sermões da rainha.
h) ( ) Convém que você fuja imediatamente.
i) ( ) Comenta-se que poucos foram reprovados.
j) ( ) Conta-se que naquela torre habita uma bruxa.
l) ( ) Contam que naquela torre habita uma bruxa.
m) ( ) É provável que ele chegue ainda hoje.
n) ( ) Acontece que ainda te amo.
o) ( ) Parece que eles chegaram à cidade.
p) ( ) Ele afirmou categoricamente que o episódio não era verdadeiro.
q) ( ) Comenta-se que poucos foram reprovados.
9. Marque :
(1) para oração subordinada substantiva subjetiva:
(2) para oração subordinada substantiva predicativa:
a. ( ) A principal exigência é que confie em nossos propósitos.
b. ( ) Não é aconselhável que venham novos emissários da paz.
c. ( ) O sonho dos garis era que modernizassem os equipamentos.
d. ( ) O correto seria que eles manifestassem suas opiniões.
e. ( ) É lastimável que deixemos escapar essa oportunidade.
10. As orações subordinadas substantivas objetiva indireta e completiva nominal vêm sempre
introduzidas por preposição. Complete as orações abaixo com a preposição adequada:
a. Não duvido ________ que ele seja capaz de um ato tão louvável.
b. Aconselhamos você ________ que não se imiscua em negócios alheios.c. A assembléia concordou ________ que o líder subisse ao púlpito.
d. Sou favorável ________ que você participe desse concurso.
11. Divida e classifique as orações:
a. O promotor convenceu o juiz de que o réu era culpado.
b. Só ocultava um fato: que presenciara o infortúnio de seu velho pai.
c. O cientista desconfiou de que estava sendo enganado.
d. Tenho plena confiança em que tudo dê certo.
e. É aconselhável que todos confiram o gabarito.
f. Comenta-se que existem bons estabelecimentos de ensino naquela cidade.
g. Parece impossível que nossos interesses se conciliem.
h. Não esperávamos que a Sociedade Protetora dos Animais registrasse a queixa.
12. Sublinhe as orações subordinadas e classifique-as conforme a legenda:
a) Oração subordinada substantiva objetiva direta
b) Oração subordinada substantiva objetiva indireta
c) Oração subordinada substantiva completiva nominal
d) Oração subordinada substantiva subjetiva
e) Oração subordinada substantiva predicativa
f) Oração subordinada substantiva apositiva
( ) Agora, preciso de que você me apóie.
( ) Temos necessidade de que você nos ajude, Maria.
( ) Todos exigiram que você esteja presente imediatamente.
( ) Tenho certeza de que ele voltará.
( ) De todas as investigações feitas, confirmou-se isto: que os políticos eram
culpados.
( ) Sabe-se que cada ser vivo na Terra teve sua origem em outro organismo.
( ) A constatação foi que ele, realmente, era culpado.
( ) Será interessante que todos ajudem na montagem dessa peça teatral.
13. Siga o modelo:
Espero seu telefonema. Espero que você me telefone.a) Desejo sua vinda. __________________________________________________________
b) Necessitamos de ajuda. ______________________________________________________
c) Minha esperança é a tua felicidade. ____________________________________________
d) Tínhamos necessidade de ajuda. ______________________________________________
e) Desejo uma coisa: a tua felicidade. _____________________________________________
f) Seu casamento é urgente. ____________________________________________________
g) A tua vinda é necessária. ____________________________________________________
h) Espero a tua resposta. ______________________________________________________
i) Era esperada a sua chegada. __________________________________________________
j) Alfredinho aguardava a tua partida. _____________________________________________
l) Percebeu a aproximação dos homens. __________________________________________
m) Observou a agonia da velha árvore. ___________________________________________
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ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA / 1º PERÍODO / PTE 4
Com certeza tenho amorMarina Colasanti
Moça tão resguardada por seus pais não deveria ter ido à feira. Nem foi, embora muito odesejasse. Mas porque o desejava, convenceu a ama que a acompanhava a tomar uma ruaem vez de outra para ir à igreja, e a rua que tomaram passava tão perto da feira que seus sonsa percorriam como água e as cores todas da feira pareciam espelhar-se nas paredes claras.Foi dessa rua, olhando através do véu que lhe cobria metade do rosto, que a moça viu ossaltimbancos em suas acrobacias.
E foi nessa rua, recortada como uma silhueta em suas roupas escuras, o rosto meiocoberto por um véu, que o mais jovem dos saltimbancos, atrasado a caminho da feira, a viu.
Era o mais jovem era o mais forte era o mais valente entre os onze irmãos. A partirdaquele encontro, porém, uma fraqueza que não conhecia deslizou para dentro de seu peito. Ànoite suspirava como se doente.
— Que tens? – perguntaram-lhe os irmãos.— Não sei – respondeu. E era verdade. Sabia apenas que a moça velada aparecia nos
seus sonhos, e que parecia sonhar mesmo acordado porque mesmo acordado a tinha diantedos olhos.
Àquela rua a moça não voltou mais. Mas ele a procurou em todas as outras ruas dacidade até vê-la passar, esperou diante da igreja até vê-la entrar, acompanhou-a ao longe até
vê-la chegar em casa.Agora sorria, cantava, embora, de repente largasse a comida no prato porque nada mais
lhe passava na garganta.— Que tens? – perguntaram-lhe os irmãos.— Acho, não sei... – respondeu ele abaixando a cabeça sobre o seu rubor – creio... que
tenho amor.Na casa, a moça também sorria e cantava, largava de repente a comida no prato e se
punha a chorar.— Tenho... sim... com certeza tenho amor – respondeu à ama que lhe perguntou o que
tinha.Mas nem a ama se alegrou, nem se alegraram os dez irmãos. Pois como alegrar-se com
um amor que não podia ser?De fato, tanto riso, tanto choro acabaram chamando a atenção do pai da moça que,
vigilante e sem precisar perguntar, trancou-a no quarto mais alto da sua alta casa. Não era comum saltimbanco que havia de casar a filha criada com tanto esmero.
Mas era com o saltimbanco que ela queria se casar.E o saltimbanco, ajudado por seus dez irmãos, começou a se preparar para chegar até
ela.Afinal uma noite, lua nenhuma que os denunciasse, ...
Vocabulário
Ama: criada de dama nobre.Esmero: cuidado, refinamento
Saltimbanco: artista popular que se exibe em vias públicas ou feiras.
Informe a que elemento do texto as palavras destacadas se referem:
O saltimbanco procura a moçaaté encontrá-la.
―Acho, não sei...[...] creio... quetenho amor.‖
― Moça tão resguardada por seus pais não deveria ter ido à feira. Nem foi, embora muito o desejasse.
o: __________________________________________________________________________
―Mas porque o desejava, convenceu a ama que a acompanhava a tomar uma rua em vez deoutra para ir à igreja, e a rua que tomaram passava tão perto da feira que seus sons a percorriam como água e as cores todas da feira pareciam espelhar-se nas paredes claras.‖
que: ________________________________________________________________________
outra: _______________________________________________________________________
seus: _______________________________________________________________________
a: __________________________________________________________________________
2. Quais as personagens principais do conto lido?
____________________________________________________________________________
3. A partir do momento em que vê a moça, o saltimbanco experimenta várias sensações e vai,aos poucos, percebendo o que se passa com ele. Complete o quadro abaixo com informaçõescopiadas do texto:
4. Um conto de amor pode abordar diferentes conflitos. Qual o principal problema da narrativa?
( ) A jovem gostava de ir à feira, mas fora proibida pelos pais porque se apaixonara por umsaltimbanco.( ) A jovem quis assistir ao espetáculo dos saltimbancos, apaixonou-se por um deles e foipunida pelo pai.( ) A jovem apaixonou-se por um saltimbanco, mas o pai não queria que a filha se casassecom um saltimbanco.
5. A caracterização das personagens sugere que a moça e o saltimbanco pertenciam:( ) a classes sociais diferentes.( ) a classes sociais iguais.
6. Baseando-se na descrição feita da jovem, justifique o conflito enfrentado pelo casalprotagonista da história.____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
7. Como você notou, o conto lido não apresenta desfecho. Este será criado por você. Parafazê-lo, preste atenção ao tipo de narrador, ao tempo verbal e, principalmente, ao conflitopresentes na narrativa.
Acontecimento Reações do saltimbanco Interpretações do que sepassa com ele
O saltimbanco vê a moça. Ele se torna fraco, suspira comoum doente, sonha com ela e avê diante de si quandoacordado.
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ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA / 1º PERÍODO / TEXTO 3
No retiro da figueiraMoacyr Scliar
Sempre achei que era bom demais. O lugar, principalmente. O lugar era... eramaravilhoso. Bem como dizia o prospecto: maravilhoso. Arborizado, tranqüilo, um dos últimoslocais — dizia o anúncio — onde você pode ouvir um bem-te-vi cantar. Verdade: na primeiravez que fomos lá ouvimos o bem-te-vi. E também constatamos que as casas eram sólidas ebonitas, exatamente como o prospecto as descrevia: estilo moderno, sólidas e bonitas. Vimos ocampo de aviação. Vimos a majestosa figueira que dava nome ao condomínio: Retiro daFigueira.
Mas o que mais agradou à minha mulher foi a segurança. Durante o trajeto de volta àcidade — e eram uns bons cinqüenta minutos — ela falou, entusiasmada, da cerca eletrificada,das torres de vigia, dos holofotes, do sistema de alarmes – e sobretudo dos guardas. Oitoguardas, homens fortes, decididos — mas amáveis, educados. Aliás, quem nos recebeunaquela visita, e na seguinte, foi o chefe deles, um senhor tão inteligente e culto que logopensei: ―ah, mas ele deve ser formado em alguma universidade‖. De fato: no decorrer daconversa ele mencionou — mas de maneira casual — que era formado em Direito. O que sófez aumentar o entusiasmo de minha mulher.
Ela andava muito assustada ultimamente. Os assaltos violentos se sucediam navizinhança; trancas e porteiros eletrônicos já não detinham os criminosos. Todos os diassabíamos de alguém roubado e espancado; e quando uma amiga nossa foi violentada por doismarginais, minha mulher decidiu — tínhamos de mudar de bairro. Tínhamos de procurar umlugar seguro.
Foi então que enfiaram o prospecto colorido sob nossa porta. Às vezes penso que semorássemos num edifício mais seguro o portador daquela mensagem publicitária nunca teriachegado a nós, e, talvez... Mas isto agora são apenas suposições. De qualquer modo, minhamulher ficou encantada com o Retiro da Figueira. Meus filhos estavam vidrados nos pôneis. Eeu acabava de ser promovido na firma. As coisas todas se encadearam, e o que começou comum prospecto sendo enfiado sob a porta transformou-se — como dizia o texto — num novoestilo de vida.
Não fomos os primeiros a comprar casa no Retiro da Figueira. Pelo contrário; entrenossa primeira visita e a segunda — uma semana após — a maior parte das trinta residênciasjá tinha sido vendida. O chefe dos guardas me apresentou a alguns dos compradores. Gosteideles: gente como eu, diretores de empresa, profissionais liberais, dois fazendeiros. Todostinham vindo pelo prospecto. E quase todos tinham se decidido pelo lugar por causa dasegurança.
Naquela semana descobri que o prospecto tinha sido enviado apenas a uma quantidadelimitada de pessoas. Na minha firma, por exemplo, só eu o tinha recebido. Minha mulheratribuiu o fato a uma seleção cuidadosa de futuros moradores — e viu nisso mais um motivo desatisfação. Quanto a mim, estava achando tudo muito bom. Bom demais.
Mudamo-nos. A vida lá era realmente um encanto. Os bem-te-vis eram pontuais: às seteda manhã começavam seu afinado concerto. Os pôneis eram mansos, as aléias ensaibradasestavam sempre limpas. A brisa agitava as árvores do parque — cento e doze, bem como diziao prospecto. Por outro lado, o sistema de alarmes era impecável. Os guardas compareciamperiodicamente à nossa casa para ver se estava tudo bem sempre gentis, sempre sorridentes.O chefe deles era uma pessoa particularmente interessada: organizava festas e torneios,preocupava-se com nosso bem-estar. Fez uma lista dos parentes e amigos dos moradores —para qualquer emergência, explicou, com um sorriso tranqüilizador. O primeiro mês decorreu —tal como prometido no prospecto —num clima de sonho. De sonho, mesmo.
Uma manhã de domingo, muito cedo — lembro-me que os bem-te-vis ainda não tinham
começado a cantar — soou a sirene de alarme. Nunca tinha tocado antes, de modo queficamos um pouco assustados — um pouco, não muito. Mas sabíamos o que fazer: nosdirigimos, em ordem, ao salão de festas, perto do lago. Quase todos ainda de roupão oupijama.
O chefe dos guardas estava lá. Ladeado por seus homens, todos armados de fuzis. Fez-nos sentar, ofereceu café. Depois, sempre pedindo desculpas pelo transtorno, explicou omotivo da reunião: é que havia marginais nos matos ao redor do Retiro e ele, avisado pelapolícia, decidira pedir que não saíssemos naquele domingo.
— Afinal — disse, em tom de gracejo — está um belo domingo, os pôneis estão aímesmo, as quadras de tênis...
Era mesmo um homem muito simpático. Ninguém chegou a ficar verdadeiramentecontrariado.
Contrariados ficaram alguns no dia seguinte, quando a sirene tornou a soar demadrugada. Reunimo-nos de novo no salão de festas, uns resmungando que era segunda-feira, dia de trabalho. Sempre sorrindo, o chefe dos guardas pediu desculpas novamente edisse que infelizmente não poderíamos sair — os marginais continuavam nos matos, soltos.Gente perigosa; entre eles, dois assassinos foragidos. À pergunta de um irado cirurgião o chefedos guardas respondeu que, mesmo de carro, não poderíamos sair; os bandidos poderiambloquear a estreita estrada do Retiro.
— E vocês, por que não nos acompanham? — perguntou o cirurgião.— E quem vai cuidar das famílias de vocês? — disse o chefe dos guardas, sempre
sorrindo.Ficamos retidos naquele dia e no seguinte. Foi aí que a polícia cercou o local: dezenas
de viaturas com homens armados, alguns com máscaras contra gases. De nossas janelas nósos víamos e reconhecíamos: o chefe dos guardas estava com a razão.
Passávamos o tempo jogando cartas, passeando ou simplesmente não fazendo nada.Alguns estavam até gostando. Eu não. Pode parecer presunção dizer isso agora, mas eu nãoestava gostando nada daquilo.
Foi no quarto dia que o avião desceu no campo de pouso. Um jatinho. Corremos para lá.Um homem desceu e entregou uma maleta ao chefe dos guardas. Depois olhou para
nós — amedrontado, pareceu-me — e saiu pelo portão da entrada, quase correndo.O chefe dos guardas fez sinal para que não nos aproximássemos. Entrou no avião.
Deixou a porta aberta, e assim pudemos ver que examinava o conteúdo da maleta. Fechou-a,chegou à porta e fez um sinal. Os guardas vieram correndo, entraram todos no jatinho. A portase fechou, o avião decolou e sumiu.
Nunca mais vimos o chefe e seus homens. Mas estou certo que estão gozando odinheiro pago por nosso resgate. Uma quantia suficiente para construir dez condomínios iguaisao nosso — que eu, diga-se de passagem, sempre achei que era bom demais.
(Os melhores contos. 2. ed. São Paulo, Global, 1986)
VOCABULÁRIO
Ensaibradas: cobertas de saibro
1. Quanto à estrutura do conto:
O enredo do conto estrutura-se com base nas seguintes partes: introdução,complicação, clímax e desfecho.
No conto em questão, temos um desfecho surpreendente. Transcreva dois elementos
que contradizem, no decorrer da narrativa, o desfecho que surpreende o leitor.
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2. A família do narrador fica encantada com o Retiro da Figueira.
a) Que acontecimento apontado no texto motivou a esposa do narrador a querer mudar de
casa? Justifique.
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b) Que atitudes do chefe dos guardas demonstraram confiança aos futuros moradores?
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3. O narrador, no decorrer do texto, apresenta indícios que preparam o leitor para o desfecho.
Cite dois aspectos do conto que possibilitam a suspeita de que o chefe dos guardas seria o
chefe dos ladrões.
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4. Explique a afirmação: “As coisas todas se encadearam, e o que começou com um prospecto
sendo enfiado sob a porta transformou-se – como dizia o texto – num novo estilo de vida.”____________________________________________________________________________
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5. Qual a crítica apresentada pelo conto?
Considerando os fatos apresentados no texto, assinale a alternativa que melhor responde à
pergunta.
a) ( ) A importância de lidar com ladrões que tenham formação intelectual (acadêmica).
b) ( ) A divulgação dos condomínios como lugares extremamente seguros para viver.
c) ( ) A inversão de valores que há nos tempos atuais: ladrões ficam soltos, livres e as
pessoas de bem, presas em condomínios.
d) ( ) O papel importante dos policiais nos resgates das vítimas.
6. No final do conto, o narrador expõe uma opinião através da frase: “Uma quantia suficiente
para construir dez condomínios iguais ao nosso[...]”. Cite-a.
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7. A narração aponta aspectos que levariam o leitor a questionar a perfeição do condomí -
nio Retiro da Figueira. Assinale a alternativa que melhor justifica essa afirmação:
a) ( ) “Os bem-te-vis eram pontuais: às sete da manhã começavam seu afinado concerto”.
b) ( ) Os prospectos para divulgação do condomínio foram colocados sob a porta de
algumas residências.
c) ( ) O chefe dos guardas era formado em Direito.
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ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA / 1º PERÍODO / GRAMÁTICA 3
1. a) Grife os verbos das orações e indique sua regência:
V.I V.T.D V.T.I V.T.D.I
I. ( ) O chefe dos guardas assistia os condôminos com paciência.
II. ( ) A família chegou ao Retiro da Figueira.
III. ( ) Os moradores obedeceram às ordens do guarda.
IV. ( ) O narrador preferiu o descanso ao trabalho.
b) Crie uma frase com o verbo ASSISTIR no sentido de ver, observar.
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c) Justifique a regência do verbo PREFERIR, na frase IV ―O narrador preferiu o descanso ao
trabalho.‖
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2. Assinale as alternativas incorretas quanto à regência verbal. Em seguida, faça as correções.
a. ( ) Os moradores obedecem ao chefe dos guardas.
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b. ( ) A instituição pagou o palestrante.
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c. ( ) A nossa prima namorou Rafael por muito tempo.
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d. ( ) O ladrão visou ao alvo e atirou.
___________________________________________________________________________3. O texto que segue é trecho de um comentário sobre o livro Gol de padre e outras crônicas,
de Stanislaw Ponte Preta. Leia-o e, a seguir, indique a alternativa que o completa
adequadamente.
Tipos que todos nós conhecemos muito bem: o malandro ___ procura da sua próxima
vítima, o marido infiel que se julga muito esperto e no final tem uma desagradável surpresa, ___
criança sapeca que com suas armações quase leva os adultos ___ loucura. Nas divertidas
crônicas de Stanislaw Ponte Preta esses e outros personagens ganham vida e se metem em
grandes confusões.
( ) a, a, a ( ) à, a, a ( ) a, à, à ( ) à, à, à ( ) à, a, à
4. Reescreva a frase do anúncio, eliminando o erro de regência.
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5. a) Grife os verbos das orações e indique sua regência:
V. I - V. T. D - V. T. I
I. ( ) O narrador assiste atualmente no Retiro da Figueira.
II. ( ) O chefe dos guardas esqueceu a maleta de dinheiro.
III. ( ) Os condôminos pagaram aos guardas.
IV. ( ) Os guardas visam ao bem-estar dos condôminos.
b) Crie uma frase com o verbo pagar como transitivo direto.
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c) Justifique a regência do verbo VISAR, na frase IV ―Os guardas visam ao bem-estar dos
condôminos.‖
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6. Assinale as alternativas incorretas quanto à regência verbal. Em seguida, faça as correções.
a. ( ) O homem visou ao alvo e disparou o tiro.
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b. ( ) Mariana namorou com Fábio durante anos.
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c. ( ) Os moradores simpatizaram com o chefe dos guardas.
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d. ( ) O lojista pagou a dívida.
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7. Observe a tira:
a) Justifique a ausência do acento que indica a crase no 1º. quadrinho.
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b) Reescreva o balão da fala de Mafalda, modificando a regência do verbo ESQUECER.
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