A Cultura da Internet, por M. Castells
CASTELLS, Manuel. A Galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
Carlos d'Andréa - disciplina “Cibercultura” (2012/1)
Manuel Castells
Sociólogo espanhol (nascido em 1942)
Professor da University of Southern California (USC)
Autor da trilogia “A Era da Informação”,
uma das mais importantes pesquisas sobre a sociedade atual.
Antes, estudava Sociologia Urbana.
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Manuel Castells
Livro “A Galáxia da Internet” é uma referência à obra de Mcluhan (“A Galáxia de Gutemberg”)
Posiciona-se contra “profecias futurológicas ou distopias críticas”.
“Você não encontrará nenhuma previsão
sobre o futuro (…) também nenhuma advertência moral ” (p.9)
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Manuel Castells
Idéia central
“A Internet é – e será ainda mais – o meio de comunicação e de relação essencial sobre o qual se
baseia uma nova forma de sociedade que nós já vivemos – (...) Sociedade em Rede”
É reconhecida como uma “tecnologia genérica” (CARR, 2008), portanto.
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A cultura da internet
“A cultura da internet é a cultura dos criadores da internet”
Surgiu da interação entre ciência, pesquisa universitária, pesquisa militar e
contracultura libertária
Quatro camadas: cultura tecnomeritocrátrica, cultura hacker, cultura comunitária virtual e cultura
empresarial
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Arpanet - 1971
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História da internet
- Financiamento militar, mas uso acadêmico.
- a internet não é um projeto empresarial (não tem “dono” ou “inventor”)
- arquitetura informática aberta e de livre acesso (ex.: protocolo TCP/IP, que permite que todos conectados
comuniquem-se entre si).
- desenvolvida pelos próprios usuários, em cooperação internacional. Ex.: E-mail (1971)
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Cultura tecnomeritocrátrica
Baseada na academia e na ciência, herdeira do Iluminismo
Características:
- Foco na inovação (descoberta tecnológica)
- Relevância é determinada pelos pares (reputação) a partir da contribuição para o campo
- Coordenação de tarefas por uma autoridade
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Cultura tecnomeritocrátrica
Características:
- Obediências às normas formais e informais: vantagem pessoal sem detrimento do coletivo
- Colaboração em rede (inclusive em função da abertura do software)
Exemplo: Tim Berners Lee e a World Wide Web,a interface gráfica da internet
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Cultura hacker
O que é um hacker? E um cracker?
Inovação através da cooperação e comunicação livre
Duas características:- autonomia dos projetos em relação às instituições
- interconexão como base material da autonomia
Fazem a ponte entre a cultura tecnomeritocrática e cultura empresarial
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Cultura hacker
Ética hacker: como pode dar certo?
Meta de excelência no desempenho e na tecnologiaValor supremo: liberdade
Economia da doação (ou dádiva): prestígio, reputação e estima social são moedas de troca
“Há na cultura hacker um sentimento comunitário, baseado na integração ativa a uma comunidade, que
se estrutura em torno de costumes e princípios de organização informal” (p.43)
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Cultura hacker
Exemplos:
Movimento do software livre GNU/Linux e a “Lei de Linus”
Onda de ataques no início de 2012
Exemplo editorial: Wikipédia
No Brasil: política de cultura digital do Minc
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Comunidades virtuais
Sua consolidação está ligada à popularização da internet junto aos leigos (não-técnicos)
Influência direta dos movimentos contraculturais dos anos 1960
Duas características fundamentais (p.48):- “valor da comunicação livre, horizontal”
- “formação autônoma de redes”
Individualismo em rede
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Comunidades virtuaisBarry Wellman:
“Comunidades são redes de laços interpessoais que proporcionam sociabilidade, apoio, informação, um senso de integração e identidade social” (p.108).
“As comunidades virtuais são os agregados sociais surgidos na Rede, quando os
intervenientes de um debate o levam pordiante em número e sentimento suficientespara formarem teias de relações pessoais
no ciberespaço” (RHEINGOLD,1996, p.18)
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Cultura empresarial
Vale do Silício, Califórina, anos 1990
Internet com base da “nova economia”: bens intangíveis, serviços, trabalho em rede etc
Inovação (e não o capital ou a matéria-prima) como força propulsora
Start ups alavancadas por pelo “capital de risco” e pela oferta pública de ações (IPO).
Início dos anos 2000: Bolha da internet
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Cultura empresarialCultura do dinheiro: gratificação imediata
“É uma cultura em que a soma de dinheiro a ganhar e a velocidade em que isso ocorrerá são os valores
supremos” (p.90).
O fenômeno Facebook
Comportamento: “mundo de pessoas solteiras, sem tempo para encontrar um companheiro compatível, apenas corpos disponíveis ocasionalmente” (p.52)
Individualismo é a regra
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Em síntese...
“A cultura da internet é uma cultura feita de uma crença tecnocrática no progresso dos seres
humanos através da tecnologia, levado a cabo por comunidades de hackers que prosperam na
criatividade tecnológica livre e aberta, incrustada em redes virtuais que pretendem reinventar a sociedade, e materializada por empresários movidos a dinheiro
na nova economia” (p.59)
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