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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO
A DIFICULDADE DE INTERAÇÃO DA CRIANÇA E/OU PRÉ-ADOLESCENTE NOS GRUPOS SOCIAIS: FAMÍLIA, ESCOLA E SOCIEDADE
MARIA JÚLIA HORA DA SILVEIRA
Bagé 2004
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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO
A DIFICULDADE DE INTERAÇÃO DA CRIANÇA E/OU PRÉ-ADOLESCENTE NOS GRUPOS SOCIAIS: FAMÍLIA, ESCOLA E SOCIEDADE
Monografia final de Curso de Pós-Graduação, Nível de Especialização em Ciências Sociais na Educação, sob a orientação da Profª. Ms. Berenice Lagos Guedes de Bem.
MARIA JÚLIA HORA DA SILVEIRA
Bagé 2004
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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO
TERMO DE APROVAÇÃO
Monografia apresentada para a obtenção do grau de Especialista em Educação, Curso
de Pós-Graduação em Nível de Especialização em Ciências Sociais na Educação.
Parecer avaliativo: _____________________________________
Responsável pela avaliação: ________________________________
Bagé 2004
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Epígrafe
Em todo tempo, família e escola se completam. A
família deve acompanhar e completar a tarefa da
escola, agindo de comum acordo com ela. A melhor
organização educacional não vale o amor de uma mãe.
Esse entendimento, essa cooperação sincera entre pais e
professores é questão de magna importância, que urge
ser intensificada, não só tendo em vista o que diz
respeito diretamente à criança, como também à própria
formação consciente dos pais na dificílima tarefa de
educar seus filhos.
Élcio R. Meneses
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AGRADECIMENTOS
A Deus pela força interior e amparo nas horas de desânimo. Aos meus familiares, em especial a Luísa e a Guga, pelo incentivo, carinho e
compreensão. Aos professores que contribuíram para que este trabalho pudesse se realizar,
respondendo com paciência às questões pesquisadas. A professora Berenice Lagos Guedes de Bem, pelo carinho e atenção na orientação
deste trabalho. Aos colegas da turma, pela amizade, solidariedade e companheirismo. Àqueles que, ao duvidar da minha capacidade, desafiaram e aguçaram a minha
vontade de vencer.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................08 1 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................12
1.1 O desafio de ser nortense.................................................................................................12 1.1.1 Posição Geográfica: o isolamento nortense............................................................14
1.2 Interação social................................................................................................................17 1.3 Grupos sociais..................................................................................................................19 1.4 Importância de uma boa interação social.........................................................................21 1.5 As dificuldades de interação social: possíveis causas......................................................23
1.5.1 Família....................................................................................................................24 1.5.2 Escolas....................................................................................................................29 1.5.3 Sociedade................................................................................................................33
1.6 Alternativas para solucionar as dificuldades de interação social.....................................37 1.6.1 Família....................................................................................................................37 1.6.2 Escola......................................................................................................................39 1.6.3 Sociedade................................................................................................................41
2 METODOLOGIA................................................................................................................43
2.1 Considerações Iniciais......................................................................................................43 2.2 Tipo de pesquisa/população amostra...............................................................................44 2.3 Tabulação, interpretação e análise dos dados..................................................................45
CONCLUSÃO.........................................................................................................................54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................57 ANEXOS..................................................................................................................................59
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 Faixa etária dos professores pesquisados..................................................................................46 Gráfico 02 Tempo de exercício no Magistério............................................................................................47 Gráfico 03 O que leva as crianças e/ou pré-adolescentes a apresentarem dificuldade de interação nos grupos sociais?..........................................................................................................................48 Gráfico 04 As causas que interferem na dificuldade de interação..............................................................50 Gráfico 05 Os recursos que dispõem os grupos sociais para contribuir na interação da criança e/ou pré-adolescente com o meio............................................................................................................51
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RESUMO
A dificuldade de interação da criança ou pré-adolescente nos grupos sociais é o tema de que trata o presente trabalho. Nas escolas, no contato com os alunos, observa-se a dificuldade de interação dos mesmos entre si. A sociedade passa por constantes transformações que refletem no meio familiar, escolar e social. Os valores que se fundem em uma sociedade capitalista, contribuem para a competitividade, a desigualdade social e o individualismo, favorecendo a não interação entre os indivíduos. A família – primeiro grupo social do qual a criança faz parte – desempenha importantíssima função na formação dessa, pois é no convívio com os familiares que a criança irá construir sua auto-imagem, sua personalidade, adquirir confiança em si, enfim, saber que tem um papel importante no contexto do qual está inserido, e isso irá refletir positivamente em suas relações futuras. Quando o indivíduo não tem um desenvolvimento sadio, seguro, estimulador, conseqüentemente poderá apresentar dificuldade de relacionamento. A escola também tem sua função relevante nesta formação, pois contribui no desenvolvimento psicossocial do indivíduo. Uma vez que este se desenvolve na interação com o meio e com as pessoas que dele fazem parte, torna-se importantíssimo pesquisar sobre o assunto, pois só assim pode-se encontrar caminhos para possíveis soluções do problema.
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho refere-se a dificuldade de interação da criança e/ou pré-
adolescente nos grupos sociais. Analisa-se a escola, a família e a sociedade na busca de
apontar caminhos possíveis para o problema que se apresenta.
Na rede regular de ensino torna-se cada vez mais crescente o número de crianças ou
pré-adolescentes com esta dificuldade. Partindo dessa realidade surgem questionamentos
feitos pelos adultos envolvidos na formação desses seres sobre os motivos que as levam a
apresentar tal comportamento.
O interesse por tal estudo surgiu devido a dificuldade de interação social se mostrar
presente nas turmas da Escola Municipal de Ensino Fundamental Coronel Antônio Soares de
Paiva, na cidade de São José do Norte, onde a pesquisadora trabalha como professora, nas
disciplinas de História e Geografia.
Alicerçado nesse contexto, sentiu-se necessidade de realizar um estudo aprofundado
no sentido de buscar, conhecer, as principais dificuldades que impossibilitam (ou tornam
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difícil) a Interação Social entre as crianças ou pré-adolescentes do Ensino Fundamental dessa
escola em 2004.
Os focos pesquisados que se constituem a partir do tema em pauta expressam-se
através dos seguintes objetivos gerais e específicos:
- Pesquisar as principais dificuldades enfrentadas pelas crianças ou pré-
adolescentes para interagirem nos grupos sociais;
- Constatar os recursos que dispõem os grupos sociais para contribuir na
interação da criança ou pré-adolescente;
- Detectar as possíveis conseqüências que a dificuldade de interação nos
grupos sociais podem acarretar na aprendizagem da criança ou pré-
adolescente.
Esses objetivos traduzem os principais questionamentos/hipóteses que, orientam o
desenvolvimento deste trabalho.
A metodologia pretendida será a de investigação, e, se efetivará através de pesquisa
bibliográfica e de campo. A técnica utilizada para pesquisa se dará por meio de questionários
para professores, contendo cinco questões abertas e fechadas.
A análise dos dados será realizada de forma crítica e reflexiva, em um enfoque
quanti-qualitativo.
A população alvo pesquisada será um grupo de dez professores que atuam no Ensino
Fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Coronel Antônio Soares de Paiva
do município de São José do Norte, no ano de 2004, escolhidos por meio de sorteio.
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As questões de pesquisa para estudo sobre o assunto, buscarão saber: os problemas
sociais que contribuem para a dificuldade de interação das crianças ou pré-adolescentes. Os
recursos que os grupos sociais dispõem para favorecer a interação das crianças ou pré-
adolescentes e a contribuição que os grupos sociais podem acarretar no desenvolvimento da
criança.
Educar envolve inúmeras variáveis que compõe a dimensão política do projeto
educacional, dando ênfase ao respeito às diferenças individuais dos adolescentes,
considerando suas possibilidades e limitações. Pensando nessas variáveis que envolvem a
educação os professores tentam achar soluções para trabalharem as dificuldades de interação
social apresentadas pelos adolescentes, que apresentam dificuldades de aprendizagem.
A aprendizagem acontece quando o adolescente articula os conhecimentos adquiridos
ao longo do tempo e relaciona com o saber. Implica o entendimento da relação que se
estabelece entre o sujeito e objeto do conhecimento, se consolidando no conflito com a
interação.
As relações sociais provocam em certos momentos, situações de fracasso escolar que
não são permanentes e podem ser superadas quando as relações com o saber forem
modificadas.
Descobrir como as relações sociais interferem na interação das crianças ou pré-
adolescentes permite compreender a importância da escola, família e sociedade no
desenvolvimento desses, para que venham ter uma boa aprendizagem e para que sejam
capazes de interagir nos grupos sociais em que vivem.
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Na posse desse conhecimento, os profissionais da educação estão mais preparados
para lidarem com as dificuldades de interação dos adolescentes, no processo ensino-
aprendizagem.
Ao longo da prática docente, tem-se observado um acréscimo de adolescentes com
dificuldades de interação nos grupos sociais. Este acréscimo permite constatar que as
dificuldades de interação estão diretamente ligadas aos problemas de aprendizagem
apresentados pelas crianças ou pré-adolescentes.
Desta forma, procurar-se-á realizar um estudo que mostre claramente como as
dificuldades de interação influenciam no processo de desenvolvimento das crianças e pré-
adolescentes, conseqüentemente, no processo ensino-aprendizagem.
A pesquisa propõe dar embasamento aos professores na busca de meios para
solucionar estes problemas que atingem um número considerável de crianças ou pré-
adolescentes.
Os capítulos que constituem este trabalho estão voltados a problemática Dificuldade
de Interação Social nos grupos sociais das quais a criança ou pré-adolescente encontram-se
inseridos: família, escola e sociedade.
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1 REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 O DESAFIO DE SER NORTENSE
O município de São José do Norte faz parte do Rio Grande do Sul, que localiza-se no
extremo sul do Brasil.
Com 1.108 Km² de superfície e uma população de aproximadamente 23.792
habitantes (IBGE, 2000), São José do Norte, cujo território está situado na Planície Costeira,
na microrregião Litoral Oriental da Laguna dos Patos, limita-se a leste com o Oceano
Atlântico, a o norte com a Laguna dos Patos, a nordeste com o município de Tavares, a
sudeste com o Estuário da Laguna dos Patos, a noroeste com a Laguna dos Patos e ao sul com
o canal de Rio Grande.
Constitui-se de uma comprida e estreita restinga, que varia de 25m a 8m de largura e
cujas coordenadas geográficas resultam aproximadamente 32 00’ 24” de latitude sul e 52 02’
27” de longitude oeste.
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A região é uma imensa planície e encontra-se a dois metros acima do nível do mar, o
relevo é plano, o terreno arenoso coberto de uma vegetação típica da mata litorânea, baixa e
raquítica. As partes baixas do solo, onde o terreno é argiloso, deram origem a plantação de
arroz, porém predomina a monocultura da cebola. O clima nortense é ameno, com
temperaturas médias de 18°C, nessa região litorânea destacam-se fenômenos típicos como as
brisas, os nevoeiros e elevado grau de umidade, no inverso sopra com intensidade um vento
frio denominado na região de rebojo.
As águas da Laguna dos Patos são de fundamental importância para os nortenses,
tanto como via de acesso no transporte marítimo, como para o trabalho através da pesca.
A costa do Atlântico apresenta as mesmas características do litoral sul-brasileiro,
enquanto a lagoa abre-se em várias enseadas, formadas por diversas pontas. Ao longo do
litoral, além de dunas, junto a praia estende-se várias lagoas costeiras de tamanhos e
profundidades variáveis com a lago do Estreito, que em certas épocas do ano se comunica
com o Atlântico, formando uma barra, que serve de escoadouro para as águas que se
acumulam perto da praia em épocas chuvosas.
A praia arenosa, batida pelas ondas do Oceano é temida pelos navegantes, pois
muitos navios e barcos pesqueiros já naufragaram na costa nortense. As dunas, encontradas ao
longo da praia, de vários tipos e alturas são sem vegetação, sendo as mesmas movediças,
sofrendo a ação constante dos ventos que sopram durante todo o ano, que as deslocam.
A economia nortense baseia-se na agricultura e na pesca artesanal e comercial, sendo
a monocultura da cebola o principal produto, o arroz e as florestas de pinus complementam o
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setor agrícola, o camarão e o pescado contribuem de forma precária na economia. São José do
Norte constitui-se numa região de belezas naturais, sendo o turismo litorâneo e ecológico
pouco explorados, devido, principalmente, a precariedade de infra-estrutura para atender esse
setor, tão divulgado atualmente.
1.1.1 Posição Geográfica: o isolamento nortense
O município de São José do Norte, cujos primeiros habitantes foram os índios
Carijós, sendo que, atualmente são encontrados vestígios de suas passagens por essas terras. O
povoamento do município teve início em 1724, cujo núcleo habitacional inicial desenvolveu-
se próximo a Lagoa, quando João de Magalhães, estabeleceu um posto de vigilância destinado
a garantir a posse da barra e o transporte de gado, foi expandindo-se com o movimento de
portugueses e tropeiros a caminho da Colônia do Sacramento. Com a invasão espanhola em
Rio Grande a Barranca do Norte, recebeu os refugiados, formando uma trincheira de proteção
aos portugueses, recebendo então o nome de São José do Norte.
Os imigrantes açorianos chegaram em solo nortense desenvolvendo a agricultura e
começando efetivamente a ocupação lusa. O município nortense guarda características desse
povo luso, principalmente na arquitetura com vários casarios em estilo colonial, que no
passado representavam prosperidade, no presente denunciam a decadência pelo estado de
abandono em que se encontram. A instalação da Alfândega trouxe grande progresso ao
município, sendo o mesmo desmembrado de Rio Grande.
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Durante a Revolução Farroupilha, São José do Norte era um dos quatorze municípios
do Rio Grande do Sul. Essa Revolução teve importante desfecho na então vila de São José do
Norte, quando os farrapos avançaram sobre a vila, tentando assumir o controle da “Barra”,
para evitar a entrada de reforços imperialistas, quando foram surpreendidos pela reação das
tropas imperiais. “Um intenso combate foi travado e as tropas farroupilhas recuavam, quando
sugeriram ao chefe farroupilha, Bento Gonçalves, que era interessante atear fogo na vila.
Bento recusou, por tal preço e sacrifício de mulheres e crianças não desejo a vitória”
(GAUTÉRIO, 1997, p. 24). Pelo Decreto Imperial nº 91, de 31 de julho de 1841, a vila de São
José do Norte foi condecorada com o título “MUI HERÓICA VILLA DE SÃO JOSÉ DO
NORTE”, em virtude da resistência e vitória sobre os farrapos.
São José do Norte foi considerada o maior produtor de cebola do mundo, recebeu
Medalha de Ouro (Barcelona, Espanha, 1922), pela qualidade da cebola produzida, porém a
frustração da safra, a descapitalização dos agricultores, a resistência a orientação técnica, a
ineficiência de tecnologia, a dificuldade de transporte do produto, contribuíram para o
declínio da quantidade e principalmente da qualidade do produto. Além disso, a poluição e a
pesca predatória contribuem para a crescente escassez do pescado, interferindo sensivelmente
na economia do município.
A população nortense aprendeu a conviver e a lutar contra o avanço das areias finas,
características da zona litorânea, muitas vezes vencida pelas areias, pois inúmeras construções
foram soterradas.
O êxodo rural contribui para que a cidade avançasse sobre os cômoros, formando ao
seu redor um cinturão de pobreza, elevando o número expressivo de desempregados.
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A posição geográfica do município nortense cercado pelo Oceano Atlântico e pela
Laguna dos Patos, com um ineficiente transporte aquaviário, aliado as precárias estradas
denominadas “Estrada do Inferno”, contribuem para o baixo desenvolvimento do município,
que atualmente possui um baixo nível sócio-econômico-cultural, inclusive com um expressivo
índice de analfabetismo.
“São José do Norte parece estacionada no tempo. As ruas são descuidadas, a iluminação precária.
Pela BR – 101, o centro relativamente urbano mais próximo fica a mais de 150 quilômetros de distância, e a estrada é impraticável [...]. Pelo mar, a cidade mais próxima é Rio Grande, onde estão os bancos, o comércio. Para fazer a travessia é necessário enfrentar uma balsa [...]. A viagem de um ponto ao outro dura pelo menos 40 minutos [...]. O excesso de areia obriga o motorista a dirigir com cuidado e manter o carro acelerado para não afundar na areia. Montes de terra gigantescos, alguns grandes o bastante para esconder um carro de passeio [...]” (BERTOLINI, 2003, p. 29).
A terra nortense continua sofrendo as conseqüências da ineficácia do transporte
aquaviário, a precariedade das estradas, a falta de uma política de investimentos e
especialmente os políticos que sobrecarregam a prefeitura com o cumprimento de promessas
feitas na campanha eleitoral.
Mais forte que a força das areias tem sido a barreira formada pelos representantes dos
poderes governamentais do município que impedem o progresso, lutando por interesses
próprios, deixando de lado o bem comum.
O Jornal Zero Hora (23/02/02) publicou uma propagando intitulada “Faces do
Mundo”: “Duas cidades gaúchas são o tema do documentário Cidades Esquecidas, uma
produção da TVE exibida em As Faces do Mundo [...]. A equipe de reportagem descobriu
dois municípios que parecem ter parado no tempo: São José do Norte, na zona sul do Estado
[...]. Isoladas dos grandes centros urbanos, [...], escondem muitas riquezas como a pousada
onde se hospedaram D. Pedro I e D. Pedro II. O documentário será exibido em rede nacional
[...]”.
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1.2 INTERAÇÃO SOCIAL
O ser humano desde o momento em que nasce, necessita do convívio com outra
pessoa para que possa sobreviver e desenvolver-se, pois sozinho não teria chances, uma vez
que não teria quem saciar suas necessidades básicas, dando-lhe condições para que possa
desenvolver-se. Sendo assim, começou-se a interagir desde que bebês, nos primeiros meses
somente com a mãe, à medida que os meses vão se passando inclui-se pai, mãe, irmãos, avós,
tios, enfim, nossos familiares, e só depois começou-se a interagir com outras pessoas.
É fundamental que a interação com o bebê seja feita com um espírito de brincadeira.
Isso ajudará em dois pontos fundamentais. Primeiramente, fará com que a criança crie um
vínculo seguro com a pessoa que a cuida, algo essencial nos primeiros anos de idade. E, em
segundo lugar, porque as experiências positivas que o bebê tiver nessa etapa da vida vão
formar a base para seu futuro. Isto é, quanto melhor se relacionar com as pessoas que cuida
dele, mais saudável emocionalmente será posteriormente.
Uma parcela impressionante do desenvolvimento social e emocional ocorre durante
os primeiros anos de vida. É durante esse período, que as crianças descobrem se é seguro ou
não explorar seu ambiente e confiar em outras pessoas. A qualidade dos relacionamentos de
uma criança, nesse estágio, pode ter um impacto significativo sobre sua perspectiva
emocional.
Sendo assim, na escola o reconhecimento do papel central desempenhado pelos
processos de interação social estabelecidos tanto entre os alunos como entre estes e o
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professor é de fundamental importância para o crescimento de ambas as partes e o sucesso do
relacionamento.
A possibilidade de potencializar estes processos interativos em favor de uma
aprendizagem significativa em “todos” os alunos, como a possibilidade de perder este
benefício, estão sob o controle do professor, pois dele depende o “clima” e o “estilo” das
relações psicossociais que podem ser estabelecidas em sala de aula. Sabe-se que o
conhecimento é construído conjuntamente, exatamente, porque se produz interatividade entre
duas ou mais pessoas que participam dele.
Sendo assim: “A atividade do aluno, ou do grupo de alunos, é condicionada, por sua
vez, pela atividade do professor. Dele vai depender o tipo de organização da classe e o tipo de
interação. Sua intervenção ou falta vai interferir nestes processos, possibilitando assim,
diferentes mecanismos cognitivos e de relacionamento. Portanto, não se pode estudar a
atividade dos alunos independente da atividade do professor” (COLL, 1995, p. 37).
A temática interação representa o elo entre identidade e grupo. A criança que se
conhece é capaz de unir-se a outros semelhantes, tornando-se parte integrante de um todo. Ela
desenvolve a capacidade de reunir-se e incorporar-se, sem perder o contorno pessoal e sem
sentir-se insegura.
Em qualquer grupo social, seja família, escola ou comunidade, a criança deve ser
estimulada a interagir, para sentir que faz parte destes. É fundamental que a criança tenha
claro que interagir não significa tornar-se igual ou abrir mão dos próprios pensamentos e
sentimentos para concordar com os demais. A interação supõe uma unidade que contém as
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diferenças; pressupõe respeito aos limites individuais e coletivos e uma atitude participativa e
solidária.
1.3 GRUPOS SOCIAIS
A própria natureza humana exige que as pessoas se agrupem. A vida em sociedade é
condição necessária para a sobrevivência da espécie. Assim, os indivíduos sempre formaram
agrupamentos. Os contatos e os processos sociais que aproximam ou afastam os sujeitos
provocam o surgimento de formas diversas de agrupamentos sociais, de acordo com o nível
de integração social. Nos grupos sociais há normas, hábitos e costumes próprios, divisão de
funções e posições sociais definidas. As pessoas, ao longo de sua vida, em geral participam de
vários grupos sociais.
Assim: “O que caracteriza um grupo social é, pois, o fato de que se constitui numa
estrutura relacional organizada, onde pessoas, com papéis diferentes e complementares,
atuam, ao mesmo tempo, na busca de metas comuns, e onde cada um de seus elementos tem
espaço para tentar adquirir segurança, autonomia, facilidades para ações e comunicações, e se
colocar ‘frente’ a realidade social, refletindo-a e transformando-a” (LAMPERT, 2003, p. 55).
Os grupos sociais desempenham funções importantes na formação dos indivíduos,
pois acredita-se que a convivência grupal possibilita despertar o apreender-se, com mais
intensidade, motivações e criatividade.
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Os membros de um grupo precisam ter presente que o indivíduo encontra, na relação
com seus pares, a base para elaboração de suas ações e sentimentos, determinando, em grande
parte o curso de sua vida. Na relação grupal o processo deve ser democrático, para que os
membros do grupo possam desempenhar seus respectivos papéis. Mas para que consigam agir
democraticamente, os membros necessitam aprender como se processa a dinâmica inter-
relacional e conhecer as perspectivas individuais dos componentes.
O desenvolvimento do ser humano é um processo que se realiza no tempo e apresenta
um duplo caráter: a partir de dados pré-determinados de origem genética e o que se efetivou
num ambiente. O que percebe-se neste ou naquele indivíduo, é resultado da influência dos
fatores genéticos e da história pessoal, construída no mundo. A forma como qualquer pessoa
constrói e desenvolve suas possibilidades depende do meio sócio-cultural em que ela expressa
suas relações e realiza suas experiências. As qualidades do contexto é que farão com que as
experiências sejam mais ou menos positivas.
A sociedade passa por grandes transformações, novas tendências revolucionam
padrões clássicos de comportamento. Uma nova ordem social se organiza, alterando valores e
expectativas, instaurando outras formas de pensar, formas essas oriundas da classe dominante
que traz uma ideologia articulada para os alunos e, conseqüentemente, manter o povo sob
dominação, passivo e submisso, impotentes na busca dos seus direitos. Essas transformações
refletem nos grupos sociais, vindo a interferir no desenvolvimento dos indivíduos.
A família constitui uma unidade social, uma microssociedade, ou seja, ela reproduz
no seu microespaço os traços sociais dominantes, forma uma unidade econômica (pois supre
suas necessidades pela atividade profissional de seus membros) e compõe uma unidade de
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consumo, do mesmo modo, compõe, também, uma unidade emocional, onde pais são as
figuras significativas que funcionam como modelo. Através dos modelos oferecidos, o
indivíduo aprenderá não só a se comportar socialmente, diante de certas situações, segundo os
padrões de sua cultura, como também incorporará disposições emocionais (maneiras típicas
de reagir afetivamente).
A escola não é importante apenas pelo conteúdo pedagógico que transmite, ela exerce
vários outros efeitos sobre o indivíduo. Diversos aprendizados que não estão escritos no
currículo formal são experimentados pelas crianças em sua vida escolar. A escola é uma
grande experiência de socialização, de convívio com as diferenças de todos os tipos e em
todos os níveis. A experiência escolar tem uma repercussão marcante na consolidação da
auto-estima, seja contribuindo para o seu fortalecimento ou prejudicando.
Diante dessas colocações, cabe salientar que os grupos sociais: escola, família e
sociedade, independente de acompanharem ou não as transformações sociais, exercem papel
relevante na formação do indivíduo.
1. 4 IMPORTÂNCIA DE UMA BOA INTERAÇÃO SOCIAL
A competência social tem um impacto sobre o nível de conforto com o qual um
indivíduo funciona no mundo social. A capacidade para formar e manter relacionamentos não
apenas melhora a qualidade de vida, mas é fundamental na construção da auto-estima.
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A interação social é parte essencial do estabelecimento da identidade da criança; é
importante interagir, pois segundo estudos realizados, crianças que não interagem,
“solitárias”, apresentam riscos bastante altos para desenvolver perturbação emocional, além
de demonstrarem mais dificuldades na aprendizagem.
A interação possibilita confrontar pontos de vista moderadamente divergentes acerca
de uma mesma tarefa, favorecendo a descentralização cognitiva, gerando conflito sócio-
cognitivo que mobiliza as estruturas intelectuais existentes e obriga a reestruturá-las, dando
lugar ao progresso intelectual.
Na interação com o grupo a criança demonstra a intenção com que participa das
tarefas de aprendizagem (aprofundar os conhecimentos, memorizá-los para “terminar” logo
ou tirar o maior proveito com o mínimo de esforço); as atitudes e/ou sentimentos que algumas
têm a respeito de seus colegas (aceitação ou rejeição, carinho ou antipatia; igualdade ou
submissão; colaboração ou imposição); o auto-conceito acadêmico que cada aluno tem de si
mesmo e a motivação com que cada um encara as atividades que lhe são propostas, dados
importantes que sem dúvida vão mediar as possibilidades e o alcance das aprendizagens.
Ao oportunizar a criança atividades que favorecem a interação, se valoriza a
cooperatividade, em detrimento à competitividade ou individualismo, sendo uma atitude
superior e mais positiva, tanto ao rendimento, como à produtividade dos participantes.
A criança quando interage com o meio no qual está inserida, revela um pouco de si.
Aproxima-se de outras pessoas em busca de algo, que nem sempre está claramente definido
para ela, mas que inconscientemente necessita dessa troca. E cada pessoa envolvida nessa
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relação, com seu jeito, sua forma, seu temperamento, sua história de vida, seu desejo, seu
destino, se enriquecem.
Percebem o quanto são importantes em sua individualidade e conquistam seu espaço
e respeito frente ao grupo, defendendo seus direitos, conscientes de seus deveres.
Sendo assim:
“Integrar-se e fazer parte de um todo significa aprender a aproximar-se com cuidado, atenção e firmeza; aprender a comunicar-se com clareza, objetividade e sinceridade; aprender a compreender seus próprios sentimentos e os dos demais; a concordar e discordar, sem romper nem agredir; a ceder em prol do coletivo e a fazer de sua ação um instrumento em busca da transformação. Enfim, aprender a interagir e descobrir o prazer de ser contornando-se capaz de sentir amor e expressá-lo” (SERRÃO & BALLEIRO, 1999, p. 93).
1.5 DIFICULDADES DE INTERAÇÃO E AS POSSÍVEIS CAUSAS
Sabe-se que o desenvolvimento intelectual do ser humano está intimamente ligado às
relações que ele estabelece com o meio e as oportunidades que lhe são oferecidas.
A interação nos grupos sociais favorece aos integrantes crescer com as diferenças, ter
consciência dos seus limites e possibilidades.
A convivência com crianças tem demonstrado que devido a vários fatores, um
número significativo delas tem apresentado dificuldades de interação. Destaca-se a família, a
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escola e a sociedade como grupos sociais com função importante na formação da criança e na
relação dela com o meio.
1.4.2 Família
A família é considerada um dos elementos fundamentais no desenvolvimento do
indivíduo, pois é na família que a criança precisa ter seu primeiro espaço de liberdade onde
possa se movimentar e criticar, para mais tarde conseguir desenvolver suas primeiras
iniciativas intelectuais.
Interagindo e explorando o mundo que o rodeia com todos os órgãos dos sentidos, ela
percebe também os meios com os quais fará grande parte dos seus contatos sociais, pois o
meio desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da criança. A influência do
meio na formação do indivíduo acontece desde muito cedo e seus efeitos são duradouros.
Os estímulos oferecidos a uma criança são os impulsos que ela necessita para ter um
desenvolvimento normal, pois as possibilidades reais que o meio lhe oferece, a quantidade, a
qualidade, a freqüência e a abundância dos estímulos contribuem para sua interação no meio
social.
Essas experiências vividas pela criança no seio familiar poderão influenciar
positivamente ou negativamente em sua formação, uma vez que os indivíduos que vivem em
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ambientes estimulantes e encorajadores, são aqueles que mais adaptáveis, e bem mais
dispostos a aprender e a interagir na sociedade.
A família é uma instituição social de suma importância no desenvolvimento da
criança, pois constitui a primeira referência do mesmo com o mundo social. Sendo assim:
“A família tem, então, por função principal a tarefa de socializar a criança e adaptá-la à convivência na sociedade, oferecendo e ensinando-lhe os modelos de comportamento e valores adotados em sua cultura, de acordo com o local em que vive. Isso inclui ensinar-lhe o cuidado físico, a lidar com as emoções, a se relacionar em família e também dentro de outros grupos que vier a conviver, a desenvolver a atividade produtiva e recreativa e, ainda, a formar e consolidar uma nova família procurando seguir os mesmos princípios” (DIAS, 1995, p. 11).
Esse aprendizado da criança é feito pela família e se faz necessário, pois o homem é
um ser social, isto é, vive em conjunto com outros e depende destes para sobreviver, desta
maneira, não poderá abster-se de um aprendizado social. Cabe a família fazer a introdução da
criança no conjunto da sociedade, pois através desse processo de socialização o indivíduo
incorpora os padrões sociais de sua cultura e aprende a comportar-se a conviver com as
demais pessoas. Dessa forma, a família reproduz no seu interior os padrões da cultura em que
vive.
Esses padrões (valores, sentimentos, idéias, etc) que orientam a vida da criança em
sociedade, são transmitidos no processo de socialização. Os padrões de relacionamentos
ocorridos entre a criança e a família estabelecem modelos para seus relacionamentos futuros.
Por isso, os conflitos não resolvidos no passado perturbarão as relações futuras, que poderão
se realizar de forma não satisfatória. Essas disposições oferecerão um modo de lidar com as
emoções e estados psíquicos, dentre tantas alternativas possíveis. Por exemplo: como reagir
diante de situações aflitivas, etc.
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Do clima emocional depende muito o relacionamento entre pais e filhos, podendo
essa relação gerar frutos positivos ou negativos para ele.
O estresse emocional que paira sobre o ambiente familiar, compromete a capacidade
das crianças para aprender a interagir, pois “a ansiedade em relação a dinheiro ou mudança de
residência, a discórdia familiar ou doenças, pode não apenas ser prejudicial em si mesma, mas
com o tempo pode corroer a disposição de uma criança para confiar, assumir riscos e ser
receptiva a novas situações” (SMITH & STRICK, 2001, p. 33).
As brigas freqüentes entre casal e/ou a separação destes, deixa sempre os filhos com
um sentimento de rejeição por aquele que agride e/ou deixa o par. Essa situação emocional
demonstrada pelas crianças, é descarregada por elas em forma de tensões e revoltas, gerando
problemas de relacionamentos e aprendizagem.
A família mudou. Mudou porque os valores mudaram. Os modelos de famílias
tradicionais eram fundadas no princípio da reciprocidade e da hierarquia, os papéis familiares
eram pré-determinados e não conflitivos. Nos dias de hoje, pode-se dizer com a maior
convicção que a família não se constitui mais nos mesmos moldes de alguns anos atrás. As
transformações ocorridas na sociedade, ao longo do tempo, repercutiram no núcleo familiar,
as famílias começaram a constituir-se por outros meios, isto é, por laços de afeto que se
constroem entre as pessoas pela convivência, pela necessidade dos indivíduos de possuírem
um ponto de referência, situarem-se como pessoa e desenvolverem-se no mundo.
Novas concepções e novos valores em relação à própria organização da família,
desencadeiam novas e diferentes formas de organização familiar oriundas de outros aspectos.
27
Com a existência da surpreendente diversidade de formas familiares, os indivíduos
de hoje são criados nessa extensa variedade de tipos de unidades familiares. Mas, o que
realmente importa é se o núcleo familiar no qual o indivíduo está inserido, desempenha seu
papel na formação do mesmo, pois disto dependerá sua interação e aprendizado no meio em
que vive e no qual, mais tarde, fará parte. Assim:
“No seu aspecto positivo, a coesão familiar é expressada em relações familiares calorosas, íntimas, cooperativas, isto pode conduzir a um fortalecimento de seus membros e promover o desenvolvimento pessoal livre e criativo. Em seu aspecto negativo, uma barreira compensatória e excessiva do grupo familiar pode intensificar as ansiedades de seus membros individuais. Pode aumentar enormemente suas percepções do mundo exterior como áspero e perigoso. Sob tais condições, os membros individuais da família podem não obter um senso de proteção da intimidade familiar. Ao contrário eles podem sentir-se chocados por isso. Suas dependências excessivas podem estar ligadas a um ressentimento intenso em relação a suas famílias, que finalmente, induzem um senso de alienação [...]” (ACKERMAN, 1998, p. 328).
Algumas famílias, apesar das transformações ocorridas na sociedade ao longo dos
anos, ainda cultivam a visão tradicional dos papéis familiares, onde “os pais são os que
ensinam”, “os filhos os que aprendem”, gerando, muitas vezes, conflitos no seio familiar,
entre pais e filhos. Um relacionamento familiar mais rico poderá se estabelecer, se as crianças,
apesar de inexperientes, tiverem abertura, dentro de um limite, para expressar novas versões
sobre certas realidades. As crianças absorvem muito dos conhecimentos dos pais, mas
também descobrem, por si só, novas alternativas e chegam a ensiná-las aos pais, se estes
também estão um mínimo abertos a mudanças, e preocupados em estabelecer a harmonia
familiar.
Desse modo, quando se pode estabelecer uma relação de troca entre os membros da
família, independentemente das idades, mantendo limites e, ao mesmo tempo, garantindo uma
flexibilidade, uma abertura a mudanças e um respeito, todos ganham com isso na família e
crescem juntos.
28
Sendo assim: “Se todos trocarem entre si suas experiências e visões sobre os eventos
da vida, o produto final sempre será mais rico. Duas ou mais cabeças pensando produzem
algo diverso e, freqüentemente, qualitativamente melhor do que alguma produção individual.
Dessa forma, pode-se desfrutar das diferenças pessoais, em vez de se sentir ameaçado por
elas” (DIAS, 1995, p. 54).
Aprender com outras pessoas, crescer na relação implica, necessariamente, romper
com partes mais rígidas da personalidade como a competição, a arrogância, o medo de não
saber, o medo do novo e o de ser mal compreendido e não valorizado.
Muitas crianças sentem-se impotentes diante da vida em família, acreditando que não
será possível modificá-la. Sendo assim, acham melhor deixar passar o tempo e esperar,
acreditando que quando adultos, poderão viver suas vidas a seu modo.
Numa família sadia, as necessidades de todos os seus membros, independentemente
de suas condições são, dentro do possível, atendidas. Nela, lida-se com várias verdades
possíveis, e não com um comportamento em bloco, onde alguém decreta o certo e todos
devem funcionar no mesmo sentido, proibidos de pensar com independência.
É preciso haver interesse mútuo sobre como cada um se sente nesse convívio, e quais
as suas necessidades. Em uma família sadia, todos aprendem de algum modo a dar de si e a
receber dos demais, favorecendo a interação.
Tão importante quanto a criança se individualizar, buscar um caminho seu,
independente da família, é, resolver os problemas que se possa ter com ela, pois, mesmo que
29
um indivíduo resolva não conviver com sua família, irá carregá-la dentro de si na forma de
imagens, por onde caminhar na vida.
Com isso, cuidar da família que se tem e dos relacionamentos que nela se estabelece,
torna-se primordial, pois os sucessos ou insucessos familiares irão compor o repertório
pessoal de experiências do indivíduo, que será ativado no momento em que este for se
relacionar com outras pessoas ou decidir constituir uma nova família.
Diante dessas reflexões, torna-se importante esclarecer que a família requer com
grande urgência e profundidade, rever seus valores, suas crenças e suas concepções para que
possa rever-se enquanto instituição (que é a primeira referência do indivíduo), e que, portanto,
precisa reestruturar-se para que possa contribuir na construção de sujeitos autônomos, seguros
de si, capazes de atuarem conscientemente, em seu processo de formação.
Assim sendo, com certeza, se terá um quadro de indivíduos com tantas dificuldades
de interação e também de aprendizagem, com os quais as escolas se deparam atualmente no
seu cotidiano.
1.4.3 Escolas
A sociedade da qual se faz parte passa constantemente por uma série de
transformações. Neste contexto de transformações, situa-se a escola que não se encontra
30
preparada para acompanhar a intensidade de mudanças ocorridas no meio social. Essas
mudanças refletem na maneira de ser, pensar e agir dos indivíduos.
A forma como a escola encontra-se organizada pouco contribui para o
desenvolvimento, tornado-se exclusiva e discriminadora, por não conseguir acompanhar as
transformações sociais.
A escola é um agente socializador tão importante quanto a família. Juntamente com o
conhecimento, transmite não só valores e atitudes, mas também tem a missão fundamental de
conseguir que as pessoas aprendam e assumam as normas da sociedade, interagindo
positivamente nos contextos em que se encontram inseridas.
Em sua organização, a escola, era preparada para impor aos indivíduos que dela
fazem parte, “cultura”, como se os mesmos fossem ignorantes, ou desprovidos de todo e
qualquer saber, não considerando que o conhecimento está presente em todos os lugares e não
somente em âmbito escolar. O aluno ia à escola para aprender, e o professor para ensinar.
Essa relação espacial restrita passou a se modificar com o desenvolvimento da sociedade, dos
meios de comunicação de massa e do avanço tecnológico. Hoje, muitas instituições
educacionais ainda permanecem centradas em si mesmas, o que impede maior abertura para o
diálogo, o consenso e para uma postura menos tradicional e mais progressista.
Esses fatores são preponderantes na relação ensino-aprendizagem. Sabe-se que as
crianças gostam de aprender, têm curiosidade, mas não suportam a imposição do
conhecimento. Eles precisam ser estimulados e a forma de aprendizagem deve ser prazerosa e
favorecer a interação. As crianças não agüentam a dobradinha “giz e quadro”, recursos que
31
deixam a desejar na era em que a comunicação se processa com rapidez e se modifica com
velocidade aumentando as possibilidades de aprendizagem longe do espaço escolar.
E a escola que deveria ser um espaço de trocas, de criação, de reflexão, de interação,
torna-se cansativo, repetitiva, insuportável.
Para a criança a escola é um mundo novo, cheio de encantamentos, de coisas
desconhecidas, diferentes e interessantes. Muitas, desta sonham em crescer logo para
freqüentar a escola. Criam expectativas sobre ela, vêem como algo fabuloso. No entanto
quando ingressam, percebem que essa escola não é tudo aquilo que sonhavam, recebem o
primeiro choque, que será o primeiro passo para sua não adaptação escolar.
Neste contexto, compete a escola proporcionar oportunidades que possibilitem a
criança um bom começo, pois desse bom começo dependerá sua interação no grupo social
escolar, na adaptação da nova vida e a gostar ou não de estudar e da escola.
As crianças, apresentam uma visão de mundo coerente com as condições materiais
concretas da vida, que sua situação de classe lhe permite ter, conforme o grau de participação
e usufruto dos bens materiais e culturais que dispõe, desse modo, a escola deve respeitar o
ritmo de cada criança, não colocá-la em situações geradoras de ansiedade; evitar compará-las
com os colegas, valorizar o conhecimento prévio que essas dispõe, assim como considerar a
individualidade de cada aluno, pois: “Graças à característica individual dos alunos cada classe
reúne um grupo heterogêneo de pessoas, com peculiaridades próprias que se diferenciam
umas das outras, apesar de pertencerem ao mesmo nível de adiantamento nos estudos e a
mesma escola” (DROVET, 1990:219).
32
São essas características individuais que possibilitam as crianças crescerem, uma vez
que leva a conflitos de opiniões, favorecendo o aprendizado, a interação, a convivência em
grupo, o respeito a regras, normas, crenças, raças, valores e conceitos.
As escolas lidam com inúmeras crianças, que provém de famílias com dificuldades
diversas, muitas vezes semelhantes, mas, por outras, absolutamente desiguais: pais separados;
filho que nunca conheceu a pai; pai/mãe alcoolista; filho órfão; filho que foi abrigado pelos
avós, situação econômica, de moradia, etc. Enfim, a realidade das famílias é variável, mas o
ponto de encontro das crianças, por primeiro, é a escola.
A partir de tal situação, considerando que o educador conheça as realidades, haverá
maior facilidade de diagnosticar problemas de relacionamentos, seja entre ele e seu aluno, seja
entre os próprios alunos. E quem sabe orientar sua ação pedagógica, tendo claro que a forma
como percebemos cada elemento envolvido no processo ensino-aprendizagem, determina o
procedimento metodológico, pois se queremos que a criança compreenda e interaja frente as
relações sociais que caracterizam a sociedade em dado momento, tem que trabalhar com os
componentes sociais, econômicos e culturais que caracterizam suas vinculações, seus
movimentos, sua origem.
A escola não pode ficar à margem de contexto social e econômico. Nosso contexto
prima pela competitividade e não pela colaboração. E as conseqüências negativas disto estão
aí.
Como a escola exerce forte influência na vida das pessoas, poderá ajudar na
formação de criaturas mais humanitárias. Cabe às instituições de ensino não alimentar a
33
rivalidade presente em todos os sujeitos, mas deve fazer o contrário. Ensinar a criança a
cooperar em vez de competir, respeitar o colega e aceitá-lo com suas características
individuais. Mostrar-lhe que não é fácil saber perder, mas faz-se necessário, porque
geralmente há muitas perdas na vida. Fazê-lo ver que ser inteligente não significa ser
“espertalhão”.
Por isso é fundamental insistir nesses assuntos, observando atitudes egoístas em sala
de aula, combatendo-as; sugerir olhar mais criticamente para si mesmo e não apenas para o
colega; elogiar qualquer ato solidário, mostrar-lhe que está agindo certo, sendo útil a alguém,
tendo ainda o cuidado para despertar a satisfação, nessas crianças, mas sem humilhar o mais
frágil.
Essas são formas de combater a desintegração social que poderá auxiliar na formação
de pessoas mais solidárias.
1.5.1 Sociedade
A sociedade muda porque o sujeito age e interage nela. Determinadas estratégias de
ação e padrões de interação entre pessoas são definidas pela prática cultural.
Os comportamentos e ações privilegiadas em um determinado grupo são então
determinantes no processo de desenvolvimento da criança.
34
O indivíduo não é um ser somente em desenvolvimento psicológico, mas um ser
concreto em relação com o real. Isso lhe fornece possibilidades cognitivas de apreensão e
compreensão da realidade, de transformação de si próprio e, conseqüentemente, desta
realidade, além de produtor e consumidor de conhecimento. O conhecimento do indivíduo é
continuamente transformado pelas novas informações que ele recebe e pelas experiências
pelas quais passa.
A sociedade humana, na sua dinâmica, tem como determinantes as relações de
produção, isto é, o modo como os homens se relacionam no processo de produção (trabalho) a
fim de satisfazerem suas necessidades vai determinar uma maneira especial de organização
social, de relação de produção. Essa organização social caracteriza o homem e todas as
expressões humanas (artes, educação, costumes, usos, valores, hábitos, política, etc.)
definindo esse homem a partir dessas relações enquanto historicamente situado no interior
desse modo de produção.
Nas relações do homem com a natureza e com os outros homens a fim de satisfazer
as suas necessidades, ele descobre nas coisas, propriedades até então desconhecidas, concebe,
suas essências, compreende suas características, enfim, incorpora experiências e
conhecimentos e, com isso, cria novas necessidades. As necessidades vão se trocando cada
vez mais complexas, sugerindo a cooperação, a troca, pois a ajuda entre os homens requer a
organização das atividades, o comunicado da informação, isto é, um processo de troca e
transmissão de informações.
Essas trocas e transmissões de informações consolidam os laços societários e
acumulam conhecimentos e, para que, pela aprendizagem possa continuar o processo de
35
desenvolvimento das formas humanas de vida, a sua codificação se faz através da
linguagem.
A linguagem é um meio, uma forma de consciência e do pensamento do homem. É a
possibilidade de representação de abstração e generalização das características das coisas, dos
objetos, das relações entre os homens, do mundo.
Sendo assim:
“O principal meio de comunicação que o homem possui é a linguagem. Através da linguagem ele atribui significados aos sons articulados que emite; isso é possível porque ele é dotado de inteligência. Graças a linguagem, o homem pode transmitir seus pensamentos e sentimentos a seus semelhantes, bem como passar aos descendentes suas experiências e descobertas, fazendo com que o conhecimento por ele adquirido não se perca com sua morte” (OLIVEIRA, 1996, p.12).
A sociabilidade, tendência natural para vivermos em sociedade, é desenvolvida
através do processo de socialização. Este é um processo global, através do qual o indivíduo se
integra no grupo em que nasceu, assimilando hábitos e costumes característicos do grupo.
Participando da vida em sociedade, aprende-se normas, valores e costumes e o indivíduo está
se socializando. Quanto mais adequada a socialização do indivíduo, mais perfeitamente
sociável ele se torna.
A história demonstra que o convívio social foi e continua sendo decisivo no
desenvolvimento da humanidade, pois:
“As descobertas de um membro de um grupo, tornam-se estímulos e ponto de partida para aperfeiçoamentos e novas descobertas. Transmitidas de geração a geração, elas não se perdem com a morte de seus descobridores. O homem se guia pela inteligência: sobre o alicerce do instinto gregário ele edifica o convívio social, cujas formas se transformam de
36
acordo com as mudanças que ocorrem em cada grupo, e de acordo com as condições em que ele vive” (OLIVEIRA, 1996, p. 19).
Sendo a base da vida social, o contato social é o passo inicial para que ocorra
qualquer associação humana. Assim, os contatos sociais podem ser primários e secundários.
Primários, são os contatos pessoais, diretos, face a face, e que têm uma base emocional, pois
os indivíduos neles envolvidos compartilham suas experiências individuais. Como exemplo,
cito a família. E os secundários são os contatos impessoais, formais, são mais um meio para
atingir um determinado fim, exemplo: o contato de um cliente com o caixa do banco ao fazer
um pagamento.
Os indivíduos que têm uma vida baseada mais em contatos sociais primários
desenvolvem uma personalidade diferente daqueles que têm uma vida com predominância de
contatos secundários.
Os contatos sociais favorecem os indivíduos, bem como uma interação com o meio
no qual vivem. Ao estabelecer comunicação entre si, os indivíduos aprendem coisas, que irão
modificar seu comportamento, uma vez que no choque de opiniões, um influencia o outro.
Portanto, um simples contato físico não é suficiente para que haja uma interação social. Os
contatos sociais e a interação constituem, portanto, condições indispensáveis à associação
humana, pois os indivíduos se socializam através destes.
No entanto, presenciamos com freqüência, indivíduos com dificuldade de se
relacionar e interagir socialmente, e uma das causas pode estar relacionada a forma como as
sociedades estão organizadas, pois, as sociedades modernas, principalmente nos países
capitalistas, estimulam os indivíduos a competirem em todas as suas atividades, na escola, no
37
trabalho e até mesmo no lazer. A competição leva os indivíduos a agirem uns contra os
outros, em busca de um melhor status social. Como nem todos dispõem dos mesmos recursos
para atingir tal objetivo, pode ocorrer o sentimento de inferioridade, podendo tal sentimento
levá-los a reagir, e tentar superar, como pode também favorecer a depressão, o desânimo, a
agressão, a introspecção, enfim a dificuldade de interação e relacionamento. Assim:
“A sociedade competitiva gera, com facilidade, pessoas muito exigentes não só com
as demais, mas também consigo mesma. Isso fomenta certamente a formação dos segredos,
pois os indivíduos acabam ficando muito nascisistas, não tolerando nada que não seja perfeito
no mundo (na realidade externa) e dentro de si mesmos” (DIAS, 1995, p. 26).
1.6 ALTERNATIVAS PARA SOLUCIONAR AS DIFICULDADES DE INTERAÇÃO
SOCIAL
1.6.1 Família
É dentro de casa, na socialização familiar que um filho adquire, aprende e absorve
conceitos, para num futuro próximo ter saúde social.
Esses conceitos aprende-se quando se nasce e alguém ensina. Os maiores treinadores,
professores, mestres e modelos são os pais ou alguém que cative a admiração da criança.
38
A família necessita investir na construção da auto-estima das crianças ou pré-
adolescentes, mostrando-lhes que desempenham função importante na relação, dando-lhes
liberdade de expressão. Essa liberdade, porém não significa licença, permissão para se fazer
tudo o que pretendem, pois precisam aprender a enfrentar a realidade, enfrentar as perdas e
lidar com as frustrações, pois esses aprendizados são importantes para interagir na sociedade.
sendo assim:
“Educar dá trabalho, pois é preciso ouvir o filho antes de formar um julgamento; prestar atenção em seus pedidos de socorro (nem sempre claros) para ajudá-lo a tempo; Identificar junto com o filho onde ele falhou, para que possa aprender com o erro: ensiná-lo a assumir as conseqüências em lugar de simplesmente castigá-lo, por mais fácil que seja; não resolver pelo filho um problema que ele mesmo tenha capacidade de solucionar, não assumir sozinho a responsabilidade pelo que o filho fez [...]” (TIBA, 2002, p. 46).
Criar um filho sem nunca dizer “não” significa comprometer seu equilíbrio futuro,
gerando um ser com dificuldade de tomar conta do próprio destino. É estabelecendo regras no
convívio familiar que a criança ou pré-adolescente, vai aprender a distinguir entre o que ela
quer e o que o outro quer. O que ela pode ou não pode fazer, pois como vivemos com outras
pessoas, não se pode fazer tudo o que temos vontade.
A sociedade praticamente não ensina, somente sinaliza as regras a ser obedecidas na
esperança de que cada cidadão tenha preparo suficiente. Essas regras são adquiridas por meio
da educação, visto que a criança vai aprendendo, espontaneamente por meio da fala e do
exemplo dos pais. O importante é que estas regras sejam claras, firmes e cobradas de forma
sempre igual, todos os dias. É preciso mostrar que para tudo existem regras e que elas são
feitas e devem ser cumpridas para nossa própria proteção. Essas regras devem ser bem
planejadas sem exagerarmos, que permitam à criança exercitar-se e adquirir condições de
preparar-se para a realidade dos muitos “nãos” que com certeza a vida lhe mostrará, as muitas
regras que vai encontrar.
39
Preparar as crianças e/ou adolescentes para lidar com a diversidade de situações da
vida é ensiná-los a interagir, de forma positiva, em outros grupos sociais que, futuramente,
farão parte.
A família necessita estar equilibrada para ser capaz de transmitir essas noções de
convívio social para os filhos. As crianças ou pré-adolescentes, precisam de estabilidade
emocional para sentirem-se seguros e capazes, do contrário, se tornarão indivíduos inseguros,
com dificuldade de lidar com a frustração, com as perdas e com a “dor”, que inevitavelmente
acontecerão em sua vida.
1.6.2 Escola
Determinadas estratégias de ação e padrões de interação entre pessoas são definidas
pela prática cultural. Os comportamentos e ações privilegiadas em um determinado grupo são,
então determinantes no processo de desenvolvimento da criança e/ou pré-adolescente.
O indivíduo não é um ser somente em desenvolvimento psicológico, mas um ser
concreto em relação com o real. Isso lhe fornece possibilidades cognitivas de apreensão e
compreensão da realidade, de transformação de si próprio e, conseqüentemente, desta
realidade, além de produtor e consumidor de conhecimento. O conhecimento do indivíduo é
continuamente transformado pelas novas informações que ele recebe e pelas experiências
pelas quais passa em sua relação com o outro.
40
A criança ou pré-adolescente são vistos como uma síntese de múltiplas
determinações, ou seja, produto das relações sociais e de produção que caracterizam o
momento histórico vivido.
A concepção que se tem atualmente da sociedade, do homem e da educação deve
orientar nossa ação pedagógica, portanto, a concepção de educação é que determina nossa
prática.
Para fazer com que a criança ou pré-adolescente compreenda sua realidade social, o
professor deve orientar sua ação pedagógica, tendo claro que a forma como se percebe cada
elemento envolvido no processo ensino-aprendizagem, determina a maneira de como se deve
ensinar. Se se quer que as crianças ou pré-adolescentes compreendam e interajam frente as
relações sociais que caracterizam a sociedade, precisa-se trabalhar os componentes sociais,
econômicos e culturais que caracterizam suas vinculações, seu movimento, sua origem, de
forma motivadora.
A escola, juntamente com o professor, deve ser organizadora de situações que
propiciem ao aluno a interação com os grupos sociais em que vive. Possibilitando a qualquer
aluno aprender por si próprio, oportunizando situações de investigação, mostrando-lhes
alternativas de busca. Isso implica que a motivação não venha de fora, mas lhe seja intrínseca,
ou seja, da própria capacidade de aprender, para que se torne possível a construção de
estruturas, que torne possível a aquisição de conhecimentos.
A escola deve possibilitar ao aluno o desenvolvimento de suas potencialidades, de
ação motora verbal e mental de forma que possa posteriormente intervir no processo sócio-
41
cultural e inovar a sociedade. As atividades propostas devem despertar no aluno o interesse
intrínseco à sua própria ação.
Os professores devem dar aos alunos liberdade de ação, valorizando suas
individualidades, seu ritmo e o conhecimento existente, para que assim esses possam se sentir
parte do contexto, opinando, refletindo, intervindo de forma construtiva na relação com o
outro, ou seja, na interação com o meio. Assim:
“O respeito à criança lhe ensina que ela é amada não pelo que faz ou tem, mas pelo simples fato de existir. Sentindo-se amada, ela se sentirá segura para realizar seus desejos. Portanto, deixá-la tentar errar sem ser julgada, ter seu próprio ritmo, descobrir coisas permite à criança perceber que consegue realizar algumas conquistas. Falhar não significa uma catástrofe afetiva. Assim, a criança vai desenvolvendo a auto-estima, grande responsável por seu crescimento interno, e fortalecendo-se para ser feliz, mesmo que tenha de enfrentar contrariedades” (TIBA, 2002, p. 55).
1.6.3 Sociedade
A sociedade irá favorecer a interação social, quando abrir espaço a todos que dela
fazem parte, oportunizando uma vida digna, onde cada integrante possa desenvolver suas
capacidades, respeitando a individualidade e valorizando o conhecimento de cada um. talvez
tal procedimento seja difícil, se considerarmos a forma como ela encontra-se estruturada.
Mas, não é impossível, se os indivíduos buscam caminhos para modificar tal procedimento.
A escolha de bons representantes que envolvam-se com os problemas sociais
(desigualdades sociais, desemprego, discriminação.. Enfim, todos problemas sociais que
42
indiretamente interferem a interação dos indivíduos ao meio) é fator preponderante, nesta luta,
pois a realidade mostra que essas são as causas dos problemas que irão acarretar
conseqüências nos relacionamentos.
A busca por uma sociedade mais justa, fraterna e humana, irá gerar indivíduos
solidários empenhados em transformar a realidade social que vivenciamos nos dias de hoje.
Os indivíduos não podem permanecer manipulados pelo sistema, necessitam unirem
forças na conquista pelo seu espaço. Assim, perceberão que essa busca será menos árdua e
mais enriquecedora. Sua ligação com o outro deve ser solidária, transcendendo o tempo e o
espaço e superando as diferenças.
A exclusão social, gera indivíduos alienados, submissos. Mas, esses podem e devem
batalhar para modificar esse quadro, fazendo valer seus direitos, tão bem documentados,
através das leis criadas na defesa dos direitos humanos, mas que não são respeitados na
prática. Indivíduos que não tem vida digna, tem dificuldade de formar “Mentes Sadias”. Na
ausência dessas, surgem as dificuldades de relacionamento e interação.
43
2 METODOLOGIA
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Considerando que a educação desempenha importante papel na formação dos
indivíduos e através dela pode-se modificar a sociedade, isto é, a maneira de ser, pensar e agir
das pessoas que nela encontram-se inseridas, busca-se na pesquisa um ponto de partida e,
porque não dizer, de chegada e de conclusão aos importantes questionamentos que afloram
no dia-a-dia de educadores que lidam com crianças e/ou pré-adolescentes, das escolas
públicas.
Neste espaço, pretende-se aprofundar e analisar dados colhidos no cotidiano atual,
relacionados ao tema que se propõe este trabalho. O trabalho apresenta como metodologia
utilizada a pesquisa envolvendo duas etapas: a primeira foi a contextualização do referencial
teórico e a segunda foi a compilação dos dados da pesquisa. Dessa forma, tendo em vista que
o conhecimento é construído e não apenas adquirido, vale salientar a importância da pesquisa
enquanto colaboradora na construção deste.
44
Assim: “Pesquisa pode significar condição de consciência crítica e cabe como
componente necessário a toda proposta emancipatória [...], é preciso construir a necessidade
de construir caminhos [...]” (DEMO, 1999, p. 10).
Existem vários tipos diferentes de pesquisa, o que proporciona ao pesquisador a
oportunidade de optar por aquela que atende as necessidades do seu trabalho, adequando-se
melhor a ele.
2.2 TIPO DE PESQUISA/POPULAÇÃO AMOSTRA
A pesquisa utilizada neste trabalho é a exploratória, de cunho quanti-qualitativa,
cujos resultados serão expressos através de gráficos e de forma descritiva, com
preponderância aos aspectos qualitativos sobre os quantitativos.
Esta pesquisa tem como ator principal o professor que por se defrontar com a
problemática da dificuldade de interação da criança e/ou pré-adolescente nas escolas,
necessita encontrar caminhos em sua prática docente, para lidar com o problema de forma a
levar o aluno a interagir nas diversas situações que proporcionam aprendizagem,
contribuindo, assim, positivamente na formação deste.
Os objetos da pesquisa e sujeitos do presente estudo foram de (10) professores que
atuam no Ensino Fundamental, selecionados aleatoriamente, na Escola Municipal de Ensino
45
Fundamental Coronel Antônio Soares de Paiva, localizada na zona urbana do município de
São José do Norte. Destes professores, 50% atuam nas Séries Iniciais e 50% nas Séries Finais
do Ensino Fundamental.
Para viabilizar a pesquisa, foi utilizada como técnica um questionário (anexo A)
contendo cinco questões abertas e fechadas, que aliadas à pesquisa bibliográfica, à busca em
polígrafos e textos variados se constituíram nos instrumentos utilizados para a consecução da
resposta ao problema de pesquisa formulado.
2.3 TABULAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Na primeira parte da pesquisa constam os dados de identificação dos professores
pesquisados.
Dos 100% dos professores que participaram da pesquisa, todos encontram-se atuando
em regência de classe e pertencem ao sexo feminino, evidenciando a predominância de
mulheres na dinâmica escolar.
“[...] um apanhado histórico mostra como o magistério, enquanto carreira feminina,
incorpora elementos da ideologia sobre a domesticidade e a submissão da mulher [...]. Essas
profissões são vistas como prolongamento da atividade doméstica e, como tal, carregam
46
valores atribuídos às mulheres: dedicação, ternura, sacrifício [...]” (AMADO &
BRUSCHINE, 1999/2002, p. 01).
No que se refere a identificação desse profissionais, 50% atuam no currículo por
atividade e 50% nas disciplinas por área.
Em relação ao nível de escolaridade dos professores, constata-se que 50% dos
professores são pós-graduados, 30% dos professores possuem curso superior completo e 20%
dos professores possuem magistério.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
A B C
20 anos (20%)A
20 a 30 anos (30%) - B
mais de 30 anos (50%) - C
Gráfico 01: faixa-etária dos professores pesquisados
Ao observar os resultados é possível verificar que a maioria dos professores (50%)
enquadra-se na faixa-etária acima de 30 anos; 30% estão entre 20 a 30 anos; 20% encontram-
se na idade de 20 anos.
Considerando os professores selecionados para a pesquisa é possível perceber que a
maioria tem vivência em todos os sentido, fator importante na função de educador.
47
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
A B C D
menos de 5 anos (20%) - A
5 a 10 anos (20%) - B
10 a 20 anos (30% - C
mais de 20 anos (30%) - D
Gráfico 02: Tempo de exercício no Magistério
Em relação ao tempo que atuam no magistério, dos profissionais entrevistados (20%)
possuem menos de 05 anos de exercício; 20% têm de 5 a 10 anos; 30% atuam num espaço de
tempo entre 10 a 20 anos e o restante, 30%, há mais de 20 anos.
Ao analisar os dados é possível observar que a maior parte dos professores
entrevistados constitui-se num grupo que possui um tempo significativo de exercício na
profissão, ou seja, tem bastante experiência na sua atuação como educadores.
A segunda parte da pesquisa refere-se as questões analisadas. Neste espaço serão
apresentados e analisados os resultados dos questionamentos realizados aos professores que
participaram da referida pesquisa.
Questão 01 – Na tua opinião, o que leva as crianças ou pré-adolescentes a
apresentarem dificuldades de interação nos grupos sociais? Por quê?
O grupo possibilitou que suas respostas pudessem ser divididas em três categorias
distintas explicitadas no gráfico abaixo:
48
0%5%
10%15%20%25%30%35%40%
A B C
Diferenças Sociais (30%)
Famílias desestruturadas(40%)
Valores e Conceitostransmitidos pela família(30%)
Gráfico 03: O que leva as crianças e/ou pré-adolescentes a apresentarem dificuldades de interação nos
Grupos Sociais?
Ao observar os índices das categorias, é possível notar-se que a dificuldade de
interação da criança e/ou pré-adolescente nos grupos sociais, dá-se devido as famílias
encontrarem-se desestruturadas, sem condições de oferecer um ambiente familiar sadio, onde
a criança consiga desenvolver-se integralmente, demonstrando condições de relacionamento.
Sobre isso, Meneses diz:
“Diversas causas levam ao desgaste, a desestruturação da família, sejam da ordem financeira, social, pessoal ou cultural. Qualquer delas, entretanto, é capaz de gerar direta influência no comportamento do agora adolescente [...]. Olhando para as pequenas partículas, então, enxerga nosso adolescente a fragmentação de sua família, de seus sentimentos, de suas convicções. E, não há dúvidas que, para a transição, ou seja, para a passagem do ser em formação para o enfrentamento das questões sociais, a família desempenha papel fundamental, indelegável” (2002, p. 25).
Já alguns professores, 30%, acreditam que a dificuldade de interação está relacionada
as “Diferenças Sociais”. Por essas serem causadoras da falta de oportunidades de boa parte
das crianças.
Sobre isto Oliveira diz que “alguém que nasce e vive numa camada social elevada
tem mais oportunidade e condições de se manter nesse nível, ascender ainda mais e se sair
melhor do que os originários das camadas inferiores” (2003, p. 121).
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Os professores restantes, 30%, acreditam que essa problemática dá-se devido aos
valores e conceitos transmitidos pela família aos filhos. A esse respeito:
“A orientação de valores começa, na maioria das vezes, dentro do grupo familiar. É dentro da família que a identidade pessoal do indivíduo é em primeiro lugar formada. Conforme o indivíduo cresce e diferencia seu ser separado dentro da matriz de sua experiência familiar da infância, ele gradualmente vai estabelecendo sua identidade pessoal. O centro psíquico de gravidade para o indivíduo é essa identidade e um grupo correspondente de padrões, lutas e valores” (ACKERMAN, 1998, p. 322).
Questão 02 – Consideras importante o papel dos grupos sociais na formação da
criança e/ou pré-adolescente?
Dos dez professores questionados, todos, 100%, responderam que sim. As respostas
mostram que os professores são conscientes da importância que a interação dos indivíduos
nos grupos sociais desempenham em sua formação.
Ao interagir com o meio no qual está inserido (grupos sociais), o indivíduo constrói
conhecimentos e conceitos importantes para seu desenvolvimento e atuação no mundo. As
divergências que se instalam na troca de opiniões leva ao crescimento e ensina respeitar cada
indivíduo em sua singularidade.
“[...] Grupo se entrelaça com a identidade, a integração e a comunicação, pois o grupo se constitui um espaço de aprendizagem e de convivência social e num referencial de identidade. É no grupo que o adolescente reconhece o igual e o diferente, as limitações e as possibilidades, as simpatias e as antipatias, os afetos e os desafetos, tendo de aprender a lidar com essas questões suportando frustrações, compartilhando sentimentos, comunicando-se” (SERRÃO & BALEEIRO, 1999, p. 140).
Questão 03 – Quais as causas que interferem na dificuldade de interação da crianças
e/ou pré-adolescente?
50
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
A B
Fator sócio-econômico (70%)
Desigualdade social (30%)
Gráfico 04: As causas que interferem na dificuldade de interação
Do universo de 10 professores entrevistados, a grande maioria, isto é, 70% dos
professores acreditam que o causador desse problema é o fator sócio-econômico, uma vez que
este favorece à falta de oportunidades àqueles indivíduos que não dispõem de condições
financeiras para ter acesso aos meios que possibilitam a desenvolver mais eficazmente seus
potencialidades.
“Leituras, viagens, cinemas, tudo isso vai constituindo uma bagagem cultural que
ajuda o aluno de classe média a se sentir à vontade e ter sucesso [...]. Já as crianças mais
pobres não trazem consigo esta bagagem cultural e a bagagem que elas trazem não é aceita e
nem valorizada” (CECCON, 1982, p. 69). A minoria dos professores entrevistados, 30%,
acredita que o causador da dificuldade de interação da criança e/ou pré-adolescente é a
desigualdade social, pois dificulta a igualdade de acesso as crianças e/ou pré-adolescente às
oportunidades do meio.
“O pós-modernismo, período caracterizado por inovações e rápidas mudanças em praticamente todos os setores produtivos da sociedade, está afetando a vida de um grupo significativo da população, aquela que tem acesso aos bens produzidos pelo trinômio Ciência/tecnologia/informática. Por outro lado, mantém quase inalterada a vida cotidiana da maioria da população [...]. Se, de um ângulo a ciência, e tecnologia e a informática auxiliam e estão auxiliando mais ou menos um terço da população a viver melhor, mais confortavelmente e aumentar a esperança de vida, dois terços a cada dia, vêem suas condições básicas da vida deterioradas e pioradas” (LAMPERT, 2002, p. 21-22).
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Questão 04 – Que recursos dispõem os grupos sociais para contribuir de forma
positiva na interação da criança e/ou pré-adolescente com o meio? Explique.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
A B C
Nenhum recurso (50%)
O diálogo (30%)
Vivências e experiências(20%)
Gráfico 05: Os recursos que dispõem os grupos sociais para contribuir na interação da criança e/ou
pré-adolescente com o meio.
Dos dez (10) professores questionados, a maioria, 50%, diz que os grupos sociais não
dispõem de nenhum recurso que possa contribuir na interação da criança e/ou pré-adolescente
no meio porque os grupos sociais encontram-se carentes de recursos que os possibilitem
acompanhar a velocidade das transformações ocorridas na sociedade/mundo, demonstrando,
assim, que até mesmo eles necessitam de ajuda, orientação para conseguir lidar com as
conseqüências deixadas por estas mudanças refletidas no contexto familiar e escolar.
“A expansão demográfica, os avanços oriundos da ciência e da tecnologia atrelados à informática, as inovações gestadas nas diferentes áreas do saber humano, as crises ideológicas, de poder nas relações interpessoais, as necessidades individuais e sociais das pessoas, o tempo livre, as últimas descobertas das Ciências Humanas, a educação em uma sociedade mutante e as deficiências e insuficiências do próprio sistema educativo são desafios [...]” (LAMPERT, 2003, p. 07).
Uma parte dos professores, 30%, acredita que os grupos sociais têm o diálogo como
recurso, porque o diálogo possibilita ao homem a organização e a expressão de idéias,
servindo como mediadoras entre o ser humano e o mundo, favorecendo o pensamento e a
comunicação, ferramentas importantes na relação de troca entre os seres. A esse respeito,
Serrão & Baleeiro colocam que “o fato fundamental de toda a cultura é a linguagem: um
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sistema de símbolos verbais destinados à comunicação inter-humana. Sem comunicação
verbal, nenhuma das formas de vida social tipicamente humana poderia ter se desenvolvido”
(1999, p. 113).
O restante dos professores, 20%, disseram que os grupos sociais têm as vivências e
experiências como recurso, porque estes permitiram construir ao longo de suas trajetórias de
vida conhecimentos que são úteis na formação da criança.
“No decorrer da vida, o ser humano enfrenta diferentes experiências, internalizando
regras que são ditadas pelas diversas instituições pela qual transita, ou pelas que se
aproximam frente as suas necessidades ou às determinações da Lei” (MENESES, 2002, p.
10).
Questão 05 – Acreditas que a dificuldade de interação da criança e/ou pré-
adolescente nos grupos sociais pode apresentar conseqüências em sua aprendizagem? Por
quê?
Do total de dez (10) professores entrevistados, todos, 100%, acreditam que sim. Pois
sabe-se que o ser humano necessita do convívio com outros para desenvolver-se.
A criança, quando nasce, necessita de alguém para sobreviver (sanar suas
necessidades básicas), alguém que tenha disponibilidade para dar significado as coisas que a
rodeia e as suas ações, para assim conseguir ir construindo um conhecimento acerca das
situações vivenciadas. Mas para que isso aconteça, é necessário que haja uma troca entre a
mãe e a criança, do contrário, o aprendizado não se concretiza. Percebe-se, então, que a
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necessidade de interação do ser humano com o meio, com as pessoas que o rodeiam começa
desde a mais tenra idade.
Estudos realizados comprovam que as crianças que desde bebês foram estimuladas,
demonstram melhor desenvolvimento e mostram-se mais seguras para lidar com situações do
convívio social.
Portanto, dificilmente uma criança terá bom desempenho se não interagir com o meio
em que vive. A esse respeito, Coll diz:
“A criança, desde o momento do seu nascimento, vive um processo contínuo de socialização. Neste processo, há a intervenção de uma série de instituições, entre as quais convém destacar a família como a primeira, mais importante e a mais decisiva. É no seio familiar onde a criança aprende a se relacionar, a descobrir, a iniciar seu processo de autonomia. É justamente neste momento que tem início um desenvolvimento harmônico [...]” (1995, p. 170).
Deste modo, percebe-se que a dificuldade de interação da criança e/ou pré-
adolescente nos grupos sociais está vinculado a vários fatores (familiar, social, ...) que direta
ou indiretamente contribuem para o aparecimento do problema.
A escola, dentro desse contexto, cabe oferecer situações em que permitam à criança
e/ou pré-adolescente conseguir lidar com os problemas que surgem decorrentes do convívio
grupal.
“O educador e seu grupo também são elos de uma corrente. Ao trabalhar as temáticas com o adolescente, o educador se trabalha. Neste processo, os caminhos individuais se entrelaçam, permitindo que olhos, ouvidos e mãos se unam no esforço comum de ampliar horizontes, escutar além das palavras, trocar sentimentos. Dentro e fora, próximo e distante, indivíduo e grupo, educador e adolescente. Elos que se fortalecem nas vivências e na convivência, reconhecendo em si, no outro, no grupo, na comunidade, no país, no mundo, no universo o mesmo princípio – a vida” (SERRÃO & BALEEIRO, 1999, p. 61).
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CONCLUSÃO
Durante o tempo em que configurou-se esta experiência, foi esta de grande valia, pois
as teorias adquiridas e as pesquisas realizadas com os professores tornaram esta grande
caminhada significante e gratificante, pois todas estas experiências serviram para tornar um
profissional mais competente e comprometido com os adolescentes, principalmente aqueles
que apresentam dificuldades de interação social.
Nessa caminhada pode-se observar como é importante estimular, limitar e incentivar
os adolescentes, desde o nascimento, pois é a partir desses estímulos e incentivos recebidos
que ele poderá vir a se desenvolver, tornando-se um ser atuante e participativo na sociedade
em que vive.
Mas para que isso aconteça a instituição familiar e escolar precisam, necessitam,
reconhecer e redescobrir a importância de seus papéis no desenvolvimento dos adolescentes,
pois somente assim poderão ajudar sempre que possível a sanar as dificuldades apresentadas
por eles, para que esses venham a se desenvolver como um todo, dentro de suas possibilidades
e limitações, pois todos os adolescentes podem e conseguem ser trabalhados para atuarem,
positivamente dentro da sociedade em que vivem.
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A ação investigativa referente a interação da criança e/ou pré-adolescente nos grupos
sociais, canalizou a uma reflexão sobre o tema enfocado.
Percebeu-se nas respostas dos professores pesquisados que um número significativo
de crianças e/ou pré-adolescentes apresentam dificuldade de interação e isso interfere na sua
aprendizagem. comprovado por estudos realizados de que é no convívio com as pessoas, que
dão-se os conflitos, as trocas, favorecendo o desenvolvimento.
Observa-se também nas respostas dos professores, que estes vivenciam esta realidade
com suas turmas e estão cientes que devem contribuir para mudar esse quadro, mesmo
sabendo que é uma tarefa árdua, pois não tem a ver somente com a escola mas também com a
família e a sociedade (na forma como encontra-se constituída).
O presente trabalho não tem a pretensão de concluir ou esgotar os assuntos aqui
discutidos, mas sim de tornar-se mais um entre tantos que resultam de reflexão acerca do
desenvolvimento da criança e/ou pré-adolescente, nos grupos sociais.
Quaisquer que tenham sido os frutos iniciais deste trabalho de reflexão, este se
constitui de perspectivas e esperanças, baseadas no comprometimento e na compreensão dos
educadores da necessidade de viabilizar a construção e a experimentação de projetos
alternativos de mudança.
Sendo assim, após o estudo realizado, conclui-se que a família tem papel de destaque
na construção do sujeito, é nela que o mesmo constrói as primeiras referências que irão servir
de modelo para relacionamentos futuros.
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A escola no desempenho de sua função poderá favorecer de forma positiva essa
relação, ou contribuir negativamente, isto é, ajudar a criar indivíduos problemáticos ou
possibilitar a construção plena de sujeitos, livres e autônomos, responsáveis, que interajam
com os outros de modo fraterno e solidário, contribuindo assim para uma sociedade mais
equilibrada, justa e inclusiva.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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58
LAMPERT, Ernani (org.). O ensino sob o olhar dos educadores. Pelotas: Seiva Publicações, 2003. MENESES, Élcio Resmini. As instituições e a eficácia dos limites aos adolescentes. Bento Gonçalves, RS: Edição do autor, 2002. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Salto para o futuro. Educação de jovens e adultos. Brasília: MEC/SEF, 1999. OLIVEIRA, Lorita Maria (org.). Qualidade em Educação: Um debate necessário. Passo Fundo: Universidade de Educação Básica, Série Institucional, 1995. OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo: Ática, 1996. OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo: Ática, 2003. ROSSINI, Maria Augusta. Pedagogia afetiva. Petrópolis: Vozes, 2001. SERRÃO, Margarida & BALEEIRO, Maria Clarice. Aprender a ser e a conviver. São Paulo: FTD, 1999. SMITH Corinne & STRICK, Lisa. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z. Artmed, 2001. TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996. TIBA, Içami. Quem Ama, Educa! São Paulo: Ed. Gente, 2002. WEIL, Pierre. A criança, o lar e a escola. Petrópolis: Vozes, 1979.
59
Anexos
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Anexo A
Questionário aplicado aos
professores
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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS NA EDUCAÇÃO
Prezado(a) Colega:
Solicito que responda as questões abaixo, colaborando para a realização do meu
trabalho monográfico.
Muito obrigada
Maria Júlia
1ª PARTE: Dados de identificação
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Idade: ( ) menos de 20 anos ( ) de 20 a 30 anos ( ) acima de 30 anos
Série que atua: _______________________________________
Nível de escolaridade: ____________________________________
Tempo de serviço: _______________________________________
Tempo que atua na disciplina: _______________________________________
Curso de graduação: ___________________________________________
2ª PARTE: Pesquisa propriamente dita
1 – Na tua opinião, o que leva as crianças ou pré-adolescentes a apresentarem dificuldades de
interação nos grupos sociais? Por quê? ____________________________________________
___________________________________________________________________________
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2 – Consideras importante o papel dos grupos sociais na formação da criança e/ou pré-
adolescente? ________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3 – Quais as causas que interferem na dificuldade de interação da criança e/ou pré-
adolescente? ________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4 – Que recursos dispõem os grupos sociais para contribuir de forma positiva na interação da
criança e/ou pré-adolescente com o meio? Explique: _________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5 – Acreditas que a dificuldade de interação da criança e/ou pré-adolescente nos grupos
sociais pode apresentar conseqüências em sua aprendizagem? Por quê? __________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________