Universidade Católica de Brasília – UCB
Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Educação Física
Trabalho de Conclusão de Curso II
A importância da Educação Física no combate ao bullying no ambiente escolar
Kênia Myriane Borba
Orientador: Prof. MSc. Paulo Cesar Trindade Vieira
Brasília / DF 2011
KÊNIA MYRIANE BORBA
A importância da Educação Física no combate ao bullying no ambiente escolar
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Educação Física da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção de título de Licenciatura Plena em Educação Física. Orientador: Prof. MSc. Paulo Cesar Trindade Vieira
Brasília / DF 2011
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, à minha família, meu irmão e minha colega de curso que me apóiam em todos os momentos e me enriquecem de conhecimento todos os dias.
“Sem amor, eu nada seria.”
(São Paulo, 1ª Carta aos Coríntios)
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO COMBATE AO BULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR
KÊNIA MYRIANE BORBA
RESUMO
A busca pela contenção da violência vem utilizando os mais diversos tipos de meios e
transformações. O objetivo deste estudo é identificar a importância das aulas de
Educação Física como instrumento de combate ao bullying e à violência nas escolas,
além de mostrar como o bullying tem atingido diretamente o ambiente escolar, e como a
relação entre aluno e professor pode ajudar nessa batalha.
Palavras-chave: Violência; Bullying nas escolas; Professor; Aluno.
1. INTRODUÇÃO
A violência atinge a integridade emocional, psíquica e física das pessoas, e é uma
das grandes preocupações de nossa sociedade, principalmente quando se fala em
crianças e adolescentes, visto que estes podem ser promotores da violência nas escolas
ou apenas vítimas de um processo pedagógico falho, que envolve não adaptação social,
bullying e desigualdade social, causa maior do crescimento de crianças sem preparação
para a vida.
Segundo a revista eletrônica Nova Escola1, bullying “é uma situação que se
caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva,
por um ou mais alunos contra um ou mais colegas”. O termo bullying tem origem na
palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em
português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e
maltrato. Percebe-se que, atualmente, esse tipo de violência é bastante comum e pode
gerar graves problemas para o individuo e a sociedade em geral.
Um grande exemplo da existência dessa anomalia social foi o ocorrido na Escola
Municipal Tasso Silveira, na zona Oeste do Rio de Janeiro. O jovem Wellington Menezes
de Oliveira, de 23 anos, entrou na escola onde havia estudado, atirando contra crianças
que estavam em sala de aula; 11 crianças morreram e 18 ficaram feridas. Conforme
investigações e entrevistas com ex-colegas de classe de Wellington, apresentadas no
programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, foi identificado que ele havia sofrido
bullying, o que poderia ter criado em seu inconsciente uma pré-disposição para o crime,
o que, por si só, não justifica este ato de brutalidade, mas relaciona-se, entre vários
outros fatores que também estão envolvidos, como as ameaças e a violência que sofreu.
A Revista Istoé2 fez uma profunda investigação sobre o caso e apresentou em detalhes
o ocorrido, em sequência apresenta a exposição precoce à violência e o que isso pode
provocar nas crianças e adolescentes, ainda mais quando até mesmo o ambiente
escolar é atingido.
No processo pedagógico ideal para o nosso país, o educador deve trabalhar de
acordo com as transformações, vivenciando a necessidade de cada aluno e lidando com
as diferenças sociais, culturais e financeiras, buscando entender os fatores 1 Revista Nova Escola. 21 perguntas e respostas sobre bullying. 2011. 2 Revista Istoé. Terror na Escola. 2011.
determinantes da violência nas escolas, pois é o ambiente em que a criança reflete as
frustrações do seu dia-a-dia. A escola tem a função de transmitir valores pautados na
ética, que se constitui pelo respeito mútuo, diálogo, justiça, solidariedade, cooperação,
sinceridade e autenticidade.
No contexto educacional, o profissional de Educação Física tem um papel
relevante. Assim diz a professora Tânia Netto3:
A linguagem corporal/não-verbal dos alunos é importante no sentido de observarmos alguns fatos, tais como: violência corporal nas atividades e jogos, olhares e risadas desqualificantes, intimidatórias e ridicularizantes; exclusões intencionais (exaltação do erro, não passar a bola, ignorar na escolha das equipes, distanciamento físico de alguns alunos etc.); provocações corporais (tapas, empurrões, esbarrões, assédios); dentre outros. As reclamações dos alunos também são de suma importância para detectarmos a presença de bullying (Revista EF. 2010).
A relação entre professor e aluno baseada na confiança, tem grande valor em sua
formação como um ser integral. A Educação Física no âmbito escolar é entendida como
uma disciplina curricular de enriquecimento cultural, fundamental à formação da
cidadania dos alunos, baseada em um processo de socialização em que estão
contemplados valores morais, éticos e estéticos, que consubstancia princípios
humanistas e democráticos. Para isto, as estratégias de ação didático-pedagógicas para
esta tão importante área devem estar voltadas para a superação de práticas injustas e
discriminatórias.
3 Revista EF. Combate ao bullying nas escolas. Entrevista com Tânia Carvalho Netto. 2010.
2. OBJETIVO
Identificar, de forma comparativa, os casos de bullying entre as escolas particular
e pública, ressaltando o papel da Educação Física nessa luta.
3. REVISÃO DE LITERATURA
Muitos estudos já relatam as influências do bullying no ambiente escolar e como o
mesmo interfere no desempenho acadêmico do aluno, todos com o mesmo objetivo de
lançar ações que ajudem no combate e prevenção manifestada através da violência.
Aramis Neto4 apresenta em seu artigo, no Jornal de Pediatria, a escola, instituição
de ensino que avalia o desempenho dos potenciais intelectuais do aluno, como um dos
locais mais propícios para a propagação do bullying, que pode começar por uma série
de fatores. Alunos com estereótipos anormais de beleza, geralmente, são os que mais
sofrem com isso, porém o preconceito tem uma série de outros vértices. Todavia o
significado da escola na vida de crianças e adolescentes é grande e aqueles que não
gostam manifestam desempenho insatisfatório tanto emocional como físico. O
relacionamento interpessoal e o desenvolvimento acadêmico estabelecem uma relação
direta no aprimoramento das habilidades sociais do aluno, fortalecendo a reação diante
de situações de tensão e ansiedade. Avaliar o bom desempenho dos estudantes pelas notas dos testes e cumprimento das tarefas não é suficiente. Perceber e monitorar as habilidades ou possíveis dificuldades que possam ter os jovens em seu convívio social com os colegas passa a ser atitude obrigatória daqueles que assumiram a responsabilidade pela educação, saúde e segurança de seus alunos, pacientes e filhos (NETO, 2005)4.
O bullying, quando está relacionado com uma forma de afirmação do poder
através da agressão, pode intimidar a vítima e incentivar outras pessoas a praticar atos
de violência.
Marie Nathalie Beaudoin e Maureen Taylor5 publicaram o livro “Bullying e
desrespeito: como acabar com essa cultura na escola”, com o objetivo de disponibilizar
aos educadores práticas da terapia narrativa que podem auxiliar os profissionais das
escolas a lidar com o bullying, uma anomalia atual que precisa de suporte básico para
os principais envolvidos: alunos e professores. Neste livro é mostrado tanto o papel do
professor como a situação de confusão mental enfrentada pelos alunos, o que leva a
apresentar formas de lidar com os bloqueios de forma relevante para os alunos.
4 NETO, Aramis A. Lopes. Bullying - comportamento agressivo entre estudantes. Jornal da Pediatria, 2005. 5 BEAUDOIN, Marie N.; TAYLOR, Maureen. Bullying e desrespeito: como acabar com essa cultura na escola.
Já o artigo publicado por Susana Fonseca Carvalhosa6 “O bullying nas escolas
portuguesas” considera o suporte social como um fator protetor para o envolvimento em
comportamentos de bullying, dentro e fora das escolas, um suporte que engloba família,
amigos, professores e colegas, concluindo que, mesmo que a maioria dos
comportamentos de bullying aconteça nas escolas, a prevenção e contenção do
problema deve centrar-se em toda a comunidade, visto que todos tem um papel
importante nesta batalha.
Pela Revista Istoé7, é importante estudar também o que se passa na cabeça de
meninos e meninas que estão expostos à situação de violência, qual é a concepção dos
alunos sobre a escola, depois desse bombardeio de notícias, jornais e internet sobre o
massacre de Realengo. A escola, que deveria ser um ambiente protegido, sendo, de
repente, invadida pelo terror, que pode marcar essa geração e também a cabeça dos
brasileirinhos, principalmente aqueles que ficaram frente a frente com o assassino e
viram seus colegas serem mortos, ouvindo apenas disparos e vendo a escola se banhar
em sangue. Dentre diversos relatos dos sobreviventes, um depoimento é bastante
comum: “não quero mais voltar para aquela escola”.
O professor das demais escolas do país deve lidar com isso de forma franca,
porém menos dura para os alunos, visto que se as dúvidas não são esclarecidas, outras
fontes serão recorridas. Explicar que isso foi um fato inédito, que nunca tinha ocorrido no
país e que não é uma coisa normal, além de discussões sobre o assunto, que ajudam a
dissociar a violência do ambiente escolar. O trabalho conjunto entre a escola e a família
também é muito importante para que a criança se sinta segura, saiba que existem
pessoas que cuidam dela.
Lúcia Williams e Ana Pereira8 dizem que “primeiramente, deve-se capacitar
professores e diretores a identificarem situações em que as crianças e adolescentes
estão em risco”. Para isso é necessário que exista uma relação entre professor e aluno e
vice-versa pautada de princípios éticos e morais, onde o respeito e a consideração ao
papel de cada um sejam preservados. A formação ampla e interdisciplinar é uma
necessidade atual para os educadores, já que nem todos estão preparados pra lidar com
6 CARVALHOSA, Susana F. Experiências e Práticas de Intervenção: o Bullying nas escolas portuguesas. 2010. 7 Revista Istoé. Abril de 2011. 8 WILLIAMS, Lúcia Cavalcanti de Albuquerque; PEREIRA, Ana Carina Stelko. A Associação entre Violência Doméstica e Violência Escolar: uma análise preliminar. 2008.
situações de conflito em sala de aula, e assim tenham habilidades para lidar com a
situação a contribuir para a formação cidadã do indivíduo.
Conforme a professora Tania Netto3,
A Educação Física não pode se eximir desta responsabilidade de colaborar com os valores na formação dos alunos e, por suas características e ações curriculares, podemos considerá-la de grande importância na construção do processo de educação de crianças, jovens e adultos. Acredita-se que o diálogo ainda seja a melhor opção para a solução de conflitos, que são facilmente identificados nas aulas de Educação Física, a superação da discriminação também deve ser trabalhada, em atividades coletivas e de aproximação entre agressor e vítima (Revista EF, 2010).
O Profissional de Educação Física Rafael Guimarães9, é um dos que defendem
essa tese. Para ele, a Educação Física, por ser uma disciplina que apresenta em parte
do seu plano curricular uma maior aproximação física entre os alunos, serve como um
bom instrumento para aplicar conceitos da ética e da axiologia nas atividades
desenvolvidas com os alunos (CONFEF, 2011) 10.
Nessas ações, destacam-se duas escolas do Distrito Federal, uma em
samambaia, onde o quadro era composto por três professores de Educação Física, que
depois de um árduo e reconhecido trabalho desenvolvendo intervenções nas aulas de
Educação Física conseguiram diminuir significativamente a violência, que ganhou a
publicação na Revista E.F., 201010, ambas da rede pública de ensino, o que elimina em
partes a idéia de bullying relacionada apenas à escola pública, visto que a escola
particular também enfrenta problemas relacionados a isso.
Já o Centro de Ensino Fundamental I de Brazlândia, em reportagem apresentada
pelo Jornal Aqui DF10, provou que, com boa vontade, o colégio pode sair de uma
situação de violência para ser o segundo melhor rendimento da região. A escola
pertence à rede pública de ensino do DF. Em 2004, quando a atual diretoria assumiu a
administração, o colégio, que era conhecido como “Carandiru”, traçou um novo caminho.
Em visita à escola, a diretora Alessandra Alves relatou as dificuldades à época em que
assumiu seu comando. A estrutura física precária e o contexto social preocupante dos
alunos quase a fez desistir. Certa vez, alunos entraram na escola à noite e a pixaram por
completo.
9 Revista EF. A Educação Física e o bullying. 2011. 10 Jornal Aqui DF. Mudança de Categoria. 2011.
Porém, ao receber os recursos governamentais, a direção decidiu reformar a
escola durante as férias e, em conjunto com todos os professores, deu à escola um
"choque de gestão" e começou a dar andamento em um amplo projeto pedagógico que
conscientizava os estudantes sobre a necessidade de se manter um ambiente saudável
dentro e fora da sala de aula. O projeto iniciou-se pelo diagnóstico da realidade da
escola e, principalmente, social dos alunos que a frequentavam. Crianças de um
assentamento violento ali estudavam e qualquer ação precisava levar isso em conta. Era
necessário um envolvimento com os alunos e professores não só ao momento da aula,
mas à sua realidade, fazendo com que a escola suprisse as deficiências sociais dos
estudantes. Primeiramente houve uma conversa com os alunos estabelecendo uma
relação de confiança e respeito, onde os valores éticos e morais eram preservados, e,
assim, o bom comportamento, a preservação do ambiente e o bom rendimento escolar
eram revertidos em recompensas, como banquinhos nas áreas de lazer, a ampliação e
criação de novas áreas de Educação Física e passeios aos pontos turísticos de Brasília.
Hoje muitas são as ações desempenhadas, destacando-se algumas, a saber: a Semana
de Interclasse (onde o envolvimento parte de todo o grupo de professores e tem
participação da comunidade e interesse dos alunos), tardes de lazer, gincanas,
passeios, inscrição dos alunos em olimpíadas e concursos, bailes, festas juninas, grupos
de estudo, atividades lúdicas, jogos, entre outras.
Foi informado pela diretora que o sucesso do projeto deve-se à boa vontade e o
envolvimento de todo o grupo, incluindo comunidade, pais e professores, visto que o
recurso destinado à escola é o mesmo destinado às demais, porém as doações eram
feitas por todos e algumas atividades como a plantação de mudas e pintura das quadras
feitas pelos próprios alunos. A escola evita fazer transferência de alunos em casos
críticos, a fim de oportunizar o estudante nos projetos e propor mudanças efetivas.
Os professores de Educação Física tem orgulho em trabalhar na escola e poder
contribuir no combate à violência. Acreditam que a Educação Física tem um papel
indispensável nesta batalha, onde a promoção de atividades lúdicas desvinculam os
alunos da realidade enfrentada fora da escola. Nas aulas teóricas durante todo o ano
são trabalhados temas: a ética e moral, o meio ambiente, drogas e anabolizantes; temas
polêmicos e bastante curiosos para os alunos, nas aulas observa-se o interesse pela
disciplina e a experiência do professor em lidar com situações de bullying e violência,
mesmo com as turmas grandes – em média 40 alunos por turma.
Nas ações desenvolvidas na Educação Física, todos os professores atuam de
forma conjunta para que o objetivo seja alcançado. Em turmas com grande número de
alunos, os espaços são utilizados da melhor forma para que todos possam praticar as
atividades propostas, além de integrar duas ou mais turmas para que o envolvimento
comece pelos próprios alunos. As oficinas de pipas, áreas de tênis, pinturas de rosto e
ornamentação das festas são feitas durante as aulas ou em horários contrários,
oportunizando o desenvolvimento e a aprendizagem do discente, missão fundamental da
escola.
Portanto, a necessidade da atuação do professor de Educação Física é essencial
e pode contribuir significativamente para que um bom resultado seja alcançado.
Tomando o projeto como exemplo, a execução de um plano estratégico pelos
professores pode resgatar alunos da vida do crime, através de simples ações e bom
relacionamento com os alunos, que, na grande maioria das vezes, gostam das aulas de
Educação Física, por diversos fatores, dentre eles descontração, momento de lazer e
fuga da rotina de sala de aula, fato que deve ser aproveitado pelo professor para
desenvolver ações de melhoria no ambiente de convivência escolar.
4. METODOLOGIA
4.1 - Tipo de Estudo
Foi realizado de forma comparativa através do questionário (Modelo no anexo I)
adaptado de XAVIER, (2006)11 e LIMA (2010)12.
4.2 - Amostra
O estudo foi realizado no Centro de Ensino Fundamental 101 e no Colégio
Reação, ambos localizados na cidade de Recanto das Emas – DF. Foram selecionados
40 alunos de forma aleatória, sem distinção de sexo, estudantes da 6º Série (5º Ano) do
Ensino Fundamental, sendo 20 alunos de cada escola.
11 XAVIER, Débora Bianca. Violência nas escolas, qual o papel da gestão?; 2006. 12 LIMA, Diogo Aciolo. Dores de ser adolescente: Relação entre dominação e violência entre estudantes; 2010.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO TABELA I - Identificação dos alunos quanto ao sexo
Sexo Escola Pública % Escola Particular %
Masculino 7 35% 10 50%
Feminino 13 65% 10 50%
Total 20 100% 20 100%
Verificou-se um número uniforme de alunos do sexo masculino e feminino na
escola particular, sendo 50% do sexo masculino e 50% do sexo feminino. Já na escola
pública, as meninas correspondem a 65% da amostra.
A maior presença de meninas no ambiente escolar, principalmente no ensino
público, no caso dessa amostra, que corresponde a 65%, se deve a uma diversidade de
fatores, dentre eles nível social e também o próprio tema desse trabalho, fator muito
relevante para essa prática. Os meninos estão mais propícios a entrar no mundo do
crime e da violência, por influência e por tendência própria, estes se envolvem em
manifestações de bullying em maior número que as meninas, que tem outras formas de
manifestar suas opressões. Pela Revista Istoé7, é importante estudar também o que se
passa na cabeça de meninos e meninas que estão expostos à situação de violência,
qual é a concepção dos alunos sobre a escola, depois desse bombardeio de notícias,
jornais e internet sobre o massacre de Realengo. No caso deste acontecido, praticado
por um rapaz que se isolou para preparar o crime, tornou-se fora da realidade para o
nosso país, porém outros casos como estes ou parecidos já aconteceram antes, em
outros países, o que torna essa prática distante dos brasileiros. O que chama a atenção
é a forma como a indignação do rapaz contra a escola foi manifestada, de forma brutal e
inconsciente, preocupando os docentes sobre a imagem que a escola tem na cabeça
das crianças e a influência que isso pode gerar no cotidiano daqueles expostos a esse
excesso de informação.
TABELA II – Distribuição de frequência dos estudantes quanto às atividades desempenhadas fora do ambiente escolar
Atividades desenvolvidas Escola Pública % Escola Particular %
Só estuda 20 100% 20 100%
Estuda e trabalha 0 0% 0 0%
Estuda e faz estágio 11 0% 0 0%
Total 20 100% 20 100%
Na tabela II, quando foram questionados sobre as atividades que desempenham,
além do estudo, 100% da amostra, tanto em escola pública como em escola particular
apenas estudam no momento.
Devido à idade da amostra entrevistada, todos apenas estudam no momento,
sendo um fator propício para manifestação de atos de violência ou envolvimento neles,
pois, em grande maioria das vezes, os pais dos alunos têm suas atividades a serem
desempenhadas e não tem tempo suficiente a dedicar em todos os momentos dos filhos.
E, nessa fase delicada da adolescência, a personalidade da pessoa ainda está em
formação, podendo direcionar os alunos para outro caminho, o que ressalta a
importância do professor. Lúcia Williams e Ana Pereira8 dizem que “primeiramente,
deve-se capacitar professores e diretores a identificarem situações em que as crianças e
adolescentes estão em risco”. A formação ampla e interdisciplinar é uma necessidade
atual para os educadores, já que nem todos estão preparados pra lidar com situações de
conflito em sala de aula, e assim tenham habilidades para lidar com a situação a
contribuir para a formação cidadã do indivíduo.
TABELA III - Tempo de permanência na escola
Tempo de permanência Escola Pública % Escola Particular %
Menos de 1 ano 4 20% 5 25%
1 a 2 anos 5 25% 3 15%
3 anos ou mais 11 55% 12 60%
Total 20 100% 20 100%
De acordo com a tabela III, sobre o tempo que estudam na escola, da amostra
colhida na escola pública, 20% frequentam a escola há menos de 1 ano, 25% estudam
entre 1 e 2 anos e 55% dos alunos a frequentam há três anos ou mais. Já na escola
particular, 25% dos alunos estudam na escola há menos de um ano, 15% entre 1 e 2
anos e 60% a frequentam há três anos ou mais. Portanto em ambas as escolas a
maioria da amostra tem pelo menos 3 anos de convívio no ambiente escolar em
questão.
O maior prazo de estadia em uma mesma escola gera maior probabilidade do
aluno ser vítima ou autor de violência, visto que passou por um período de adaptação,
em contrapartida existe a possibilidade de um novo aluno na escola não se adaptar bem
e sofrer algum tipo de discriminação, o que gera desconfiança e insegurança no
ambiente escolar. Conforme relatado anteriormente, o significado da escola na vida de
crianças e adolescentes é grande e aqueles que não gostam manifestam desempenho
insatisfatório tanto emocional como físico. Portanto a necessidade de uma boa
adaptação no ambiente escolar se reverte em todos os âmbitos do desempenho do
aluno, contribuindo para o bom relacionamento entre o grupo que envolve docente e
aluno.
TABELA IV – Convivência com o grupo familiar
Grupo familiar Escola Pública % Escola Particular %
Pai 0 0% 0 0%
Mãe 5 25% 7 35%
Pai e Mãe 15 75% 13 65%
Tios/Avós 0 0% 0 0%
Amigos/ Outros 0 0% 0 0%
Total 20 100% 20 100%
Conforme apresentado, 75% da amostra da escola pública relatam morar com o
pai e a mãe e apenas 25% destes moram apenas com a mãe, nenhum deles com outras
pessoas como tios e avós. A amostra foi bastante parecida com a escola particular que
mostra que 65% da amostra mora com pai e mãe e 35% apenas com a mãe.
O resultado dessa amostra foi satisfatório por apresentar que 75% dos alunos da
escola pública e 65% da escola particular convivem em um ambiente familiar completo,
com o pai e a mãe; e o restante deles apenas com a mãe, sem dados que mostram que
existem outras pessoas que ocupam o espaço dos pais, como tios e avós. A importância
desse convívio parte do princípio bastante conhecido, a primeira educação se começa
em casa, e os principais agentes são os pais que ocupam um espaço dentro do
ambiente familiar e demonstram aos filhos seu espaço dentro desse ambiente. O termo
família, além de ser muito belo, passa uma diversidade de significados dentre eles
valores e princípios morais e éticos. Já o artigo publicado por Susana Fonseca
Carvalhosa6 “O bullying nas escolas portuguesas” considera o suporte social como um
fator protetor para o envolvimento em comportamentos de bullying, dentro e fora das
escolas, um suporte que engloba família, amigos, professores e colegas, concluindo
que, mesmo que a maioria dos comportamentos de bullying aconteçam nas escolas, a
prevenção e contenção do problema deve centrar-se em toda a comunidade, visto que
todos tem um papel importante nesta batalha, principalmente a família.
TABELA V – Nível de participação dos pais na vida escolar dos alunos
Nível de participação dos pais Escola Pública % Escola Particular %
O tempo todo 9 45% 18 90%
Apenas quando são chamados 10 50% 2 10%
Não participam 1 5% 0 0%
Total 20 100% 20 100%
No fator de participação dos pais na vida escolar dos filhos, na escola pública foi
verificado que apenas 45% da amostra participam ativamente, o tempo todo, 50%
apenas quando são chamados e 5% ainda relatam que os pais não participam. Já na
amostra da escola particular 90% dos pais participam o tempo todo da vida escolar dos
filhos e os 10% restantes participam apenas quando são chamados e nenhum destes
respondeu que seus pais não participam.
Conforme falado anteriormente, o trabalho conjunto entre a escola e a família é
muito importante para que a criança se sinta segura, sabendo que tem pessoas que
cuidam dela. A participação assídua dos responsáveis no ambiente escolar, além de
passar essa segurança para a criança, estreita o vínculo criado entre pais e filhos
facilitando o diálogo e mostrando interesse pelas conquistas escolares dos filhos. Por
que, afinal, a participação dos pais conta tanto para o aprendizado? As razões também
foram mapeadas por diversos pesquisadores. Primeiro, as crianças precisam de ajuda
para manter a disciplina exigida pelos estudos. E os pais contribuem para isso ao
estabelecer uma rotina que preserve tempo para a revisão da matéria e o cumprimento
da lição, duas das atividades com maior impacto no resultado escolar. Proporcionar um
ambiente favorável aos estudos também pesa.
TABELA VI – Definição dos alunos sobre o ambiente escolar
Respostas Escola Pública % Escola Particular %
Sim 3 15% 10 50%
Não 5 25% 2 10%
Muitas Vezes 2 10% 4 20%
Nunca 1 5% 0 0%
Raramente 9 45% 4 20%
Total 20 100% 20 100%
Com essa tabela, destacou-se a importância em saber se os alunos consideram o
ambiente escolar agradável. Nesta questão, 75% da amostra da escola pública não
considera o ambiente escolar agradável, com a união dos que responderam não, nunca
e raramente, apenas 25% relatam que o ambiente é agradável respondendo sim ou
muitas vezes. Já na escola particular, 70% consideram esse ambiente agradável e 30%
se dividiram entre raramente e não. Acredita-se que este resultado se deve à
disponibilização de maiores espaços de lazer, material para a realização de atividades,
além de oferecer maior número de atividades extraclasse, atividades artístico-culturais
ou esportes em horário contrário à aula, em relação à escola pública, conforme
trabalhado na questão seguinte sobre a disponibilização dessas atividades.
Como dito anteriormente, o relacionamento interpessoal e o desenvolvimento
acadêmico estabelecem uma relação direta no aprimoramento das habilidades sociais
do aluno, fortalecendo a reação diante de situações de tensão e ansiedade. Um grande
investimento governamental em favor da educação seria chamar a atenção dos alunos
de forma menos rígida, destinando recursos para implantação de maior número de áreas
de lazer, atividades que desenvolvam o esporte, utilizar atividades dinâmicas que
envolvam a unidade didática em questão para tornar o ambiente escolar o melhor
possível, aquele que o aluno sinta vontade de frequentar.
TABELA VII – Desenvolvimento de atividades extraclasse na grade curricular
Existência de atividades extracurriculares Escola Pública % Escola Particular %
Sim 4 20% 7 35%
Não 7 35% 6 30%
Muitas Vezes 1 5% 2 10%
Nunca 1 5% 0 0%
Raramente 7 35% 5 25%
Total 20 100% 20 100%
De acordo com a tabela apresentada, os alunos foram questionados sobre o
oferecimento de outras atividades extraclasse, como jogos, passeios a museus e
teatros, capoeira, dança, pintura de rosto e esportes em horário contrário à aula,
verificou-se que existe uma diferença não muito considerável entre as duas escolas, de
acordo com a média obtida com as respostas dos alunos a respeito das atividades
mencionadas, sendo que 35% da amostra da escola pública relatam ter acesso a essas
atividades e na escola particular 45%.
A utilização de recursos menos práticos para justificar o ensino é uma das
melhores formas de reafirmar a questão anterior, tornando o ambiente escolar agradável
e avaliando-o como um todo, inclusive seu contexto social, como afirma Aramis Neto4.
TABELA VIII – Forma de resolução de problemas dos alunos na escola
Recorrência em caso de problemas na escola Escola Pública % Escola Particular %
Ao diretor 5 25% 10 50%
Ao professor 2 10% 1 5%
Aos pais e responsáveis 4 20% 3 15%
Aos colegas de classe 3 15% 2 10%
Guarda para si 6 30% 4 20%
Total 20 100% 20 100%
A partir da tabela, identificamos certa diferença nas respostas dos alunos, na
escola pública, apenas 35% dos alunos responderam que recorrem ao diretor ou
professor e 30% deles guardam o problema para si, demonstrando insegurança e falta
de confiança na atitude e ajuda dos integrantes do ensino. Já na escola particular, 55%
dos alunos tem a confiança e segurança de recorrer ao diretor ou professor da escola
para buscar ajuda, 25% recorreram a colegas de sala ou aos pais, e apenas 20%
guardaram o problema para si, o que demonstra que a maioria deles tem intenção de
resolver o problema dentro do ambiente escolar através de acesso à hierarquia escolar e
a pessoas de confiança.
É na escola que a criança reflete as frustrações do seu dia-a-dia. A escola tem a
função de transmitir valores pautados na ética, que se constitui pelo respeito mútuo,
diálogo, justiça, solidariedade, cooperação, sinceridade e autenticidade, que deve ser
demonstrado de forma clara, através de atitudes que gerem confiança no aluno sobre o
ambiente em que está envolvido.
TABELA IX – Forma de relacionamento dos alunos com o professor de Educação Física
Forma de relacionamento com o professor Escola Pública % Escola Particular %
Sempre é boa 4 20% 12 60%
Não é boa 2 10% 1 5%
Raramente é boa 0 0% 1 5%
Nunca é boa 0 0% 0 0%
Mais ou Menos 14 70% 6 30%
Total 20 100% 20 100%
Na intenção de identificar problemas com a violência nas aulas de Educação
Física, primeiramente foi questionado sobre a forma de relacionamento com o professor
de Educação Física de sua escola. O resultado obtido foi bastante diferente entre as
escolas. A amostra da escola pública não manifesta bom relacionamento com o
professor de Educação Física, sendo que 70% responderam a opção “mais ou menos”,
não demonstrando muito apreço pelo mesmo, apenas 20% responderam que essa
relação sempre é boa e os 10% restantes ainda relatam que não é boa. Já na escola
particular 60% da amostra representam bom relacionamento, 5% responderam que a
relação não é boa e 35% se dividiram entre “mais ou menos” e raramente.
O valor obtido na escola pública preocupa bastante, gerando dúvidas sobre o
comportamento do professor de Educação Física, sendo que apenas 20% da amostra
relata ter bom relacionamento com este professor, na escola particular este valor é
quase revertido. A relação entre professor e aluno baseada na confiança, tem grande
valor em sua formação como um ser integral. A Educação Física no âmbito escolar é
entendida como uma disciplina curricular de enriquecimento cultural, fundamental à
formação da cidadania dos alunos, baseada em um processo de socialização em que
estão contemplados valores morais, éticos e estéticos, que consubstancia princípios
humanistas e democráticos. Para isto, as estratégias de ação didático-pedagógicas para
esta tão importante área devem estar voltadas para a superação de práticas injustas e
discriminatórias através da intervenção do agente mais próximo do aluno, aquele que
tem maior facilidade de identificar os problemas que interferem no aprendizado e
desenvolvimento escolar: o professor. Necessidade pela qual este relacionamento
deveria ser bom em ambas as escolas, prática não existente na escola pública, que
pode ser um fator determinante para maior manifestação de atos de violência.
TABELA X – Ocorrência de casos de violência nas aulas de Educação Física
Frequência de casos Escola Pública % Escola Particular %
Sim 0 0% 1 5%
Não 9 45% 11 55%
Muitas Vezes 1 5% 0 0%
Nunca 3 15% 2 10%
Raramente 7 35% 6 30%
Total 20 100% 20 100%
Conforme demonstrado na tabela, sobre a ocorrência de casos de violência nas
aulas de Educação Física, na escola pública 60% da amostra não os identificam, 5%
dizem que acontece muitas vezes e 35% que acontecem raramente, totalizando 40%
que relatam que mesmo raramente essas situações ocorrem. Já na escola particular,
65% da amostra relatam que não acontecem, 5% dizem que acontecem e 30%
responderam raramente, totalizando 40% que relatam que mesmo raramente essas
situações ocorrem. Mesmo assim, a amostra manifestou uma uniformidade, sendo que a
maioria não identifica atos de violência nessas aulas.
As aulas de Educação Física, por contar com momentos de descontração e lazer,
são mais viáveis para identificar repressões ou opressões que se manifestam em forma
de bullying. Conforme a professora Tania Netto3:
A Educação Física não pode se eximir desta responsabilidade de colaborar com os valores na formação dos alunos e, por suas características e ações curriculares, podemos considerá-la de grande importância na construção do processo de educação de crianças, jovens e adultos. Acredita-se que o diálogo ainda seja a melhor opção para a solução de conflitos, que são facilmente
identificados nas aulas de Educação Física, a superação da discriminação também deve ser trabalhada, em atividades coletivas e de aproximação entre agressor e vítima (Revista EF, 2010).
Questão XI - Forma de manifestação da violência demonstrada na questão anterior
Forma de manifestação da
violência
Escola Pública
% Escola Particular
%
Ameaças 1 5% 2 10%
Agressão Verbal 4 20% 3 15%
Agressão física/brigas 0 0% 1 5%
Discriminação 3 15% 2 10%
Atos de Vandalismo 0 0% 0 0%
Brincadeiras de mau gosto 8 40% 5 25%
Não responderam 6 30% 7 35%
Total 20 100% 20 100%
Para entender melhor as formas que os alunos desenvolvem atos de violência, foi
questionado sobre como ela é manifestada. Dentre os alunos que responderam que
acontecem casos de violência na aula de Educação Física, alguns marcaram mais de
uma opção, verificando as brincadeiras de mau gosto e as agressões verbais foram as
que tiveram maior ênfase, com 40% e 20%, respectivamente, isso para a escola pública.
Na escola particular 25% responderam que aconteceram brincadeiras de mau gosto e
15% relatam terem acontecido agressões verbais. Já a agressão física, a escola pública
não houve marcação e destaca-se que 5% da escola particular responderam que
acontecem casos de violência em forma de agressão física, ponto em destaque em
relação à escola pública.
De acordo com os dados da pesquisa, a agressão física é tipo de manifestação
de bullying pouco presente no ambiente escolar. Já as brincadeiras de mau gosto, que
ganharam maior porcentagem de votos, quando começam a ser exageradas podem
gerar fúria, que posteriormente pode ser manifestada em forma de agressão, que é
considerada a pior forma de manifestação da violência. Por este e demais fatores,
acredita-se que o professor de Educação física seja muito importante na batalha contra
o bullying e violência escolar, mas para isso ainda é necessário que medidas de suporte
sejam oferecidas a estes profissionais.
Questão XII – Distribuição de frequência sobre serem vítimas de violência ou discriminação pessoal nas aulas de Educação Física
Frequência Escola Pública % Escola Particular %
Sim 1 5% 2 10%
Não 13 65% 14 70%
Muitas Vezes 1 5% 0 0%
Nunca 3 15% 2 10%
Raramente 2 10% 2 10%
Total 20 100% 20 100%
Identifica-se na tabela relacionada acima, sobre a ocorrência de algum tipo de
violência ou discriminação nas aulas de Educação Física, que, felizmente, 80% dos
alunos da amostra tanto da escola pública como da escola particular relatam não ter
sofrido violência, totalizando as respostas obtidas em não ou nunca. Na escola pública
5% responderam sim, 10% responderam raramente e apenas 5% muitas vezes. Na
escola particular, 10% da amostra responderam sim, e os outros 10% responderam
raramente. Identificou-se um número praticamente igual nessa questão, e felizmente,
poucos responderam que já foram vítimas dessa prática nas aulas de Educação Física,
mesmo relatando na tabela X, que esses atos acontecem, portando dentro da amostra
em questão poucos foram vítimas nas aulas. Frisando o foi falado pela professora Tania
Netto3,
Acredita-se que o diálogo ainda seja a melhor opção para a solução de conflitos, que são facilmente identificados nas aulas de Educação Física, a superação da discriminação também deve ser trabalhada, em atividades coletivas e de aproximação entre agressor e vítima (Revista EF, 2010).
Será que os professores estão realmente capacitados para utilizar linguagem não
verbal para identificar esses atos de discriminação ou se negligenciam diante das
obrigações do dia a dia e esquecem de fazer essa observação? A utilização da mesma
para a resolução de conflitos é o papel do professor de Educação Física, que pode
trabalhar de forma lúdica, dentro das próprias aulas atividades que integrem as partes
envolvidas.
Questão XIII - Reação dos alunos a atos de violência nessas aulas
Reações Escola Pública % Escola
Particular %
Recebeu ajuda do professor 0 0% 0 0%
Buscou ajuda na direção 0 0% 1 5%
Buscou ajuda do professor 0 0% 1 5%
Buscou ajuda em sua família 0 0% 0 0%
Não buscou ajuda 3 15% 1 5%
Você revidou 1 5% 1 5%
Não responderam 16 80% 16 80%
Total 20 100% 20 100%
Dentre os poucos que responderam que já foram vítimas de violência e
discriminação nas aulas de Educação Física na escola pública, com o mesmo número
de ocorrência de violência, 15% não buscaram ajuda e nem a recebeu e 5% revidou, os
demais não responderam. Já na escola particular, 10% da amostra receberam ajuda do
professor ou diretor da escola e 5% não chegaram a buscar ajuda e os outros 5%
revidaram, os demais não responderam.
Ressalta-se a necessidade de uma melhor capacitação do corpo docente para
lidar com as situações manifestadas na escola, principalmente do professor de
Educação Física, que trabalha com a linguagem não verbal, conforme falado pela
professora Tânia Netto3. Nas aulas de Educação Física, é fácil identificar diversas
dificuldades dos alunos.
TABELA XIV – Ocorrência de algum tipo de discriminação por parte dos colegas
Ocorrência Escola Pública % Escola Particular %
Sim 3 15% 2 10%
Não 12 60% 15 75%
Muitas Vezes 1 5% 1 5%
Nunca 3 15% 1 5%
Raramente 1 5% 1 5%
Total 20 100% 20 100%
Já quando a questão é discriminação por parte dos colegas, 25% dos alunos de
escola pública e 20% dos alunos de escola particular relatam já ter passado por essa
situação. Os demais demonstram bom relacionamento com os colegas, um fator
importante no ambiente escolar, que gera interação e estímulo para o aprendizado.
A necessidade de incluir ações que desenvolvam a integração entre os colegas e
interação entre professor e aluno tem influência direta no combate à violência e ao
Bullying na escola.
TABELA XV – Ocorrência de algum tipo de discriminação por parte do professor de Educação Física
Escola Pública % Escola Particular %
Sim 0 0% 0 0%
Não 13 65% 18 90%
Muitas Vezes 0 0% 0 0%
Nunca 6 30% 2 10%
Raramente 1 5% 0 0%
Total 20 100% 20 100%
Registra-se na tabela XV que na escola particular o professor não manifesta
discriminação para com os alunos de forma alguma, totalizando 100% da amostra. Já na
escola pública, 5% da amostra relatam que raramente sofreram discriminação por parte
do professor, os 95% restantes não se incluem nessa situação.
A importância do profissional nas aulas de Educação física se torna essencial,
visto que mesmo aqueles que relatam sofrer algum tipo de violência, demonstram boa
relação com o professor de Educação Física e não sofrem discriminação por parte do
mesmo, contradizendo pré-definições que se têm a respeito da escola pública,
mostrando que mesmo que desmotivados com a rotina e estrutura falha da rede pública,
ainda estão preocupados com a ocorrência de atos de discriminação partindo do
professor para com o aluno, o que corrobora afirmativas da professora Tania Netto3 e do
profissional de Educação Física Rafael Guimarães9.
Questão XVI – Ocorrência de atos de violência no percurso ou nos arredores da escola
Ocorrência Escola Pública % Escola Particular %
Sim 2 10% 2 10%
Não 11 55% 13 65%
Muitas Vezes 1 5% 0 0%
Nunca 5 25% 4 20%
Raramente 1 5% 1 5%
Total 20 100% 20 100%
Vale ressaltar a ocorrência de violência nos arredores da escola, que pode ter
continuidade dentro do ambiente escolar ou não. Na escola Pública, 20% da amostra
relatam ter passado por esse tipo de situação, correspondendo praticamente ao mesmo
número mostrado na tabela XIV, perguntando sobre discriminação por parte dos colegas
onde foi obtido um percentual de 25%, os demais 80% não se enquadram nesse grupo.
Na escola particular verificou-se que 15% da amostra relatam já ter sido vítima de
violência no percurso ou nos arredores da escola. Destes, 10% não sofrem violência nas
aulas de Educação Física, nem por parte dos colegas e nem por parte do professor e
5% relata que além de acontecer casos de violência nas aulas, são vítimas de ameaças,
discriminação e brincadeiras de mau gosto por parte dos colegas, mas nunca por parte
do professor.
A ocorrência de violência, mesmo que nos arredores da escola é um caso que
preocupa bastante, visto que pode ser manifestada posteriormente em ambiente escolar,
tornando as vítimas oprimidas pela violência e atrapalhando o andamento das atividades
escolares.
6. CONCLUSÃO
Mediante a pesquisa apresentada, alguns fatores chamaram a atenção, dentre
eles a constatação da existência da violência no ambiente escolar, que foi verificada em
poucos casos, tanto na escola pública como na escola particular, porém nunca
relacionada ao professor de Educação Física, o que engrandece muito a profissão. Foi
verificado que essa manifestação de violência acontece geralmente por parte dos
colegas. Mesmo que na amostra da escola pública 80% dos alunos tenham respondido
que a relação com o professor nem sempre é boa, apenas 5% deles responderam que
sofrem algum tipo de discriminação por parte do professor, na escola particular não foi
identificado nenhum caso de discriminação por parte do professor, mas da amostra 60%
manifestam bom relacionamento, mostrando que mesmo em escolas privadas onde a
exigência do professor é maior e o processo de seleção eliminatório, ainda existem
falhas em questão de sociabilização.
Notou-se também grande diferença em relação à reação dos alunos a estes atos
de violência, sendo que na escola privada 50% dos alunos que relataram ter sofrido
algum tipo de violência, receberam ajuda do professor ou diretor; e na escola pública
além de não terem recebido ajuda, não tiveram a confiança de recorrer ao corpo
docente, reafirmando as falhas existentes nas escolas públicas, onde os docentes ainda
não estão preparados para administrar situações de bullying.
A ocorrência de discriminação por parte dos colegas em ambas as escolas e a
identificação desses atos nas aulas de Educação Física manifestam praticamente o
mesmo percentual, o que apenas enfatiza o que já sabemos: o bullying existe em
qualquer lugar, não é porque o aluno está matriculado em uma escola particular onde a
mensalidade é cara que está livre de atos de discriminação.
Em outra oportunidade, vale a pena avaliar os critérios que os pais utilizam para
a participação na vida escolar dos filhos, visto que na escola pública apenas 45% dos
pais participam ativamente da vida escolar dos filhos, e aprofundá-lo, a fim de subsidiar
cada vez mais o combate ao bullying no ambiente escolar e, por conseguinte, no
cotidiano dos alunos e suas famílias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 Revista Nova Escola. 21 perguntas e respostas sobre bullying. Disponível em <http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/bullying-escola-494973.shtml>. Acesso em 10 mar 2011. Editora Abril, 2011.
2 Revista Istoé. Terror na Escola. 13 Abr 2011. 2161ª ed. Pg 68 a 88. Editora Abril, 2011.
3 Revista EF. Combate ao bullying nas escolas. Entrevista com Tânia Carvalho Netto. Disponível em <http://www.confef.org.br/extra/revistaef/arquivos/2010/N38_DEZEMBRO/11_COMBATE_AO_BULLYING_NAS_ESCOLAS.pdf>. Acesso em 01 mar 2011. CONFEF – Confederação Nacional de Educação Física, 2010.
4 NETO, Aramis A. Lopes. Bullying - comportamento agressivo entre estudantes. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/jped/v81n5s0/v81n5Sa06.pdf>. Acesso em 20 mar 2011. Jornal da Pediatria, 2005.
5 BEAUDOIN, Marie Nathalie. TAYLOR, Maureen. Bullying e desrespeito: como acabar com essa cultura na escola. Disponível em <http://www.apeoespnorte.com.br/website/power/PEB2/pdf/Bullying.pdf>. Acesso em 20 mar 2011.
6 CARVALHOSA, Susana Fonseca. Experiências e Práticas de Intervenção: o Bullying nas escolas portuguesas. Revista E.F. 37ª ed. Set 2010.
7 Revista Istoé. Abr 2011. 2161ª ed. Pg 68 a 88. Editora Abril, 2011.
8 WILLIAMS, Lúcia Cavalcanti de Albuquerque; PEREIRA, Ana Carina Stelko. A Associação entre Violência Doméstica e Violência Escolar: uma análise preliminar. 2008.
9 Revista EF. A Educação Física e o bullying. CONFEF, 2011.
10 Jornal Aqui DF. Mudança de Categoria. Pg 4. 15 mai 2011.
11 XAVIER, Débora Bianca. Violência nas escolas, qual o papel da gestão?; 2006.
12 LIMA, Diogo Aciolo. Dores de ser adolescente: Relação entre dominação e violência entre estudantes; 2010.
ANEXO I
QUESTIONÁRIO APLICADO Série:_________________ Turno:________________ Sexo:_________________ Idade:_________________
1. No momento você: Só estuda ( ) Estuda e Trabalha ( ) Estuda e faz estágio ( ) 2. Há quanto tempo você estuda nessa escola? Há menos de um ano ( ) Entre um e dois anos ( ) Três anos ou mais ( ) 3. Você mora com: Pai ( ) Mãe ( ) Pai e Mãe ( ) Tios/Avós ( ) Amigos/Outros ( ) 4. Seus pais participam de sua vida escolar? O tempo todo ( ) Apenas quando são chamados ( ) Não participam ( ) 5. O ambiente de sua escola é muito agradável:
Sim ( ) Não ( ) Muitas vezes ( ) Nunca ( ) Raramente ( )
6. A escola oferece: Atividades extraclasse (jogos, visitas a museus e teatro) Sim ( ) Não ( ) Muitas vezes ( ) Nunca ( ) Raramente ( )
Atividades artístico-culturais (capoeira, dança e pintura) Sim ( ) Não ( ) Muitas vezes ( ) Nunca ( ) Raramente ( ) Outras atividades ou esportes em horário contrário à aula Sim ( ) Não ( ) Muitas vezes ( ) Nunca ( ) Raramente ( ) 7. Quando você tem algum tipo de problema dentro da escola, a quem você
recorre? Ao diretor ( ) Ao professor ( ) Aos pais e, ou responsáveis ( ) Aos colegas de classe ( ) Guarda o problema para si ( ) 8. Sua relação com o professor de Ed. Física é boa? Sempre ( ) Não é boa ( ) Raramente é boa ( ) Nunca é boa ( ) Mais ou menos ( ) 9. Acontecem casos de violência na aula de educação Física? Sim ( ) Não ( ) Muitas vezes ( ) Nunca ( ) Raramente ( ) 10. Se sim, essa violência é manifestada de que forma? (Marque quantas forem
necessárias) Ameaças ( ) Agressão Verbal ( ) Agressão Física/brigas ( ) Discriminação ( ) Atos de vandalismo ( ) Brincadeiras de mau gosto ( )
11. Você já foi vítima de algum tipo de violência ou discriminação nas aulas de Educação Física? Sim ( ) Não ( ) Muitas vezes ( ) Nunca ( ) Raramente ( )
12. Quando foi vítima de violência nas aulas de Educação Física, você: Recebeu ajuda do professor ( ) Buscou ajuda na direção ( ) Buscou ajuda do professor ( ) Buscou ajuda em sua família ( ) Não buscou ajuda ( ) Você revidou ( )
13. Você já sofreu algum tipo de discriminação por parte dos colegas na aula de Educação Física?
Sim ( ) Não ( ) Muitas vezes ( ) Nunca ( ) Raramente ( ) 14. Você já sofreu algum tipo de discriminação por parte do professor nas aulas
de Educação Física? Sim ‘ ( ) Não ( ) Muitas vezes ( ) Nunca ( ) Raramente ( )
15. Você já foi vítima de violência no percurso ou nos arredores da escola? Sim ( ) Não ( ) Muitas vezes ( ) Nunca ( )
Raramente ( )
ANEXO II
TERMO DE ENCAMINHAMENTO E CONSCENTIMENTO PARA A ESCOLA PÚBLICA
Prezado Coordenador Geral de Educação Física do
C.E.F. – Centro de Ensino Fundamental 101 do Recanto das Emas
Endereço: QD 101 - CONJ "10B" - LTS 01 E 02 – Recanto das Emas
O projeto de pesquisa intitulado “A importância da Educação Física no combate ao bullying e à violência escolar” realizado como Trabalho de Conclusão de
Curso realizado pela licencianda Kênia Myriane Borba sob orientação do Prof. MSc.
Paulo César Trindade Vieira, para a obtenção do Título de Licenciatura em Educação
Física, da Universidade Católica de Brasília, tem como identificar a importância das
aulas de Educação Física como combate ao bullying e a violência nas escolas.
Em cumprimento à preparação da etapa do trabalho de campo, o presente
trabalho vem a mais de seis meses de revisão da literatura e chama de Trabalho de
Conclusão de Curso I.
Neste sentido, pretendendo dar continuidade ao mesmo, fazendo valer da
incursão de campo, o mesmo trabalho necessita agora, após vossa autorização, da
aplicação de um questionário pela pesquisadora Kênia Myriane Borba, que já
encaminhou contato prévio com profissionais deste centro educacional neste sentido.
Por entendermos a partir dos estudos e das conversas com profissionais deste
segmento a complexidade e importância desta seara, identificou-se que o estudo em
questão pode revelar aspectos importantes que ocorrem no processo de estudantes
nesta fase escolar.
Neste sentido, será preservada a privacidade dos sujeitos/estudantes cujos
dados serão coletados. As informações serão utilizadas única e exclusivamente para a
execução do estudo em questão, requisitos da Resolução* CNS N° 196, de 10 de
outubro de 1996.
As informações serão divulgadas de forma anônima, em conformidade com as
práticas aos procedimentos particulares do campo em questão, não sendo usadas
iniciais ou quaisquer outras indicações que possam identificar o sujeito da pesquisa,
garantindo a privacidade do mesmo.Os resultados serão compartilhados com a
instituição que poderá ver a melhor maneira de apresentá-los a quem julgar necessário
após conclusão da pesquisa. Estas informações contribuirão para a criação de novas
metodologias de ensino para atividades mais condizentes com o perfil dos estudantes
deste âmbito escolar.
Nestes termos, solicita-se a autorização e apoio desta escola no sentido de apoiar
os procedimentos necessários para o trabalho de campo (neste mês de Setembro/ e
primeira quinzena de Outubro do corrente ano), para que possamos aplicar questionário
com alunos e professores relacionados casuística em questão, para a seguir, analisar os
resultados, contextualizá-los e concluir as reflexões e questões sobre a contribuição das
aulas de educação física nas questões particulares da casuística.
Gratos pela atenção aqui dispensada;
_____________________________
Paulo César Trindade Vieira
Prof. MSc. da Universidade Católica de Brasília - UCB
Orientador de TCC de Kênia Myriane Borba
Brasília, 26 de Agosto de 2011
ANEXO III
TERMO DE ENCAMINHAMENTO E CONSCENTIMENTO PARA A ESCOLA PARTICULAR
Prezado Coordenador Geral de Educação Física do
Colégio Reação do Recanto das Emas
Endereço: Av Buriti Qd 201, s/n lote 7 Recanto das Emas
O projeto de pesquisa intitulado “A importância da Educação Física no combate ao bullying e à violência escolar” realizado como Trabalho de Conclusão de
Curso realizado pela licencianda Kênia Myriane Borba sob orientação do Prof. MSc.
Paulo César Trindade Vieira, para a obtenção do Título de Licenciatura em Educação
Física, da Universidade Católica de Brasília, tem como identificar a importância das
aulas de Educação Física como combate ao bullying e a violência nas escolas.
Em cumprimento à preparação da etapa do trabalho de campo, o presente
trabalho vem a mais de seis meses de revisão da literatura e chama de Trabalho de
Conclusão de Curso I.
Neste sentido, pretendendo dar continuidade ao mesmo, fazendo valer da
incursão de campo, o mesmo trabalho necessita agora, após vossa autorização, da
aplicação de um questionário pela pesquisadora Kênia Myriane Borba, que já
encaminhou contato prévio com profissionais deste centro educacional neste sentido.
Por entendermos a partir dos estudos e das conversas com profissionais deste
segmento a complexidade e importância desta seara, identificou-se que o estudo em
questão pode revelar aspectos importantes que ocorrem no processo de estudantes
nesta fase escolar.
Neste sentido, será preservada a privacidade dos sujeitos/estudantes cujos
dados serão coletados. As informações serão utilizadas única e exclusivamente para a
execução do estudo em questão, requisitos da Resolução* CNS N° 196, de 10 de
outubro de 1996.
As informações serão divulgadas de forma anônima, em conformidade com as
práticas aos procedimentos particulares do campo em questão, não sendo usadas
iniciais ou quaisquer outras indicações que possam identificar o sujeito da pesquisa,
garantindo a privacidade do mesmo.Os resultados serão compartilhados com a
instituição que poderá ver a melhor maneira de apresentá-los a quem julgar necessário
após conclusão da pesquisa. Estas informações contribuirão para a criação de novas
metodologias de ensino para atividades mais condizentes com o perfil dos estudantes
deste âmbito escolar.
Nestes termos, solicita-se a autorização e apoio desta escola no sentido de apoiar
os procedimentos necessários para o trabalho de campo (neste mês de Setembro/ e
primeira quinzena de Outubro do corrente ano), para que possamos aplicar questionário
com alunos e professores relacionados casuística em questão, para a seguir, analisar os
resultados, contextualizá-los e concluir as reflexões e questões sobre a contribuição das
aulas de educação física nas questões particulares da casuística.
Gratos pela atenção aqui dispensada;
_____________________________
Paulo César Trindade Vieira
Prof. MSc. da Universidade Católica de Brasília - UCB
Orientador de TCC de Kênia Myriane Borba
Brasília, 26 de Agosto de 2011