ANO 6 - Número 1302Brasília-DF, Quinta-feira, 23 de setembro de 2004 www.camara.gov.br • [email protected] • Fone: (61) 216-1666 • Fax: (61) 216-1653
ImpressoEspecial
11204/2002-DR/BSBCÂMARA DOS
DEPUTADOS
CORREIOS
Câmara analisa projetos que
beneficiam portadores de deficiência
Cerca de 24,5 milhões de brasileiros têm algum tipo dedeficiência física ou mental – o que corresponde a 14,5%da população do País, segundo dados do IBGE. Vítimas
diárias de descaso e preconceito, os portadores de necessidadesespeciais celebraram, na terça-feira (21), o Dia Nacional de Lutadas Pessoas Portadoras de Deficiência. A data tem por objetivos,entre outros, promover a inclusão social e garantir o cumprimentoda legislação já existente. Atualmente tramitam na Câmaradezenas de projetos que ampliam os benefícios para essesegmento da população, entre eles, o projeto de lei que institui oEstatuto do Portador de Necessidades Especiais. Página 2
Parlamentares defendem financiamento
público de campanha eleitoralO deputado Ronaldo Caiado defendeu o fi-
nanciamento público como forma de moralizar
o processo eleitoral. Relator da Reforma Políti-
ca, o parlamentar também defendeu a emenda
constitucional que prevê a coincidência de man-
datos, com eleições a cada cinco anos, para
todos os cargos. Também os deputados Anto-
nio Carlos Biscaia e Renato Casagrande des-
tacaram a importância de se discutir o finan-
ciamento público de campanha. Página 4
A pauta de votações da
Câmara será retomada no dia
6 de outubro, com convoca-
ção de sessões deliberativas
durante todo o dia. Até lá, 16
medidas provisórias estarão
trancando a pauta, razão pela
qual o presidente da Câma-
ra, João Paulo Cunha, proce-
deu à indicação dos relatores
das MPs que já tramitam na
Casa. Ele orientou os depu-
tados a apresentarem seus pa-
receres até o dia 4, para que
já possam ser votados no dia
6. João Paulo apoiou também
a intenção do presidente do
Senado, José Sarney, de in-
vestigar o vazamento de in-
formações da CPMI do Ba-
nestado. Outra matéria que
deverá ser apreciada pelo Ple-
nário em outubro é a PEC
285/04, que altera a legisla-
ção do ICMS e reduz a 5 as
atuais 44 alíquotas. O rela-
tor, deputado Virgílio Guima-
rães, pretende levá-la a voto
logo após o primeiro turno
das eleições, a fim de acabar
com a guerra fiscal. Ainda em
outubro, a Comissão de Or-
çamento começará a exami-
nar as denúncias de irregula-
ridades em 70 obras, feitas
pelo Tribunal de Contas da
União. Página 3
Direitos Humanos e
Segurança na pauta
do Parlatino
Começa hoje, na Colômbia, aII Reunião da Comissão de
Direitos Humanos, Justiça ePolíticas Carcerárias do
Parlamento Latino-americano(Parlatino). A reunião terá a
presença do representante doBrasil na comissão, deputadoOrlando Fantazzini. Também
terá início hoje a II Reunião daComissão de Segurança,
Cidadania, Combate ePrevenção ao Narcotráfico,
Terrorismo e CrimeOrganizado do Parlatino. Asduas reuniões prosseguem
até amanhã.
João Paulo indica relatores de MPs e
votações recomeçam em 6 de outubro
PARLATINO 2
Dados do TSE mostram queapenas 68 dos 5.562 municípios
brasileiros reúnem condiçõespara a decisão da eleição
municipal em segundoturno.São aqueles municípios
que têm mais de 200 mil eleitoresaptos a votar e onde nenhum
candidato obtenha a maioria dosvotos no primeiro turno. Comisso, não haverá nova votação
em quatro estados - Acre,Amapá, Roraima e Tocantins -,pois nem mesmo suas capitaiscontam com 200 mil eleitores.
São Paulo é o estado ondehaverá mais possibilidade de
nova votação, pois há 19municípios com eleitorado
superior a 200 mil. O Rio deJaneiro vem em segundo lugar,
com 9 cidades.Os números nesta eleição
apontam para o maior pleitoinformatizado do mundo. São406 mil urnas eletrônicas para
instalação nas 359.326 seçõeseleitorais. O eleitorado soma
121.391.630 eleitores, mas nemtodos participarão das eleições
de 3 de outubro. Os eleitores doDistrito Federal (1.510.709), de
Fernando de Noronha (1.193) eos residentes no exterior
(59.352) não votam.
Segundo
turno
ELEIÇÕES
ELTO
N B
OM
FIM
RAÍ
SSA
TAVA
RES
Brasília, 23 de setembro de 20042
Presidente:João Paulo Cunha
1º Vice-Presidente:Inocêncio Oliveira2º Vice-Presidente:Luiz Piauhylino1º Secretário:Geddel Vieira Lima2º Secretário:Severino Cavalcanti3º Secretário:Nilton Capixaba4º Secretário:Ciro Nogueira
Suplentes:Gonzaga Patriota,Wilson Santos,Confúcio Moura eJoão Caldas
Procuradoria Parlamentar:Luiz Antonio Fleury
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Mesa da Câmara dosDeputados
52° Legislatura
Câmara dos DeputadosGeral: (61) 216-0000
Vítimas diárias de descaso e
preconceito, os portadores de ne-
cessidades especiais celebraram,
na terça-feira (21), o Dia Nacio-
nal de Luta das Pessoas Portado-
ras de Deficiência. Instituída em
1982, a data tem por objetivos,
entre outros, mostrar a importân-
cia da luta de todos os portado-
res, promover a inclusão social e
garantir o cumprimento da legis-
lação já existente.
Atualmente tramitam na
Câmara dezenas de projetos que
ampliam os benefícios para esse
segmento da população, entre
eles, o projeto de lei que institui
o Estatuto do Portador de Ne-
cessidades Especiais (PL 3.638/
00). A proposta está sendo dis-
cutida por uma comissão espe-
cial, que dividiu a análise do
projeto entre dez deputados que
apresentarão relatórios parciais
como subsídio ao trabalho do
relator, deputado Celso Russo-
manno (PP-SP).
Para o parlamentar, o Esta-
tuto é inovador ao estabelecer
penas para quem não cumpre a
lei em favor dos deficientes. “Te-
mos uma boa legislação voltada
Temos uma boa legislação voltada para o deficiente, mas nãotemos punição para quem não cumpre essa legislação. Por issoos deficientes não são respeitados no País Celso Russomanno
Câmara quer aperfeiçoar leis
para portadores de deficiência
O Parlamento Latino-Ame-
ricano (Parlatino) promove, a
partir de hoje, a II Reunião da Co-
missão de Direitos Humanos, Jus-
tiça e Políticas Carcerárias, que
será realizada em Medellín, na
Colômbia. Durante o encontro,
serão debatidos temas como a
revisão no regulamento da Sub-
comissão de Denúncias, a apre-
sentação de dados atualizados
das políticas carcerárias dos paí-
ses-membros, e a resolução da
reunião da Junta Diretiva do
Parlatino, ocorrida em julho pas-
sado, sobre a Subcomissão de
Acompanhamento da Situação
na Colômbia. A reunião terá a
presença do representante do
Vários projetos que ampliam benefícios para deficientes tramitam na Câmara
para o deficiente, mas não te-
mos punição para quem não
cumpre essa legislação. Por isso
os deficientes não são respeita-
dos no País, o que é muito tris-
te. Nós temos que mudar isso e
só tem uma forma de mudar. Em
primeiro lugar, é preciso trazer
toda essa legislação que já existe
- federal, estadual e municipal -
para uma só lei. Depois, apenar
com multa e detenção aquele
que não respeita o deficiente”,
destacou o deputado.
Já a superintendente do
Instituto Brasileiro de Defesa
das Pessoas Portadoras de Defi-
ciência, Teresa Amaral, defen-
deu o cumprimento da legisla-
ção existente, mas disse temer
que uma legislação específica
como o Estatuto crie mais dis-
criminação contra os deficien-
tes. “Acho que nossa legislação
pode ser aperfeiçoada, sim, mas
temo que o Estatuto seja uma
forma de segregar mais ainda.
Se nós temos uma legislação tão
moderna, avaliada por institu-
tos interamericanos, porque a
gente não faz aperfeiçoamentos
e considera que o estatuto da
gente é a Constituição?”, per-
guntou.
Estatísticas
De acordo com dados da
Fundação Getúlio Vargas rela-
tivos ao Censo de 2000, no Bra-
sil, cerca de 24,5 milhões de
pessoas têm algum tipo de de-
ficiência física ou mental, o que
corresponde a 14,5% da popu-
lação. A maioria mora em área
urbanizada, tem até três anos
de escolaridade e é mulher.
Quando o assunto é educação,
27,6% dos portadores de neces-
sidades especiais não têm ne-
mhuma escolaridade.
As pessoas portadoras de
necessidades especiais recebem
cerca de R$ 100 a menos que a
média dos brasileiros e 29% de-
las vivem em situação de misé-
ria. Segundo o estudo, para
atender à necessidade deles, o
País precisaria abrir 518 mil
postos de trabalho. De acordo
com a pesquisa, os estados com
maior número de deficientes
são: Paraíba (18,76%); Rio
Grande do Norte (17,64%);
Piauí (17,63%); Pernambuco
(17,40%); e Ceará (17,34%).
O Parlamento Latino-Americano (Parlatino) é umaorganização regional, permanente e unicameral, integradapelos parlamentos nacionais da América Latina, eleitosdemocraticamente por meio de voto popular. Participam dogrupo 22 países: Antilhas Holandesas, Argentina, Aruba,Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador,El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua,Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Suriname,Uruguai e Venezuela. O Parlatino foi constituído em 7 dedezembro de 1964, na cidade de Lima, no Peru, e sua sedepermanente fica na cidade de São Paulo. Atualmente, apresidência é ocupada pelo deputado Ney Lopes (PFL-RN).
Parlatino debaterá Direitos Humanos e SegurançaBrasil na comissão, deputado
Orlando Fantazzini (PT-SP).
Segurança
A partir de hoje, também
será realizada a II Reunião da
Comissão de Segurança, Cidada-
nia, Combate e Prevenção ao
Narcotráfico, Terrorismo e Crime
Organizado do Parlatino. Entre os
temas do debate, estão previs-
tos Estrutura atual da segurança
hemisférica; Novas ameaças: se-
qüestro, tráfico ilegal de armas e
eficácia dos mecanismos para en-
frentá-lo; Luta contra o narcoter-
rorismo; Cooperação e coordena-
ção hemisférica na luta contra as
novas ameaças; e Princípios de
responsabilidade compartilhada,
integralidade, equilíbrio, confian-
ça mútua e respeito à soberania.
A experiência da Colômbia
também está na pauta. As duas
reuniões do Parlatino prosse-
guem até amanhã.
Conheça o Parlatino
DIÓGENIS SANTOS
Brasília, 23 de setembro de 2004 3
O presidente já começou a nomear os relatoresdas medidas provisórias com prazo vencido, paraque os pareceres estejam prontos até o dia 4
A Câmara deverá retomar
suas votações no dia 6 de ou-
tubro, previu o presidente da
Casa, deputado João Paulo
Cunha. Ele informou ainda
que convocará sessões delibe-
rativas durante todo o dia, de
manhã até a noite, a fim de
acelerar o andamento da pau-
ta. O presidente explicou que
a decisão de marcar votações
apenas a partir de quarta-fei-
ra, na primeira semana após
as eleições municipais, foi
adotada para permitir que os
deputados acompanhem a
apuração e o resultado do
pleito nos municípios.
Comissão
investigará obras
irregularesA Comissão Mista doOrçamento analisará, emoutubro, o relatório do Tribunalde Contas da União (TCU) queaponta indícios deirregularidades graves em 70obras públicas. Cada um dosempreendimentos seráexaminado por relatoressetoriais, escolhidos entre osintegrantes da comissão. Apósexame, os relatoresencaminharão um parecer aorelator-geral, que avaliará assugestões com a colaboraçãodo Comitê de Obras Irregularesda comissão.Posteriormente, o plenário dacomissão avaliará acontinuidade ou não dosrepasses de recursos federaispara essas obras em 2005.Mas, de acordo com a Lei deDiretrizes Orçamentárias, osrecursos podem ser suspensospelo próprio Poder Executivo,antes mesmo da análise dosdeputados e senadores. Orelatório do TCU foi entreguena terça-feira (21) aopresidente do CongressoNacional, senador José Sarney(PMDB-AP), pelo presidentedo Tribunal, ministro ValmirCampelo. Na comissão, aavaliação do relatório doTribunal de Contas da Uniãosobre as obras irregularesocorre paralelamente àdiscussão do Orçamento de2005, que já foi entregue pelogoverno ao CongressoNacional. “Deputados esenadores não alocarãorecursos para essas obrasenquanto não forem sanadosos problemas indicados peloTCU”, garantiu o líder do PSB,deputado Renato Casagrande(ES), que integra a Comissãodo Orçamento. O deputadoPauderney Avelino (PFL-AM),que também é da comissão,revelou que há a possibilidadede os próprios parlamentaresinspecionarem as obras inloco. Segundo o deputado, aanálise do Congresso Nacionalmuitas vezes consegue revertero parecer do TCU, dandocontinuidade à liberação derecursos para a obra depois doproblema sanado. “As obrassão passíveis de terem suasirregularidades sanadas,porque durante a análise doTCU pode ter faltado algumdocumento, que é apresentadona revisão do CongressoNacional. Nesse trâmite, épossível fazer as correções,mas até lá o governo ficaimpedido de repassar osrecursos”, explicou.
ORÇAMENTO
João Paulo anuncia que votações
serão retomadas no dia 6
O deputado Virgílio
Guimarães (PT-MG), rela-
tor da PEC 285/04, vai pro-
por, logo após o primeiro
turno das eleições, a vota-
ção imediata da matéria
pelo Plenário da Câmara.
O texto do relatório, apro-
vado por uma comissão es-
pecial em junho, unifica as
leis estaduais do Imposto
sobre Circulação de Merca-
dorias e Serviços (ICMS),
reduz as atuais 44 alíquo-
tas a apenas 5 e cria meca-
nismos para manter a recei-
ta dos estados depois da
unificação, como a criação
de um fundo de desenvol-
vimento regional. Enviada
ao Congresso em 2003, a
Reforma Tributária foi des-
membrada em quatro par-
tes, das quais duas já foram
aprovadas.
Para o deputado, a ques-
tão é urgente em razão do
agravamento da guerra fis-
cal entre os estados nas úl-
timas semanas. “A guerra
Relator propõe apreciação imediata da PEC do ICMS
torna-se cada vez mais acir-
rada e deve aumentar muito
ainda. Guerra fiscal não tem
fundo do poço”, argumentou
Virgílio. O relator adiantou
que pretende incluir na PEC
do ICMS um dispositivo que
anule os benefícios fiscais re-
lativos ao imposto concedidos
a partir de outubro de 2003.
Alíquotas de ICMS
Nesta semana, o governo
de São Paulo anunciou que
passará a cobrar 12% de
ICMS nas compras dentro do
estado, tornando alguns pro-
dutos mais competitivos. O
governo paulista alegou que
está apenas igualando a alíquo-
ta interna à cobrada nas ope-
rações interestaduais. Recente-
mente, o governo do Distrito
Federal começou a parar os
caminhões com produtos
paulistas nos limites com
Goiás, exigindo o pagamento
integral do ICMS na entrada.
A medida foi adotada depois
que São Paulo anunciou
que não iria conceder cré-
dito de ICMS para produ-
tos de estados com políti-
cas de incentivos fiscais,
como o Distrito Federal. O
governo paulista alega que
os benefícios vêm sendo
concedidos à revelia do
Conselho Nacional de Po-
lítica Fazendária (Confaz).
Na falta de uma legisla-
ção única para o ICMS, o
Confaz é o órgão que regula
as reduções e isenções do
imposto. Para o deputado
Mussa Demes (PFL-PI),
presidente da comissão es-
pecial que trata da Reforma
Tributária, a desobediência
ao Confaz é um fato e só po-
derá ser resolvida com o fim
da guerra fiscal. “O proble-
ma está estourando e é bom
que isto aconteça, porque o
assunto voltará a ser deba-
tido e, desta vez, em nível
constitucional, porque não
é possível continuar dessa
maneira”, afirmou.
João Paulo Cunha já come-
çou a nomear os relatores das
medidas provisórias que, por
estarem com prazo vencido,
trancam a pauta de votações
do Plenário. A orientação é de
que os pareceres sejam apre-
sentados até o dia 4, para que
todos os partidos tenham aces-
so aos textos e estejam pron-
tos para votá-los no dia 6.
Quebra de sigilo
O deputado apoiou a deci-
são do presidente do Congres-
so, senador José Sarney, de in-
vestigar o vazamento de infor-
mações sigilosas da CPMI do
Banestado. O presidente da
Câmara anunciou que, na pri-
meira semana de outubro,
convidará o relator da comis-
são, deputado José Mentor
(PT-SP), para esclarecer o as-
sunto. Ao mesmo tempo, Sar-
ney convidará o presidente da
comissão, senador Antero
Paes de Barros (PSDB-MT),
com o mesmo objetivo. “O
importante é botar um ponto
final na desconfiança da socie-
dade em relação à CPMI e,
junto com o presidente da co-
missão e o relator, discutir um
modo de restabelecer a nor-
malidade dos trabalhos ”, dis-
se João Paulo.João Paulo Cunha
Virgílio Guimarães
Brasília, 23 de setembro de 2004
O resgate da credibilidade da classe política perante a opinião públicasomente será conseguido com medidas enérgicas de valorização daconduta ética e de perseguição aos desvios verificados
4
PLEN
ÁRIO
O deputado Antonio Carlos
Biscaia (PT-RJ) defendeu a rea-
lização de “profunda” reforma
política que discipline o finan-
ciamento público de campanha
e consagre a fidelidade partidá-
ria. O resgate da credibilidade
da classe política perante a opi-
nião pública, na sua avaliação,
somente será conseguido com
medidas enérgicas de valoriza-
ção da conduta ética e de per-
seguição aos desvios verificados.
“O povo brasileiro anseia por
acreditar nas suas instituições e
ter orgulho da sua nacionalida-
de”, afirmou.
É urgente, para Biscaia, a ne-
cessidade da regulamentação, por
lei complementar, do dispositivo
constitucional que prevê a inele-
gibilidade para proteção da pro-
bidade administrativa e da mora-
lidade para o exercício do man-
dato. A matéria, tratada no art.
14, § 9º da Constituição, após re-
gulamentada, levará em conta
para a inelegibilidade a vida pre-
gressa do candidato e valorizará
a normalidade e a legitimidade das
eleições contra a influência do po-
Biscaia apóia financiamento
público de campanha eleitoral
Antonio Carlos Biscaia
der econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou em-
prego na Administração Pública.
O parlamentar chamou a
atenção para o fato de que, com
freqüência, agentes públicos que
são alvo de denúncias de enri-
quecimento desproporcional ao
cargo que ocupam aparecem
bem cotados em pesquisas elei-
torais. Para ele, o princípio cons-
titucional de que ninguém será
considerado culpado até o trân-
sito em julgado da sentença con-
denatória não pode embasar pre-
tensões eleitorais de candidatos
envolvidos em práticas anti-so-
ciais. “Esses candidatos, uma vez
investidos em mandatos, conse-
guem escapar à ação da Justiça,
amparados em anacrônico siste-
ma de imunidade parlamentar
ou absurdos privilégios de fórum
especial”, criticou.
Biscaia defendeu ainda a rea-
valiação do instituto da imunida-
de parlamentar, cuja amplitude,
na sua opinião, não se harmoni-
za com a postura ética a ser pre-
servada nas casas do Congresso.
Embora tenha considerado acer-
tada sua manutenção nas mani-
festações de opinião e de voto,
ele julgou injustificável o tran-
camento dos processos nas hipó-
teses de condutas criminosas não
relacionadas ao mandato.
Também a prorrogação do
foro privilegiado para após o
término do mandado, para o
parlamentar carioca, se carac-
teriza pela incoerência, já que
o privilégio é da função públi-
ca e não da pessoa que a te-
nha exercido. “Ao deixar o
cargo, o agente retoma a sua
condição de pessoa comum e,
como tal, insuscetível de rece-
ber privilégios, tendo em vis-
ta as regras constitucionais de
igualdade de todos perante a
lei, que se constitui no grande
pilar do estado democrático de
direito”, afirmou.
O relator da Reforma
Política, deputado Ronaldo
Caiado (PFL-GO), afirmou
que é preciso adotar o finan-
ciamento público como for-
ma de moralizar o processo
eleitoral. “Se criarmos o fi-
nanciamento público e ex-
clusivo com listas fechadas,
baniremos os bandidos que
cada vez mais estão tendo
espaço na prática política
eleitoral brasileira, e fortale-
ceremos os partidos e aca-
baremos com essa promis-
cuidade de troca-troca par-
tidário”, afirmou.
De acordo com o par-
lamentar, uma eleição no
Mudança moraliza pleito, diz CaiadoBrasil gira em torno de R$ 10 bi-
lhões. “Engana-se aquele que
acha que é lícita a origem desses
R$ 10 bilhões. A grande maioria
disso, ou seja, mais de R$ 8 bi-
lhões são desviados do Orçamen-
to da União, que deveria ir para
a educação, para a saúde, para a
segurança, para as obras de in-
fra-estrutura no nosso País”.
O deputado também defen-
deu a emenda constitucional
que prevê a coincidência de
mandatos, com eleições a cada
cinco anos, para todos os car-
gos. Essa emenda já foi apro-
vada na comissão especial e
aguarda votação em dois tur-
nos em Plenário. Como ainda
O deputado Alberto Fraga (PTB-DF) negou que tenha recebidoR$ 150 mil por intermédio de um“acordo político” entre o seupartido e o PT, conforme repor-tagem publicada pela revistaVeja. Lembrando sua condiçãode presidente do PTB do Distri-to Federal, Fraga pediu que opresidente do PTB nacional, ouo líder José Múcio Monteiro,faça uma nota ou venha a públi-co “dizer o que realmente acon-teceu”, disse. O deputado pete-bista criticou a omissão em re-lação a este assunto, uma vezque poderia ter se instalado umaCPI da Cooptação. “Estamosbuscando a apuração dessasacusações, porque a revistaVeja disse claramente que sãodenúncias, in off, mas se nin-guém se contrapuser a elas, irãoprevalecer”, complementou.
Fraga refuta
reportagem sobre
acordo político
não está valendo, daqui a
dois anos os eleitores terão
que voltar às urnas, para es-
colher o presidente da Re-
pública, governadores, de-
putados federais e estadu-
ais e um terço do Senado.
Ronaldo Caiado
Um sistema eleitoral quefortaleça os partidos e combataa corrupção no período daseleições é o que espera odeputado Renato Casagrande(PSB-ES) da Reforma Política.Ele cobrou da Casa aaprovação da proposta, logoapós as eleições municipais,
Fortalecimento dos partidos
chamando a atenção para aimportância da discussão sobreo financiamento público decampanha e da necessidade dese mudar o atual processo. Paraele, do jeito como é hoje, osistema eleitoral induz àcorrupção, ao vício e não atendeao fortalecimento da democracia.
Aliança
PPS-PDTEm comunicado sobre
reunião que mantiveram naterça feira (21), os
presidentes nacionais do PPSe do PDT - Roberto Freire eCarlos Luppi – anunciam a
disposição de trabalhar comvistas a uma atuação
conjunta dos dois partidos epedem aos dirigentes
regionais e municipais queatuem com o mesmo
objetivo. O comunicadoassinala que no encontro foi
discutida a necessidade de seadotar no País um modelo
econômico que aponte para o“rompimento com os
interesses meramentefinancistas que tanto
prejudicam odesenvolvimento, a produção
e, principalmente, ostrabalhadores”.
Na reunião foi ainda avaliada,nas palavras da nota emitida
pelos presidentes dos doispartidos, “a gravidade de
iniciativas irradiadas a partirdo núcleo central do poder,
com o claro interesse deintervir na rotina e na vida dos
partidos políticos,conspurcando princípios,
gerando divisões artificiais,incentivando o fisiologismo e,
ao final, confrontando ademocracia e o o ideal
republicano”.
Corrupção
eleitoralO deputado Philemon
Rodrigues (PTB-PB)condenou práticas, a seu
ver, corruptas adotadas pordiversos políticos na
Paraíba, na atual eleição,principalmente em João
Pessoa. “É um verdadeiroderrame de dinheiro na
compra de votos,especialmente por parte doscandidatos da situação, que
realizam showmício,carreatas e outros métodosimpuros, em busca do voto
do cidadão, só que nãocondizem com a Lei
Eleitoral”, condenou. Eledisse que fica mais
revoltado é com o“oportunismo” de certos
candidatos que seaproveitam da miséria dopovo e distribuem cestas
básicas ou pagam contasatrasadas de luz ou de água
em troca do voto. Atéconcordo que façam como
eu, que distribuo 50% domeu salário com a minha
comunidade”, ressaltou.