Métodos de Pesquisa em
Psicologia Social
□ A partir da década de 70: □ Questionamento da hegemonia das formas de conceber
a ciência.
□ Produção de conhecimento em Psicologia Social:
□ Pensar a psicologia social de forma estratégica, sempre vinculada a alguma forma de prática social capaz de articular as questões da teoria com os aspectos empíricos, os objetivos da produção de conhecimento com as transformações sociais.
□ Influenciados pelo materialismo histórico: □ Impossibilidade de gerar um conhecimento “neutro” ou um
conhecimento do outro que não interfira na sua existência. □ Lane: “[...] conscientes ou não, sempre a pesquisa implica em
intervenção, ação de uns sobre os outros”.
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Métodos de Pesquisa em
Psicologia Social
□ A partir dos anos 90: □ Questionamento quanto aos critérios de ‘Verdade-Absoluta’ e a
separação entre teoria e prática social.
□ Interseção de diferentes áreas do conhecimento e a prática interdisciplinar;
□ Preocupação ética em relação aos compromissos sociais e políticos.
□ Relativiza importância da separação entre o indivíduo e o coletivo.
□ Redefinição da noção de subjetividade e de uma concepção de homem em que as dimensões individual e social se interpenetram.
□ Opção teórica pelo pesquisador que vai determinar suas escolhas metodológicas.
□ Os procedimentos metodológicos são estratégias utilizadas para integrar o empírico e o teórico.
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Pesquisa Qualitativa X
Quantitativa
□ O método quantitativo pode levar à respostas contraditórias devido ao seu caráter limitado de alternativas para as respostas.
□ O método qualitativo vê o homem como parte ativa no processo de investigação, o que permite que o pesquisado interfira com maior profundidade nas respostas (explorar as matizes).
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Focos de Investigação
□ Adoecimento:
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Focos de Investigação
□ Práticas em saúde:
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Focos de Investigação
□ Trabalho:
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Focos de Investigação
□ Práticas sociais:
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Características da Pesquisa
Qualitativa
□ Desenvolve conceitos, descrições densas, narrativas, interpretações, sistematizações, que ajudem a explicar acontecimentos (fenômenos) sociais em condições naturais (in loco), com ênfase nos significados, experiências e visões de todos os participantes.
□ Baseia-se numa interação profunda com o(s) objeto(s) de pesquisa
□ Interesse e preocupação em responder questões como: □ O que é X e como X varia em diferentes circunstâncias?
□ E menos: Quantos Xs existem ali?
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Ideias Chave
□ Significado e intencionalidade ;
□ Porque acontece uma situação dada;
□ O sentido que as pessoas dão ao mundo;
□ Como as pessoas interpretam o mundo;
□ Relativismo – etnocentrismo;
□ Cultura e culturas; Dinâmicas culturais;
□ Subjetividade e intersubjetividade;
□ Estudo das pessoas in loco: naturalistic settings;
□ Abordagem multi-métodos
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Pesquisa Clínico Qualitativa
□ Busca interpretar os significados de
natureza psicológica e sociocultural
trazidos por indivíduos acerca dos
múltiplos fenômenos pertinentes ao
campo dos problemas da saúde-
doença. (Turato, 2003)
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Principais Técnicas de Coleta De
Dados
□ Observação – com ou sem participação;
□ Entrevistas – individuais e/ou coletivas, em
profundidade e/ou rápidas, estruturadas e/ou
abertas;
□ Questionários
□ Grupos Focais – Entrevistas em grupo
□ Estudo de Documentos – Imagens – Sons – Vídeos
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Principais Instrumentos de Coleta
De Dados
□ Roteiro de questionário;
□ Roteiro de observação participante;
□ Roteiro de entrevistas;
□ Roteiro de condução de grupos focais;
□ Roteiro para análise de documentos e imagens.
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Principais Tipos
□ Etnografias; □ Estudos de Caso; □ Estudos Clínicos (narrativas e
representação); □ Estudos de Serviços de Saúde (usuários e
trabalhadores); □ Redes Sociais e Saúde; □ Pesquisa Participante; □ Pesquisa Ação.
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Principais Referenciais Teóricos /
Metodológicos:
Representações Sociais
□ Estabelece a especificidade do social em contraposição ao individual;
□ A forma dos indivíduos pensarem e agirem é determinado pelo social (Durkheim);
□ As categorias fundamentais do pensamento são de origem social;
□ Visão de mundo cotidiano, senso comum;
□ Sentido das representações, estratégias de ação à individual e coletivo.
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Principais Referenciais Teóricos /
Metodológicos:
Representações Sociais
□ Formas de Conhecimento Socialmente Elaboradas e Partilhadas com Fins Práticos à contribuem para a: □ Construção da Realidade Comum a um Grupo Social;
□ “Aquilo que as opiniões individuais têm em comum, a lógica que as une.”
□ “Uma interpretação que se organiza de forma estreita com o social e que constitui, para as pessoas, a realidade mesma.”
□ A representação não se pensa como “representação”, mas como a realidade.
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Principais Referenciais Teóricos /
Metodológicos:
Etnografia
É a forma de descrição da cultura de um determinado povo através do estudo e a descrição dos povos, sua língua, raça, religião, e manifestações materiais de suas atividades.
Baseia-se no fato de que os
comportamentos humanos só podem ser
compreendidos e explicados se tomarmos
como referência o contexto social e o
ponto de vista do nativo, procurando seus
significados. 18 Psicologia Social II - Prof. Lusanir Carvalho
Relativização Etnográfica
“O que sempre vemos e encontramos pode ser familiar mas não é necessariamente conhecido...
O que não vemos e encontramos pode ser exótico mas, até certo ponto conhecido”
DaMatta, 1987
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Principais Referenciais Teóricos /
Metodológicos:
Fenomenologia
□ Questão orientadora: O que é isso? (olhar ingênuo)
□ Epoché (olhar o fenômeno como se fosse desconhecido)
□ Descrição do fenômeno (como se mostra)
□ Interpretação referencial
□ Relatório
Outros Referenciais:
• Psicanálise
• Histórias de Vida
• História Oral
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Análise e Apresentação dos
Dados
□ Processo de análise sequencial
□ Análise de conteúdo
□ Análise temática
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Triangulação
□ Busca a convergência, abrangência e
reflexividade na análise dos dados coletados
□ Comparação dos resultados entre dois ou mais
métodos de coleta (entrevista e observação)
□ Comparação dos resultados entre duas ou mais
fontes de dados (membros de diferentes grupos
de interesse)
22 Psicologia Social II - Prof. Lusanir Carvalho
Uso das Pesquisas Qualitativas
□ Estudo prévio ao desenho de estudos epidemiológicos;
□ Validação dos achados do estudo epidemiológico ou produção de uma outra perspectiva sobre o mesmo fenômeno;
□ Desvendar processos sociais ou áreas da vida social que o quantitativo não pode abordar.
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Pesquisa entre os Jovens
Brasileiros
□ Objetivo: □ Investigar a violência nas relações afetivo-
sexuais de ‘ficar’ ou de namorar entre jovens de 15 a 19 anos de idade, estudantes de escolas públicas e particulares que residem em dez capitais brasileiras:
□ Região Norte - Manaus (AM) e Porto Velho (RO); □ Região Nordeste – Recife (PE) e Teresina (PI); □ Região Centro-Oeste – Brasília (DF) e Cuiabá (MT); □ Região Sudeste – Rio de Janeiro (RJ) e Belo
Horizonte (MG); □ Região Sul – Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS).
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Pesquisa entre os Jovens
Brasileiros
□ População: □ Estudantes do 2º. Ano do
ensino médio de escolas públicas estaduais e particulares das capitais dos dez estados brasileiros, entrevistados nos anos de 2007 e 2008.
□ Na faixa etária de 15-19 anos.
□ Jovens que já vivenciaram algum tipo de relacionamento afetivo-sexual (namorar ou ‘ficar’);
□ Estudantes de 61 escolas públicas e 43 particulares.
Capitais
Amostra analisada
Público Privado Total
Manaus 170 59 229
Porto Velho 143 139 282
Recife 169 133 302
Teresina 245 208 453
Brasília 155 168 323
Cuiabá 156 205 361
Rio de Janeiro 169 146 315
Belo Horizonte 157 184 341
Florianópolis 131 185 316
Porto Alegre 157 126 283
Total 1652 1553 3205
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Alguns Resultados
□ Os adolescentes estudados nas dez capitais revelam que é muito comum: □ “ficarem com alguém sem compromisso” - referido por 84%;
□ “saírem com amigos para paquerar ou azarar” - 72,4% - mais comum entre os cariocas e gaúchos;
□ “ficarem/namorarem com pessoas diferentes” - 52,6% - destaque entre os mineiros.
□ Os adolescentes adotam diferentes denominações para descrever as formas de
se relacionar amorosamente, o que diverge segundo as regiões do país. Estas nomeações incluem várias modalidades de experimentação que podem ocorrer tanto num único encontro, como em momentos consecutivos.
□ Achou-se que o ficar e o pegar são comuns em todas as regiões estudadas.
□ A expressão rolo é mais utilizada no Sudeste, o colar, no Nordeste e o breth, na região sul.
□ O termo paquera apareceu mais entre adolescentes do Centro-Oeste e é caracterizado como “uma conversa que você tem com a pessoa.
□ É uma forma de mostrar o que você sente pela outra pessoa” (homem, escola pública, Cuiabá). O colar é sinônimo de ficar, de pegar.
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Alguns Resultados
□ A média de idade para o ficar foi de 12 anos, com exceção de Manaus onde se inicia esta relação um pouco mais tarde, aos 13 anos.
□ O ficar e o pegar são práticas de certa forma instituídas e conhecidas de todos os adolescentes, inclusive dos adultos.
□ As festas costumam ser o espaço de “pegação”, onde “se beija muitas pessoas”. □ Em geral, a escolha da pessoa com quem se fica está associada a algum tipo de
atração física. □ “As micaretas geralmente você vai para ficar, para beijar só, só beija” (mulher, escola
particular, Belo Horizonte).
□ “Eu beijo muitas pessoas, 10, 20, 40” (mulher, escola particular, Belo Horizonte).
□ “Cala a boca e beija logo” é um tipo de festa que você vai com várias fitinhas. Chega logo: ‘ah quero beijar muito’. E várias outra fitinhas assim, ‘eu já tenho compromisso’. Mas o ficar acaba acontecendo devido a essas festas também. Eu acho que influencia muito a cabeça da pessoa: ‘olha aquela menina bonitinha, olha aquele gatinho, aí’, ‘ah não quero namorar não, eu tenho que curtir” (mulher, escola pública, Manaus).
□ “Tem gente que já sai direcionado pra pegar” (homem, escola particular, Recife). Eu tiraria esta fala
□ "É tem essas que tão com namorado sério, mas rola mais é o ficar. É só o ficar mesmo e pronto. Nem troca telefone, contato, nem nada.” (homem, escola pública, Teresina).
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Alguns Resultados
□ Apesar do ficar indicar uma experiência amorosa passageira, ele pode se tornar um envolvimento mais “sério” e um “ficar importante”. Pode também ser um marco numa trajetória de relacionamentos, ocupando um papel de transição e de oportunidade para conhecer melhor um futuro parceiro:
□ “Às vezes um ficar vira um rolinho que pode virar um namoro” (mulher, escola pública, Rio de janeiro). □ “Primeiro pega, fica, depois namora” (mulher, escola pública, Rio de janeiro).
□ Alguns jovens referem também a existência de marcos simbólicos de compromisso e de pertencimento ao outro, como o uso de aliança. Isto foi referido principalmente no Sul do país.
□ No Nordeste, os rapazes ressaltam, sobretudo, os momentos de receio e timidez que vivenciam quando vão pedir aos pais da menina a autorização para namorar.
□ Os depoimentos a seguir ressaltam os sentimentos mais sólidos tidos como necessários à reciprocidade afetiva no namoro:
□ “Eu já tenho uma tese que é assim: quem namora já quer dá um passo. É porque é quer uma coisa séria. Quer uma coisa que não é só aquele momento” (mulher, escola particular, Recife)
□ “Porque tem que ver primeiro se vai dar futuro. Aí sim a gente compra uma aliança de compromisso tal” (mulher, escola pública, Florianópolis).
□ “Eu acho que é uma idade assim que a gente mais muda de uma hora para outra. E estar com aquela aliança, significa que você vai ficar lembrando aquela pessoa o tempo inteiro” (mulher, escola particular, Florianópolis).
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Alguns Resultados
□ A média de idade para início do namoro entre os adolescentes pesquisados foi de 14 anos, sendo um pouco mais cedo entre os da rede particular de ensino e em Brasília, Rio de Janeiro, Porto Velho e Recife.
□ Em geral, os adolescentes entrevistados mencionam que já tiveram dois namorados.
□ Os meninos, os estudantes do ensino público e os de Manaus, Porto Velho, Brasília e Rio de Janeiro disseram já terem experimentado mais de dois namoros.
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Alguns Resultados
□ As meninas citam basicamente o ficar e o namorar como as etapas mais vividas em seus relacionamentos.
□ Os meninos, especialmente os do Sudeste, utilizam mais a expressão pegar. Segundo os garotos, são eles que pegam e as meninas ficam, ressaltando uma crença em papéis que lhes conferem masculinidade e que marcam sua posição no relacionamento. □ “Elas falam que pegam, mas quem pega é a gente,
cara!” (homem, escola pública, Rio de Janeiro).
□ “A gente não pode pegar por quê?” (mulher, escola pública, Rio de Janeiro).
□ “A menina fica, o homem, pega” (homem, escola pública, Rio de Janeiro).
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Alguns Resultados
□ Segundo o levantamento 32% dos entrevistados declararam já ter se apaixonado e não ter sido correspondidos e 10,5% nunca ter se apaixonado.
□ Nesse último grupo os meninos prevalecem, reforçando a idéia de menor envolvimento afetivo do grupo masculino em comparação ao feminino (gráfico 2).
□ Mais jovens de Cuiabá, Florianópolis e Teresina (16%) disseram nunca terem se apaixonado, em relação aos das outras capitais (14%).
Gráfico 2: Envolvimento afetivo dos adolescentes, segundo sexo dos adolescentes.
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Alguns Resultados
□ Se, por um lado, para os garotos que ficam com várias meninas tal comportamento não é problema e não os difama, por outro, para as meninas que ficam com vários meninos e que “pegam todo mundo”, existe a estigmatização, inclusive pelas próprias garotas que são chamadas de peguetes, de garota safada e de mulher cachorra.
□ Os dados quantitativos revelam que a média do número de pessoas com quem os meninos já ficaram (17,3) é superior aos das garotas (15,3), sem distinção de rede de ensino, sendo Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre as capitais com números mais elevados (em torno de 19), e Recife com a menor média (12 pessoas).
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Alguns Resultados
□ Pode-se perceber, em algumas falas, a reprodução de comportamentos conservadores e do discurso machista, no discurso de garotos e garotas, nos quais há distinção significativa entre as experiências amorosas e do ficar segundo o sexo.
□ A “fase galinha”, entendida como o “ficar com muitas pessoas”, é referida por alguns meninos como algo que “todo homem tem” (homem, escola pública, Belo Horizonte). Alguns adolescentes, contudo, criticam essa distinção.
□ “Mas eu acho que a fama mesmo fica feio para as meninas. Porque quem vai querer namorar com uma pessoa que tem fama de galinha?” (mulher, escola pública, Florianópolis).
□ “Tem a menina que eles querem namorar e a outra pra bagunça! Eles dizem que amor e carinho é pra de casa! E as outras coisas é pra da rua! As que são pra namorar são aquelas mais românticas, certinhas, as de ficar não, só vai ali, vai lá e pega a menina. (mulher, escola pública, Rio de Janeiro)
□ “Menina sempre acaba sendo mais mal falada” (homem, escola pública, Belo Horizonte)
□ “Eu acho assim, que o homem galinha não é tão pejorativo quanto mulher galinha.” (homem, escola pública, Belo Horizonte).
□ “Mas assim que não é qualquer menina que o cara vai namorar. Ele vai ficando, vai ficando com todas, mas tem uma que ele olha assim: essa aqui dá pra namorar, dá pra confiar. Maioria das vezes a gente não namora por falta de confiança, até mesmo delas” (homem, escola particular, Manaus).
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Alguns Resultados
□ A média de idade da primeira relação sexual é de 14-15 anos, começando um pouco mais cedo entre os meninos, os estudantes da rede particular e os brasilienses e cuiabanos.
34 Psicologia Social II - Prof. Lusanir Carvalho
Alguns Resultados
□ No momento em que foram entrevistados, 72,3% dos adolescentes disseram que estavam transando apenas com parceiro fixo, 17,2% com parceiros não fixos e 10,5% com ambos.
□ Os meninos e os alunos da rede privada disparam quando o tema é o maior envolvimento sexual com parceiros fixos e não fixos.
□ A diferença é também marcante entres as meninas no que se refere a parceiros fixos, com estimativas muito superiores aos rapazes (gráfico 5).
□ Em Teresina e Brasília está o mais elevado percentual de adolescentes com parceiros não fixos.
Gráfico 5: Número e tipos de parceiros sexuais, segundo o sexo do jovem.
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Síntese das Idéias das Relações Afetivo-sexuais dos Jovens
□ Preferência do ficar e de formas de se relacionar mais fluídas que o namorar, apesar de nem todos fazerem esta opção;
□ Idéia de que o menino que fica com várias meninas é garanhão e de que a menina que fica com vários garotos é galinha ou cachorra;
□ A desconfiança, o ciúme e a traição estão muito relacionados ao processo de construção do namoro;
□ Há geralmente uma transição entre as formas de relacionar-se: da total ausência de compromisso no pegar ou ficar ao estar ficando ou a um rolinho, onde já há certo compromisso até chegar ao namoro, que pode levar ao noivado e ao casamento. Há também confusão entre os limites destas práticas;
□ O sexo fora do namoro é visto por muitos de forma negativa; os meninos fazem uso de estratégias para transar com sua parceira, como pedir uma “prova de amor” ou mesmo namorar para enganar a parceira e transar com outras;
□ O uso de ferramentas da internet, como sites de relacionamento (Orkut) ou de troca de mensagens (MSN), funciona como forma de facilitar a relação dos jovens se conhecerem e trocarem idéias;
□ À menina é endereçada uma dupla demanda função: é objeto de desejo dos garotos - aquela com quem pretendem ter relações sexuais – mas é e ao mesmo tempo em que é alvo dos garotos em relação ao sexo, é também cobrada quanto a sua “preservação”, correndo o risco de passar da categoria menina para namorar para menina para ficar. A ela cabe colocar limites nas atividades sexuais relacionadas ao namoro.
□ Chama muita atenção a arraigada marca da socialização de gênero nos relacionamentos amorosos dos jovens, o que interfere significativamente no modo como rapazes e moças se envolvem amorosa e sexualmente.
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Referências
□ MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec. 1999.
□ MINAYO, M.C.S.; DESLANDES, S.F.; GOMES, R. (Orgs.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
□ RIBEIRO, F.M.; AVANCI, J.Q.; CARVALHO, L.; GOMES, R.; PIRES, T.O. Entre o ‘ficar’ e o namorar: relações afetivo-sexuais. In: MINAYO, M.C.S.; ASSIS, S.G.; NJAINE, K. Amor e Violência: Um paradoxo das relações de namoro e do ‘ficar’ entre jovens brasileiros. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2011.
□ TITTONI, J.; JACQUES, MGC. Pesquisa. In: STREY, MN. Et. al. Psicologia Social Contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2000.
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