A PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO COMO
FATOR DA MELHORIA DA QUALIDADE DO PROCESSO DE ENSINO E DE
APRENDIZAGEM
Autora: Maria Elisabeth Ubiali Bittencourt*
Orientadora: Augusta Padilha**
Resumo
O presente artigo, intitulado A produção e utilização do material didático-pedagógico como fator da melhoria da qualidade do processo de ensino e de aprendizagem, é resultado do Programa de Formação Continuada implantado pela Superintendência da Educação – SUED e da Secretaria de Estado da Educação do governo paranaense, em conjunto com a Universidade Estadual de Maringá - UEM. Tem o objetivo de socializar o trabalho desenvolvido no processo da Produção Didático-Pedagógica vinculado ao Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola com alunos do 4º ano do Curso de Formação de Docentes do Instituto de Educação Estadual de Maringá. Fundamentado nos estudos de autores da Psicologia Histórico Cultural e da Pedagogia Histórico Crítica a implementação nessa escola ocorreu no formato de um Curso de Extensão, denominado Material Didático Pedagógico: Função no Processo de Ensino Aprendizagem. Com o objetivo de contribuir na formação dos alunos do Curso de Formação de Docentes do Instituto de Educação Estadual de Maringá a metodologia privilegiou estudos, análises e discussões para o entendimento da função dos objetos, instrumentos e ferramentas materiais e psíquicos, na formação humana dos homens. Os estudos, as análises e as discussões incidiram num processo de compreensão, por parte dos alunos-cursistas, da necessidade da educação escolar e o trabalho de sala de aula ser repensado tanto tendo por base as contra,dições sociais que se expressam na desigualdade de possibilidades de acesso dos alunos à riqueza material e intelectual produzida pelos homens historicamente quanto à perspectiva filosófica do trabalho com os conteúdos escolares com vistas à formação multilateral dos alunos. Os resultados observados incidiram na participação ativa dos alunos-cursistas, na correspondência do que expressavam e registravam, bem como nas possibilidades de que seus trabalhos vindouros, nas salas de aulas, sejam articulados com a fundamentação teórico-prática vivenciada.
*Professora PDE. Maria Elisabeth Ubiali Bittencourt**Orientadora. Doutorado em Educação: Psicologia da Educação pela Pontificia Universidade Católica de São Paulo (2009)
Palavras-chave: Processo Ensino-Aprendizagem. Material Didático-Pedagógico.
Formação de Docentes.
Introdução
Desde longa data, o processo de ensino escolar e a formação do homem têm
sido objeto de estudos de diferentes áreas do conhecimento, mas é consenso que a
educação tem a finalidade de formação do homem. Sem sombra de dúvida, a
educação dos homens, historicamente, conta com os instrumentos e ferramentas
como parte nesse processo, como condição para a humanização do homem. Assim,
para tornar-se humanizado, cada homem precisa dominar os instrumentos e
ferramentas que se encontram socialmente em uso, por exemplo. Trata-se de uma
necessidade que diferencia o homem dos outros animais: a necessidade que tem o
homem - tanto o de hoje quanto o dos tempos mais remotos - de dominar o mundo
humano.
Nossa época, chamada de época contemporânea, é marcada pela
informatização, robótica, tecnologia, enfim, inumeráveis objetos, ferramentas e
instrumentos, que caracterizam um imenso progresso para a humanidade, mas, ao
mesmo tempo é uma época marcada pela desigualdade social, chegando mesmo a
existirem milhões de homens, no planeta Terra, que não têm acesso a uma
alimentação saudável por dia; muito menos à cultura, à universidade ou ao teatro. É,
portanto, uma época de muitas contradições e uma delas é a desigualdade social,
bastante preconizada com a luta da maioria dos homens para manter a divisão
social do trabalho e a propriedade privada, particular. É possível definir, nessa
tendência, as características humanas de modo que entrem, nessas características,
todos os homens do planeta Terra? Como pensarmos numa formação humana dos
homens sob a orientação dominante do modo de produção capitalista?
Um desafio consiste em compreender o fenômeno da educação e a função do
ensino escolar no processo de formação humana dos homens. E, mais
especificamente, neste propósito, discutir a função do uso de instrumentos, como o
material didático pedagógico, por exemplo, no processo de humanização dos
alunos, no espaço da educação escolar.
Para quem trabalha ou pretende trabalhar com o ensino escolar e a disciplina
formal, importa, em nossa compreensão, identificar as concepções existentes a
respeito tanto da relação entre aprendizagem e desenvolvimento do aluno quanto da
relação entre o que e como ensinar em sala de aula e as conseqüências disto para o
desenvolvimento do intelecto do aluno; e, sobretudo, importa estabelecer por meio
de quais teorias - especialmente considerando a Psicologia e a Pedagogia -
organizar o trabalho docente de forma a promover a aprendizagem e o
desenvolvimento de seus alunos.
A temática do trabalho desenvolvido centrou-se na produção e utilização do
material didático-pedagógico como fator de melhoria da qualidade do processo de
ensino e de aprendizagem, mas sem perder de vista o processo que une o homem
aos instrumentos e objetos, recursos e técnicas, ferramentas e toda a riqueza
material e intelectual produzida historicamente. Assim, tornou-se essencial
considerarmos alguns aspectos da história humana acerca da relação entre o
homem e a produção/utilização de materiais e o fenômeno da educação como meio
de socialização dessa produção às novas gerações de homens.
A Produção Didático-Pedagógica foi organizada composta de uma Unidade
Didática denominada Curso de Extensão Material didático pedagógico: função no
processo de ensino escolar e de aprendizagem dos alunos. A perspectiva dessa
Unidade Didática focalizava o trabalho com a formação do pensamento dos alunos
do 4° ano do Curso de Formação de Docentes sob um processo de trabalho
baseado num Caderno Temático, composto por quatro textos, dois textos
considerados filófico-científicos sobre a concepção de homem, fundados na teoria
do Materialismo Histórico-Dialético e dois outros textos, resultados de pesquisas
acerca do trabalho docente. Também foram planejadas atividades de leituras,
análises e debates alicerçadas em determinadas áreas do conhecimento como a
Filosofia, a Psicologia, a Pedagogia, a História e outras que apareceram no conjunto
dos trabalhos desenvolvidos com os alunos-cursistas.
O Caderno Temático
A organização do Caderno Temático a ser utilizado como subsidio ao Curso
de Extensão priorizou que os alunos pudessem compreendem, ao final do trabalho,
a importância da produção e utilização do material didático-pedagógico como fator
da melhoria da qualidade do processo de ensino e de aprendizagem. Entretanto,
como evidenciar essa importância dos recursos materiais, aqui denominados de
materiais didáticos pedagógicos, como fator de humanização na educação escolar.
A opção teórico-metodologica foi organizar um processo de estudo para
conhecimento da produção material-intelectual e do consequente progresso humano
nas relações da vida social constatando um processo contínuo e ininterrupto de
relação entre o homem e a natureza, ou seja, uma relação historicamente criada
com a natureza e entre os indivíduos, que cada geração transmite à geração
seguinte.
Sob os pressupostos de Marx e Engels (1996) de que as circunstâncias fazem
os homens assim como os homens fazem as circunstâncias, iniciamos os estudos e
análises das condições de cada nova geração de homens, na história da
humanidade, para imprime um determinado desenvolvimento, um caráter especial à
sua época histórica. O interesse era o de que os alunos-cursistas percebessem que
para compreender o tema do Curso de Extensão haveriam de, primeiramente
considerar o homem no complexo das circunstâncias e vice-versa. E, após isso,
compreender que historicamente, os homens foram aprendendo a executar
operações cada vez mais complexas, a propor-se e alcançar objetivos cada vez
mais elevados; que de geração em geração, o trabalho se diversificava e
aperfeiçoava, estendendo-se cada vez a novas atividades.
Ao final do Curso de Extensão, os alunos-cursistas deveriam entender tanto
que hoje contamos com uma riqueza material e inteletual, resultado de um processo
de aprendizagens cada vez mais complexo quanto que não podemos desvincular os
estudos e as discussões a respeito da função dos materiais didático-pedagógicos na
educação escolar dos estudos sobre como chegamos a nossa era, chamada de
tecnológica, robótica, era do conhecimento, etc.
Organizamos o referido Curso de Extensão para a compreensão de que o
trabalho escolar e a disciplina formal são de natureza teórico-metodológica; inserem-
se num processo de educação sistemática para dar condições aos alunos para
refletirem, atuarem ou intervirem sobre o mundo em que vivem. No caso dos alunos-
cursistas deste projeto, alunos do ensino médio, a proposta planejada visou a
formação do professor para atuar nas séries iniciais do ensino fundamental,
priorizando que estes passassem por um processo de leituras, análises e sínteses
acera da evolução e formação do homem, entendido como ser da prática social, ser
de projetos e de planejamentos.
Para analisar o que é uma formação humana, tanto pelo processo da
filogênese quanto da ontogênese, a nosso ver, significa trabalhar com
desenvolvimento da capacidade de análise, síntese, generalização, entre outras
elaborações necessárias à compreensão da função da humanidade e de cada
homem nas diferentes épocas históricas. Assim, para atingir tal propósito optamos
pela fundamentação teórica do Materialismo Histórico-Dialético, da Psicologia
Histórico Cultural e da pedagógica Histórico-Crítica. E, ainda, com interesse em
aprofundar análises e discussões acerca de concepções fundamentais do trabalho
escolar e da disciplina formal apresentamos alguns textos, por meio de um Caderno
Temático, que serviram de leituras antecipadas a alguns encontros. Foram
selecionados textos na perspectiva da inter-relação das concepções de homem, de
educação, de educação escolar e trabalho docente. A finalidade, nesse sentido, é
que tais leituras fundamentassem outra etapa do processo de implementação do
PDE na escola, denominada de Curso de Extensão “Material didático pedagógico:
função no processo de ensino escolar e de aprendizagem dos alunos”. Esse
Caderno Temático, de forma antecipada, prepararia os alunos-cursistas para as
discussões nos encontros coletivos do referido Curso de Extensão.
Os textos teóricos selecionados para o Caderno Temático foram: a) Sobre o
papel do trabalho na transformação do macaco em homem, de F. Engels que
possibilitou o enfoque de algumas concepções necessárias para o debate sobre a
relação entre condições de vida e desenvolvimento humano, bem como da função
dos instrumentos e objetos na história dos homens; b) O Homem e a Cultura, de A.
Leontiev, por meio do qual foi possível discutirmos o surgimento do desenvolvimento
do pensamento humano e sua relação com o processo de trabalho possibilitando o
entendimento de que o trabalho é um processo que liga o homem à natureza, o
processo de ação do homem sobre a natureza sob determinadas condições
materiais e intelectuais; c) Precarização do trabalho docente e seus efeitos sobre as
práticas curriculares, de Sampaio e Marin, cujo objetivo era dar subsídios para a
reflexão sobre a relação homem-cultura, bem como as possibilidades do trabalho
docente incidir na formação humana e cultural dos homens na atualidade; d)
Professor Incompetente: Qual a influência da mídia na atual desvalorização do
profissional docente, de J. Bottos e L. S. B. Maciel (Orientadora), que investigam
acerca da desvalorização do professor da Educação Básica, especialmente dos
profissionais que atuam nas escolas públicas brasileiras, considerado importante
para subsidiar as discussões sobre a função do planejamento das aulas e da
organização dos recursos didático-metodológicos visando o processo de
aprendizagem do aluno.
Sobre o Curso de Extensão “Material didático pedagógico: função no processo de ensino escolar e de aprendizagem dos alunos”
Subsidiados pelas leituras dos textos do Caderno Temático, os alunos-
cursistas participaram de quatro encontros de quatro horas, organizados para que
relacionassem a interdependência da evolução e desenvolvimento humano e a
modificação das circunstâncias pelo trabalho. Procuramos movimentar as atividades
e discussões dos encontros levando os alunos-cursistas a compreender que, pela
atividade laborial, historicamente, os homens criam os objetos que devem satisfazer
as suas necessidades e igualmente os meios de produção desses objetos, dos
instrumentos às máquinas mais complexas. Também, constroem habitações,
produzem as suas roupas e outros bens materiais (LEONTIEV, 1978).
Procuramos manter uma lógica de raciocínio no sentido de que o material
pedagógico tem, no processo de ensino escolar e de aprendizagem dos alunos, a
função de desenvolvimento dos alunos na medida em que se inserem como
elementos também resultantes dos progressos realizados na produção de bens
materiais pela humanidade. Tanto quanto todos os outros objetos, instrumentos e
máquinas, os materiais didático-pedagógicos são acompanhados pelo
desenvolvimento da cultura dos homens. Por meio do conhecimento, aprendizagem
e domínio dos materiais didático-pedagógicos o homem enriquece-se, podem
desenvolver-se nele a ciência, a arte, a ética.
Conforme explica Leontiev (1978, p. 265)
Cada geração começa, portanto, a sua vida num mundo de objetos e de fenômenos criado pelas gerações precedentes. Ela apropria-se das riquezas deste mundo participando no trabalho, na produção e nas diversas formas de atividade social e desenvolvendo assim as aptidões especificamente humanas que se cristalizaram, encarnaram nesse mundo. Com efeito, mesmo a aptidão para usar a linguagem articulada só se forma, em cada geração, pela aprendizagem da língua. O mesmo se passa com o desenvolvimento do pensamento ou da aquisição do saber. Está fora de questão que a experiência individual de um homem, por mais rica que seja, baste para produzir a formação de um pensamento lógico ou matemático abstrato e sistemas conceituais correspondentes. Seria preciso não uma vida, mas mil. De fato, o mesmo pensamento e o saber de uma geração formam-se a partir da apropriação dos resultados da atividade cognitiva das gerações precedentes.
Por isso, a questão da formação humana, a nosso ver, não pode ser
adequadamente compreendida sem que se trate do processo educacional, das
questões da aprendizagem e do desenvolvimento intelectual da espécie denominada
de espécie humana. Em se tratando da educação escolar, também não podemos
nos distanciar do entendimento de que a formação cultural, a ser apropriada pelo
aluno na escola, também deverá promover sua humanização, ou seja, promover-lhe
uma formação humana.
A questão que perpassou o tema do trabalho desenvolvido foi como analisar e
criar possibilidades educacionais para um sistema de educação que assegure um
desenvolvimento multilateral dos homens, oportunizando-lhes perceber o mundo, as
desigualdades e as contradições sociais. Nesse sentido, também debater sobre a
função dos materiais didático-pedagógicos.
Se esta fora de questão que a experiência individual de um homem, por mais
rica que seja, basta para produzir a formação de um pensamento lógico ou
matemático abstrato e sistemas conceituais correspondentes (LEONTIEV, 1978),
também pode estar fora de questão que cada homem, cada povo, tenha a
possibilidade prática de tomar o caminho de um desenvolvimento que nada entrave,
o que nos obriga a repensar a estrutura e o funcionamento das escolas públicas.
Quanto aos encontros, sob a fundamentação do texto de Engels, Sobre o
papel do trabalho na transformação do macaco em homem, abordamos, no primeiro
encontro, a formação humana e a relação homem-natureza, bem como desse texto
extraímos elementos para pensar as concepções de educação e educação escolar
para a formação humana do homem. Destacamos do referido texto que,
historicamente, os homens foram aprendendo a executar operações cada vez mais
complexas, a propor-se e alcançar objetivos cada vez mais elevados. Assim, de
geração em geração, o trabalho se diversificava e aperfeiçoava, estendendo-se cada
vez a novas atividades. À caça e à pesca veio agricultura, e mais tarde a fiação e a
tecelagem, a elaboração de metais, a olaria e a navegação. Ao lado do comércio e
dos ofícios apareceram, finalmente, as artes e as ciências (ENGELS, 1979).
Também, destacamos o fato de que esse processo de aprendizagem está cada vez
mais complexo é possível para os homens graças à cooperação das mãos, dos
órgãos da linguagem e do cérebro, não só em cada indivíduo, mas também na
sociedade.
Nesse encontro, os alunos - cursistas foram levados a refletir sobre uma
concepção de homem que não pode distanciar-se das relações sociais em
determinado tempo histórico, nem da identificação das circunstâncias concretas ou
condições de vida como base para o desenvolvimento humano. Essa compreensão,
a nosso ver, era importante, pois, de acordo com o propósito da produção didática
em pauta, não podemos desvincular os estudos e as discussões a respeito dos
materiais didático-pedagógicos dos estudos sobre as concepções de homem-
sociedade, de desenvolvimento humano, nem sobre a direção social pretendida com
tais estudos.
Para o segundo encontro, a leitura antecipada do texto O Homem e a Cultura,
de Leontiev, possibilitou a análise e o debate a respeito do desenvolvimento histórico
da consciência relacionando-o com a função dos instrumentos materiais e
intelectuais para tal desenvolvimento. Também utilizamos uma reportagem sobre o
fato de um menino sobreviver na selva por oito meses com ajuda de macaco e, com
isso, identificamos os elementos essenciais da formação desse garoto, chamados
de culturais, os quais permitiram a ele sobreviver numa mata por quase um ano.
Com tais parâmetros, estudamos as concepções do materialismo histórico-dialético
que fundamentam o trabalho de formação humana, seja na esfera familiar ou do
trabalho docente.
O terceiro encontro foi organizado para que os alunos-cursistas analisassem
o trabalho docente no marco da atualidade, seus limites, determinações e
possibilidades. O texto base, Precarização do trabalho docente e seus efeitos sobre
as práticas curriculares, de Maria das Mercês Ferreira Sampaio e Alda Junqueira
Marin- PUC-SP, possibilitou também o debate crítico sobre o processo ensino-
aprendizagem e o trabalho docente na sociedade capitalista. Também engendrou a
compreensão de que a formação do professor, o modo de ensino e a aprendizagem
dos alunos são processos intrínsecos, recíprocos e determinantes para que a
formação cultural dos alunos coincida com uma formação humana.
Os alunos cursistas foram levados a discutir o quadro atual da educação
escolar e o que se tem como dominante no interior das escolas públicas do Brasil -
uma chamada precarização do trabalho docente. Ainda, perceberam a importância
de buscar os trabalhos e resultados das pesquisas que expõem a gravidade da
situação atual da educação escolar no Brasil. Assim, outro texto essencial para o
encontro foi Professor Incompetente: Qual a influência da mídia na atual
desvalorização do profissional docente, de Juliana Bottos e Lizete Shizue Bomura
Maciel (Orientadora) da Universidade Estadual de Maringá (UEM-PR), no qual as
autoras tecem considerações sobre a desvalorização do professor da Educação
Básica, especialmente dos profissionais que atuam nas escolas públicas brasileiras.
O quarto encontro foi realizado sob o objetivo de aprofundar o tema Produção
e reprodução de material didático-pedagógico: relações entre o ensino de conteúdos
escolares e o processo de humanização dos alunos. Para tanto, iniciamos com o
vídeo do discurso proferido pela professora Amanda Gurgel, Resumo da educação
no Brasil Depoimento, Disponível em: http://www.youtube.com/watch?. Acesso em:
12 abr; 2011, seguido do vídeo sobre a educação escolar em Candeias do Jamari –
RO www.youtube.com/watch?v=v53Eml_3GSE. Os dois vídeos possibilitaram refletir
sobre as condições materiais e educacionais do nosso país, bem como perceber
que a função do professor está diretamente ligada à condição básica para a
melhoria da qualidade do ensino, uma vez que seu conhecimento profissional é
determinante na efetivação da aprendizagem. B
Foi um encontro onde focalizamos a teoria que centralizamos desde o
primeiro encontro na direção do que explica Saviani (1985, p. 27):
Professor é aquele que possibilita o acesso a cultura, organizando o processo de formação cultural. É aquele que domina as formas, os procedimentos, os métodos através dos quais se chega ao domínio do patrimônio cultural acumulado pela humanidade. E como o
homem só se constitui como tal na medida em que se desloca da natureza e ingressa no mundo da cultura, a formação cultural vem a coincidir com a formação humana, convertendo-se o professor, por sua vez, em formador de homens.
Assim, finalizamos os encontros focalizando que é nessa relação da função
docente com a direção do processo de aprendizagem do aluno que, a nosso ver,
incide a responsabilidade da organização do ensino com vistas a como fazer, e,
consequentemente, também a importância da escolha do material didático-
pedagógico.
Resultados
O Projeto do Curso de Extensão “Material didático pedagógico: função no
processo de ensino escolar e de aprendizagem dos alunos” foi pensado como uma
forma de contribuir na formação dos alunos do Curso de Formação de Docentes do
Instituto de Educação Estadual de Maringá. Também previa focalizar os materiais
didático-pedagógicos por meio de estudos e discussões que privilegiassem o
entendimento da sua função na formação humana dos homens.
Durante a realização dos encontros, os participantes foram avaliados com
relação à sua participação e na forma como se posicionavam diante dos temas
trabalhados. Concluímos, conforme avaliação contínua, que os objetivos foram
atingidos, inclusive pela aceitação e continuidade dos cursistas que plenamente
alcançaram cem por cento de freqüência com participação ativa nas leituras
antecipadas e nos debates e propostas no momento dos encontros.
Consideramos que projetos como o projeto em pauta contribuem tanto para
os alunos em formação para a docência quanto para a Educação Básica na medida
em que se debate e se estuda articulando as finalidades e os meios pelos quais se
promove a educação do homem contemporâneo. E, ainda, que a contribuição para a
Educação Pública Paranaense está no seu devir, ao possibilitar hoje uma formação
docente com mais possibilidades de enfrentar o desafio de organizar o ensino nas
escolas.
Considerações finais
Compreendemos que para levar a bom termo a formação humana dos alunos,
mais do que escolher material didático para este ou aquele conteúdo escolar, é
preciso levar em conta o perfil de homem que se pretende formar. Assim, a escolha
dos recursos materiais deve primar pelas possibilidades do desenvolvimento das
funções superiores de pensamento para a formação do homem, no sentido social da
palavra. É importante considerar que, quando nos referimos ao desenvolvimento de
funções psíquicas superiores, não tratamos da coincidência com a formação de um
homem individualista, narcisista, egoísta, como é a tendência social atual para a
grande maioria dos homens.
A nosso ver, o tema dos materiais didático-pedagógicos se inscreve na
relação que o homem, para se humanizar necessita desenvolver atividades
acumuladas nos objetos. Isso significa que os materiais didático-pedagógicos
situam-se na mesma relação dos produtos do desenvolvimento histórico que cada
homem necessita se apropriar, como condição para sua humanização; ou seja, são
instrumentos e ao mesmo tempo objetos sociais nos quais estão incorporadas e
fixadas as operações de trabalho historicamente elaboradas. Quanto mais os alunos
aprenderem e desenvolverem, por meio de materiais didático-pedagógicos, o
raciocínio lógico, a atenção voluntária, a análise, etc., mais estaremos nos
envolvendo com a humanização.
Quanto ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, a nosso ver,
tem a possibilidade de atuar na transformação da Educação Básica do Estado do
Paraná na medida em prepare com condições teórico-científicas os profissionais da
educação para desenvolverem a contento a prática do ensino escolar.
Referências
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ENGELS, F. Anti-Duhring: filosofia, economia política, socialismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
ENGELS, F. Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem. 2. ed. São Paulo: Global, 1984.
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LEONTIEV, A. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Livros Horizontes, 1978.
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. 10. ed. São Paulo: Hucitec, 1996.
MARX, K.; ENGELS, F. Obras escolhidas. São Paulo: Alfa-Omega, 1982. v. I, II, III.
SAMPAIO, M. M. F.; MARIN, A. J. Precarização do trabalho docente e seus efeitos sobre as práticas curriculares. Educação & Sociedade, Campinas, SP, v. 25, n. 89, p. 1203-1225, set./dez. 2004. Disponível em: <http:// <www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
SAVIANI, Dermeval. Sentido da pedagogia e o papel do pedagogo. Revista ANDE, São Paulo, n. 9, p. 27-28, 1985.
THIELLMANN, B. Menino sobrevive na selva por oito meses com ajuda de macaco. Disponível em: <http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2010/06/menino-sobrevive-na-selva-por-oito-meses-com-ajuda-de-macaco.html>. Acesso em 10 ago. 2011.