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EXCELENTÍSSIMO(A) SR(A) DR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO __º
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE RIO BRANCO
MANOEL MAIA DA COSTA, brasileiro, militar aposentado,
portador do RG n. 122657562-7 Ministério da Defesa, inscrito no CPF sob o n. 040.597.862-
68, residente na Rua Francisco Neri, n. 523, Conj. Solar, Vila Ivonete, na cidade de Rio
Branco/AC, por seus procuradores que esta subscreve, devidamente constituído conforme
mandato incluso vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com apoio no art.
461, §1º, e ss. do CPC C, e artigo 42, parágrafo único, do CDC , propor a presente
AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS C/C PEDIDO LIMINAR DE SUSPENSÃO DOS
DESCONTOS contra as seguintes pessoas:
1) pessoa jurídica BANCO BGN, CNPJ - 00.558.456/0001-71, Rua
Antônio Lumack do Monte, 96, 11º. Andar, Boa Viagem, CEP 51.020-350, Recife/PE,
TELEFONE (81) 4004-5280;
2) pessoa jurídica BANCO SANTANDER DO BRASIL S/A,
CNPJ: 90.400.888/0001-42 ou 61.472.676/0001-72, Rua Amador Bueno, 474, 1D - 1D162
CEP 04752-000, São Paulo/SP, TELEFONE (011) 55387099; e
3) pessoa física DIENIN MICHELE SOUZA, Endereço Av.
Borges de Medeiros, 343, sl. 76, Centro – Porto Alegre/RS, Fone/Fax: 51 – 32257501, pelos
_________________________________________________________________________________________motivos e fatos que passa a expor:
I - PRELIMINAR
Requer a concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita,
na forma prevista pela Lei n. 1.060, de 05.02.1950, acostando, para tanto, a DECLARAÇÃO
ali prevista.
II – DOS FATOS
O Requerente é militar da reserva remunerada (aposentado) conta
com 56 anos de idade, estando atualmente aposentada junto ao Ministério da Defesa
(Exército), recebendo os vencimentos em conta-corrente do Banco do Brasil S/A.
No mês de agosto de 2012 o Requerente recebeu uma ligação de
uma mulher chamada Dienin Michele, informando que era funcionária do Banco Santander,
lhe fazendo uma proposta de empréstimo, no qual consistia em comprar duas dívidas do
Requerente (01 empréstimo do Banco do Brasil e 01 empréstimo da FHE-FAM Poupex) a
uma taxa de juros bem menor (1,5% a.m.) em 58x(parcelas) e ainda sobraria líquido o valor
de R$ 6.000,00 (seis mil reais) na conta corrente do Requerente, conforme e-mail anexado.
O Requerente confirmou todos os dados bancários e pessoais com
esta atendente do Santander pelo telefone e esta disse que retornaria a ligação para informar
se tinha conseguido comprar as dívidas do Requerente para posterior envio da cópia do
contrato efetivando a negociação.
Passados alguns dias, realmente a funcionária Dienin retornou a
ligação informando que o Poupex tinha autorizado comprar a dívida do empréstimo enquanto
o Banco do Brasil não tinha autorizado, assim informou que não seria possível realizar a
negociação com o Requerente.
O e-mail enviado pela funcionária informa todas as condições e como
seria feito o negócio com a compra dos empréstimos, e informa ainda, que O CONTRATO
SÓ SERIA ASSINADO APÓS O DEPÓSITO DO VALOR NA CONTA DO
REQUERENTE, como não ocorreu a negociação não houve depósito em conta e
nenhuma assinatura de contrato requerendo o empréstimo.
Sendo que no Contracheque do Requerente, referente ao mês de
Setembro de 2012, foi inserido um desconto no valor da parcela de R$ 123,37 (cento e vinte e
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_________________________________________________________________________________________três reais e trinta e sete centavos), sem a sua autorização e tendo como referência o Banco
BGN que ao ser consultado na internet, é um banco que se localiza em Recife-PE, local que o
Requerente não viaja há muitos anos, e constatou-se que existem muitas reclamações sobre o
Banco BGN por inserir descontos de empréstimos sem autorização.
Pelo contracheque do Requerente observa-se que o desconto se
estende até o mês de Agosto de 2017, ou seja, em 60 (sessenta) parcelas, no qual não foi
autorizado pelo Requerente, nem por telefone (verbal) e não assinou nenhum contrato
(documental).
O Requerente nunca tomou tal empréstimo ou autorizou que
terceiros o fizessem, especialmente, qualquer tipo de transação com bancos ou
financeiras. Jamais teve seus documentos pessoais extraviados ou cedeu a terceiros, nem
assinou documentos ou constituiu procurador para tanto, apenas confirmou seus dados por
telefone.
Destarte, pelos descontos ilegais em seu contracheque é que o
Requerente recorre à justiça para ter o seu direito resguardado.
III - DO DIREITO
Temos violado a regra geral de formação dos contratos, prevista
no art. 104 e ss. do Código Civil. Não houve qualquer precaução dos Bancos
Requeridos e da preposta ao efetuar empréstimo em nome do Requerente, à revelia deste,
sem autorização ou via procuração. As instituições financeiras sequer adotaram as
devidas cautelas para analisar uma possível documentação fornecida para a contratação
do empréstimo, agindo de forma imprudente, senão negligente.
Os Bancos demandados, com seu ato, causou prejuízos financeiros
ao Requerente, devendo responder objetivamente por tais danos.
Por certo, sabendo da vulnerabilidade das transações que
envolvem empréstimo consignado, evidenciada pelas as inúmeras ocorrências de fraudes
em todo o país, a instituição financeira assume os riscos do negócio, devendo, portanto,
restituir em dobro ao Requerente dos valores descontados em seu vencimentos, nos termos
do art. 42 do CDC.
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_________________________________________________________________________________________ Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Neste mesmo sentido, assim decidiu o Tribunal de Justiça do
Estado de Goiás:
“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO. CONTRATO DE MÚTUO. RESPONSABILIDADE DO BANCO. DESCONTOS INDEVIDOS EM PROVENTOS DE APOSENTADORIA. VALOR INDENIZATÓRIO.
DANO SOFRIDO. MANUTENÇÃO DO QUANTUM ARBITRADO.
I - o banco requerido deve ser responabilizado pelos descontos indevidos em proventos de aposentadoria, uma vez que não foi firmado qualquer contrato de empréstimo com consignação. II - O dano moral decorrente da diminuição da capacidade financeira do apelado bem como o constrangimento de ver descontado do seu vencimento quantia que não contratou, não precisa ser provado, pois o mesmo e presumido. Ademais, os bancos também respondem objetivamente pelos danos que venham a causar a seus clientes. III - A reparação por dano moral deve servir para recompor a dor sofrida pela vítima, assim como para inibir a repetição de ações lesivas da mesma natureza. Sua fixação, no entanto, deve obedecer os princípios da razoabilidade e da moderação. IV - Deve ser mantida a cobrança em dobro do valor cobrado injustamente, com os acréscimos legais, nos termos do artigo sexto, inciso III, do CDC e art. 186, 876 e 1059, do Código civil. Recurso de apelação conhecido, mas improvido.” (TJGO. 1ª Câmara Cível. Apelação Cível n.º 108211-2/118. Relator Dr. Jeová Sardinhade Moraes. DJ 15014 de 05/06/2007)
IV - DA RESPONSABILIDADE DE INDENIZAR
A responsabilidade das Requeridas consubstanciada no dever de
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_________________________________________________________________________________________reparar o dano é notória e imperativa conforme expressa o Código Civil Brasileiro, como
segue:
Art. 159. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano."
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
§ único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Conforme observa-se a regra geral, a culpa, em lato sensu, foi mantida
como requisito para o direito à indenização, entretanto a grande novidade que o atual código
nos apresenta trata-se do art. 933, que não requer a demonstração da culpa.
4.1 DANO MORAL
À guisa da situação mencionada alhures, resta evidente que o
Requerente vem sofrendo constrangimentos e aborrecimentos, em razão do procedimento
das Requeridas, passíveis de serem ressarcidos, por meio de indenização.
Em outras palavras, vislumbra-se no caso em tela a ocorrência de
danos morais em favor do Autor a ser ressarcido pela Ré.
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_________________________________________________________________________________________Na exegese do ilustre jurista Rizzato Nunes, Desembargador do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, dano moral é "aquele que afeta a paz interior de
cada um. Atinge o sentimento da pessoa, o decoro, o ego, a honra, enfim, tudo aquilo que não
tem valor econômico, mas que lhe causa dor e sofrimento. É, pois, a dor física e/ou
psicológica sentida pelo indivíduo". (NUNES, Luiz Antonio Rizzato. Curso de Direito do
Consumidor. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 307.) (grifos nossos)
No Recurso Especial nº 8.768/SP, em acórdão da lavra do conspícuo
Ministro Barros Monteiro, publicado na Revista do Superior Tribunal de Justiça nº 34, pág.
285, restou decidido que é perfeitamente possível a indenização do dano moral puro, em
havendo perturbação nas relações psíquicas, na tranqüilidade, nos sentimentos e nos
afetos de uma pessoa, in verbis:
EMENTA: DANO MORAL PURO. CARACTERIZAÇÃO.
Sobrevindo, em razão de ato ilícito, perturbação nas relações psíquicas, na
tranqüilidade, nos sentimentos e nos afetos de uma pessoa, configura-se o dano moral,
passível de indenização. Recurso especial conhecido e provido. (grifos nossos)
Desse modo, indubitável é a existência de danos morais a serem
ressarcidos pelas Requeridas, pois até a presente data não houve nenhuma tentativa por parte
das Requeridas de resolver o problema do Requerente causada por elas mesmo, por meio de
seus empregados, afetou de forma significativa a tranqüilidade do Requerente, causando-lhe
constrangimentos e aborrecimentos.
Na verdade, deve-se ter em mente que o objetivo de tal indenização é
duplo: satisfativo-punitivo. Por um lado, a paga em pecúnia deverá proporcionar ao ofendido
uma satisfação, uma sensação de compensação capaz de amenizar a dor sentida. Em
contrapartida, deverá também a indenização servir como punição ao ofensor, causador do
dano, incutindo-lhe um impacto tal, suficiente para dissuadi-lo de um novo atentado.
A indenização por dano moral no importe de R$ 20.000,00 (vinte
mil reais).
V - DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
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_________________________________________________________________________________________Verifica-se, MM. Juiz(a), que a situação do Requerente atende
perfeitamente a todos os requisitos esperados para a concessão da medida antecipatória, pelo
que se busca, antes da decisão do mérito em si, a ordem judicial para as Requeridas
SUSPENDEREM OS DESCONTOS ILEGAIS NO CONTRACHEQUE DO
REQUERENTE.
“Art. 273, CPC: O Juiz poderá, a requerimento da parte,
antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela
pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova
inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação
e:
I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação; ou
II – fique caracterizado abuso de direito de defesa ou o
manifesto propósito protelatório do réu”.
Para tanto, requer-se de V.Exa., se digne determinar a expedição de
Ofício à empresa-Requerida, nesse sentido.
VI - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Salienta-se que o artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor traça
os direitos básicos do consumidor. Dentre o rol, prevê o inciso VIII, do aludido artigo, que o
autor tem direito à facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com inversão do ônus da
prova, a seu favor, porquanto em relação à instituição bancária o postulante é hipossuficiente,
conforme as regras ordinárias de experiência com que Vossa Excelência poderá aferir.
Destarte, trata-se a inversão do ônus da prova de um direito básico do
autor, sem o qual não poderá se apoiar para a defesa de seus direitos, dada a sua
hipossuficiência se comparada à instituição financeira.
VII - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, pede e requer se digne V. Exa de julgar
TOTALMENTE PROCEDENTE OS PEDIDOS DA PRESENTE AÇÃO, determinando:
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_________________________________________________________________________________________a) a citação dos Requeridos, na pessoa de seus representantes legais
para, querendo, apresentar contestação à presente ação, no prazo legal;
b) a expedição de MEDIDA LIMINAR para que o BANCO BGN,
CNPJ - 00.558.456/0001-71, suspendam os descontos efetuados indevidamente no
contracheque do Requerente, até o julgamento final, bem como, notificando o Requerido
desta providência, abstendo-se de inserir o nome do Requerente no serviço de proteção ao
crédito, enquanto tramitar este feito.
c) a condenação das Requeridas em verba indenizatória ao dano
moral no importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
d) a condenação do BANCO BGN, CNPJ - 00.558.456/0001-71 em
ressarcir os valores descontados indevidamente, devendo ser em dobro, nos termos do
art. 42, parágrafo único do CDC, culminando no valor de R$ 493,48 (quatrocentos e
noventa e três reais e quarenta e oito centavos), eis que até a audiência já terão sido
descontadas duas parcelas (em dobro).
e) a inversão do ônus da prova, porquanto em relação as instituições
bancárias o postulante é hipossuficiente, conforme as regras ordinárias de experiência com
que Vossa Excelência poderá aferir;
f) a condenação das Requeridas, na hipótese de interposição de
recurso, ao pagamento dos honorários advocatícios, fixados em 20% (vinte por cento) sobre o
valor atualizado da causa, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95.
Por fim, protesta e requer o Requerente provar o alegado por todos os
meios de prova admitidos pelo nosso Direito, especialmente, através da juntada dos
contracheques e outros documentos, se necessário.
Dá-se à causa o valor de R$ 20.493,48 (vinte mil, quatrocentos e
noventa e três reais e quarenta e oito centavos).
Pede e espera deferimento. Nestes Termos.
Rio Branco, 18 de outubro de 2012.
Efrain Santos da CostaOAB/AC 3335
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