Aplicação Do Modelo Utaut2
TÍTULO: Aceitação e Uso da Tecnologia para a Poupança Individual em Portugal
Patrícia Sofia Ventura Costa
Subtítulo: Aplicação Do Modelo Utaut2
Dissertação apresentada como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Estatística e Gestão de
Informação, com especialização em Análise e Gestão de Risco
LOMBADA MEGI
Título: Aceitação e Uso da Tecnologia para a Poupança Indiv idual em
Portugal; Subtítulo: Aplicação Do Modelo Utaut2 Aluna Patrícia Sofia Ventura Costa
20
18 MEGI
I
NOVA Information Management School
Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação
Universidade Nova de Lisboa
ACEITAÇÃO E USO DA TECNOLOGIA PARA A POUPANÇA
INDIVIDUAL EM PORTUGAL: APLICAÇÃO DO MODELO UTAUT2
Por
Patrícia Sofia Ventura Costa
Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Estatística e Gestão de Informação, com especialização em Análise e Gestão
de Risco.
Orientador: Professor Tiago André Gonçalves Félix de Oliveira
Outobro.2018
I
Dedicatória
Esta dissertação reúne o contributo de várias pessoas, e por isso dedico este trabalho
aos meus familiares, nomeadamente aos meus pais e irmã, ao meu noivo e sogros e ainda aos
meus padrinhos e avós que me apoiam no meu percurso académico e profissional.
Adicionalmente dedico este estudo ao orientador professor Tiago Oliveira por ter aceitado este
desafio e por último, dedico esta dissertação a todas as pessoas que o preencheram o
questionário, visto que foi esse facto permitiu a concretização desta dissertação.
II
Resumo
Atualmente as ferramentas tecnológicas estão induzidas nas rotinas da sociedade,
consequentemente têm-se desenvolvido diversos estudos no âmbito do desenvolvimento digital
e neste caso enaltece-se a relação tecnologia versos recursos financeiros. Portanto analisa-se a
influência da Internet na gestão monetária, identifica-se o perfil do utilizador e o canal mais
eficaz de comunicação de poupança. A principal relevância teórica deste estudo enquadra-se na
análise comportamental de adoção tenológico num novo contexto e contribui para o
desenvolvimento da literatura de poupança e tecnologia. Para avaliar o processo, propôs-se a
aplicação do modelo conceptual teoria unificada de aceitação e uso da tecnologia2 (UTAUT2) de
Venkatesh (2012) com um novo construtor, nomeadamente as Motivações de Poupança nos
termos da pesquisa de Browning e Lusardi (1996). Este estudo segue a metodologia quantitativa
e empírica, partilhou-se um questionário via Internet e obteve-se 220 respostas válidas. Os
resultados mostram que a Internet é promovedora de poupança e, das 16 hipóteses propostas
concluiu-se que 2 foram parcialmente suportadas, 8 foram suportadas e 4 rejeitadas. O modelo
exposto explica 76% da intenção de uso, 42% das motivações de poupança e 81 % do uso. Para
explicar o comportamento de uso do Internet para poupar, o hábito e as condições facilitadoras
são os fatores mais relevantes.
Palavras-Chave:
Gestão Financeira, Utilizadores de Internet, Poupança, Motivações de poupança;
Modelo UTAUT2.
III
Abstract
Technology tools is important in today's society routines, consequently several studies
have been developed about digital development. The purpose of present research has to relate
financial resources and a technology. This paper intended to perceive the impact of the influence
the Internet for saving money, intended to identify the profile of users and intended to identify
the most effective channel of communication. This study go to analysis individual adoption
behavior in new context, this way go to contribute to development technology and savings
literature. This research go to use quantitative and empirical data and it based on the unified
theory of acceptance and use of technology (UTAUT) by Venkatesh (2012). In addition, we
extended the model to fit the subject of this research based on Browning and Lusardi (1996)
research. The data was collect through conducting a questionnaire distributed by email and it
get 220 Portuguese answers. The results show, users use the internet to promote individual
savings. The result revealed that 2 hypotheses were partially supported, 8 hypotheses were
accepted and 4 reject. We found that the model explained 76% of intention variance, 42% of
saving motivations and 81 % of usage variance. To explain usage behavior of Internet saving the
most important factor was habit and facilitating conditions.
Keywords:
Financial Management, Internet Users, Savings, Savings Motivations; Model UTAUT2.
IV
Índice
1. Introdução ..........................................................................................................................................- 1 -
1.1. Enquadramento e Fundamentação do estudo ...................................................................- 1 -
1.2. Principais objetivos de investigação .....................................................................................- 2 -
1.3. Justificação e formulação do problema ...............................................................................- 2 -
1.4. Estrutura da tese .....................................................................................................................- 4 -
2. Revisão Bibliográfica ........................................................................................................................- 5 -
2.1. Gestão Monetária Individual .................................................................................................- 5 -
I. A Composição do Agregado Familiar ...................................................................................- 8 -
II. Grau Académico.......................................................................................................................- 8 -
III. Expetativa Temporal versos Idade...................................................................................- 9 -
IV. Rendimento (R) ................................................................................................................ - 10 -
V. Motivações de Poupança (MP)...................................................................................... - 11 -
2.2. Importância da Tecnologia e da Internet ......................................................................... - 13 -
2.3. Adoção do Comportamento de Poupança por via da Internet ..................................... - 17 -
I. Expectativa de Desempenho (ED) ..................................................................................... - 20 -
II. Expectativa de Esforço (EE)................................................................................................. - 20 -
III. Influência Social (IS)......................................................................................................... - 21 -
IV. Condições Facilitadoras (CF) .......................................................................................... - 22 -
V. Motivações Hedónicas (MH).......................................................................................... - 23 -
VI. Preço Financeiro Associado (PF) ................................................................................... - 24 -
VII. Hábito (HT) ........................................................................................................................ - 24 -
VIII. Intenção Comportamental (IC)...................................................................................... - 25 -
IX. Moderador – Género (G) ................................................................................................ - 26 -
2.4. Modelo Conceptual Proposto ............................................................................................. - 27 -
3. Metodologia.................................................................................................................................... - 28 -
3.1. População e Amostra ........................................................................................................... - 28 -
3.2. Coleta de Dados .................................................................................................................... - 28 -
V
3.3. Análise de dados - PLS-SEM ................................................................................................ - 30 -
4. Resultados e Discussão................................................................................................................. - 31 -
4.1. Análise de Dados Gerais ...................................................................................................... - 31 -
4.2. Validação dos dados ............................................................................................................ - 32 -
I. Modelo de Mensuração ...................................................................................................... - 32 -
II. Modelo Estrutural ................................................................................................................ - 37 -
4.3. Discussão................................................................................................................................ - 39 -
5.Limitações e Recomendações para Trabalhos Futuros ............................................................... - 44 -
6.Conclusão ............................................................................................................................................. - 45 -
7.Apêndice ............................................................................................................................................... - 46 -
Referências .............................................................................................................................................. - 48 -
VI
Índice de Tabelas e Figuras
Tabela 1- Síntese das Motivações de Poupança (Fonte: adaptado de Browning & Lusardi, 1996, Fisher &
Montalto, 2010; Zanin, 2017) ..................................................................................................................... - 12 -
Tabela 2 - Informações Gerais e Características Demográficas dos Respondentes. .................................. - 31 -
Tabela 3 - Critério Fornell -Larcker: Estatística Descritiva, Correlações e VME ’s: ....................................... - 34 -
Tabela 4 – Cargas fatoriais - PLS Loadings e Cross-Loadings........................................................................... - 35 -
Tabela 5 – Heterotrait-Monotrait Ratio (HTMT) ............................................................................................... - 36 -
Tabela 6 - Path Coefficients (β-value) ................................................................................................................ - 38 -
Tabela 7 – Resultados Médios da Análise do Agregado Familiar ................................................................... - 40 -
Tabela 8 - Ordem decrescente de significância ................................................................................................. - 41 -
Tabela 9 - Síntese da conclusão das hipóteses.................................................................................................. - 43 -
Tabela 10- Quadro elusivo da construção dos itens......................................................................................... - 47 -
Figura 1 – Modelo concetual Proposto ............................................................................................................... - 27 -
VII
Lista de Siglas e Abreviaturas
CA - Alfa de Cronbach;
CF - Condições Facil itadoras;
CR – Confiabilidade Composta /Composite Reliability;
ED - Expectativa de Desempenho;
EE- Expectativa de Esforço;
VME - Variância Média Extraída/ Average Variance Extracted -AVE;
G- Género Masculino;
HT – Hábito;
IC - Intenção Comportamental;
IS - Influência Social;
MH - Motivação Hedónica;
MM - Modelo Motivacional;
MP - Motivações de Poupança;
Modelo de util ização de PC/ Model of PC Utilization - MPCU;
Modelo de Aceitação de Tecnologia / Technology Acceptance Model -TAM;
NA - Não Aplicável;
PE - Expectativa de Desempenho;
PF- Preço Financeiro;
R – Rendimento;
Teoria da Difusão da Inovação / Innovation Diffusion Theory - IDT;
Teoria da Ação Racional / Theory of Rational Action - TRA;
Teoria do Comportamento Planeado / Theory of Planned Behavior-TPB;
Teoria Social Cognitiva / Cognitive Social Theory - SCT;
Teoria unificada de aceitação e uso da tecnologia2 / Unified Theory Of Acceptance And Use of
Technology 2 – UTAUT2;
TI-Tenologias de Informação;
U-Comportamento de uso;
- 1 -
1. Introdução
1.1. Enquadramento e Fundamentação do estudo
A transformação digital é o fenómeno do século XXI e defende-se que nos tempos
modernos vive-se numa época de informação e de inovação tecnológica. A tecnologia ganhou
um novo papel no sucesso da estratégia individual bem como no âmbito organizacional, devido
à velocidade da evolução tenológica, os paradigmas das transações comerciais tradicionais foram
transformados e desenvolvidos por via de instrumentos e as ferramentas Smart. Certo modo a
era digital leva a ponderar a tecnologia de informação (TI) como a ferramenta essencial no
mercado mais competitivo e complexo (Martins, Oliveira, & Popovič, 2014).
As novas ferramentas tornaram-se o ator principal do quotidiano dos cidadãos
portugueses e, possibilitaram a aquisição de um conjunto infinito de ativos de forma rápida e
eficaz, tais como, obter um serviço de transporte, reservar um quarto, validar o saldo da conta
bancária ou mesmo transacionar o meio de pagamento de uma operação. O próprio meio de
pagamento adquiriu outras dimensões, por exemplo pode ser transacionado por via de uma
moeda nacional ou através de uma moeda digital, bem como pode ser executado por pagamento
móvel em alternativa do dinheiro físico, o cheque ou o cartão de crédito (Oliveira, Thomas,
Baptista, & Campos, 2016). Portanto, surge uma nova abordagem de satisfazer as necessidades
mas, apesar de se conhecer as vantagens associadas ao uso da Internet a fins financeiro, ainda
existe um grupo de indivíduos que se recusa a adotar tais serviços (Punj, 2012).
Todavia, por si só as ferramentas de TI não transformam a sociedade, o que leva a crer
que os principais agentes de mudança são as pessoas nos contextos sociais, económicos e
políticos. Posto isto, a literatura tem enfatizado a importância da reflexão e da discussão de
teorias sobre a compreensão da aceitação da tecnologia com diferentes enfoques e em
diferentes contextos sociais (Brown & Venkatesh, 2005; Cobanoglu, Yang, Shatskikh, & Agarwal,
2015). Desse modo, desenvolveu-se diversos modelos na literatura com a variável dependente,
uso ou intenção de uso.
Para além do contacto tecnológico diário os indivíduos empregam inúmeras decisões
financeiras (Lusardi & Mitchell, 2007) e este estudo pretende relacionar o desenvolvimento
tenológico com a gestão financeira, pois já existe diversos estudos a explorar a relação entre o
- 2 -
consumo e a tecnologia, contudo ainda não foi realçado a evidência da relação entre poupança
e tenologia.
1.2. Principais objetivos de investigação
Esta pesquisa pretende perceber a aplicabilidade da tecnologia na poupança individual.
Apesar de ser difícil de explicar os efeitos do progresso tecnológico na melhoria da qualidade na
vida humana (Berger, 2003) a presente dissertação tem como principal intuito estudar o papel e
o impacto da Internet na saúde financeira, nomeadamente na poupança individual de recursos
financeiros em Portugal. Para tal, propõem-se explorar o modelo UTAUT2 num novo contexto e,
adicionar ao modelo uma componente subjetiva do comportamento humano, em particular as
motivações de poupança. Esta pesquisa-se foca-se em perceber se o cidadão português acredita
que a Internet é uma mais-valia na saúde financeira e foca-se em identificar o perfil do poupador
português assim como, os fatores significativos na promoção da mesma.
1.3. Justificação e formulação do problema
A pesquisa compreende uma revisão da literatura económica e tecnológica, assim este
estudo funde dois assuntos sensíveis nomeadamente os recursos financeiros e a Internet
(tecnologia) (Martins, Oliveira, & Popovič, 2014). O contexto financeiro combina a adoção de
tecnologia com elementos de marketing e, por isso requer de uma teorização distinta na
literatura de sistemas de informação (Pavlou & Fygenson, 2006). Numa perspetiva financeira já
foi estudado a adoção do comércio eletrónico (e-commerce), do pagamento eletrónico (e-
payment) bem como o uso de dispositivos móveis para a realização de transações bancárias ou
comerciais (m-payment; m-banking; m-commerce) (Slade, Williams, & Dwivedi, 2014). Contudo
esta pesquisa centra-se na utilização da Internet em prol de benefícios de uma gestão monetária
mais eficiente e porventura poupança de recursos financeiros.
Diversos autores argumentam que analisar a perceção real e os principais fatores que
influenciam os agentes de mudança, nomeadamente a tecnologia e os indivíduos na adoção é
algo crucial, isto porque a tecnologia é incorporada num contexto particular o que leva a crer
que o próprio contexto, que permite a aceitação efetiva da adoção de uma tecnologia é o ponto-
chave para a obtenção de sucesso económico (Brown & Venkatesh, 2005; Catarino, 2012;
- 3 -
Martins, Oliveira, & Popovič, 2014). Isto porque, reconhece-se que embora a inovação seja algo
crucial para a evolução da sociedade, é importante que a mesma tenha impacto económico
(Godin, 2006) com uma implementação bem-sucedida (Leidner & Kayworth, 2006). Por outro
lado, em Portugal desde 2010 avoca uma política de austeridade económica com o aumento da
carga fiscal e de cortes sociais (Wall, Leitão, Correia, & Ramos, 2016), o que leva a crer que
analisar os indicadores de poupança são de alto relevo. Para melhor compreender o papel
tecnológico na poupança em Portugal, a pesquisa segue um modelo teórico existente e
empiricamente validado nomeadamente o modelo “Teoria Unificada de Aceitação e Uso de
Tecnologia 2” (UTAUT2). Para melhor enquadrar o conteúdo financeiro, adicionou-se o
constructo motivações de poupança individual, bem como o moderador rendimento. Os autores
do UTAUT 2 testaram o modelo em Hong Kong e sobressaíram que este modelo deveria de ser
testado em distintos situações para equiparar efeitos e validar dados da sua amplitude
(Venkatesh, Thong, & Xu, 2012).
Portugal sobressaiu em 2016 como o terceiro país da União Europeia (UE) com maiores
níveis de adoção de serviço de telemóvel1 e estatisticamente a utilização de Internet2 tem
assumido uma tendência positiva continuada. Contrariamente, a poupança individual das
famílias portuguesas tem assumido uma tendência de queda contínua desde 19953, exceto entre
2008 e 2010 onde assumiu um sinal positivo na tendência, sendo que o período onde a tendência
assumiu um sinal positivo está associado ao período da recessão económica.
Este trabalho de investigação dirige-se às instituições públicas e privadas do contexto
português, nomeadamente contribuir para o desenvolvimento das áreas científicas de marketing
e dos sistemas de informação, isto porque compreender os impulsionadores do comportamento
pode levar a melhorar a experiência e a comunicação entre utilizadores, pois tanto ao nível
institucional como individual existe o interesse de se usufruir de uma comunicação produtiva e
rentável (Catarino, 2012; Martins, Oliveira, & Popovič, 2014). Portanto, com os dados obtidos
nesta pesquisa pretende-se motivar políticas e metodologias que melhor satisfazem o público-
1 https://www.pordata.pt/Europa/Assinaturas+do+servi%C3%A7o+de+telem%C3%B3vel+por+mil+habitantes-1953; recuperado 2018-06-09 2 https://www.pordata.pt/Portugal/Indiv%C3%ADduos+com+16+e+mais+anos+que+utilizam+computador+e+Internet+em+percentagem+do+total+de+indiv%C3%ADduos+por+sexo-1142; recuperado 09-06-2018 3 https://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+de+poupan%C3%A7a+das+fam%C3%ADlias -2340; recuperado 09-06-2018
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alvo, da mesma maneira perceber aceitação tecnológica. Mais concretamente, as instituições
financeiras e o Estado podem beneficiar deste estudo para desenvolver produtos e políticas com
incentivos para promover a poupança regular.
O impacto das tecnologias tem sido alvo de diversas investigações e embora os
potenciais benefícios do comércio eletrónico serem amplamente divulgados, há apenas uma
compreensão limitada e fragmentada do comportamento do consumidor eletrónico (Pavlou &
Fygenson, 2006; Catarino, 2012), nomeadamente no contexto português, a relevância do estudo
intensifica-se quando se analisa as estatísticas nacionais. Por isso, a relevância aliada à
curiosidade sobre a situação atual em Portugal é a principal razão para a elaboração desta
investigação.
1.4. Estrutura da tese
A presente investigação é composta por seis capítulos. A secção I procede-se à
introdução e enquadramento da temática em estudo, bem como apresenta-se a motivação e
objetivos da realização da presente dissertação. De seguida na secção II segue-se com a revisão
de literatura, onde se visa aprofundar os aspetos fundamentais relacionados com o
enquadramento e fundamentação da temática em estudo, nomeadamente uma reflecção acerca
da poupança económica e o uso da tecnologia. Posteriormente procede-se com o levantamento
teórico do modelo UTAUT2 e, por fim demonstra-se o modelo preposto e fundamenta-se os
constructos empregues. A seção III abrange a metodologia da investigação com a descrição dos
instrumentos de medição e o processo de coleta de dados. Na seção IV apresenta os dados e a
validação do modelo, nomeadamente por via da análise do modelo de mensuração e estrutural,
por fim, apresenta-se a reflexão empírica dos resultados obtidos. Finalmente, a seção V e VI
contém as principais limitações, potenciais oportunidades para pesquisas futuras e conclusões.
- 5 -
2. Revisão Bibliográfica
Considerando o exposto acima, segue a revisão bibliográfica, neste sentido pretende-se
perceber a importância da poupança de recursos financeiros e das tecnologias na sociedade.
2.1. Gestão Monetária Individual
As famílias, as organizações e o próprio Estado desempenham um papel essencial na
economia, estabelecendo uma ligação sensível e direta, caso ocorra algo menos bom num destes
agentes o risco de contágio aos outros é elevado. Desse modo a gestão monetária individual é
realçada como um fator relevante de bem-estar e de equilíbrio social (Browning & Lusardi, 1996).
A gestão monetária está intimamente relacionada com a capacidade de alcançar os objetivos
esperados (Arofah, Purwaningsih, & Indriayu, 2018) e com a capacidade de colocar as famílias
em segurança versos em risco (Muzikante & Škuškovnika, 2018).
A poupança de recursos financeiros é destacado pelo Lusardi e Mitchell (2007) como
sendo algo indivudual dado que cada indivíduo tem o seu perfil de poupança e, essa otimização
é altamente complexa. De qualquer forma, acredita-se que o consumidor deve maximizar a sua
vida útil e, para isso deve ponderar o desconto da utilidade esperada tendo em conta as
probabilidades de sobrevivência, de rendimentos esperados, os futuros benefícios da segurança
social, as taxas de inflação, a idade de aposentadoria e as necessidades familiares. Contudo nesse
arcabouço teórico, a chave para a poupança permanece no momento da decisão e, tem duas
hipóteses subjacentes: despender ou preservar. Uma vez que o comportamento humano é
condicionado pelo princípio económico de que os recursos são limitados faz com que nem todos
os desejos e ambições possam ser realizados. Compreender o comportamento de poupança é
algo complexo e, por isso as recentes pesquisas procuram misturar modelos neoclássicos com
subjetividade do mundo real (Lusardi & Mitchell, 2007; Besanko, 2010).
A gestão monetária tem diversos impactos sociais, tais como na liberdade individual e
na economia global, nomeadamente nas políticas públicas, na estabilidade financeira e social, tal
como no crescimento económico (Browning & Lusardi, 1996). A nível nacional afere-se que existe
uma forte correlação entre o crescimento económico e o nível de poupança e, deve-se em
grande medida à premissa de que o crescimento leva a níveis superiores de poupança (Carroll,
Overland, & Weil, 2000; Misztal, 2011). Isto é, acredita-se que o crescimento económico
- 6 -
promove a criação de riqueza, que por sua vez estimula maiores níveis de poupança, assim como
maiores níveis de poupança promove maior crescimento económico. Por outro lado, uma
economia sem crescimento origina a aceleração do fluxo monetário entre as transações e, desta
forma promove a estagnação do crescimento, muito devido à fraca capacidade de conservar as
reservas monetárias. Apesar da relação evidenciada, os ciclos económicos não são sinónimos de
maior ou menor nível de poupança individual (Deaton, 2005; Misztal, 2011), pois existem
diversos fatores a condicionar, tais como legais, culturais e ambientais.
O conceito de poupança de recursos financeiros teve várias considerações teóricas e
empíricas na literatura desde John Maynard Keynes (1936), abrangendo diferentes dimensões
tais como a psicologia, a sociologia e a economia. De acordo com os económicos e cientistas
sociais poupar é o remanescente da renda disponível após dedução do consumo (Browning &
Lusardi, 1996; Fisher & Montalto, 2010; Fisher & Anong, 2012). Na perspetiva da psicologia,
poupar resulta dum processo de tomada de decisão e preservar como o ato de deixar de lado
recursos para um objetivo (Fisher & Montalto, 2010). Todavia, a poupança resulta de um
consumo moderado e ponderado de recursos financeiros disponíveis. Assim, o consumo deverá
ser inferior aos ativos acumulados e, caso seja evidenciado o contrário, poderá ocorrer o uso de
crédito e de endividamento.
A poupança pode ainda se traduzir em ativos não financeiros, tais como equipamento
de transporte, terrenos e recursos naturais, edifícios, entre ativos (Oliveira & Mota, 2017). Por
ventura, este estudo realça-se o sentido mais específico de poupança englobando o conceito de
poupança na vertente financeira, a moeda genuína ou a moeda digital (a criptomoeda) tal como
os Bitcoin.
O endividamento foi algo característico no início da recente crise financeira de 2008.
Neste caso particular, ocorreu um aumento exponencial de crédito ao consumo e de
empréstimos hipotecários, como existia dificuldades de liquidez o cliente teve o direito de
decidir, em várias circunstâncias, como e quando iria pagar a dívida (Lusardi & Mitchell, 2014).
Nos anos que se seguiram, em Portugal, ocorreu uma tendência de crescimentos de níveis de
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poupança (conforme já enunciado) mas de uma forma geral o nível de poupança em Portugal
está descrente desde o início do século XXI4 e muito aquém da média da zona EURO.
Certo modo, a poupança pode ser vista como um ativo financeiro alocado em fundos ou
em depósitos para proteger futuras inseguranças ou dispêndios e, pode assumir diversas formas
entre as quais, pode ter a intervenção de instituições financeiras, através de contas poupança,
depósitos, títulos do tesouro, fundos, planos de reforma, entre outros (Deaton, 2005; Fisher &
Anong, 2012). Nomeadamente, os depósitos traduzem a aplicação de ativos em instituições
financeiras e correspondem a reservas e ao meio para as mesmas realizarem transações. Embora
as instituições financeiras tenham a particularidade de serem as únicas organizações
empresariais que podem usufruir de depósitos como o fundo monetário de investimentos
(Browning & Lusardi, 1996; Allen, Carletti, & Marquez, 2015) os fundos nunca deixam de ser
ativos individuais. Embora exista diversos produtos no âmbito de promoção de hábitos de
poupança disponíveis e acessíveis ao "Pequeno Investidor” (Lusardi & Mitchell, 2014), existe um
universo alargado que não está familiarizado com conteúdos e conceitos económicos básicos
para tomar resoluções sensatas de poupança e de investimento (Lusardi & Mitchell, 2007).
Os instrumentos financeiros, embora não tenham o significado direto de felicidade
genuína, são um meio marcante para se atingir padrões de vida superiores. As decisões
financeiras são algo complexas e envolvem riscos e incertezas, bem como o presente e o futuro,
e, mesmo que o indivíduo conheça os requisitos e as condições nem sempre opta pela melhor
opção (Deaton, 2005; Lusardi & Mitchell, 2014). Este processo envolve fatores psicológicos,
sociopsicológicos complexos e ainda fatores económicos (Fisher & Montalto, 2010). De forma
geral, defende-se que o nível da poupança individual está dependente do rendimento que cada
agente detém, porém existem outros fatores que podem ser indicativos de poupança (Oliveira
& Mota,2017), tais como a composição do agregado familiar, grau académico, expetativa
temporal versos idade, rendimento e motivações de poupança.
4https ://www.bportugal .pt/Mobi le/BPStat/Serie.aspx?IndID=826846&SerID=2027398&sr=2027389,20274
07&SW=1579&Show=1; recuperado 09-06-2018
- 8 -
I. A Composição do Agregado Familiar
A composição e as propriedades de um agregado familiar resultam de interações
complexas e, por isso examinar o ciclo de vida e a renda das famílias é um fatores-chave para
melhorar a compreensão de consumo. Por exemplo Brown e Venkatesh (2005) realçam na sua
pesquisa que os mais jovens e recém-casados tendem a gastar mais em restauração do que as
famílias de outros estágios, bem como passam mais tempo em atividades sociais de lazer,
enquanto os casais mais velhos despendem mais recursos em aquisições automóveis.
O agregado pode ser composto por vários membros com características diferentes e que
requerem gastos e cuidados de padrões diferentes, além disso, os fatores socioeconómicos tais
como renda têm impacto no agregado familiar (Brown & Venkatesh, 2005). A composição é
considerada um fator relevante e verifica-se uma diminuição drástica na poupança nas famílias
quando o número de dependentes aumenta (Oliveira & Mota, 2017).
II. Grau Académico
A alfabetização financeira é escolhida como um dos muitos fatores que podem
influenciar o comportamento financeiro. Segundo pesquisas anteriores existe uma relação entre
rendimento e os conhecimentos académicos, por regra quanto maior o grau académico maior o
rendimento (Brown & Venkatesh, 2005) e, noutra perspetiva quanto maior o grau académico
maior é a proporção de poupança (Zanin, 2017). Em 2007 foi evidenciado por Lusardi que a
relação do grau académico não é sinónimo de alfabetização financeira porque foi identificado
que mesmo as pessoas com um alto nível académico apresentam baixos níveis de conhecimento
financeiro. Atualmente defende-se unanimemente que quanto maior a alfabetização financeira,
ou seja, quem tem mais conhecimentos financeiros, tendencialmente o agente realiza mais
poupança (Arofah, Purwaningsih, & Indriayu, 2018). Na pesquisa de Arofah (2018) realça que o
aforro tendência é elevada pelo facto de ter uma gestão financeira mais inteligente.
De acordo com a pesquisa de Arofah (2018) o conhecimento económico embora seja
fundamental para a poupança também é condicionado pelo materialismo individual. O
materialismo defende que o objeto (produto) é mais importante para a realização pessoal e, por
isso, a principal prioridade é a atividade de consumo para satisfazer a paixão incontrolável pelos
- 9 -
objetos sem ponderar as consequências primeiro. Assim embora a pessoa conheça conteúdos
financeiros irá procurar o consumo para alcançar o objetivo de uma felicidade maior.
III. Expetativa Temporal versos Idade
De acordo com pesquisas anteriores a planos temporais e as expectativas do futuro
marcam em grande medida as perspetivas de consumo e de poupança individual . Em síntese, a
poupança resulta da capacidade de o indivíduo no presente consumir menos reservas do que o
rendimento total disponível, com o intuito de atingir metas patrimoniais e reservas financeiras
(Fisher & Montalto, 2010; Fisher & Anong, 2012; Zanin, 2017).
A dinâmica entre o rendimento e a idade segue a teoria contemporânea designada por
“Hipótese do Ciclo de Vida” de Modigliani e Brumberg desenvolvida em 1954 (Oliveira & Mota,
2017). Esta teoria reflete uma abordagem microeconómica convencional , onde defende que o
consumo depende dos ganhos correntes e futuros, bem como das reservas detidas. Ou seja,
defende que o agente segue um comportamento racional e que o nível de poupança altera de
acordo com a fase de vida do agente, sendo que, inicialmente o aforro carrega muito esforço e
à medida que se envelhece o nível de poupança diminui, para isso procura maximizar a utilidade
do consumo presente e do futuro (Deaton, 2005; Castro, 2007). Atualmente reconhece-se que
esta teoria por si só não justifica a poupança, pois defende-se que o comportamento não é algo
racional e que não é pelo facto de uma pessoa ser jovem que irá ter um maior índice de poupança
e, de ser sénior que irá destruir os seus ativos, no entanto a hipótese do ciclo de vida continua a
ser uma parte essencial dos economistas (Deaton, 2005).
Nos tempos modernos associa-se um comportamento ao estágio do ciclo de vida e
familiar, tanto a nível de poupança bem como a nível de adoção de tecnologia, por exemplo
tendencialmente um agente sénior tende a ter menor autocontrole do que um jovem bem como
menos aderência à tecnologia, ou assim como defende-se que ao longo do ciclo de vida a pessoa
tende a ser mais cuidadosa em relação aos riscos associados, embora os efeitos do medo seja
moderados pelo aumento da renda, à medida que existe maior rendimento, menor é o medo de
arriscar (Brown & Venkatesh, 2005).
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IV. Rendimento (R)
De acordo com pesquisas anteriores a obtenção de um rendimento marca em grande
medida as perspetivas de consumo e de poupança individual , decerto que os recursos
monetários abrangem a área da economia e das finanças, pois porque são o pré-requisito para
ocorrer a acumulação de ativos. Na perspetiva económica, o dinheiro é universal, um
instrumento de transação no mercado, uma maneira de armazenar riqueza e o meio de forma
concreto e objetivo de valorizar os bens e serviços. Por outro lado, de acordo com teorias da
psicologia e sociologia o dinheiro, além de ter funções económicas também tem funções
emocionais e sociais, podendo evocar sentimentos positivos ou negativos, por exemplo tem o
poder motivacional e de segurança, assim como uma medida de realização e bem-estar. Para
alguns o dinheiro é um bem insignificante, enquanto para outros representa uma força de
atração social, bem como o facto de se possuir ativos pode representar um alívio ou um afogo
de ansiedade. Em síntese a moeda não é apenas uma ferramenta de negociação, mas pode ser
percebido como um símbolo de vaidade, de poder e de valor (Muzikante & Škuškovnika, 2018).
A dinâmica entre o rendimento e o consumo é evidenciado na “Hipótese de Renda
Permanente” que foi formalmente introduzida na década de 1950 por Friedman (1957) e,
segundo a pesquisa de Zanin (2017) o consumo é mais sensível quando o indivíduo tem uma
renda permanente do que uma renda inconstante, ou seja, caso um indivíduo tenha a expetativa
de obter uma renda continuada ao longo do tempo, irá ter uma maior probabilidade de consumir
os recursos disponíveis. Bem como assume-se que quanto maior for a renda disponível, maior é
a facilidade de ultrapassar as barreiras limitadoras de poupança e maior será a quantidade
preservada (Browning & Lusardi, 1996) (Deaton, 2005; Brown & Venkatesh, 2005). Embora o alto
rendimento potencializa em teoria maiores níveis de poupança, em alguns casos isso não sucede,
se o individuo beneficiar de uma alta expetativa de aumento de rendimentos, pode em casos
extremos, levar a uma relação negativa entre as taxas de crescimento e de poupança com
aumento do consumo (Fisher & Anong, 2012).
Em pesquisas empíricas anteriores evidencia-se que os consumidores identificam por
norma um motivo importante para compras online, nomeadamente economizar tempo e ou
rendimento. Os consumidores com rendimentos mais elevados tendem a estar mais atraídos em
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economizar o tempo, enquanto os de rendimento mais baixo, tendem a estar mais inte ressados
em poupar o dinheiro (Punj, 2012).
V. Motivações de Poupança (MP)
De acordo com Fisher e Anong (2012) existe diferentes motivações psicológicas positivas
e negativas promotoras de comportamentos de poupança de recursos. Na pesquisa de Fisher
(2012) realça que o sentimento positivo é gerado pela visualização da dívida como um fracasso
ou uma realização de poupança como algo normal, no âmbito inverso realça a motivação de
poupar para economizar dinheiro com o intuito de pagar dívidas ou para transmissão de herança.
O sentimento negativo pode ser explicado por duas razões. Primeiro, a dívida representa uma
vulnerabilidade financeira, particularmente se a prestação mensal do reembolso da dívida for
superior a 30% rendimento e em segundo lugar, os juros pagos absorvem recursos económicos
que poderiam ser usados para atender outras necessidades (Zanin, 2017).
De forma geral preservar recursos monetários pode fazer a diferença na capacidade de
satisfazer as necessidades e ou alcança-las, e por último, presume-se que todos os indivíduos
gostariam de poupar por várias razões, para comprar um carro, comprar uma casa, viajar de
férias enfim por diversos motivos pessoais (Zanin, 2017), assim sendo por via da Tabela 1 pode
se observar os nove motivos fundamentais e categorizados como motivos de poupança
económica.
Com o intuito de perceber o impacto da internet na poupança individual introduziu-se o
constructo MP (Motivações de poupança) no modelo UTAUT2, onde se pretende perceber se as
motivações individuais de poupança afetam positivamente a intenção de usar tecnologia,
nomeadamente por via de uso de Internet.
H1: Será que a motivação de poupar tem impacto positivo na adoção de tecnologias e da
Internet para economizar recursos financeiro, de modo que será mais fraco para adultos do
género masculino e com maiores rendimentos.
H2: Será que a motivação de poupar tem impacto positivo na intensão de adoção de
tecnologias e da Internet para economizar recursos financeiros, de modo que será mais fraco
para adultos do género masculino e com maiores rendimentos.
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Motivo Descrição
Preventivo Construir uma reserva monetária contra contingências imprevistas devido ao efeito da incerteza do futuro e a possíveis e emergência futuras.
Ciclo de vida Prever antecipadamente o peso dos custos em relação aos ganhos obtidos.
Substituição intemporal
Maximizar a utilidade do consumo presente e futuro perante uma restrição de recursos que enfrenta.
Melhoria Acumulação de reservas monetárias para desfrutar de uma despesa crescente, garantindo em caso de diminuição de receita a continuidade do estilo de vida.
Independência Pela sensação de independência e o poder de fazer as coisas.
Empreendedor Para realizar projetos especulativos e ou de negócio bem como criar um novo negócio ou investir num negócio existente.
Herança Para deixar à posteridade uma fortuna.
Avareza Sem razão aparente.
Pagamento
Para adquirir algo pré-definido que envolva uma quantidade material de recursos tais como compras de bens e serviços duráveis: por exemplo, objetos preciosos, veículos, mobiliário,) que o agregado familiar não teria comprado ou estava esperando para comprar
Tabela 1- Síntese das Motivações de Poupança (Fonte: adaptado de Browning &
Lusardi, 1996, Fisher & Montalto, 2010; Zanin, 2017)
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2.2. Importância da Tecnologia e da Internet
No seguimento da compreensão da importância da gestão financeira, segue a reflexão
literária sobre o progresso tecnológico, pois este tem inovado os processos tradicionais
promovendo o crescimento da produtividade e obtenção de vantagens táticas e estratégicas
sobre a concorrência (Berger, 2003; Thomas, Costa, & Oliveira, 2016). Sendo que esta permite
coletar, armazenar, processar e disseminar os dados e por sua vez aplicar modelos económicos
e estatísticos para criar e avaliar transações, estimar distribuições de retorno ou de risco e tomar
decisões mais sensatas (Berger, 2003) no âmbito organizacional como no âmbito individual. Em
síntese, permitem a promoção de novos produtos e serviços, assim como permite gerir os fluxos
operacionais, suportar a tomada de decisões e quiçá, evoluir ou transformar a direção da própria
vida (Bernardo, 2014).
Com a tecnologia surge a Internet e o mercado eletrónico. O uso da internet sofreu um
crescimento exponencial entre 2000 e 2012 e desde 2005 foi designada por O’Reilly como WEB
2.0. numa primeira fase a WEB 1.0 permitiu a disponibilização da informação pelos usuários na
medida que, os intermediários foram eliminados nos fluxos comerciais. Por outro lado, o
desenvolvimento da WEB 2.0 permitiu que o próprio utilizador gozasse dum papel ativo no seu
desempenho e na construção da Internet.
A Internet despontou um novo fenómeno social, assim como um novo mundo de
colaboração e de comunicação tornando o mundo real mais pequeno e dinâmico. Mais de um
bilião de indivíduos em todo o mundo estão conectados e ligados a uma rede para criar,
colaborar e contribuir com os seus conhecimentos e sabedoria (Cheung, Chiu, & Lee, 2011;
Catarino, 2012). Consequentemente tem emergido ao longo dos últimos anos a importância da
existência de um canal eletrónico para as pessoas (Chiu, Wang, Fang, & Huang, 2014). A Internet
tornou-se a fonte principal na cadeia de valor do mercado e, muito devida à disponibilização de
informação de forma rápida e constante, promove novas abordagens de fluxo de informação por
exemplo pela promoção da Inteligência Coletiva ou da Economia de Partilha. A implementação
do processo de inteligência coletiva surge quando ocorre a circulação livre do conhecimento,
esta abordagem é uma nova forma de tornar o pensamento sustentável e deve-se à união de um
grupo de indivíduos, distribuídos em geografias diferentes, que colaboram digitalmente para a
realização de um objetivo, ou seja, ocorre a dispersão de dados e através de sinergia entre as
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pessoas atinge-se o objetivo final. A abordagem da inteligência coletiva tem sido usada por
diversas organizações para satisfazer as necessidades do mercado tais como: Google, Wikipedia,
YouTube, Netflix, Linux e Threadless, porém desenvolver e implementar sistemas de inteligência
coletiva não é fácil e nem todos os casos tem sucesso, na medida que se estende para além dos
domínios técnicos e culturais (Malone, Laubacher, & Dellarocas, 2010). A Economia de Partilha
também designado por consumo colaborativo, igualmente fomenta que o individualismo do
sujeito “eu” se transforme para a perspetiva coletiva “nós”. Na Economia de Partilha ocorre a
divisão de ativos e serviços por meio de troca monetária, permite que transação comercial com
um elevado grau de eficiência e de redução do desperdício de recursos subaproveitados entre
pessoas singulares ou coletivas, por exemplo Airbnb ou blablacar. Visto que o ativo é partilhado
leva a crer que existe maior disponibilidade e facilidade a utilizar bens ou serviços de uma forma
temporária (Schor, 2014; Fernandes, 2017).
Para além, da Internet promover o fluxo de informação, promove a partilha de
momentos e de factos, e isso tornou-se algo bastante popular, poderoso e diferenciador no
mercado. Em pesquisas anteriores, foi confirmado que o contexto em que a comunicação ocorre
é tão importante quanto os métodos de representação ou os próprios meios utilizados, pois a
partilha de dados, por exemplo pelo uso Trip Advisor e o Expedia pode promover diferentes
perceções e a opiniões. Pois, o contexto que a comunicação ocorre é tão importante quanto o
método de representação e meios utilizados (Morosan & DeFranco, 2016).
O surgimento de novos meios de comunicação fomentam a proximidade e eficácia da
tomada de decisão, muito derivado à recolha de partilhas de experiências e de conhecimentos
(Oliveira P. J., 2016). De facto, a Internet é um veículo poderoso de negócios, promovedor de
informação relevante, personalizada e acessível a tempo real (Catarino, 2012) e por isso permite
a promoção de uma variada gama de produtos e serviços, que podem ser utilizados de forma
livre e segura (Martins, Oliveira, & Popovič, 2014), bem como acompanhar enormes quantidades
de dados de uma forma mais económica a tempo real, visualizar os preços de uma forma mais
precisa e empregar modelos de gestão de riscos de uma forma mais eficaz (Berger, 2003).
Em pesquisa anteriores salienta-se que em primeiro lugar a intervenção eletrónica
impulsiona a eficácia e a poupança de recursos temporais e financeiros (Lee, 2009) e em segundo
lugar, é lhe conferida como o substituto seguro e efetivo das metodologias tradicionais (Pavlou
& Fygenson, 2006; Venkatesh, Thong, & Xu, 2012; Cobanoglu, Yang, Shatskikh, & Agarwal, 2015).
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Por exemplo no caso particular do setor de turismo, a informação disponibilizada propaga as
atrações de uma forma mais acessível e de uma forma mais aliciante tanto para residentes como
para os visitantes e ainda, disponibiliza os preços em diversas plataformas o que permite desse
modo compara-los eletronicamente. Por ventura, no setor de turismo, defende-se que as lojas
eletrónicas são mais económicas do que as tradicionais (Catarino, 2012).
Embora sejam poucas as empresas que garantem a fidelização num contexto eletrónico,
existe a preocupação institucional de complementar o seu negócio físico com a vertente
eletrónica (Catarino, 2012) na tentativa de reduzir custos negociação, melhorar o serviço ao
cliente (Martins, Oliveira, & Popovič, 2014) ou simplesmente inovar e testar o mercado (Berger,
2003). O mercado eletrónico pode facultar aos clientes quase todas as suas necessidades com a
mínima intervenção humana por 24 horas por dia, o que facilita a expansão a novos mercados
físicos, a criação de novas alianças ou parcerias e ainda, maiores índices de satisfação (Lee, 2009;
Catarino, 2012).
O comércio eletrónico é designado por (e-commerce) e é caracterizado por uma
negociação Business-to-Consumer (B2C) via Internet, isto porque envolve dois estágios distintos,
na fase inicial o consumidor obtém as informações e posteriormente prossegue com a transação
(Pavlou & Fygenson, 2006). Chiu (2014) na sua pesquisa salienta que as transações eletrónicas
carregam incertezas e riscos, por isso defende-se que a tomada de decisão dos indivíduos não
tem apenas em consideração a utilidade esperada e a racionalidade. Segundo Chiu (2014) o
comportamento do utilizador de Internet é justificado pela maximização de valor, tal como
defendido na teoria económica designada por teoria de Prospeto ou Teoria da Perspetiva. Esta
foi formalmente introduzida Kahneman e Tverksy (1979) e referenciada em 1950 por Simon e
Katona. Esta teoria complementa a teoria da utilidade esperada e assume que a escolha não-
racional, por via de os indivíduos adotar riscos e incertezas, assim a tomada de decisão realiza-
se por via de reflexão da probabilidade de sucesso e com base nas crenças, preferências e
influência social (Fisher & Montalto, 2010; Thaler, 2016).
Salienta-se que as transações digitais ocorrem através de aplicativos e ferramentas
desenvolvidos, tais como a Internet Banking ou Mobile Banking (Lee, 2009). No caso particular
do E-Banking, inicialmente surgiu no âmbito de promoção de informações comercial, porém com
o desenvolvimento tenológico, tornou-se o agente principal de intervenção com o cliente,
promovendo a autonomia individual e a poupança de recursos temporais. Na plataforma da
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Internet, o utilizador pode beneficiar de produtos que são exclusivos e com maiores níveis de
retornos do que nos canais tradicionais (Martins, Oliveira, & Popovič, 2014).
O mercado eletrónico é característico por disponibilizar diversas informações privadas
das quais incluem os dados monetárias e pessoais, na medida que existe um cuidado extremo
com a privacidade e com a segurança dos dados, desse modo enfatiza-se a necessidade de existir
confiança entre as partes envolvidas, pois a confiança é vista por diversos autores como a
característica central das interações económicas e sociais, e esta resulta da crença de que o
administrador atuará cooperativamente para cumprir as expectativas do cliente sem explorar as
suas vulnerabilidades (Pavlou & Fygenson, 2006; Berger, 2003). O comércio eletrônico tem
transitado com sucesso vários aspetos da experiência de compra física para um processo de
compra virtual, é de notar que todo o processo depende do desempenho e da performance das
ferramentas e das infraestruturas (Thomas, Costa, & Oliveira, 2016).
Apesar do recente aumento no uso da Internet (Martins, Oliveira, & Popovič, 2014) e da
diminuição dramática do custo de acesso à Internet (Punj, 2012) existem diversos indivíduos que
não se sentem confortáveis a utilizar este canal e, preferem usar o método tradicional (Martins,
Oliveira, & Popovič, 2014). Segundo pesquisas anteriores, a não utilização da tenologia pode
estar associada ao fato de o individuou a considerar como um bem acessório, por via de
desconhecimento dos benefícios ou ainda devido a valores intrínsecos às operações, tais como
associadas com preocupações de risco e incertezas, segurança e confiança (Lee, 2009). Além
disso, salienta-se como os inibidores do uso tenológico os indivíduos seniores e os menos
instruídos, por outro lado, os impulsionadores são indivíduos do género masculino e jovens (25-
34 anos) da classe média / alta ( (Venkatesh V. , Morris, Davis, & Davis, 2003; Brown & Venkatesh,
2005).
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2.3. Adoção do Comportamento de Poupança por via da Internet
Considerando o exposto acima, esta pesquisa é conduzida para descobrir o efeito da
tecnologia no comportamento financeiro dos portugueses. No início do estudo do
comportamento humano considerava-se que o mesmo era racional e que adviera da ponderação
consciente das desvantagens e vantagens, porém com o desenvolvimento dos tempos concluiu-
se que o comportamento depende de diversos fatores e que contém uma vasta componente
subjetiva (Venkatesh V. , Morris, Davis, & Davis, 2003; Fisher & Montalto, 2010; Thaler, 2016) .
No caso particular do comportamento financeiro, defende-se que é influenciada por diversos
fatores, por exemplo a nível interno realça-se a autoestima, a motivação, a aprendizagem, a
personalidade e o autoconceito, a nível externo realça-se a cultura, a classe e os grupos sociais,
as referências e a família (Arofah, Purwaningsih, & Indriayu, 2018).
A comunidade científica tem analisado desde a década de 1980 a aceitação e utilização
das ferramentas tenológicas em diferentes contextos sociais, nomeadamente o meio
organizacional, individual e familiar (Martins, Oliveira, & Popovič, 2014). Os diversos contextos
têm singularidades próprias, por exemplo, numa dimensão organizacional o uso pode resultar
de uma imposição contratual ao contrário do meio familiar onde se presume como um ato
voluntário (Brown & Venkatesh, 2005). A nível individual realça-se os modelos teóricos que
examinam a relação entre as crenças do utilizador, atitudes e intenções (Martins, Oliveira, &
Popovič, 2014).
Uma vez que o comportamento é influenciado pelo fim e pelas interações com meio
ambiente, os modelos desenvolvidos tiveram a particularidade de envolveram a área de sistemas
de informação, psicologia e sociologia (Venkatesh V. , Morris, Davis, & Davis, 2003). Numa
perspetiva financeira foi abordado o contexto de m-commerce, m-banking e m-payment através
de modelos como DOI, TPB, TAM, UTAUT, MATH, Valence Framework, IS Success Model e mais
recentemente por UTAUT2 (Slade, Williams, & Dwivedi, 2014).
No âmbito de perceber as intenções e o comportamento do utilizador num contexto
individual surge o modelo UTAUT2 e este é oriundo UTAUT e este consolida oito modelos
teóricos, nomeadamente:
a) TRA e TPB ambos de origem de Ajzen e Fishbein. Em 1975 surge o modelo TRA onde
sugere que o comportamento individual era totalmente racional e orientado pela
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intenção, que por sua vez a intenção era condicionada pela influência social e atitudes.
A intenção era reconhecida como o principal guia para o comportamento e durante
longos períodos não ocorreu qualquer extensão do mesmo. TRA é um modelo extraído
da literatura de psicologia social e teve impacto significativo na compreensão do
comportamento humano. Mais tarde, em 1991 surgiu o TPB introduzindo o controlo
comportamental percebido ao TRA (Venkatesh V. , Morris, Davis, & Davis, 2003;
Venkatesh, Thong, & Xu, 2012), isto é introduziu a variável que representa a facilidade
ou dificuldade percebida de realizar o comportamento (Martins, Oliveira, & Popovič,
2014). Em síntese, esta teoria defende que o comportamento provem das atitudes, das
normas subjetivas e do controle comportamental percebido (Brown & Venkatesh, 2005);
b) SCT de Bandura (1986) sugere que o comportamento dos indivíduos é baseado em
perceções cognitivas e segue a premissa de que o comportamento, as estruturas
cognitivas e os fatores ambientais são definidos reciprocamente (Venkatesh V. , Morris,
Davis, & Davis, 2003; Catarino, 2012);
c) TAM de Davis (1989) sugere que o comportamento dos indivíduos é Influência do pela
utilidade percebida e a pela facilidade percebida (Venkatesh V. , Morris, Davis, & Davis,
2003). Mais tarde em 2000, estende-se o modelo (TAM2) com mais três fatores sociais:
norma subjetiva, a voluntariedade e a imagem (Catarino, 2012) . O modelo TAM foi
projetado para prever a aceitação da tecnologia da informação e uso no trabalho
(Martins, Oliveira, & Popovič, 2014). Este modelo progrediu a construção das variáveis
de desempenho e expectativa de esforço no modelo UTAUT (Morosan & DeFranco,
2016);
d) MPCU de Thompson, Higgins e Howell (1991) sugere que o comportamento dos
indivíduos é baseado no TBA e pelas consequências esperadas de seu comportamento
(Venkatesh V. , Morris, Davis, & Davis, 2003);
e) IDT de Rogers (1995) sugere que o comportamento dos indivíduos é baseado em TBA e
cinco atributos de inovação que revelaram determinantes: vantagem relativa;
compatibilidade; complexidade, observabilidade e testabilidade (Venkatesh V. , Morris,
Davis, & Davis, 2003);
f) Modelo Combinado TAM-TPB, de Taylor e Tood (1995) surge na compilação dos
constructos da TPB e utilidade percebida do TAM (Venkatesh V. , Morris, Davis, & Davis,
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2003). Este modelo tem a particularidade de assumir que o nível de experiência
individual tem impacto na aceitação das tecnologias (Catarino, 2012);
g) MM de Vallerand (1997) sugere que o comportamento dos indivíduos é baseado na
motivação extrínseca e na motivação intrínseca. Assim os indivíduos adaptam-se e
utilizam a tenologia por causa de benefícios futuros (Venkatesh V. , Morris, Davis, &
Davis, 2003; Catarino, 2012).
Segundo aos autores o modelo UTAUT explicou 70% da variância de intenção de uso e
50% do uso real de uma tecnologia. Este modelo comporta quatro constructos determinantes na
intenção e no comportamento de uso, nomeadamente: a Expectativa de Desempenho, a
Expectativa de Esforço; a Influência Social, e Condições Facilitadoras. Os três primeiros
enunciados influenciam a intenção comportamental do uso e, por sua vez a intensão tem
impacto no próprio uso. Por último, o quarto constructo corresponde às Condições Facilitadoras
e têm impacto positivo na intenção e no próprio uso tecnológico. Adicionalmente , o modelo
incorpora quatro moderadores fundamentais: género, idade, experiência do indivíduo e
voluntariedade do uso (Venkatesh V. , Morris, Davis, & Davis, 2003). Em 2012 surge a extensão
do modelo UTAUT e surge o modelo UTAUT2, onde ocorre a inserção de três novos constructos:
Motivação Hedónica, Relevância do Preço e Hábito, a fim de perceber a aceitação e uso de
tecnologia por parte dos indivíduos no contexto do consumo, (Venkatesh, Thong, & Xu, 2012).
UTAUT2 representa uma estrutura teórica abrangente, complexa, com uma forte validação
empírica e com notoriedade na comunidade científica (Morosan & DeFranco, 2016) .
Esta pesquisa pretende obter a visão unificada da aceitação do utilizador, a fim de testar
a validade de seus constructos em Portugal e se a Internet influência a poupança individual.
Assim, esta pesquisa baseia-se no modelo UTAUT2 para melhor perceber o fenómeno de adoção
de tecnologias no comportamento de poupança, por tanto não se introduziu a variável
experiência porque apenas se avaliou um momento no tempo o observado e está presente os
moderadores género e idade. No seguimento desta seção, definimos cada um dos determinantes
da UTAUT2 num contexto de poupança.
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I. Expectativa de Desempenho (ED)
Em pesquisas anteriores, como na pesquisa de Venkatesh (2003) identificou-se que a
expectativa de desempenho é determinante para explicar a intenção comportamental e,
representa o grau que o indivíduo acredita que usar a internet potencializará o desenvolvimento
de reservas financeiras. Em suma, ED reflete a perceção do utilizador sobre a performance do
uso da Internet para aumentar a eficácia (Martins, Oliveira, & Popovič, 2014) da monitorização
e da avaliação de opções, que por ventura, promovam a poupança de recursos financeiros. A
expetativa de desempenho tem subjacentes atributos que exploram a eficiência, a velocidade e
a precisão do sistema para conclusão do objetivo proposto (Morosan & DeFranco, 2016) .
Segundo Martins (2014) o risco percebido afeta negativamente a expetativa de
desempenho, segundo o autor Chiu (2014) ED afeta negativamente a intenção, ou seja, se uma
pessoa deduzir que uma operação poderá ser um risco então dificilmente o indivíduo irá usar a
tenologia. Desse modo salienta-se a importância de existir a transparência e a confiança nas
operações.
H3: A Expectativa de desempenho (ED) tem impacto positivo na intenção de poupar
usando a tecnologia (IC).
II. Expectativa de Esforço (EE)
Em pesquisas anteriores concluiu-se que os consumidores preferem uma tecnologia fácil
e que promova a máxima eficiência (Godoe & Johansen, 2012) e por isso a rapidez das operações
é apreciada como um pré-requisito e como um recurso crítico de adoção de tenologias (Pavlou
& Fygenson, 2006). Apesar de que a velocidade da transação e eficiência dentro da cadeia de
processos depende de fatores de sistema e de infraestrutura para garantir o sucesso da mesma
(Morosan & DeFranco, 2016).
O facto de a Internet permitir que o consumidor economize é muitas vezes apontado
como a principal razão para a compra eletrónica. O consumidor eletrónico pode optar por se
concentrar no custo de pesquisa e economizar no tempo ou o beneficiar da pesquisa e
economizar recursos financeiros, por exemplo permite a consolidação de dados, permite que
não se gaste recursos em deslocações ou em espaços de estacionamento bem como na espera
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do check-out, bem como permite que o consumidor tenha maiores conhecimentos para tomar
decisões informadas e ponderadas (Pavlou & Fygenson, 2006; Punj, 2012).
Segundo Martins (2014) a Expetativa de Esforço (EE) influenciará negativamente o risco
percebido, ou seja, se uma pessoa aduzir que uma operação poderá ser um risco então
dificilmente o indivíduo irá usar a tenologia. No presente estudo EE representa a avaliação
individual do grau de facilidade ou de dificuldade associado ao uso da Internet para economizar
reservas financeiras e, com base a pesquisas anteriores EE é mais saliente para as mulheres e por
indivíduos mais velhos (Venkatesh V. , Morris, Davis, & Davis, 2003; Morosan & DeFranco, 2016).
Este constructo nem sempre demonstra uma relação direta com a intenção de uso, muito devido
aos resultados inconclusivos de pesquisas passadas (Morosan & DeFranco, 2016).
H4: O EE tem impacto positivo na intenção de poupar usando a tecnologia ( IC).
III. Influência Social (IS)
Este constructo tem uma longínqua origem nas teorias comportamentais de Fishbein e
Ajzen (1975). Este constructo desempenha um papel importante na determinação de um
comportamento em vários domínios e inicialmente foi empregue no modelo TRA denominado
por normas subjetivas do comportamento (Brown & Venkatesh, 2005). A influência social é
apreciada como um preditor significativo no modelo original da UTAUT bem como no modelo
UTAUT2 (Venkatesh V. , Morris, Davis, & Davis, 2003; Morosan & DeFranco, 2016).
A influência social representa o impacto da aprovação de um determinado
comportamento por um determinado grupo de referência social (Morosan & DeFranco, 2016),
presume-se que a opinião alheia e os círculos sociais têm impacto na atitudes e ações produzidas
e, em muitos casos a pressão social pode alterar uma premissa individual e promover um
determinado comportamento. O impacto de IS surge através de três mecanismos: conformidade,
internalização e identificação (Venkatesh V. , Morris, Davis, & Davis, 2003; Venkatesh, Thong, &
Xu, 2012) e pode ter origem de amigos e família, de fontes secundárias ou de referências
profissionais (Brown & Venkatesh, 2005). Unanimemente defende-se que a família é considerada
como um contexto importante, muito devido à complexidade de tomada de decisões
domésticas, bem como defende-se que a IS é mais saliente para as mulheres por serem mais
sensível às opiniões dos outros e por indivíduos mais velhos (Venkatesh V. , Morris, Davis, &
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Davis, 2003; Venkatesh, Thong, & Xu, 2012). Nesta pesquisa pretende-se perceber, se a perceção
do uso da Internet para a poupança é influenciada pela interação social.
H5: IS tem impacto positivo na intenção de economizar reservas financeiras através do
uso de tecnologias nomeadamente a internet (IC).
IV. Condições Facilitadoras (CF)
As condições facilitadoras (CF) representam a perceção do grau do meio ambiente
existente, isto é, e se o meio facilita a conclusão da tarefa usando tecnologias. Este constructo
está presente no modelo UTAUT e no UTAUT2 e foi considerado com um preditor significativo
das intenções de usar (Baptista & Oliveira, 2015). CF tem a particularidade de atuar como um
controle comportamental percebido, nos termos da teoria de comportamento planeado (TPB) e,
influenciar de uma forma direta a intenção de preservar recursos financeiros e o comportamento
da adoção do uso de tecnologia (Venkatesh, Thong, & Xu, 2012) para preservar recursos
financeiros.
As condições facilitadoras podem representar as restrições de comportamento,
nomeadamente as capacidades e limitações internas do indivíduo como a autoeficácia. Pode
ainda representar restrições externas por exemplo as restrições ambientais (Brown & Venkatesh,
2005) e fatores de sistema e de infraestrutura (Morosan & DeFranco, 2016). O ambiente
disponível a cada consumidor variar significativamente e presume-se que o indivíduo que tenha
condições favoráveis é mais provavelmente que adote o comportamento (Venkatesh, Thong, &
Xu, 2012). Para diminuir as diferenças sociais tenológicas surgiu o desenvolvimento de políticas
promotoras de tenologia por exemplo disponibilizou-se Internet nas escolas, nas faculdades, nas
bibliotecas públicas que reduziram substancialmente as falhas digitais (Punj, 2012).
Detalhadamente em 2016 realçou-se que 85% das famílias europeias tinham acesso à Internet
em casa (Eurostat, 2017). Além de ter o acesso às Internet, o próprio meio eletrónico promove
que o agente tenha um estado vulnerável particular, muito devido ao facto de estar inserido num
ambiente propício a fraude (Pavlou & Fygenson, 2006).
No âmbito monetário entre consumir e poupar, a ação mais aliciante é consumir,
portanto o fator determinante para o comportamento de poupança é o autocontrolo além disso,
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os recursos monetários disponíveis afetam as CF, quanto maior o rendimento maior será a
facilidade de obter informações promotoras de poupança individual (Pavlou & Fygenson, 2006).
Em pesquisas prévias sugere CF é mais saliente por indivíduos mais novos e do género
masculino, visto que os mais velhos tendem a enfrentar mais dificuldades no processamento
informações novas ou complexas, afetando assim a sua aprendizagem de novas te cnologias e
porque as mulheres tendem a colocar maior ênfase em fatores externos de suporte (Venkatesh
V. , Morris, Davis, & Davis, 2003; Venkatesh, Thong, & Xu, 2012).
H6: A CF tem impacto positivo na intenção de economizar reservas financeiras através
do uso de tecnologias (IC), nomeadamente a Internet. Adicionalmente o género e o rendimento
vão moderar o efeito, de modo que será mais forte para indivíduos dos géneros masculino com
alto rendimento.
H7: A CF tem impacto positivo no comportamento de economizar reservas financeiras
através do uso de tecnologias (U), nomeadamente a Internet. Adicionalmente o género e o
rendimento vão moderar o efeito de modo que será mais forte para indivíduos do género
masculino com alto rendimento.
H8: A CF tem impacto positivo na motivação de economizar reservas financeiras através
(MP). Adicionalmente o género e o rendimento vão moderar o efeito de modo que será mais forte
para indivíduos do género masculino com alto rendimento.
V. Motivações Hedónicas (MH)
Inicialmente a tenologia foi projetada numa orientação objetiva e direcionada à tarefa,
onde o foco da adoção era a premissa de fatores utilitários. Posteriormente, a filosofia de designe
alterou e adotou-se aos consumidores individuais, a tenologia deixou de ser apenas para
completar as tarefas, mas também para entretenimento e lazer. O constructo motivações
hedónica é uma componente introduzida no modelo UTAUT2 e moderada pelo género (Morosan
& DeFranco, 2016). Este constructo representa a perceção do grau de diversão e ou ao prazer
proporcionado ao indivíduo pelo uso da Internet para economizar reservas financei ras e em
estudos anterior foi realçada como algo fulcral no âmbito não organizacional e impulsionada pelo
prazer da inovação e da novidade. Defende-se que há medida que se conhece o produto a
atratividade da novidade diminuiu levando a níveis de prazer mais baixo e contrariamente os
- 24 -
níveis de funcionalidade aumentam para fins mais pragmáticos, para fins de eficiência ou
eficácia. Assim, a motivação hedónica desempenha um papel menos importante na
determinação do uso da tecnologia com o aumento da experiência. Além disso, em pesquisas
anteriores conclui-se que o homem mais jovem tem maior impacto positivo devido ao fato de
ter uma maior tendência para novidade e inovação (Venkatesh, Thong, & Xu, 2012).
H9: A MH tem impacto positivo na intenção de economizar reservas financeiras através
do uso de tecnologias (IC), nomeadamente a Internet.
VI. Preço Financeiro Associado (PF)
O constructo PF é um componente introduzido no modelo UTAUT2 e relaciona o custo
associado à obtenção de um produto ou serviço e o uso da tenologia para poupar. Corresponde
ao custo da aquisição de internet e dos dispositivos que permitem usar a Internet para
economizar reservas financeiras. Este constructo faz sentido num contexto individual porque
assume-se que o preço tem impacto positivo se, os benefícios de usar uma tecnologia forem
superiores ao custo monetário, em pesquisas anteriores defende -se que a idade e o género têm
impacto na perceção do preço (Venkatesh, Thong, & Xu, 2012).
H10: P tem impacto positivo na intenção de economizar reservas financeiras através do
uso de tecnologias (IC), nomeadamente a Internet.
VII. Hábito (HT)
Este constructo foi introduzido no modelo UTAUT2 (Venkatesh, Thong, & Xu, 2012) e
reflete a frequência de comportamento automático motivado pela aprendizagem. O hábito está
associado à aprendizagem do conhecimento e a sua reiterada e continuada realização (Morosan
& DeFranco, 2016). Em pesquisas anteriores, realça-se que o hábito tem um efeito moderador
na previsão de aceitação dos consumidores online, tanto para obtenção de informações como
para as compras online (Pavlou & Fygenson, 2006).
Recentes pesquisas económicas introduziram esta variável em modelos económicos e
foi evidenciado que aumenta a taxa de crescimento de poupança a longo prazo, dado que
aumenta a disposição dos consumidores a pouparem no presente para o consumo no futuro
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(Carroll, Overland, & Weil, 2000). Em pesquisas anteriores, o hábito de poupança também foi
incluído como variáveis independentes, por exemplo no estudo de aposentadoria de Malroutu
& Xiao (1995) e por isso, atualmente na literatura assume-se que os hábito e, por sua vez os
motivos de preservar estão diretamente ligados ao comportamento de poupança (Fisher &
Anong, 2012). No seguimento da pesquisa Arofah (2018) realça-se que existe vários fatores que
podem afetar os hábitos financeiros, nomeadamente os fatores económicos, as relações
familiares e de amizade, habilidades cognitivas, a cultura, a comunidade e as instituições. Neste
estudo pretende-se analisar se a perceção do uso da Internet para economizar reservas
financeiras é Influência da pelo hábito de poupar.
H11: O HT tem impacto positivo na intenção (IC) de economizar reservas financeiras
através da Internet.
H12: O HT tem impacto positivo no comportamento (U) economizar reservas financeiras
através da Internet.
H13: O HT tem impacto positivo nos motivos de poupança (MP) e adicionalmente o
género vai moderar o efeito de modo que o efeito será mais forte entre os homens.
VIII. Intenção Comportamental (IC)
Desde 1920 que se tem se desenvolvidos pesquisas com o intuito de perceber a temática
do comportamento humano. De acordo com Ajzen (1991) a intenção resulta da vontade
individual de agir e por isso considera-se que é a predecessora do comportamento (Pavlou e
Fygenson, 2006). Em pesquisas anteriores realça-se que a intenção influência o comportamento
de uma forma direta e por isso é a chave para perceber o comportamento. Segundo Muzikante
(2018) é algo funcional que permite a rápida tomada de decisão, pois esta representa as
probabilidades de respostas comportamentais a uma dada ação. Por outro lado, defende-se que
apesar da existência de uma predisposição para ocorrer um evento, não quer proferir que ele vá
mesmo acontecer (Morosan & DeFranco, 2016). De qualquer forma, o constructo intenção
comportamental tem sido amplamente empregue em diversos modelos científicos.
Em evidências passadas a intenção tem um impacto significativo no comportamento de
uso (U) (Venkatesh, Thong, & Xu, 2012) e neste contexto a intenção comportamental representa
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o propósito da ação do comportamento relativo ao uso da Internet para economizar reservas
financeiras.
H14: Intenção de economizar reservas financeiras através do uso de tecnologias,
nomeadamente a Internet tem impacto positivo no comportamento (U) de economizar reservas
financeiras através do uso de tecnologias. De modo que o efeito será mais forte entre quem tem
maior motivação para poupar bem como maior rendimento.
IX. Moderador – Género (G)
O conceito género pode ser objeto de duas definições, no âmbito biológico ou numa
vertente psicológica. Nesta pesquisa assenta na premissa da definição biológica. As diferenças
de género na adoção de tecnologia individual e nas decisões de uso são uma questão importante
para os psicólogos organizacionais (Venkatesh, Morris, & Ackerman, 2000; Venkatesh, Morris, &
Ackerman, 2000). Esta é uma variável presente no modelo UTAUT e UTAUT2 e está subjacente
que tem influência significativa na aceitação e na adoção da internet. Com base a pesquisas
anteriores, crê-se que o género masculino tende a ser mais independente, competitivo, objetivo
e a ser mais persistentes a superar diferentes constrangimentos e dificuldades para prosseguir
os seus objetivos, enquanto as mulheres tendem a ser mais interdependentes, cooperativa e
direcionadas para os detalhes e para as pessoas. O género feminino tipicamente é mais
responsável e cuidadoso com o dinheiro (Venkatesh V. , Morris, Davis, & Davis, 2003; Venkatesh,
Thong, & Xu, 2012; Martins, Oliveira, & Popovič, 2014) .
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2.4. Modelo Conceptual Proposto
H3
H4
H5
H6
H7
H9
H10
H11 H12
H1
H2
ED
EE
IS
CF
MH
PF
HT
MP
Figura 1 – Modelo concetual Proposto
G R
IC
U H8 H13
H14
G R
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3. Metodologia
Na sequência do Capítulo II, onde se descreveu o modelo conceptual e as hipóteses de
investigação, apresenta-se de seguida abordagem metodológica. Esta é uma dissertação
fortemente alicerçada por uma investigação qualitativa e quantitativa num contexto consumo
da população portuguesa.
3.1. População e Amostra
O público-alvo desta pesquisa é direcionado a indivíduos português na fase adulta, ou
seja, cidadãos com mais de 18 anos. Do universo sujeito ao instrumento de pesquisa obteve-se
220 respostas e sendo que 128 foram de Mulheres. O tamanho da amostra seguiu a termologia
da pesquisa de Nascimento e Macedo (2010) onde defende que a volumetria dos dados não
deve ser sustentada com apenas 100 observações e caso de 200 observações já é considerado
como um bom contributo. Uma vez que este critério foi atingido assegura-se a validade do
número de amostra.
3.2. Coleta de Dados
Dado o objetivo de traçar o perfil do economizador português foi necessário a obtenção
de dados quantitativos por via dum questionário e, o mesmo foi disponibilizado via Internet com
recurso à plataforma Google Form. O questionário foi elaborado em língua portuguesa e com
itens validados em pesquisas anteriores, nomeadamente adaptado às tecnologias e à poupança.
O instrumento de pesquisa foi desenvolvido, em grande medida, a partir da literatura de
Venkatesh (2012) e de Browning e Lusardi (1996) conforme a hipótese a tratar conforme Tabela
9. Em síntese a construção do questionário, baseou-se na em grande medida na literatura de
Venkatesh (2012) nomeadamente na variável expectativa de desempenho – ED; expectativa de
esforço – EE; Influência Social – IS; Condições Facilitadoras – CF; Motivação Hedônica – MH, Preço
Financeiro associado – PF; Hábito-HT; Intenção Comportamental - IC; Comportamento de adoção
– U. A pesquisa de Tam e Oliveira (2017) foi empregues mais concretamente no constructo U e,
Brown e Venkatesh (2005) foi empregues mais concretamente para distinguir a influência social.
Adicionalmente baseou-se na literatura de Browning e Lusardi (1996) para definir as motivações
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de poupança conforme na Tabela 1. Em síntese, nesta pesquisa, existem dez constructos, dos
quais nove consistem de o carácter independentes (ED; EE; IS; CF; MH; PF; HT; IC; MP) e um
carácter dependente (U).
Adicionalmente ainda se incluiu o género; o grau de escolaridade, o número de
indivíduos do agregado; a profissão e o rendimento mensal (Individual). Realça-se que nesta
pesquisa assume-se que existe igualdade de género entre os direitos sociais e, desse modo
tratou-se a variável rendimento de forma igual para todo o universo. O moderador Rendimento
(R), teve a particularidade de ter sido baseado no Inquérito às Despesas das Famílias 2015/2016
do Instituto Nacional de Estatística (página 22) e assim dividiu-se o rendimento por 6 categorias
nomeadamente: Até 565,83€; de 565,84€ a 1.131,67€; de 1.131,68€ a 1.697,50€; d e 1.697,51€
a 2.263,33€; de 2.263,34€ a 3.395,00€; superior a 3.395,01€
O questionário foi construído de forma a ser objetivo e claro, com resposta de escolha
múltipla e a maioria dos itens foi medida através de escalas Likert de sete pontos, onde o
discordo totalmente representa o número 1 e o concordo totalmente (o número máximo)
representa número 7, tal como a termologia de Venkatesh (2012). Após a construção do
questionário realizou-se um teste piloto (estudo piloto com 30 indivíduos) com o intuito de
analisar a desempenho dos respondentes, bem como testar a confiabilidade e validade das
escalas. Uma vez que o feedback do professor e dos inqueridos foi positiva, bem como as
evidências preliminares mostraram que as escalas eram confiáveis e válidas, as respostas foram
incluídas no estudo na pesquisa principal.
O questionário foi entregue exclusivamente através de correio eletrónico, via correio
eletrónico, de forma a garantir que o inquerido era um usurário de tecnologia e de Internet. Cada
participação foi anónima e corresponde ao preenchimento de 52 questões, das quais 5 não
foram integradas na análise do estudo, isto porque preferiu-se uniformizar o estudo aplicado
apenas variáveis reflexivas e não formativas. O questionário que consubstancia o presente
estudo foi composto por dez constructos e é estruturado em três grupos de questões. O primeiro
grupo caracteriza a intenção nomeadamente as ED; EE; IS; CF; MH; PF; HT; IC; U. O segundo grupo
detém os nove motivos de poupança e, por fim as informações gerais e características
demográficas. Sendo que estas são a chave para caracterizar o perfil dos participantes em
estudo.
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Por último, perguntou-se grau de conhecimento relativo ao tema em estudo e grau de
conhecimento relativo à NOVA IMS – ISEGI. A coleta de dados foi em Portugal, e a participação
no estudo foi voluntária e a indivíduos de diferentes contextos (54% responderam que tinham
conhecimento limitado da Nova IMS), os dados foram recolhidos entre janeiro e março de 2018
e obtendo 220 respostas validas. Inicialmente foi enviado o correio eletrónico a conhecidos e
solicitou-se que os mesmos partilhassem o link aos seus conhecidos. Os dados foram
armazenados na plataforma Google Form e posteriormente foram armazenados numa tabela
única e examinados com recurso SmartPLS, em virtude de não ser necessário alcançar a
normalidade dos dados.
3.3. Análise de dados - PLS-SEM
Para melhor analisar os dados utilizou-se o a Modelagem de Equações Estruturais com
Mínimos Quadrados Parciais (Partial Least Squares Structural Equation Modeling - PLS-SEM)
através do software “SmartPLS 3”, isto porque a abordagem PLS é eficaz com amostras reduzidas.
A modelagem de equações estruturais (SEM) é um procedimento estatístico aplicado
desde o final dos anos 70 que envolve um conjunto de técnicas estatísticas multivariadas. SEM
tem sido empregue em diversos modelos empíricos de literatura internacional em diversas
disciplinas, tais como: na gestão estratégica, gestão sistemas de informação, e-business,
comportamento organizacional (Henseler, Ringle, & Sinkovics, 2009; Hair, Tatham, Anderson, &
Black, 2005). SEM permite analisar, evidenciar as relações, as semelhanças e diferenças
existentes entre as variáveis do estudo empírico (Baptista & Oliveira, 2015), em suma é uma
técnica estatística adequada para modelar relações causais complexas com múltiplos
dependentes e independentes entre as variáveis latentes, ao longo dos anos tem crescido a sua
popularidade muito devido à capacidade avaliar a medição de variávei s latentes e as suas
relações. A aplicação deste método pode envolver uma abordagem baseada em covariância (CB-
SEM), ou envolver a técnicas baseadas em variância mínima quadrados parciais (PLS-SEM).
- 31 -
4. Resultados e Discussão
Na sequência do Capítulo III, onde se descreveu a metodologia de investigação, segue-
se a exposição dos dados adquiridos na análise. Inicia-se a secção com a exposição dados do
perfil do inquerido e de seguida procede-se com a validação dos dados extraídos do Software
SmartPLS 3, por fim persegue a discussão crítica.
4.1. Análise de Dados Gerais
Os entrevistados estavam bem informados sobre o objetivo do inquérito e sobre a o que
sugere que os dados sejam de boa qualidade. No seguimento da conclusão da recolha de dados
efetuou-se um conjunto de estatísticas descritivas através da análise exploratória, o que permitiu
isolar as estruturas e padrões relevantes dos participantes, conforme a Tabela 2.
Tabela 2 - Informações Gerais e Características Demográficas
- Descrição Frequência Percentagem %
Idade
<25 44 20%
25-35 84 38%
36-50 71 32%
> 50 21 10%
Género Feminino 128 58%
Masculino 92 42%
Ensino básico 2 1% Grau de Escolaridade Ensino secundário 41 19%
Ensino Superior 177 80%
1-2 72 33% Agregado Familiar 3-4 131 60%
5-7 13 8%
Grau de conhecimento do
tema
1-2 43 20%
3-4 78 35%
5-7 99 45%
- 32 -
4.2. Validação dos dados
As próximas subseções relatam a validade dos dados, após de se concluir com o processo
de conexão entre os constructos realizou-se a avaliação da qualidade dos resultados por duas
secções. A primeiro representa o modelo de mensuração com o intuito de avaliar a consistência
interna, a confiabilidade dos indicadores, a validade convergente, a validade discriminante e em
segundo o modelo estrutural. O modelo de mensuração tem o intuito de confirmar e certificar
que os itens de cada constructo têm precisão com a respetiva termologia. Por outro lado, o
modelo estrutural tem o intuito de explicar as relações (Henseler, Ringle, & Sinkovics, 2009).
I. Modelo de Mensuração
O modelo de mensuração tem o intuito de verificar a validade e confiabilidade dos das
relações entre os constructos e indicadores. A qualidade constructos depende se os mesmos são
formativos ou reflexivos. No presente estudo, optou-se por se concentrar apenas em constructos
reflexivos, por outras palavras, as variáveis latentes são caracterizadas por serem observáveis e
por manifestam o efeito nos constructos, na medida que as variáveis gozam de uma relação
positiva. Posto isto, prossegue-se com apresentam dos resultados do modelo de Mensuração
(conforme Tabela 3, Tabela 4 e na Tabela 5) incluindo informações sobre confiabilidade, validade,
correlações e cargas fatoriais, resumidamente os dados detêm validade de consistência interna,
discriminante e de convergência.
No seguimento da validação de confiabilidade examina-se os valores de dois testes: o
Alfa de Cronbach (CA) e a Confiabilidade Composta (CR) sendo que estes indicadores devem
variar entre 0 a 1, de modo quanto mais próximo de 1 maior será a confiabilidade . CA quantifica
a confiabilidade e consistência interna de cada constructo, por outro lado, CR valida
confiabilidade e consistência interna do aglomerado, se a amostra e se as respostas em seu
conjunto são confiáveis. Os valores CR são destacados na comunidade científica como algo
crucial, uma vez que engloba na análise as diversas cargas. O intervalo do CR deve-se enquadrar
entre 0,60 e 0,70 para serem considerados adequados em pesquisas exploratórias, nos restantes
casos deve-se enquadrar no intervalo 0,70 e 0,90 para serem considerados adequados (Henseler,
Ringle, & Sinkovics, 2009; Venkatesh, Thong, & Xu, 2012; Martins, Oliveira, & Popovič, 2014;
Nascimento & Macedo, 2016). Na Tabela 3 pode-se visualizar que CR e CA estão acima do limiar
- 33 -
esperado de 0,7 em todos os itens e nesse caso depreende-se que existe consistência nos dados,
o que revela a adequabilidade do modelo proposto.
Adicionalmente realiza-se a validação convergente, isto é, valida-se o grau de correlação
entre variáveis do mesmo conceito, para isso aplica-se utilização do critério Fornell-Larcker
preposto em 1981. Os pesquisadores consideram que para ser uma boa relação a variável latente
a VME (Variância Média Extraída) a mesma deve ser superior a 50%, em virtude de explicar mais
de metade da variância de seus indicadores, (Henseler, Ringle, & Sinkovics, 2009; Martins,
Oliveira, & Popovič, 2014). Por via da análise da Tabela 3, conclui-se que a correlação existente
entre as variáveis latentes e a VME está acima do limiar, ou seja, as cargas cruzadas são inferiores
às cargas de cada indicador e superior a 50%. O que permite aduzir que o constructo relaciona o
que é suposto relacionar e que se cumpre com requisito exigido, sugerindo validade
convergente.
No seguimento da validação de confiabilidade da validação convergente segue-se a
validação discriminante. No caso de modelagem de equações estruturais baseadas em variância,
como mínimos quadrados parciais, a avaliação da validade discriminante é um pré-requisito
geralmente aceito para analisar relacionamentos entre variáveis latentes, caso se a validade
discriminante não for estabelecida, os pesquisadores não podem aduzir certezas de que os
resultados confirmam as hipóteses ou se são apenas o resultado de discrepâncias estatísticas. A
avaliação da validade discriminante verifica o grau que o constructo é verdadeiramente único
dos restantes constructos no modelo (Henseler, Jörg; Ringle, Christian M.; Sarstedt, Marko,
2015). Para tal verificou-se a validade através da avaliação das cargas cruzadas (cross-loadings)
por via da Tabela 4 e, uma vez que a carga dentro dos respetivos constructos (células pintadas a
verde) são superiores às cargas das variáveis dos demais constructos (Henseler, Jörg; Ringle,
Christian M.; Sarstedt, Marko, 2015), induz-se que existe validação discriminante. De seguida,
segue-se a avaliação do critério Fornell-Larcker (1981) visível na Tabela 3. Para satisfazer critério
Fornell e Larcker (1981) deve se comparar a média extraída de cada construção (VME) com suas
correlações (Henseler, Jörg; Ringle, Christian M.; Sarstedt, Marko, 2015). Por via da análise da
Tabela 3 sugere que existe validade discriminante porque os elementos da diagonal contêm
valores superiores às correlações constructos (células pintadas a laranja).
Por último, a validação discriminante ocorre por via da avaliação da relação da
Heterotrait-Monotrait (HTMT) visível na Tabela 5. O método HTMT é a nova abordagem para
- 34 -
avaliar a validade discriminante e, a vantagem desta abordagem é que demonstra uma
estimativa da correlação entre os indicadores, o que permite uma interpretação direta. A Tabela
5 demostra que o valor de HTMT e pode-se concluir que é claramente menor que um e inferior
ao limiar de 0,85 conferindo à correlação a validade discriminante entre os dois constructos
(Henseler, Ringle, & Sinkovics, 2009; Henseler, Jörg; Ringle, Christian M.; Sarstedt, Marko, 2015).
Tabela 3 - Critério Fornell-Larcker: Estatística Descritiva, Correlações e VME ’s:
VME SD CA CR ED EE IS CF HM PF HT IC MP R G U
PE 0,87 0,02 0,92 0,95 0,93
EE 0,86 0,02 0,92 0,95 0,70 0,93
SI 0,73 0,03 0,94 0,95 0,56 0,54 0,86
CF 0,80 0,03 0,92 0,94 0,51 0,69 0,53 0,89
HM 0,90 0,02 0,95 0,97 0,52 0,64 0,52 0,58 0,95
PF 1,00 0,00 NA NA 0,38 0,43 0,39 0,47 0,39 NA
HT 0,84 0,02 0,90 0,94 0,54 0,67 0,58 0,62 0,66 0,41 0,92
IC 0,95 0,01 0,97 0,98 0,64 0,70 0,61 0,67 0,65 0,39 0,81 0,97
MP 0,74 0,03 0,96 0,96 0,52 0,49 0,59 0,49 0,62 0,43 0,61 0,65 0,86
R 1,00 0,00 NA NA 0,13 0,17 0,12 0,16 0,05 0,00 0,23 0,22 0,06 NA
G 1,00 0,00 NA NA 0,09 0,14 0,15 0,13 0,01 -0,02 0,09 0,10 0,04 0,28 NA
U 0,91 0,01 0,95 0,97 0,62 0,70 0,57 0,70 0,66 0,40 0,82 0,86 0,65 0,25 0,13 0,96
Notas:
1. CA - Cronbach's Alpha
2. CR - Confiabilidade Composta (Composite Reliability)
3. SD - Desvio padrão;
4. Elementos da diagonal representa a raiz quadrada da VME;
5. Elementos fora da diagonal são correlações;
6. ED - Expectativa de Desempenho; EE-Expectativa de Esforço; IS-Influência Social;
CF-Condições Facilitadoras; MH - Motivação Hedónica; PF- Preço Financeiro
Associado; HT – Hábito; IC - Intenção Comportamental; MP-Motivações de
Poupança; R – Rendimento; U - Comportamento de Uso; NA - Não Aplicável; G -
Género Masculino;
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Tabela 4 – Cargas fatoriais - PLS Loadings e Cross-Loadings
Constructo Item ED EE IS CF HM PF HT IC MP
Expetativa de Desempenho (ED)
ED1 0,91 0,71 0,47 0,50 0,48 0,36 0,52 0,62 0,41
ED 2 0,94 0,62 0,57 0,47 0,50 0,33 0,50 0,59 0,51
ED 3 0,94 0,63 0,51 0,45 0,48 0,37 0,48 0,57 0,53
Expetativa de esforço (EE)
EE1 0,64 0,92 0,49 0,66 0,57 0,43 0,57 0,60 0,45
EE2 0,64 0,94 0,51 0,68 0,62 0,42 0,64 0,66 0,44
EE3 0,67 0,93 0,52 0,60 0,59 0,37 0,65 0,67 0,48
Influência Social (IS)
IS1 0,49 0,46 0,88 0,49 0,46 0,36 0,45 0,50 0,51
IS 2 0,50 0,46 0,91 0,45 0,45 0,30 0,50 0,54 0,50
IS 3 0,51 0,48 0,91 0,49 0,48 0,36 0,54 0,58 0,54
IS 4 0,49 0,51 0,91 0,45 0,43 0,37 0,49 0,52 0,51
IS 5 0,44 0,42 0,87 0,37 0,40 0,37 0,51 0,47 0,50
IS 6 0,44 0,44 0,69 0,45 0,43 0,26 0,50 0,51 0,47
IS 7 0,47 0,49 0,80 0,45 0,47 0,32 0,49 0,50 0,49
Condições Facilitadoras (CF)
FC 1 0,46 0,63 0,43 0,88 0,50 0,40 0,51 0,59 0,39
FC 2 0,44 0,66 0,51 0,91 0,55 0,42 0,65 0,63 0,46
FC 3 0,47 0,62 0,45 0,93 0,54 0,41 0,54 0,61 0,44
FC 4 0,45 0,57 0,50 0,86 0,49 0,43 0,52 0,56 0,46
Motivações Hedónicas (HM)
HM1 0,51 0,62 0,48 0,56 0,97 0,35 0,65 0,63 0,60
HM2 0,52 0,64 0,51 0,60 0,95 0,39 0,64 0,67 0,60
HM3 0,46 0,57 0,50 0,50 0,93 0,37 0,59 0,55 0,57
Preço Financeiro (PF) PF 0,38 0,43 0,39 0,47 0,39 1,00 0,41 0,39 0,43
Hábito (HT)
HT1 0,55 0,70 0,60 0,65 0,66 0,43 0,95 0,81 0,60
HT2 0,35 0,47 0,45 0,41 0,52 0,33 0,84 0,59 0,51
HT3 0,53 0,64 0,53 0,62 0,62 0,36 0,95 0,79 0,56
Intenção Comportamental (IC)
IC1 0,64 0,70 0,58 0,67 0,65 0,38 0,78 0,97 0,61
IC 2 0,60 0,64 0,59 0,62 0,61 0,35 0,78 0,97 0,62
IC 3 0,63 0,69 0,60 0,67 0,64 0,40 0,80 0,98 0,65
Motivação de Poupança (MP)
MP1 0,51 0,47 0,54 0,50 0,58 0,37 0,58 0,64 0,90
MP2 0,47 0,45 0,52 0,49 0,59 0,35 0,57 0,61 0,87
MP3 0,54 0,53 0,55 0,53 0,64 0,40 0,62 0,68 0,90
MP4 0,51 0,50 0,57 0,50 0,56 0,43 0,57 0,65 0,90
MP5 0,44 0,43 0,52 0,40 0,55 0,37 0,53 0,55 0,90
MP6 0,40 0,39 0,52 0,38 0,51 0,35 0,50 0,51 0,88
MP7 0,30 0,26 0,40 0,21 0,37 0,37 0,39 0,32 0,69
MP8 0,39 0,34 0,42 0,34 0,47 0,36 0,46 0,45 0,82
MP9 0,34 0,28 0,47 0,31 0,44 0,35 0,38 0,43 0,84
Notas:
Representam PLS Loading os restantes apresentam as cargas cruzadas (Cross-Loadings)
- 36 -
Tabela 5 – Heterotrait-Monotrait Ratio (HTMT)
Constructo PE EE SI CF HM PF HT IC MP U
ED -
EE 0,78 -
IS 0,60 0,58 -
CF 0,56 0,75 0,57 -
HM 0,56 0,68 0,55 0,62 -
PF 0,40 0,45 0,40 0,49 0,40 -
HT 0,58 0,72 0,63 0,67 0,71 0,43 -
IC 0,67 0,73 0,64 0,71 0,68 0,40 0,85 -
MP 0,54 0,51 0,62 0,51 0,64 0,44 0,64 0,65 -
U 0,66 0,75 0,60 0,75 0,70 0,41 0,87 0,90 0,66 -
Notas:
ED - Expectativa de Desempenho;
EE-Expectativa de Esforço;
IS - Influência Social;
CF-Condições Facilitadoras;
MH-Motivação Hedónica;
PF-Preço Financeiro Associado;
HT-Hábito;
IC-Intenção Comportamental;
MP-Motivações de Poupança;
R – Rendimento;
U-Comportamento de Uso;
- 37 -
II. Modelo Estrutural
Na secção anterior descreveu-se a satisfação dos critérios da validação de
confiabilidade, da validade convergente e da validade discriminante dos constructos, por outras
palavras avaliou-se, se os constructos são significativos e, se medem o espectável, segue-se com
a avaliação da componente do modelo estrutural. Neste âmbito analisa-se as relações entre os
constructos para perceber o fenómeno da temática em estudo.
O modelo estrutural contém os constructos do modelo empírico UTAUT2 e,
adicionalmente foi introduzido as Motivação de Poupança (MP). Para perceber a validade do
modelo mediu-se os coeficientes de determinação R Square (R2), a relevância preditiva (Q2), o
tamanho e a significância dos coeficientes de caminho (Path Coefficients também conhecido por
β-value) e por último, mediu-se o efeito (f2) (q2) (Nascimento & Macedo, 2016). O valor de R2
deve divergir entre 0 e 1, sendo que o valor 1 indica maior eficácia. Em síntese, os valores
próximos a 0,25, 0,50 ou 0,75 são apreciados respetivamente de grau: fraco, moderado e alto
(Hair, Sarstedt, Hopkins, & G. Kuppelwieser, 2014).
Na Tabela 5 pode-se observar que o modelo em pesquisa é de caracter reflexivo, isto
porque a direção de causalidade origina-se no constructo a favor aos seus indicadores, por outras
palavras, as alterações no constructo causam impacto nos itens. Segundo a pesquisa de Martins
(2014) R2 do modelo estrutural deve ser superior a 0,2 o que é demonstrado tanto na intenção
quanto no uso no modelo estimado. O coeficiente da determinação (R2) das variáveis
dependentes são respetivamente IC-0, 76; MP - 0,417 e U - 0,815 ou seja, grau elevado, grau
moderado e grau elevado respetivamente.
A Tabela 6 reúne o sumário do caminho das variáveis latentes até à variável dependente
e, por via da análise da mesma, conclui-se que as variáveis latentes explica de forma moderada,
mais concretamente 76% da variância de IC, realça-se ainda que o HT é avariável com maior
significância e em contrapartida a MH é a mais insignificante. Apreciando a posição da variância
da variável endógena alvo (U), conclui-se que 81% da variação é explicado por via de 4 variáveis
latentes, sendo que CF, HT, MP e ED têm maior significância, por outro lado o moderador R não
tem significância.
- 38 -
Tabela 6 - Path Coefficients (β-value)
ED --> IC 0,166*
EE --> IC 0,066
IS --> IC 0,044
CF --> IC 0,164**
CF --> U 0,166***
CF --> MP 0,193*
MH --> IC 0,038
PF --> IC -0,061
HT --> IC 0,446***
HT --> U 0,278***
HT --> MP 0,499***
IC --> U 0,445***
MP --> IC 0,150**
MP --> U 0,109*
R --> IC 0,041
R --> MP -0,095
R--> IC 0,058
HT*G --> MP -0,162*
G --> MP -0,008
R*G--> MP 0,026
Notas
1. *p <0.05; **p <0.01; ***p <0.001; todas as outras correlações são insignificantes
2. ED - Expectativa de Desempenho; EE - Expectativa de Esforço; IS - Influência
Social; CF - Condições Facilitadoras; MH- Motivação Hedónica; PF- Preço
Financeiro Associado; HT – Hábito; IC - Intenção Comportamental; MP -
Motivações de Poupança; R – Rendimento; G- Género Masculino, U-
Comportamento de Uso
- 39 -
4.3. Discussão
Na secção anterior descreveu-se a validades dos resultados, prossegue-se a com
discussão dos resultados e em suma por via da análise da Tabela 9 conclui-se que a hipótese H1
e H2 foram parcialmente suportadas, que as hipóteses H4, H5, H9, H10 foram não suportadas e
as restantes oito foram suportadas.
Pela análise da Tabela 2 conclui-se que a amostra abrangeu vários tipos de indivíduos,
nomeadamente abrangeu cidadãos dos 18 até aos 82 anos do ambiente interno e externo da
escola de Gestão de Informação da Universidade Nova de Lisboa, onde apenas 14% afirmaram
conhecer bem a mesma. O que significa que amostra revela dados de diferente contexto sociais.
A idade média dos participantes foi de 34 anos e o intervalo com maior enfase em estudo é de
25 aos 35 anos, o que indica que amostra realça pessoas em progressão profissional e por norma
têm maior disponibilidade para o investimento pessoal e dedicação profissional . Na perspetiva
educacional 99% dos respondentes possuem o ensino secundário e 80% ensino superior. O facto
de a grande maioria dos inqueridos possuir o secundário pode-se concluir que o estudo envolve
pessoas instruídas e com conhecimentos alargados. Adicionalmente o género feminino
apresenta-se em maior quantidade quase 60% dos entrevistados e 80% admitiu que se
considerava bem informado sobre o tema em estudo. A nível de agregado familiar 60 % integra
o intervalo de 3 e 4 indivíduos, uma vez que a amostra do estudo abrange na sua maioria famílias
de pequenas dimensões, pode indicar que o rendimento disponível não tem de ser divido por
um número elevado de pessoas.
A principal implicação teórica desta pesquisa subsiste em perceber se tecnologia
fomentar a poupança. Desta forma o estudo constatou que 81% do comportamento humano
pode ser justificado pelo modelo, que 75 % da variação das variáveis independentes justificam a
intenção e que os nove motivos evidenciados por Browning & Lusardi (1996) justificam 42% do
aforro através da Internet.
Em virtude dos resultados obtidos pode-se confirmar que os cidadãos portugueses não
estão motivados a ter um comportamento de económico ou compreende-se que os mesmos não
se identificaram com as motivações descritas, contudo admitem que a tenologia versos Internet
é uma ferramenta de auxílio para tal. Portanto, verificou-se que efetivamente a Internet tem
impacto na poupança e pode ser um canal a explorar para desenvolver novas ferramentas. Assim
- 40 -
como deparou-se que a população em análise não se identifica com o comportamento de poupar
reservas financeiras eletronicamente, o que leva a ponderar que a poupança eletrónica advém
de uma consequência do uso de Internet e não o fim do uso da Internet. Por via da análise dos
dados da Tabela 2 era expectável que os agentes desfrutassem de níveis motivacionais
superiores de poupança, isto porque a amostra incide sobretudo sobre uma população jovem e
com o nível académico elevado, em conformidade descrito na secção 2.1 na subseção III e II
respetivamente.
Um dos objetivos definidos com a realização da presente dissertação corresponde em
identificar o perfil do utilizador que poupa eletronicamente. Na análise de dados realizou um
teste para perceber o impacto da idade no modelo e percebeu-se que embora as teorias
económicas defendem que a idade jovem promove maiores índices de motivação (conforme
secção 2.1 na subseção III) o mesmo não se validou, pois, o moderador não tinha significância.
No âmbito da análise da composição do agregado familiar (conforme secção 2.1 na subseção I)
conclui-se que a adoção do comportamento de poupança é mais comum entre agregados
familiares de compostos por 2 membros ou partir dos 6 membros (dados relatados na Tabela 7).
Segundo a secção 2.1 o rendimento seria um impulsionador de poupança, porém o
rendimento demonstrou ser uma variável insignificativa, o que sugere que o consumo aumenta
de forma proporcional com o aumento do rendimento ao invés do aforro.
Tabela 7 – Resultados Médios da Análise do Agregado Familiar
NºAgregado MP1 MP2 MP3 MP4 MP5 MP6 MP7 MP8 MP9 Média Global 1 3,84 4,28 4,40 3,92 3,68 3,52 2,88 3,24 3,44 3,69
2 4,64 4,96 4,89 4,81 4,72 4,26 3,17 3,85 4,34 4,40
3 3,81 3,94 4,12 3,90 3,91 3,75 3,03 3,50 3,66 3,74 4 4,19 4,46 4,44 4,22 4,08 3,79 2,81 3,52 3,63 3,91
5 3,09 3,55 3,64 3,36 3,64 3,36 2,64 2,91 2,91 3,23
6 4,00 5,00 4,50 4,00 5,00 3,50 4,00 4,50 4,00 4,28 8 4,00 4,50 4,50 4,50 5,50 5,50 5,50 6,00 5,50 5,06
10 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50
Pela observação da Tabela 8, conclui-se que as motivações de poupança diferem de
acordo com o género, mas MP3 e MP7 ocupam de forma antigónia o nível de significância em
ambos. 23 % Género do feminino tende a poupar de acordo com a hipótese MP3 - maximizar a
- 41 -
utilidade do consumo (23 % responderam à escala 6 e 7) em contrapartida propendem 9% na
hipótese MP7- herança (9% responderam à escala 6 e 7). Sob outra perspetiva, 75% do género
masculino tende a poupar a hipótese MP3 (75% responderam à escala 6 e 7) e, no caso da
hipótese MP7 contempla apenas 28% de respostas masculinas, embora supera 19% do género
feminino demostrou ser o motivo mais insignificante (28% responderam à escala 6 e 7). Em
síntese, existe uma preocupação elevada em maximizar a utilidade do consumo e, por outro lado
existe uma despreocupação com a passagem de ativos para herança. Adicionalmente conclui-se
que o género masculino tende a ter um nível superior a poupança eletronicamente, o facto de
ser mais predominante o género masculino segue a teoria de adoção de tecnologia.
Tabela 8 - Ordem decrescente de significância Género Masculino
MP3; MP2; MP5; MP4; MP1; MP6; MP8; MP9; MP7
Género Feminino
MP3; MP2; MP5; MP4; MP1; MP9; MP6 MP8; MP7
Em síntese pode-se descrever que o género masculino é o impulsionador do uso da
tenologia para poupar e tanto a idade como o rendimento e o grau académico não são
características relevantes no perfil, por outro lado amplitude do agregado familiar condiciona o
comportamento do individuou.
Pela análise da Tabela 9, pode se concluir que a motivação de poupança descritos na
Tabela 1 (exposta na secção 2.1), tem maior significância com a intenção de uso do que com o
comportamento de uso, ou seja, mesmo que os cidadãos tenham a intenção de usar a tecnologia
para poupar, isso não quer dizer que irão usar. O que leva a crer que a presente pesquisa
demostra que existe uma grande aderência na tecnologia nas rotinas dos cidadãos,
nomeadamente na promoção de poupança individual. A expetativa de desempenho, as
condições facilitadoras, os hábitos e por último a própria intenção influenciam o comportamento
de aforro, sendo que o hábito é a variável independente com maior significância, tanto na relação
com a intenção de poupar, bem como na relação com a motivação de poupar. O que sugere que
os hábitos enraizados nos indivíduos é moderado pelo género e tem um forte impacto na
compreensão da poupança e, por ventura a sua adesão eletrónica.
Os resultados do modelo mostraram que as condições facilitadoras têm um efeito
significativo sobre o uso e, isso sugere que nossos entrevistados são influenciados pelo meio
- 42 -
envolvente, tal como na teoria de Venkatesh, assim quanto melhor for o acesso, maior será a
probabilidade de o agente adote o comportamento. Posto isto, recomenda-se que a promoção
da poupança seja orientada por via da criação de hábitos de poupança e, por via a criação de
ambientes típicos a poupança eletrónica, por exemplo garantir acessos de Internet de uma forma
abrangente e promover no ensino básico hábitos de poupança.
A expectativa de esforço, a influência social, a motivação hedónica e preço financeiro
associados não demonstram ser variáveis significativas. Como anteriormente realçado a Internet
permita que exista menos intermediários e promove a autonomia individual, por exemplo
através do e-Banking, contudo a hipótese H4 que relaciona a expetativa de esforço não foi
suportada com os dados, desta forma pode-se deduzir que a facilidade do uso da tenologia não
é relevante no momento de decisão de aforro.
No caso particular da influência social (hipótese H5), deparou-se que a apreciação alheia
não é significativamente relevante, o que contradiz a teoria de Venkatesh, por isso assume-se
que a escolha da adoção é uma preferência singular e pessoal, bem como induz que não existe
pressão social sobre este tema. Entre a opinião de amigos e familiares realça-se a opinião dos
amigos e entre ter uma opinião primária (de uma pessoa) ou de uma fonte secundária (jornais
ou revista), realça-se a opinião primária. O que surge que para fomentar novas políticas deve-se,
apostar na promoção direta entre cidadãos e não em publicidade em fontes secundárias.
A hipótese H9 relaciona a motivação hedónica e, é igualmente não suportada com os
dados. A H9 permite aduzir que o prazer associado não é uma preocupação no momento de
adoção eletrónica para poupar, possibilitando proferir que o consumo é mais apelativo do que o
aforro como já referido na secção 2.1.
Por último, a hipótese do preço financeiro associado não foi suportada com os dados
(hipótese H10). Esta hipótese tinha como intuito perceber se o custo do uso da ferramenta era
expressivo para o aforro, o que permite aduzir que no momento do uso da ferramenta o gasto
do uso da mesma não é deliberado e o motivo poderá estar associados com o facto de que os
pacotes de Internet disponíveis aos cidadãos portugueses serem satisfatórios para os mesmos
usufruírem dos serviços que desejam ou porque a ferramenta já é um bem comum.
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Tabela 9 - Síntese da conclusão das hipóteses.
H (1) Variável Ind. (2)
Variável Dep. (3)
M (4) Resultados Conclusão
H1 MP IC G e R
Positivo e estatisticamente signi ficativo (β-
value: 0.15; P<0.01) Efeito não significativo com moderadores
Parcialmente
Suportado
H2 MP U G e R Positivo e estatisticamente significativo (β-
value: 0.11;P<0.05)
Efeito não significativo com moderadores
Parcialmente Suportado
H3 ED IC - Positivo e estatisticamente significativo (β-
value: 0.17;P<0.05) Suportado
H4 EE IC - Efeito não significativo
(β-value: 0.07) Não Suportado
H5 IS IC - Efeito não significativo
(β-value: 0.15) Não Suportado
H6 CF IC - Positivo e estatisticamente significativo (β-
value: 0.17;P<0.01) Suportado
H7 CF U - Positivo e estatisticamente significativo
(β-value: 0.17;P<0.1) Suportado
H8 CF MP G Positivo e estatisticamente significativo com e
sem moderadores (β-value: 0.19;P<0.05) Suportado
H9 MH IC - Efeito não significativo (β-value: 0.04) Não Suportado
H10 PF IC - Efeito não significativo (β-value: 0.06) Não Suportado
H11 HT IC - Positivo e estatisticamente significativo
(β-value: 0.45;P<0.1) Suportado
H12 HT U - Positivo e estatisticamente significativo
(β-value: 0.28;P<0.1) Suportado
H13 HT MP G Positivo e estatisticamente significativo com e
sem moderador
(β-value: 0.5;P<0.1)
Suportado
H14 IC U - Positivo e estatisticamente significativo
(β-value: 0.45;P<0.1) Suportado
Notas:
1. Hipótese;
2. Variável Independente;
3. Variável Dependente;
4. Moderador;
ED - Expectativa de Desempenho; EE-Expectativa de Esforço; IS-Influência Social; CF
- Condições Facilitadoras; MH-Motivação Hedónica; PF- Preço Financeiro Associado;
HT – Hábito; IC-Intenção Comportamental; MP-Motivações de Poupança; R –
Rendimento; G-Género Masculino, U-Comportamento de Uso;
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5.Limitações e Recomendações para Trabalhos Futuros
Nas secções anteriores descreveu-se a pesquisa porém os resultados do nosso estudo
carregam várias implicações. Esta pesquisa assumiu que todos os indivíduos gostariam de
poupar, contudo os motivos de poupança apresentaram uma percentagem baixa de R2 o que
sugere que os respondentes não se identificaram com os motivos descritos ou então não
prevalece a motivação e interesse de poupar. Por isso, sugiro que em pesquisas futuras se realce
a análise se a pessoa tem o interesse de poupar. Por outro lado, esta pesquisa mede
características comportamentais o que implícita a opinião do indivíduo o que carrega uma
elevada subjetividade no tema, logo pode levar a um acréscimo no erro de medida.
Os entrevistados eram principalmente jovens (idade média de 34 anos) e altamente
qualificados (80% têm um grau de ensino superior), cujo comportamento pode diferir um pouco
da média da população, isto porque tradicionalmente os jovens tendem a ser mais sovinas e mais
rápidos a aceitar novas tecnologias e isso, pode ter influenciado os resultados finais. Posto isto,
é altamente provável que os consumidores mais seniores e menos instruídos, ou que possuam
habilidades de computação ou de Internet reduzidas, tenham mais dificuldades no uso do
Internet para a poupar recursos financeiros. Em terceiro lugar, os entrevistados continham na
sua grande maioria um agregado familiar entre 3 e 4 pessoas cujo comportamento pode diferir
um pouco da média da população e por sua um acréscimo no erro de medida. Em pesquisas
futuras proponho analisar o impacto do agregado familiar na análise e, testando o modelo em
diferentes faixas etárias.
Por último, proponho que em pesquisas futuras se identifique outras variáveis
relevantes que melhor expliquem a intenção e o uso da Internet na poupança, tais como a
confiança e a segurança da informação disponível na internet. Igualmente, recomendo que se
valide se adesão da economia da partilha designada por “share economy” explora realmente a
poupança individual através da tecnologia ou se é apenas mais um canal de comunicação
empresarial para publicitar os ativos e serviços.
Por último, uma gestão financeira eficiente é uma gestão que balanceia os gastos com
os ganhos, contudo a poupança pode vir a resultar de pormenores e difíceis de quantificar, por
isso o individuo pode não ter uma verdadeira consciência da poupança re al que a internet
permite obter, o que implícita a um acréscimo no erro de medida.
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6.Conclusão
Finalmente apresenta-se as conclusões do trabalho de pesquisa, é de realçar que se vive
entre avanços tecnológicos de forma feroz e sem exceção nos serviços financeiros. Este estudo
relaciona o contexto financeiro com o digital, ou seja se existe aforro individual através da
aplicação da tecnologia e em suma, os dados obtidos induz que existe uma relação positiva da
presença tenológica nas rotinas financeira dos cidadãos portugueses.
De acordo com investigadores a evolução da taxa de poupança deveria acompanhar os
ciclos económicos, ou seja, melhores índices económicos deveriam representar maiores índices
de poupança, contudo ao analisar os dados estatísticos portugueses, evidencia-se que embora
tenha ocorrido o crescimento económico em Portugal na última década e o desenvolvimento
tecnológico, o nível de poupança não têm evoluído de forma proporcional, o que leva a crer que
tema é de alto-relevo porque o nível de aforro de recursos financeiros contribui para o equilíbrio
económico e o mundo tecnológico permite a explosão de informação disponível a tempo real.
O presente trabalho representa um dos primeiros esforços para entender a adoção de
tecnologia nas decisões de poupança individual e, contribui para visualizar possíveis novas
metodologias de promoção de poupança. Para isso, testou-se o modelo UTAUT2 de Venkatesh
onde permitiu aduzir que os hábitos de vida são o ponto fundamental para novas políticas de
intervenção em contrapartida o rendimento, as expetativas de esforço, a influência social, o
preço associado e as motivações hedónicas demostraram ser variáveis insignificantes. O género
masculino atingiu níveis superiores de motivação para poupar com recurso à ferramenta
tenológica do que o género feminino, sendo que motivo mais relevante é a maximização da
utilidade do consumo e o mais insignificante é a passagem de herança.
Na análise dos dados concluiu-se que 8 hipóteses foram suportadas totalmente, 2
parcialmente suportadas e por último 4 hipóteses foram rejeitada. Para explicar o
comportamento de uso do Internet para economizar recursos financeiros, salienta-se a variável
latente hábito e as condições facilitadoras como os fatores mais relevantes e significativos. Por
ventura da análise da influência social conclui-se que este tema não sofre de pressão nem tensão
social e por isso a promoção mais eficiente de poupança assiste a implementar políticas por via
da comunicação direta entre cidadãos, assim como fomentar novos hábitos de aforro no
quotidiano dos cidadãos portugueses.
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7.Apêndice
Constructo Teoria de Suporte
Instrumento de medição
Expectativa de Desempenho (ED)
Venkatesh, Thong, & Xu,
2012
ED1. Acredito que poupar online é útil.
ED2. Acredito que poupar online aumenta as minhas hipóteses de alcançar coisas que são importantes para mim. ED3. Acredito que poupar online ajuda-me a atingir objetivo de forma mais rápida.
Expectativa de Esforço (EE)
Venkatesh, Thong, & Xu,
2012
EE1. Aprender a poupar online é fácil para mim.
EE2. A minha interação com poupança online é clara e compreensível. EE3 Acredito que economizar através da Internet é fácil.
Influência Social
(IS)
Venkatesh, Thong, & Xu,
2012
IS1. As pessoas que são importantes para mim, consideram que eu deveria poupar online.
IS2. As pessoas que Influência m os meus comportamentos consideram que eu deveria poupar online. IS3 As pessoas cujas opções valorizo preferem que eu poupe
online.
Brown & Venkatesh,
2005
IS4. Os meus amigos consideram que eu deveria poupar online. IS7. Os meus colegas de trabalho consideram que eu devia poupar online.
Condições Facil itadoras (CF)
Venkatesh,
Thong, & Xu, 2012
CF1. Tenho os recursos necessários para poupar online. CF2. Tenho o conhecimento necessário para poupar online.
CF3. Poupar online é compatível com outras tecnologias que eu uso. CF4. Posso obter ajuda de outros quando tenho dificuldades em usar a Internet para fazer escolhas financeiras.
Motivação
Hedônica (MH)
Venkatesh,
Thong, & Xu, 2012
HM1. Poupar online é divertido.
HM2. Poupar online é agradável. HM3. Poupar online é um bom entretenimento.
Valor Financeiro (PF)
Venkatesh, Thong, & Xu,
2012
PF. Considero que a aquisição de Internet e dos dispositivos tem um preço razoável.
Hábito (HT)
Venkatesh,
Thong, & Xu, 2012
HT1. Poupar online tornou-se um hábito para mim.
HT2. Sou viciado em poupar online. HT3. Poupar online tornou-se natural para mim.
Intenção Comportamental
(IC)
Venkatesh, Thong, & Xu,
2012
IC1. Pretendo continuar a poupar online no futuro. IC2. Eu tentarei sempre poupar online na minha vida diária. IC3. Eu pretendo continuar a poupar online frequentemente.
Comportamento de Uso
(U)
Tam & Oliveira,
2017
U1. Eu poupo online
U2. Eu uso a internet para gerir os meus recursos financeiros e assim poupo online. U3. Eu uso a internet para auxiliar as minhas escolhas financeiras e assim poupo online.
U4. Quando recorro à Internet para poupar uso: Aplicações no telemóvel (ex: My Savings, TheFork); Browse websites / Motores de Busca (Ex:; Google; OLX; forretas, custojusto); Lojas online
(ex: Vodafone; Clube Fashion; Goodlife, Lifecooler Travel;
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laredoute); Comunidades Virtuais (ex: Redes Sociais como o facebook ou em Fóruns como forum.autohoje); outro.
Motivos de
Poupança Individual (MP)
Browning &
Lusardi (1996)
MP1. Acredito que poupar online possibil ita que eu construa
uma reserva monetária contra contingências imprevistas. MP2. Acredito que poupar online permite-me prever antecipadamente o peso dos meus custos em relação aos ganhos obtidos, garantindo assim uma melhor gestão
monetária. MP3. Acredito que poupar online permite-me maximizar a util idade do consumo perante a restrição de recursos que enfrento.
MP4. Acredito que poupar online permite-me acumular reservas para desfrutar de uma despesa gradualmente crescente, garantindo em caso de diminuição de receita a continuidade do
estilo de vida. MP5. Acredito que poupar online permite-me desfrutar de uma sensação de independência e o poder de fazer as coisas embora sem uma ideia clara ou intenção definida de ação específica.
MP6. Acredito que poupar online permite-me obter uma reserva monetária para realizar projetos especulativos e ou de negócio. MP7. Acredito que poupar online permite-me deixar à
posteridade uma fortuna. MP8 Acredito que poupar online satisfaz o meu espírito somítico, ou seja permite-me acumular reservas sem ter um objetivo claro e compreensível "simpleMPente porque sim".
MP9. Acredito que poupar online permite-me acumular reservas para posteriormente adquirir algo pré-definido (ex. uma habitação, um automóvel, uma viagem).
Tabela 10- Quadro elusivo da construção dos itens
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