OHADA
ACTO UNIFORME RELATIVO AODIREITO COMERCIAL GERAL
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ACTO UNIFORME RELATIVO AODIREITO COMERCIAL GERAL
SUMÁRIO
CAPÍTULO PRELIMINAR
ÂMBITO DE APLICAÇÃO
LIVRO I
ESTATUTO DO COMERCIANTE
CAPÍTULO 1 - DEFINIÇÃO DE COMERCIANTE E DE ACTOS DE COMÉRCIO
CAPÍTULO 2 - CAPACIDADE DE EXERCÍCIO DO COMÉRCIO
CAPÍTULO 3 - OBRIGAÇÕES CONTABILÍSTICAS DO COMERCIANTE
CAPÍTULO 4 - PRESCRIÇÃO
LIVRO II
REGISTO DO COMÉRCIO E DO CRÉDITO
MOBILIÁRIO
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES COMUNS
CAPÍTULO 1 - DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO 2 - A ORGANIZAÇÃO DO REGISTO DO COMÉRCIO E DO CRÉDITO
MOBILIÁRIO
TÍTULO 2
INSCRIÇÃO NO REGISTO DO COMÉRCIO E
DO CRÉDITO MOBILIÁRIO
CAPÍTULO 1 - AS CONDIÇÕES DE INSCRIÇÃO
Secção 1 - Inscrição das pessoas singulares
Secção 2 - Inscrição das sociedades e outras pessoas colectivas
Secção 3 - Disposições comuns ao registo das pessoas singulares e colectivas
Secção 4 - Inscrições modificativas complementares e secundárias
Secção 5 - Cancelamento
CAPÍTULO 2 - EFEITOS DO REGISTO E CONTENCIOSO
Secção 1 - Efeitos do registo
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3
Secção 2 - Contencioso do registo
TÍTULO 3
INSCRIÇÃO DAS GARANTIAS MOBILIÁRIAS
CAPÍTULO 1 - CONDIÇÕES DE INSCRIÇÃO DAS GARANTIAS MOBILIÁRIAS
Secção 1 - Oneração das acções e das partes sociais
Secção 2 - Oneração do estabelecimento comercial e inscrição do privilégio do
vendedor do estabelecimento comercial
Secção 3 - Oneração do material profissional e dos veículos automóveis
Secção 4 - Oneração dos stocks
Secção 5 - Inscrição dos privilégios das Finanças, da Administração das Alfândegas e
das Instituições de Segurança Social
Secção 6 - Inscrição das cláusulas de reserva de propriedade
Secção 7 - Inscrição dos contratos de locação do estabelecimento comercial
CAPÍTULO 2 - EFEITOS E CONTENCIOSO DO REGISTO
LIVRO III
CONTRATO DE ARRENDAMENTO COMERCIAL
E ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS
TÍTULO 1
CONTRATO DE ARRENDAMENTO COMERCIAL
CAPÍTULO
PRELIMINAR - ÂMBITO DE APLICAÇÃO
CAPÍTULO 1 - CELEBRAÇÃO E DURAÇÃO DO CONTRATO
CAPÍTULO 2 - OBRIGAÇÕES DO LOCADOR
CAPÍTULO 3 - OBRIGAÇÕES DO LOCATÁRIO
CAPÍTULO 4 - RENDA
CAPÍTULO 5 - TRANSMISSÃO E SUBARRENDAMENTO
CAPÍTULO 6 - CONDIÇÕES E FORMAS DE RENOVAÇÃO
CAPÍTULO 7 - RESOLUÇÃO JUDICIAL DO CONTRATO DE ARRENDAMENTO
CAPÍTULO 8 - DISPOSIÇÕES DE ORDEM PÚBLICA
TÍTULO 2
ESTABELECIMENTO COMERCIAL
CAPÍTULO 1 - DEFINIÇÃO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL
CAPÍTULO 2 - MODOS DE EXPLORAÇÃO DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL
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4
CAPÍTULO 3 - TRANSMISSÃO DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL
LIVRO IV
OS INTERMEDIÁRIOS DE COMÉRCIO
TÍTULO 1
DISPOSIÇÕES COMUNS
CAPÍTULO 1 - DEFINIÇÃO E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
CAPÍTULO 2 - CONSTITUIÇÃO E EXTENSÃO DO PODER DO INTERMEDIÁRIO
CAPÍTULO 3 - EFEITOS JURÍDICOS DOS ACTOS REALIZADOS PELO INTERMEDIÁRIO
CAPÍTULO 4 - CESSAÇÃO DO MANDATO DO INTERMEDIÁRIO
TÍTULO 2
O COMISSIONISTA
TÍTULO 3
O ANGARIADOR
TÍTULO 4
OS AGENTES COMERCIAIS
LIVRO V
A VENDA COMERCIAL
TÍTULO 1
ÂMBITO DE APLICAÇÃO E DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO 1 - ÂMBITO DE APLICAÇÃO
CAPÍTULO 2 - DISPOSIÇÕES GERAIS
TÍTULO 2
FORMAÇÃO DO CONTRATO DE VENDA
TÍTULO 3
ORBIGAÇÕES DAS PARTES
CAPÍTULO 1 - ORBIGAÇÕES DO VENDEDOR
Secção 1 - Obrigação de entrega
Secção 2 - Obrigação de conformidade
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Secção 3 - Obrigação de garantia
CAPÍTULO 2 - OBRIGAÇÕES DO COMPRADOR
Secção 1 Pagamento do preço
Secção 2 Recepção da entrega
CAPÍTULO 3 - SANÇÕES PARA O NÃO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DAS
PARTES
Secção 1 - Disposições gerais
Secção 2 - Sanções para o não cumprimento das obrigações do vendedor
Secção 3 - Sanções para o não cumprimento das obrigações do comprador
Secção 4 - Juros e prejuízos
Secção 5 - Exclusão da responsabilidade
Secção 6 - Efeitos da resolução
Secção 7 - Prescrição
TÍTULO 4
EFEITOS DO CONTRATO
CAPÍTULO 1 - TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE
CAPÍTULO 2 - TRANSFERÊNCIA DOS RISCOS
LIVRO VI
DISPOSIÇÃO FINAL
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6
ACTO UNIFORME RELATIVO AO DIREITO COMERCIAL GERAL
O Conselho de Ministros da OHADA,
•Considerando o Tratado relativo à Harmonização do Direito dos
Negócios em África, nomeadamente os seus artigos 2, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 ;
•Considerando o relatório do Secretariado Permanente e as observações
dos Estados Partes,
•Considerando o parecer de 7 de Abril de 1997 do Tribunal Comum de
Justiça e Arbitragem,
após deliberação, adopta, por unanimidade dos Estados Partes presentes e votantes, o
Acto Uniforme cujos termos aqui se seguem.
CAPÍTULO PRELIMINAR
ÂMBITO DE APLICAÇÃO
*ARTIGO 1º
Estão sujeitos às disposições do presente Acto Uniforme : os comerciantes, pessoas sin-
gulares ou colectivas, incluindo as sociedades comerciais de que um Estado ou um ente
público sejam sócios, e ainda os agrupamentos complementares de empresas cujo estabe-
lecimento ou sede social se situe no território de um dos Estados Partes no Tratado relativo
à Harmonização do Direito dos Negócios em África (aqui denominados "Estados Partes").
Os comerciantes mantêm-se igualmente sujeitos às leis que não sejam contrárias ao pre-
sente Acto Uniforme, aplicáveis no Estado Parte em que se situa o respectivo estabeleci-
mento ou sede social.
As pessoas singulares ou colectivas e os agrupamentos complementares de empresas
constituídos ou em vias de constituição na data de entrada em vigor do presente Acto Uni-
forme devem harmonizar as condições de exercício da respectiva actividade com a nova
legislação no prazo de dois anos a contar da publicação do presente Acto Uniforme no Jor-
nal Oficial.
Expirado este prazo, qualquer interessado pode recorrer à jurisdição competente a fim de
ser ordenada tal regularização sob pena de aplicação de uma sanção pecuniária compulsó-
ria, se for caso disso.
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LIVRO I
ESTATUTO DO COMERCIANTE
CAPÍTULO 1
DEFINIÇÃO DE COMERCIANTE
E DE ACTOS DE COMÉRCIO
ARTIGO 2º
São comerciantes os que praticam actos de comércio e fazem da respectiva prática a sua
profissão habitual.
*ARTIGO 3º
Têm natureza de actos de comércio, nomeadamente :
• a compra de bens, móveis ou imóveis, para revenda,
• as operações bancárias, de bolsa, de câmbio, de corretagem, de seguros e
de transporte,
• os contratos entre comerciantes para as necessidades dos respectivos
comércios,
• a exploração industrial de minas, pedreiras e todo e qualquer jazigo de
recursos naturais,
• as operações de locação de móveis,
• as operações de manufactura, transporte e telecomunicações,
• as operações dos intermediários de comércio, tais como a comissão,
angariações, agências, operações de mediação para a compra,
subscrição, venda ou locação de imóveis, de estabelecimentos
comerciais, de acções ou de quotas de sociedade comercial ou imobiliária,
• os actos praticados pelas sociedades comerciais.
*ARTIGO 4º
Revestem igualmente a natureza de actos de comércio, pela respectiva forma, a letra, a
livrança e o warrant.
ARTIGO 5º
Relativamente aos comerciantes, os actos de comércio podem provar-se por qualquer meio.
CAPÍTULO 2
CAPACIDADE DE EXERCÍCIO DO COMÉRCIO
ARTIGO 6º
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Só pode praticar actos de comércio a título de profissão habitual quem for juridicamente
capaz para exercer o comércio.
*ARTIGO 7º
O menor não emancipado não pode ter a qualidade de comerciante nem praticar actos de
comércio.
O cônjuge do comerciante só adquire a qualidade de comerciante se praticar os actos pre-
vistos nos artigos 3 e 4 supra mencionados, a título de profissão habitual e independente-
mente dos praticados pelo seu cônjuge.
ARTIGO 8º
Não podem exercer uma actividade comercial as pessoas que estiverem sujeitas a um es-
tatuto especial que determine uma incompatibilidade.
Só existe incompatibilidade mediante previsão escrita.
Àquele que invoca a incompatibilidade compete demonstrá-la.
Os actos praticados por uma pessoa em situação de incompatibilidade são eficazes em re-
lação a terceiros de boa fé.
Os terceiros de boa fé podem, querendo, prevalecer-se dos actos praticados por uma pes-
soa em situação de incompatibilidade, mas esta não pode prevalecer-se de tais actos.
ARTIGO 9º
O exercício de uma actividade comercial é incompatível com o exercício das seguintes fun-
ções ou profissões :
• Funcionários e Pessoal das Pessoas Colectivas Públicas e das Empresas
com capitais públicos ;
• Funcionários Ministeriais e Auxiliares de Justiça : Advogado, Oficial de
Justiça, Encarregado de Venda em Hasta Pública, Corretor de Bolsa,
Notário, Escrivão, Administradores e Liquidatários Judiciais;
• Técnico Superior de Contas inscrito, Contabilista inscrito, Revisor de
Contas, Consultor Jurídico, Corretor Marítimo,
• Em geral, toda e qualquer profissão cujo exercício seja objecto de
regulamentação proibindo o cúmulo desta actividade com o exercício de uma
profissão comercial.
ARTIGO 10º
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9
Não podem exercer uma actividade comercial, directamente ou por interposta pessoa, as
pessoas que tenham sido objecto :
• de inibição geral definitiva ou temporária aplicada por uma jurisdição
de um dos Estados Partes, quer esta inibição tenha sido imposta
como pena principal quer como pena acessória.
• de inibição imposta por jurisdição profissional, caso em que a
inibição só se aplica à actividade comercial considerada,
• de condenação definitiva a pena privativa de liberdade por um crime de
direito comum ou a uma pena de pelo menos três meses de prisão, não
suspensa, por um crime contra o património ou ainda uma infracção em
matéria económica ou financeira.
ARTIGO 11º
Tanto a interdição temporária por período superior a 5 anos como a interdição a título defi-
nitivo podem ser levantadas, a pedido do interdito, pela jurisdição que impôs a interdição.
Este pedido só pode ser aceite passados 5 anos a contar da data em que a decisão de in-
terdição foi tomada.
A inibição do falido extingue-se através da reabilitação, nas condições e formas previstas
pelo acto uniforme sobre os processos colectivos de apuramento do passivo.
ARTIGO 12º
Sem prejuízo de outras sanções, os actos praticados por um interdito são inoponíveis a ter-
ceiros de boa fé.
A boa fé presume-se sempre.
Todavia, tais actos são oponíveis ao interdito.
CAPÍTULO 3
ORBIGAÇÕES CONTABILÍSTICAS DO COMERCIANTE
*ARTIGO 13º
Todo o comerciante, pessoa singular ou colectiva, deve ter e manter actualizado um diário,
em que registe, dia a dia, as suas operações comerciais.
Deve igualmente ter e manter actualizado um Grande Livro, com balanço geral recapitulati-
vo, bem como um Livro de Inventário.
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10
Estes livros devem ser elaborados em conformidade com o disposto no Acto Uniforme rela-
tivo à organização e harmonização da contabilidade das empresas.
Todo o comerciante pessoa colectiva deve ainda respeitar as disposições previstas pelo
Acto Uniforme relativo ao Direito das sociedades comerciais e dos agrupamentos de inte-
resse económico e ao Acto Uniforme relativo à organização e harmonização da contabili-
dade das empresas.
*ARTIGO 14º
O Diário e o Livro de Inventário devem mencionar o número de inscrição no Registo do Co-
mércio e do Crédito Mobiliário da pessoa singular ou colectiva em causa.
Estes documentos são numerados e rubricados pelo Presidente da jurisdição competente
ou pelo Juíz delegado para esse efeito.
Estes documentos não devem conter espaços em branco nem qualquer rasura ou entrelin-
hado.
*ARTIGO 15º
Os livros de comércio refridos no artigo 13º do presente Acto Uniforme, desde que devida-
mente elaborados e actualizados, podem ser aceites pelo Juíz como prova entre comer-
ciantes.
ARTIGO 16º
Caso haja contestação, a apresentação dos livros pode ser exigida pelo Juíz, oficiosamente,
para que dos mesmos se obtenham todos os elementos com interesse para o litígio.
*ARTIGO 17º
Os comerciantes pessoas colectivas devem igualmente elaborar, todos os anos, situações
financeiras de síntese, de acordo com o disposto no Acto Uniforme Relativo à Organização
e Harmonização da Contabilidade Das Empresas e no Acto Uniforme Relativo às Socieda-
des Comerciais e ao Agrupamento complementar de empresas.
CAPÍTULO 4
PRESCRIÇÃO
*ARTIGO 18º
As obrigações resultantes do exercício do comércio entre comerciantes, ou entre comer-
ciantes e não comerciantes, prescrevem no prazo de cinco anos, se não estiverem sujeitas
a prescrições mais curtas.
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LIVRO II
REGISTO DO COMÉRCIO E DO CRÉDITO MOBILIÁRIO
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES COMUNS
CAPÍTULO 1
DISPOSIÇÕES GERAIS
ARTIGO 19º
O registo do comércio e do crédito mobiliário tem por objecto :
1°) receber as matrículas
a) das pessoas físicas que tenham a qualidade de comerciante, no
sentido do presente Acto Uniforme,
b) das sociedades comerciais e das outras pessoas colectivas sujeitas a
inscrição bem como das sucursais de sociedades estrangeiras que
actuem no território de um Estado Parte
O registo recebe igualmente as inscrições e as menções relativas às modificações posterio-
res à matrícula e referentes ao estado e capacidade jurídica das pessoas singulares e co-
lectivas inscritas.
O registo recebe ainda os actos cujo depósito está previsto pelas disposições do presente
Acto Uniforme e pelas disposições do Acto Uniforme Relativo ao Direito das Sociedades
Comerciais e aos Agrupamentos complementares de empresas.
2°) receber as inscrições relativas :
a) à oneração de acções e de quotas,
b) à oneração de estabelecimentos comerciais e ao privilégio do
vendedor de estabelecimento comercial,
c) à oneração do material profissional e dos veículos automóveis,
d) à oneração de stocks,
e) aos privilégios das Finanças, da Alfândega e das Instituições Sociais,
f) à reserva de propriedade,
g) ao contrato de locação do estabelecimento comercial.
CAPÍTULO II
ORGANIZAÇÃO DO REGISTO DO COMÉRCIO
E DO CRÉDITO MOBILIÁRIO
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ARTIGO 20º
O Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário é organizado pela secretaria da jurisdição
competente, sob a fiscalização do Presidente ou de um Juíz delegado para este efeito.
Um Ficheiro Nacional centraliza as informações existentes em cada Registo do Comércio e
do Crédito Mobiliário.
Um Ficheiro Regional organizado no Tribunal Comum de Justiça e Arbitragem centraliza as
informações existentes em cada um dos Ficheiros Nacionais.
*ARTIGO 21º
O Registo organizado pela secretaria compreende:
1°) um registo de entrada mencionando por ordem cronológica a data e o número de
cada declaração aceite, os nomes, apelidos, firma ou denominação social
do declarante, bem como o objecto da declaração;
2°) um arquivo, por ordem alfabética, dos processos individuais, que deverá conter :
a) para as pessoas singulares : indicação do respectivo nome e apelidos, data e
local de nascimento, natureza da actividade exercida, endereço do
estabelecimento principal bem como o dos estabelecimentos criados, na circunscri-
ção da jurisdição da sede social ou fora dessa área e ainda o
conjunto de declarações, actos e documentos entregues e referentes ao
mesmo declarante;
b) para as sociedades comerciais e para as outras pessoas colectivas abrangi-
das :
indicação das respectivas denominação social, tipo, natureza da
actividade exercida, endereço da sede social e dos estabelecimentos
criados, dentro ou fora da circunscrição da jurisdição e, por fim, o conjunto de
declarações, actos e documentos referentes ao mesmo declarante.
ARTIGO 22º
Todas as declarações são feitas em quatro exemplares e em formulários fornecidos pela
Secretaria.
Os formulários devem ser assinados pelo declarante ou por mandatário que deve provar a
sua identidade e, não se tratando de Advogado, Oficial de Justiça, Notário ou Gestor, apre-
sentar procuração assinada pelo declarante.
O primeiro exemplar fica na Secretaria.
O segundo é entregue ao declarante com menção da data e designação da formalidade
efectuada.
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13
Os terceiro e quarto exemplares são enviados pela Secretaria ao Ficheiro Nacional para
transmissão de um deles ao Ficheiro Regional.
ARTIGO 23º
De acordo com o disposto no artigo 20 do presente Acto Uniforme, é organizado um Fichei-
ro Nacional em cada Estado Parte e um Ficheiro Regional no Tribunal Comum de Justiça e
Arbitragem, cada um deles contendo um extracto de cada processo individual, por ordem
alfabética e com as seguintes menções :
1°) para as pessoas singulares : nome, apelido, data e local de nascimento, natureza
da actividade exercida, endereço do estabelecimento principal bem como endereço
dos estabelecimentos criados, dentro ou fora da circunscrição do
Tribunal da sede social;
2°) para as sociedades comerciais e outras pessoas colectivas abrangidas : denomina-
ção social, forma jurídica, natureza da actividade exercida, capital social, endereço da
sede social bem como dos estabelecimentos criados, dentro ou fora da circunscrição
do Tribunal da sede social.
ARTIGO 24º
São ainda oficiosamente mencionadas no Registo do Comércio:
1°) as decisões proferidas nos processos individuais de falência ou nos processos
colectivos de dívida, recuperação de empresa ou liquidação de bens;
2°) as decisões que apliquem penas pecuniárias aos dirigentes das pessoas
colectivas;
3°) as decisões de reabilitação ou as medidas de amnistia que extingam interdições ou
inabilitações.
As menções previstas neste artigo devem ser comunicadas pela jurisdição que proferiu a
decisão ou, se esta o não fizer, por qualquer interessado, às Secretarias em cuja circunscri-
ção se encontrem o ou os estabeleciments secundários.
TÍTULO IIA INSCRIÇÃO NO REGISTO DO COMÉRCIO
E DO CRÉDITO MOBILIÁRIO
CAPÍTULO 1
AS CONDIÇÕES DE INSCRIÇÃO
*Secção 1 - Registo das pessoas singulares
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14
ARTIGO 25º
A pessoa física que tiver a qualidade de comerciante nos termos do presente Acto Uniforme
deve, no primeiro mês de exploração do seu comércio, requerer, à Secretaria da jurisdição
em cuja área de competência aquele é exercido, a sua inscrição no Registo.
O pedido de registo deve conter :
1°) os nomes, apelidos e domicílio pessoal do interessado;
2°) a data e o local do seu nascimento;
3°) a sua nacionalidade;
4°) se necessário, o nome que utiliza no exercício do comércio bem como o nome ou a
insígnia do estabelecimento utilizados;
5°) a ou as actividades exercidas e a forma de exploração;
6°) a data e local de casamento, o regime matrimonial adoptado, as cláusulas oponíveis
a terceiros restritivas da livre disposição dos bens dos cônjuges ou a ausência de
tais cláusulas, os pedidos de separação de bens;
7°) os nomes, apelidos, data e local de nascimento, domicílio e nacionalidade das
pessoas que tenham o poder de obrigar, pela respectiva assinatura, o interessado;
8°) o endereço do estabelecimento principal e, caso existam , o de cada um dos outros
estabelecimentos ou sucursais exploradas no território do estado parte;
9°) caso existam, a natureza e local de exercício da actividade dos últimos
estabelecimentos que o interessado explorou anteriormente indicando o número ou
números de inscrição no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário desses
estabelecimentos;
10°) a data em que o interessado iniciou a exploração do estabelecimento principal e,
caso existam, dos outros estabelecimentos.
ARTIGO 26º
Para comprovar as suas declarações o requerente deve entregar os seguintes documentos
:
1°) certidão de nascimento ou outro documento administrativo comprovativo da sua
identidade;
2°) certidão de casamento, caso seja necessário;
3°) certidão de registo criminal ou outro documento que o possa substituir; se o
requerente não for originario do Estado Parte no qual pede a sua inscrição deve
igualmente entregar uma certidão de registo criminal emitido pelas autoridades do
seu país ou documento que possa substituí-lo;
4°) atestado de residência
5°) cópia do título de propriedade ou do contrato de locação do estabelecimento
principal e, caso existam, dos outros estabelecimentos;
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6°) caso tenha havido aquisição de um estabelecimento ou em caso de locação do
estabelecimento comercial, uma cópia do acto de aquisição ou do acto de locação
do estabelecimento comercial;
7°) caso seja necessário, uma autorização pré��via de exercício do
o
Secção 2 - Registo das sociedades e outras pessoas
s
ARTIGO
º
As sociedades e as outras pessoasolectivas previstas pelo Acto Uniforme relativo ao Direito
das Sociedades Comerciais e dos Agrupamentos de Interesse Económico devem requerer,
no mês da respectiva constituição, a inscrição no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliá-
rio da área de competência da jurisdição em que a sede social se situa.
Deste pedido devem constar :
1°) a denominação social;
2°) caso existam, a firma, a sigla e o nome e a insígnia de estabelecimento;
3°) a ou as actividades exercidas;
4°) a forma da sociedade ou da pessoa colectiva;
5°) o montante do capital social com indicação do montante das entradas em numerário
e a avaliação das entradas em bens;
6°) o endereço da sede social e, caso existam, o endereço do estabelecimento principal
e de cada um dos outros estabelecimentos;
7°) a duração da sociedade ou da pessoa colectiva fixada nos
estatutos;
8°) os nomes, apelidos e residência dos sócios responsáveis pessoal e
ilimitadamente pelas dívidas sociais, com menção, para cada um deles, da
respectiva data e local de nascimento, nacionalidade, data e local de casamento,
regime matrimonial adoptado e cláusulas oponíveis a terceiros restritivas da livre
disposição de bens entre cônjuges ou ausência de tais cláusulas bem como pedidos
de separação de bens;
9°) os nomes, apelidos, data e local de nascimento e residência dos gerentes,
administradores ou membros da pessoa colectiva tendo o poder geral de a obrigar;
10°) os nomes, apelidos, data e local de nascimento e residência dos Revisores de
contas quando a respectiva nomeação seja imposta pelo Acto Uniforme relativo ao
direito das sociedades comerciais e dos agrupamentos de interesse económico.
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ARTIGO 28º
A esse pedido devem juntar-se, sob pena de indeferimento, os seguintes documentos com-
provativos :
1°) duas cópias autenticadas dos estatutos;
2°) dois exemplares da declaração de regularidade e conformidade ou da declaração
notarial de realização do depósito;
3°) dois exemplares autenticados da lista dos gerentes, administradores ou sócios que
sejam pessoal e ilimitadamente responsáveis ou que tenham o poder de obrigar
a sociedade;
4°) duas certidões de registo criminal das pessoas indicadas na alínea anterior; se o
requerente não for originário do Estado Parte em que pede a sua inscrição, deve
igualmente entregar uma certidão de registo criminal emanando das Autoridades do
seu País de origem ou qualquer outro documento que possa substituí-la;
5°) se necessário, uma autorização prévia para exercer o comércio.
ARTIGO 29º
A pessoa singular ou colectiva não sujeita a inscrição no Registo do Comércio e do Crédito
Mobiliário em virtude da localização da respectiva sede social, deve, no prazo de um mês a
contar da data da constituição de uma sucursal ou de um estabelecimento no território de
um dos Estado Parte, requerer nesse Estado a sua inscrição.
O pedido, que deve ser entregue na secretaria da jurisdição em cuja área de competência
seja instalada a sucursal ou o estabelecimento, deve mencionar :
1°) a denominação social da filial ou o nome do estabelecimento;
2°) caso existam, a firma, a sigla e o nome e a insígnia de estabelecimento;
3°) a ou as actividades exercidas;
4°) a denominação da sociedade estrangeira proprietária desta filial ou deste
estabelecimento; a sua firma, a sua sigla ou o nome e insígnia do seu estabeleci-
mento; a ou as
actividades exercidas, a forma da sociedade ou da pessoa colectiva; a sua
nacionalidade; o endereço da sede social; se for o caso, os nomes, apelidos e
residência dos sócios pessoal e ilimitadamente responsáveis pelas dívidas sociais;
5°) os nomes, apelidos, data e local de nascimento da pessoa singular domiciliada no
território do Estado Parte que tenha poder de representação e de direcção da
filial.
Secção 3 - Disposições comuns ao Registo das pessoas singulares e colectivas
ARTIGO 30º
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O registo tem carácter pessoal, quer o comerciante seja uma pessoa singular ou colectiva.
Ninguém pode ser inscrito a título principal em vários registos ou no mesmo registo sob vá-
rios números.
Desde que o pedido do requerente esteja completo, a Secretaria atribui-lhe um número de
registo e menciona-o no formulário entregue ao declarante.
A Secretaria transmite em seguida ao Ficheiro Nacional um exemplar do processo individual
e os outros documentos entregues pelo requerente.
*ARTIGO 31º
No caso de transferência do local de exploração do estabelecimento comercial ou da sede
de uma pessoa colectiva para a circunscrição de outra jurisdição, os interessados devem
requerer :
– o cancelamento da matrícula no Registo do Comércio e Crédito Mobiliário
em que estavam inscritos;
– uma nova matrícula no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário para cuja cir-
cunscrição foram transferidos o local de exploração do estabelecimento ou a sede
social; esta inscrição só será definitiva após verificação do previsto nas alíneas 4 e
5 do presente artigo.
Para o efeito, os comerciantes pessoas singulares devem fornecer as informações e docu-
mentos previstos nos artigos 25 e 26 do presente Acto Uniforme; as sociedades e outras
pessoas colectivas abrangidas devem fornecer as informações e documentos previstos nos
artigos 27 e 29 do presente Acto Uniforme.
Estas formalidades devem ser efectuadas pelo requerente no prazo de um mês a contar da
data da transferência.
A Secretaria encarregado do Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário na área para que
o comerciante transferiu a sua actividade — ou para a qual a sociedade transferiu a sua
sede — deve, no mês da nova inscrição, assegurar-se de que o cancelamento da inscrição
anterior foi efectuado, exigindo-lhe uma certidão emitida pela Secretaria em que tenha sido
efectuado o registo anterior.
Se o interessado o não fizer, a Secretaria deve proceder oficiosamente à menção rectificati-
va ficando as respectivas despesas a cargo do faltoso.
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ARTIGO 32º
Os regsistos bem como as inscrições ou menções respeitantes a modificações posteriores
relativas ao estado e à capacidade jurídica das pessoas singulares ou colectivas sujeitas a
registo devem ainda, no prazo de um mês a contar da data de inscrição, ser objecto de um
aviso a divulgar através de um jornal habilitado a publicar os anúncios legais.
O aviso deverá conter :
– Para as pessoas singulares, as menções previstas no artigo 25 -1° a 6°, do
presente Acto Uniforme
– Para as pessoas colectivas, as menções previstas no artigo 27 - 1° a 9° do
presente Acto Uniforme
Secção 4 - Inscrições modificativas complementares e secundárias.
ARTIGO 33º
Se a situação das pessoas sujeitas a registo sofrer posteriormente modificações que exijam
que o enunciado no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário seja rectificado ou com-
pletado, este deve, no prazo de trinta dias a contar da modificação, fazer um pedido de
menção rectificativa ou complementar.
Devem ser mencionadas no registo todas as modificações de estado civil, regime matrimo-
nial, capacidade e actividade das pessoas singulares ou colectivas, bem como, especial-
mente a alteração dos estatutos das pessoas colectivas.
O pedido de inscrição modificativa, complementar ou secundária deve ser assinado pela
pessoa obrigada a efectuar a declaração ou por mandatário devidamente identificado a qual
não se tratando de Advogado, Oficial de Justiça, Notário, Gestor ou outro auxiliar de justiça
legalmente habilitado para o efeito, deverá munir-se de procuração especial.
*ARTIGO 34º
A pessoa singular ou colectiva sujeita a inscrição no Registo do Comércio e do Crédito Mo-
biliário que explore estabelecimentos comerciais secundários ou filiais na circunscrição de
outras jurisdições deve fazer uma declaração de inscrição secundária no prazo de um mês
a contar da data do início da exploração.
A declaração deve mencionar, para além da referência à inscrição principal, as informações
exigidas :
– para as pessoas singulares, pelo artigo 25 - 1° a 6°, do presente Acto Uniforme,
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– para as pessoas colectivas, pelo artigo 27 - 1° a 9°, do presente Acto Uniforme.
ARTIGO 35º
O pedido deve ser entregue no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário da jurisdição
competente na área onde se situa o estabelecimento secundário.
A Secretaria deste Registo deverá enviar, no prazo de um mês a contar da data da inscri-
ção, uma cópia da declaração de inscrição secundária à Secretaria do Registo em que foi
efectuada a inscrição principal.
A inscrição de um estabelecimento secundário determina a atribuição de um número de
inscrição e deve ser publicitado, no prazo de um mês a contar do registo, através de um
aviso a inserir num jornal habilitado a publicar os anúncios legais.
Secção 5 - Cancelamento
ARTIGO 36º
A pessoa singular inscrita deve, no prazo de um mês a contar da data de cessação da sua
actividade comercial, pedir o cancelamento da sua inscrição no Registo do Comércio e do
Crédito Mobiliário.
Se a pessoa singular inscrita falecer, os seus herdeiros devem, no prazo de três meses a
contar da data do falecimento, pedir o cancelamento da inscrição ao Registo ou a sua modi-
ficação caso estes prossigam a exploração.
Se não houver pedido de cancelamento nos prazos indicados nas duas alíneas anteriores, a
Secretaria procede ao cancelamento após decisão da jurisdição competente e a pedido da
própria Secretaria ou de qualquer interessado.
Todos os cancelamentos devem ser objecto de um aviso a divulgar através de um jornal
habilitado a publicar os anúncios legais.
ARTIGO 37º
A dissolução de uma pessoa colectiva, independentemente da respectiva causa, deve ser
declarada para que seja inscrita no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário, no prazo
de um mês a contar da data de dissolução, na secretaria da jurisdição em que a sociedade
estiver inscrita.
Idêntica obrigação existirá em caso de declaração de nulidade do acto constitutivo de uma
sociedade, contando-se o prazo a partir da decisão que a declarou.
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20
O cancelamento da inscrição deve ser pedido pelo liquidatário no prazo de um mês a contar
do termo das operações de liquidação.
Caso o pedido de cancelamento não seja efectuado no prazo legal, a secretaria da jurisdi-
ção competente procede ao cancelamento após decisão desta jurisdição a pedido da se-
cretaria ou de qualquer interessado.
O cancelamento deve ser objecto de um aviso a divulgar através de um jornal habilitado a
publicar os anúncios legais.
CAPÍTULO 2EFEITOS DO REGISTO E CONTENCIOSO
Secção 1 - Efeitos do registo
ARTIGO 38º
Salvo prova em contrário, presume-se que a pessoa inscrita no Registo do Comércio e do
Crédito Mobiliário tem a qualidade de comerciante conforme a definição do presente Acto
Uniforme.
Esta presunção não se aplica aos agrupamentos complementares de empresas.
A pessoa singular ou colectiva inscrita no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário tem a
obrigação de indicar nas facturas, notas de encomenda, tabelas de preços, documentos
comerciais e em toda a sua correspondência o número e o local de inscrição no registo.
ARTIGO 39º
A pessoa singular ou colectiva, sujeita à inscrição no Registo do Comércio e do Crédito Mo-
biliário que não a requerer nos prazos previstos não pode prevalecer-se, até à respectiva
inscrição, da qualidade de comerciante.
Não pode, todavia, invocar a falta de inscrição para se subtrair às responsabilidades e obri-
gações inerentes a essa qualidade.
ARTIGO 40º
As pessoas sujeitas a inscrição no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário só podem,
nas respectivas actividades comerciais, opôr a terceiros e às administrações públicas, os
factos e actos sujeitos a menção se estes últimos tiverem sido publicitados com o Registo.
Todavia, os terceiros e a administração pública podem prevalecer-se desses mesmos factos
e actos, ainda que não tenham sido publicitados com o Registo.
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Esta disposição não é aplicável se os sujeitos provarem que, no momento em que com eles
trataram, os terceiros ou as administrações em causa tinham conhecimento de tais factos
ou actos.
Secção 2 - Contencioso do registo
ARTIGO 41º
A secretaria encarregada do Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário tem a obrigação
de verificar sob pena de responsabilidade se os pedidos estão completos e se as declara-
ções estão em conformidade com os documentos comprovativos apresentados.
Se a secretaria verificar inexactidões ou se tiver dificuldades no cumprimento da sua missão
deve pedir a intervenção da jurisdição competente.
Os litígios entre o requerente e a secretaria podem igualmente ser levadas ao conhecimento
desta jurisdição, com o pedido da sua intervenção.
ARTIGO 42º
Se o comerciante pessoa singular ou colectiva não requerer a sua inscrição no prazo pre-
visto, a jurisdição competente pode, por sua própria iniciativa ou a requerimento da Secreta-
ria encarregada do Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário ou de qualquer outro reque-
rente, ordenando ao faltoso que proceda à inscrição.
Nas mesmas condições, a jurisdição competente pode ordenar, à pessoa singular ou colec-
tiva inscrita no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário, que proceda :
– às menções complementares ou rectificativas que ela tenha omitido;
– ou às menções ou rectificações necessárias em caso de declaração
inexacta ou incompleta;
– ou ao cancelamento.
ARTIGO 43º
A pessoa que devesse ter cumprido uma das formalidades mencionadas no presente Título
e que não o tenha feito, ou que tenha cumprido, de forma fraudulenta, uma formalidade,
será punida com as penas previstas pela lei penal nacional ou, se for o caso, pela lei penal
especial prevista pelo Estado Parte em aplicação do presente Acto Uniforme.
TÍTULO IIIREGISTO DAS GARANTIAS MOBILIÁRIAS
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CAPÍTULO 1CONDIÇÕES DE INSCRIÇÃO DAS GARANTIAS MOBILIÁRIAS
Secção 1 - Penhor de acções e de participações sociais
ARTIGO 44º
Para o registo do penhor de acções ou de participações sociais de uma sociedade comer-
cial, o credor beneficiário da garantia deverá apresentar na Secretaria da jurisdição em que
a respectiva sociedade estiver inscrita :
1°) o título constitutivo do penhor, apresentando o original se se tratar de documento
particular ou uma cópia autenticada se se tratar de documento
oficial ou decisão judicial autorizando o credor a fazer a inscrição
2°) um formulário de inscrição em quatro exemplares, mencionando :
a) os nomes, apelidos, firma, capital social, domicílio ou sede
social das partes e o número de inscrição da sociedade cujas acções
ou partes sociais foram objecto do penhor;
b) a natureza e data do ou dos documentos entregues;
c) o montante em dívida no dia anterior ao da inscrição e, se
existirem, as condições de exigibilidade da dívida;
d) o domicílio escolhido pelo credor beneficiário do penhor na circunscrição da
jurisdição em que se situa o Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário.
As modificações decorrentes de acordo ou de decisão judicial deverão ser objecto de inscri-
ção modificativa nas condições e forma previstas para a inscrição inicial.
ARTIGO 45º
A Secretaria deve verificar se a declaração está conforme ao título apresentado.
Procederá à inscrição no registo de entradas e:
1°) mencionará a inscrição no processo individual aberto no nome da sociedade cujas
acções ou partes sociais são afectadas por este registo do penhor;
2°) arquivará os documentos e um formulário da declaração que lhe tiver sido entregue
no processo da pessoa colectiva cujas acções são afectadas por este registo do penhor;
3°) remeterá à pessoa que tiver requerido a inscrição o segundo exemplar da declara-
ção por si efectuada, mencionando a data e o número de ordem de inscrição.
Os terceiro e quarto exemplares do formulário serão enviados ao Ficheiro Nacional para
remessa de um deles ao Ficheiro Regional.
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Secção 2 - Penhor de estabelecimento comercial e inscrição do privilégio do vende-
dor do estabelecimento comercial
ARTIGO 46º
Para registo do penhor de estabelecimento comercial, o credor pignoratício deverá apre-
sentar na Secretaria da jurisdição competente na área em que está inscrita a pessoa sin-
gular ou colectiva proprietária ou que explora o estabelecimento :
1°) o título constitutivo o penhor, apresentando o original se se tratar de documento par-
ticular ou uma cópia autenticada se se tratar de documento oficial ou de decisão judicial
autorizando o credor a fazer a inscrição;
2°) um formulário de inscrição em quatro exemplares, mencionando :
a) os nomes, apelidos, firma, domicílio ou sede social das partes e o número de
inscrição da pessoa singular ou colectiva proprietária ou que explora o estabelecimento em
relação ao qual é requerida a inscrição;
b) a natureza e a data do ou dos documentos entregues;
c) uma descrição do estabelecimento objecto do penhor;
d) o montante em dívida no dia anterior ao da inscrição e, se existirem, as
condições de exigibilidade da dívida;
e) o domicílio escolhido pelo credor beneficiário na circunscrição da jurisdição
onde existe o Registo de Comércio e do Crédito Mobiliário.
ARTIGO 47º
Em caso de alienação do estabelecimento comercial, o vendedor pode inscrever o seu pri-
vilégio no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário.
Para esse efeito, deve apresentar :
1°) o título constitutivo da venda, apresentando o original se se tratar de documento par-
ticular ou uma cópia autenticada se se tratar de documento oficial;
2°) um formulário de inscrição em quatro exemplares, mencionando :
a) os nomes, apelidos, firma, domicílio ou sede social das partes e, eventual-
mente, o número de inscrição da pessoa singular ou colectiva compradora do estabeleci-
mento;
b) a natureza e a data do ou dos documentos entregues;
c) uma descrição do estabelecimento, objecto do penhor, que permita a sua
identificação;
d) o montante em dívida no dia anterior do da inscrição e, se existirem, as
condições de exigibilidade da dívida;
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e) o domicílio escolhido pelo credor pignorativo na circunscrição da jurisdição
onde existe o Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário.
ARTIGO 48º
Quando o privilégio incidir sobre patentes de invenção, marcas de fabrico e de comércio,
desenhos e modelos industriais o vendedor deve, para além da inscrição da garantia do
credor nas condições previstas nos artigos 46 e 47, observar as disposições específicas
relativas à propriedade industrial.
ARTIGO 49º
A Secretaria deve verificar se a declaração está conforme ao título apresentado.
A Secretaria procede à inscrição no registo cronológico e:
1°) mencionará a inscrição no processo individual aberto em nome da pessoa singular
ou colectiva contra quem a inscrição é efectuada;
2°) arquivará os documentos e um formulário da declaração que tiver sido entregue no
processo da pessoa singular ou colectiva contra quem a inscrição for efectuada,
mencionando a data desta inscrição e o seu número de ordem;
3°) remeterá à pessoa que requereu a inscrição o segundo exemplar da sua declaração
com o visto da Secretaria que indica a data e o número de inscrição.
Os terceiro e quarto exemplares do formulário deverão ser enviados para o Ficheiro Nacio-
nal para que este envie de um deles ao Ficheiro Regional.
ARTIGO 50º
As modificações do penhor decorrentes de acordo ou de decisão judicial, serão objecto de
inscrição modificativa nas condições e forma previstas para a inscrição inicial.
O pedido judicial de resolução do contrato de compra e venda de um estabelecimento co-
mercial pode ser objecto de uma pré-inscrição no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliá-
rio, de acordo com as disposições previstas para este efeito pelo Acto Uniforme para orga-
nização das garantias.
Secção 3 - Penhor de material profissional e de veículos automóveis
ARTIGO 51º
Para o registo do penhor do material profissional pertencente a uma pessoa singular ou
colectiva sujeita à inscrição no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário, o cre-
dor pignoratício deverá apresentar, na Secretaria da jurisdição competente na área em que
o comprador estiver inscrito:
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1°) o título constitutivo do penhor, apresentando o original se se tratar de documento
particular ou uma cópia autenticada se se tratar de documento oficial ou de decisão
judicial autorizando o credor a fazer esta inscrição;
2°) um formulário de inscrição em quatro exemplares,:
a) os nomes, apelidos, firme, domicílio ou sede social das partes e o número de
inscrição do comprador contra quem é requerida a inscrição;
b) a natureza e a data do ou dos documentos entregues
c) uma descrição dos bens objecto de penhor que permite identificá-los ou situá-
los e a menção, se necessário, de que o bem pode ser deslocado;
d) o montante em dívida no dia anterior ao da inscrição e, se existir, as condi-
ções de exigibilidade da dívida;
e) o domicílio escolhido pelo credor beneficiário da oneração na circunscrição
da jurisdição onde se localiza o Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário
ARTIGO 52º
Para o registo do penhor de veículos sujeitos a uma declaração de entrada em circulação
ou a uma inscrição administrativa, o vendedor deverá apresentar na Secretaria da jurisdição
competente na área em que o comprador estiver inscrito :
1°) o título constitutivo da oneração se se tratar de documento particular ou uma cópia
autenticada se se tratar de decisão judicial autorizando o credor a fazer inscrição;
2°) um formulário de inscrição em quatro exemplares mencionando :
a) os nomes, apelidos, firma, domicílio ou sede social das partes e número de
inscrição do comprador contra quem é requerida a inscrição;
b) a natureza e a data dos documentos entregues
c) descrição dos bens objectos da oneração que permita a sua identificação;
d) montante em dívida no dia anterior ao da inscrição e, se existir, as condições
de exigibilidade da dívida;
e) o domicílio escolhido pelo credor pignoratício na circunscrição da jurisdição
onde existe o Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário.
ARTIGO 53º
Após verificação da conformidade do formulário com o título apresentado, a Secretaria pro-
cederá à inscrição do penhor nos termos do artigo 49 do presente Acto Uniforme.
As modificações, decorrentes de acordo ou de decisão judicial serão objecto de inscrição
modificativa nas condições e formas previstas para a inscrição inicial.
Secção 4 - Penhor de stocks
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ARTIGO 54º
Para registo da constituição de penhor dos stocks, o credor pignoraticio deverá entregar na
Secretaria da jurisdição na área territorial em que estiver inscrita a pessoa singular ou co-
lectiva proprietária dos stocks garantidos :
1°) o título constitutivo da oneração, apresentando o original se se tratar de documento
particular ou uma cópia autenticada se se tratar de documento oficial ou de decisão
judicial autorizando o credor a fazer esta inscrição;
2°) um formulário de inscrição em quatro exemplares mencionando :
a) os nomes, apelidos, firma, domicílio ou sede social das partes
e o número de inscrição da pessoa singular ou colectiva proprietária dos
stocks onerados e contra quem a inscrição é requerida;
b) a natureza e a data do ou dos documentos entregues;
c) uma descrição dos stocks objecto da oneração, que permite a ter identifica-
ção;
d) o montante em divida no dia anterior ao da inscrição e, se
existir, as condições de exigibilidade da dívida;
e) o domicílio escolhido pelo credor pignoratício na circunscrição da jurisdição
onde se localiza o Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário.
ARTIGO 55º
Após verificação da conformidade do formulário com o título apresentado, a Secretaria pro-
cederá à inscrição do penhor nos termos do artigo 49 do presente Acto Uniforme.
O formulário entregue ao requerente após inscrição deve conter, de forma visível, a menção
"oneração sobre os stocks" e a data da sua emissão, que corresponderá à da inscrição no
registo.
As modificações, decorrentes de acordo ou de decisão judicial, devem ser objecto de inscri-
ção modificativa nas condições e forma previstas para a inscrição inicial.
Secção 5 - Registo dos privilégios das Finanças, da Administração da Alfândega e
das Instituições de Segurança Social
ARTIGO 56º
Para a inscrição de privilégio das Finanças, o Contabilista Público competente apresenta na
Secretaria da jurisdição competente na área em que o devedor estiver inscrito :
1°) o título constitutivo da dívida, apresentando o original ou o julgamento autorizando
as Finanças a fazer essa inscrição;
2°) um formulário de inscrição em quatro exemplares mencionando:
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a) os nomes, apelidos, firma, domicílio ou sede social do
devedor bem como o seu número de inscrição;
b) a natureza e a data do crédito;
c) o montante em dívida no dia anterior ao da inscrição e, se existir, as
condições de exigibilidade da dívida;
d) o domicílio escolhido pelas Finanças na circunscrição da
jurisdição onde se localiza o Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário.
Após verificação da conformidade do formulário com o título constitutivo do crédito, a Se-
cretaria procederá à inscrição nos termos do artigo 49 do presente Acto Uniforme.
As modificações decorrentes de acordo ou de decisão judicial serão objecto de inscrição
modificativa nas condições e forma previstas para a inscrição inicial.
ARTIGO 57º
Para a inscrição do seu privilégio, a Administração da Alfândega, deverá apresentar na Se-
cretaria da jurisdição competente na área em que o devedor esteve inscrito:
1°) o título constitutivo da dívida, apresentando o original, ou o julgamento autorizando
a Administração da Alfândega a fazer esta inscrição;
2°) um formulário de inscrição, em quatro exemplares, mencionando :
a) os nomes, apelidos, firma, domicílio ou sede social do
devedor bem como o seu número de inscrição;
b) a natureza e a data da dívida;
c) o montante em dívida no dia anterior ao da inscrição e, se existirem, as
condições de exigibilidade da dívida;
d) o domicílio escolhido pela Administração da Alfândega circunscrição da ju-
risdição onde existe o Registo do Comércio e do
Crédito Mobiliário.
Após verificação da conformidade do formulário com o título constitutivo da dívida, o Secre-
tariado procederá à inscrição nos termos do artigo 49 do presente Acto Uniforme.
As modificações, decorrendo de acordo da decisão judicial, serão objecto de inscrição mo-
dificativa nas condições e formas previstas para a inscrição inicial.
ARTIGO 58º
Para o registo do seu privilégio, Instituição de Segurança Social, deverá apresentar ao Se-
cretariado em que estiver inscrito o devedor:
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1°) o título constitutivo da dívida, apresentando o original ou o julgamento autorizando a
Instituição de Segurança Social a fazer esta inscrição;
2°) um formulário de inscrição em quatro exemplares mencionando :
a) os nomes, apelidos, denominação social, domicílio ou sede social do
devedor contra quem é requerida a inscrição, bem como o seu número de
inscrição;
b) a natureza e a data do crédito;
c) o montante em dívida ao dia anterior ao da inscrição e, se existirem, as
condições de exigibilidade da dívida;
d) o domicílio escolhido pela Instituição de Segurança Social na ciscunscrição
onde se localiza o Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário.
Após verificação da conformidade do formulário com o título constitutivo da dívida, o Secre-
tariado procederá à inscrição nos termos do artigo 49 do presente Acto Uniforme.
As modificações decorrentes do acordo ou de decisão judicial, deverão ser objecto de ins-
crição modificativa nas condições e formas previstas para a inscrição inicial.
Secção 6 - Registo das cláusulas de reserva de propriedade
ARTIGO 59º
O vendedor de mercadorias que disponha de uma convenção ou de uma nota de encomen-
da aceite pelo comprador, com a menção visível de uma cláusula de reserva de proprie-
dade, pode inscrever esta última no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário.
Para este efeito, deverá entregar na Secretaria da jurisdição competente na área em que o
comprador das mercadorias estiver inscrito:
1°) o título mencionando a cláusula de reserva de propriedade, em cópia autenticada;
2°) um formulário de inscrição, em quatro exemplares, mencionando:
a) os nomes, apelidos, firma, domicílio ou sede social das partes
bem como o número de inscrição da pessoa singular ou colectiva
compradora das mercadorias afectadas pela cláusula de reserva;
b) a natureza e a data do ou dos documentos entregues;
c) uma descrição das mercadorias objecto da cláusula de reserva de
propriedade que permita a sua identificação;
d) o montante em dívida no dia anterior ao da inscrição e, se existirem, as
condições de exigibilidade da dívida;
e) o domicílio escolhido pelo credor beneficiário da cláusula de reserva de
propriedade na circunscrição da jurisdição onde se localiza o
Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário.
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29
ARTIGO 60º
Após verificação da conformidade entre o formulário e o título de que conste a cláusula de
reserva de propriedade, a Secretaria procederá à inscrição da cláusula nos termos do artigo
49 do presente Acto Uniforme.
A Secretaria remeterá ao requerente um exemplar do formulário que deverá conter, de for-
ma visível, a menção "cláusula de reserva de propriedade " bem como o número e a data da
inscrição.
As modificações decorrentes do acordo ou de decisão judicial, deverão ser objecto de ins-
crição modificativa nas condições e forma previstas para a inscrição inicial.
Secção 7 - Registo dos contratos de locação do estabelecimento comercial
ARTIGO 61º
Celebrado um contrato de locação do estabelecimento comercial, o credor-locador pode
entregar na Secretaria da jurisdição competente na área em que estiver inscrita a pessoa
singular ou colectiva locatária :
1°) o título constitutivo do contrato de locação do estabelecimento, apresentando o
original se tratar de documento particular ou cópia autenticada se é um documento
oficial;
2°) um formulário de inscrição em quatro exemplares, mencionando:
a) os nomes, apelidos, firma, domicílio ou sede social do
locatário bem como o seu número de inscrição;
b) a natureza e a data do ou dos documentos entregues ;
c) uma descrição do bem objecto da locação que permira a sua identificação;
d) o montante em dívida no dia anterior ao da inscrição e, se
existirem, as condições de exigibilidade da dívida;
e) a escolha do domicílio do credor-locador na circunscrição da
jurisdição onde se localiza o Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário.
ARTIGO 62º
Após verificação da conformidade do formulário com o título que lhe foi entregue, o Secreta-
riado procede, à inscrição do contrato de locação, nos termos no artigo 49 do presente Acto
Uniforme.
O formulário entregue ao requerente após inscrição deve conter, de forma visível, a menção
" locação de estabelecimento comercial " e a data da sua emissão, que corresponde à da
inscrição no Registo do Comércio e dos Crédito Mobiliário.
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30
As modificações decorrentes de acordo ou de decisão judicial, devem ser objecto de inscri-
ção modificativa nas condições e formas previstas para a inscrição inicial.
CAPÍTULO 2 EFEITOS E CONTENCIOSO DO REGISTO
ARTIGO 63º
O registo efectuado de forma regular é oponível entre as partes e a terceiros a contar da
data da inscrição no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário:
1°) durante um período de cinco anos para o registo do penhor de acções ou
partes sociais, do penhor de estabelecimento comercial, do penhor de material
profissional e de veículos automóveis, do privilégio do vendedor e dos contratos de
locação de estabelecimento ;
2°) durante um período de três anos para o registo dos privilégios gerais das
Finanças, da Administração das Alfândegas e das Instituições de Segurança Social;
3°) durante um período de um ano para o registo do penhor de stocks e da
cláusula de reserva de propriedade.
Decorridos estes prazos, a inscrição caducará e devendo ser oficiosamente cancelada pelo
secretariado salvo se a inscrição tiver sido renovada pelo requerente nos termos do artigo
62 do presente Acto Uniforme,
ARTIGO 64
A renovação de uma inscrição efectua-se nas mesmas condições que a inscrição inicial.
A Secretaria procede à renovação da inscrição, após verificação da conformidade dos for-
mulários com os títulos entregues.
A inscrição validamente renovada é oponível entre as partes e a terceiros a contar da data
de entrega do pedido de renovação, nos termos do artigo 63 do presente Acto Uniforme. A
Secretaria remete ao requerente um exemplar do formulário que deve conter de forma visí-
vel, a menção " renovação de inscrição ".
ARTIGO 65º
A pessoa singular ou colectiva contra quem tiver sido efectuada uma ou várias das inscri-
ções enumeradas no capítulo primeiro do presente título pode a qualquer momento interpor,
junto da jurisdição competente, uma acção para obter o levantamento, a modificação ou a
redução da inscrição.
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31
A jurisdição competente poderá sempre, seja qual for o estado dos autos e mesmo antes de
decidir sobre o fundamento da acção, ordenar o levantamento total ou parcial da inscrição
se o requerente provar motivos sérios e legítimos.
ARTIGO 66º
O cancelamento total ou parcial da inscrição poderá igualmente ser requerido com a apre-
sentação de documento de que conste o acordo do credor ou dos seus herdeiros nesse
sentido.
Ao pedido de cancelamento o requerente deverá juntar, em quatro exemplares, um formulá-
rio mencionando:
1°) os nomes, apelidos, firma, domicílio ou sede social e número de
inscrição da pessoa singular ou colectiva contra a qual a inscrição tinha sido
requerida ou, tratando-se de inscrição relativa aacções ou partes sociais, o
número de inscrição da sociedade cujas acções ou partes sociais tinhham sido
objecto da inscrição
2°) a natureza e a data do ou dos documentos entregues;
3°) o domicílio escolhido pelo requerente na circunscrição da
jurisdição onde se localiza o Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário.
O cancelamento será inscrito no Registo pela Secretaria, após verificação da conformidade
do formulário com o acto apresentado.
Dois exemplares do formulário serão enviados ao Ficheiro Nacional para remessa de um
deles ao Ficheiro Regional.
Será emitida e entregue uma certidão de cancelamento a qualquer pessoa que a requeira.
ARTIGO 67º
A Secretaria tem a responsabilidade de verificar se os pedidos de inscrição, de renovação
de inscrição ou de cancelamento de garantias mobiliárias estão completos e em conformi-
dade com os documentos comprovativos apresentados.
Se verificar inexactidões ou se encontrar dificuldades no cumprimento das suas funções,
deve dar conhecimento das mesmas ao Presidente da jurisdição competente.
ARTIGO 68º
A inscrição de garantia mobiliária efectuada de forma fraudulenta ou que comporte indica-
ções inexactas fornecidas de má fé, será punida com as penas previstas pela legislação
nacional.
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32
A jurisdição competente, decidindo-se pela condenação, poderá ordenar a rectificação da
menção inexacta nos termos por si definidos.
LIVRO IIICONTRATO DE ARRENDAMENTO COMERCIAL E ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS
TÍTULO 1CONTRATO DE ARRENDAMENTO COMERCIAL
CAPÍTULO PRELIMINAR
ÂMBITO DE APLICAÇÃO
ARTIGO 69º
O disposto no presente Título é aplicável nas cidades com mais de cinco mil habitantes, a
todos os contratos de arrendamento comercial sobre imóveis que se enquadrem nas se-
guintes categorias :
1°) locais ou imóveis para fins comerciais, industriais, artesanais ou profissionais,
2°) locais acessórios dependendo de um local ou de um imóvel para fins comerciais,
industriais, artesanais ou profissionais desde que os locais acessórios
pertençam a proprietários diferentes, que o arrendamento tenha sido feito tendo em
conta a utilização conjunta que o arrendatário pretende fazer e que esta finalidade
tenha sido do conhecimento do locador no momento da realização do contrato;
3°) terrenos vagos sobre os quais tenham sido erigidas, antes ou depois da realização
do contrato, construções para fins industriais, comerciais, artesanais ou
profissionais, desde que estas construções tenham sido erigidas ou exploradas com
o consentimento do proprietário ou com o seu conhecimento.
ARTIGO 70º
O disposto no presente Título é igualmente aplicável às pessoas colectivas de direito público
com carácter industrial ou comercial e às sociedades de capitais públicos, quer intervenham
na qualidade de locador quer de locatário.
CAPÍTULO 1
CELEBRAÇÃO E DURAÇÃO DO CONTRATO
ARTIGO 71º
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33
Considera-se contrato de arrendamento comercial o negócio mesmo não reduzido a forma
escrita, celebrado entre o proprietário de um imóvel ou de uma parte de imóvel situado no
âmbito de aplicação do artigo 69 e uma pessoa singular ou colectiva conferindo a esta o
direito de explorar nos locais e com o acordo do proprietário uma actividade comercial, in-
dustrial, artesanal ou profissional.
ARTIGO 72º
As partes fixam livremente a duração do contrato.
O contrato de arrendamento comercial pode ser celebrado por tempo determinado ou inde-
terminado.
Se o contrato não for reduzido a escrito ou, sendo reduzido a escrito, não mencionar um
termo certo, considera-se celebrado por tempo indeterminado.
CAPÍTULO 2
ORBIGAÇÕES DO LOCADOR
ARTIGO 73º
O senhorio deve entregar os locais em bom estado.
Presume-se que ele cumpriu esta obrigação :
– quando o contrato de arrendamento for verbal,
– ou quando o arrendatário tiver subscrito o contrato sem formular qualquer
reserva quanto ao estado dos locais.
ARTIGO 74º
O senhorio deve efectuar, por sua conta, todas as grandes reparações necessárias e ur-
gentes dos imóveis arrendados.
Neste caso, o arrendatário deve tolerar os respectivos inconvenientes.
Grandes reparações são, nomeadamente, as das paredes principais e de suporte, as das
abóbodas, das vigas, dos telhados, dos muros de suporte e vedação, dos escoamentos e
das fossas sépticas.
O montante da renda será reduzido na proporção do tempo durante em que o arrendatário
esteve privado da fruição dos locais.
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34
Se as reparações urgentes impedirem a fruição do imóvel, o arrendatário pode pedir a res-
cisão judicial do contrato de arrendamento ou a sua suspensão durante as obras.
ARTIGO 75º
Se o senhorio se recusar a efectuar as grandes reparações que lhe incumbem, o arrendatá-
rio pode pedir autorização à jurisdição competente para as efectuar, de acordo com as re-
gras da arte e por conta do senhorio.
Neste caso, a jurisdição competente fixará o montante das reparações e as modalidades do
respectivo reembolso.
ARTIGO 76º
O senhorio não pode, por sua própria iniciativa, modificar o estado dos locais arrendados
nem restringir a sua utilização.
ARTIGO 77º
O senhorio é responsável perante o arrendatário pela perturbação do gozo do imóvel arren-
dado causada por si, pelos seus herdeiros ou pelos seus encarregados.
ARTIGO 78º
A venda dos imóveis arrendados não extingue o contrato de arrendamento comercial.
Em caso de transmissão da propriedade sobre o imóvel arrendado o comprador sucede
nos direitos e nas obrigações do senhorio e deve continaur a cumprir o contrato.
ARTIGO 79º
O contrato de arrendamento não se extingue pelo falecimento de uma das partes.
Em caso de falecimento do arrendatário, pessoa singular, a posição contratual transmite-se
para o cônjuge, ascendentes ou descendentes em linha recta que tenham efectuado o pe-
dido ao senhorio por via extrajudicial no prazo de três meses a contar do falecimento.
Em caso de pluralidade de pedidos, o senhorio pode requerer à jurisdição competente que
designe o sucessor no contrato.
Na falta de qualquer pedido no prazo de três meses o contrato de arrendamento extingue-
se automaticamente.
CAPÍTULO 3
OBRIGAÇÕES DO ARRENDATÁRIO
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ARTIGO 80º
O arrendatário deve pagar a renda nos termos acordados, directamente ao senhorio ou ao
seu representante por si designado no contrato.
ARTIGO 81º
O arrendatário deve utilizar os locais arrendados, com os cuidados exigíveis a um bom pai
de família e de acordo com o fim previsto no contrato ou, se não existir convenção escrita,
de acordo com o fim presumível conforme as circunstâncias.
Se o arrendatário utilizar o locado para fim diferente daquele a que foidestinado e se dessa
utilização resultar um prejuízo para o senhorio, este pode requerer à jurisdição competente
a resolução do contrato.
O senhorio pode igualmente requerer a rescisão do contrato caso o arrendatário pretenda
acrescentar à actividade prevista no contrato uma actividade anexa ou complementar.
ARTIGO 82º
O arrendatário deve efectuar as obras de reparação e de manutenção do locado.
O arrendatário é responsável pelas deteriorações ou perecimento ocorridos devidos à falta
de manutenção na pendência do contrato.
ARTIGO 83º
Se no termo do contrato, o arrendatário, por motivos diferente do previsto no artigo 94 do
presente Acto Uniforme, continuar a ocupar o locado contra a vontade do senhorio, deve
pagar uma indemnização por essa ocupação de valor igual ao montante da renda fixada no
contrato, sem prejuízo de indeminização por danos e de juros.
CAPÍTULO 4
RENDA
ARTIGO 84º
As partes fixam livremente o montante da renda, sem prejuízo das disposições legais ou
regulamentares aplicáveis.
A renda será actualizada nas condições previstas pelas partes ou, se nada tiverem previs-
to, no final de cada período de três anos.
ARTIGO 85º
Se não houver acordo escrito entre as partes sobre o novo montante da renda, a parte mais
diligente deverá requer a intervenção da jurisdição competente.
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Para fixar o montante da nova renda, a jurisdição competente tomará em consideração :
– a situação geográfica do locado;
– a respectiva superfície;
– a vetustidade;
– o preço corrente das rendas comerciais praticadas nas imediações para lo-
cais semelhantes.
CAPÍTULO 5
TRANSMISSÃO E SUBARRENDAMENTO
ARTIGO 86º
A transmissão da posição de arrendatário deve ser comunicada ao senhorio por via extraju-
dicial ou por qualquer meio escrito, mencionando :
– a identidade completa do transmissário;
– a sua morada;
– eventualmente, o seu número de inscrição no Registo do Comércio e do
Crédito Mobiliário.
ARTIGO 87º
Se não for efectuado comunicação de acordo com o disposto no artigo 86 do presente Acto
Uniforme, a transmissão é inoponível ao senhorio.
ARTIGO 88º
O senhorio dispõe do prazo de um mês a contar da data da comunicação para se a trans-
missão do contrato de arrendamento opor e interpor acção junto da jurisdição competente,
expondo os motivos sérios e legítimos que poderiam obstar a essa transmissão.
A violação pelo arrendatário das obrigações emergentes do contrato e nomeadamente a
falta de pagamento da renda constitui um motivo sério e legítimo de oposição à transmis-
são.
Na pendência da acção o transmitente continua sujeito às obrigações emergentes do
contrato de arrendamento comercial.
ARTIGO 89º
Salvo estipulação contratual em contrário, o subarrendamento total ou parcial é proibido.
Em caso de subarrendamento autorizado, o negócio deve ser comunicado por escrito ao
senhorio.
Enquanto o negócio não for comunicado, o subarrendamento inoponível do senhorio.
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ARTIGO 90º
Se a renda do subarrendamento total ou parcial for superior à renda do contrato de arren-
damento principal, o senhorio tem o direito de exigir um aumento correspondente do valor
da renda principal, aumento que, na falta de acordo entre as partes, será fixado pela jurisdi-
ção competente tendo em conta os elementos mencionados no artigo 85 do presente Acto
Uniforme.
CAPÍTULO 6
CONDIÇÕES E FORMAS DE RENOVAÇÃO
ARTIGO 91º
O direito à renovação do contrato, a termo certo ou por tempo indeterminado, é adquirido
pelo arrendatário mediante a prova de que explorou, nos termos acordados, a actividade
prevista no contrato de arrendamento durante um período mínimo de dois anos.
ARTIGO 92º
Tratando-se de contrato a termo certo, o arrendatário que tiver direito à renovação do seu
contrato nos termos do artigo 91 do presente Acto Uniforme pode pedir a renovação por
acto extrajudicial até três meses antes do termo do contrato.
O arrendatário que não formule o pedido nesse prazo perde o direito à renovação do
contrato de arrendamento comercial.
Se o senhorio não tiver comunicado a sua resposta ao pedido de renovação até um mês
antes do termo do contrato assume-se que aceitou a renovação.
ARTIGO 93º
Tratando-se de contrato por tempo indeterminado, a parte que desejar pôr termo ao
contrato deverá denunciá-lo por acto extrajudicial, pelo menos, com seis meses de antece-
dência.
O arrendatário que beneficie do direito à renovação do contrato em virtude do artigo 91 do
presente Acto Uniforme pode opôr-se denúncia até à data em que esta deveria produzir os
seus efeitos, notificando o senhorio, por acto extrajudicial, da sua oposição à denúncia.
Se não existiroposição dentro do prazo estabelecido, o contrato de arrendamento comercial
por tempo indeterminado caduca na data fixada pela denúncia.
ARTIGO 94º
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O senhorio pode obstar ao direito à renovação do contrato de arrendamento comercial, a
termo certo ou por tempo indeterminado, pagando ao arrendatário uma indemnização pela
perda do locado.
Se as partes não chegarem a acordo sobre o seu montante a indemnização será fixada pela
jurisdição competente tendo em conta o valor dos negócios, dos investimentos realizados
pelo arrendatário e a localização do imóvel.
ARTIGO 95º
O senhorio pode obstar ao direito à renovação do contrato de arrendamento comercial a
termo certo ou por tempo indeterminado, sem ter que pagar qualquer indemnização pela
perda do locado, nos seguintes casos :
1°) caso prove um motivo grave e legítimo contra o arrendatário
Só constitui motivo grave e legítimo o não cumprimento pelo arrendatário de uma
obrigação essencial do contrato de arrendamento comercial ou a cessação
da exploração do estabelecimento comercial.
O motivo só poderá ser invocado se os factos ocorreram ou se repetirem mais
de dois meses após interpelação do senhorio, por acto extrajudicial, exigindo que os
mesmos cessassem.
2°) Caso pretenda demolir o imóvel locado e reconstruí-lo
O senhorio deverá neste caso provar a natureza das obras projectadas e apresentar
a respectiva descrição.
O arrendatário terá o direito de permanecer no imóvel até ao início das obras de
demolição e beneficiará de um direito de prioridade na atribuição de um novo
contrato de arrendamento comercial no imóvel reconstruído.
Se os locais reconstruídos se destinarem a fim diferente daquele a que se destinava
o locado ou se não for proposto ao arrendatário um novo contrato no novo edifício, o sen-
horio deverá pagar ao arrendatário a indemnização pela perda do locado prevista no artigo
94 do presente Acto Uniforme.
ARTIGO 96º
O senhorio pode ainda, sem pagar qualquer indemnização pela perda do locado, recusar a
renovação do contrato de arrendamento comercial no que diz respeito aos locais de habita-
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ção anexos aos locais principais, quer para os habitar ele mesmo quer para os fazer habitar
pelo seu cônjuge, pelos seus ascendentes, pelos seus descendentes ou os do seu cônjuge.
O senhorio não terá aquele direito se o arrendatário provar que a privação da fruição dos
locais de habitações anexos implica uma perturbação grave da fruição do locado ou ainda
se os locais anexos e os locais principais formam um todo indivisível.
ARTIGO 97º
Em caso de renovação aceite expressa ou tacitamente a duração do novo contrato é de três
anos, salvo acordo em sentido diferente.
O novo contrato de arrendamento comercial tem início na data do termo do contrato prece-
dente se este é a termo certo ou na data em que foi denunciado o contrato precedente se
este era por tempo indeterminado.
ARTIGO 98º
O subarrendatário pode pedir a renovação do seu contrato ao arrendatário principal no limite
dos direitos deste último em relação ao senhorio. Este direito está sujeito ao disposto nos
artigos 91 a 94 e 95-1 do presente Acto Uniforme.
O acto de renovação do subarrendamento deve ser comunicado ao senhorio nos mesmos
termos o subarrendamento inicialmente consentilo.
ARTIGO 99º
O arrendatário sem direito à renovação, independentemente dos motivos, poderá no entanto
ser reembolsado dos arranjos e benfeitorias que tenha efectuado no imóvel com consenti-
mento do senhorio..
Se não existir acordo entre as partes, o arrendatário poderá interpor acção junto da jurisdi-
ção competente desde o termo do contrato a termo certo não renovado ou desde a notifica-
ção da denúncia do contrato por tempo indeterminado.
ARTIGO 100º
Os litígios decorrentes das disposições do Título 1 do presente Livro poderão ser objecto de
requerimento da parte mais diligente à jurisdição competente na área em que se situam os
imóveis arrendados.
CAPÍTULO 7
RESOLUÇÃO JUDICIAL DO CONTRATO
ARTIGO 101º
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O arrendatário deve pagar a renda e respeitar as cláusulas e condições do contrato de ar-
rendamento comercial.
Em caso de falta de pagamento da renda ou de não cumprimento de uma cláusula do
contrato, o senhorio pode pedir à jurisdição competente a resolução do contrato e o despejo
do arrendatário e de todos os ocupantes que dele dependam depois de ter interpelado ex-
trajudicialmente o arrendatário para cumprir as cláusulas e condições do contrato.
Essa interpelação deve reproduzir, sob pena de invalidade, os termos do presente artigo e
informar o arrendatário que se não pagar ou não cumprir as cláusulas do contrato no prazo
de um mês, será pedida a rescisão do contrato.
O senhorio que pretender pedir a resolução do contrato de arrendamento ao abrigo do qual
um estabelecimento comercial é explorado deve notificar o seu pedido aos credores inscri-
tos.
A decisão judicial que decrete a resolução só pode ser proferida depois da expiração do
prazo de um mês sobre a data da notificação do pedido aos credores inscritos.
CAPÍTULO 8
DISPOSIÇÕES DE ORDEM PÚBLICA
ARTIGO 102º
São imperativas as normas dos artigos 69 - 70 - 71 - 75 - 78 - 79 - 85 - 91 - 92 - 93 - 94 -
95 - 98 e 101 do presente Acto Uniforme.
TÍTULO IIESTABELECIMENTO COMERCIAL
CAPÍTULO 1
DEFINIÇÃO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL
ARTIGO 103º
O estabelecimento comercial é constituído por um conjunto de meios que permite ao co-
merciante atrair e conservar uma clientela.
O estabelecimento comercial é constituído por bens móveis, corpóreos e incorpóreos.
ARTIGO 104º
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O estabelecimento comercial inclui obrigatoriamente a clientela, o nome de estabelecimento
e a insígnia à firma comercial.
Esses elementos são designados pela expressão " estabelecimento comercial ".
ARTIGO 105º
O estabelecimento comercial pode ainda incluir, desde que expressamente indicados :
– as instalações,
– as decorações,
– o material,
– o mobiliário,
– as mercadorias em stock,
– o direito ao arrendamento,
– as licenças de exploração,
– as patentes de invenção, marcas de fabrico e de comércio,
desenhos e modelos e qualquer outro direito de propriedade
intelectual necessário para a exploração.
CAPÍTULO 2
MODOS DE EXPLORAÇÃO DO
ESTABELECIMENTO COMERCIAL
ARTIGO 106º
O estabelecimento comercial pode ser explorado directamente ou no âmbito de um contrato
de locação do estabelecimento.
A exploração directa pode ser efectuada por um comerciante ou por uma sociedade comer-
cial.
A locação do estabelecimento comercial é um contrato pela qual o seu proprietário, pessoa
singular ou colectiva cede a respectiva exploração a um terceiro, também pessoa singular
ou colectiva, que assim passa a geri-lo por sua conta e exclusiva responsabilidade.
ARTIGO 107º
O locatário torna-se comerciante e fica sujeito a todas as obrigações inerentes a essa quali-
dade.
Ele deve respeitar as disposições que regulamtam a inscrição no Registo do Comércio e do
Crédito Mobiliário.
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O contrato de locação do estabelecimento comercial deve ser publicado no prazo de quinze
dias a contar da data da sua celebração, sob forma de extracto em jornal habilitado a rece-
ber anúncios legais.
O proprietário do estabelecimento, se for comerciante, deve modificar a sua inscrição no
Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário, requerendoo registo do contrato de locação
do seu estabelecimento.
A caducidade na data prevista ou antecipadamente, a extinção, no termo previsto ou anteci-
pada, do contrato de locação do estabelecimento comercial, está sujeita às mesmas regras
de publicidade.
ARTIGO 108º
O locatário deve indicar essa sua qualidade nas notas de encomenda, facturas e outros
documentos, juntamente com o seu número de inscrição no Registo do Comércio e do Cré-
dito Mobiliário.
As infracções a esta disposição serão punidas pela lei penal nacional.
ARTIGO 109º
As pessoas singulares ou colectivas que celebrarem, como locadores, um contrato de loca-
ção de estabelecimento, devem :
– ter sido comerciantes por um período mínimo de dois anos ou ter exercido
por período equivalente as funções de gerente ou director comercial ou
técnico de uma sociedade;
– ter explorado, durante um período mínimo de um ano e na qualidade de
comerciante, o estabelecimento objecto da locação.
As pessoas interditas ou impossibilitadas de exercer uma actividade comercial não podem
celebrar contratos de locação de estabelecimento comercial.
ARTIGO 110º
Os prazos previstos no artigo precedente podem ser reduzidos ou suprimidos pela jurisdição
competente, nomeadamente nos casos em que o interessado tenha feito prova de que não
pode explorar o estabelecimento, directamente ou através dos seus representantes.
ARTIGO 111º
As condições estabelecidas no artigo 109 do presente Acto Uniforme não se aplicam :
– ao Estado,
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43
– às Colectividades Locais,
– aos Estabelecimentos Públicos,
– aos incapazes, no que respeita ao estabelecimento de que eram
proprietários antes e decretada a sua incapacidade,
– aos herdeiros ou legatários de um comerciante falecido no que respeita
ao estabelecimento explorado por este último,
– aos contratos de locação do estabelecimento comercial celebrados pelos
mandatários judiciais encarregados da respectiva administração com a
condição de terem sido autorizados pela jurisdição competente e de terem
respeitado as exigências de publicidade previstas.
ARTIGO 112º
As dívidas do locador do estabelecimento podem ser declaradas imediatamente exigíveis
pela jurisdição competente se esta considerar que a locação põe em perigo o respectivo
pagamento.
A acção deverá ser interposta por qualquer interessad, sob pena de prescrição, no prazo de
três meses a contar da data de publicação do contrato de locação nos termos do artigo 115
do presente Acto Uniforme.
ARTIGO 113º
Até à publicação do contrato de locação o proprietário do estabelecimento é solidariamente
responsável.
ARTIGO 114º
A extinção do contrato de locação na data prevista ou antecipadamente torna imediata-
mente exigíveis as dívidas ligadas à exploração do estabelecimento, contraídas pelo locatá-
rio durante a sua exploração.
CAPÍTULO 3
TRANSMISSÃO DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL
ARTIGO 115º
A transmissão do estabelecimento comercial obedece às regras gerais sobre a venda, sem
prejuízo das disposições seguintes e os textos específicos aplicáveis a certas actividades
comerciais.
ARTIGO 116º
A transmissão do estabelecimento comercial tem obrigatoriamente por objecto o estabele-
cimento comercial definido nos termos do artigo 104 do presente Acto Uniforme.
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44
A transmissão pode igualmente incluir outros elementos do estabelecimento indicados no
artigo 105 do presente Acto Uniforme desde que sejam expressamente mencionados no
documento respeitante à transmissão.
O disposto nas alíneas precedentes não impede a transmissão de elementos separados do
estabelecimento.
ARTIGO 117º
A venda de um estabelecimento comercial pode ser efectuada por documento particular ou
por escritura pública.
O disposto no presente capítulo aplica-se aos documentos que titulem uma transmissão de
estabelecimento comercial ainda que efectuada sob condição, e ainda que a transmissão
consista na integração do estabelecimento comercial numa sociedade.
ARTIGO 118º
O documento que titule a transmissão de um estabelecimento comercial deve mencionar :
1°) o estado civil completo do vendedor e do comprador tratando-se de pessoas singula-
res; a firma, forma jurídica, morada da sede social e objecto social
do vendedor e do comprador tratando-se de pessoas colectivas;
2°) os respectivos números de inscrição no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário
3°) se for caso disso, origem da propriedade do precedente vendedor;
4°) privilégios creditórios , onerações e inscrições que impendem sobre o estabeleci-
mento;
5°) o volume de negócios de cada um dos três últimos anos de exploração
ou desde a aquisição do estabelecimento, caso o início da respectiva exploração
tenha ocorrido há menos de três anos;
6°) os lucros obtidos durante igual período;
7°) o contrato de arrendamento comercial, a sua data e duração e o nome e morada do
senhorio e do transmitente, se necessário;
8°) o preço estipulado;
9°) a localização e os elementos do estabelecimento vendido;
10°) o nome e morada da entidade bancária designada para depósito e retenção do pre-
ço se a venda tiver sido realizada através de documento particular.
ARTIGO 119º
A falta ou inexactidão das menções eneumeradas no artigo anterior pode provocar a nuli-
dade da venda se o comprador a requerer e provar que tal falta ou inexactidão afectou
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substancialmente a consistência do estabelecimento transmitido e que dela resulta um pre-
juízo.
A acção para esse efeito deve ser interposta no prazo de um ano a contar da data do negó-
cio.
ARTIGO 120º
Dos documentosque titulem a transmissão de estabelecimento comercial devem ser entre-
gues duas cópias autenticadas, uma pelo vendedor e outra pelo comprador, no Registo do
Comércio e do Crédito Mobiliário.
Incumbe ao vendedor e ao comprador, cada um deles no que lhe diz respeito, proceder à
inscrição da menção modificativa correspondente.
ARTIGO 121º
No prazo de quinze dias seguidos a contar da sua data, os documentos que titularem a
transmissão de um estabelecimento comercial devem ser publicados pelo comprador sob
forma de aviso, em jornal habilitado a receber anúncios legais e difundido na área da cir-
cunscrição do Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário em que o vendedor estiver ins-
crito.
ARTIGO 122º
O vendedor do estabelecimento comercial deve pôr o estabelecimento transmitido à dispo-
sição do comprador na data prevista no documento de transmissão.
Todavia, se tiver sido previsto um pagamento total e imediato do preço, o vendedor só é
obrigado, salvo convenção contrária entre as partes, a transferir a posse para o comprador
na data de pagamento total.
ARTIGO 123º
O vendedor de um estabelecimento comercial deve abster-se de qualquer acto que possa
perturbar o comprador na exploração do estabelecimento vendido.
As cláusulas de não concorrência só são válidas se forem limitadas, no tempo ou no espa-
ço; basta uma destas limitações para que a cláusula se torne válida.
O vendedor deve assegurar ao comprador a posse pacífica da coisa vendida e, em espe-
cial, deve garanti-lo contra os direitos que terceiros possam pretender invocar sobre o esta-
belecimento vendido.
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ARTIGO 124º
Se o comprador for parcialmente privado da posse, se descobrir encargos que não tenham
sido declarados no documento de venda ou ainda se o estabelecimento padecer de vícios
ocultos que não tenhamsido mencionados pode pedir a resolução da venda se a perturba-
ção de gozo de que for vítima forde tal ordem que o sujeito não teria comprado o estabele-
cimento se tivesse tido conhecimento dela..
ARTIGO 125º
O comprador tem a obrigação de pagar o preço no dia e no local fixados no documento que
titula a venda, quer ao notário ou a entidade bancária designado de comum acordo entre as
partes.
O notário ou a entidade bancária designados devem reter as importâncias entregues du-
rante um prazo de trinta dias, prazo que começa a correr no dia de publicação da venda
emjornal habilitado a receber anúncios legais.
Se decorrido este prazo não tiver sido notificado ao depositário nenhuma oposição o preço
da venda pode ser posto à disposição do vendedor.
Se uma ou várias oposições tiverem sido deduzidas tempestivamente, o preço de venda só
deverá ser posto à disposição do vendedor mediante prova de levantamento de todas as
oposições.
ARTIGO 126º
É nula qualquer contra-declaração ou acordo das partes que tenha por objecto dissimular
parte do preço da transmissão de um estabelecimento comercial.
ARTIGO 127º
O credor do vendedor que deduzir oposição deverá notificá-la por acto extrajudicial :
– ao Notário ou à entidade bancarária designado para guardar o preço,
– ao comprador, no domicílio indicado no documento que titula a transmissão,
– a Secretaria da jurisdição de que depende o Registo do Comércio e do
Crédito Mobiliário em que o vendedor está inscrito, a qual deverá proceder à
inscrição da oposição no Registo.
O acto de oposição deve indicar o montante e a causa da dívida e mencionar o domicílio
escolhido na área da ciscunscrição da jurisdição onde se localiza o Registo do Comércio e
do Crédito Mobiliário.
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A oposição considera-se nula se estas formalidades não tiverem sido respeitadas por quem
a deduzir.
ARTIGO 128º
A oposição produz um efeito suspensivo
Quem deduzir oposição deverá interpôr acção junto da jurisdição competente pedindo o
reconhecimento da dívida e o seu pagamento.
ARTIGO 129º
Para obter o levantamento da oposição e receber as importâncias disponíveis, o vendedor
deve interpôr acção junto da jurisdição competente.
O vendedor pode igualmente obter do oponente o levantamento voluntário da oposição;
nesse caso, o levantamento deve ser notificado pelo oponente nas condições de forma
constantes do artigo 125 do presente Acto Uniforme.
ARTIGO 130º
A oposição que não tiver sido levantada extrajudicialmente ou que não tiver dado origem à
acção prevista no artigo 128 do presente Acto Uniforme no prazo de um mês a contar da
data de notificação da oposição, será levantada pela jurisdição competente a requerimento
do vendedor.
ARTIGO 131º
O credor que tiver inscrito um privilégio ou oneração ou que tiver deduzido oposição pode,
no prazo de um mês a contar da data de publicação da venda em jornal habilitado a receber
anúncios legais, exercer o direito de preferência na compra do estabelecimento pelo preço
que constar do documento de venda acrescido de um sexto.
Se o estabelecimento for objecto de venda executiva, os credores beneficiários de oneração
e os oponentes beneficiam igualmente do direito de preferência, direito que deve ser exerci-
do no mesmo prazo a contar da adjudicação.
Em qualquer hipótese, o preferente deve depositar, no mesmo prazo e na secretaria da ju-
risdição competente, o montante do preço acrescido de um sexto.
ARTIGO 132º
O caderno de encargos reproduzirá integralmente o documento que tiver dado origem à
preferência e mencionará ainda, menção esta para a Secretaria, as garantias ou ónus ante-
riores inscritos e as oposições regularmente deduzidas e notificadas na sequência de publi-
cação após venda voluntária do estabelecimento ou durante o processo de venda executiva.
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Não poderá ser deduzida nova oposição durante o processo de preferência.
ARTIGO 133º
A venda judicial efectua-se na jurisdição competente, em hasta pública, depois de cumpri-
das as formalidades de publicidade previstas nesta matéria.
ARTIGO 134º
Se o preço não for pago de imediato, o vendedor dispõe de um privilégio sobre o estabele-
cimento vendido.
Ele deve proceder à inscrição do seu privilégio de vendedor respeitando as formalidades
exigidas pelo presente Acto Uniforme.
ARTIGO 135º
Se o vendedor não for pago pode igualmente pedir a resolução da venda de acordo com o
direito comum.
ARTIGO 136º
O vendedor que pretender interpor acção de resolução deve dar conhecimento disso, por
acto extrajudicial ou por todo e qualquer meio escrito, aos credores inscritos sobre o esta-
belecimento, notificando-os no domicílio por eles escolhido a quando da respectiva inscri-
ção.
O vendedor deve igualmente proceder ao pré-registo da sua acção resolutiva nos termos
previstos para o efeito pelo Acto Uniforme de Organização das Garantias.
A resolução só pode ser decretada pela jurisdição competente do local onde estiver inscrito
o vendedor do estabelecimento.
A convenção de rescisão por mútuo acordo da transmissão de um estabelecimento comer-
cial é inoponível aos credores inscritos em virtude da transmissão dos direitos do compra-
dor.
LIVRO IVOS INTERMEDIÁRIOS DE COMÉRCIO
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49
TÍTULO I DISPOSIÇÕES COMUNS
CAPÍTULO 1
DEFINIÇÃO E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
ARTIGO 137º
O intermediário de comércio é aquele que tem o poder de agir, ou que diz agir, habitual e
profissionalmente por conta de uma outra pessoa, o representado, para celebrar com um
terceiro um contrato de venda de carácter comercial.
ARTIGO 138º
O intermediário de comércio é um comerciante, devendo reunir as condições previstas pelos
artigos 6 a 12 do presente Acto Uniforme.
As condições de acesso às profissões de intermediários de comércio podem ainda ser
acrescidas de condições específicas próprias para cada uma das categorias de intermediá-
rios previstas no presente Livro.
O intermediário pode ser uma pessoa singular ou uma pessoa colectiva.
ARTIGO 139º
O disposto no presente Livro aplica-se à celebração dos contratos pelo intermediário de
comércio bem como a todo e qualquer acto realizado por este último para obter essa cele-
bração ou relativo ao seu cumprimento.
O disposto no presente Livro aplica-se a todas as relações entre o representado, o interme-
diário e o terceiro.
O disposto no presente Livro aplica-se quer o intermediário actue em seu próprio nome,
como é o caso do comissário ou do mediador, quer ele actue em nome do representado,
como é o caso do agente comercial.
ARTIGO 140º
O disposto no presente Livro aplica-se mesmo quando o representado ou o terceiro têm os
respectivos estabelecimentos em Estados diferentes dos signatários do presente Acto Uni-
forme e desde que :
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50
a) o intermediário esteja inscrito no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário
de um dos Estados Partes;
b) o intermediário actue no território de um dos Estados Partes;
c) as regras de Direito Internacional Privado conduzam à aplicação deste Acto
Uniforme.
ARTIGO 141º
O disposto no presente Livro não se aplica :
a) à representação que resulta de habilitação legal ou judicial para actuar em
nome de pessoas que não têm capacidade jurídica para praticar os actos
para os quais é representada;
b) à representação por toda e qualquer pessoa que efectue uma venda em
leilão ou em hasta pública ou ainda por autoridade administrativa ou judicial;
c) à representação legal no Direito da Família, dos Regimes Matrimoniais e das
Sucessões.
ARTIGO 142º
O gerente, o administrador ou o sócio de uma sociedade, de uma associação ou de toda e
qualquer outra entidade jurídica, dotada ou não de personalidade juridica, não é considera-
do como intermediário desta na medida em que, no exercício das suas funções, actua em
virtude dos poderes que lhe foram conferidos pela lei ou pelos actos sociais desta entidade.
CAPÍTULO 2
CONSTITUIÇÃO E EXTENSÃO DO PODER DO INTERMEDIÁRIO
ARTIGO 143º
As regras do mandato aplicam-se às relações entre o intermediário, o representado e o ter-
ceiro, salvaguardadas que sejam as disposições específicas do presente Livro.
ARTIGO 144º
O mandato do intermediário pode ser escrito ou verbal.
Ele não está sujeito a qualquer condição de forma.
Na falta de mandato escrito, a prova da sua existência pode ser feita por qualquer meio,
inclusive por testemunhas.
ARTIGO 145º
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51
O representado e o intermediário, por um lado, o intermediário e o terceiro contactado por
outro lado, estão subordinados usos e costumes de que tinham ou deviam ter conhecimento
e que, no âmbito do comércio, são sobejamente conhecidos e normalmente respeitados
pelas partes que se encontram na mesma situação e no mesmo ramo de negócio.
Eles estão igualmente subordinados às regras práticas que estabeleceram entre eles.
ARTIGO 146º
A extensão do mandato do intermediário é determinado pela natureza do negócio a que ele
diz respeito se o contrato não o especificou.
O mandato inclui nomeadamente o poder de realizar os actos jurídicos necessários para o
seu cumprimento.
Todavia, o intermediário não pode, sem poderes especiais, interpor uma acção judicial,
transigir, vincular-se, subscrever obrigações cambiárias, vender ou onerar bens imóveis ou
fazer doações.
ARTIGO 147º
O intermediário que recebeu instruções precisas deve respeitá-las salvo se provar que as
circunstâncias não lhe permitiram obter a autorização do representado e se houver razões
para considerar que este último lhe teria dado autorização se tivesse sido informado da si-
tuação.
CAPÍTULO 3
EFEITOS JURÍDICOS DOS ACTOS REALIZADOS
PELO INTERMEDIÁRIO
ARTIGO 148º
Quando o intermediário age por conta do representado e nos limites dos seus poderes e os
terceiros conheciam ou deviam conhecer a sua qualidade de intermediário, os seus actos
vinculam directamente o representado e o terceiro salvo se resultar das circunstâncias, no-
meadamente pela referência a um contrato de comissão ou de mediação, que o intermediá-
rio só pretendia obrigar-se a si mesmo.
ARTIGO 149º
Quando o intermediário age por conta de um representado e no limite dos seus poderes, os
seus actos só vinculam o intermediário e o terceiro se:
– o terceiro não conhecia ou não tinha obrigação de conhecer a sua qualidade
de intermediário,
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52
– se as circunstâncias do caso, nomeadamente pela referência a um
contrato de comissão, provarem que o intermediário pretendeu apenas obri-
gar - se a si mesmo.
ARTIGO 150º
A responsabilidade do intermediário está sujeita, em geral, às regras do mandato.
O intermediário é consequentemente responsável perante o representado pelo exacto e
pontual cumprimento do mandato.
Ele deve cumprir pessoalmente o mandato salvo se for autorizado a transferi-lo para um
terceiro, se for obrigado a fazê-lo devido às circunstâncias ou se os usos e costumes permi-
tirem o substabelecimento de poderes.
ARTIGO 151º
Quando o intermediário age sem poderes ou para além deles, os seus actos não obrigam o
representado nem o terceiro.
Todavia, quando o comportamento do representado leva o terceiro a acreditar, de forma
razoável e de boa fé, que o intermediário tem o poder de agir por conta do representado,
este último não pode opor ao terceiro a falta de poderes do intermediário.
ARTIGO 152º
Um acto realizado por um intermediário que age sem poderes ou que ultrapassa os poderes
que lhe foram conferidos, pode ser ratificado pelo representado.
Se o acto for ratificado produz os mesmos efeitos que teria se tivesse sido realizado com os
poderes necessários.
ARTIGO 153º
Um intermediário que age sem poderes ou que ultrapassa os poderes que lhe são conferi-
dos deve, caso o acto não seja ratificado, indemnizar o terceiro de forma a recolocá-lo na
situação em que este último se encontraria se o intermediário tivesse poderes para agir ou
tivesse agido dentro dos respectivos limites.
O intermediário não é, no entanto, responsável se o terceiro sabia ou devia saber que
aquele não tinha poderes ou excedia os respectivos limites.
ARTIGO 154º
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53
O representado deve reembolsar o intermediário do montante e juros das provisões e des-
pesas que por ele tenham sido pagas para o cumprimento normal do mandato e ainda li-
bertá-lo das obrigações contraídas.
ARTIGO 155º
O intermediário deve, a pedido do representado, prestar-lhe, a qualquer momento, contas
da sua gestão.
Ele é devedor dos juros dos montantes que não paagou em devido tempo bem como de
uma indemnização pelos prejuízos causados pelo não cumprimento ou pelo cumprimento
defeituoso do mandato, salvo se provar que esse prejuízo não procede de culpa sua.
CAPÍTULO 4
CESSAÇÃO DO MANDATO DO INTERMEDIÁRIO
ARTIGO 156º
O mandato do intermediário cessa :
– por acordo entre o representado e o intermediário;
– por execução completa da operação ou das operações para as quais os
poderes lhe tinham sido conferidos;
– pela revogação por iniciativa do representado ou pela renúncia do
intermediário.
Todavia, o representado que revogue abusivamente o mandato conferido ao intermediário
deve indemnizá-lo pelos prejuízos causados.
O intermediário que renuncia abusivamente ao cumprimento do seu mandato deve indemni-
zar o representado pelos prejuízos causados.
ARTIGO 157º
O mandato do intermediário cessa igualmente em caso de falecimento, incapacidade ou
abertura de processo colectivo, quer estes acontecimentos digam respeito ao intermediário
ou ao representado.
ARTIGO 158º
A cessação do mandato conferido ao intermediário não produz efeitos em relação a tercei-
ros, salvo se estes conheciam ou deviam conhecer essa cessação.
ARTIGO 159º
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54
Apesar da cessação do mandato o intermediário continua habilitado a realizar por conta do
representado ou dos seus herdeiros os actos necessários e urgentes de forma a evitar pre-
juízos.
TÍTULO II O COMISSÁRIO
ARTIGO 160º
Em matéria de venda ou de compra, o comissário é aquele que se encarrega de efectuar
em seu próprio nome, mas por conta do comitente, a venda ou a compra de mercadorias
contra pagamento de uma comissão.
ARTIGO 161º
O comissário deve executar as operações que constituirem objecto do contrato de comis-
são de acordo com as directivas do comitente.
Se o contrato de comissão contiver instruções precisas, o comissário deve respeitá-las rigo-
rosamente salvo se a natureza do mandato ou os usos e costumes se opuserem a essas
instruções, devendo nesse caso tomar a iniciativa de resolver o contrato.
Se se tratar de instruções meramente indicativas, o comissário pode agir como se os seus
próprios interesses estivessem em jogo e aproximando-se o mais possível das instruções
recebidas.
Se as instruções forem facultativas ou se não houver instruções especiais, o comissário
deve agir de forma a servir o melhor possível os interesses do comitente e a respeitar os
usos e costumes.
ARTIGO 162º
O comissário deve agir com lealdade por conta do comitente.
O comissário não pode nomeadamente comprar para si próprio as mercadorias que estiver
encarregado de vender nem vender as suas próprias mercadorias ao comitente.
ARTIGO 163º
O comissário deve dar ao comitente todas as informações úteis relativamente à operação
objecto da comissão, mantê-lo informado dos seus actos e prestar-lhe lealmente contas no
fim da operação.
ARTIGO 164º
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55
O comitente deve pagar ao comissário uma remuneração ou comissão que será devida
quando o mandato tiver sido executado, quer a operação seja lucrativa ou não.
ARTIGO 165º
O comitente deve reembolsar o comissário das despesas e provisões normais pagas por
este, desde que sejam necessárias ou simplesmente úteis para a operação e desde que
acompanhadas dos documentos comprovativos.
ARTIGO 166º
O comissário goza, para garantia de todos os seus créditos em relação ao comitente, de
um direito de retenção sobre as mercadorias que tiver em seu poder.
ARTIGO 167º
Quando as mercadorias enviadas para serem vendidas à comissão apresentarem defeitos,
o comissário deve salvaguardar os direitos de recurso contra o transportador, mandar
constatar as avarias, tentar conservar a coisa o melhor possível e advertir de imediato o
comitente.
Se assim não proceder, é responsável pelo prejuízo causado pela sua negligência.
Se houver razões legítimas para recear a rápida deterioração das mercadorias enviadas
para serem vendidas à comissão e se o interesse do comitente assim o exigir, o comissário
tem a obrigação de as mandar vender.
ARTIGO 168º
O comissário que vendeu abaixo do preço mínimo fixado pelo comitente deve pagar a este
último a diferença, salvo se provar que, ao vender, evitou ao comitente um prejuízo e que as
condições não lhe permitiram vender de acordo com o preço fixado.
Se for culpado o comissário deve ainda reparar os prejuízos causados pelo não cumpri-
mento do contrato.
O comissário que comprar a preço inferior ou que vender a preço superior ao fixado pelo
comitente não pode beneficiar da diferença.
ARTIGO 169º
O comissário é o único responsável e assume exclusivamente os respectivos riscos se, sem
consentimento do comitente, conceder um crédito ou um adiantamento a um terceiro.
ARTIGO 170º
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O comissário só é responsável pelo pagamento ou pelo cumprimento de outras obrigações
que incumbam àqueles com quem negociou se se constituiu garante ou se este for o uso do
comércio no local em que estiver estabelecido.
O comissário que se constituir garante daquele com quem negociou tem direito a uma co-
missão complementar, designada percentagem do comissário responsável.
ARTIGO 171º
O comissário perde o direito à comissão se for culpado da prática de actos de má fé contra
o comitente, nomeadamente se tiver indicado a este último um preço superior ao da compra
ou inferior ao da venda.
Para além disso em qualquer um destes dois casos, o comitente tem o direito de considerar
o comissário como sendo ele mesmo o comprador ou o vendedor.
ARTIGO 172º
O comissário transitário ou transportador que, contra remuneração e em seu próprio nome,
se encarregar de enviar ou mandar enviar ou de reexpedir mercadorias por conta do comi-
tente, submete-se ao regime aplicável ao comissário mas deve para além disso respeitar,
no que diz respeito ao transporte de mercadorias, as disposições aplicáveis ao contrato de
transporte.
ARTIGO 173º
O comissário transitário ou transportador responde nomeadamente pela chegada das mer-
cadorias na data prevista, pelas avarias e perdas, salvo se forem causadas por um terceiro
ou por caso de força maior.
ARTIGO 174º
O comissário reconhecido pela Alfândega tem a obrigação de pagar, por conta do seu
cliente, o montante dos direitos, taxas ou multas devidas ao serviço de Alfândega.
O comissário reconhecido pela Alfândega e que tiver pago por conta de terceiro os direitos,
taxas ou multas cuja cobrança é assegurada pela Alfândega fica sub-rogado nos direitos
desta.
ARTIGO 175º
O comissário reconhecido pela Alfândega é responsável perante o comitente pelos erros
cometidos na declaração ou na aplicação das pautas aduaneiras bem como por todos os
prejuízos que possam resultar do atraso de pagamento dos direitos, taxas ou multas.
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57
Ele é igualmente responsável perante as administrações das Alfândegas e fiscal por todas
as operações alfandegárias por si efectuadas.
TÍTULO III O MEDIADOR
ARTIGO 176º
O mediador é aquele cuja profissão habitual consiste em pôr outras pessoas em contacto
directo facilitando ou permitindo concretizar contratos, operações ou transacções entre elas.
ARTIGO 177º
O mediador deve manter-se independente em relação às partes devendo limitar a sua acti-
vidade a pôr em contacto entre si as pessoas que desejam contratar e tomar todas as ini-
ciativas que possam facilitar o respectivo acordo.
Ele não pode intervir pessoalmente numa transacção, salvo acordo das partes.
ARTIGO 178º
O mediador deve :
– fazer tudo o que for útil para que o contrato se conclua,
– dar às partes todas as informações úteis para que possam negociar com
pleno conhecimento de causa.
Se para levar uma parte a contratar o mediador apresentar dolosamente a outra parte como
tendo capacidades e qualidades que ela na realidade não tem, ele será responsável pelos
prejuízos resultantes das suas falsas declarações.
ARTIGO 179º
O mediador não pode efectuar operações comerciais por conta própria, quer directa quer
indirectamente quer ainda sob o nome de outrem ou por interposta pessoa.
ARTIGO 180º
A remuneração do mediador consiste numa percentagem do montante da operação.
Se o vendedor for o único a pedir a intervenção do angariador, a comissão não pode ser
suportada, nem mesmo parcialmente, pelo comprador; a comissão é assim deduzida do
preço normal recebido pelo vendedor.
Se só o comprador pedir a intervenção do mediador, a comissão será suportada por ele,
para além do preço pago ao vendedor.
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ARTIGO 181º
O mediador tem direito à remuneração quando a informação que tiver prestado ou a nego-
ciação que tiver conduzido derem lugar à celebração do contrato.
Quando o contrato tiver sido celebrado sob condição suspensiva a remuneração do anga-
riador só é devida depois de verificada a condição.
Se tiver sido convencionado que o mediador teria direito ao reembolso das despesas, este
ser-lhe-á devido mesmo que o contrato não tenha sido celebrado.
ARTIGO 182º
A remuneração, não tendo sido estipulada pelas partes, deverá ser paga com base na ta-
bela, se existir ou, não existindo, com base nos usos e costumes.
Na falta de usos e costumes, o mediador tem direito a uma remuneração que leve em
consideração todos os elementos ligados à operação.
ARTIGO 183º
O mediador perde o direito à remuneração e ao reembolso das despesas se tiver actuado
por conta de um terceiro contraente sem respeitar as suas obrigações para com aquele que
lhe deu ordem de actuar ou se tiver recebido remuneração desse terceiro, sem conheci-
mento e acordo e quem lhe deu ordem.
TÍTULO IV OS AGENTES COMERCIAIS
ARTIGO 184º
O agente comercial é um mandatário que, a título de profissão independente, tem a missão
permanente de negociar e, eventualmente, de concluir, contratos de venda, de compra, de
locação ou de prestação de serviços em nome e por conta de produtores, industriais, co-
merciantes ou outros agentes comerciais sem a eles estar vinculado por um contrato de
trabalho.
ARTIGO 185º
O contrato realizado entre o agente comercial e o respectivo mandante é concluído no inte-
resse de ambas as partes.
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59
As relações entre o agente comercial e o mandante estão sujeitas a uma obrigação de leal-
dade e um dever recíproco de informação.
O agente comercial deve executar o seu mandato conscienciosamente e o mandante deve
dar ao agente comercial as condições necessárias para a boa execução do mandato.
ARTIGO 186º
O agente comercial pode aceitar, sem autorização, e salvo convenção escrita em contrário,
representar outros mandantes.
Não pode no entanto aceitar a representação de uma empresa concorrente de um dos seus
mandantes sem acordo deste último.
ARTIGO 187º
O agente comercial não pode, mesmo depois do termo do contrato, utilizar ou divulgar as
informações que lhe tenham sido comunicadas pelo mandante a título confidencial ou de
que teve conhecimento na qualidade de agente e por causa do contrato.
Quando uma cláusula de não concorrência tiver sido estipulada entre o agente comercial e
o seu mandante, o agente tem direito a uma indemnização especial no termo do contrato.
ARTIGO 188º
Todos os elementos da remuneração que variam consoante o número ou valor dos negó-
cios constituem uma comissão.
Na falta de estipulação expressa no contrato o agente comercial tem direito a uma comissão
de acordo com os usos e costumes praticados no sector de actividade em que actua.
Na falta de usos e costumes, o agente comercial tem direito a uma remuneração que leve
em consideração todos os elementos ligados à operação.
ARTIGO 189º
O agente a que tiver sido atribuída exclusividade num sector geográfico ou sobre determi-
nado grupo de clientes tem direito a uma comissão por todas as operações concluídas du-
rante o seu contrato de agência.
ARTIGO 190º
Por todas as operações concluídas após cessação do contrato de agência o agente comer-
cial tem direito a uma comissão quando a operação se deva essencialmente à sua activi-
fa 477 okport2 Direito comercial geral 60
60
dade durante o contrato de agência e tenha sido concluída num prazo razoável após cessa-
ção do contrato.
ARTIGO 191º
Salvo se as circunstâncias tornarem equitativa a partilha da comissão entre dois ou vários
agentes comerciais, o agente comercial não tem direito à comissão se esta já for devida :
– ao agente que o precedeu por uma operação comercial concluída antes da
entrada em vigor do seu contrato de agência;
– ao agente que lhe sucede por uma operação comercial concluída depois da
cessação do seu contrato de agência.
ARTIGO 192º
A comissão é devida desde o momento em que o mandante efectuou a operação, ou em
que deveria tê-la efectuado em virtude do acordo que tinha sido concluído com o terceiro ou
ainda desde o momento em que o terceiro efectuou a operação.
Salvo convenção das partes em sentido contrário, a comissão é paga o mais tardar no últi-
mo dia do mês seguinte ao do trimestre no curso do qual o direito à comissão se adquiriu.
ARTIGO 193º
O direito à comissão só se extingue se o contrato entre o terceiro e o mandante não for
cumprido e se este não cumprimento não for devido a circunstâncias imputáveis ao man-
dante.
ARTIGO 194º
Salvo convenção ou uso contrários, o agente comercial não tem direito ao reembolso das
despesas decorrentes do exercício normal da sua actividade sendo-lhe apenas reembolsa-
das as despesas que assumiu em virtude de instruções especiais do mandante.
Neste último caso, o reembolso de despesas e provisões é devido, mesmo se a operação
não se concretizou.
ARTIGO 195º
O contrato de agência celebrado a termo certo extingue-se pelo decurso do prazo previsto
não sendo necessárias quaisquer formalidades para o efeito.
O contrato a termo certo que continue a ser executado pelas duas partes após o seu termo
considera-se transformado em contrato por tempo indeterminado.
ARTIGO 196º
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61
Quando o contrato é por tempo indeterminado, cada uma das partes pode resolvê-lo me-
diante aviso prévio.
A duração do aviso prévio é de um mês para o primeiro ano de contrato, dois meses para o
segundo ano começado e de três meses para o terceiro ano começado e anos seguintes.
Na falta de convenção em contrário, o fim do prazo de aviso prévio coincide com o fim de
um mês civil.
No caso de contrato a termo certo transformado em contrato por tempo indeterminado, a
duração do aviso prévio calcula-se a contar da data de inicío das relações contratuais entre
as partes.
As partes não podem fixar prazos de aviso prévio mais curtos.
Se estabelecem prazos mais longos, os prazos de aviso prévio devem ser idênticos para o
mandante e para o agente.
Estas disposições não são aplicáveis quando o contrato se extingue por falta grave de uma
das partes ou por superveniência de caso de força maior.
ARTIGO 197º
Em caso de cessação das suas relações com o mandante, o agente comercial tem direito a
uma indemnização compensatória para além de eventuais perdas e danos.
O agente comercial perde o direito a esta reparação se não notificou o mandante, por acto
extrajudicial e no prazo de um ano a contar da cessação do contrato, da sua intenção de a
exigir.
Os herdeiros do agente comercial beneficiam igualmente do direito à indemnização com-
pensatória quando a cessação do contrato se dever ao falecimento do agente.
ARTIGO 198º
A indemnização compensatória prevista no artigo anterior não é devida nos seguintes casos
:
1°) de cessação do contrato provocada por falta grave do agente,
2°) de cessação do contrato por iniciativa do agente, salvo se a cessação se justificar
por circunstâncias imputáveis ao mandante ou devidas à idade, enfermidade ou
doença do agente comercial e ainda, de forma geral, por circunstâncias
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62
independentes da vontade do agente e na sequência das quais a continuação da
actividade não pode razoavelmente ser exigida,
3°) quando o agente comercial, de acordo com o mandante, ceder a um terceiro os
direitos e obrigações que ele detém em virtude do contrato de agência.
ARTIGO 199º
A indemnização compensatória mínima é igual a :
– um mês de comissão a contar do primeiro ano completo de contrato;
– dois meses de comissão a contar do segundo ano completo de contrato;
– três meses de comissão a contar do terceiro ano completo de contrato.
A indemnização compensatória é fixada livremente entre o agente comercial e o seu man-
dante quanto à parcela de antiguidade que excede os três anos completos de contrato.
A mensalidade a tomar em consideração para o cálculo da indemnização é a média dos
últimos doze meses de contrato.
O aqui disposto não se aplica quando o contrato se extingue por falta grave de uma das
partes ou por superveniência de caso de força maior.
ARTIGO 200º
Considera-se como não escrita qualquer cláusula ou convenção contrária ao disposto nos
artigos 196 a 199 do presente Acto Uniforme e em prejuízo do agente.
ARTIGO 201º
Cada parte deve restituir, no termo do contrato, tudo o que lhe tiver sido entregue para a
duração do mesmo, quer pela outra parte quer por terceiros por conta da outra parte mas
sem prejuízo para as partes do respectivo direito de retenção.
LIVRO VA VENDA COMERCIAL
TÍTULO I
ÂMBITO DE APLICAÇÃO E
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO 1
ÂMBITO DE APLICAÇÃO
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63
ARTIGO 202º
As disposições do presente Livro aplicam-se aos contratos de venda de mercadorias entre
comerciantes, pessoas singulares ou colectivas.
ARTIGO 203º
As disposições do presente Livro não se aplicam :
1°) às vendas aos consumidores, ou seja, às pessoas singulares cuja finalidade de ac-
tuação não cabe no âmbito da sua actividade profissioinal;
2°) às vendas judiciais e às vendas em leilão;
3°) às vendas de valores mobiliários, de papéis comerciais, de moedas ou divisas e às
cessões de créditos.
ARTIGO 204º
As disposições do presente Livro não se aplicam aos contratos em que a parte preponde-
rante da obrigação daquele que fornece as mercadorias consiste em fornecer mão de obra
ou outros serviços.
ARTIGO 205º
Para além do disposto no presente Livro a venda comercial está sujeita às regras de direito
comum.
CAPÍTULO 2
DISPOSIÇÕES GERAIS
ARTIGO 206º
Em matéria de venda comercial, a vontade e o comportamento de cada uma das partes
devem ser interpretados de acordo com a intenção desta quando a outra parte conhecia ou
não podia ignorar a sua intenção.
A vontade e o comportamento de cada uma das partes devem ser interpretados de acordo
com o sentido que uma pessoa razoável, com as mesmas qualidades que a outra parte e
colocada na mesma situação, lhes teria dado.
Para determinar a intenção de cada uma das partes ou a de uma pessoa razoável devem
ser tomadas em consideração as circunstâncias de facto e nomeadamente as negociações
que possam ter tido lugar entre as partes, as práticas correntes entre elas e ainda os usos e
costumes em vigor na profissão em causa.
ARTIGO 207º
As partes tiverem vinculadas pelos usos e costumes nos quais consentiram e que se foram
estabelecendo nas respectivas relações comerciais.
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Salvo convenção em contrário, presume-se que as partes se reportaram tacitamente no
respectivo contrato de venda comercial aos hábitos profissionais de que tinham ou deviam
ter conhecimento e que, no comércio, sejam geralmente conhecidos e respeitados pelas
partes nos contratos da mesma natureza e do mesmo ramo comercial.
ARTIGO 208º
O contrato de venda comercial pode ser escrito ou verbal; não estando sujeito a qualquer
forma.
O contrato que não for escrito pode ser provado por todos os meios, incluindo por teste-
munhas.
ARTIGO 209º
No âmbito do presente Livro, o termo "escrito" deve ser interpretado como qualquer comu-
nicação constante de um suporte escrito, incluindo o telegrama, o telex ou a telecópia.
TÍTULO IIFORMAÇÃO DO CONTRATO
ARTIGO 210º
Um convite para a celebração de contrato dirigida a uma ou várias pessoas determinadas
constitui uma proposta se for suficientemente preciso e se indicar a vontade do seu autor
de contratar caso seja aceite.
O convite é suficientemente preciso quando designe as mercadorias e, expressa ou implici-
tamente, fixe a quantidade e o preço ou dê as indicações que permitam determiná--los.
ARTIGO 211º
A proposta produz os seus efeitos quando chega ao destinatário.
A proposta pode ser revogada, se a revogação chegar ao destinatário antes de este ter en-
viado a sua aceitação.
No entanto, a proposta não pode ser revogada se mencionar que é irrevogável ou se fixar
um prazo determinado para a sua aceitação.
A proposta, mesmo irrevogável, caduca quando a sua não aceitação chegar ao conheci-
mento do proponente.
ARTIGO 212º
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Uma declaração ou outro comportamento do destinatário indicando que ele aceita a oferta
constitui uma aceitação.
O silêncio ou a inacção não podem, só por si, ter valor de aceitação.
ARTIGO 213º
A aceitação de uma proposta produz efeitos no momento em que a declaração de aceitação
chega ao proponente.
A aceitação não produz efeitos se esta indicação não chegar ao proponente no prazo que
este último tiver estipulado ou, caso não o tenha estipulado, num prazo razoável tendo em
conta as circunstâncias da transacção e o modo de comunicação utilizado pelo proponente.
Uma proposta verbal deve ser aceite imediatamente salvo se as circunstâncias implicarem o
contrário.
ARTIGO 214º
Uma resposta que pretenda ser a aceitação de uma proposta mas que contenha elementos
complementares ou diferentes que não alterem substancialmente os termos da proposta,
constitui uma aceitação.
Uma resposta que pretenda ser a aceitação de uma proposta mas que contenha aditamen-
tos, limitações ou outras modificações, deve ser considerada como uma rejeição da oferta e
constitui uma nova-proposta.
ARTIGO 215º
O prazo de aceitação fixado pelo proponente num telegrama ou numa carta começa a
correr desde o dia de emissão da proposta, servindo o carimbo dos correios de prova dessa
data.
O prazo de aceitação que o proponente tiver fixado por telefone, telex, telecópia ou qual-
quer outro meio de comunicação instantâneo começa a correr no momento em que a pro-
posta chegar ao destinatário.
ARTIGO 216º
A aceitação pode ser revogada se a revogação chegar ao proponente antes do momento
em que a aceitação teria produzido o seu efeito.
ARTIGO 217º
O contrato considera-se concluído no momento em que a aceitação de uma proposta pro-
duz os seus efeitos, de acordo com o disposto no presente Livro.
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ARTIGO 218º
Considera-se que a oferta, a declaração de aceitação ou qualquer outra manifestação de
intenção nesse sentido chegaram ao seu destinatário no momento em que lhe tiverem sido
verbalmente transmitidas ou no momento em que tiverem sido pessoalmente entregues ao
destinatário, por qualquer outro meio, quer no seu estabelecimento principal quer no seu
endereço postal.
TÍTULO IIIORBIGAÇÕES DAS PARTES
CAPÍTULO 1
OBRIGAÇÕES DO VENDEDOR
ARTIGO 219º
O vendedor obriga-se, nas condições previstas no contrato e no presente Livro, a entregar
as mercadorias e, se necessário, os documentos a elas respeitantes, bem como a assegu-
rar a respectiva conformidade com a encomenda e a garanti-las.
Secção 1 - Obrigação de entrega
ARTIGO 220º
Se o vendedor não for obrigado a entregar as mercadorias emlocal determinado, a sua
obrigação de entrega consiste :
a) caso o contrato de venda preveja transporte de mercadorias, em entregar
mercadorias ao transportador para entrega destas ao comprador;
b) em todos os outros casos, em manter as mercadorias à disposição do comprador no
local em que tiverem tido fabricadas ou em que estas estejam em stock ou ainda no
local em que o vendedor tiver o seu estabelecimento principal.
ARTIGO 221º
Se o vendedor dever tomar as diligências necessáriasa o transporte das mercadorias, deve-
rá celebrar os contratos necessários para que o transporte seja efectuado até ao local acor-
dado com o comprador, pelos meios de transporte apropriados e habitualmente utilizados.
Se o vendedor não estiver obrigado a subscrever por si mesmo um seguro de transporte
deve dar ao comprador, e a pedido deste, todas as informações de que ele dispuser e que
sejam necessárias para a celebração do contrato de seguro.
ARTIGO 222º
O vendedor deve entregar as mercadorias:
a) em data determinada se uma data tiver sido fixada no contrato ou for determinável
com base no contrato;
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b) em qualquer momento do tempo que tiver sido fixado no contrato ou que for deter-
minável com base no contrato ;
c) em todos os outros casos, num prazo razoável a contar da conclusão do contrato.
ARTIGO 223º
Se o vendedor tiver a obrigação de entrega de documentos respeitantes às mercadorias,
deve cumprir essa obrigação no momento, no local e de acordo com a forma previstos pelo
contrato.
Secção 2 - Obrigação de conformidade
ARTIGO 224º
O vendedor deve entregar as mercadorias na quantidade, na qualidade, na especificação,
no acondicionamento e na embalagem correspondentes aos previstos no contrato.
Salvo convenção das partes em sentido diferente, as mercadorias só se encontram em
conformidade com o contrato se :
1°) forem adequadas ao uso habitual de mercadorias do mesmo tipo;
2°) forem adequadas ao uso específico que tiver sido dado a conhecer ao vendedor no
momento da celebração do contrato;
3°) se tiverem as qualidades da mercadoria cuja amostra ou modelo o vendedor
tiver entregue ao comprador;
4°) se se encontraram embaladas ou acondicionadas de acordo com o modo habitual
para as mercadorias do mesmo tipo ou, sem falta de modelo habitual de forma ade-
quada para as consevar e proteger.
ARTIGO 225º
O vendedor é responsável, nos termos do contrato e dos presentes disposições, por qual-
quer defeito de conformidade que exista no momento de transferência dos riscos para o
comprador, mesmo que o defeito só se revele posteriormente.
ARTIGO 226º
Em caso de entrega antecipada o vendedor tem o direito, até à data prevista para a entrega,
quer de entregar uma parte ou uma quantidade que falte ou novas mercadorias em substi-
tuição das mercadorias não conformes ao contrato, quer de reparar os defeitos de confor-
midade das mercadorias desde que o exercício desse direito não cause prejuízos nem des-
pesas ao comprador.
ARTIGO 227º
O comprador deve examinar as mercadorias ou mandá-las examinar num prazo tão breve
quanto possível tendo em conta as circunstâncias.
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68
Se o contrato implicar o transporte das mercadorias, o exame pode ser diferido até à res-
pectiva chegada ao destino.
Se as mercadorias se tiverem extraviado ou se tiverem sido reexpedidas pelo comprador
sem que este tenha tido razoavelmente a possibilidade de as examinar e se no momento de
celebração do contrato o vendedor tivesse ou devesse ter conhecimento da possibilidade de
extravio ou reexpedição, o exame pode ser diferido até à chegada das mercadorias ao seu
novo destino.
ARTIGO 228º
O comprador perde o direito de invocar um defeito de conformidade se não o denunciar ao
vendedor, especificando a natureza do defeito, num prazo razoável a contar do momento
em que o constatou ou deveria ter constatado.
ARTIGO 229º
De qualquer forma, o comprador perde o direito de invocar um defeito de conformididade
se não o denunciar no prazo máximo de um ano a contar da data em que as mercadorias
lhe tiverem sido efectivamente entregues, salvo se este prazo for incompatível com a dura-
ção de uma garantia contratual.
Secção 3 - Obrigação de garantia
ARTIGO 230º
O vendedor deve entregar as mercadorias livres de quaisquer ónus ou pretensão, salvo se o
comprador aceitar receber as mercadorias nessas condições.
ARTIGO 231º
A garantia é devida pelo vendedor quando o defeito oculto da coisa vendida prejudicou de
tal modo a sua utilização que o comprador não a teria comprado ou a teria comprado por
preço inferior se o tivesse conhecido.
Esta garantia beneficiou quer o comprador contra o vendedor quer o sub-comprador contra
o fabricante ou um vendedor intermediário e isto quanto à garantia vício oculto que afecta a
coisa vendida desde o seu fabrico.
ARTIGO 232º
As cláusulas restritivas da obrigação de garantia deve um ser interpreta das restritivamente.
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69
O vendedor que invocar uma cláusula restritiva de garantia deve provar que o comprador a
conhecia e a aceitou no momento da conclusão da venda.
CAPÍTULO 2
OBRIGAÇÕES DO COMPRADOR
ARTIGO 233º
O comprador obriga-se, nas condições previstas no contrato e de acordo com o disposto no
presente Título, a pagar o preço e a receber as mercadorias.
Secção 1 - Pagamento do preço
ARTIGO 234º
A obrigação de pagar o preço inclui a de tomar todas as medidas e cumprir todas as forma-
lidades destinadas a permitir o pagamento do preço estabelecido no contrato ou pelas leis e
regulamentos.
ARTIGO 235º
A venda não pode ser validamente concluída sem que o preço das mercadorias vendidas
tenha sido fixado no contrato, salvo se as partes tiverem remetido para o preço habitual-
mente praticado no momento da celebração do contrato no ramo comercial considerado,
para as mesmas mercadorias e em circunstâncias comparáveis.
ARTIGO 236º
Se o preço por fixado de acordo com o peso das mercadorias é o peso líquido que, em caso
de dúvida, determina o preço.
ARTIGO 237º
Se o comprador não for obrigado a pagar o preço em outro lugar determinado, deverá pa-
gar ao vendedor:
- no estabelecimento deste último, ou
- se o pagamento dever ser feito contra entrega das mercadorias ou dos
documentos, no local previsto para esta entrega.
ARTIGO 238º
Se o comprador não for obrigado a pagar o preço em outro momento determinado pelo
contrato, deverá pagá-lo quando o vendedor puser à sua disposição quer as mercadorias
quer os documentos representativos das mercadorias.
O vendedor pode fazer do pagamento uma condição de entrega das mercadorias ou dos
documentos.
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70
Se o contrato implicar o transporte de mercadorias, o vendedor pode enviá-las sob condi-
ção, exigindo que as mesmas ou os documentos representativos das mesmas só sejam
entregues ao comprador contra pagamento do preço.
Todavia, as partes podem prever expressamente no contrato que o comprador só será obri-
gado a pagar o preço após ter tido a possibilidade de examinar as mercadorias.
ARTIGO 239º
O comprador deve pagar o preço na data fixada no contrato ou dele resultante sem que seja
necessário pedido ou outra formalidade por parte do vendedor.
Secção 2 - Recepção da mercadoria
ARTIGO 240º
A obrigação de levantar a mercadoria consiste, para o comprador :
– em praticar os actos que se podem, razoavelmente, esperar de si
para permitir ao vendedor qur efectue a entrega, e
– em levantar as mercadorias.
ARTIGO 241º
Quando o comprador tardar em levantar as mercadorias ou não pagar o respectivo preço,
quando o pagamento do preço e a entrega devam ser simultâneos, o vendedor, tiver as
mercadorias em seu poder ou sob seu controle, deve tomar as medidas razoáveis, de acor-
do com as circunstâncias, para as conservar.
O vendedor tem o direito de reter as mercadorias até pagamento pelo comprador do res-
pectivo preço e do reembolso das despesas que efectuou para as conservar.
ARTIGO 242º
Se o comprador tiver recebido as mercadorias e pretender recusá-las deve tomar as medi-
das razoáveis, de acordo com as circunstâncias, para as conservar.
O comprador tem o direito de reter até as mercadorias obtenção do reembolso, por parte
do vendedor, das despesas que tiver efectuado para as conservar.
ARTIGO 243º
A parte a quem incumbe tomar as medidas necessárias para conservar as mercadorias
pode depositá-las nos estabelecimentos de um terceiro à custa da outra parte desde que as
despesas resultantes sejam razoáveis.
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ARTIGO 244º
A parte que tiver a obrigação de conservar as mercadorias poderá vendê-las por todos os
meios apropriados se a outra parte tiver tardado em retomar a respectiva posse, em pagar o
respectivo preço ou em pagar as despesas efectuadas para as conservar, devendo no en-
tanto notificar a esta outra parte a sua intenção de as vender.
A parte que vender as mercadorias tem o direito de reter, sobre o produto da venda, um
montante igual ao das despesas que efectuou para as conservar.
Ela deve a diferença à outra parte.
CAPÍTULO 3
SANÇÕES PARA O NÃO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DAS PARTES
Secção 1 - Disposições gerais
ARTIGO 245º
Uma parte pode pedir à jurisdição competente autorização para protelar o cumprimento das
suas obrigações caso verifique, após celebração do contrato, que a outra parte não cumpri-
rá uma parte essencial das suas obrigações por causa:
1°) de grave insuficiência na sua capacidade de cumprimento, ou
2°) da sua insolvabilidade, ou
3°) da forma como ela pretende cumprir ou cumpre o contrato.
ARTIGO 246º
Se, antes da data de cumprimento do contrato, se tornar evidente que uma parte não res-
peitará as suas obrigações essencias, a outra parte pode pedir à jurisdição competente a
resolução do contrato.
ARTIGO 247º
Nos contratos de entrega sucessiva, se o não cumprimento por uma das partes de uma
obrigação relativa a uma entrega constituir uma falta essencial de cumprimento do contrato,
a outra parte poderá pedir a resolução deste contrato à jurisdição competente.
Ela pode, ao mesmo tempo, pedi-lo para as entregas já efectuadas ou para as entregas
futuras se, tendo em conta a respectiva conexão, estas entregas não puderem ser utilizadas
para os fins previstos pelas partes no momento de celebração do contrato.
ARTIGO 248º
O cumprimento do contrato de venda imputável a uma das partes é considerada essencial
quando o prejuízo causado à outra parte a privar substancialmente do que ela tinha o di-
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72
reito de esperar do contrato, salvo se a falta de cumprimento se dever à falta de um tercei-
ro ou motivo de força maior.
Secção 2 - Sanções para o não cumprimento
das obrigações do vendedor
ARTIGO 249º
Se o vendedor não tiver cumprido uma das obrigações decorrentes do contrato de venda, o
comprador tem o direito de:
– exercer os direitos previstos na presente secção,
– pedir uma indemnização pelo prejuízo e os juros.
ARTIGO 250º
O comprador pode exigir do vendedor o cumprimento de todas as suas obrigações.
Se as mercadorias não estiverem conformes como estipulado no contrato, o comprador
pode exigir do vendedor a entrega de mercadorias em substituição se a desconformidade
traduzir na falta de cumprimento essencial do contrato e se a entrega tiver sido pedida no
momento da comunicação da desconformidade ou num prazo razoável a contar desta co-
municação.
Se as mercadorias não estiverem conformes com o estipulado no contrato o comprador
pode exigir do vendedor a reparação do defeito de conformidade. A reparação deve ser pe-
dida no momento da comunicação da desconformidade ou num prazo razoável a contar
desta.
ARTIGO 251º
O comprador pode impôr ao vendedor um prazo suplementar de duração razoável para o
cumprimento das suas obrigações.
Salvo se tiver recebido do vendedor uma notificação a informá-lo que não cumprirá as suas
obrigações no prazo estabelecido, o comprador poderá, antes da expiração deste prazo,
utilizar um dos meios de que dispõe em caso de incumprimento do contrato.
Todavia, ao fazê-lo o comprador não perde, o direito de pedir uma indemnização pelo pre-
juízo e os juros devidos pela mora no cumprimento.
ARTIGO 252º
O vendedor pode, mesmo após a data da entrega, reparar por sua conta a falta de cumpri-
mento das suas obrigações.
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73
Todavia, o comprador mantém o direito de pedir uma indemnização pelo prejuízo e os juros.
ARTIGO 253º
Se o vendedor pedir ao comprador que lhe comunique se aceita o cumprimento e este não
responder num prazo razoável o vendedor pode cumprir as suas obrigações no prazo que
tinha indicado no seu pedido.
O comprador não pode, antes da expiração deste prazo, invocar um meio incompatível com
o cumprimento pelo vendedor das suas obrigações.
ARTIGO 254º
O comprador pode pedir a resolução do contrato à jurisdição competente:
– se o um cumprimento pelo vendedor de qualquer uma das suas obrigações
ou das presentes disposições constituir uma falta de cumprimento essencial
do contrato, ou
– em caso de defeito de entrega, se o vendedor não tiver entregue as merca-
dorias nos prazos suplementares que lhe tinham sido concedidos.
No entanto, quando o vendedor entregar as mercadorias, o comprador perderá o direito de
considerar o contrato resolvido se não o tiver feito num prazo razoável :
– em caso de entrega tardia, a partir do momento em que tiver tido conheci-
mento que a entrega tinha sido efectuada,
– em caso de outra falta de cumprimento para além da entrega tardia.
ARTIGO 255º
Se o vendedor só entregar uma parte das mercadorias ou se só uma parte das mercadorias
entregues estiver conforme com o contrato, o disposto nos artigos 251 a 254 aplica-se no
que respeita à parte que falta ou que não está conforme.
O contrato só pode ser resolvido na sua totalidade se o não cumprimento parcial ou o de-
feito de conformidade constituir uma falta de cumprimento essencial do contrato.
Secção 3 - Sanções para o não cumprimento
das obrigações do comprador
ARTIGO 256º
Se o comprador não tiver cumprido uma das obrigações decorrentes do contrato de venda,
o vendedor tem direito a:
– exercer os direitos previstos na presente Secção;
– pedir indemnização dos prejuízos e juros.
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ARTIGO 257º
O vendedor pode conceder ao comprador um prazo suplementar de duração razoável para
cumprimento das suas obrigações.
Antes da expiração deste prazo o vendedor não pode utilizar os meios de que dispõe para o
caso de não cumprimento do contrato, salvo se tiver recebido do comprador uma notificação
a informá-lo de que este último não cumpriria as suas obrigações no prazo concedido.
Todavia, o vendedor não perde por essa razão o direito de pedir indemnização pelos prejuí-
zos e juros por atraso no cumprimento.
ARTIGO 258º
O comprador pode, mesmo após a data de entrega, reparar por sua conta a falta de cum-
primento das suas obrigações desde que isso não provoque um atraso despropositado e
não cause ao vendedor nem inconveniente despropositado nem incerteza quanto ao paga-
mento do preço.
Todavia, o vendedor conserva o direito de pedir indemnização pelos prejuízos e juros.
Se o comprador pedir ao vendedor que lhe dê comunique se aceita o cumprimento e este
não lhe responder num prazo razoável, o comprador pode cumprir as suas obrigações no
prazo que indicou no seu pedido.
O vendedor não pode, antes da expiração deste prazo, invocar um meio incompatível com o
cumprimento, pelo comprador, das suas obrigações.
ARTIGO 259º
O vendedor pode pedir a resolução do contrato à jurisdição competente:
1°) se o não cumprimento pelo comprador das suas obrigações contratuais ou das pre-
sentes disposições constituir uma falta de cumprimento essencial do contrato, ou
2°) em caso de defeito na recepção da entrega, se o comprador não recebe as
mercadorias entregues no prazo complementar proposto pelo vendedor.
ARTIGO 260º
Em caso de defeito de conformidade entre as mercadorias e o contrato, quer o preço tenha
já sido pago ou não, o comprador pode reduzir o preço proporcionalmente à diferença entre
o valor que as mercadorias efectivamente entregues tinham no momento da entrega e o
valor que as mercadorias conformes teriam tido nesse momento.
ARTIGO 261º
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75
Se o vendedor só entregar uma parte das mercadorias ou se só uma parte das mercadorias
entregues estiver conforme ao contrato, os artigos 258 a 260 do presente Acto Uniforme
aplicam-se no que diz respeito à parte que falta ou aquela que não está conforme.
O comprador só pode declarar o contrato resolvido na sua totalidade se o não cumprimento
parcial ou o defeito de conformidade constitui uma falta de cumprimento essencial ao
contrato.
ARTIGO 262º
Se o vendedor entregar as mercadorias antes da data fixada o comprador tem a faculdade
de receber a entrega ou de a recusar.
Se o vendedor entregar uma quantidade superior à prevista no contrato, o comprador pode
aceitar ou recusar receber a entrega da quantidade excedente.
Se o comprador aceitar receber a entrega no todo ou em parte deverá pagá-la ao preço
contratual.
Secção 4 - Perdas e danos
ARTIGO 263º
Se uma das partes não pagar o preço ou qualquer outra soma devida, a outra parte tem
direito a juros sobre esta soma, calculados à taxa legal aplicável em matéria comercial sem
prejuízo da indemnização a que tenha o direito para compensação do seu prejuízo.
Os juros contam-se desde a data de interpelação para o pagamento, enviada à outra parte
por carta registada com aviso de recepção ou por qualquer outro meio escrito.
ARTIGO 264º
A indemnização por falta de cumprimento do contrato por uma parte é igual à perda sofrida
ou ao lucro que a outra parte deixou de realizar.
ARTIGO 265º
Quando há resolução do contrato e o comprador efectuou uma compra de substituição ou o
vendedor uma revenda, a parte que pede a indemnização pode obter a diferença entre o
preço do contrato e o preço da compra de substituição ou da revenda, bem como todos os
outros prejuízos e juros que sejam devidos.
ARTIGO 266º
A parte que invoca uma falta de cumprimento essencial do contrato deve tomar todas as
medidas razoáveis, tendo em conta as circunstâncias, para limitar a perda e inclusivé o lu-
cro não realizado em consequência desta falta de cumprimento.
fa 477 okport2 Direito comercial geral 76
76
Se, por negligência, o não faz, a parte culpada pode pedir uma redução da indemnização e
dos juros igual ao montante da perda que poderia ter sido evitada.
Secção 5 - Exclusão de responsabilidade
ARTIGO 267º
Uma parte não é responsável pelo não cumprimento de qualquer uma das suas obrigações
se provar que o não cumprimento é devido a um impedimento independente da sua von-
tade, como, nomeadamente, em caso de ser imputável a terceiros ou em caso de força
maior.
ARTIGO 268º
Quando o não cumprimento por uma das partes se dever a facto de terceiro por ela encar-
regado de cumprir a totalidade ou parte do contrato, a responsabilidade dessa parte não se
exclui.
Secção 6 - Efeitos da resolução
ARTIGO 269º
A resolução do contrato liberta as duas partes das respectivas obrigações, com ressalva da
indemnização e juros que sejam devidos. A resolução não produz efeitos quanto às disposi-
ções contratuais relativas à resolução dos conflitos ou aos direitos e obrigações das partes
em caso de resolução do contrato.
ARTIGO 270º
A parte que cumprir total ou parcialmente o contrato pode reclamar à outra parte a restitui-
ção do que forneceu ou pagou em cumprimento do mesmo.
ARTIGO 271º
O comprador não pode obter a resolução do contrato ou exigir a entrega de mercadorias de
substituição se lhe for impossível restituir as mercadorias no estado em que as recebeu.
Esta disposição não se aplica se a impossibilidade de restituir as mercadorias ou de as res-
tituir num estado sensivelmente idêntico ao que tinham quando as recebeu não é devida a
acto ou omissão da sua parte.
ARTIGO 272º
O comprador que perdeu o direito à resolução do contrato ou de exigir do vendedor a entre-
ga de mercadorias de substituição em virtude do artigo anterior conserva o direito de invocar
todos os outros meios contratuais de que dispõe.
fa 477 okport2 Direito comercial geral 77
77
ARTIGO 273º
Se o vendedor for obrigado a restituir o preço, deve pagar também os juros sobre o mon-
tante desse preço a contar da data de pagamento.
Quando o comprador deva restituir as mercadorias na sua totalidade ou em parte, ele deve
igualmente ao vendedor o equivalente à fruição das mercadorias ou de uma parte delas.
Secção 7 - Prescrição
ARTIGO 274º
O prazo de prescrição em matéria de venda comercial é de dois anos.
Este prazo corre a partir da data em que a acção pode ser interposta.
ARTIGO 275º
A acção emergente da falta de cumprimento do contrato pode ser interposta a partir da data
em que ocorreu esse não cumprimento.
A acção fundada num defeito de conformidade da coisa vendida pode ser exercida a partir
da data em que o defeito foi conhecido ou devia razoavelmente ter sido conhecido pelo
comprador ou desde a oferta de entrega da coisa recusada por este último.
A acção fundada em dolo cometido antes da celebração do contrato de venda ou no mo-
mento da sua celebração ou emergente de actos fraudulentos posteriores, pode ser inter-
posta a partir da data em que o facto foi ou devia ter sido razoavelmente conhecido.
ARTIGO 276º
Se o vendedor tiver dado uma garantia contratual, o prazo de prescrição das acções referi-
das no anterior artigo 275 começa a correr a partir da data em que se extingue a garantia
contratual.
ARTIGO 277º
O prazo de prescrição deixa de correr quando o credor da obrigação realiza qualquer acto
que, de acordo com a lei da jurisdição competente, é considerado como interruptivo da
prescrição.
ARTIGO 278º
Quando as partes decidiram submeter os respectivos diferendos à arbitragem, o prazo de
prescrição deixa de correr a partir da data em que uma das partes interpõe a acção de arbi-
tragem.
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ARTIGO 279º
Em matéria de prescrição um pedido reconvencional é considerado como tendo sido inten-
tado na mesma data que a acção relativa ao direito ao qual ele se opõe desde que o pedido
principal e o pedido reconvencional tenham origem no mesmo contrato.
ARTIGO 280º
Uma acção interposta contra um devedor interrompe a prescrição em relação a um co-
-devedor solidário, se o credor informar este último, por escrito, da interposição da ac-
ção,antes do termo do prazo de prescrição.
Quando uma acção é interposta por um sub-adquirente contra o comprador, o prazo de
prescrição deixa de correr quanto ao recurso do comprador contra o vendedor, se o com-
prador informar, por escrito, o vendedor da interposição da acção antes do termo do referi-
do prazo.
ARTIGO 281º
Qualquer convenção contrária ao disposto nos artigos 275 a 280 do presente Acto Uniforme
considera-se como não escrita.
ARTIGO 282º
O diascurso do prazo de prescrição só é tomado em consideração na acção se for invocada
pela parte interessada.
TÍTULO IVEFEITOS DO CONTRATO
CAPÍTULO 1TRANSMISSÃO DA PROPRIEDADE
ARTIGO 283º
Salvo convenção contrária entre as partes a transmissão da propriedade ocorre no mo-
mento da recepção, pelo comprador, da mercadoria vendida.
ARTIGO 284º
As partes podem livremente acordar em que esta transmissão de propriedade se efectue no
dia do pagamento integral do preço.
A cláusula de reserva de propriedade só produzirá efeito entre as partes se o comprador
teve conhecimento da respectiva menção no contrato de venda, na nota de encomenda ou
no documento de entrega ou, o mais tardar, no dia de entrega.
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A cláusula de reserva de propriedade só é oponível a terceiros se for válida e se tiver sido
devidamente publicada no Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário, de acordo com o
disposto no Livro II do presente Acto Uniforme.
CAPÍTULO 2
TRANSFERÊNCIA DOS RISCOS
ARTIGO 285º
A transmissão da propriedade tem por consequência a transferência dos riscos.
Todavia, a perda ou deterioração das mercadorias após transferência dos riscos para o
comprador não isenta este último da sua obrigação de pagar o preço, salvo se estes
acontecimentos são devidos a facto imputável ao vendedor.
ARTIGO 286º
Quando o contrato de venda implique um transporte de mercadorias, os riscos são transfe-
ridos para o comprador a partir da entrega das mercadorias ao primeiro transportador.
Se o vendedor for autorizado a conservar os documentos representativos das mercadorias
isso não afecta a transferência de riscos.
ARTIGO 287º
Quanto às mercadorias vendidas, os riscos durante o transporte são transferidos para o
comprador a partir do momento da celebração do contrato.
No entanto, se no momento da celebração do contrato de venda o vendedor tinha ou devia
ter conhecimento de que as mercadorias se tinham deteriorado ou perdido e não tiver pre-
venido o comprador, a perda ou deterioração fica a cargo do vendedor.
ARTIGO 288º
Se a venda disser respeito a mercadorias que ainda não estão individualizadas, só se
considera que as mesmas foram postas à disposição do comprador quando tiverem sido
claramente identificadas para os fins do contrato.
A transferência dos riscos só se produz depois desta identificação.
LIVRO VIDISPOSIÇÃO FINAL
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ARTIGO 289º
Após deliberação, o Conselho dos Ministros adopta o presente regulamento por unanimi-
dade dos Estados Partes presentes e votantes de acordo com as disposições do Tratado de
17 de Outubro de 1993 relativo à Organização para Harmonização do Direito de Negócios
em África.
O presente Acto Uniforme será publicado no Jornal Oficial da OHADA e dos Estados Partes
e entrará em vigor no dia 1 de Janeiro de 1998.
Feito em COTONOU, em 17 de Abril de 1997
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ÍNDICE
Os números indicam os artigos
ACTO DE COMÉRCIO : 2 s
ADVOGADO :
• incompatibilidade : 9
AGENTES COMERCIAIS : 3- 184 a 201
ALFÂNDEGA :
• comissário reconhecido pela alfândega : 174 – 175
• inscrição do privilégio da administração das alfândegas : 56 - 57 - 63
ASCENDENTE :
• continuação do contrato de arrendamento comercial com o ascendente : 79
• retoma dos locais anexos pelos ascendentes : 96
AUTOMÓVEIS :
• veículo automóvel : 19
BANCO :
• operações bancárias : 3
CADERNO DE ENCARGOS :
• transmissão do estabelecimento comercial : 132
CAPACIDADE :
• registo do comércio e do crédito mobiliário : 19 - 33
• intermediário de comércio : 141
• mediador : 141 - 178
CERTIDÃO DE CANCELAMENTO :
• registo do comércio e do crédito mobiliário : 66
CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA :
• agente comercial : 186 - 187
CLÁUSULA RESOLUTÓRIA : 101
CLÁUSULA DE RESERVA DE PROPRIEDADE :
• inscrição das cláusulas de reserva de propriedade : 59 - 60
• venda com cláusula de reserva de propriedade : 230 - 285
COMERCIANTE :
• estatuto : 2 - 5 - 7 - 8 - 13 - 15 - 17
• registo do comércio : 19 - 24 - 28 - 30 - 38 - 39 - 42
• exploração do estabelecimento comercial : 106 - 107 - 109 - 111
• intermediário de comércio : 138 - 184
• venda comercial : 202 - 205
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82
CONCORRÊNCIA :
• agente comercial : 186 e 187
CÔNJUGE DO COMERCIANTE : 7
CÔNJUGE DO LOCATÁRIO : 79 - 96
CONTABILIDADE DOS COMERCIANTES : 13 a 17
CONTRATO DE ARRENDAMENTO COMERCIAL :
• âmbito de aplicação : 69 - 70 - 102
• conclusão : 71 - 102
• duração : 72
• obrigações do senhorio : 73 a 79 - 102
• obrigações do locatário : 80 a 83
• renda : 84 a 85 - 102
• transmissão : 86 a 88
• subarrendamento : 89 e 90
• renovação : 91 - 100 - 102
• resolução judicial : 101 - 102
CONTRATO DE LOCAÇÃO DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL : 106 a 114
CONTRATO DE VENDA DE MERCADORIAS :
• comissário : 167 - 172 e 173
• ambito de aplicação : 202 - 204 - 205 - 207 - 208
• formação : 210 - 211 - 217
• obrigações do vendedor : 219 a 227 - 230
• obrigações do comprador : 233 - 235 - 238 - 239
• recepção da entrega : 242
• sanções para o não cumprimento das obrigações : (generalidades) 245 a 248
CRÉDITO MOBILIÁRIO :
• registo do comércio e do crédito mobiliário : 19s
• inscrição no registo do comércio e do crédito mobiliário : 107 - 108 - 120 - 127
DESENHOS E MODELOS :
• privilégio : 48
• estabelecimento comercial : 104
ESTABELECIMENTO COMERCIAL :
• acto de comércio : 3
• registo do comércio e do crédito mobiliário : 19 - 31 - 46 - 47 - 50 - 63
• definição : 103 a 105
• formas de exploração : 106 a 114
• transmissão : 115 a 136
EVICÇÃO :
• indemnização pela perda ou evicção da coisa : 94 a 96
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EXCLUSIVIDADE :
• agente comercial : 189
FACTURA :
• número de registo : 38
• beneficiário do contrato de locação do estabelecimento // cessionário : 108
FICHEIRO NACIONAL : 20 - 22 - 23 - 30 - 45 - 49 - 66
FICHEIRO REGIONAL : 20 - 22 - 23 - 45 - 49 - 66
FORMULÁRIO :
• de inscrição : 22
• do penhor das acções e partes sociais : 44 e 45
• do penhor do estabelecimento comercial : 46 a 50
• privilégio do vendedor : 46 a 50
• instrumentos de trabalho : 51 - 53
• veículos automóveis : 52 e 53
• do penhor dos stocks : 54 - 55
• dos privilégios das finanças : 5
• dos privilégios da administração das alfândegas : 57
• dos privilégios das instituições de segurança social : 58
• das cláusulas de reserva de propriedade 59 e 60
• da renovação duma inscrição : 64
• do cancelamento : 66
GARANTIA :
• vício oculto : 124
• obrigações do vendedor : 219 - 230 a 232
• contratual : 229 - 276
• prescrição : 277
IMÓVEL :
• actos de comércio : 3
• contrato de arrendamento comercial : 69 - 71 - 78 - 95 - 99
• poderes do intermediário : 146
INSCRIÇÃO : (do penhor)
• das acções e quotas ou participações : 44 e 45
• do estabelecimento comercial : 46 a 50
• dos instrumentos de trabalho e dos veículos automóveis : 51 a 53
• dos stocks : 54 e 55
INSCRIÇÃO : (do privilégio)
• do vendedor : 46 a 50
• das finanças : 56 a 58
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84
• da administração das alfândegas : 56 a 58
• das instituições de segurança social : 56 a 58
INSCRIÇÃO:
• das cláusulas de reserva de propriedade : 59 e 60
• efeitos : 63
• renovação : 64
• contencioso : 65 a 68
INSTRUMENTO DE TRABALHO :
• inscrição do penhor dos instrumentos de trabalho : 51 a 53
INTEGRAÇÃO NO CAPITAL SOCIAL :
• comissário da integração no capital : 9
• inscrição das sociedades : 26
• transmissão do estabelecimento comercial : 12
INTERMEDIÁRIOS DE COMÉRCIO :
• actos de comércio : 3
• definição : 137 a 142
• poderes : 143 a 147
• efeitos jurídicos : 148 a 155
• cessação do mandato : 156 a 159
• comissário : 160 a 175
• mediador : 176 a 183
• agentes comerciais : 184 a 201
INVENTÁRIO :
• livros de comércio : 13 - 14
JORNAL (DIÁRIO)
• livros comerciais : 13 - 14
LETRAS DE CÂMBIO :
• actos de comércio : 4
LIQUIDAÇÃO DE BENS :
• inscrição : 24
• oponibilidade da inscrição : 63
LIVROS DE COMÉRCIO : 13 - 14
LOCAÇÃO DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL : 26 - 106 a 114
LOCATÁRIO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL :
• locação do estabelecimento comercial : 106 a 114
MANDATO :
• intermediário de comércio : 137 a 159
MARCA DE FABRICO :
• estabelecimento comercial : 104
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85
MEDIAÇÃO :
• natureza : 3
• efeitos jurídicos : 148
MEDIADOR :
• incompatibilidade : 9
• definição : 139 - 176 a 183
MENOR :
• comerciante : 7
MODELO :
• desenhos e modelos : 48
• estabelecimento comercial : 104
NOME COMERCIAL : 104
NOTÁRIO :
• incompatibilidade : 9
• transmissão do estabelecimento comercial : 125 - 127
NULIDADE :
• registo do comércio : 37
• interpelação para cumprimento do contrato de arrendamento comercial : 101
• venda do estabelecimento comercial : 119 - 127
OPOSIÇÃO :
• venda do estabelecimento comercial : 125 - 127 a 132
PATENTE DE INVENÇÃO :
• estabelecimento comercial : 105
• privilégio : 48
PENHOR :
• registo do comércio e do crédito mobiliário : 19
• das acções, quotas e participações sociais : 44 - 45 - 63
• do estabelecimento comercial : 46 a 50 - 63
• dos instrumentos de trabalho : 51 - 53 - 63
• dos veículos profissionais : 52 - 53 - 63
• dos stocks : 54 - 55 - 63
PERDA DE DIREITO : 24
PESSOA COLECTIVA :
• obrigações contabilísticas : 13 a 17
• inscrição : 27 a 35
• cancelamento : 37
• intermediário de comércio : 138
PRESCRIÇÃO :
• obrigações : 18
fa 477 okport2 Direito comercial geral 86
86
• venda comercial : 274 a 282
PRIVILÉGIO :
• inscrição no registo do comércio : 19
• do vendedor : 46 a 48 - 50
• das finanças : 56 a 58
• da administração das alfândegas : 56 a 58
• das instituições de segurança social : 56 a 58
PROCESSO JUDICIAL DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS :
• inscrição : 24
PUBLICIDADE :
• locação do estabelecimento comercial : 107 - 111 - 127 - 133
REGISTO DO COMÉRCIO E DO CRÉDITO MOBILIÁRIO :
• disposições gerais : 19
• organização : 20 a 24
a inscrição
• das pessoas singulares : 25 - 26 - 30 a 32
• das pessoas colectivas : 27 a 32
• inscrições modificátivas, complementares e secundárias : 33 a 35
• cancelamento : 36 e 37
• efeitos : 38 a 40
• contencioso : 41 a 43
• locação do estabelecimento : 107 e 108
a inscrição das garantias mobiliárias
• condições : 44 a 62
• efeitos : 63
• renovação : 64
• contencioso : 65 a 68
a transmissão do estabelecimento comercial
RENDA :
• contrato de arrendamento comercial : 74 - 80 - 84 - 85 - 88 - 90 - 101 - 102 - 104
REVISOR DE CONTAS :
• incompatibilidade : 9
REVISOR DA INTEGRAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL :
• incompatibilidade : 9
SEGURO :
• acto de comércio : 3
• transporte : 221
SEQUESTRO :
• venda do estabelecimento comercial : 118 - 125 - 127 - 130
fa 477 okport2 Direito comercial geral 87
87
SÍNDICO : 9 - 22
STOCKS :
• penhor dos stocks : 54 - 55 - 63
SUBARRENDAMENTO : 89 - 90 - 98
SUCURSAL :
• de sociedade estrangeira : 19 - 29
• de pessoas singulares e colectivas sujeitas à inscrição : 34
TRANSMISSÃO DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL : 115 a 136
TRANSPORTE :
• operações de transporte : 3
• comissário agente de transporte : 173
• obrigações do vendedor : 220 - 221 - 227
• obrigações do comprador : 238
• contrato de venda : 267 - 287 - 288
USOS E COSTUMES :
• contrato de arrendamento comercial : 69 - 74 - 81
• intermediários de comércio : 145 - 150 - 161 - 170 - 182 - 188 - 194
• venda comercial : 206 - 207 - 221 - 223 - 224 - 225 - 231 - 272
VEÍCULO AUTOMÓVEL :
• penhor dos veículos automóveis : 19 - 51 a 53 - 63
VENDA :
• acto de comércio : 3
• venda do estabelecimento comercial : 47 - 49
• contrato de arrendamento comercial : 78
• locação do estabelecimento : 115 a 137
• intermediários de comércio : 137 - 141 - 160 - 171 - 184
• venda comercial : 202 a 210