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ADESÃO A TRIAGEM TUBERCULINICA E AO ACOMPANHAMENTO CLINICO ENTRE PROFISSIONAIS DE LABORATÓRIO DE REFERÊNCIA EM MATO

GROSSO DO SUL

Mayara Angelo 1; Angelita F Druzian2; Eunice A Totumi3; Marli Marques4 ; Anamaria M.M.Paniago2 ; Sandra M.V.L .Oliveira 1,2

RESUMO Vários estudos demonstram dificuldade na realização periódica do teste tuberculínico, por falta de adesão dos profissionais, e conseqüentemente, ocasionando prejuízo na avaliação de infecção tuberculosa recente e instituição da quimioprofilaxia, que quando iniciada, muitas vezes é interrompida por baixa adesão ao acompanhamento. Este estudo, realizado em um Laboratório de Referência Estadual em Mato Grosso do Sul, teve como objetivo levantar a adesão e fatores relacionados à recusa da triagem tuberculínica e acompanhamento clinico dos indivíduos positivos para a prova tuberculínica. A população de referência era de 130 trabalhadores, que tinham contato direto ou indireto, com pacientes ou com suas secreções em ambiente de laboratório. Dentre os 91 trabalhadores que participaram do estudo, 81 participaram da triagem tuberculínica e 10 se recusaram a participar. Dos profissionais que se recusaram a realizar a triagem tuberculínica houve predominância do sexo feminino, com média de idade de 37 anos e pelo menos 12 anos de escolaridade. Foram encontrados 37% (29/81) reatores fortes a prova tuberculínica, desses 24% (7/29) não realizaram acompanhamento clinico. Conclui-se a adoção de medidas educativas e manutenção de avaliação sistemática do programa institucional de controle da transmissão da tuberculose são aspectos que podem favorecer a adesão dos profissionais de saúde às práticas estabelecidas.

Palavras-chave: teste tuberculínico; recusa do paciente ao tratamento; tuberculose.

INTRODUÇÃO A tuberculose (TB) infecta 30% da população e a natureza infecciosa é tratada como uma importante doença ocupacional (SBPT, 2009). É reconhecidamente uma das doenças que dentro das atividades do setor saúde podem ter sua taxa de adoecimento diminuída através da detecção precoce e uso de quimioprofilaxia (SBPT, 2004). É proposto que na admissão do profissional saúde nas instituições este seja avaliado no admissional. Uma prova tuberculínica inicial deve ser realizada, e quando não reator esta prova deve ser repetida anualmente, independente do risco institucional presente e/ou após exposições ocupacionais descritas (ANDRADE, 2001). O presente estudo teve como objetivo levantar a adesão e fatores relacionados a recusa da triagem tuberculínica e no acompanhamento clinico dos indivíduos positivos para a prova tuberculínica.

MATERIAL E MÉTODOS Estudo realizado no LACEN/MS, a população de referência era de 130 trabalhadores, que tinham contato direto ou indireto, com pacientes ou com suas secreções em ambiente de laboratório, no período de Junho de 2009 a Julho de 2010. Os dados foram coletados mediante preenchimento de questionário de recusa a triagem tuberculínica. O critério de inclusão no estudo foi a recusa na realização de qualquer uma das etapas de testagem da prova tuberculínica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO No período da pesquisa 91 trabalhadores foram estudados no total, sendo que 81 participaram da triagem tuberculínica. Dos 10 que se recusaram a participar, estes foram convidados a participar respondendo ao questionário e assinando o termo de consentimento (Tabela 1 e 2). Nesse estudo foi encontrado uma prevalência de 36% de infecção tuberculosa. Estudos realizados no Brasil e em diversos países na America

1 Curso de Enfermagem Uniderp/Anhanguera , Centro de Educação a Distâncias- [email protected]

2 Núcleo do Hospital Universitário-UFMS/ FAMED- UFMS [email protected], [email protected]. 3 Laboratório de Saúde Pública- LACEN- [email protected]

4 Secretaria de Saúde Estadual Programa de Controle de Tuberculose - [email protected]

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Latina e Berlim, Alemanha encontraram em profissionais de saúde de 20-40% infecção tuberculosa (PILSCZEK, 2008). Outro estudo relatou que houve 20-30% de infecção tuberculosa, os fatores observados foi que todos tinham fatores de risco para infecção por tuberculose (BUTERA, 2009). Dos profissionais que se recusaram a realizar a triagem tuberculínica houve predominância do sexo feminino, com média de idade de 37 anos e pelo menos 12 anos de escolaridade (Tabela 3 e 4). Um estudo relatou que 16,5% (90/545) não colaboraram com o estudo na medida em que já sabiam ser reatores ao teste tuberculínico, ou, aqueles que se achavam sob maior risco de ser infectados poderiam ter participado mais ativamente (Tabela 5) (SILVA, 2001). Os 29 profissionais que tiveram como resultado reatores fortes foram encaminhados a consulta (Tabela 6). No presente estudo, dos 7 que não foram a consulta 2 alegaram que prova tuberculínica não tem importância, e não era necessário irem a consulta. E 5 declararam terem esquecido da data da consulta. Em outra pesquisa foi verificada falta à consulta médica por 15,7% pacientes, por causa de problemas sociais (OLIVEIRA, 2001).

CONCLUSÕES A triagem tuberculínica foi recusada por 11% dos profissionais, sendo o principal motivo o medo da positividade ou desconhecimento da sua importância. Mesmo com uma baixa recusa consideramos importante um trabalho de sensibilização permanente para oferecer maior oportunidade para diagnóstico de infecção latente entre profissionais de saúde. A adoção de medidas educativas e manutenção de avaliação sistemática do programa institucional de controle da transmissão da tuberculose são aspectos que favorecem a adesão dos profissionais de saúde às práticas estabelecidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, M. K. N.; PRADO, T. N.; FÁVERO, J. L.; MOREIRA, T. R.; DIETZE, R. Avaliação do risco de tuberculose para os profissionais de saúde. Boletim de Pneumologia Sanitária v. 9, n. 2, p. 607-613, 2001.

BUTERA, O.; CHIACCHIO, T.; CARRARA, S.; CASETTI,R.; VANINI, V.; MERAVIGLIA, S.; GUGGINO, G.; DIELI, F.; VECCHI, M.; LAURIA, F. N.; MARRUCHELLA, A.; LAURENTI, P.; SINGH, M.; CACCAMO, N.; GIRARDI, E. New tools for detecting latent tuberculosis infection: evaluation of RD1-specific long-term response. BMC Infectious Diseases, v. 182, n. 9, 2009.

OLIVEIRA, H. B. de; FILHO, D. C. M. Abandono de tratamento e recidiva da tuberculose: aspectos de episódios prévios, Campinas, SP, Brasil, 1993-1994. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 34, n. 5, p. 437-443, 2001.

PILSCZEK, F. H.; KAUFMANN, S. H.E. Prevalence and predictors of positive tuberculin skin test results in a research laboratory. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. Uberaba, v. 41, n. 4, p. 416-418, 2008.

SBPT. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. III Diretrizes Brasileiras para Tuberculose. Jornal de Pneumologia. v. 35, n.10, p. 1018-1048, 2009.

SBPT. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. II Consenso Brasileiro de Tuberculose: Diretrizes Brasileiras para Tuberculose 2004. J. bras. pneumol., São Paulo, 2004.

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SILVA, V. M. C.; OLIVEIRA, J. R.; SANTOS, F. M. S.; ARAÚJO, C. M.; KRITSKI, A. L. Prevalência de infecção pelo "Mycobacterium tuberculosis" entre alunos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. J. Pneumologia, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 77-82, 2001 .

TABELAS

TABELA 1 Número e porcentagem de servidores segundo participação na pesquisa em servidores do Laboratório de Referência Estadual, Campo Grande MS, 2010 Pesquisa N % Grávida 5 4,00 Licença 10 8,00 Não encontrados 24 18,00 Participaram 81 62,00 Recusaram 10 8,00 Total 130 100,00

TABELA 2 - Número e porcentagem de trabalhadores segundo sexo e prova tuberculínica em servidores do Laboratório de Referência Estadual , Campo Grande MS, 2010 Variáveis Prova tuberculínica

Reator forte Reator fraco Não reator Total Sexo N % N % N % N %

Feminino 24 83,00 7 100,00 38 84,00 69 85,00 Masculino 5 17,00 0 0,00 7 16,00 12 15,00 Total 29 100,00 7 100,00 45 100,00 81 100,00

TABELA 3- Distribuição de profissionais de um laboratório de referencia segundo a recusa a triagem tuberculínica em relação a percepção da importância, Campo Grande MS, 2010. Percepção à importância N % Sim 7 70,00 Não 3 30,00 Total 10 100,00

TABELA 4 - Distribuição de profissionais de um laboratório de referencia segundo que recusaram a realização da prova tuberculínica em relação a, realização anterior de prova tuberculínica, Campo Grande MS, 2010 Realização anterior N % Sim 4 40,00 Não 6 60,00

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Total 10 100,00

TABELA 5 Número e porcentagem de trabalhadores segundo motivos relatados na testagem da triagem tuberculínica de profissionais que recusaram em um laboratório de referência estadual, Campo Grande MS, 2010. Fatores N %

Falta de conhecimento 2 20,00 Medo 8 80,00 Total geral 10 100,00

TABELA 6 Número e porcentagem de profissionais segundo acompanhamento clínico de um laboratório de referência estadual, Campo Grande MS, 2010. Faltou a consulta N % Não 7 24,00 Sim 22 76,00 Total 29 100,00

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