Download pdf - Adverso 170

Transcript
Page 1: Adverso 170

Encontro do Proifes

Páginas 14 a 17

9 771980 315002 07100

ISSN 1980315-X

Nº 170 - Setembro de 2009

Mais proteçãopara as Ifes

Encontro que reuniu docentes de Instituições Federais deEnsino Superior de todo o País reafirma o caráter sindical doProifes e aprova transformação da entidade em federação.

Page 2: Adverso 170
Page 3: Adverso 170

Í N D I C E

26+1

18ARTIGO

27 A HISTÓRIA DE QUEM FAZ

24EM FOCO

14

VIDA NO CAMPUS

04

10

06

05NOTÍCIAS

Editorial

SEGURIDADE SOCIAL

CENTRAL

12

REPORTAGEM

20

NAVEGUE

ORELHA 23

TelesurO sul se vê por aqui

Encontro ProifesProfessores aprovam transformação

da entidade em sindicato

Análise do Pré-Salpor Fernando Siqueira

OBSERVATÓRIO

22

PEC 12 «Calote Institucional?»por Maurício Boff

PING-PONGPaulo Brack«O Rio Grande do Sulestá sofrendo uma pilhagemambiental»

Page 4: Adverso 170

Aposentados no resgate da cidadania

Inserção nas universidades

Page 5: Adverso 170

Í

Galeria de diretores do CApganha mais um retrato

Professor Adalberto Breier, ex-diretor do Colégio de Aplicação da Ufrgs, ganha espaço na galeria de fotos de ex-diretores.

Apub filia-se ao ProifesAD da Bahia seguiu trajetória já esperada. Depois de suspender o repassede verbas à Andes, desligou-se da entidade e aprovou filiação ao Proifes.

Maricé

lia P

inheiro

Page 6: Adverso 170

06

PI

NG

-P

ON

G

ADVERSO 170 | SETEMBRO 2009

"O Rio Grande do Sulestá sofrendo uma

pilhagem ambiental"

Paulo Brack

“O setor ambiental está sofrendo uma pilhagem no Rio Grande do Sul. O Estado, na área ambiental, deveria

responder às demandas da sociedade e não apenas às de um grupo de empresas. Os técnicos da área

ambiental não conseguem fazer nada e são pressionados a emitir licenças para obras sem estudo de

impacto ambiental prévio. O cenário é bizarro e marcado pela truculência”. A avaliação é de Paulo Brack,

professor do Departamento de Botânica da Ufrgs. Em entrevista à revista Adverso, Brack denuncia o

processo de desmonte ambiental no Estado e defende a construção urgente de alternativas. Para ele, a

Universidade deve participar deste debate com responsabilidade social e ambiental.

por Marco Aurélio Weissheimer

começou a se agravar uma situação ambiente e suas leis.Qual sua avaliação sobre a situa-que já era grave no governo anterior. O Outro exemplo é o das barragens deção ambiental hoje no Rio Grandegoverno Rigotto deixou a Secretaria Jaguari e Taquarembó. Neste caso, odo Sul?do Meio Ambiente para o PSDB, numa governo federal tem sua parcela deA saída da secretária estadual doespécie de prêmio de consolação para culpa, pois está dando recursos paraMeio Ambiente, Vera Callegaro, emcandidatos que não tinham sido grandes obras, de grande impactoabril de 2007, constituiu-se numaeleitos. Passaram por lá o deputado ambiental. Foi emitida uma licençaintervenção branca na área ambientalestadual Adilson Troca, o atual chefe prévia para essas barragens sem terdo Estado. Isso ocorreu para favorecerda Casa Civil, José Roberto Wenzel e o sido realizado um estudo de impactoas grandes empresas de celulose,candidato a deputado, não eleito, ambiental. Isso vai contra toda arompendo as barreiras do zoneamentoMauro Sparta. Cada um deles ficou legislação. Emite-se uma licençaque tinha sido elaborado pelos técni-cerca de um ano na Secretaria, sem prévia e fixa-se um prazo para acos da Fepam (Fundação Estadual denenhuma política consistente. realização do estudo de impactoProteção Ambiental). Callegaro era

No governo atual, esse problema se ambiental. Com isso, a obra vai sendouma pessoa de confiança da governa-agravou. A licença para a quadruplica- concretizada e a lógica do fato consu-dora Yeda, não se contrapondo aosção da empresa Aracruz, por exemplo, mado atropela qualquer estudo deinteresses do governo, mas tinha umfoi dada de maneira truculenta. impacto posterior. Cerca de oito milcerto nível técnico e obedecia aoTécnicos da área ambiental estavam araucárias foram destruídas recente-menos a alguns princípios ambientais.pedindo novos dados sobre a poluição mente no Estado pela recusa em seO governo decidiu, porém, simples-aérea e hídrica, que a empresa não discutir uma alternativa geográficamente retirar qualquer técnico outinha fornecido adequadamente. Eu para barragens. Há alguns empreendi-administrador que pudesse ser umconversei com alguns deles e eles me mentos de energia eólica, que estãoobstáculo a essa tendência de libera-disseram que sofreram uma pressão sendo construídos entre Cidreira eção total de empreendimentos.muito grande. Ana Pellini baixou a Tramandaí, que também atropelam oEssa tendência se aprofundou com aordem: chega de “nhem-nhem- licenciamento ambiental. Da mesmaposse do secretário Carlos Otavianonhem”, agora queremos a licença. Em forma, o governo do Estado concedeuBrenner de Morais, em 2007. Ele levou2008, apenas 0,4% dos pedidos de licença para o herbicida Aura 200, dajunto para a secretaria a ex-secretárialicenciamento foram recusados. Isso BASF, indo contra todos os pareceresadjunta de Segurança Pública, Anavai contra toda necessidade de obede- técnicos contra esse herbicida que éPellini, que falou da existência de umacer ao sistema nacional de meio altamente tóxico. Técnicos da área“ditadura ambiental” no Estado. Aí

Page 7: Adverso 170

ambiental foram pressionados a minutos, só vê esses plantiosaprovar essa licença. Isso tem nome: é homogêneos. Não enxerga maisassédio moral no serviço público. nenhuma paisagem, nem

É muito grave o que está acontecen- campo, nem lagoas. É umdo no Estado. Além do uso político da corredor de pinus. Issopasta do Meio Ambiente, dois ex- também está acontecendosecretários receberam recursos das na Região Metropolitana,papeleiras (Adilson Troca e Mauro em torno das BRs 386 eSparta) em suas campanhas. Outro 287. É alarmante.titular da pasta, Berfran Rosado, Os técnicos da Funda-recebeu R$ 39 mil e era o coordenador ção Zoobotânica encami-da Frente Parlamentar “Pró- nharam uma contrapro-Florestamento”. Como é que alguém posta mantendo osque recebe dinheiro de empresas de percentuais. Esse docu-celulose na sua campanha eleitoral vai mento deveria ter sido repas-atuar na área do Meio Ambiente e sado para o Conselho Estadualtomar decisões envolvendo interesses do Meio Ambiente, o que nãodessas empresas? ocorreu. O ex-secretário Carlos

Otaviano engavetou a proposta.Só que ela foi parar nas mãos doEm que pé está o processo deMinistério Público Estadual que abriuzoneamento da silvicultura no Rioum processo para que esse documen-Grande do Sul?to fosse levado em consideração. ADo projeto original da Fepam,Justiça também considerou o docu-foram retirados os percentuais demento relevante obrigando a Fepam aplantio por propriedade. O zoneamen-rediscutir o assunto a partir deto definia áreas com alta restrição,agosto de 2008. A última versão domédia restrição e baixa restrição. Azoneamento, apresentada por Anaalta restrição estava relacionada aPellini, tornava o documento quaseáreas localizadas principalmente nosem efeito. O professor Fláviolitoral que servem de abrigos paraLewgoy, da Agapan, pediu vistasespécies migratórias de aves e apre-para essa nova proposta. Osentam outras restrições ambientais.regimento do Consema previa 15Além dos percentuais, também foramdias de prazo para debater oretirados os índices que definiam otema, mas o então secretáriotamanho máximo dos plantios e oOtaviano deu apenas três dias.espaçamento entre eles. Há áreasEntramos com uma liminarimensas com esses plantios hoje nopara impedir a votação no diaEstado. Quem vai para Pinhal ounove (de agosto) que acabouCidreira, por exemplo, atravessasendo cassada pelatrechos onde, por cerca de dezJustiça a

“A saída da secretária estadual do Meio Ambiente, Vera Callegaro, em abril de 2007, constituiu-se numa intervençãobranca na área ambiental do Estado.

O atual governo decidiu retirarqualquer técnico ou administrador que

pudesse ser um obstáculo a essa tendência de liberação total de

empreendimentos”.

07ADVERSO 170 |SETEMBRO 2009

Page 8: Adverso 170

pedido do governo. E o juiz que derru- Rigotto, agora estão sendo liberados de conseguiu fazer com que o própriobou a liminar usou o argumento econô- uma maneira absurda. Com 30 lotea- Estado não defendesse a lista da floramico: eram R$ 6 bilhões, e esse valor mentos, Xangri-lá praticamente não ameaçada. Inclusive, as duas listas, da era tão grande que o Estado não podia tem mais área natural. O Bioma Pampa flora e da fauna ameaçadas, estãose arriscar, que as empresas podiam ir não tem praticamente nenhuma congeladas.embora etc. Foi um processo totalmen- unidade de conservação, está total- Em resumo, o setor ambiental estáte irregular e absurdo. Essa discussão mente desprotegido. sofrendo uma pilhagem no Rio Grandecontinua até agora. Não há monitoramento eficiente. As do Sul. O Estado, na área ambiental,

equipes técnicas da Fepam, que traba- deveria responder às demandas dalhavam com licenciamento e monitora- sociedade e não apenas as de um grupoHá algum estudo ou informaçõesmento, foram excluídas desse processo. de empresas. Os técnicos da áreasobre danos ambientais concretos noO Estado passou a contratar técnicos, ambiental não conseguem fazer nada,Estado, resultantes deste processode forma terceirizada, o que favorece estão amarrados, não conseguemde atropelo da legislação ambiental?mais ainda o atropelo da legislação. A trabalhar e nem propor nada. O cenárioSeria importante ter esse estudo,autorização para os municípios realiza- é bizarro, absurdo e marcado pelamas faltam recursos. No que diz respei-rem licenciamento também está sendo truculência. Muitos técnicos, tanto dato ao plantio de eucaliptos, há áreas noutilizada como uma moeda de troca. Fepam quanto da Fundação Zoobotâni-Pampa em que dá vontade de chorar;

ca, estão na geladeira. Há pessoas que foram altamente descaracterizadas. Astrabalham lá, algumas há 25 anos, queE ainda há a proposta de mudançabarragens de Jaguari e Taquarembóvem sofrendo um processo de assédiodo Código Florestal...(que juntas somam cerca de 3.500moral permanente.Exatamente. O modelo de Santahectares) significam a destruição de

Catarina, que flexibilizou o Código1.100 hectares de floresta, com quaseDiante desse cenário desolador,Florestal, é ilegal e inconstitucional,1,6 milhão de árvores. É como se toda a

pois nenhum Estado pode ter uma parece que está havendo um renasci-arborização de Porto Alegre fosserestrição menor do que a estabelecida mento do movimento ambientalistaderrubada em apenas dois empreendi-pela lei federal. Mas a governadora Yeda no Estado...mentos. E é mata ciliar, onde animaisfoi lá em Santa Catarina e se pronunci- Sim. Esse é um fato positivo. Estácomo o veado e o gato do mato buscamou, ao lado do governador Luis Henri- havendo um maior estreitamento entreabrigo. Sem ela, vão desaparecer.que, em defesa desse modelo. E o lobby técnicos da área acadêmica, do Estado,Outro dano está relacionado aosaí não é apenas governamental. O Rio ONGs e sindicalistas. O problema é queempreendimentos no litoral. A quanti-Grande do Sul ainda responde aos estamos um pouco saturados de coisas dade de loteamentos e grandes empre-interesses do setor ruralista liderado ruins. O fato é que precisamos avançarendimentos imobiliários é algo absur-pela Farsul, que é o setor mais atrasado em algumas coisas. Precisamos apre-do. Uma das causas disso é a descentra-do Estado. Carlos Sperotto (dirigente sentar alternativas. As papeleiraslização feita pela Fepam. Com o balcãoda Farsul) ainda tem muito poder no acabaram ocupando um espaço que aambiental que foi criado, um técnico láEstado. No primeiro ano do governo própria sociedade deixou. Acho queem Tramandaí, por exemplo, estáRigotto, a Farsul pediu para derrubar a precisamos fazer uma autocrítica. Nãoemitindo licenças para grandes empre-lista da flora ameaçada no Rio Grande avançamos muito no sentido de acharendimentos sem qualquer estudo dedo Sul, uma lista que a própria Farsul alternativas a esse modelo de mercado,impacto ambiental, inclusive em Áreastinha aprovado no Consema e depois de megaempreendimentos, que chegade Preservação Permanente. Váriosquis derrubar. Pois essa entidade em qualquer região e descarrega seusempreendimentos negados no governo

ADVERSO 170 | SETEMBRO 2009

“No que diz respeito ao plantio de eucaliptos, há áreas no Pampa em

que dá vontade de chorar. As barragens de Jaguari e Taquarembó

significam a destruição de 1,6 milhão de árvores. É como se toda a

arborização de Porto Alegre fossederrubada em apenas dois

empreendimentos.”

08

Page 9: Adverso 170

lobby

recursos. estava sendo vendida em um super- Queria citar também uma coisa quemercado de Porto Alegre, há dois aconteceu na Ufrgs, que é importan-meses, a R$ 42 o quilo. Essas frutas te. Havia um convênio com a AracruzEm que direção deveriam cami-nativas têm antioxidantes, flavonói- para desenvolver pesquisas comnhar essas alternativas?des e um importante conjunto de eucalipto transgênico. O DCE, juntoTomemos o caso da agroecologia.vitaminas, sendo consideradas um com a Via Campesina e o MST, mobili-Aqui na universidade, discuto muitoalimento funcional. Elas poderiam zou os estudantes que foram falarisso com meus alunos. Temos umestar sendo cultivadas junto com com o reitor para que esse projeto nãoprojeto de extensão em assentamen-plantios de milho, de soja orgânica fosse aprovado. E o reitor, que tinhatos e em centros de formação de(sem agrotóxicos) e de arroz, possibi- uma tendência pela aprovação doagricultores. Estamos tentandolitando a transição para uma agricul- convênio, decidiu aprofundar oencontrar formas de incorporar atura com policultura. debate sobre o mesmo antes debiodiversidade no sistema produtivo.

Temos dados que mostram que pelo aprová-lo. Infelizmente, há setoresTemos professores aqui na Ufrgs comomenos 10% da nossa flora é alimentí- da Universidade que estão reféns doCarlos Nabinger, Aino Jacques e Ilsicia, o que, num Estado como o Rio mercado, trabalhando direto comBoldrini que têm dados que compro-Grande do Sul, representa mais de 500 pesquisas insustentáveis que repro-vam que hoje poderíamos aumentarespécies de plantas. Ou seja, mais de duzem um modelo de monocultura,em quatro vezes a produção de carne500 espécies de plantas poderiam inclusive de eucalipto. Essa discussãopor hectare na região do Pampaestar no nosso prato. Isso exige precisa ser feita. A Universidade tem (passando de 70-80 quilos/hectarepesquisa e desenvolvimento. Quantas que ter responsabilidade social epara 300 quilos/hectare) mantendo odestas espécies estão sendo desenvol- ambiental. Nós somos funcionárioscampo nativo com um manejo razoa-vidas? Praticamente nenhuma. A públicos, recebemos dinheiro davelmente barato. O governo deveriaprópria Universidade continua sociedade, não temos que trabalhartrabalhar para manter o bioma Pampainvestindo em pesquisas convencio- para a empresa A, B ou C. Empresasfundamentalmente como pastagem.nais com plantas exóticas em termos que usam sua força bruta para garan-Outro exemplo é o caso das frutasde monocultura, o que é insustentá- tir seus empreendimentos, quenativas. Temos dados que comprovamvel. compram setores da imprensa, queque há mais de 100 espécies de frutas

Existem algumas boas iniciativas estão criando desertos verdes imen-nativas que poderíamos aproveitar.em curso. Há um centro de formação sos no Espírito Santo e na Bahia, queQuase uma dezena destas espéciescamponesa em Santa Cruz do Sul, por desalojam povos indígenas. Creio queestá sendo usada em outros paísesexemplo, mantido pelo Movimento de é um desserviço uma universidadecomo Nova Zelândia, Austrália ePequenos Agricultores e que está pública realizar pesquisas para essasEstados Unidos. O araçá, por exemplo,buscando desenvolver alternativas à empresas. Precisa haver um questio-há mais de cem anos foi levado paracultura fumageira. Eles estão rece- namento profundo em relação a isso,Austrália, EUA e outros países. Elebendo recursos da Petrobras para o que não está acontecendo. Outem cinco vezes mais vitamina C doinvestir em biocombustíveis dentro encaramos essa problemática ambien-que a laranja. É um fruto que dá parade um padrão de permacultura. Não tal com seriedade e urgência, ou ofazer sorvete, geléia, licor. A goiabase trata de soja, mas sim de culturas quadro de tragédias sociais e ambien-serrana, que ocorre na mata dede pinhão manso, tungue, algumas tais só vai se agravar.araucária e na Metade Sul, é outropalmeiras, num modelo de agroflores-exemplo. Hoje, a Nova Zelândia é atas.maior produtora desta fruta que

09ADVERSO 170 |SETEMBRO 2009

“Há setores da Universidade que estão reféns do mercado,

trabalhando direto com pesquisas insustentáveis que reproduzem um modelo de monocultura, inclusive

de eucalipto. Essa discussão precisaser feita. A Universidade tem que

ter responsabilidade social e ambiental.”

Page 10: Adverso 170

PEC 12Calote

Institucional?Quando W. (ele pede para não ser identificado) recebeu a carta de um escritório de

advocacia especializado na compra de precatórios judiciais, o professor universitáriodesconfiou da oferta milagrosa. O texto dizia que ele “receberia o dinheiro na hora em que assinasse o documento”. Mas o negócio não era lá tão lucrativo: W. receberia apenas 25% do valor do precatório, ou “correria o risco de morrer sem ver a cor do dinheiro”. Desconfiado, o professor universitário descobriu que se tratava de um golpe.

ranking

por Maurício Boff

Page 11: Adverso 170

ranking

Page 12: Adverso 170

VI

DA

NO

CA

MP

US

12 ADVERSO 170 | SETEMBRO 2009

Pós-Graduação da Faculdadede Veterinária: 40 anos depioneirismo e excelência

Há quase quatro décadas, formava-se a primeira turma de mestrandos do então recém formado Programa de Pos-

graduaçao em Ciencias Veterinárias (PPG-CV) da UFRGS: Viviani Cecília Gutierres, Fermín García Fernández, João

Carlos Gonzáles e Carlos Marcos Barcellos de Oliveira. De lá para cá, a dedicação à pesquisa e convênios com a

Rockefeller Foundation, a Escola de Veterinária de Hannover, além de entidades japonesas colaboraram para a

vinda de profissionais e a melhoria em infra-estrutura. Neste ano, para comemorar os 40 anos do Pós-graduaçao

que já formou 538 mestres e 108 doutores, acontece ato comemorativo, no dia 25 de setembro. Presenças

importantes como a do presidente do Capes Jorge Guimaraes, a assessora em projetos de ciência e tecnologia do

Cnpq Maria Auxiliadora Neves e o presidente da Fapergs Rodrigo Mattos.

No final da década de 60, as áreas de conhe- doutorado pelo conselho de Pós-graduaçãocimentos mais produtivas na então Faculdade e encaminhado para viabilização atravésde Veterinária, na graduação, eram as de Parasi- da Ufrgs e da Capes. Em vigor a partir detologia e Doenças Parasitárias dos Animais 1997, foi o primeiro curso a funcionar naDomésticos, seguidas da Reprodução e Insemi- região sul como doutorado na área. Emnação Artificial. A produção científica não 2005, a dedicação das últimas 4 décadaspossuía nem contava com a participação de trouxe frutos: a avaliação trienal da Capesáreas conexas e auxiliares como a Bioestatística concedeu ao PPG-CV o conceito 6, quee a Metodologia de Pesquisa, essenciais para o avalia numa escala máxima de sete. O fatoinício de um Programa de Pós Graduação. Na se repetiu em 2008 e alçou o programa,época, professores como Ruben Markus, da concedido apenas aos Pós-graduações que,Faculdade de Agronomia, e Mario Rigatto, da por duas avaliações trienais consecutivas,Faculdade de Medicina, foram fundamentais conquistam conceitos 6 ou 7.para o desenvolvimento destas áreas. Segundo “Estar no Proex, além de ser sinônimorelembra Pedro Cabral Gonçalves, primeiro de qualidade acadêmica, implica emcoordenador do PPG-CV, “o início do mestrado melhor verba e autonomia de gestão dosteve a colaboração, ainda dos professores recursos”, avalia Félix González, atualWalter Gojmerac, em Entomozooses, e James Porter , em coordenador do PPG-CV. Atualmente, dos programas deProtozooses. Deve-se ao professor Porter os primeiros Pós-graduação na área, apenas a Universidade Federal deprojetos em eimeriose aviária e hemoparasitoses bovinas, Santa Maria e a Universidade São Paulo obtiveram oscom a construção de um prédio onde hoje funciona o Setor mesmos conceitos. “A qualidade do nosso programa, emde Entomologia”. Os primeiros professores do curso, além linhas gerais, vem de uma boa produção acadêmica. Édos já citados, foram José Wilibaldo Thomé (malacologia), importante no contexto nacional e regional e possuiCláudio Sá de Siqueira (patologia especial), Hélio Corseuil extrema importância histórica e de pioneirismo”, dize José Jardim Freire (entomologia) e Ruben Markus (esta- González. Para o futuro, o PPG-CV aceitou mais um desafio.tística). “É a expansão com qualidade, considerando que se deve

Em 1969, foi constituída a primeira turma de mestrado, manter um número de vagas para doutorado não inferior avinculada à Faculdade de Agronomia, segundo programa 40% do total de discentes, uma vez que este nível é o quemais antigo do Brasil na área, logo atrás da Universidade garante maior qualidade nas pesquisas e nas publicações.Federal de Minais Gerais que iniciou o programa um ano A excelência no Pós reflete em vantagens para o curso deantes. A veterinária só foi assumir o PPG-CV quando ele foi graduação, que obteve conceito máximo no íltimo ano deaprovado pelo Cnpq, em 1970. A história em pesquisa na avaliação realizado pelo Ministério da Educação”, come-Veterinária avança e é aprovado, em 1995, o programa de mora.

Por Clarissa Pont

Page 13: Adverso 170

13ADVERSO 170 | SETEMBRO 2009

“Apesar de estar afastado das lidas acadêmicas desde aminha aposentadoria em 1991, aceitei o convite parafazer este relato, por demais espirituoso, pois só disponhoda minha memória para contribuir à preservação dealguns fatos marcantes na história da Faculdade de Veteri-nária da UFRGS. A década de 1960 foi uma das mais profí-cuas em atividade de pesquisa. A disciplina de DoençasInfecciosas e Parasitárias foi desmembrada em Patologia eTerapêutica das Doenças Infecciosas, Patologia Aviária ePatologia e Terapêutica das Doenças Parasitárias, sendoque esta última ficou localizada no prédio construído para

sionais com novas consciências técnicas e científicas,ser o Biotério, onde também estava localizado o Setor de

assim como é o mais agudo e rápido processo de, pacifica-Nutrição Animal, mais tarde transferido para a Faculdade

mente, interferir e modificar os cursos de graduação ede Agronomia. Por esta ocasião foi celebrado o convênio

assim contribuir eficazmente com a evolução da socieda-USAID-UFRGS, contemplando as áreas de Agronomia e

de. Assim, como primeiro aluno a defender a tese de mes-Veterinária. Através deste convênio veio o professor Hans

trado do curso de pós-graduação e, mais tarde, comoBlobel, que atuou na medicina veterinária preventiva,

professor das disciplinas de Entomozooses, Bioestatística,assessorado pelo colega Joaquim Teixeira Fernandes.

Metodologia de Pesquisa e, como coordenador do mesmoDurante o ano de 1968, o professor Blobel criou o curso de

por dois mandatos, sou testemunha dessa importanteIntrodução à Pesquisa, após o qual verificou que a área de

caminhada do Programa de Pós-graduação da FaculdadeDoenças Parasitárias oferecia infra-estrutura de ensino e

de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande dopesquisa adequada para a instalação de um curso de mes-

Sul. O curso festeja quatro décadas de trabalho de van-trado. A idéia foi apresentada ao Departamento de Higie-

guarda no conhecimento científico da Veterinária gaúchane, que me indicou para organizar o curso, o qual foi

e Brasileira. Parabéns aos professores, alunos e funcioná-aprovado pelo Departamento. Posteriormente o projeto

rios! Prossigam que vale a pena!”foi apresentado à Congregação da Faculdade de Agrono-

Professor João Carlos Gonzáles, ex-coordenador domia e Veterinária, não sendo aprovado por oposição dePós.alguns colegas da Veterinária, que não entendendo de

pesquisa, colocaram empecilhos. O curso de Agronomia,“Coordenei o Curso de Pós-graduação em Medicinaacreditando no projeto, acolheu o Mestrado de Parasitolo-

Veterinária da UFRGS no período entre abril de 1985 egia e Doenças Parasitárias no Departamento de Produçãojulho de 1989, partilhando na Comissão Coordenadora,Animal.entre outros colegas e representantes discentes, com osNo momento da criação do curso, a área de Doençasprofessores Pedro Cabral Gonçalves, Antonio Mies Filho eParasitárias já tinha uma boa experiência em pesquisa,Elinor Fortes, legítimos ícones docentes e pesquisadores àcontando com a participação da indústria farmacêutica, oépoca. Vivenciávamos mais um dos muitos momentos deCNPq, o Ministério de Agricultura e a FAPERGS”transição intensa na universidade brasileira, que abrangia

Professor Pedro Cabral Gonçalves, primeiro coorde-o repensar da formação de recursos humanos, mormente

nador do PPG-CVao nível de pós-graduação e mesmo das relações da uni-versidade pública com os setores organizados da socieda-

“Os cursos (Mestrado e Doutorado) tinham e têm ade. Por outro lado, a introdução, apropriação e sistemati-

obrigatoriedade de crescer! Não podem estagnar no tempozação de atividades-meio envolvendo a informatização

e no espaço, a semelhança da maioria dos cursos de gradu-crescente, à época secretariadas pela Senhora Carmem

ação. Para evoluir, entre outros procedimentos, têm queBelmonte e sua equipe, vieram facilitar a avaliação da

fazer parcerias com outras áreas de conhecimentos dentroinserção e da contextualização do Curso de Pós-

e fora da Instituição. E, neste caminho, agregaram-segraduação”

importantes áreas como a bioquímica, biologia molecularJosé Maria Wiest, Professor Titular de Medicinae imunologia. O resultado desse processo de transforma-

Veterinária Preventiva e Saúde Pública.ção e evolução determinou que as outroras áreas domi-nantes fossem dominadas, em função, fundamentalmen-te, da maior ou menor produção científica. A produçãocientífica é o método mais eficaz para formar novos profis-

Quais suas recordações do PPG-CV?

Page 14: Adverso 170

por Maricélia Pinheiro

Evento realizado entre 19 e 22 de agosto, em São Paulo, reuniu docentes de Instituições Federais de

Ensino Superior (Ifes) de todo o País. A afirmação do caráter sindical do Proifes Fórum e sua futura

transformação em federação foi, sem dúvida, a principal decisão do encontro, que debateu ainda Plano de

Carreira e várias outras questões pertinentes na vida laboral dos professores.

Professores aprovamtransformação da

entidade em federação

enviada especial pela Adufrgs

Encontro Proifes

Page 15: Adverso 170
Page 16: Adverso 170

lato sensu

latosensu

Cursos pagos geram polêmica

Professor da UFG é homenageado

Page 17: Adverso 170

lato sensu

latosensu

Proposta de Carreira em debate

Page 18: Adverso 170

AR

TI

GO

18

Análise da proposta do governo para o Pré-sal

Prós e contras das medidas anunciadas

Por Fernando SiqueiraPresidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras

Além de ser a tendência moderna, pois 80% das reservas1. Mudança do contrato de concessão para o contra-mundiais pertencem a empresas estatais, contra apenas 3%to de partilhapertencentes ao cartel internacional, o petróleo é um bemO atual contrato de concessão prevê a propriedade doabsolutamente estratégico e tem que ser controlado pelopetróleo para quem o produzir. Além de contrariar a Consti-país proprietário dele.tuição que, no seu artigo 173 mantém o monopólio da

União, ele retira dela uma enorme vantagem: quem tem a 2. A Petrobras será a operadora de todos os blocospropriedade do petróleo tem um extraordinário poder deEm alguns casos, dos campos considerados estratégicos -barganha, podendo obter grandes vantagens geopolíticas e

alta produtividade e baixo risco, ela terá toda a operaçãocontrapartidas. Considerando que estamos entrando nopara si, pagando à União um percentual do óleo lucro naterceiro e definitivo choque do petróleo, fruto da chegadafaixa de 70 a 80%. Nos demais haverá leilão e o consórciodo pico de produção mundial, este poder se torna cada vezvencedor será aquele que oferecer um maior percentualmaior.para a União. Do percentual que couber ao consórcio, aO contrato de partilha, usado nos países grandes produ-Petrobras terá 30% para si e a outra empresa terá 70%. Atores, restaura a propriedade do petróleo para a União quegrande vantagem desta proposta é que a Petrobras, comopode pagar a parte do operador em petróleo ou em dinhei-operadora, irá desenvolver o mercado nacional, gerarro. Nos países exportadores essa parcela é, em média, 16%empregos no país e desenvolver a capacitação nacional.do óleo lucro (óleo bruto menos despesas de produção).Além disto, ela irá obedecer a velocidade de produçãoA legislação em vigor, gerada sob o argumento de queestabelecida pelo Conselho Nacional de Política Energéticaera necessário incentivar a vinda de empresas estrangeirase, muito importante, garantir a lisura na medição dospara investir correndo altos riscos e possibilidade de baixoquantitativos produzidos, pois esta medição gera muitaretorno, ofereceu vantagens como a propriedade do petró-manipulação no mercado internacional.leo e um baixo percentual a ser pago à União. Logo, não se

aplica ao Pré-sal. A Petrobras, depois de 30 anos de pesqui-sa, descobriu uma província petrolífera enorme, tendo 3. Criação de um Fundo Socialfurado 13 poços e achado petróleo nos treze. Logo, o Pré-sal É importante porque evita a entrada dos dólares denão tem mais risco e a possibilidade de retorno dos investi- exportação na economia sobrevalorizando o Real. O fundomentos é muito alta. Portanto, a legislação atual tem que irá aplicar os recursos no mercado internacional e no País eser mudada e o contrato de concessão também. Defendemos os resultados serão aplicados em investimentos sociais.a volta da Lei 2004 que deu ao país a autossuficiência epermitiu que a Petrobras desenvolvesse as pesquisas para adescoberta do Pré-sal.

ADVERSO 170 |SETEMBRO 2009

Pontos positivos

Page 19: Adverso 170

ADVERSO 170 |SETEMBRO 2009 19

oposta do

Ponto controverso

1. Aporte de capital na Petrobras equivalente a 51. A continuidade dos leilões é negativa por gerarbilhões de barrisefeitos colaterais indesejáveis

Da forma como está proposto seria muito favorável aosa) Os países desenvolvidos da Ásia, da Europa, os EUA eacionistas minoritários da Petrobras e desvantajoso para ao cartel internacional do petróleo não têm reservas e porUnião. Isto porque os 5 bilhões de barris seriam petróleo aisto estão numa situação dramática por ter criado umaproduzir e seriam avaliados por peritos internacionais pordependência irresponsável do petróleo. Suas empresasum valor menor do que 10% do valor real. Assim, os acionis-viriam para cá ávidas para produzir. Com isto, o Pré-saltas teriam incorporado ao seu patrimônio um petróleopoderia se esgotar em menos de 13 anos, ao invés dos maiscotado a cerca de, digamos, US$ 5 por barril, contra US$ 70de 40 anos possíveis.no valor do mercado. Esse aporte tem que ser feito usandoas reservas em dólares da União, que podem ser repostasb) A entrada maciça de dólares no País causaria umacom a renda do Pré-sal. Essa recompra das ações da Petro-sobrevalorização do Real inviabilizando as empresas debras deve ser feita de forma gradativa.exportação fora do setor petróleo. Geraria uma dependên-

cia de um único produto. Seria a famosa doença holandesa.ConclusãoPoderia também gerar a doença nigeriana, mais grave:

empresas estrangeiras produziram e exportaram o petróleoda Nigéria. O País não saiu da pobreza e ficou sem petróleo; A proposta do Governo traz alguns avanços, mas é

necessária uma mobilização da sociedade, não só parac) Os dólares recebidos pela exportação do petróleo sustentar os avanços da proposta, mas também para se

teriam que ser aplicados nos títulos do tesouro americano, obter outros. Afinal, essa é uma riqueza que pertence aorendendo juros negativos e aplicados através de uma moeda povo brasileiro e deve ser usada para o seu benefício. Odecadente. petróleo proporcionou o maior movimento da história do

Brasil quando era apenas um sonho. Agora, que ele setornou uma realidade maior do que tudo o que se esperava,2. Criação da Petrosaltemos todos os motivos para defender os interesses do povoA criação da empresa Petrosal pressupõe a continuaçãobrasileiro.dos leilões com todas as desvantagens já citadas. Não

Defender a volta da Lei 2004/53 é defender a soberaniahavendo leilões e o Governo usando a Petrobras para desen-nacional. Isto está em sintonia com a modernidade, poisvolver o Pré-sal, essa estatal é totalmente desnecessária.mais de 80% das reservas estão com empresas estatais comtendência de aumento. Além disto, a falácia que o mercadoé competente, que as empresas privadas são mais compe-tentes, foi tudo para o ralo. Empresas foram estatizadaspara sobreviver. P

ubli

cado n

o b

log: h

ttp:/

/pesq

uis

asb

rasi

l.blo

gsp

ot.

com

Pontos negativos

Page 20: Adverso 170

ONU defende criação de moeda global alternativa ao dólar

Unesco declara Equador zona livre do analfabetismo

Page 21: Adverso 170

Tráfico de seres humanosUm negócio lucrativo

Fórum Social Mundial 10 Anos Grande Porto Alegre: de volta para casa

Page 22: Adverso 170

O portal Troca de Livros tem como objetivo incentivar a cultura

e facilitar a aquisição de novos livros a preços baixos, além de

estimular a troca de informações entre pessoas das mais diversas

regiões e culturas. Todas as trocas podem ser feitas diretamente na

página, através de aplicações que dão acesso às ofertas, sistema de

negociação, informações de envio etc. Para aumentar a confiabili-

dade dos usuários, foi criado um programa de pontuação. O

manual de instruções ensina como ingressar na comunidade.

www.trocadelivros.com.br

A USP lançou um site que disponibiliza 3.000 obras

para download, com livros raros, documentos

históricos, manuscritos e imagens que são parte do

acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin,

doada à Universidade. Há planos de aumentar o

catálogo para 25 mil títulos, incluindo as primeiras

edições de Machado de Assis e de Hans Staden.

www.brasiliana.usp.br

Na biblio, o internauta tem acesso a obras em domínio

público de grandes autores da língua portuguesa, que

tenham falecido há mais de 70 anos, conforme determina a

Lei de Domínio Público. Não existem resumos ou resenhas

das obras, só textos completos e respeitando a linguagem da

época. Para tirar as dúvidas, o site disposibiliza um

dicionário, no canto esquerdo da tela.

www.biblio.com.br

Page 23: Adverso 170

Assunto EncerradoDiscursos sobre literatura e sociedade

Vozes da estante

ArtesaniaClínicaQuestões parauma práticada multiplicidade

Page 24: Adverso 170

texto e fotos Naira Hofmeister

O sul se vê por aqui

Page 25: Adverso 170
Page 26: Adverso 170

+1 bloghttp://altamiroborges.blogspot.com/

+1 TV

TV Brasil

Page 27: Adverso 170

Sérg

io S

ade / E

dito

ra A

bril

Page 28: Adverso 170