! l f ] ' A N N O DOMINGO, i DE MAIO DE 190-4 A : 14. G
S E M A N A R IO N O T I C I O S O , L IT T E R À R IO A G R ÍC O L A
AssiírstatssraAnno. 1S000 réis; semestre. 5oo réis. Pagamento ad cantado. tí para o Brazil, anno. 2$5oo réis jmoeda forte,. Af\vulso. no dia da publicação. 20 reis.
EDITOR— José Augusto Saloio M
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19, i .c - RUA D IREITA -A 1 . D E Í i A L I . (■ ;< ,
19, I.°
i*n b lií‘íic»es12 ’ , h Annuncios— 1.* publicação, 40 r é is a lin h a , nas s e g u in te s ,A 20 réis. Annuncios na 4.» pagina, contracto espjcial. Os a uto ?i f graphos náo se restituem quer sejam ou não publicados.
Ií PROPRIETÁRIO — José Augusto■ Saloio
EX PED IEN TE
R ogam os ao» n o sso s estim áveis asstgâBffiiEtes a Jisseza de raos parálH pa- rern < fn a lí|tie r fa lta asa r e messa do J o r n a l. p a ra «le p ro m p io p ro vid e jfce iar-I I I O S .
A re e lía ra i-se gratidão «gisaesípsei- noticias rçeie sejasia «le In te r e s s e peiMÉeo.
A terra inundada dc luz, os campos matisados. d.e flores, os corações enebria- dos de alegria.
■ E’ a festa da natureza, que vem saudar, com as sírias galas floridas-, o dia do jubileu da paz universal.
O grande exercito dos trabalhadores, das grandes victimas, dos eternos explorados. lá vae caminhando, debaixo d’esse sol brilhante, depòr corôas e flores nas campas dos seus mais devotados defensores, dos batalhadoròs incança- veis dos grandes ideaesi
Lá está mais um, a quem a morte prostrou, cheio de força e de vida, o Ernesto da Silva, esse rapaz sym- pathico e bom, sincero e leal. que tão dedicadamente punha o seu braço e o seu talento ao dispôr da causa dos opprimidos.
Se elle vivesse, se aquelle cerebro privilegiado pudesse ainda pensar e combater. que grande magua sentiria ao vêr perdida uma causa por que elle tanto se empenhava, ao. vêr a força vencer o direito, ao vêr calcadas aos pés e menosprezadas as noções mais elementares da justiça e da humanidade.
Pobre Ernesto! Fizeste bem em morrer. Poupou- te a morte a vergonha! Foi melhor-assim.
JOAQUIM DOS ANJOS.
Mer-iraesse
Uma" cómmiss?iõV composta dos srs. Antonio Duarte Maneira, José dos Santos Anino, Estevam José dos Reis, Domingos Antonio Saloio, Augusto Mendes. Antonio Augusto dos Santos, José Sampaio d’0 - liveira, Manuel Jorge Aranha, Antonio Joaquim da Silva Batana, Manuel Luiz Dias e Eduardo Pereira Ratto projecta razer uma «■kermesse» na praça Serpa Pinto, por occasião do Espirito Santo, que se prolongará até junho, proporcionando assim uma diversão agradavel ao maior numero de habitantes desta villa, devendo ser enorme a concorrência attendendo a que o seu produeto reverterá em favor das familias dos pescadores d esta villa, que ha mais de quatro mezes debalde exercem a sua perigosissima profissão, e que por tão inaudita escassez, se vêem á braços com a miséria, com a fome, e portanto sem meios alguns de subsistência, para si e para os seus. Q uerendo pois, estes caritativos cavalheiros minorar tão terrivel quão lastima- vel soffrimento dos infelizes pescadores, resolveram fazer a «kermesse» por meio de donativos, para o que serão ámanhã distribuídas algumas circulares.
Esperámos que ninguém deixará, com um pequenino obolo que seja, de concorrer para tão humanitaria acção, o que desde já. em nome cíaquelles desprotegidos da sorte, muito agradecemos.
uO ladepejídeaEte..E’ este o titulo de um se
manario poli tico e noticioso, que se publica em Cas- caes, e que acaba de honrar-nos com a sua visita.
Agradecemos e em troca vamos enviar o nosso modesto semanario.
F e s te jo s do Espirito Santo
A commissão encarrega
da aos pomposos festejos dò Espirito Santo, já “anda em preparativos e promet- te-nos que este anno, serão elles revestidos de mais pompa e iuzimento que os annos anteriores.
- —
CaSèeíasíaento «ias rasas
Parte das ruas d esta villa, .encontram-se .'nuiií estado deplorável com respeito a calçada, eque-mais custoso se tornará quanto mais tarde se acudir. O Bairro Serrano,-que é bem grande, apenas tem uma rua calçada, e essa, devido á conveniencia do ex-pre- sidente da camara, ex.mo sr. Francisco Rodrigues Pinto. Ninguém ignora que o Bairro Serrano poucos ou nenhuns melhoramentos tem' recebido f/eitos pela camara; ora' não pagará a gente daquelle bairro as suas contribuições como a do resto da villa? .. .
Parece-nos que a despe- za a fazer com este necessário melhoramento, não é coisa que a camara resolva d’um momento para outro; deve ser bastante dispendioso. Estamos certos que, se a camara obrigasse todos os donos de propriedades naquelle bairroaentrar com a importancia da pedra correspondente ás propriedades de cada u m ,— quer dizer: o proprietário só pagaria'a pedra precisa para calçar a frente da sua propriedade, e desta a.té ao meio da rua. Isto representaria uma bagatelja a que nenhum dellesse recusaria, e assim a camara cumpria o seu dever prestando um bom serviço áquella gente e d 01 a nd o AI dega 11 ega c o m mais um melhoramento, gastando simplesmente a importancia da despeza feita com o calcetamento, serviço este, que caso a digna vereação tome em consideração o nosso alvitre, lembrámos seja feito de jornal e não de empreitada, para evitar que dentro em pouco, tenhâmos de lamentar, como ainda hoje, o dinheiro que tão inutilmente se tem gasto com as
empreitadas de calcetamento.
. A G R I C U L T U R AI j l i f f e r e a t e s m e d a s n a s
cearas
Ha dois systemas de me- -das-, as de -ga velas, e as de nióihòs.
■ Medas Jc* gave[as~EéXi\$ medas' são feitas de grandes; braçados, oito ou nove quedíé ligam-por-alto e qué se COliocam em volta d u ma gavela central, apoiando as espigas umas ás outras separadas na base afim de circular o ar. Tambem se fórma uma especie de cóne sólido de cereaes, com cobertura em fórma de chapéo feita duma gavela solidamente ■'ligada e de base in ve rtid a .
Estas medas são muito usadas no norte, onde os trigos são muito herbáceos, ou onde o tempo é quasi constantemente húmido e chuvoso; porém, similhante systema não tem razão de ser nó sul do paiz, onde os trigaes são menos herbáceos na occasião das colheitas, e por isso a sua arrumação nos campos é mais conveniente em m edas de mólhos.
Medas de mólhos-—Estas medas constam de muitos mólhos reunidos, colloca- dos com os troncos para a terra, formando cóne ou angulo.
Na construcção destas medas deve-se attender a duas condições essenciaes, segurança e ventilação; e com effeito se lhes falta segurança, o vento lança-as por terra; e se fórmam uma meda muito compacta, o ar não circula entre ellas, e a maturação não se opera facilmente.
Para o centro escolhe-se um dos mólhos maiores e menos compridos. O molho central apoia-se convenientemente sobre a base, de maneira que em volta d’el!e se colloquem oito ou nove tocando-se as espigas de todos.
Se o atado dos molhos
está mais perto das espigas do que do tronco, ou sesão collocados. com as bases separadas uns dos outros, o ar circulará mais facilmente no interior
Logo que o arco ou cóne seja bem organisado, o vento poderá bater-lhe de qualquer lado porque não consegue lançal-os a terra e auxiliará o sol na sua obratre uesecaçao.
Usam-se dois systemas de. eob-Ttura para esta especie de medas. A primeira, que é incontestavelmente a melhor, consiste num mólho invertido, que se col- loea sobre todos os outros aberto e em fórma de guar- da-ch uva.• Se ha necessidade de o atar proximo do pé, dois homens, sem difficuldade, fazem essa operação.
O outro systema é mais simples e consiste em collo- car um molho estendido sobre as espigas no aito da meda, impedindo a acção do vento sobre ellas, e evitando os es ragos que pode produzir por maior que seja a sua violência. A maior parte dos lavradores preferem praticar o segundo systema porque effectua uma cobertura sufliciente e dá menos trabalho na execução.
Existe um terceiro systema denominado medas de cadeia e opera-se collocan- do os mólhos em linha obliquamente, seis de cada lado, espigas contra espigas e ligados uns aos outros por vencilho de palha.
Este systema simplíssimo é multo..usado na Flan- dres.
Recommenda-se este systema de medas, não só pela sua simplicidade como por proporcionar facil passagem ao ar e oppôr grande resistencia ao vento e á chuva. Comquanto não tenha cobertura, não carece d ella porque as espigas formam uma especie de cobertura com bastante declive para evitar a penetração da agua a qual se escoa deslisando naturalmente por esse declive . para cada lado da meda, sem que as ensope e deteriore.
O DO M IN GOFurí.o
Foi preso no domingo passado nesta villa um indivíduo de nome Maximia- no Marques, solteiro, de 26 ànnos de edade, sem occupação nem residencia certa, natural de Celorico dà Beira, freguezia de En- tre-vihhas, por ter furtado do estabelecimento do sr. Sebastião Leal da Gama, um córte de casimira e do estabelecimento dos srs. Carvalho & Silva, uma peça de oxford.
A rro tiibam eat» , roubo e aggrcssão
Foram presos pela Uma hora da madrugada de 25 de abril íindo Eleuterio Do- mingues Junior e João Ratinho, ambos solteiros, trabalhadores e naturaes d’es- ta villa, pelos crimes de arrombamento, roubo de 13p.6o réis e aggressão a Severiana Ignancia e Justi- na Maria, ambas solteiras e moradoras no Bairro Serrano. A captura foi feita pelo sr. José Rodrigues Finto, regedor d'esta villa, que correu alli após os gritos afflictivos das pobres mulheres.
tJm m au filho
Foi capturado pelo regedor, sr. José Rodrigues Pinto, na noite de 2 4 de abril findo, pelas 8 horas, Arthur José í ires, solteiro, morador nesta villa, por estar aggredindo seu pae José Francisco Pires, guarda nocturno, morador nesta villa, na rua do Rôlo, onde se deu a referida oc- correncia. de que resultou ficar ferido e com uso no rosto.
mento de doentes, casa de desinfeccão, casa de autopsias e enfermarias
A camara municipal resolveu pedir ao governo para lhe sei- concedido o edificio e mais dependen- cias do Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição, para nelle estabelecer um hospital para trata-
Solic itador
Foi nomeado solicitador n'esta comarca, o nosso amigo, sr. José Augusto da Fonseca Vaz Velho.
Os nossos sinceros parabéns.
O O F R E B E P E R O L 1 S
R écitas de caridade
A commissão promotora da «kermesse» em be- neficio da classe piscatória desta villa, foi pedir ao sr. José Maria de Vasconcel- los o grande armazém da rua da Fabrica, a fim de dar alli duas récitas por amadores desta villa, em beneficio dos pescadores.
Sabemosque tomam parte nestas recitas os distin- ctos amadores, srs. José Luiz Pereira Nepomuceno, que recitará uma poesia, Justiniano Antonio Gouveia, José dos Santos Ani- no, Domingos Antonio Saloio e outros de quem ainda não sabemos os nomes.
Deve hoje formar-se o grupo e proceder-se á escolha dos dois espectáculos.
E M erm asAcha-se ha dias incom-
modada de saude a extremosa esposa do nosso amigo, sr. Antonio Santos Fernandes, intelligente tenente da armada, por cujo restabelecimento fazemos sinceramente votos.
— Tambem tem passado sériamente incommo- dada a esposa do nosso amigo, sr. dr. Luciano Tavares Móra
Sentindo devéras os in- commodos daquella senhora. fazemos votos pelo seu completo restabelecimento.
A IMPRENSAQuando sahut do nada 0 esplendido universo Tudo era immerso em treva. .. e fez-se então a lu ;; B rotou , subitamente, em vasto firmamento,0 sol vivificante, o sol que nos sedn?.
Lançou sobre a terra um jo rro tão intenso,Que 0 homem jd formado, o re i da creação,Qui^ enlurvar-lhe o brilho e trouxe o pensamento, Erguendo altivamente o facho da Razão.
Viu-se brilhar então aquella nova luz,Canzando, como um raio. a vastidão do espaço; Restava d ifu n d ir seu brilho luminoso,E 0 grande Guttenberg' aos céos ergueu o braço.
Rasgou-se a densa treva — abysmo temeroso Onde iam engolphar-se as grandes multidões; íllum inou 0 mundo 0 brilho'redemptor Do novo sol da imprensa — aurora das nações!
JOAQ UIM DOS ANJOS.
P E N S A M E N T O SHa na mulher uma algria ligeira que dissipa a triste-
Za do homem — Bernardin de Saint Pi erre.— O direito e o dever são como duas palmeiras que
dão fruetos, se não crescem uma ao lado da outra.— Lamennais.
— Av infidelidades perdoam-se, mas não se esquecem. — Madame Lafayette.
A NE C D O T A S
Começa hoje o novo horário das carreiras dos vapores da Parceria.
N 'um baile:— Tem irmãos, cavalheiro?— Tenho um, minha senhora.—- Lm só?— Sim, minha senhora.— E admiravel! ainda ha pouco que fiz a mesma
pergunta a sua mana, que me disse ter dois.—-Hixs:;—
Vae-se representar uma peça cuja acção é na Escócia.Pergunta-se a uma actriz que fazia 0 papel de travestti:— Já tens alguma coisa do teu já to de montanhez
Escócia?— Já— O que é?— As- pernas nuas.
__►NWJMW__t r f
Lima velha coquelte, querendo passar po r menina e por espirituosa, pergunta a um sujeito, desafiando uma amabilidade:
— Quantos annos me dá?— Nenhuns, minha senhora. Não costumo dar esmo
la a ricos.________ _
h ! » . J K í V . <
A um cemiterio d ’aldeia lê-se em uma sepultura 0 seguinte epilaphio:
«Aqui jaz o corpo sem alma de Antonio Rodrigues, vivendo do seu trabalho.»
LITTERATURAftíeahoriiishíí
Depois de olhar para todos os lados com a atten- ção própria da sua prudência, e não vendo alma errante vaguear na senda que cõnduz á mansão celestial, S. Pedro resolveu fechar cuidadosamente a porta confiada á sua guarda, e reclinando-se sobre um delicioso leito de plantas perfumadas com as divinas emanações d’aqu;iie logar de delicias, adormeceu num somno profundo.
Passados instantes des- pertou-o um leve sussurro, como o produzido por um alado insecto roçando suavemente as cordas de uma harpa:
— Parece-me que bate alguem á porta do Paraizo. Quem é? perguntou erguendo a voz.
— Sou eu, Santo Padre. Senhorinha.
— Senhorinha? E alguma mariposa?
— Não, Santo padre, sou eu, uma menina.
—E porque nãobatescom a aldraba em vez de arranhar na porta como um rato pequeno?
— Porque não lhe chego por mais que me ponha nas pontas dos pés.
— E! verdade, pensou S. Pedro, A aldraba está um pouco alta para os pequenitos.
E abre immediatamente a porta. Deante d'el!e, olhos abertos e expressivos, bòca sorridente, ap- parece Senhorinha. Recata-lhe o corpinho débil uma leve camizita de dormir, traz os cabellos em desalinho, e aperta nos pequenos braços uma boneca linda, que a obrigava a. andar com difficuldade, como um pintainho caminhando contra o vento e bamboando-se.
A primeira coisa que Senhorinha faz ao vêr S. Pedro é offerecer-lhe a face rosada como a pedir-lhe um beijo.
77 FOLHETIM
Traducção de J. DOS ANJOS
D E P O I S Ú P E C C A D OL iv ro Segitttdo
11
— Agora não, respondeu o Pedro, a quem tremiam os labios, é ;i hora da minha liçSo de classe; mas esta lioite. se q u iz e r..
— Sim, esta noite! repetiu a Magdalena.
Trocaram um apei to de mão. e o professor afastou se na maior pertur- K;çfio. emquanto a Magdalena entrava em rasa pensativa e triste.
A’ noite o Pedro dirigiu se para a casa da Princeza. A Magdalena estava á espera d’elte, sentada do lado do parqu;. Foi alli que a sr.a Telemaco. o conduziu e o deixou, a um signal da Magdalena. Elle adeantou-se timidamente e pegou na mão que ella lhe estendia, cujo contacto o fez estremecer.
- Sente-se aqui. disse e lla .; pontan- do-lhe um logar 110 banco que occu- pava.
Elle obedeceu 'a tremer, sem poder proferir uma palavra; e como náo po- oia falar, olhou para ella. bebendo a longos haustos o encanto d’aqueí!a belleza que, sob novas formas, lhe falava á alma a mesma lingui.-geni de outro tempo. O dia ia declinando e a noite apresentava se clara e serena.
Então o Pedi o não ] oude furtar-se a uma rommossão desconhecida, hn
contrando-se a sós com a Magdalena. deante daqueile quadro magestoso. recordou se das noites da sua mocidade. as bellas noites em que á borda dos prados, suspensos das montanhas ou apascentando os rebanhos, ella se apertava contra elle com a confiança innocente de uma virgem que ainda não sabe 0 que é o mal. Perguntada a si proprio que fatalidade ;e interpu 2era entre elles, se a tornava a encontrar sò para comprehenJer que a amava sempre e para saber que deviam
.cTota á'’i ntc viver separados, t deu um soluço que fez estremecer a Magdalena.
Cinco annos r.ntes. náo lhe teria ella comprehendido n significação. Mas depois d‘isso tinham sido derramada., aos seus pés tantas lagrimas de amor, tiiiha ouvido tantos grito; d : paixão, qu» 'já náo se poJ a enganai-. A d iv i
nhou - aquelle amor ardente e sentiu na alma uma alegria infinita.
Quiz então falar, provocar a confissão que e tava morta por ouvir. Mas foi víctinia de um phenomeno singular; os s <n ■ expiravam lhe nos labios, e no proprio momento em que se julgava fel z para se.np e, apossou-se d'ella a duvida. Apertava-lne o coração ama angustia dolorosa. O Pedro conheceria a sua vida desordenada? Esta pergunta impo :-se-lhe duramen- te ao espirito. Sabia que o seu amigo de intaneia era incapaz de associar 0 seu destino ao de uma creatura des- hoir ada. Se elle ignorasse a verdade, poderia ella ser feliz. Mas se a soube-se! As .-.uas e sfc n n ç a ; desvaneceram se tio depressa como tinham v in do. Depois reanimaram-se, porque, náo podendo resignar sç a deixar ía- g r uma ven-t”.:» que estava ta o perto
d’elln. disse comsigo de repente que lhe restava o recurso de mentir. Longe de Paris, no meio dos momentos, que testemunha da sua vergonha podia temer? A sr.* Telemaco? Afastava-a, mandava-a para Paris, fazendo-a rica. Depois, ninguém a ameaçaria. Se0 tabeiliáo Rib. llier sabia a verdade, 0 seu interesse o obrigaria a calar-se, e ella compraria esse silencio. Quanto ao padre Rouvière, não seria elle q iera impediria de voltar ao bem, pelo caminho abençoado que a devia condu ir lá.
— Ha muito tempo que náo n o s vemos. disse ella. Náo tem nada dc novo para me contar
/ContinuaU
O DOMINGO— Que edade tens meu
lyrio em botão? pergunta- ihe o santo corresponden-
' do á caricia da creança.— Não sei. Todos dizem
que semelho uma rosa. Devo por isso ter edade egual á delias.
S. Pedro levanta-a nos braços, agazalha-a nas dobras amplas da sua tuniea azul e palpa-lhe os pésinhos nus:
— Ai! filha! que pés tão frios! Vou aquecer-tos.
E beija-lhos repetidas vezes, acariciando-a com extremos de pae até que a pequenita contorce-se em casquinadas de riso porque a barba do Santo lbe faz cócegas nos pés.
Vendo-a tão alegre, o contagio do riso apodera- se do chaveiro do céo, e tanto riem os dois que os olhos dambos derramam lagrimas de prazer.
Passado um momento, o venerável porteiro recupera a apparente serenidade e diz num tom calmo:
— Tu não sabes, Senhorinha, que as bonecas não
' pódem enlrar no Paraizo?— Esta que eu trago não
é boneca. E’ minha filha. Não deve entrar aqui, não, porque tem pouco juizo. Mas dão-se-lhe uns açoites para a castigar e depois perdoa-se-lhe, não é assim ?
— Praticou então faltas muito graves?
Senhorinha fez um signal affirmativo, e appro- ximando a boquita breve do ouvido de S. Pedro, diz num tom mysterioso:
— E’ uma marota que todos os dias faz chichi na cama.
— Mas vamos castigal-a Olha, pega-lhe tu um momento, que eu vou-me á procura dum a varinha para lhe bater.
- —-Não é preciso. Bemvês como ella está envergonhada.
E fica sério o Santo. Senhorinha vendo-o assim, explica, baixando os olhos:
— Não faças caso. Tudo isto foi brincadeira para te fazer rir. A nrnha boneca
mão é quem fa z . . . Sou eu. . .
— O iá ! olá! E vamos a . saber: succede-te isso muito a m iudo?.. .
— M u ito ! . . .— E’ caso sério. Que fa
zer quando chegarmos á presença da Santissima Virgem , e que ella diga a todo o mundo:
«Pu sei que temos aqui uma menina tão pouco ajuizada, que todas as noites faz chichi na cama. . . »
— O ra! isso que tem? interrompe Senhorinha. Dir-lhe-hemos que és tu . ..
G. D roi-
BijííasosaFalleceu no dia 29 de
abril ultimo, no logar da Atalaya, d’este concelho, Luiz Vidigal. solteiro, trabalhador, de 40 annos de edade.
-------- ***>■— ? -—co ---------Vão ser colloeados na
sala dos paços do concelho os retratos dos ex.mossrs. conde de Paçô Vieira e José Maria dos Santos.
T o saradaEstá despertando grande
interesse a tourada que deverá realisar-se nesta villa, no dia 22 do corrente, promovida pela commissão dos grandiosos' festejos do Espirito Santo.
— Por não haver tempo para armar a barraca do peão. não houve no domingo passado rifa de bilhetes, o que ficou resolvido para hoje.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - « « — ~ £ " = S S e > 3 - - - - - - - « a » - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
. 111 i s i i a 4og r a j» h o £. e j m s e r eSempre foi no domingo
que se realisaram os últimos espectáculos na barraca do animatographo Lu- miere. Teve, nos dois espectáculos, duas enchentes.
«9sal game ntoO julgamento de José
da Piedade, assassino de José Carraça, ficou transferido.
C irco Am adoNão foi no domingo, con
forme dissémos no nosso ultimo numero, mas sim na segunda feira que se effe- ctuou 0 ultimo espectáculo no Circo Amado.
Faltava o espectáculo em beneficio de Ferreira Porto, bilheteiro, que devidô ao muito vento se não pu- déra realisar por causa da cupula que eslava arreada., ficando por este motivo transferido para segunda Feira.
Não lhe causou isso pre- juizo, pelo contrario, teve uma enchente, e devia ganhar grossa quantia.
O espectáculo agradou, salientando-se, como sempre, o gymnasta Adriano Rey, que mostrou naquella noite os seus meihores trabalhos a que o publico não se cançou de applau- dir.
Retirou a companhia para a feira de Alcantara, onde irá estar para mais de dois mezes.
Retirou a companhia!E os admiradores, os
com agua na bôca. E' realmente duro de supportar e, . . tanto mais aquelles a quem um lo^ar de d. >i< tostões custava 5$ooo. Falia do trocos, simplesmente!
--------- ------------------------Foi transferido para a co
marca de Alcobaça o me- riíissimo juiz de direito, sr. dr. Oliveira Guimarães. Para esta comarca virá o sr. dr. Joaquim Maria de Sá e Motta, juiz de direito na comarca de Odmira, donde vem transferido.
Chega hoje, no vapor «Victoria» da Parceria dos vapores lisbonenses, a esta villa, em passeio de recreio a sociedade philarmonica « Academia Almadense», de Almada.
A asiv crsa r io s
Completou mais um an- niversario natalicio no dia 28 do proximo passado, a respeitável esposa do nosso bom amigo, sr. Antonio Duarte Maneira, intelligen- te pharmaceutico e cirur- gião-dentista desta villa.
As nossas sinceras felicitações.
— Tambem hoje a filha do nosso amigo, sr. Antonio Neves Netto, empregado no commercio, completou o seu 14.0 anniversario natalicio.
Os nossos parabéns.
Na preterita quinta feira foi mordido por uma vibo- ra, na mão direita, o nosso amigo, sr. Carlos Este ves Braga, residente na herdade de Rio Frio, pertencente ao digno par do reino, ex.mo sr. José Maria Santos.O nosso amigo Braga, ao vêr que a mão inchava e as dòres augmentavam resolveu vir mostrar-se á pharmacia Maneira, ond ■ recebeu curativo.
Fazemos sinceros votos pelo seu completo restabelecimento.
— Tambem na sexta feira um pedreiro cahiu .de um • andaime das adegas em construcção naquella herdade, deslocando um braço e ficando contundido por differentes partes do corpo.
ARTE C l I I I NA RI A
Talhadas de «vos
Mislure-se meia duzia de ovos com tres ciaras, meio arratel de farinha, um ar- ratel de assucar de pedi a
sadas, sal, uma colher de agua de flor, e duas de agua simples, e desfaz-se tudo isto até levantar empolas e deita-se numa bacia barrada de farinha, mettendo-lhe então as fatias de pão que se querem, e leva-se tudo ao forno. Pstando promptas corta- se em talhadas, e póde levar-se outra vez ao forno a biscoitar.
P A R I S
mentos sensacionaes e verídicos occorridos na actualidade e mais interessante que os Mysterios de Paris e Rocambole por Dubut de Laforest.
Pedidos á «Editora», largo do Conde Barão, 5o — Lisboa.
A N N U N C I O S
\ m w M
Vende-se uma casa baixa, sita na rua do Conde, pertencente á viuva .deJoão Ramos. Com a pro-
apaixonados dos bailados á hespanhola, cá ficaram
peneirado, um arratel de amêndoas muito bem pi
Romance de aconteci- pna se trata.
01 t i t a D ía wv M P r i ir iV i i,1 P IP IIP I- I I nrv-fpioiiij S illilO DE MbUll í a A i; lihbiiúl:! HL-— * 1) k * —
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Tapetes, capachos de coco e arame, de duração infinita. Completo sortido de colchoaria e muitos outros artigos. Emfim, uma visita a esta casa impõe-se como um dever a todas as boas donas de casa.
N’esta casa se pule e concerta mobilia com perfeição.5BIt SíÇ/OS DAS PABKMC.4 W
A entrada nesta casa é franca.e péde-se a todos que visitem tão util estabelecimento. i5?
O F F I C Í N A DE C A L D E I R E I R O DE C O B R EEncarrega-se de todos os trabalhos concernentes
á sua arte.R U A I ) E JO S É M A R IA D O S S A N T O S
ALDEG ALLEG A
ESTEVÃO JO SE DOS REIS— * COM —
Í U - L B J í l à K Í A Ê Ã l i N l í l ÂDE
A v s tw o C oU TO IffESTfiSí ende e concerta toda a qua
lidade de relogios p o r preços modicos. Tambem concerta caixas de musica, objectos de ouro, prata e tudo que pertença d arte de gravador e galvanisador.
ia ds quintas feiras.
G A R A N T E M - S E OS CO N C ER T O S
f . R ua do Poço.
MERCEARIA RELOGIOiSUGCESSORES:
Franco & Figueira'Ofv >c
Os proprietários d'cste novo estabelecimento participam aos seus amigos e ao publico em gerai, qiie teem á venda um bom e variado sortido de artigos de mercearia, especialidade em chá e cate. confeitaria, papelaria. louças pó cie pedra. Encarregam-se de mandar vir serviços completos de louça das principaes fabricas do paiz, para o que teem á disposição do publico um bom mostruário/Pe;roleo, sabão e perfumarias.
Únicos depositários dos afamados Licores da Eclbri- ca Seculo X X , ..variado sortido em vinhos do Porto das melhores marcas, conservas de peixe e de fruetas. massas; bacalhau de differentes qualidades, arroz nacional e extrangeiro, bolachas, chocolates, etc., etc.
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PRAGA SERPA PINTO - ÂLDEGALL1 GA
m m m m M m w m m i i i t 1 1 w m
• COMMERCIO DO POVOTendo continuado a augmentar o movimento desta
já bem conhecida casa commercial pela seriedade de transacções e já tambem pela modicidade de preços por que são vendidos todos os artigos, vem de novo recommendar ao publico em geral que n’esta casa se encontra um esplendido sortido-de fazendas tanto em fanqueiro como em modas, retrozeiro, mercador, chapelaria, sapataria, roiiparia. etc., etc., prompto a satisfazer os mais exigentes e
 0 A L C A N C E DE T O D A S A S B O L S A SDevido á sahida do antigo socio desta casa, o ill.mo
sr. João Bento Maria, motivada pelo cansaço das lides commerciaes, os actuaes proprietários resolveram am- plear mais o actual commercio da casa, dotando-a com uns melhoramentos que se tornam indispensáveis a melhorar e a augmentar as várias secções que já existem.
Tomam, pois, a liberdade de convidar os seus estimáveis freguezes e amigos, a que, quando qualquer compra tenham de fazer, se inteirem primeiro das qualidades, sortido e preços porque são vendidos os artigos, porque decerto acharão vantagosos.
,1 divisa d esta casa é sempre ganhar pouco para vender muito e vender a todos pelos mesmos preços, pois que todos os preços são fixos.
Visitem. puis. o ( 'om m erelo do Povo-eaxx:-
u u í U j J j :1 I I I . A L Í 1I I l . j iejRua Direita,.88 e q o ; •— Rua do Conde, 2 a 6
fi I d S l e g a «Io R ibate jo
O D O M IN G O
G R A X O E À R M A Z E M— * íiK *--
DOilRCOS JOSÉ DE MORAES& Com p.a
Farinha, semea, arroz nacional, alimpadura, fava, milho, cevada, aveia, sulphato e enxofre.( Todos estes generos se vendem por preços muito em conta tanto para o consumidor como para o revendedor. 02
R u a «So C a e s - - ALDEGALLEGA
SALCHICHARIA MERCANTILD E
S Ã f i M E L i £ i l S S S S 1 1 M S M
Das Companhias Reunidas Gaz e Electricidade, de Lisboa, a 5 0 0 rc s ca_ da sacca de 4 5 kilos
— ‘4Cf^argo da fa id e ira
— A1.DEGAL.LEGA * -
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OS Dl!AMAS DA CORTE
Chronica do relnado.de Luiz X V ;
Romance historico por E. LA D O U C E T TE
Os amoré.; trágicos de Manon Les- raiit com o <eiebre cavalic.ro de Grieux. formam o entrecho d'e.Ue romance, rigorosamente historico, a .que Ladoucette imprimiu um.cunho de originalidade deveras encantador.
A tòrte de Luiz xv, com todos os seus esplendores e misérias, é escri- p;a nr gistralmente pelo auetor d '0 linstardo da Rainha nas paginas do seu novo livro, destinado sem duvida a alcançar entre nós exito egual aquelle com que foi recebido em Pa ris, onde se contaram por milhares os exemplares vendidos.
A ediçáo portugueza do popular e cornmovente romance, será feita em fasciculos semanaes de ió paginas, de grande fo rm to , illustrados com soberbas gravuras de pagina, e constará apenas de 2 volumes.
SO ré is o fasciculoPéis O tonto
2 valiosos brindes a todos os assignantes
Pedidos <i Bibliotheca Popular, Empresa' Editora. 162, Rua da Rosa, 162- Lisboa.
este estabelecimento encontra o publico, sempre que queira, a excellente carne de porco fresca e salgada, assim como:
CHISPE, C A B EÇ A E T O U C IN H OAeeslo esm erado! —*-— P reço s limitados!
5 7-B. Largo da Praça Serpa Pinto, 57-B
ALDEGALLEGA ^
J O S E D A R O C H A B A R B O S ACoita ofíicina «le C o rre e iro e S e l le i ro
1 8, R U A D O F O R N O , 18
A ff, 16 Ii ii A Í j li ii A
C M O S DE PEIXENacionaes e exoticos
AV4 E.1"*13S ABSOL1JTA9II2XTI3 « ARAXTIDASGuano n.°
12 6 9
azote phosp. 5.040(0 7,470 «[o3,54 °[o. 4.04 0(05 .6o °io 12,24 °[o5 ,i'4 °|o 12,56 «[o
potassa0.47 »lo 0.49 >
o,5s 5 °|0 o,5o °[°
preço por kilo 2 6 réis 20 réis 34 réis 34 réis
SULPHATO DE POTASSIUMCom 5o °[0 de potassa a 80 réis o kilo
Estes guanos podem ser mais ou menos potassados conforme a requisição dos lavradores.
Estão em elaboração outros guanos que depois de moídos e analvsados serão annunciados
Recebem-se as saccas em bom estado
Fabrica e depósitos da liava lim prez» de Adubos Artificiaes em Aldegallega do R iba te jo no alto da B afeosa.
E S C R IP T O R IO S : e m Lisboa, Largo de S. Paulo, 12, í . ° ; e m Aldegallega, Rua Conde Paço Vieira, 24.
D I A I S 10 D E N O T I C I A SA . GUERRA ANGLO-BOER
Impressões do Transvaal
Interessantíssima narração das luetas entre inglezes e boers,«illustrada» com numerosas zinc o-gravuras de «homens celebres» do 1 ransvaal e do Orange. incidentes notáveis, «cercos e batalhas mais cruentas da
G U E R R A A N G L O -B O E R Por um funccionario da Cruz Verm elha ao serviço
do Transvaal.Fasciculos semanaes de 16 paginas........................3o réisTomo de 5 fasciculos ........................................... iS o »
A G U ER R A ANG LO BÓ ER é a obra de mais palpitar^e actualidade.N ella são descri] tas, «por uma testemunha presencial», as differentes
phases e aconte> imentos emocionantes da terrivel guerra que tem espantado o mundo inteiro.
A G U ER R A AN G LO - O ER faz passar ante os o l h o s do leitor todas as «grandes bati lhas. combates» e «escaramuças» d'esta prolongada e acérrima lueta entre inglezes, t:'a svaalianos e oranginos, verdadeiros prodigios de herosm o e tenacidade; em que são egurlmente admiravéis a coragem e dedicação p triotica de venc dos e vencedores.
Os incidentes varia.lissimos d’esta contenda e tre a poderosa Inglater ra c as duas pequ nas republicas sul-africanas. decorrem atravez de verdadeiras peripec ias. por tal maneira dramáticas e pittorescas, que dão á G U ER RA ANGLO B O E R . conjunctamente com o irresistível attractivo d'uma narrativa h storica dos nossos d as, o encanto da leitura romantisada.
A Bibliotheca do D IA R IO DE N O T IC IA Sapresen'ando ao publico e ta obra em «esmerada edição,» e por um .preço diminuto. julga prestar uni serviço aos numerosos leitores que ao mesmo tempo desejam deleitar-se e adquirir perfeito, conhecimento dos.suCcessos que m ai, interessam o inundo culto na actualidade.
Pedidos dRua do Diario dc
Empre~a do D IA R IO D LNo ticias, i i o
N O T IC IA S-L IS B O A
A g en te em A ld e g a lle g a — *4. M e n d e s P in h e ir o J u n io r .