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ANATOMIA
HUMANA
Enfermagem,
Módulo II
Centro Técnico Lusíadas
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Sumário
Capítulo I – A Historia da Anatomia Humana .................................................................. 5
1. Conceito ................................................................................................................................................. 5
2. Histórico da Anatomia Humana ............................................................................................................ 5
3. Episódio Macabro no Ensino da Anatomia ............................................................................................ 8
Capítulo II – Estudo da Anatomia ................................................................................... 13
1. Conceito de Anatomia ......................................................................................................................... 13
2. Normal e Variação Anatômica ............................................................................................................. 14
3. Nomenclatura Anatômica.................................................................................................................... 15
4. Posição Anatômica .............................................................................................................................. 16
5. Divisão do Corpo Humano ................................................................................................................... 17
6. Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano ............................................................................ 17
7. Termos de Posição e Direção .............................................................................................................. 19
8. Termos de Movimentos....................................................................................................................... 20
9. Divisão do Estudo da Anatomia ........................................................................................................... 22
Capítulo III – Sistema Esquelético .................................................................................. 23
1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 232. Coluna Vertebral .................................................................................................................................. 23
3. Classificação dos Ossos ........................................................................................................................ 25
4. Configuração Interna do Osso ............................................................................................................. 26
5. Características Ósseas ......................................................................................................................... 27
Capítulo IV – Sistema Articular ....................................................................................... 28
1. Definição .............................................................................................................................................. 28
2. Classificação das Junturas.................................................................................................................... 28
Capítulo V – Sistema Muscular ....................................................................................... 34
1. Conceito ............................................................................................................................................... 34
2. Funções dos Músculos ......................................................................................................................... 34
3. Mecanismo da Contração Muscular .................................................................................................... 35
Capítulo VI – Sistema Nervoso ....................................................................................... 37
1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 37
2. Funções do Sistema Nervoso ............................................................................................................... 38
3. Subdivisões do Sistema Nervoso ......................................................................................................... 38
3.1. Sistema Nervoso Periférico ............................................................................................................. 38
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3.2. Sistema Nervoso Autônomo ............................................................................................................ 39
4. Condução de Informações no Sistema Nervoso .................................................................................. 40
5. Estruturas Gerais do Sistema Nervoso ................................................................................................ 40
5.1. Meninges ......................................................................................................................................... 40
5.2. Cérebro ............................................................................................................................................ 41
5.3. Tronco Encefálico e Cerebelo .......................................................................................................... 42
5.4. Medula Espinhal .............................................................................................................................. 43
6. Tecido Nervoso .................................................................................................................................... 45
7. Divisão Funcional do Sistema Nervoso ................................................................................................ 48
Capítulo VII – Sistema Esquelético ................................................................................ 52 1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 52
2. Circulação Sanguínea ........................................................................................................................... 52
3. Vasos Sanguíneos ................................................................................................................................ 54
3.1. Artérias ............................................................................................................................................ 55
3.2. Veias ................................................................................................................................................ 55
3.3. Capilares Sanguíneos ....................................................................................................................... 57
Capítulo VIII –
Sistema Linfático .................................................................................... 58
1. Anatomia do Sistema Linfático ............................................................................................................ 58
2. Fisiologia do Sistema Linfático ............................................................................................................. 62
3. Mecanismo de Formação da Linfa ....................................................................................................... 64
4. Câncer e Sistema Linfático ................................................................................................................... 66
Capítulo IX – Sistema Respiratório ................................................................................ 67
1. Condições Gerais ................................................................................................................................. 67
2. Nariz ..................................................................................................................................................... 67
3. Faringe ................................................................................................................................................. 68
4. Laringe ................................................................................................................................................. 68
5. Traqueia ............................................................................................................................................... 68
6. Brônquios............................................................................................................................................. 68
7. Fisiologia da Respiração ...................................................................................................................... 68
Capítulo X – Sistema Digestivo ...................................................................................... 70
1. Conceito ............................................................................................................................................... 70
2. Boca ..................................................................................................................................................... 70
3. Dentes .................................................................................................................................................. 70
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4. Línguas ................................................................................................................................................. 70
5. Palato ................................................................................................................................................... 71
6. Faringe e Esôfago ................................................................................................................................. 71
7. Estômago ............................................................................................................................................. 71
8. Intestino Delgado ................................................................................................................................ 72
9. Intestino Grosso .................................................................................................................................. 72
10. Glândulas Anexas ............................................................................................................................. 73
10.1. Glândulas Salivares ...................................................................................................................... 73
10.2. Pâncreas ...................................................................................................................................... 73
10.3. Fígado .......................................................................................................................................... 73
Capítulo XI – Sistema Excretor ....................................................................................... 75
1. Conceito ............................................................................................................................................... 75
2. Néfron .................................................................................................................................................. 75
3. Principais Catabólitos .......................................................................................................................... 76
4. Eliminação da Urina ............................................................................................................................. 77
4.1. Ureter .............................................................................................................................................. 77
4.2. Bexiga Urinária ................................................................................................................................ 77
4.3. Uretra .............................................................................................................................................. 78
Capítulo XII – Sistema Genital ........................................................................................ 79
1. Sistema Reprodutor Masculino ........................................................................................................... 79
1.1. Pênis ................................................................................................................................................ 79
1.2. Saco Escrotal, Bolsa Escrotal ou Escroto ......................................................................................... 80
1.3. Corpo Cavernoso ............................................................................................................................. 81
1.4. Corpo Esponjoso .............................................................................................................................. 81
1.5. Túbulos Seminíferos ........................................................................................................................ 81
1.6. Bexiga .............................................................................................................................................. 81
2. Sistema Reprodutor Feminino ............................................................................................................. 81
2.1. Órgãos Genitais Internos ................................................................................................................. 82
Capítulo XIII – Sistema Endócrino .................................................................................. 86
1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 86
2. Principais Glândulas Endócrinas .......................................................................................................... 87
Capítulo XIV – Sistema Sensorial ................................................................................... 89
1. Introdução ........................................................................................................................................... 89
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2. Tato ou Somestesia ............................................................................................................................. 90
3. Audição ................................................................................................................................................ 90
4. Gustação .............................................................................................................................................. 92
5. Olfato ................................................................................................................................................... 93
6. Visão .................................................................................................................................................... 93
Capítulo XV – Sistema Tegumentar................................................................................ 95
1. Introdução ........................................................................................................................................... 95
2. Função da Pele..................................................................................................................................... 96
3. Anexos da Pele..................................................................................................................................... 96
Capítulo XVI – Referencia Bibliográficas ....................................................................... 98
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Capítulo I – A Historia da Anatomia Humana
1. Conceito
A Anatomia (anã = em partes + tomein = cortar) estuda macroscopicamente a
constituição dos seres, identificando órgãos e sistemas. Por ser antiga, é considerada
uma ciência-mãe, uma vez que dá suporte para as demais ciências biológicas, o que
permite a identificação e o estabelecimento conceitual dos sistemas orgânicos.
Vários anos foram necessários para que uma linguagem padrão fosse estabelecida
pelos anatomistas. A nomenclatura anatômica, como foi chamada essa linguagem
universal, tornou possível a padronização nominal das estruturas do corpo, diminuindo o
vasto dicionário de termos anatômicos existentes, além de constituir um avanço no campo
conciliatório entre os anatomistas do mundo inteiro.
2. Histórico da Anatomia Humana
O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes de
Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais.Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a anatomia do
ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles mencionou as
ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmata, que provavelmente eram
figuras baseadas na dissecação animal.
No século III A.C., o estudo da anatomia avançou consideravelmente na
Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e
Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo sistemático.
A partir do ano 150 a.C. a dissecação humana foi de novo proibida por razões
éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no
mundo helenístico, porém só se conhecia através das dissecações em animais.
Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas
que intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessário dispor de meios
para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era suficiente para
trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a prática de
“cocção dos ossos”.
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O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a
causa da morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia
matado uma pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade
infecciosa. O verbo “dissecar” era usado também para descrever a operação cesariana
cada vez mais frequente.
A tradição manuscrita do período medieval não se baseou no mundo natural. As
ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a capacidade dos escritores era
limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram pelo menos alguns erros tanto de
conceito como de técnica. As coisas “eram vistas” tal quais os antigos e as ilustr ações
realistas eram consideradas como um curto-circuito do próprio método de estudo. A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia, que
nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos
apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa
qualidade oposta à prática, as figuras não realistas e esquemáticas foram suficientes.
Uma das primeiras e mais acertada solução para uma reprodução perfeita das
representações gráficas foi encontrada nas ilustrações publicadas nos tratados
anatômicos de Andrés Vesálio (1514-1564), que culminou com seu De humanis corporifabrica em 1453, um dos livros mais importantes da história do homem.
Vesálio nasceu em Bruxelas em 1514, no seio de uma família muito relacionada
com a casa de Borgonha e a corte do Imperador da Alemanha. Sua primeira formação
médica foi na Universidade de Paris (onde esteve com mestres como Jacques du Bois e
Guinter de Andernach), e foi interrompida pela guerra entre França e o Sacro Império
Romano.
Vesálio completou seus estudos na renomada escola médica de Pádua, no norteda Itália. Após seu término começou a estudar cirurgia e anatomia. Após alguns trabalhos
preliminares, em 1543, com a idade de 28 anos, publicou seu opus magnun, que
revolucionou não só a anatomia como também o ensino científico em geral.
As ilustrações da Fabrica destacam-se precisamente pela sua estreita relação com
o texto, já que ajudam no entendimento do que este expressa com dificuldade. Supera a
pauta expositiva usada por Mondino, e cada um dos sistemas principais (ossos,
músculos, vasos sanguíneos, nervos e órgãos internos) é representado e estudado
separadamente. As partes de cada sistema orgânico são expostas tanto em conjunto
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como individualmente e mesmo assim são consideradas todas as relações entre essas
estruturas. Vesálio comprovou também que não são iguais em todos os indivíduos.
No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e da
fisiologia humana. Francis Glisson (1597-1677) descreveu em detalhes o fígado, o
estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem
basicamente aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere aos
impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar.
Thomas Wharton (1614-1673) deu um grande passo ao ultrapassar a velha e
comum ideia de que o cérebro era uma glândula que secretava muco (sem dúvida,
continuou acreditando que as lágrimas se originavam ali). Wharton descreveu ascaracterísticas diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas e sexuais. O conduto de
evacuação da glândula salivar submandibular conhece-se como conduto de Wharton.
Uma importante contribuição foi distinguir entre glândulas de secreção interna (chamadas
hoje endócrinas), cujo produto cai no sangue, e as glândulas de secreção externa
(exócrinas), que descarregam nas cavidades. Niels Steenson em 1611 estabeleceu a
diferença entre esse tipo de glândula e os nódulos linfáticos (que recebiam o nome de
glândula apesar de não formar parte do sistema). Considerava que as lágrimas provinhamdo cérebro.
A nova concepção dos sistemas de transporte do organismo que se obteve graças
às contribuições de muitos investigadores ajudou a resolver os erros da fisiologia galênica
referente à produção de sangue.
Gasparo Aselli (1581-1626) descobriu que após a ingestão abundante de comida o
peritônio e o intestino de um cachorro se cobriam de umas fibras brancas que, ao serem
seccionadas, extravasavam um líquido esbranquiçado. Tratava-se dos capilaresquilíferos. Até a época de Harvey se pensava que a respiração estimulava o coração para
produzir espíritos vitais no ventrículo direito. Harvey, porém, demonstrou que o sangue
nos pulmões mudava de venoso para arterial, mas desconhecia as bases desta
transformação.
A explicação da função respiratória levou muitos anos, mas durante o século XVII
foram dados passos importantes para seu esclarecimento. Robert Hook (1635-1703)
demonstrou que um animal podia sobreviver também sem movimento pulmonar se
inflássemos ar nos pulmões. Richard Lower (1631-1691) foi o primeiro a realizar
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transfusão direta de sangue, demonstrando a diferença de cor entre o sangue arterial e o
venoso, a qual se devia ao contato com o ar dos pulmões. John Mayow (1640-1679)
afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se devia à extração de alguma substância
do ar. Chegou à conclusão de que o processo respiratório não era mais que um
intercâmbio de gases do ar e do sangue; este cedia o espírito nitro aéreo e ganhava os
vapores produzidos pelo sangue.
Em 1664 Thomas Willis (1621-1675) publicou De Anatomi Cerebri (ilustrado por
Christopher Wren e Richard Lower), sem dúvida o compêndio mais detalhado sobre o
sistema nervoso. Seus estudos anatômicos ligaram seu nome ao círculo das artérias da
base do cérebro, ao décimo primeiro par craniano e também a um determinado tipo desurdez. Contudo, sua obsessão em localizar no nível anatômico os processos mentais o
fez chegar a conclusões equívocas; entre elas, que o cérebro controlava os movimentos
do coração, pulmões, estômago e intestinos e que o corpo caloso era assunto da
imaginação.
3. Episódio Macabro no Ensino da Anatomia
No século XVIII, Edinburgh, na Grã-Bretanha, era um grande centro de estudos
anatômicos. Na Universidade, a cátedra de Anatomia foi ocupada pela dinastia dos Monro
por três gerações. O primeiro deles, Alexander Monro primus lecionou de 1720 a 1758,
tendo sido substituído por seu filho Alexander Monro secundus, que se destacou como
autor de quatro importantes obras de Anatomia, numa das quais, publicada em 1797,
descreveu o chamado "buraco de Monro".
Sucedeu-lhe seu filho, Alexander Monro tertius, que não possuía as qualidades do
pai, e o ensino de Anatomia na Universidade entrou em declínio.Na época, era permitido o ensino paralelo em escolas e cursos privados. Para o
ensino de anatomia destacava-se o curso extracurricular dirigido por John Barclay,
anatomista de grande renome e prestígio internacional. Barclay convidou para ser seu
assistente ao Dr. Robert Knox, que se tornou um dos personagens do episódio que
vamos narrar. Antes, precisamos saber quem era Robert Knox.
Robert Knox (1791-1862) era natural de Edinburgh, onde foi educado. No colégio
fora um aluno brilhante, tendo sido premiado por seu desempenho nos estudos e condutaexemplar. Graduou-se em medicina em 1814, ingressando no ano seguinte no Exército
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como cirurgião- auxiliar. Uma de suas primeiras atuações foi a de atender feridos da
batalha de Waterloo. Em 1815 foi promovido a cirurgião-assistente, indo servir na África
do Sul, onde permaneceu durante três anos. Durante sua estada na África do Sul
interessou-se por estudos de anatomia comparada, antropologia e características étnicas
dos povos africanos.
Retornando a Edinburgh em 1821 licenciou-se do Exército e foi estagiar em Paris
com Cuvier, um dos grandes anatomistas da época. De volta a Edinburgh aceitou o
convite de Barclay para ser seu assistente no curso de anatomia.
Entre 1821 e 1823 Knox publicou vários trabalhos científicos no Edinburgh Medical
Journal e em dezembro de 1823 foi eleito membro da Royal Society.Barclay possuía uma grande coleção de peças anatômicas, que ele doou ao Royal
College of Surgeons de Edinburgh para instalação de um museu de anatomia e, em 1825,
Knox foi indicado para Conservador do museu. Este museu foi enriquecido com outra
grande coleção de anatomia e anatomia patológica adquirida pelo Colégio, em Londres,
de Charles Bell. Knox encarregou-se de organizar o museu, catalogando todas as peças.
Paralelamente a essas atividades, Knox firmou-se como professor de anatomia na escola
de Barclay. Suas aulas eram muito apreciadas pelos alunos por seu conteúdo, exposiçãodidática e, sobretudo, pelas demonstrações práticas em dissecções de cadáveres.
Em agosto de 1826 Barclay faleceu e Knox assumiu a direção da escola, que
contava, naquele ano, com
300 alunos matriculados.
Na ocasião, o ensino prático de anatomia era dificultado pela falta de cadáveres
para dissecção. A dissecção só era legalmente permitida em corpos dos criminosos
condenados ao patíbulo, pois fazia parte da pena de morte negar ao criminoso
sepultamento digno em terreno santificado pela Igreja.
O número de criminosos condenados à morte era insuficiente para prover as
necessidades do ensino de anatomia. Em consequência, surgiu o mercado negro de
cadáveres, os quais eram exumados por ladrões no cemitério, logo após o sepultamento,
e vendidos às escolas médicas. Os cadáveres deviam ser recentes, pois não havia os
métodos de conservação atuais. Os ladrões de cadáveres passaram a ser chamados de
ressurreccionistas.
As famílias dos mortos para se defenderem dos ressurreccionistas, costumavam
proteger o túmulo com grades ou pagar vigias noturnos. Alguns cemitérios foram
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cercados de muros ou dispunham de torres de observação e policiamento contínuo.
Mesmo assim, os ladrões de cadáveres conseguiam ludibriar toda a vigilância.
Curiosamente, os ressurreccionistas, quando acusados, não eram condenados, por
falta de amparo legal, pois não havia lei prevendo este tipo de crime e a violação da
sepultura não se enquadrava como roubo, já que o cadáver não é
propriedade de
ninguém.
Foi nesse ambiente que ocorreu o episódio macabro que abalou a opinião pública,
não somente na Inglaterra, como em todo o mundo. Dois irlandeses, William Hare e
William Burke, que residiam em Edinburgh, cometeram uma série de assassinatos com o
fim de vender os corpos das vítimas para dissecção nas aulas de anatomia.
William Hare residia em uma pensão, cujo proprietário, Mr. Log veio a falecer. Hare
casou-se com a viúva, Margaret, passando da condição de hóspede a dono da pensão.
William Burke e sua amante, Helen Mc Douglas, foram residir na referida pensão como
inquilinos.
Hare e Burke costumavam beber juntos e tornaram-se amigos. Em 29 de novembro
de 1827, um dos pensionistas, de nome Donald, aposentado que vivia só, morreu
subitamente, deixando uma dívida para com a pensão. Hare teve a ideia de vender ocadáver para dissecção, com o fim de se ressarcir do prejuízo. Com a ajuda de Burke
simulou o sepultamento, colocando no caixão um peso equivalente ao de uma pessoa.
Hare tencionava vender o corpo para Alexander Monro, na Universidade, porém foi
informado por um estudante que a escola de anatomia do Dr. Knox pagaria um preço
melhor. O corpo foi vendido para o Dr. Knox por 7.1 libras.
Encorajados com o sucesso da operação, perceberam ambos que a venda de
cadáveres era um negócio muito lucrativo. Em lugar de violar sepulturas no cemitério, oque era trabalhoso e arriscado idealizou um processo mais fácil de obter o cadáver, que
puseram em prática. A estratégia consistia em atrair para a pensão pessoas
desamparadas, pedintes de rua, cuja morte não seria notada pela comunidade, passando
despercebida.
A vítima era embriagada com whisky e, a seguir, morta por asfixia, comprimindo-se
com um travesseiro ou almofada seu rosto, impedindo-a de respirar. Esse método não
deixava vestígio da causa da morte. Burke se encarregava da execução e Hare de
negociar a venda do corpo.
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Os estudantes do curso de Anatomia do Dr. Knox passaram a desconfiar de que
algo estranho estaria ocorrendo, dada a quantidade de corpos disponíveis para
dissecção, todos em bom estado, ao contrário da escassez habitual.
Dois corpos chegaram a ser identificados por alguns estudantes: o de uma
prostituta, de nome Mary Paterson, e de um homem popular conhecido por Daft Jamie.
Comunicaram o fato ao Dr. Knox, que não o levou em consideração, e os corpos
foram imediatamente dissecados.
Durante o ano de 1828 pelo menos 16 corpos foram vendidos à escola de
anatomia do Dr. Knox. A última vítima foi de uma irlandesa de nome Mary Docherty, que
desapareceu da pensão de um dia para outro, levantando suspeitas entre os demaishóspedes, especialmente do casal Gray, que encontrou o corpo debaixo de uma cama. A
polícia foi avisada, porém quando chegou à pensão já o corpo não se encontrava no local.
Alguns vizinhos, contudo, relataram ter visto dois homens carregando uma grande caixa
de madeira. A polícia, já ciente da suspeita que pairava na escola de anatomia do Dr.
Knox, para lá se dirigiu, onde encontrou e identificou o corpo da vítima.
Em 24 de dezembro de 1828 foram presos Hare e sua mulher e Burke com sua
amante. Na impossibilidade de obter uma prova concreta de que se tratava deassassinato, visto que não havia ferimentos ou sinais de violência no corpo da vítima, a
polícia propôs a Hare que, se ele confessasse somente Burke seria julgado pelo
assassinato de Mary Docherty.
Hare contou toda a verdade e foi posto em liberdade juntamente com sua mulher.
Burke foi julgado e condenado à forca. Sua amante, Helen Mc Donald, acusada de
cumplicidade, foi absolvida por falta de provas.
Antes de sua morte, Burke confirmou que havia matado, ao todo, 16 pessoas,porém negou que jamais houvesse violado uma sepultura para roubo de cadáver.
Sua execução, na forca, ocorreu no dia 28 de janeiro de 1829 e foi assistida por
uma multidão de milhares de pessoas, de todas as classes sociais, que se acotovelavam
para ver de perto o criminoso. Fazia parte da sentença que o seu corpo fosse
publicamente dissecado pelo Prof. Alexander Monro tertius, o que foi feito.
Durante a dissecção, em presença de estudantes e de curiosos, houve um tumulto
e a maior parte da pele do criminoso, que já havia sido retirada, desapareceu. Tempos
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depois apareceram à venda, livros encadernados com a pele curtida de Burke. Um de tais
livros pode ser visto no museu da Universidade, assim como o esqueleto de Burke.
Dr. Knox foi apontado como receptador dos corpos das vítimas assassinadas
levantou contra ele a suspeita de que teria conhecimento da procedência dos caiu em
desgraça perante a opinião pública. O seu curso de anatomia, que chegou a ter 504
alunos matriculados nos anos de 1827 e 1828, esvaziou-se progressivamente.
Em 1831, sentindo-se constrangido e alvo de desconfiança e de ataques, Knox
deixou o cargo de Conservador do museu e em 1842 mudou-se definitivamente para
Londres, onde viveu os últimos anos de sua vida.
Hare fugiu para Londres, onde terminou seus dias como indigente. Ignora-se odestino de Margaret Hare e Helen McDouglas.
Os fatos ocorridos em Edinburgh repercutiram intensamente no Parlamento
britânico, que promulgou, em 1832, o Anatomy Act, segundo o qual passou a ser
permitido o uso de cadáveres não reclamados por familiares para o ensino de anatomia.
Com isto extinguiu-se na Grã Bretanha o mercado negro de cadáveres e a prática de
roubo de corpos nos cemitérios.
Este macabro episódio ficou marcado na história da língua inglesa pela criação doneologismo burkism e do verbo to burk, com o sentido de sufocar, matar alguém para
venda do cadáver, assassinar sem deixar vestígio.
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Capítulo II – Estudo da Anatomia
1. Conceito de Anatomia
Anatomia é a ciência que estuda macro e microscopicamente, a constituição e o
desenvolvimento dos seres organizados. Um excelente e amplo conceito de anatomia foi
proposto em 1981 pela american association of anatomists: anatomia é a análise da
estrutura biológica, sua correlação com a função e com as modulações de estrutura em
resposta a fatores temporais, genéticos e ambientais. Tem como metas principais a
compreensão dos princípios arquitetônicos da construção dos organismos vivos, a
descoberta da base estrutural do funcionamento das várias partes e a compreensão dos
mecanismos formativos envolvidos no desenvolvimento destas.
A amplitude da anatomia compreende, em termos temporais, desde o estudo das
mudanças em longo prazo da estrutura, no curso de evolução, passando pelas das
mudanças de duração intermediária em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento;
até as mudanças de curto prazo, associadas com fases diferentes de atividade
funcional normal. Em termos do tamanho da estrutura estudada vai desde todo um
sistema biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus órgãos até as organelas
celulares e macromoléculas. A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana =
através de; tome = corte). Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é
equivalente etimologicamente a anatomia. Contudo, atualmente, Anatomia é a ciência,
enquanto dissecar é um dos métodos desta ciência.
Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da
civilização humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela manipulação dos
corpos, expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição de tecnologias inovadoras.
Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos:
Anatomia macroscópica;
Anatomia microscópica;
Anatomia do desenvolvimento.
A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu,
utilizando ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a Anatomia
Microscópica é aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e
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requer o uso de instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e
eletrônicos. Este grupo é dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos
tecidos e de como estes se organizam para a formação de órgãos).
A Anatomia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do
ovo fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do
desenvolvimento até o nascimento.
Embora não sejam estanques, a complexidade destes grupos torna necessária a
existência de estudos específicos.
2. Normal e Variação Anatômica
Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é
encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem
prejuízo da função. Assim, a artéria braquial mais comumente divide-se na fossa cubital.
Este é o padrão. Entretanto, em alguns indivíduos esta divisão ocorre ao nível da axila.
Como não existe perda funcional esta é uma variação. Quando ocorre prejuízo funcional
trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a anomalia for tão acentuada que
deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral, incompatível com a vida,
é uma monstruosidade.
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3. Nomenclatura Anatômica
Como toda ciência, a Anatomia tem sua linguagem própria. Ao conjunto de termosempregados para designar e descrever o organismo ou suas partes dá-se o nome de
Nomenclatura Anatômica.
Com o extraordinário acúmulo de conhecimentos no final do século passado,
graças aos trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França,
Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações
diferentes nestes centros de estudos e pesquisas.
Em razão desta falta de metodologia e de inevitáveis arbitrariedades, mais de 20000 termos anatômicos chegaram a ser consignados (hoje reduzidos a poucos mais de 5
000). A primeira tentativa de uniformizar e criar uma nomenclatura anatômica
internacional ocorreu em 1895.
Em sucessivos congressos de Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas
revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi aprovada oficialmente a Nomenclatura
Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris Nomina Anatômica). Revisões
subsequentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a nomenclatura anatômica
tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada, desde que haja razões
suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em Congressos
Internacionais de Anatomia.
A língua oficialmente adotada é o latim (por ser “língua morta”), porém cada país
pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao designar uma estrutura do organismo, a
nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas sinais para a memória, mas
traga também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura. Dentro deste
princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os
termos indicam: a forma (músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o
seu trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações
(ligamento sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m.
levantador da escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos – função e
situação). Entretanto, há nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados,
porque estão consagrados pelo uso.
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4. Posição Anatômica
Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando-
se que a posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada
posição de descrição anatômica (posição anatômica). Deste modo, os anatomistas,
quando escrevem seus textos, referem-se ao objeto de descrição considerando o
indivíduo como se estivesse sempre na posição padronizada.
Nela o indivíduo está em posição ereta (em pé, posição ortostática ou bípede), com
a face voltada para frente, o olhar dirigido para o horizonte, membros superiores
estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores
unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente.
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5. Divisão do Corpo Humano
O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeçacorresponde à extremidade superior do corpo estando unido ao tronco por uma porção
estreitada, o pescoço. O tronco compreende o tórax e o abdome com as respectivas
cavidades torácica e abdominal; a cavidade abdominal prolonga-se inferiormente na
cavidade pélvica. Dos membros, dois são superiores ou torácicos e dois inferiores ou
pélvicos. Cada membro apresenta uma raiz, pela qual está ligada ao tronco, e uma parte
livre.
6. Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano
Plano Sagital Mediano (ou, simplesmente, mediano): plano vertical que passa
longitudinalmente através do corpo, dividindo-o em dois antímeros direito e
esquerdo.
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Nota 1: chama-se, genericamente, de planos sagitais aos planos verticais que
passam através do corpo, paralelos ao plano mediano. Qualquer plano paralelo ao
plano mediano é sagital, por definição.
Nota 2: os planos tangentes ao corpo e paralelo aos sagitais são denominados
laterais direito e esquerdo.
Plano Frontal Médio: plano vertical, que passa através do corpo em ângulo reto
com o plano mediano, dividindo-o em dois paquímeros ventral e dorsal.
Nota 1: denomina-se planos frontais (ou coronais) à quaisquer planos paralelos ao
frontal mediano e que dividem o corpo em partes anterior (frente) e posterior (de
trás).
Nota 2: os planos tangentes ao corpo e paralelos aos frontais são denominados
ventral (ou anterior) e dorsal (ou posterior).
Planos Transversais (transversos): são planos horizontais, perpendiculares aos
planos sagitais e frontais, que dividem o corpo em metâmeros.
Nota 1: Ao plano paralelo aos transversais que tangencia a cabeça denomina-se
cranial ou superior; e ao que tangencia os pés é chamado de inferior ou podálico.
Nota 2: O tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano que passa pelo
vértice do cóccix, o plano caudal.
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7. Termos de Posição e Direção
A situação e a posição das estruturas anatômicas são indicadas em função dosplanos de delimitação e secção.
Assim, duas estruturas dispostas em um plano frontal serão chamados de medial e
laterais conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano
mediano do corpo.
Duas estruturas localizadas em um plano sagital serão chamadas de anterior (ou
ventral) e posteriores (ou dorsal) conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou
mais distante do plano anterior.Para estruturas dispostas longitudinalmente, os termos são superior (ou cranial)
para a mais próxima ao plano cranial e inferior (ou caudal) para a mais distante deste
plano.
Para estruturas dispostas longitudinalmente nos membros empregam-se,
comumente, os termos proximal e distal referindo-se às estruturas respectivamente mais
próxima e mais distante da raiz do membro. Para o tubo digestivo empregam-se os
termos oral e aboral, referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais
distante da boca.
Uma terceira estrutura situada entre uma lateral e outra medial é chamada de
intermédia. Nos outros casos (terceira estrutura situada entre uma anterior e outra
posterior, ou entre uma superior e outra inferior, ou entre uma proximal e outra distal ou
ainda uma oral e outra aboral) é denominada de média.
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Estruturas situadas ao longo do plano mediano são denominadas de medianas,
sendo este um conceito absoluto, ou seja, uma estrutura mediana será sempre mediana,
enquanto os outros termos de posição e direção são relativos, pois se baseiam na
comparação do seu posicionamento.
8. Termos de Movimentos
Na análise de movimento realizado, a determinação do eixo de movimento
realizado é feita obedecendo a regra, segundo a qual, a direção do eixo de movimento é
sempre perpendicular ao plano no qual se realiza o movimento. Assim, todo movimento é
realizado em um plano determinado e o seu eixo de movimento é perpendicular àquele
plano.
MOVIMENTOS ANGULARES
Nestes movimentos há uma diminuição ou aumento do ângulo existente entre o
segmento que se desloca e aquele que permanece fixo.
Flexão e Extensão
Flexão: É a diminuição do ângulo de uma articulação ou aproximação de duas
estruturas ósseas.
Extensão: É o aumento do ângulo de uma articulação ou afastar duas estruturas
ósseas.
Adução e Abdução
São movimentos nos quais o segmento é deslocado, respectivamente, em direção
ao plano mediano (adução) ou em direção oposta, isto é, afastando-se dele (abdução).
Circundação
Em alguns segmentos do corpo, especialmente nos membros, o movimento
combinatório que inclui adução, extensão, abdução e flexão resultam na circundação.
Neste tipo de movimento, a extremidade distal do segmento descreve um círculo e o
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corpo do segmento, um cone, cujo vértice é representado pela articulação que se
movimenta.
Rotação
É o movimento em que o segmento gira em torno de um eixo longitudinal (vertical).
Assim, nos membros, pode-se reconhecer uma rotação medial, quando a face anterior do
membro gira em direção ao plano mediano do corpo, e uma rotação lateral, no movimento
oposto.
Mão: Rotação medial do antebraço = pronação. Rotação lateral do antebraço = supinação.
Pé: Adução + Supinação (rotação medial) = inversão (do calcâneo).
Abdução + Pronação (rotação lateral) = eversão (do calcâneo).
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9. Divisão do Estudo da Anatomia
Osteologia: parte da anatomia que estuda os ossos. Miologia: parte da anatomia que estuda os músculos.
Sindesmologia ou Artrologia: parte da anatomia que estuda as articulações.
Angiologia: parte da anatomia que estuda o coração e os grandes vasos.
Neuroanatomia: parte da anatomia que estuda o sistema nervoso central e o
periférico.
Estesiologia: parte da anatomia que estuda os órgãos que se destinam à captação
das sensações. Esplancnologia: parte da anatomia que estuda as vísceras que se agrupam para o
desempenho de uma determinada função como: fonação, digestão, respiração,
reprodução e urinária.
Endocrinologia: parte da anatomia que estuda as glândulas sem ducto, que
segregam hormônios, os quais são drenados diretamente na corrente sanguínea.
Tegumento comum: parte da anatomia que estuda a pele e os seus anexos.
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Capítulo III – Sistema Esquelético
1. Considerações Gerais
Sistema esquelético (ou esqueleto) humano consiste em um conjunto de ossos,
cartilagens e ligamentos que se interligam para formar o arcabouço do corpo e
desempenhar várias funções, tais como: proteção (para órgãos como o coração, pulmões
e sistema nervoso central); sustentação e conformação do corpo; local de
armazenamento de cálcio e fósforo (durante a gravidez a calcificação fetal se faz, em
grande parte, pela reabsorção destes elementos armazenados no organismo materno);
sistema de alavancas que movimentadas pelos músculos permitem os deslocamentos
do corpo, no todo ou em parte e, finalmente, local de produção de várias células do
sangue.
O sistema esquelético pode ser dividido porções:
Uma mediana, formando o eixo do corpo, composta pelos ossos da cabeça,
pescoço e tronco;
O esqueleto axial formado pelo trono e cinturas; O esqueleto apendicular. A união entre estas duas porções se faz por meio de
cinturas: escapular (ou torácica), constituída pela escápula e clavícula e pélvica
constituída pelos ossos do quadril.
No adulto existem 206 ossos, distribuídos ao longo do corpo. Este número varia de
acordo com a idade (do nascimento a senilidade há uma redução do número de ossos),
fatores individuais e critérios de contagem.
2. Coluna Vertebral
No tronco destaca-se a coluna vertebral que é uma haste forte e flexível,
didaticamente dividida em duas porções: anterior, constituída pelo ligamento longitudinal
anterior, corpo vertebral, disco intervertebral e ligamento longitudinal posterior, e
outra, posterior, constituída pelo canal vertebral, ligamento amarelo, articulações inter-
apofisárias, ligamentos interespinhais e supra-espinhais, pedículos, lâminas, processostransversos e espinhosos.
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A flexibilidade é sua principal característica, pois as vértebras apresentam
mobilidade entre si. A estabilidade é fornecida por sua estrutura ligamentar e
osteomuscular.
Entre suas funções, temos: proteção da medula espinhal, movimentação e marcha,
manutenção da posição ereta, suporte do peso corporal e ligação de todas as suas
regiões desde a occipital até o sacro.
Os 33 corpos vertebrais constituem os principais pilares da coluna, todos eles com
características próprias, sendo:
7 cervicais
12 torácicos
5 lombares
5 sacrais
4 coccígeos
As vértebras são conectadas entre si pelas articulações posteriores entre os corpos
vertebrais e os arcos neurais. Elas se articulam de modo a conferir estabilidade e
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flexibilidade à coluna, atributos necessários para a mobilidade do tronco, postura,
equilíbrio e suporte de peso, e em seu interior o canal vertebral, eixo central que contém a
medula espinhal.
3. Classificação dos Ossos
Há várias maneiras de classificar os ossos. Uma delas é classificá-los por sua
posição topográfica, reconhecendo-se ossos axiais (que pertencem ao esqueleto axial) e
apendiculares (que fazem parte do esqueleto apendicular). Entretanto, a classificação
mais difundida é aquela que leva em consideração a forma dos ossos, classificando-os
segundo a relação entre suas dimensões lineares (comprimento, largura ou espessura),
em ossos longos, curtos, laminares e irregulares.
Osso longo: Seu comprimento é consideravelmente maior que a largura e a
espessura. Consiste em um corpo ou diáfise e duas extremidades ou epífises. A
diáfise apresenta, em seu interior, uma cavidade, o canal medular, que aloja a
medula óssea. Exemplos típicos são os ossos do esqueleto apendicular: fêmur,
úmero, rádio, ulna, tíbia, fíbula, falanges.
Osso laminar: Seu comprimento e sua largura são equivalentes, predominando
sobre a espessura. Ossos do crânio, como o parietal, frontal, occipital e outros
como a escápula e o osso do quadril, são exemplos bem demonstrativos. São
também chamados (impropriamente) de ossos planos.
Osso curto: Apresenta equivalência das três dimensões. Os ossos do carpo e do
tarso são excelentes exemplos.
Osso irregular: Apresenta uma morfologia complexa não encontrando
correspondência em formas geométricas conhecidas. As vértebras e osso temporal
são exemplos marcantes.
Osso pneumático: Apresenta uma ou mais cavidades, de volume variável,
revestidas de mucosa e contendo ar. Estas cavidades recebem o nome de sinus ou
seio. Os ossos pneumáticos estão situados no crânio: frontal, maxilar, temporal,
etmoide e esfenoide.
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Osso sesamóide: Que se desenvolve na substância de certos tendões ou da
cápsula fibrosa que envolve certas articulações. os primeiros são chamados
intratendíneos e os segundos periarticulares. A patela é um exemplo típico de osso
sesamóide intratendíneo.
4. Configuração Interna do Osso
A análise do osso por microscopia revela duas regiões que divergem entre si pelo
número de espaços livres entre as trabéculas ósseas, denominadas substância ósseacompacta e substância esponjosa. Embora os elementos constituintes sejam os mesmo
nos dois tipos de substâncias ósseas, eles dispõem-se diferentemente conforme o tipo
considerado, e, seu aspecto macroscópico também se difere.
Na substância óssea compacta as lamínulas de tecido ósseo encontram-se
fortemente unidas umas às outras pelas suas faces, sem que haja espaço livre interposto.
Por esta razão, esse tipo é mais denso e rígido.
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Na substância óssea esponjosa as lamínulas ósseas, mais irregulares em forma e
tamanho, se arranjam de forma a deixar entre si espaços ou lacunas que se comunicam
umas com as outras.
5. Características Ósseas
No vivente e no cadáver o osso se encontra sempre revestido por delicada
membrana conjuntiva, com exceção das superfícies articulares. Esta membrana é
denominada periósteo e apresenta dois folhetos: um superficial e outro profundo, este em
contato direto com a superfície óssea.
A camada profunda é chamada osteogênica pelo fato de suas células se
transformarem em células ósseas, que são incorporadas à superfície do osso,
promovendo assim o seu espessamento.
Os ossos são altamente vascularizados. As artérias do periósteo penetram no
osso, irrigando-o e distribuindo-se na medula óssea. Por esta razão, desprovido do seu
periósteo o osso deixa de ser nutrido e morre.
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Capítulo IV – Sistema Articular
1. Definição
Os ossos unem-se uns aos outros para constituir o esqueleto. Esta união não tem a
finalidade exclusiva de colocar os ossos em contato, mas também de permitir mobilidade
e elasticidade ao esqueleto. Esta união não se faz da mesma maneira entre todos os
ossos, assim, uma maior ou uma menos possibilidade de movimento varia de acordo com
o tipo de união.
2. Classificação das Junturas
As junturas são classificadas em três grandes grupos: fibrosas, cartilaginosas e
sinoviais, cuja definição é feita de acordo com o elemento estrutural encontrado em cada
tipo de juntura.
ARTICULAÇÕES FIBROSAS: São formadas por tecido conjuntivo fibroso e
conferem mais elasticidade do que mobilidade; são encontradas principalmente no
crânio. É evidente que a mobilidade nestas junturas é extremamente reduzida,
embora o tecido conjuntivo interposto confira certa elasticidade ao crânio. Dentro
das articulações fibrosas, dois subtipos podem ser listados, a saber: suturas e
sindesmoses.
Articulações fibrosas suturas: apresentam forma variável e, por isso, podemos
classificá-las em: planas (união linear, retilínea ou aproximadamente retilínea),
escamosas (união em forma de bisel) e serreadas (união em “linha dentada”).
Sutura Plana
Sutura Escamosa
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Sutura Serreada
E interessante comentar que, na vida pré e pós-natal, o tamanho das articulações
que separam os ossos do crânio é maior em alguns pontos pela presença de maior
quantidade de tecido conjuntivo fibroso.
Essas regiões são chamadas de fontanelas (popularmente conhecidas como
moleiras) e desaparecem após a ossificação completa do crânio.
Articulações fibrosas sindesmoses: apresentam também como tecido interposto o
conjuntivo fibroso, mas não ocorrem entre os ossos do crânio. Na verdade, só hádois registros desse tipo de juntura: sindesmose tíbio-fibular, isto é, a que se faz
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entre as extremidades distais da tíbia e da fíbula e rádio ulnar entre as
extremidades do rádio e da ulna.
ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS: Apresentam também pouca mobilidade,
são constituídas por cartilagem que pode ser hialina (cartilagem articular querepresenta a porção do osso que não foi invadida pela ossificação) ou fibrosa. Se
na articulação o elemento encontrado for cartilagem hialina, ela será classificada
como articulação cartilaginosa sincondrose; se cartilagem fibrosa, articulação
cartilaginosa sínfise.
Sinc ondros e extern a Cartil agino sa Sínfis e
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ARTICULAÇÕES SINOVIAIS: Apresentam como elemento estrutural a sinóvia, um
líquido viscoso que permite a mobilidade da junção óssea com o mínimo de atrito
entre as extremidades do osso.
Essas extremidades ósseas são formadas por cartilagem hialina, desprovidas de
suprimento sanguíneo e nervoso, o que torna lento e difícil a regeneração do tecido, em
caso de lesões.
Além disso, encontramos nesse tipo de articulação uma cápsula articular, que
envolve a articulação, e uma cavidade articular onde se encontra o liquido sinovial.
Dessa forma, a cápsula articular, a cavidade articular e o líquido sinovial são
características das articulações sinoviais.
Em várias junturas sinoviais, interpostas às superfícies articulares, encontram-se
formações fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra-articulares, de função discutida:
serviriam à melhor adaptação das superfícies que se articulam ou seriam destinadas a
receber violentas pressões, agindo como amortecedores.
Meniscos, com sua forma de meia lua são encontrados na articulação do joelho e
disco intra-articular nas articulações esterno clavicular e têmporo mandibular.
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Os critérios utilizados para classificar as articulações sinoviais são: a forma das
superfícies ósseas que entram em contato e o movimento realizado por elas, de forma
que as articulações sinoviais podem ser classificadas em: plana, gínglimo, trocóide,
condilar, em sela e esferoide.
Plana: As superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas, permitindo
deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção. Exemplo:
articulação sacro-ilíaca.
Gínglimo: Denominado também de dobradiça refere-se muito mais ao movimento
do que à forma das superfícies articulares: realizam flexão e extensão. Exemplo:articulação do cotovelo.
Trocóide: Permite rotação. Exemplo: articulação rádio-ulnar proximal responsável
pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. Na pronação ocorre
uma rotação medial do rádio e na supinação, rotação lateral.
Condilar: As superfícies articulares são elípticas. Permitem flexão, extensão,
abdução e adução, mas não permitem a rotação. Exemplo: articulação rádio-
cárpica (ou do punho), articulação têmporo mandibular.
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Em sela: A superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de sela,
apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa
numa segunda peça onde convexidade e concavidades apresentam-se no sentido
inverso da primeira. Permite flexão, extensão, abdução, adução e rotação
(consequentemente circundação). Exemplo: articulação carpo-metacárpico do
polegar.
Esferoide: As superfícies articulares são segmentos de esferas e se encaixam em
receptáculos ocos. Permitem movimentos de flexão, extensão, adução, abdução,
rotação e circundação. Exemplo: articulação do ombro (entre úmero e escápula) e
do quadril (entre o osso do quadril e o fêmur).
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Capítulo V – Sistema Muscular
1. Conceito
O músculo é a unidade contrátil do ser vivo, que obedece aos comandos do
sistema nervoso central.
São estruturas que movem os segmentos do corpo por encurtamento da distância
que existe entre suas extremidades fixadas, ou seja, por contração, estes últimos são
os elementos ativos do movimento. Além de tornar possível o movimento, a musculatura
também mantém unida.
A literatura relata que os músculos podem ser classificados em:
Músculo estriado esquelético: músculos do esqueleto humano.
Músculo estriado cardíaco: presente no coração.
Músculo liso: presentes em órgãos viscerais.
O ser vivo é disposto de uma variedade de músculos que estão fixados em regiões
posterior, anterior, lateral e medial no corpo humano.
2. Funções dos Músculos
Entre ao vários tipos de músculos existentes ao longo de nosso corpo, tanto os
músculos esqueléticos, quanto cardíaco e lisos realizam atividades específicas, tais como:
Contração muscular; Locomoção;
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Sustentação;
Proteção;
Regulação de temperatura;
Respiração;
Elasticidade;
Flexibilidade.
3. Mecanismo da Contração Muscular
A contração do ventre muscular vai produzir um trabalho mecânico, em geral
representado pelo deslocamento de um segmento do corpo. Ao contrair- se o ventre
muscular há um encurtamento do comprimento do músculo e consequente deslocamento
da peça esquelética.
O trabalho realizado por um músculo depende da potência do músculo e da
amplitude de contração do mesmo. A amplitude de contração depende do comprimento
das fibras musculares. Assim, um músculo longo tem o mais alto grau de encurtamento.
A potência (ou força) é função do número de fibras que se contraem e número de
fibras contido em uma secção transversal do músculo, o que é medido em ângulo reto
com o eixo maior dos fascículos musculares e não com o eixo maior do músculo como um
todo.
Desta forma, o que um músculo penado perde em amplitude de contração, ganha
em força.
Como foi anteriormente dito, o trabalho do músculo se manifesta pelo
deslocamento de um (ou mais) osso(s). Os músculos agem sobre os ossos como
potências sobre braços de alavancas. No caso da musculatura cardíaca e dos músculoslisos, geralmente situadas nas paredes de vísceras ocas ou tubulares, também se produz
um trabalho: a contração da musculatura destes órgãos reduz seu volume ou seu
diâmetro e desta forma vai expelir ou impulsionar seu conteúdo.
A célula muscular obedece a chamada lei do tudo ou nada, ou seja, ou está
completamente contraída ou está totalmente relaxada. Assim, a quantidade de fibras
musculares que vai estar envolvida com o trabalho de um músculo, ao mesmo tempo, vai
depender de quantas unidades motoras ele possua. Denomina-se unidade motora aoconjunto de fibras de um músculo supridas pelo mesmo neurônio. Desta forma um
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músculo com poucas unidades motoras é um músculo de movimentos mais grosseiros,
enquanto aquele que possui muitas unidades motoras é capaz de movimentos de alta
precisão e delicadeza.
Outra forma de classificar os músculos é observando o trabalho que eles realizam,
ou seja, sua função. Assim, quando o músculo executa um movimento, ele é denominado
agonista; quando se opõe ao movimento do agonista, ele é denominado antagonista;
ainda, quando potencializa a ação do agonista, ele é denominado sinergista.
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Capítulo VI – Sistema Nervoso
1. Considerações Gerais
O sistema nervoso é dividido em duas partes principais:
Sistema nervoso central, composto de cérebro e medula espinhal.
Sistema nervoso periférico, composto de nervos cranianos e espinhais e seus
gânglios associados.
O sistema nervoso central é composto de grande número de células nervosas e
suas ramificações, mantidas por tecido especializado denominado neuroglia. Neurônio é o
nome dado à célula nervosa e todas as suas ramificações. As ramificações longas de
uma célula nervosa são denominadas axônios, ou fibras nervosas.
O interior do sistema nervoso central é organizado em substância branca e
cinzenta.
A substância cinzenta consiste em células nervosas e das porções proximais; de
suas ramificações, encerradas em neuroglia.
A substância branca consiste em fibras nervosas encerradas em neuroglia.
Na dissecção do sistema nervoso periférico, observa-se que os nervos cranianos e
espinhais são cordões de coloração branco-acinzentada. São constituídos de feixes de
fibras nervosas mantidos por fino tecido areolar.
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Existem 12 pares de nervos cranianos que partem do cérebro e passam através de
foramens do crânio. Existem 31 pares de nervos espinhais que partem da medula
espinhal e passam através de foramens intervertebrais na coluna vertebral.
2. Funções do Sistema Nervoso
O sistema nervoso é um dos principais órgãos do organismo vivo que desempenha
as seguintes funções:
Controlar
Comandar Executar
Produzir
Conduzir
Direcionar
Ordenar
Liberar
Todos os tipos de comandos para que o seu vivo possa realizar as tarefas com
todas as suas integridades.
3. Subdivisões do Sistema Nervoso
3.1. Sistema Nervoso Periférico
O sistema nervoso periférico é composto por terminações nervosas, gânglios e
nervos. Estes são cordões esbranquiçados formados por fibras nervosas unidas portecido conjuntivo e que têm por função levar (ou trazer) impulsos ao (do) SNC. As fibras
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que levam impulsos ao SNC são chamadas de aferentes ou sensitivas, enquanto que as
que trazem impulsos do SNC são as aferentes ou motoras. Os nervos são divididos em
dois grupos: nervos cranianos e nervos espinhais.
3.2. Sistema Nervoso Autônomo
Tanto o SN somático quanto o SN visceral possuem uma parte aferente e outra
eferente. Denomina-se sistema nervoso autônomo (SNA) a parte eferente do SN visceral.
O SNA por sua vez é dividido em duas partes: o sistema simpático e o sistema
parassimpático.
O simpático estimula as atividades que ocorrem em situações de emergência ou
tensão, enquanto o parassimpático é mais ativo nas condições comuns da vida,
estimulando atividades que restauram e conservam a energia corporal.
O simpático tem origens nas regiões torácica e lombar da medula espinhal,
enquanto o parassimpático as tem porções no tronco encefálico e nos segmentos sacrais
da medula espinhal. Ambos possuem fibras pré-ganglionares que fazem conexões com
gânglios (acúmulo de neurônios fora do SNC) e dos quais partem fibras pós-ganglionares
que vão até os órgãos efetuadores; contudo as fibras pré- ganglionares simpáticas são
curtas e as pós-ganglionares são longas, enquanto no parassimpático ocorre o contrário.
Existem várias outras diferenças, como no tipo dos mediadores químicos, que fogem ao
objetivo deste tópico.
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4. Condução de Informações no Sistema Nervoso
As informações que são transmitidas pelo sistema nervoso, são chamadas deimpulsos elétricos ou potenciais de ação que trafegam por estruturas chamadas de nervos
ou fibras, que na verdade é um conjunto de axônios unidos para realizar esta função.
Podendo então classificar este nervos em:
Fibras aferentes: levam todas as informações sensitivas ao sistema nervoso
central.
Fibras efetoras: trazem as informações do sistema nervoso central para a
realização dos movimentos.
5. Estruturas Gerais do Sistema Nervoso
5.1. Meninges
A proteção ao SNC dada pelo crânio e pela coluna é acentuada reforçada pela
presença de lâminas de tecido conjuntivo, as meninges, que são de fora para dentro:
dura-máter, aracnoide e pia-máter.
A dura-máter é a mais espessa delas. No crânio está associada ao periósteo da
face interna dos ossos, enquanto entre ela e a coluna vertebral existe um espaço, o
espaço extradural (ou epidural). A pia-máter é a mais fina e está intimamente aplicada ao
encéfalo e à medula espinhal. Entre a dura e a pia-máter está a aracnoide, da qual partem
fibras delicadas que vão à pia-máter, formando uma rede semelhante a uma teia de
aranha. A aracnoide é separada da dura-máter por um espaço virtual, o espaço subdural
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e da pia-máter pelo espaço subaracnoideo, real, onde circula o líquido cérebro-espinhal
ou líquor, o qual funciona como absorvente de choques.
O líquido cérebro-espinhal, incolor, é constantemente produzido nos ventrículos do
encéfalo e constantemente deixa o espaço subaracnoideo para entrar no sistema venoso.
Atua na nutrição do SNC e como amortecedor, protegendo o SNC de movimentos súbitos.
O SNC é heterogêneo quanto à distribuição dos corpos dos neurônios e de seus
prolongamentos. As regiões onde predominam os corpos neuronais são chamadas de
substância cinzenta. Outras regiões contêm, predominantemente, prolongamentos
neuronais (em especial seus axônios). Estes prolongamentos são, muitas vezes,
revestidos por mielina, o que lhes dá coloração mais pálida, daí a denominação desubstância branca.
No cérebro e no cerebelo a estrutura geral é a mesma: uma massa de substância
branca, revestida externamente por uma fina camada de substância cinzenta e tendo no
centro massas de substância cinzenta constituindo os núcleos (acúmulos de corpos
neuronais dentro do SNC). Na medula, a substância cinzenta forma um eixo central
contínuo envolvido por substância branca, enquanto no tronco encefálico a substância
cinzenta central não é contínua, apresentando-se fragmentada, formando núcleos.
5.2. Cérebro
O cérebro responde pelas funções nervosas mais elevadas, contendo centros para
interpretação de estímulos bem como centros que iniciam movimentos musculares. Ele
armazena informações e é responsável também por processos psíquicos altamente
elaborados, determinando a inteligência e a personalidade.
Ele é constituído pelos hemisférios cerebrais e pelo diencéfalo. Os hemisférioscerebrais são duas massas unidas por uma ponte de fibras nervosas, o corpo caloso e
separado por uma lâmina de dura-máter, a foice do cérebro. Cada hemisfério é dividido
em cinco lobos, quatro dos quais vistos na superfície do cérebro e correspondendo cada
um aos ossos do crânio com que guardam relações, os lobos frontal, parietal, temporal e
occipital. O quinto lobo, a insula, fica coberto por partes dos lobos temporal, frontal e
parietal.
Os hemisférios são formados por uma camada externa de substância cinzenta, ocórtex cerebral - convoluto, formando giros e sulcos - e por uma massa interna de
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substância branca, na qual estão enterrados diversos grupos de núcleos, os núcleos da
base, que fazem parte do sistema motor, participando do controle dos movimentos,
facilitando e sustentando os movimentos em curso e inibindo movimentos indesejados. A
cavidade dos hemisférios cerebrais forma os ventrículos laterais e a parte rostral do
terceiro ventrículo.
O diencéfalo fica quase totalmente circundado pelos hemisférios cerebrais; sua
cavidade forma a maior parte do terceiro ventrículo. Constituído pelo tálamo, pelo
hipotálamo e pelo epitálamo.
O tálamo é centro de retransmissão de todos os impulsos sensitivos (exceto olfato)
para o córtex cerebral. O hipotálamo é local de regulação de atividades viscerais(cardiovascular, temperatura corporal, do equilíbrio hidroeletrolítico, da atividade
gastrintestinal e fome e das funções endócrinas), do sono e da vigília, da resposta sexual
e das emoções. O epitálamo é formado principalmente pela glândula pineal, implicada no
controle dos ritmos circadianos e na regulação do início da puberdade. É produtora do
hormônio melatonina.
5.3. Tronco Encefálico e Cerebelo
O tronco encefálico apresenta é formado por substância branca contendo núcleos no
seu interior. Divide-se em mesencéfalo, ponte e bulbo.
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O mesencéfalo é responsável pelos reflexos visuais e auditivos (colículos superior e
inferior); seus núcleos e os pedúnculos cerebrais participam do controle da postura e dos
movimentos.
A ponte é centro de retransmissão de impulsos; contém núcleos de vários nervos
cranianos (III – VII); e controla o ritmo e força da respiração.
O bulbo é centro de retransmissão de impulsos; contém núcleos de vários nervos
cranianos (VIII-XII); e é centro autônomo visceral (respiração, ritmo cardíaco,
vasoconstrição).
O cerebelo tem estrutura geral parecida com a do cérebro (substância cinzenta
externa e substância branca interna) e atua na coordenação motora e no equilíbrio.
5.4. Medula Espinhal
Situada no interior do canal vertebral, se continua rostralmente com o bulbo. Ela
recebe informações do pescoço, do tronco e dos membros e os controla, por meio dos
trinta e um nervos espinhais. A medula consiste em uma parte central de substância
cinzenta e outra parte periférica, de substância branca.
A substância cinzenta tem a forma aproximada da letra H. As projeções posteriores
são os cornos dorsais, os quais tanto contêm neurônios aferentes, condutores de
impulsos sensoriais periféricos, quanto dão origem às vias ascendentes, condutoras de
impulsos sensoriais para o encéfalo. As projeções anteriores são os cornos ventrais, que
contêm os neurônios motores da medula espinhal. Nas partes torácica e lombar existem
projeções laterais, as colunas laterais, que contêm os neurônios pré-ganglionares
simpáticos.
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A substância branca contém fibras nervosas de trajeto longitudinal (tratos
ascendentes e tratos descendentes). Os principais tratos ascendentes são:
Colunas dorsais (fascículos grácil e cuneiforme): tato discriminativo e
propriocepção. Trato espinotalâmico: dor, temperatura, pressão e tato grosseiro.
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Trato espinocerebelar: informação dos receptores musculares e articulares.
Os principais tratos descendentes são:
Trato corticoespinhal anterior: contêm as fibras nervosas dos neurônios motores
corticais que não cruzaram de lado nas pirâmides do bulbo; termina na medula
torácica. Suas fibras cruzam para o lado oposto pouco antes de fazerem sinapse
com os neurônios motores medulares.
Tratos corticoespinhal lateral: contêm as fibras nervosas dos neurônios motores
corticais que cruzaram de lado (decussaram) nas pirâmides do bulbo. Mais
importante por ter mais fibras está presente ao longo de toda medula.
Tratos rubro-espinhal, vestíbulo-espinhal e retículo-espinhal: origem no tronco
encefálico; participam do controle motor.
6. Tecido Nervoso
O tecido nervoso compreende basicamente dois tipos de celulares: os neurônios e
as células glias.
Neurônio: é a unidade estrutural e funcional do sistema nervoso que é
especializada para a comunicação rápida. Tem a função básica de receber,
processar e enviar informações. São células altamente excitáveis que se
comunicam entre si ou com outras células efetuadoras, usando basicamente uma
linguagem elétrica. A maioria dos neurônios possui três regiões responsáveis por
funções especializadas: corpo celular, dendritos e axônios.
Corpo celular: é o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese detodas as proteínas neuronais. A forma e o tamanho do corpo celular são
extremamente variáveis, conforme o tipo de neurônio. O corpo celular é também,
junto com os dendritos, local de recepção de estímulos, através de contatos
sinápticos.
Dendritos: geralmente são curtos e ramificam-se profusamente, a maneira de
galhos de árvore, em ângulos agudos, originando dendritos de menor diâmetro.
São os processos ou projeções que transmitem impulsos para os corpos celularesdos neurônios ou para os axônios. Em geral os dendritos são não mielinizados. Um
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neurônio pode apresentar milhares de dendritos. Portanto, os dendritos são
especializados em receber estímulos.
Axônios: a grande maioria dos neurônios possui um axônio, prolongamento longo e
fino que se origina do corpo celular ou de um dendrito principal. O axônio
apresenta comprimento muito variável, podendo ser de alguns milímetros como
mais de um metro. São os processos que transmitem impulsos que deixam os
corpos celulares dos neurônios, ou dos dendritos. A porção terminal do axônio
sofre várias ramificações para formar de centenas a milhares de terminais
axônicos, no interior dos quais são armazenados os neurotransmissores químicos.
Portanto, o axônio é especializado em gerar e conduzir o potencial de ação.
Tipos de Neurônios
São três os tipos de neurônios: sensitivo, motor e interneurônio. Um neurônio
sensitivo conduz a informação da periferia em direção ao SNC, sendo também chamado
neurônio aferente. Um neurônio motor conduz informação do SNC em direção à periferia,
sendo conhecido como neurônio eferente. Os neurônios sensitivos e motores são
encontrados tanto no SNC quanto no SNP.
Portanto, o sistema nervoso apresenta três funções básicas:
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Função Sensitiva: os nervos sensitivos captam informações do meio interno e
externo do corpo e as conduzem ao SNC;
Função Integradora: a informação sensitiva trazida ao SNC é processada ou
interpretada;
Função Motora: os nervos motores conduzem a informação do SNC em direção
aos músculos e às glândulas do corpo, levando as informações do SNC.
Sinapses
Os neurônios, principalmente através de suas terminações axônicas, entram em
contato com outros neurônios, passando-lhes informações. Os locais de tais contatos são
denominados sinapses. Ou seja, os neurônios comunicam-se uns aos outros nas
sinapses – pontos de contato entre neurônios, no qual encontramos as vesículas
sinápticas, onde estão armazenados os neurotransmissores. A comunicação ocorre por
meio de neurotransmissores – agentes químicos liberados ou secretados por um
neurônio. Os neurotransmissores mais comuns são a acetilcolina e a norepinefrina.
Outros neurotransmissores do SNC incluem a epinefrina, a serotonina, o GABA e as
endorfinas.
Fibras nervosas
Uma fibra nervosa compreende um axônio e, quando presente, seu envoltório de
origem glial.
O principal envoltório das fibras nervosas é a bainha de mielina (camadas de
substâncias de lipídeos e proteína), que funciona como isolamento elétrico. Quando
envolvidos por bainha de mielina, os axônios são denominados fibras nervosas mielínicas.
Na ausência de mielina as fibras são denominadas de fibras nervosas amielínicas.
Ambos os tipos ocorrem no sistema nervoso central e no sistema nervoso periférico,
sendo a bainha de mielina formada por células de Schwann, no periférico e no central por
oligodendrócitos.
A bainha de mielina permite uma condução mais rápida do impulso nervoso e, ao
longo dos axônios, a condução é do tipo saltatória, ou seja, o potencial de ação só ocorre
em estruturas chamadas de nódulos de Ranvier.
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Células Glias: compreende as células que ocupam os espaços entre os neurônios
e tem como função sustentação, revesti