ANÁLISES DAS CONDIÇÕES
ERGONÔMICAS DOS CARREGADORES
PORTUÁRIOS DO PORTO DE MANAUS-
AM.
Doriel Andrade dos Santos
(ITEGAM)
Márcia Andréa Paes de Freitas
(ITEGAM)
Jandecy Cabral Leite
(ITEGAM)
Manoel Socorro Santos Azevedo
(ITEGAM)
Resumo O estudo teve como objetivo analisar as condições ergonômicas dos
carregadores portuários do Porto de Manaus-AM, localizado a
margem esquerda do Rio Negro, considerando o sentido Rio Solimões
para a praia da Ponta Negra. Para tal, foi realiizada uma pesquisa
quantitativa descritiva com dados coletados a partir de uma revisão
bibliográfica, observação no local, conversas informais, entrevistas
semi-estruturadas aplicadas ao sujeito da pesquisa. Foram obtidas
consideráveis informações que permitiram analisar e entender as
condições ergonômicas dos atores envolvidos no processo. Para a
obtenção dos dados de campo foram aplicados 25 (vinte e cinco)
questionários aos carregadores portuários, o correspondente a 41,7%
do total de carregadores que trabalham na área estudada e 1 (um) ao
administrador do porto. Os resultados da pesquisa demonstraram que
diariamente trabalham no porto 20 a 60 carregadores. Quanto à
naturalidade das pessoas pesquisadas verificou-se que 92% são
naturais da cidade de Manaus e 8% vieram de outros lugares. Os
resultados demonstraram que diariamente trafegam em média 130
veículos e 85 barcos, movimentando em aproximadamente 150
toneladas de produtos diversos. Durante o estudo foi detectado uma
série de riscos ambientais que podem acarretar danos a saúde
humana, destacando entre eles: os riscos físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e mecânicos (riscos de acidentes). Pela a NR-9
(Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e a Portaria nº
3.214/78 (Aprova as Normas Regulamentadoras relativas à Segurança
e Medicina do Trabalho), esses riscos podem comprometer a saúde dos
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ISSN 1984-9354
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trabalhadores em função de sua natureza, concentração ou intensidade
e pelo o tempo de exposição.
Palavras-chaves: Porto, Manaus, Condições Ergonômicas,
Carregadores Portuários, Segurança do Trabalho.
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1. INTRODUÇÃO
Os processos produtivos vêm sofrendo profundas alterações na sociedade capitalista,
transformações essas no modo de organização da produção, bem como a criação de novos
processos produtivos, com vistas a uma maior acumulação do capital. Braverman (1974)
aborda a divisão do trabalho, que pode ser entendida como uma alteração na organização da
produção, uma vez que o ofício é desmontado pelo capitalista e repassado aos trabalhadores
de forma parcelada, de modo que cada trabalhador torna-se responsável somente por uma
etapa do processo produtivo. De acordo com o autor o trabalho tornou-se cada vez mais
subdividido em operações mínimas com menos instrução e adestramento e que por sua
dispensa de cérebro e pela burocratização está alienando setores cada vez mais amplos da
população trabalhadora. Assim sendo, a classe operária torna-se completamente vulnerável,
tornando o trabalhador uma peça intercambiável do sistema de produção, já que um operário
pode ser facilmente substituído por outro. Lopes (2000) afirma que essa vulnerabilidade
resulta, além da perda sobre o controle do seu próprio ritmo de trabalho, a perda do poder de
sindicalização, uma vez que os trabalhadores ficam expostos à ameaça do desemprego. Fatos
esses que aparecem como a degradação do trabalho o qual significa a destruição do ofício,
pois, esse passa a ser cada vez mais esvaziado de seu conteúdo tradicional, onde os vínculos
existentes entrem a população trabalhadora e a ciência, encontra-se quase que completamente
rompidos.
Para Bravaman (1974), a degradação é a destruição diária de todas as alternativas de
trabalho usadas pela população trabalhadora e a submissão desta aos novos processos
produtivos, pois mesmo que a classe trabalhadora deseje continuar fazendo o seu trabalho à
maneira tradicional, acaba sendo obrigada a se adaptar as novas formas de produção, à
medida que são eliminadas todas suas alternativas. Grandjean (1998), os trabalhadores
perdem o controle sobre o processo de produção, de maneira que agora é o processo de
produção que controla os trabalhadores. Segundo o autor, a degradação do trabalho
transforma a classe trabalhadora em fator de produção como um instrumento do capital, pois é
fundamental que o controle do processo de trabalho seja transferido dos trabalhadores para os
capitalistas, ou seja, afirma: apresentar-se na história como alienação progressiva dos
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processos de produção do trabalhador, sendo repugnante para as vítimas, pois viola as
condições humanas do trabalho.
O aparecimento de novos processos de produção juntamente com a degradação do
trabalho traz intrínsecos riscos à saúde dos trabalhadores, agentes envolvidos diretamente
nesse processo. Neste artigo foram analisadas as condições de trabalho às quais os
carregadores portuários do Porto de Manaus estão submetidos e o impacto da ausência do uso
dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) na saúde desses indivíduos. Porém, não tem
como não correlacionar o estudo da ergonomia com os acidentes de trabalho, haja vista que
tais eventos foram os propulsores dos estudos sobre ergonomia.
A definição mais antiga de ergonomia é dada pela Ergonomics Society da Inglaterra:
Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento,
ambiente e particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e
psicologia na solução dos problemas que surgem desse relacionamento. No Brasil, a
Associação Brasileira de Ergonomia adota a seguinte definição: Entende-se por ergonomia o
estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando
intervenções e projetos que visem melhorar de forma integrada e não-dissociada, a segurança,
o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas.
2. DEFINIÇÕES DE ERGONOMIA E SISTEMATIZAÇÃO
Laville (1977) como o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e
necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados
com o máximo de conforto, segurança e eficiência. No âmbito internacional, a International
Ergonomics Association, aprovou uma definição em 2000, conceituando a ergonomia e suas
especializações: Ergonomia (ou Fatores Humanos) é a disciplina científica que estuda as
interações entre os seres humanos e outros elementos do sistema, e a profissão que aplica
teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visem otimizar o bem estar humano e o
desempenho global de sistemas. Iida (2005), define certas características do sistema:
Ergonomia Física: Ocupa-se das características da anatomia humana,
antropometria, fisiologia e biomecânica, relacionados com a atividade física. Os
tópicos relevantes incluem a postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos
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repetitivos, distúrbios músculos-esqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de
postos de trabalho, segurança e saúde do trabalhador (BRITO, 2000).
Ergonomia Cognitiva: Ocupa-se dos processos mentais, como a percepção, memória
raciocínio e resposta motora, relacionados com as interações entre pessoas e outros
elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem a carga mental, tomada de
decisões, interação homem-computador, estresse e treinamento.
Ergonomia organizacional: Ocupa-se da otimização dos sistemas sócio-técnicos,
abrangendo as estruturas organizacionais, políticas e processos. Os tópicos relevantes
incluem comunicações, projeto de trabalho, programação do trabalho em grupo,
projeto participativo, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em
rede, tele trabalho e gestão da qualidade.
A ergonomia segundo Couto (1995) é um conjunto de ciências e tecnologias que
procura a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano e o seu trabalho, basicamente
procurando adaptar as condições de trabalho às características do ser humano. Assim, pode-se
considerar que a história da ergonomia refletiu as mudanças e anseios da sociedade e
extrapolou o seu campo de interesse para além dos trabalhadores no sistema produtivo para
incorporar o usuário comum, o idoso, as crianças e as pessoas portadoras de deficiência.
Couto (2002), a ergonomia brasileira surgiu a partir da difusão da ergonomia a nível
internacional e desde então passou a ocupar um destaque no cenário internacional,
particularmente no âmbito latino-americano.
3. LEVANTAMENTO DOS DADOS E DISCUSSÕES
3.1. DADOS GERAIS
O ambiente da pesquisa foi o Porto de Manaus. Para a obtenção dos dados de campo
foram aplicados 25 (vinte e cinco) questionários aos carregadores portuários, o
correspondente a 41,7% do total de carregadores e 1 (um) ao administrador do porto. Os
resultados da pesquisa demonstraram que no local trabalham diariamente 20 a 60
carregadores. Quanto à naturalidade das pessoas pesquisadas, verificou-se que 92% é natural
da cidade de Manaus e 8% vieram de outros lugares, Gráfico 1. No porto diariamente
trafegam em média 85 veículos e 15 barcos, movimentando aproximadamente 2.500 volumes
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o equivalente a 50 toneladas de produtos variados. Quanto à faixa etária, a amostra estudada
apresentou a seguinte distribuição: 16,7% tem entre 20 e 25 anos; 25% entre 26 e 30 anos;
29,2% entre 31 e 40 anos; 20,8% entre 41 e 50 anos e 8,3% tem mais de 50 anos de idade,
Gráfico 2.
3.2. ANÁLISE DA TAREFA
Com relação ao tempo em que trabalha como carregador, verificou-se que 25% tem
entre 1 e 3 anos; 12,5% entre 4 e 6 anos; 12,5% entre 7 e 9 anos; 12,5% entre 10 e 12 anos;
25% entre 13 e 15 anos e 12,5% trabalham a mais de 16 anos, Gráfico 3. Os resultados da
pesquisa mostraram que os carregadores portuários da área estudada trabalham em média:
12,5% de 2 a 4 dias por semana; 16,7% de 5 a 6 dias por semana e 70,8% trabalham os sete
dias da semana, Gráfico 4.
Gráfico1: Naturalidades dos carregadores
portuários
Gráfico 2: Distribuição da população
pesquisada por faixa etária.
Gráfico 3: Tempo em que os
trabalhadores trabalham como carregador
Gráfico 4: Dias que os Carregadores
portuários do
Porto de Manaus trabalham durante a semana.
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Com relação à renda per capta/semana foi verificado o seguinte: 29,2% ganham entre
R$ 50,00 a 100,00; 37,5% entre R$ 101,00 a 200,00; 29,2% entre R$ 210,00 a 300,00 e 4,1%
mais do que R$ 300,00, Gráfico 5.
Os resultados da pesquisa mostraram que os trabalhadores portuários do Porto de
Manaus, fazem transporte manual de carga. Neste item foi observado que os mesmos
transportam diariamente: 33,3% de 1 a 20 volumes; 29,2% de 21 a 50 volumes; 16,7% de 51 a
100 volumes; 8,3% de 101 a 150 volumes e 12,5% transportam mais de 150 volumes, Gráfico
6 e Figura 3.
Gráfico 6: Média de volumes transportados
diariamente pelos carregadores
Figura 3: Total de volumes a ser
manuseado pelos carregadores.
Gráfico 5: Renda per capta/semana dos carregadores portuários do Porto
de Manaus.
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Com relação à média de peso por volume transportado pelos carregadores portuário,
verificou-se que: 8,3% transportam volumes com peso entre 10 a 20 kg; 29,2% entre 21 a 30
kg; 33,3% entre 31 a 40 kg; 20,8% entre 41 a 50 kg e 8,3% mais de 50 kg/volume, Figura 7 e
Figura 3.
Buscou-se verificar junto aos entrevistados se os mesmos já haviam recebido algum
tipo de orientação quanto ao limite de peso a ser transportado e o resultado obtido foi: 87,5%
responderam que não e 12,5% responderem que sim, Gráfico 8. Quanto ao uso de
equipamentos de proteção individual EPI’s verificou-se que 100% dos entrevistados não usam
e não receberam nenhum tipo de orientação quanto à obrigatoriedade uso destes, neste item
foi verificado no local que todos os carregadores não faziam uso dos EPI’s o que comprova os
resultados obtidos na estatística dos questionários aplicados, Figura 4.
Gráfico 7: Média de peso/volumes
transportados diariamente pelos os
carregadores portuários do Porto de Coari.
Figura 4: Transporte manual de
carga, peso médio transportado 32
kg.
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Foi levanto junto aos entrevistados, se os mesmos já haviam sofrido algum tipo de
acidente, responderam que sim 20,8% e não 79,2%. Do total que responderam sim, o
acidentado informou que teve como resultado do acidente parte de seu corpo com lesão, na
qual foi obtida a seguinte distribuição: 40% responderam que lesionaram os pés; 20%
machucaram os dedos das mãos; 20% caíram entre o barco e a balsa machucando o tórax e
20% torceu o pé, conforme o Gráfico 9 e às Figuras 6 e 7.
Segundo os resultados da pesquisa, do total de entrevistados, 62,5% nunca sentiram
nenhum tipo de dor ao passo que 37,5% já sofreram ou sofrem com algum tipo. Do total
acometido pela dor 25% sofrem com dor na coluna, 4,2% dor nas costas, 4,2% dor na costela
e 4,1% cãibra, Gráfico 10. Ao analisar as conseqüências das dores, verificou-se que 25% dos
que sofrem com dores na coluna, trabalham entre 14 e 20 anos como carregadores portuários
e manuseiam em média de 50 a 300 volumes diariamente. Quanto ao tempo em que a dor vem
se manifestando foi obtido que: em 16,7% a dor se manifesta há dias; 12,5% há meses e 4,2%
há anos, estas condições associada à má postura (Figura 7 e 8) favorecem a manifestação de
lombalgias nesses trabalhadores.
Gráfico 8: Recebimento de orientações
quanto
ao limite de peso.
Figura 5: Carregadores portuários
trabalhando sem EPIs.
Gráfico 9: Distribuição de acidentes
sofridos
pelos carregadores portuários do Porto de
Manaus.
Figura 6: Carregadores portuários
trabalhando sem EPI’s, com grande risco
de lesão por pregos e madeira.
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Verificou-se também que a dor se manifesta conforme a distribuição a seguir: 37,5%
pela manhã; 25% no período da tarde e 37,5% durante a noite, Gráfico 11. Perguntado se a
dor tem relação com o trabalho desenvolvido, o resultado foi: 66,7% disseram que sim e
33,3% responderam que não. Segundo 44,4% dos entrevistados a dor aparece logo no inicio
das atividades, 33,3% após algumas horas de trabalho e 22,3% no final da jornada laboral,
Gráfico 12.
Gráfico 10: Local do corpo dos carregadores
portuários onde a dor aparece.
Figura 7: Postura incorreta dos
trabalhadores portuários.
Figura 8: Local do corpo dos carregadores portuários onde a dor
aparece.
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Quanto à manifestação da dor, 25% responderam que a mesma ocorre de forma
espontânea e 75% disseram que a mesma inicia durante a realização de tarefas a qual exige
movimentos repetitivos. Com relação à intensidade da dor foi obtido o seguinte resultado:
22,2% responderam que a dor se manifesta com intensidade fraca; 55,6% com intensidade
média e 22,2% com intensidade forte, Gráfico 13. Do total de entrevistados, 50%
responderam que a dor tem duração fugaz; 40% que a mesma se manifesta de forma constante
e 10% de maneira intermitente, Gráfico 14.
3.3. CONDIÇÕES AMBIENTAIS
Verificou-se durante a pesquisa que a área estudada apresenta um nível de ruído
elevado, fato esse comprovado por 52,5% dos entrevistados, os quais responderam que o
ambiente de trabalho é muito barulhento. 26% disseram que o ruído perturba e tira a atenção,
contribuindo assim, para a ocorrência de incidente ou acidente do trabalho. Durante o
desenvolvimento da pesquisa, foi constado que os trabalhadores estão submetidos a elevadas
temperaturas, incidências de radiações solares, poeiras, gases e outros riscos ambientais já
tratados anteriormente, conforme a Figura 9, 10 e 11.
Gráfico 11: Período em que a dor se
manifesta.
Gráfico 12: Momento em que a dor
aparece
Gráfico 13: Intensidade da dor
Gráfico 14: Duração da dor
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4. RESULTADOS COLETADOS
Os resultados obtidos no decorrer do estudo se devem à metodologia a qual se mostrou
uma ferramenta de fundamental importância na busca dos dados necessários para o sucesso
alcançado. Durante o estudo pode-se verificar uma série de riscos ambientais que podem
acarretar danos a saúde humana, destacando entre eles: os riscos físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e mecânicos (riscos de acidentes). Pela a NR – 9 e a Portaria nº 3214/78, esses
riscos pode comprometer a saúde do trabalhador em função de sua natureza, concentração ou
intensidade e pelo o tempo de exposição.
Figura 9: Condições ambientais dos
trabalhadores dos portuários. Figura 10: Exposição do carregador a
radiação solar.
Figura 11: Exposição do carregador a radiação
solar.
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Riscos físicos: Dentre os riscos físicos destacaram-se: níveis de ruído e temperatura. O
ruído é uma mistura de vibrações sonoras com freqüência e pressões desordenadas. Neste
sentido, em função do elevado tráfego de veículos, barcos, lanchas, motores e aglomerado de
pessoas, figura 3, contribui para o elevado nível de ruído no local estudado, fato este
confirmado por 52,5% dos entrevistados, os quais responderam que o ambiente de trabalho é
muito barulhento. Dos 26% dos entrevistados disseram que o ruído perturba e tira a atenção,
contribuindo assim, para a ocorrência de incidente ou acidente do trabalho. Isso se deve ao
fato do ruído causar a perda de audição, diminuir o rendimento e por em risco a saúde do
trabalhador, pois é este um fator responsável por vários distúrbios orgânicos.
Temperatura: Várias são as atividades profissionais que, em função de sua natureza,
geografia e clima em que são realizadas, oferecem aos trabalhadores condições ambientais de
temperaturas hostis ao organismo humano, destacando a desidratação, ou seja, a perda
excessiva de líquidos do organismo que pode provocar a redução do volume de sangue,
distúrbios celulares, uremia e morte. Os resultados da pesquisa mostraram que 4,1% dos
entrevistados sofrem com a Cãibra, este problema provavelmente poderá ser provocado pela a
exposição dos mesmos ao ambiente externo onde ficam expostas as radiações solares e ao
porão dos barcos figuras 8 e 9, que associado ao esforço físico contribuirá para a perda
excessiva de cloreto de sódio pelos os músculos em situação de sudorese intensa.
Riscos químicos: É toda substância orgânica e inorgânica natural ou sintética que
durante sua fabricação, manuseio, transporte e utilização, podem incorporar-se ao ar ambiente
em forma de aerodispersóides, gases, vapores, com efeitos irritantes, corrosivos, tóxicos,
asfixiantes e que podem comprometer a saúde dos trabalhadores. Neste contexto pode-se
verificar que na área estudada os carregadores portuários estão em contato com os
aerodispersóides sólidos como: poeiras e líquidos como: névoas e neblinas, assim como, gases
destacando-se os monóxidos de carbono eliminados durante a combustão dos motores dos
veículos, barcos, lanchas etc.
Também foi detectado que os carregadores portuários manuseiam produtos os quais
contém substâncias tóxicas, destacando entre elas galões de tinta entre outros, Figura 12.
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Riscos ergonômicos: Foram verificados no decorrer da pesquisa riscos ergonômicos
como: postura incorreta, posições incorretas, trabalho físico pesado, jornada prolongado. Este
fato se deve ao grande volume de produtos são transportados diariamente pelos carregadores
portuários conforme a distribuição a seguir: 33,3% de 1 a 20 volumes; 29,2% de 21 a 50
volumes; 16,7% de 51 a 100 volumes; 8,3% de 101 a 150 volumes e 12,5% transportam mais
de 150 volumes. Com relação à média de peso por volume transportado pelos carregadores
portuários, verificou-se que: 8,3% transportam volumes com peso entre 10 a 20 kg; 29,2%
entre 21 a 30 kg; 33,3% entre 31 a 40 kg; 20,8% entre 41 a 50 kg e 8,3% mais de 50
kg/volume.
Os riscos ergonômicos, quando não são eliminados ou aplicados os fundamentos da
ergonomia podem causar no trabalhador as seguintes conseqüências: cansaço, fraqueza,
fadiga, dores musculares e doenças. Alguns desses sintomas foram detectados no decorrer da
pesquisa, onde 37,5% dos entrevistados já sofreram ou sofrem com algum tipo de dor. Do
total acometido pela dor 25% sofrem com dor na coluna, 4,2% dor nas costas, 4,2% dor na
costela e 4,1% cãibra.
Neste sentido conclui-se que os carregadores portuários pesquisados vêm
apresentando um quadro tendendo ao desenvolvimento de lombalgias, doença essa que ataca
as pessoas que forçam a coluna faz movimentos penosos para as costas.
Riscos de acidente: Ao longo da pesquisa foram detectados vários atos inseguros e
várias condições inseguras.
Atos inseguros: É o tipo de procedimento que possibilita a ocorrência do acidente,
procedimento esse verificado no decorrer da pesquisa, Figuras 6 e 7.
Figura 12: Exposição do carregador às
substâncias (galões de tintas).
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Condição insegura: São as situações materiais irregulares, sejam físicas ou
mecânicas, as quais facilitam a ocorrência de acidentes, ou seja, qualquer perigo físico
ou mecânico existente no local de trabalho como: condutores elétricos desencapados,
escadas quebradas ou mal construídas, buraco no piso, ferramenta em mal estado, falta
de proteção nas máquinas, má iluminação, entre outros, Figuras 6, 7, 10, 11 e 12.
5. CONCLUSÕES
Pelo o exposto, conclui-se que, para reverter o quadro ora existente, deve-se a
princípio fazer um recadastramento de todos os carregadores portuários que prestam serviços
no local, após o levantamento, os mesmos devem passar por um processo de treinamento
quanto à importância do uso de equipamentos de proteção individual EPI’s, assim como,
quanto ao limite de peso, postura correta entre outros. Essa capacitação tem como objetivo
eliminar os atos inseguros, alertar quanto às condições inseguras e conscientizar os
trabalhadores a respeito da obrigatoriedade do uso dos equipamentos de proteção individual
EPI’s. Em atendimento a NR 29, se faz necessário instituir o Serviço Especializado e
Segurança e Saúde do Trabalhador Portuário SESSTP e a Comissão de Prevenção de
Acidentes no Trabalho Portuário CPATP. Pelo o quadro I (dimensionamento mínimo do
SESSTP) da referida NR, o SESSTP a ser instituído deve constar de 01 (um) Técnico de
Segurança do Trabalho e 01 (um) Auxiliar de Enfermagem do Trabalho, enquanto que a
CPATP deve ser formada conforme o quadro II (dimensionamento da CPATP). Neste caso,
na composição da mesma deve constar de 01(um) representante titular do empregador e 01
(um) representante titular dos trabalhadores. Pode-se através deste artigo visualizar uma
possibilidade de se obter as seguintes medidas de segurança:
Figura 13: Carregador no interior do mercado, com deficiência de
iluminação.
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A administração do Porto de Manaus disponha de um regulamento interno que
discipline a rota de tráfego de veículos, equipamentos, motociclistas e
pedestres, bem como a movimentação de cargas no cais, plataformas, pátios,
estacionamentos, armazenagem e demais espaços operacionais.
Os veículos automotores que trafeguem ou estacionam na área do porto e ou
instalações portuárias devem possuir sinalização sonora e luminosa adequada
para as manobras de marcha-a-ré.
As vias de trânsito de veículos ou pessoas nos recintos e áreas portuárias, com
especial atenção na faixa primária (área alfandegada para a movimentação ou
armazenagem de cargas destinadas ou provenientes do transporte aquaviário)
do porto, em plataformas, rampas, armazéns e pátios devem ser sinalizadas,
aplicando-se o Código Nacional de Trânsito do Ministério da Justiça e NR-26
Sinalizações de Segurança no que couber.
Os porões, passagens de trabalhadores e demais locais de operação, devem ser
mantidos com níveis adequados de iluminamento, obedecendo ao que
estabelece a NR 17 (Ergonomia). Não sendo permitidos níveis inferiores a 50
lux.
REFERÊNCIAS
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Século XX. 3ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1987.
BRITO, J. C. Enfoque De Gênero E Relação Saúde/Trabalho no Contexto de
Reestruturação Produtiva e Precarização do Trabalho. Caderno de Saúde Pública. Rio de
Janeiro – 2000.
COUTO. H. A. Como Implantar Ergonomia na Empresa: A Prática Dos Comitês De
Ergonomia. Belo Horizonte: Ergo, 2002.
_________Ergonomia Aplicada ao trabalho o Manual Técnica da Máquina Humana –
Vol 1. Editora Ergo Ltda, São Paulo,1995.
IIDA. ITIRO. Projeto e Produção. Editora Edgard Blucher. São Paulo. SP. 2005.
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GRANDJEAN, Etienne. Manual de Ergonomia Adaptando o Trabalho ao Homem.
Bookman. Porto Alegre, 1998.
LAVILLE. A. Ergonomia. São Paulo. EPU. Ed. da USP, 1977.
LIMA, Francisco de Paula Antunes; SAMOHYL, Robert Wayne. Determinantes da
Insegurança no Trabalho. Ensaios FEE, Porto Alegre, v. 1, n. 7, p. 179-196, 1986.
LOPES, José Carlos Cacau. A Voz Do Dono e o Dono Da Voz: Trabalho, Saúde e
Cidadania no Cotidiano Fabril. São Paulo: Hucitec, 2000.
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