5/7/2018 António José Saraiva, A Cultura em Portugal - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/antonio-jose-saraiva-a-cultura-em-portugal 1/10
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Nome: Ana Sofia Ribeiro SantosDisciplina: Literatura Portuguesa MedievalData de Entrega: 13-12-1007
5/7/2018 António José Saraiva, A Cultura em Portugal - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/antonio-jose-saraiva-a-cultura-em-portugal 2/10
A Cultura Em Portugal
Índice
• Introdução..............................................................................p. 2
•Desenvolvimento.....................................................................p. 3 a 7
Autor.................................p.3
Livro..................................p. 4 a 7
•Conclusão................................................................................p. 8
•Bibliografia...............................................................................p. 9
Página 2 de 10
5/7/2018 António José Saraiva, A Cultura em Portugal - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/antonio-jose-saraiva-a-cultura-em-portugal 3/10
A Cultura Em Portugal
Introdução
O presente trabalho, baseado na obra A Cultura Em Portugal de António
José Saraiva, tem como finalidade abordar os temas que mais se relacionamcom a Idade Média. Neste sentido, os acontecimentos referidos ao longo do
trabalho serão aqueles que decorreram desde o início da formação do Reino
Português até ao século XIV. Num primeiro momento faz-se a apresentação do
autor, referem-se os momentos mais importantes da sua vida e carreira. De
seguida, abordam-se aspectos da formação da Nação Portuguesa, da língua,
da personalidade cultural dos portugueses e das diferentes épocas da nossa
cultura.Não posso deixar de referir que aquilo de que mais gostei ao elaborar o
trabalho foram as justificações históricas e cientificas dadas pelo autor para
temas como a língua portuguesa e a personalidade cultural de todos nós.
Página 3 de 10
5/7/2018 António José Saraiva, A Cultura em Portugal - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/antonio-jose-saraiva-a-cultura-em-portugal 4/10
A Cultura Em Portugal
Desenvolvimento
O autor
António José Saraiva, escritor, ensaísta, crítico e historiador de
Literatura Portuguesa, nasceu em Leiria a 31 de Dezembro de 1917. AntónioJosé Saraiva sempre considerou como seu irmão predilecto José Hermano
Saraiva, sendo conhecidas as suas divergências políticas (António José foi
militante do Partido Comunista Português e José Hermano, Ministro da
Educação do Estado Novo). António J. Saraiva estudou em Lisboa, tendo-se
doutorado em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa com a tese “Gil Vicente e o Fim do Teatro Medieval”, em 1942. Foi
nesta passagem pela faculdade que conheceu Óscar Lopes (1940); ambosfaziam estágio pedagógico no liceu Pedro Nunes. Viriam a escrever, treze anos
depois, em 1953, a História da Literatura Portuguesa.
António José Saraiva leccionou no liceu Passos Manuel e casou com
uma aluna da mesma idade. Da relação nasceram 3 filhos: António Manuel,
arquitecto paisagista; José António, director do jornal “Sol” e Pedro António.
Entre 1946 e 1949 leccionou em Viana do Castelo, sendo demitido por apoiar a
candidatura do general Norton Matos. António José Saraiva rejeitava a figura
de Salazar, tendo sido várias vezes interpelado pela PIDE e tendo mesmo
chegado a ser preso. Em 1960 emigra como exilado para França onde foi
bolseiro do Collège de France. Um ano depois, será investigador no Centre
National de la Recherche Cientifique, na secção de História Moderna. Viu o
Maio de 68 como algo misterioso e sem qualquer motivação prática: “os
estudantes não queriam melhores aulas nem queriam melhores cursos, nem
queriam mais nada: queriam manifestar-se, queriam rebentar, estavam fartos
da sociedade”. De Paris partiu para a Holanda, para o cargo de professor
catedrático da Universidade de Amesterdão. Volta a Portugal após a Revolução
de 25 de Abril de 1974, para o cargo de professor catedrático da Universidade
Nova de Lisboa e mais tarde para a Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa.
De António José Saraiva ficou-nos a sua vasta obra, da qual se
destacam A Cultura em Portugal, História da Literatura Portuguesa... Porém,
Página 4 de 10
5/7/2018 António José Saraiva, A Cultura em Portugal - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/antonio-jose-saraiva-a-cultura-em-portugal 5/10
A Cultura Em Portugal
ficou-nos também um espírito rebelde, inconformista e explosivo. Faleceu a 17
de Março de 1993, com 76 anos de idade, vítima de doença prolongada.
O livroO primeiro capítulo da obra remete para os inícios da formação do Reino
Português. A costa ocidental da Península Ibérica era considerada o finis
terrae −o fim do mundo. Na verdade o litoral ocidental da península era ainda
um mundo por descobrir. Com o objectivo de distinguir áreas culturais antigas,
Jorge Dias, no estudo sobre Os Arados Portugueses, apresentou um mapa de
distribuição dos tipos de arado existentes na Península. A zona interior até ao
Tejo apresenta o “arado radial”, simples e primitivo, conhecido dos romanos;era indicado para a cultura do centeio. Na zona ao sul do Tejo verifica-se a
existência do “arado de garganta”, um pouco mais complexo e utilizado na
cultura do trigo. Na zona litoral predominava o “arado quadrangular”, o mais
complicado de todos. Este último era o arado do milho e ficou conhecido por
“arado suevo”. Este mapa mostra que as regiões do Litoral até ao Tejo estavam
mais predispostas à inovação técnica aceitando um arado mais evoluído. Já na
região montanhosa do país vigorava o arado mais primitivo que se conhece.
Assim, o Noroeste montanhoso é entendido como uma região cultural una e
isolada. O interesse de todas estas considerações está em ajudar-nos a
entender as actuais 3 grandes zonas do território português: o Litoral até ao
Tejo (onde se encontram as principais cidades −Porto e Lisboa), o Além-Tejo e
o Portugal Interior.
O que hoje conhecemos por Gaia foi, em tempos, um povoado,
Portucale. De facto os livros de linhagens do século XIII referem um rei mouro
de Gaia que raptou a mulher do rei Ramiro que, segundo a lenda, mata o rei
mouro e a mulher que o tinha atraiçoado. A primeira referência à «província
portugalense» encontra-se num documento leonês de 841, contudo a sua
veracidade é duvidosa. Sabe-se que, no século XI, a zona dos combates da
reconquista ia do Douro até Coimbra e também, horizontalmente, ao longo do
rio Mondego excedendo Viseu. Estes factos são conhecidos , pois Afonso V de
Leão, em 1029, morreu nesta cidade, como comprova a sua lápide funerária
(«apud Viseum in Portugal»).
Página 5 de 10
5/7/2018 António José Saraiva, A Cultura em Portugal - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/antonio-jose-saraiva-a-cultura-em-portugal 6/10
A Cultura Em Portugal
A independência do território relativamente a Castela deveu-se à guerra
civil entre D. Afonso Henriques e sua mãe D. Teresa que culminou com a
coroação do jovem infante através de um movimento regional. O litígio decidiu-
se numa batalha nos arredores de Guimarães, em que D. Teresa e o Conde
galego Fernão Peres de Trava foram vencidos (1128). Afonso Henriques
começou a usar o título de rei alguns anos depois. A capital fixou-se em
Coimbra e foi também nesta cidade que se fundou o Mosteiro de Santa Cruz
(1131). Relembre-se que a fundação de mosteiros e igrejas era uma boa forma
de fixar população na região e de garantir que o território não voltava a ser
conquistado pelos mouros. A formação do reino deriva da junção de duas
partes diferentes: uma galega e outra moçárabe, concentrada em Coimbra.
Lisboa possuía população muçulmana e moçárabe. Sabe-se que também em
Santarém existiram moçárabes. Durante a reconquista os mouros, quando
conseguiam escapar à morte, eram feitos escravos a título de prisioneiros de
guerra. António Saraiva diz-nos que a regra da reconquista foi “ocupar as
propriedades dos mouros e servirem-se os cristãos das pessoas deles” (p. 33).
Contudo, ao lado de mouros servos existiam também mouros forros. Sabe-se
que D. Afonso Henriques, em 1170, passou uma carta de garantia aos mouros
forros contra as «injustas perseguições».
O segundo capítulo ocupa-se da língua portuguesa. O português surge
entre os séculos IX e XI. Nesta fase, o português e o galego estão ainda muito
próximos, distinguindo-se por completo das restantes línguas neolatinas.
Segundo o autor, o português possui “caracteres muito próprios e originais” (p.
46). Tal verifica-se pela fonética e por alguns traços gramaticais que a
distinguem das línguas irmãs. Neste sentido, é uma língua inovadora; mas
também conservadora, devido à conservação de vogais tónicas latinas (ex:
“novem”, em Português, nove). Ramón Pidal afirma que alguns fenómenos da
língua portuguesa só podem ser explicados pela existência de um substracto
local; assim, o português seria o resultado da latinização de “tribos indígenas”.
Em Lisboa, por exemplo, falava-se moçárabe, o que está evidente na
toponímia: “Fontanelas”, “Barcarena”, que conservam o “n” e o “l”
intervocálicos. A influência do substracto germânico fez-se sentir em
designações bélicas, como por exemplo, guerra, “werr” em Germano. Osubstracto Árabe ficou assinalado, sobretudo, por um vocabulário relativo a
Página 6 de 10
5/7/2018 António José Saraiva, A Cultura em Portugal - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/antonio-jose-saraiva-a-cultura-em-portugal 7/10
A Cultura Em Portugal
artes e ofícios. A escrita do português surgiu no século XIII. O mais antigo
testamento escrito e português é o de Afonso II (1214).
O terceiro capítulo faz uma análise da personalidade Cultural
Portuguesa. O espaço linguístico do galego-português foi amputado por forças
militares. Todavia, a esta amputação política não correspondeu uma
amputação cultural: a Galiza continua a ter mais afinidades com o Minho do
que com o lado castelhano. “A consciência nacional formou-se por oposição a
dois inimigos fronteiriços: os Mouros e Castela” (p. 80). A obra aponta como
uma feição da personalidade cultural portuguesa o sentimento de isolamento −
de um lado, o oceano, de outro, Castela (um deserto). Nesta altura, o mar era
inavegável e Castela um deserto; por isso, Portugal seria um género de ilha ou
oásis. A «saudade» não é, certamente, um sentimento exclusivamente
português, contudo é um termo inexistente noutras línguas e intraduzível, como
aliás verificou o rei D. Duarte. A Crónica da Tomada de Ceuta coloca
igualmente em evidência a palavra «soidade», sendo que a palavra também já
se encontra nos cancioneiros dos séculos XIII e XIV.
O humor português vai desde a chacota à auto-ironia. Os alvos da
chacota seriam aqueles que tentavam sobressair do comum, veja-se o exemplo
das cantigas de escárnio e mal dizer. Um outro aspecto da personalidade
cultural portuguesa é a religião. Façamos uma análise comparativa entre
Portugal e Espanha: ambos lutaram contra os muçulmanos, ambos
exterminaram o judaísmo, tiveram a inquisição e espalharam a fé católica.
Contudo, o cristianismo espanhol apresenta um Cristo mais rígido que o
português. Como diz Guerra Junqueiro “ o Cristo português brinca com os
camponeses pelos campos” (p. 87).
No quarto capítulo da obra, o último a ser aqui analisado, o autor
distingue três épocas na cultura portuguesa: a dos cavaleiros, a dos clérigos e
a dos mercadores. Esta distinção tem como fim saber qual o grupo que, numa
determinada época, conseguiu impor os seus modelos, padrões, valores e
símbolos à restante população. Desde a época da conquista do território até ao
século XIII, o grupo mais activo da população são os cavaleiros. Durante este
período, as decisões de maior importância estavam a cargo dos cavaleiros, a
própria economia dependia deles, visto que, em parte, era baseada no saque,estava profundamente orientada para a guerra. Ainda que os chefes de guerra
Página 7 de 10
5/7/2018 António José Saraiva, A Cultura em Portugal - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/antonio-jose-saraiva-a-cultura-em-portugal 8/10
A Cultura Em Portugal
fossem hereditários, a casta dos fidalgos não era absolutamente intocável, uma
vez que ao lado destes havia ainda os cavaleiros vilãos e também os
aventureiros, que A. Saraiva define como “chefes de bando e guerrilha, que em
condições favoráveis ingressavam na casta por mérito próprio” (p. 118). No que
toca à época dos clérigos não é tão simples traçar limites cronológicos, mas
sabe-se que o Clero deixa de existir como pólo cultural independente no século
XV. De facto, a organização religiosa da Península é anterior à fundação do
reino. Muitos dos clérigos eram Nobres. As funções desempenhadas por este
grupo eram várias: eram os doutrinários e os doutrinadores, desempenhavam
um papel importante na diplomacia, na burocracia e na tesouraria. Era habitual
que durante a Idade Média existissem clérigos a comandar exércitos. Os livros
de linhagens defendem como valores guerreiros a valentia física, a fidelidade
ao senhor e a generosidade gratuita. Os clérigos tinham-se como “herdeiros
dos letrados e burocratas do Império, os domesticadores de bárbaros” (p. 120,
121). Julga-se que, numa primeira fase, a comunicação do clero com o povo
era mais complicada do que a dos cavaleiros, visto que os últimos
preconizavam uma cultura oral e tradicional, ao passo que os clérigos
prezavam a cultura escrita. Aquando do nascimento do Reino de Portugal
instalava-se, vinda de França, a reforma eclesiástica de Cluny que aboliu a
tradição hispânica, de tal forma, que os principais bispos de Portugal eram
franceses ou nórdicos. Nos séculos XIII e XIV, a distância entre o clero e o
povo está muito atenuada, devido à introdução das ordens religiosas
mendicantes −Dominicanos e Franciscanos. A partir do século XV a corte está
no centro das atenções. A corte muitas vezes assimilava os filhos dos
mercadores, que frequentemente adquiriam carta de Nobreza. No século XV os
mercadores são já um grupo muito importante economicamente. É o Marquês
de Pombal quem dá à classe dos mercadores uma feição dominante. Os
mercadores tornam-se a classe mais útil e nobre da nação. Na opinião de
António José Saraiva, os mercadores não foram bem recebidos num país em
que a economia rural de subsistência continuava a predominar.
Página 8 de 10
5/7/2018 António José Saraiva, A Cultura em Portugal - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/antonio-jose-saraiva-a-cultura-em-portugal 9/10
A Cultura Em Portugal
Conclusão
Em jeito de resumo refira-se que Portugal é um país com uma
história demasiado extensa e complexa para que alguma situação ouacontecimento possa ser descrito e analisado de forma superficial. O
que António José Saraiva transmite aos seus leitores é toda essa carga
histórica imanente a Portugal, que não pode ser ignorada. Desde a
língua aos traços culturais da personalidade, tudo tem uma razão
histórica, tudo tem uma explicação relacionada com os inícios da
formação do reino português. Aliás a consciência deste princípio leva a
que em Portugal existam ou tenham existido grandes historiadores comoJoão de Barros, Oliveira Martins, por exemplo. Dar importância à
historiografia é ter consciência da nacionalidade.
Página 9 de 10