FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
TRABALHO FINAL DO 6º ANO MÉDICO COM VISTA À ATRIBUIÇÃO DO
GRAU DE MESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE ESTUDOS DE MESTRADO
INTEGRADO EM MEDICINA
CARLOS ALEXANDRE DE SEIÇA CARDOSO
REVÊ E AVALIA-TE - IMPLEMENTAÇÃO DE UMA
CHECKLIST NUMA UNIDADE DE CUIDADOS
INTENSIVOS PEDIÁTRICOS ARTIGO CIENTÍFICO
ÁREA CIENTÍFICA DE PEDIATRIA
TRABALHO REALIZADO SOB A ORIENTAÇÃO DE:
DR.ª CARLA PINTO
PROFESSORA DOUTORA GUIOMAR DE OLIVEIRA
MARÇO/2015
ÍNDICE
Lista de abreviaturas 2
Título e Afiliação 3
Resumo 4
Abstract 6
Introdução 8
Material e Métodos 10
Resultados 13
Discussão 18
Conclusões 24
Agradecimentos 25
Referências bibliográficas 26
2
LISTA DE ABREVIATURAS
UCI – Unidade de cuidados intensivos
UCIP – Unidade de cuidados intensivos pediátricos
PPreC – Período pré-implementação da Checklist
PPosC – Período pós-implementação da Checklist
CIPE – Serviço de Cuidados Intensivos do Hospital Pediátrico
HP – CHUC, EPE – Hospital Pediátrico – Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra,
Entidade Pública Empresarial
ICS – CC – Infecções da corrente sanguínea associadas a cateter central
VC – Volume corrente
FiO2 – Fracção de injecção de oxigénio
EPC – Cateter epicutâneo-cava
CVC – Cateter venoso central
CVU – Cateter venoso umbilical
CAU – Cateter arterial umbilical
TVP – Trombose venosa profunda
B-ICU.Care – Sistema de informação clínica instalado no CIPE (B-ICU da BSimple®)
3
REVÊ E AVALIA-TE – Implementação de uma Checklist num Serviço de Cuidados
Intensivos Pediátricos
Carlos Cardoso1 Carla Pinto
2,3 Guiomar de Oliveira
4,5
1- Aluno da Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra, Portugal
2- Assistente Convidada a tempo parcial da Faculdade de Medicina, Universidade de
Coimbra, Portugal
3- Assistente de Pediatria Médica no CIPE – HP – CHUC, EPE
4- Professora Associada da Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra, Portugal
5- Assistente Graduada de Pediatria Médica do Serviço do Centro de Desenvolvimento HP –
CHUC, EPE
4
RESUMO
Introdução: Nas unidades de cuidados intensivos a necessidade de transmitir grandes
quantidades de informação de forma rigorosa é crítica e a forma como essa transmissão é
realizada tem impacto nos resultados da unidade. A utilização de Checklists tipo mnemónica
permite condensar grandes quantidades de informação, de fácil memorização, optimizando a
comunicação entre profissionais de saúde e contribuindo para a redução do risco de erro por
omissão.
Objectivos: Avaliar o impacto da aplicação de uma Checklist tipo mnemónica num Serviço de
Cuidados Intensivos Pediátricos.
Material e Métodos: Definiu-se a Checklist REVÊ E AVALIA-TE: RE – Resumo; V –
Ventilação mecânica; E – Entubação endotraqueal; A – Água/Alimentação; V – Vias centrais;
L – Lesões cutâneas; I – Informação social; A – Analgesia/Sedação; T – Trombose venosa
profunda.
Foram definidos dois períodos: um período pré-implementação da Checklist (PPreC) e um
período pós-implementação da Checklist (PPosC) e foram comparados relativamente a
parâmetros de registo no diário clínico, de qualidade e de efectividade.
Resultados: Foram analisados 261 diários clínicos; 129 diários no PPreC (53 crianças
internadas) e 132 diários no PPosC (69 crianças internadas).
Verificou-se uma melhoria significativa na percentagem de registo em 21 dos 27 parâmetros
definidos para a Checklist.
Verificou-se também uma melhoria significativa relativa a: TET, água/alimentação, vias
centrais, úlceras, informação social e TVP, merecendo destaque os parâmetros: posição do TET
(PPreC 4,8%; PPosC 71,4%; p<0,001), presença de cateter central (PPreC 38%; PPosC 87,1%;
p<0,001), dias de cateter (PPreC 16,9%; PPosC 78%; p<0,001), úlceras de pressão (PPreC 8%;
5
PPosC 66,7%; p<0,045), factores de risco de TVP (PPreC 0,8%; PPosC 40,9%; p<0,001) e
informação social (PPreC 1,6%; PPosC 40,9%; p<0,001).
Relativamente aos parâmetros: reposicionamento do TET e duração da analgesia/sedação não
se verificou melhoria.
Houve uma melhoria significativa na percentagem de registos com volume corrente <7ml/kg
(PPreC 70,4%; PPosC 100%; p= 0,005) e com cateter venoso central com menos de 10 dias,
atingindo 96,9% em PPosC com uma diferença entre os dois períodos de 30,2%; p=0,002.
Conclusão: Concluiu-se que a aplicação de uma Checklist permitiu uma melhoria na qualidade
do registo de informação no diário clínico e que pode ter impacto na melhoria dos cuidados de
saúde prestados num Serviço de Cuidados Intensivos Pediátricos.
Palavras chave: Checklist; Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos; Registo; Melhoria da
Qualidade.
6
ABSTRACT
Introduction: In Pediatric Intensive Care Units the nedd to accurately transmit large amounts
of information is critical and how that transmition is carried out has impacto on the unit’s
results.
The use of Checklists mnemonic like allows to condensate large amounts of information, easy
to remembre, optimizes the communication between health care providers and helps reducing
the risk of error by omission.
Objective: To evaluate application’s impact of a Checklist mnemonic like in a Paediatric
Intensive Care Unit.
Material and Methods: definition of the Checklist REVÊ E AVALIA-TE: RE - Summary; V
– Mechanical ventilation; E – Endotracheal intubation; A – Fluids/Nutrition; V – central
pathways; L – Skin lesions; I – Social information; A – Analgesia/Sedation; T – Deep Vein
Thrombosis.
Two periods were defined: a pre-implementation period (PPreC) and a post-implementation
period (PPosC) and were compared regarding recording parameters in clinical notes, quality
and effectiveness.
Results: 261 clinical notes were analyzed; 129 in PPreC (53 children admitted) and 132 in
PPosC (69 children admitted).
There was a significant improvement in the percentage of registering in 21 of the 27 parameters
of the Checklist.
There was also a significant improvement in: TET, fluid/nutrition, central catheter, ulcers,
social information and DVT, with highligh for: ET Position (4.8% PPreC; 71.4% PPosC;
p<0.001), central catheter (PPreC 38%; PPosC 87.1%; p <0.001), catheter days (16.9% PPreC;
7
78% PPosC; p<0.001), pressure ulcers (PPreC 8%; PPosC 66.7%; p<0.045), DVT risk factors
(PPreC 0.8%; PPosC 40.9%; p<0.001) and social information (1.6% PPreC; 40.9%PPosC; p
<0.001).
There were no improvment in ET repositioning and analgesia/sedation duration.
There was a significant improvement in the clinical notes regarding tidal volume<7 ml/Kg
(PPreC 70.4 % ; PPosC 100%; p=0.005 ) and central venous catheter under 10 days, reaching
96.9% in PPosC with a difference between the two periods of 30.2%; p=0.002.
The implementation of the Checklist allowed an improvement in the information’s record
quality in the clinical notes and it may have impact on improving health care in Pediatric
Intensive Care Unit.
Key words: Checklist; Paediatric Intensive Care Units; Register; Quality Improvment.
8
INTRODUÇÃO
O relatório de 1999 do Institute of Medicine define erro médico como a falha de completar uma
acção planeada ou o uso de um plano errado para atingir um objectivo.1
Para além das consequências na qualidade de vida, constitui um encargo económico passível de
ser reduzido, melhorando a gestão financeira de um país.
Em 1999, nos Estados Unidos da América, baseado em dois estudos, o Institute of Medicine
relatou que 44,000 a 98,000 mortes seriam causadas por erro médico, custando anualmente
$37.6 biliões, dos quais $17 biliões eram evitáveis.1
As UCI constituem locais onde este tema ganha ainda mais relevância pela abordagem de
doentes em estado crítico, com envolvimento sistémico, muitas vezes multiorgânico e
necessidade de uma intervenção sistematizada.2-4
Este processo exige, para além de cuidados técnicos, cuidados na gestão e passagem de grandes
quantidades de informação entre profissionais de saúde, sendo estes momentos susceptíveis de
erros que poderão ter repercussões nefastas no doente.
Em unidades de cuidados intensivos pediátricos e neonatais, foi relatada uma elevada taxa de
erros, tendo os problemas de comunicação assumido um papel muito importante.5-7
As Checklists são instrumentos importantes pela possibilidade de condensar grandes
quantidades de informação, reduzir erros de omissão e melhorar os padrões de qualidade, sendo
frequentemente usadas em áreas como a saúde, em que erros podem ter impacto na segurança e
qualidade de vida das pessoas.8-10
Além de melhorar a recolha de dados, esta ferramenta permite melhorar a comunicação, nos
mais diversos contextos, facilitando quer a eficácia de transmissão da informação, quer o rigor
com que esta é passada.
9
A utilização de uma mnemónica na Checklist permite de facilitar a memorização da mesma,
além de ajudar na padronização da comunicação.11
O Serviço de Cuidados Intensivos Pediátricos (CIPE) do Hospital Pediátrico do Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra Entidade Pública Empresarial (HP – CHUC, E.P.E)
dispõe de 12 camas (8 para cuidados intensivos e 4 para intermédios). Trata-se de um Serviço
polivalente, médico-cirúrgico de referência para a região centro e nacional para o transplante
hepático pediátrico. Neste, desenvolvem-se políticas de melhoria contínua da qualidade,
versando nomeadamente: registo de infecção associada aos cuidados de saúde e medidas de
prevenção, monitorização e prevenção de úlceras de pressão, monitorização e terapêutica
adequada da dor, modalidades de prescrição e preparação de fármacos e nutrição parenteral de
forma a evitar o erro, auditoria dos óbitos e avaliação contínua do grau de satisfação dos pais/
cuidadores.
Assim, o objectivo deste estudo é avaliar o impacto de uma Checklist tipo mnemónica na
melhoria dos cuidados no CIPE do HP nomeadamente na:
1) Qualidade dos registos no diário clínico;
2) Tradução em parâmetros de qualidade do Serviço;
3) Efectividade através do estudo de taxas de infecção da corrente sanguínea
associada a cateter central (ICS – CC), taxas de extubação acidental e taxa de úlceras de
pressão.
10
MATERIAL E MÉTODOS
Após revisão da literatura foi elaborada uma Checklist contendo alguns dos elementos
considerados mais importantes no quotidiano de uma UCIP.
Procurou-se associar esses elementos num acrónimo resultando “REVÊ E AVALIA-TE” [RE
– Resumo da história clínica; V – Ventilação; E – Entubação endotraqueal; A –
Água/Alimentação; V - Vias centrais; A – Analgesia/Sedação; L – Lesões cutâneas; I –
Informação familiar; T – Trombose venosa profunda (TVP)].
Antes da sua aplicação, foi realizada uma reunião sob a forma de acção de formação para a
equipa fixa do CIPE em que a Checklist foi apresentada e explicado o objectivo de cada ítem da
mesma.
Na Tabela 1 são apresentados os parâmetros a registar no diário clínico relativos à Checklist.
11
Tabela 1 – Lista de parâmetros da Checklist.
Resumo Resumo da história da doença actual
Lista de problemas
Ventilação Ventilação mecânica
Volume corrente
FiO2
Entubação TET
Número do TET
TET com ou sem cuff
Posição do TET
Radiografia de controlo do TET
Necessidade de reposicionamento do TET
TET oral ou nasal
Água/Alimentação Fluidos administrados nas últimas 24h
Plano de fluidos para as próximas 24h
Tipo de alimentação
Quantidade de Kcal/Kg/dia
Vias Centrais Cateter central
Localização do cateter
Lúmen do cateter
Número de dias de cateter
Analgesia/Sedação Analgesia e/ou sedação em perfusão contínua
Número de dias de analgesia/sedação
Lesões cutâneas Úlceras de pressão
Número de úlceras de pressão
Localização de úlceras de pressão
Informação social Informações dadas a pais/cuidadores
TVP Factores de risco de TVP
Legenda: FiO2 – Fração de injecção de oxigénio; TET – Tubo endotraqueal; Kcal/Kg –
Kilocalorias/Kilograma; TVP – Trombose venosa profunda.
12
Foram definidos 27 parâmetros de avaliação (Tabela 1) e a Checklist começou a ser aplicada no
dia 15 de Outubro de 2014, após a referida formação.
Definiram-se dois períodos: um período pré-implementação da Checklist (PPreC) - entre 1 de
Agosto de 2014 e 30 de Setembro de 2014 - e um período pós-implementação da Checklist
(PPosC) - entre 16 de Outubro de 2014 e 16 de Dezembro de 2014.
Nos dois períodos foram escolhidos aleatoriamente 3 processos clínicos por dia, apenas nos
dias úteis e em cada um desses processos foi analisado o diário clínico efectuado pela equipa
fixa entre as 10 e as 13 horas. Foram comparados nos dois períodos:
1) Parâmetros de registo no diário clínico (Tabela 1);
2) Parâmetros de qualidade – Percentagem de registos no diário clínico de volume
corrente (VC) <7ml/Kg e percentagem de crianças com fracção de injecção de oxigénio
(FiO2)<40%, dias de cateter epicutâneo cava (EPC)<30, dias de cateter venoso central
(CVC)<10, dias de cateter venoso umbilical(CVU)< 5 e dias de cateter arterial umbilical
(CAU)< 3;
3) Parâmetros de efectividade – taxa de ICS-CC, de extubações acidentais e de úlceras
de pressão.
Os parâmetros 1 e 2 foram analisados na amostra dos diários clínicos.
O parâmetro 3 foi analisado no total de crianças internadas nos períodos considerados.
Definiu-se ICS – CC de acordo com os critérios do Centers for Disease Control and
Prevention.15
Definiram-se os factores de risco de TVP segundo os critérios do American College of Chest
Physician.16
13
Através do B-ICU.Care, sistema de informação clínica instalado no Serviço (B-ICU da
BSimple), foi possível averiguar a presença de cada um dos parâmetros em análise na Checklist
(Tabela 1) bem como dos parâmetros de qualidade e de efectividade definidos para além do
registo no diário clínico.
Sempre que uma criança não estivesse entubada, ventilada, não tivesse vias centrais,
analgesia/sedação ou úlceras de pressão, os ítems relativos a estes parâmetros da Checklist
eram considerados “Não Aplicável”.
A análise estatística foi realizada com o programa IBM SPSS Statistic® versão 21.
Procedeu-se à determinação de frequências absolutas e relativas para as variáveis qualitativas.
Para comparar variáveis nominais, foram utilizados os testes de qui-quadrado ou exacto de
Fisher, de acordo com as regras de Cochran. Considerou-se um nível de significância de 5%. A
amostra calculada para uma diferença de proporções de 20% com um poder do teste de 80%,
um nível de significância de 5% e teste de hipótese bicaudal foi de 97 para cada período.
RESULTADOS
Parâmetros de registo no diário clínico
Foram analisados 261 diários clínicos; 129 diários no PPreC de um total de 53 crianças
internadas e 132 diários no PPosC de um total de 69 crianças internadas.
Verificou-se um aumento significativo da percentagem de registo em 21 dos 27 parâmetros
definidos para a Checklist (Tabela 2).
14
Tabela 2 – Registo dos Parâmetros da Checklist.
PPreC
(n=129)
PPosC
(n=132)
Diferença
Resumo (n) % (109) 84,5% (132) 95,5% 11% p=0,03 *
Problemas (n) % (9) 7% (113) 85,6% 78,6% p<0,001 *
TET diário (n) % (41) 95,4% (27) 96,4% 1% p=1,0 §
Nº TET (n) % (2) 4,8% (20) 71,4% 66,6% p<0,001 *
Cuff TET (n) % (0) 0% (2) 7,1% 7,1% p=0,157 §
Posição TET (n) % (2) 4,8% (20) 71,4% 66,6% p<0,001 *
Radiografia TET (n) % (1) 2,4% (10) 35,7% 33,3% p<0,001 §
Reposicionamento TET (n) % (2) 4,8% (3) 10,7% 5,9%% p=0,383 §
TET Nasal/Oral (n) % (3) 7% (18) 66,7% 59,7% p<0,001 *
Ventilação Mecânica (n) % (32) 97% (23) 100% 3% p=1,0 §
VC (n) % (27) 81,8% (23) 100% 18,2% p=0,037 §
FiO2 (n) % (31) 93,9% (23) 100% 6,1% p=0,032 §
Fluidos 24h (n) % (64) 49,6% (98) 74,2% 24,6% p<0,001 *
Plano 24h (n) % (27) 20,9% (55) 41,7% 20,8% p<0,001 *
Alimentação (n) % (115) 89,2% (124) 93,9% 4,7% p<0,001 *
Kcal/Kg/dia (n) % (0) 0% (35) 26,5% 26,5% p<0,001 *
Cateter central (n) % (27) 38% (54) 87,1% 49,1% p<0,001 *
Lúmen cateter (n) % (8) 11,6% (3) 4,9% -6,7% p=0,172 *
Local cateter (n) % (22) 31% (52) 83,9% 52,9% p<0,001 *
Dias de cateter (n) % (12) 16,9% (48) 78% 61,1 % p<0,001 *
Analgesia/Sedação (n) % (14) 60,9% (16) 80% 19,1% p=0,173 *
Duração Analgesia/Sedação (n) % (1) 4,6% (0) 0% -4,6% p=1,0 §
Úlceras (n) % (2) 8% (2) 66,7% 58,7% p=0,045 §
Número úlceras (n) % (2) 8% (2) 66,7% 58,7% p=0,045 §
15
Local úlceras (n) % (2) 8% (2) 66,7% 58,7% p=0,045 §
FR TVP (n) % (1) 0,8% (52) 39,4% 38,6% p=0,045 §
Informação Social (n) % (2) 1,6% (54) 40,9% 39,3% p=0,045 §
Legenda: PPreC –Período pré-implementação da Checklist; PPosC – Período pós-implementação da Checklist;
TET – Tubo endotraqueal; Fluidos 24h – Fluidos nas últimas 24 horas; Plano 24h – Plano de fluidos para as
próximas 24h; FR de TVP – Factores de risco de trombose venosa profunda.
*Teste X².
§Teste de Fisher.
As maiores diferenças registadas verificaram-se nos parâmetros: lista de problemas, número do
TET, TET nasal/oral, vias centrais, local do cateter, dias de cateter, úlceras de pressão, número
de úlceras, local das úlceras (Tabela 2).
Parâmetros de Qualidade
Tabela 3 – Percentagem de registos no diário clínico com VC<7ml/Kg, FiO2<40% e de tempo
de permanência de cateter.
PPreC
(n=129)
PPosC
(n=132)
Diferença
VC<7ml/kg (n) % (23) 70% (23) 100% 30% p=0,005 §
FiO2 (n) % (23) 70% (22) 95,7% 25,7% p=0,005 §
EPC<30 dias (n) % (27) 84,4% (26) 100% 15,6% p=0,058 §
CVC<10 dias (n) % (20) 66,7% (31) 96,9% 30,2% p=0,002 *
CVU<5 dias (n) % (2) 50% (3) 100% 50% p=0,429 §
CAU<3 dias (n) % (1) 50% (0) %0 -50% p=1 §
Legenda: PPreC – Período pré-implementação da Checklist; PPosC – Período pós-implementação da Checklist;
VC – Volume corrente; FiO2 – Fracção de injecção de oxigénio, EPC – Cateter epicutâneo cava; CVC – Cateter
venoso central; CVU – Cateter venoso umbilical; CAU – Cateter arterial umbilical.
*Teste X².
§Teste de Fisher.
Relativamente aos parâmetros de qualidade, verificou-se um aumento significativo da
percentagem de registo do parâmetro VC<7ml/Kg (Tabela 3).
16
Verificou-se também um aumento significativo da percentagem de crianças com menos de 10
dias CVC, atingindo-se um total de 96,9% no PPosC, com uma diferença entre os dois períodos
de 30,2%; p=0,002 (Tabela 3).
Parâmetros de efectividade
No que respeita aos parâmetros de efectividade, os dados recolhidos são apresentados na
Tabela 4.
Tabela 4 – Percentagem de ICS - CC, extubações acidentais e úlceras de pressão.
PPreC
(n=53)
PPosC
(n=69)
Diferença
ICS - CC (n) % (1) 1,9% (1) 1,4% -0,5% p=1 §
Extubações acidentais (n) % (0) 0% (0) 0% 0 %
Úlceras de pressão (n) % (6) 11% (4) 6% 5% p=0,328 §
Legenda: PPreC – Período pré-implementação da Checklist; PPosC – Período pós-implementação da Checklist;
ICS - CC – Infecções da corrente sanguínea associadas a cateter central.
§Teste de Fisher.
17
Tabela 5 – Taxas de ICS – CC, extubações acidentais e úlceras de pressão.
PPreC
(n=53)
PPosC
(n=69)
Nº de episódios 1 1
p=1,0
ICS – CC CC (d) 365 271
Taxa 2,7/1000 d
(IC 95% 0-5,9)
3,7/1000 d
(IC 95% 0-7,5)
Nº de episódios 0 0
Extubações acidentais Ventilação (d) 118 138
Taxa 0 0
Nº de episódios 6 4
p=0,33
Úlceras de pressão Internamento (d) 371 378
Taxa 16,2/1000 d
(IC 95% 8,4-24)
10,6/1000 d
(IC 95% 4,2-17)
Legenda: PPreC – Período pré-implementação da Checklist; PPosC – Período pós-implementação da Checklist;
ICS - CC – Infecções da corrente sanguínea associadas a cateter central; d – dias; IC – Intervalo de confiança.
18
DISCUSSÃO
As Checklists clínicas têm sido usadas para reduzir o risco cirúrgico. A sua aplicação em
cuidados intensivos, apesar de ainda rara, poderá ser especialmente útil para melhorar a
segurança dos doentes face a um ambiente complexo com múltiplos factores de distracção. A
implementação de uma Checklist de segurança na passagem de serviço de uma UCIP associou-
se a uma melhoria da efectividade da comunicação.14
A Checklist do nosso estudo foi desenhada para melhorar o registo clínico de parâmetros que
consideramos importantes e consequentemente melhorar a transmissão de informação de forma
a evitar efeitos adversos como: ICS – CC, extubações acidentais e úlceras de pressão.
Procurou-se também, entre outros, promover estratégias de ventilação pulmonar e optimizar a
informação transmitida aos pais/cuidadores.
A lesão induzida pela ventilação pode ser prevenida pelo uso de estratégias protectoras
pulmonares que, entre outras, incluem VC e FiO2 baixos nas situações de Síndrome de
Dificuldade Respiratória Aguda (SDRA).15,16
Mesmo na ausência de SDRA, parece haver uma relação entre o uso de volumes correntes altos
e a lesão pulmonar provocada pelo estiramento alveolar devido ao volume-trauma, sobretudo
em crianças submetidas a ventilação mecânica invasiva prolongada.17
Os supostos volumes
correntes baixos são na verdade os considerados fisiológicos, já que o volume corrente
considerado normal ronda os 6 ml/Kg.18
As estratégias de protecção pulmonar são recomendadas em todas as crianças submetidas a
ventilação mecânica invasiva. Após a implementação da Checklist verificou-se uma melhoria
significativa do registo e na percentagem (30%) de crianças ventiladas com VCs inferiores a 7
ml/Kg que atingiu os 100%; o mesmo aconteceu com a percentagem de registos com
19
FiO2<40%. Estes factos podem contribuir para, no futuro, reduzir a lesão induzida pela
ventilação e a sua morbilidade.
O uso do TET é frequente na abordagem de crianças gravemente doentes.19
As extubações
acidentais são eventos adversos, considerados graves, que expõe as crianças a um acréscimo de
morbilidade e mortalidade prevista pela doença subjacente.20,21
É considerado tolerável uma
taxa de 1,0 por 100 dias de ventilação.22
Factores como sedação, fixação ou posicionamento
inadequados são os mais frequentemente associados a este evento.22
Relativamente ao TET,
verificou-se uma melhoria global significativa do registo no diário clínico, com excepção do
parâmetro reposicionamento do TET.
Seria importante reforçar a necessidade de optimizar este registo, dada a sua importância. Não
ocorreram extubações acidentais nos dois períodos estudados. Este facto pode significar um
bom padrão de qualidade, no entanto há que salientar o curto período do estudo.
A administração judiciosa de fluidos em cuidados intensivos pediátricos é fundamental. Numa
fase inicial pode ser necessária uma elevada quantidade de fluidos, mas posteriormente, e após
estabilidade hemodinâmica, a sobrecarga hídrica pode ser prejudicial, condicionando disfunção
de vários órgãos, incluindo maior morbilidade respiratória.23,24
Estudos pediátricos demonstraram que níveis mais elevados de sobrecarga hídrica estão
associados a maior morbilidade e mortalidade.25
No PPosC ocorreu uma melhoria significativa de cerca de 20% no registo dos fluidos
administrados nas últimas 24 horas e no plano nas 24 horas seguintes, o que pode contribuir
para evitar uma sobrecarga hídrica excessiva ou indesejada.
Houve uma melhoria significativa no registo das Kcal/Kg/dia mas ainda está aquém daquilo
que seria desejado. Sabe-se que crianças gravemente doentes têm um elevado risco de
desenvolver défices nutricionais e a malnutrição intra-hospitalar é conhecida como um factor
20
de risco de morbilidade e mortalidade.26
Num estudo recente, apenas 75% das necessidades
energéticas estimadas e 40% das necessidades proteicas foram supridas nos primeiros 8 dias de
internamento numa UCIP.26
A Organização Mundial de Saúde e o Instituto para a Melhoria da Qualidade nos Cuidados de
Saúde consideram a prevenção das infecções associadas aos cuidados de saúde uma prioridade
pelo impacto que estas representam no aumento da morbilidade, mortalidade e custos na
saúde.27
As crianças admitidas em UCIPs são particularmente vulneráveis, devido a algum grau
de imunossupressão e à necessidade frequente de dispositivos invasivos. A sua prevalência
varia entre 5-20%, sendo as mais frequentes as infecções da corrente sanguínea associadas a
CCs.27-34
Estratégias de intervenção com Bundles que visam a inserção e manutenção de CCs conseguem
reduzir as suas taxas para valores da ordem 4 por 1000 dias de CC.35
Dentro destas, as mais eficazes na sua redução são as relacionadas com a duração do CVC.35
Num estudo previamente efectuado no CIPE, verificou-se uma associação entre infecção da
corrente sanguínea e o tempo de permanência do CVC superior a 10 dias.*
De forma geral, verificou-se uma melhoria significativa dos parâmetros relativos às vias
centrais da Checklist, com excepção do parâmetro lúmen do cateter (Tabela 2). Ocorreu uma
melhoria significativa no registo do diário clínico da duração do CVC de 60% e na
percentagem de crianças com CVC com duração inferior a 10 dias após a implementação da
Checklist.
* Dias A, Caldeira M, Januário G, Pinto C, Neves F. Bloodstream Infections In a Paediatric Intensive Care Unit
– A Surveillance Study. Poster. 22nd
ESPNIC Medical & Nursing Annual Congress, 2-5 November 2011,
Hannover.
21
Relativamente às outras vias centrais não ocorreram diferenças significativas nos dois períodos.
As vias do tipo EPC já tinham previamente uma elevada percentagem de cumprimento dos
parâmetros considerados de qualidade e os CVU e CAU foram utlizados num reduzido número
de casos nesta amostra. Apesar da melhoria no registo e cumprimento dos parâmetros de
qualidade, não se encontraram diferenças significativas na taxa de ICS – CC nos dois períodos
(Tabela 4), provavelmente porque o período de estudo é curto.
Os doentes pediátricos têm risco de desenvolver úlceras de pressão devido a factores como:
pele imatura, compromissos da perfusão, mobilidade diminuída, resposta neurológica
alterada, retenção de fluidos, humidade e dispositivos utilizados.36
Os estudos de úlceras de pressão neonatais/pediátricas são escassos provavelmente porque
são subestimadas e por compreensão incompleta da fisiologia cutânea.37-39
No entanto, é
possível com estratégias dirigidas reduzir as suas taxas em cerca de 50%.40
Houve uma melhoria significativa de todos os parâmetros de registo no diário clínico
relativos às úlceras de pressão no PPosC, apresentando uma diferença relativa ao PPreC de
mais de 50% (Tabela 2). Ainda que aplicada por um período curto para podermos tirar
ilações sólidas: observa-se uma tendência para a diminuição das úlceras de pressão no
PPosC (Tabela 5), informação que pode constituir um bom indicador da necessidade de
continuar com este tipo de estratégias de controlo dos cuidados.
A qualidade da comunicação entre os profissionais de saúde e os pais/cuidadores é
fundamental nos cuidados de saúde centrados na família e assume especial relevância nos
cuidados intensivos.41
22
Neste contexto, a interacção de vários profissionais de saúde e a complexidade das situações
inerentes levam muitas vezes a perturbações/dificuldades na comunicação.42
Os
pais/cuidadores de crianças internadas em UCIP pretendem informação honesta, atempada e
regular.43,44
Os profissionais de saúde devem estar atentos às expectativas, experiências e satisfação dos
pais/cuidadores pois, apenas essa abordagem permite optimizar os cuidados dirigidos à
família.
Nos questionários de satisfação aplicados aos pais/cuidadores de crianças admitidas no
CIPE, o grau de satisfação relativo à informação ronda os 80%.#
A American College of Critical Care recomenda que os profissionais de saúde partilhem a
informação com os pais/cuidadores sobre o estado actual, o prognóstico e as opções
terapêuticas nas primeiras 24 a 48 horas após a admissão nos cuidados intensivos
pediátricos.
A Informação social da Checklist tem um duplo objectivo – melhorar a qualidade do registo
e da comunicação e desta forma melhorar a satisfação dos pais que é um indicador primário
da qualidade dos cuidados de saúde prestados.
Observa-se na Tabela 2 uma melhoria significativa de cerca de 40% no registo da
informação dada aos pais/cuidadores após a implementação da Checklist.
#Avaliação e satisfação dos pais numa unidade de cuidados intensivos pediátricos. Margarida Reis Morais et
al.Comunicação oral no XV Congresso Nacional de Pediatria, Outubro, Albufeira.
23
O risco de TVP em crianças em estado crítico é provavelmente subestimado.45,46
Em UCIPs estima-se que a prevalência de TVP com manifestações clínicas chegue aos 9
casos por 1000 crianças e a sua incidência a 7 episódios por 1000 crianças.47
Na prática clínica, os profissionais de saúde usam como guia para prescrição de profilaxia a
presença de um ou mais factores de risco (eg. presença de CVC, ventilação mecânica,
cardiopatias ou hipercoagulabilidade).46,49,50
Num estudo multicêntrico internacional recentemente publicado, 90% das crianças
admitidas em cuidados intensivos tinham 1 factor de risco e só 35% dos que tinham
indicação para profilaxia segundo as guidelines da American College of Chest Physicians a
estavam a fazer.
Constatou-se uma melhoria significativa do registo dos factores de risco de TVP no PPosC.
No entanto, é desejável uma percentagem de registo mais elevada bem como uma avaliação
da adequada prescrição de profilaxia. A TVP é, ainda, subestimada nas crianças gravemente
doentes e a ausência de recomendações específicas para esta população podem explicar estes
resultados.
Este trabalho tem como limitação o curto período de estudo após a aplicação da Checklist, o
que poderá ter tido implicações no seu impacto, nomeadamente a nível dos parâmetros de
efectividade, que ainda não reduziram significativamente. Seria importante a continuação da
monitorização da sua aplicação, não só para avaliar a consistência dos resultados a nível dos
registos e parâmetros de qualidade como também demonstrar o seu impacto na redução de
eventos adversos. Isto assume particular relevância dado que os bons resultados podem ser
atribuídos parcialmente ao efeito de Hawthorne, em que a performance melhora pelo facto
de estar a ser alvo de um estudo.51
24
CONCLUSÕES
O erro médico e os eventos adversos continuam a ser uma realidade nos nossos dias. Para
além do impacto económico que representam em termos de custos que poderiam ser
evitados, têm implicações no prognóstico, morbilidade e mortalidade dos doentes.
Em unidades de cuidados intensivos este tema ganha relevo, pela sua maior propensão e
gravidade das suas consequências para as crianças.
A implementação da Checklist tipo mnemónica REVÊ E AVALIA-TE no CIPE contribuiu
para a melhoria da maioria dos parâmetros registados no diário clínico e de qualidade, sendo
necessário o prolongamento do período de estudo para demonstrar o seu impacto na
prevenção de eventos adversos.
25
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Dr.ª Carla Pinto e à Professora Guiomar de Oliveira por todo o carinho,
empenho, tempo despendido e ensinamentos transmitidos.
Agradeço ao Dr. Farela Neves pelas valiosas sugestões, ajuda na construção da Checklist e
apoio na revisão do trabalho.
Agradeço à Drª Ema Grilo e à Enfermeira Conceição Capaz pela ajuda na recolha dos dados
Agradeço à Suana Miguel pela ajuda na revisão do trabalho.
Agradeço a todo o Serviço de Cuidados Intensivos do Hospital Pediátrico de Coimbra, sem o
qual seria impossível a realização deste trabalho.
Finalmente agradeço a família e amigos, principalmente aos meus pais, ao meu irmão e à Joana
Duarte, por todo o apoio, paciência e incentivo ao longo de todo o trabalho.
26
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