PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
MARIA GORETI BARBOSA SEABRA
AS CONDIÇÕES MATERIAIS E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE
PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE UMA ESCOLA
ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
DE PORTO ALEGRE
CANOAS, 2007
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Maria Goreti Barbosa Seabra
AS CONDIÇÕES MATERIAIS E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE
PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE UMA ESCOLA
ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
DE PORTO ALEGRE
Trabalho de conclusão apresentado ao curso deEducação Física do Centro Universitário La Salle –Unilasalle, como exigência parcial para a obtençãodo grau de licenciado em Educação Física, soborientação do Prof. Ms. Carlos EduardoBerwanger.
CANOAS, 2007
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TERMO DE APROVAÇÃO
MARIA GORETI BARBOSA SEABRA
AS CONDIÇÕES MATERIAIS E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE
PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE UMA ESCOLA ESTADUAL DE
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DE PORTO ALEGRE
Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de
Licenciado em Educação Física do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, pelo
avaliador:
Prof. Ms. Carlos Eduardo Berwanger
Unilasalle
Canoas, 10 de julho de 2007.
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Agradeço a Deus e Nossa Senhora dos Navegantes E quem sou devota e
me deu força e fé para enfrentar minhas fraquezas. Agradeço minha mãe,
Dona Rosa por decidir que eu deveria vir para esse mundo e agora tenho a
chance de poder educar. Agradeço a meu pai, mesmo que o destino não
tenha permitido sua presença em minha vida. Agradeço a Mel pela apoio,
amor e carinho. Agradeço aos meus irmãos: Lídia, Efrem, Francisco, Rita e
Nívia, foram pais e mães fortalecendo em minha conquista. Agradeço a
meus sobrinhos: Carol, Camila, Samuel, Felipe, Gabi, Gustavo, Matheus e
Sofia, meus anjinhos. Agradeço em especial ao pequeno Davi, meu
sobrinho e afilhadinho, que recebi com muito amor em um momento difícil
chegando pra iluminar o meu caminho. Agradeço aos meus sobrinhos
netos: Yasmin, que quando estava desanimada sua presença encantava o
dia e ao Pedro Henrique que estamos esperando, mas com certeza será
mais um brilho em nossos olhos. Enfim, agradeço ao meu orientador pela
paciência que teve neste semestre e todos os familiares e amigos, mesmo
sem seus nomes citados, todos tiveram a capacidade der ser anjo.
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RESUMO
O presente estudo teve por objetivo investigar qual o conhecimento que osprofessores de educação física escolar tem sobre os materiais alternativos e comoesse conhecimento reflete em suas práticas pedagógicas. A amostra foi constituídade três professores de Educação Física da escola investigada. A metodologia foi dotipo qualitativa. Utilizaram-se como instrumentos de coleta dos dados, gravação deáudio para a realização de questionário semi-estruturado, composto por seisquestões abertas para a realização da entrevista. Além do questionário, utilizoutambém o diário de campo para registrar as situações presenciadas na escola o queproporcionou uma maior vivência do ambiente escolar. Os resultados apontaram queos professores possuíam conhecimentos para se adequar às necessidades nasaulas de Educação Física em relação à falta de material e estrutura física. Osresultados também indicaram que para realizar melhorias nas práticas pedagógicas,os professores necessitam de apoio do governo, no que se refere a oferecimento dematerial didático adequado.Palavras-chave: Materiais alternativos. Práticas pedagógicas.
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SUMMARY
The present study the knowledge had for objective to investigate which that theprofessors of pertaining to school physical education has on the alternative materialsand as this knowledge reflects in its practical pedagogical. The sample wasconstituted of three professors of Physical Education of the investigated school. Themethodology was of the qualitative type. They had been used as instruments ofcollection of the data, writing of audio for the accomplishment of half-structuralized,composed questionnaire for six questions opened for the accomplishment of theinterview. Beyond the questionnaire, it also used the daily one of field to register thesituations witnessed in the school what it provided a bigger experience of thepertaining to school environment. The results had pointed that the professorspossuíam knowledge to adjust to the necessities in the lessons of Physical Educationin relation to the lack of material and physical structure. The results had alsoindicated that to carry through practical improvements in the pedagogical ones, theprofessors need support of the government, as for oferecimento of adjusted didacticmaterial.Keyword: Alternative materials. Practical pedagogical
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................8
2 REFERENCIALTEÓRICO......................................................................................11
2.1 Aspectos ambientais.........................................................................................11
2.2 O lixo....................................................................................................................12
2.2.1 Tipos de lixo......................................................................................................13
2.2.1.1 Lixo urbano.....................................................................................................13
2.2.1.2 Lixo domiciliar.................................................................................................13
2.2.1.3 Lixo comercial................................................................................................14
2.2.1.4 Lixo público....................................................................................................14
2.2.1.5 Lixo especial...................................................................................................14
2.2.1.6 Lixo industrial.................................................................................................14
2.2.1.7 Lixo de serviço de saúde................................................................................14
2.2.1.8 Lixo atômico ..................................................................................................15
2.2.1.9 Lixo espacial...................................................................................................15
2.2.1.10 Lixo radioativo..............................................................................................15
2.3 Reciclagem.........................................................................................................15
2.3.1 Reciclagem no Brasil.........................................................................................16
2.4 O tratamento do lixo em Porto Alegre..............................................................17
2.4.1 Destino do lixo na cidade..................................................................................19
2.4.1.1 Aterros sanitários............................................................................................19
2.4.1.2 Suinocultura....................................................................................................20
2.4.1.3 Estação de transbordo de resíduo.................................................................21
2.4.1.4 Unidades de reciclagem.................................................................................22
2.4.1.5 Coleta domiciliar especial...............................................................................23
2.4.1.6 Coleta hospitalar.............................................................................................23
2.5 Aspectos legais da educação relacionados à educação ambiental..............24
2.5.1 Parâmetros Curriculares Nacionais – Educação Física....................................25
2.6 Material alternativo.............................................................................................26
2.7 Lixo didático pedagógico..................................................................................27
2.8 Educação física ambiental................................................................................28
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3 METODOLOGIA.....................................................................................................31
3.1 Pesquisa qualitativa. .........................................................................................31
3.2 Os participantes.................................................................................................32
3.3 Critérios de seleção da escola..........................................................................33
3.4 Negociação de acesso.......................................................................................33
3.5 Instrumentos de coletas de dados...................................................................33
3.5.1 A entrevista semi-estruturada............................................................................33
3.5.2 A observação participante.................................................................................34
3.5.3 Análise dos documental....................................................................................35
3.5.4 Diário de campo................................................................................................35
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES.........................................37
4.1 O conhecimento sobre materiais alternativos.................................................37
4.2 Reflexos nas práticas pedagógicas..................................................................37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................46
5.1 As limitações da pesquisa.................................................................................46
5.2 Idéias de continuidade.......................................................................................46
5.3 Reflexões finais..................................................................................................47
REFERÊNCIAS .........................................................................................................49
APÊNDICE A - Roteiro da entrevista semi-estruturada.............................................51
APÊNDICE B – Diário de campo................................................................................71
ANEXO A - Pauta de observações.............................................................................73
ANEXO B - Termo de consentimento livre e esclarecido...........................................74
ANEXO C - Plano de ensino fundamental..................................................................76
ANEXO D - Plano ensino médio................................................................................77
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1 INTRODUÇÃO
A falta de local apropriado, a dificuldade na aquisição de materiais para as
aulas de Educação Física nas Escolas públicas poderia ser considerada obstáculos
para o desenvolvimento da educação física escolar, mas não são.
O ideal seria que cada professor buscasse o que há de alternativas criativas
para contornar estes problemas. Pensando em termos de aprendizagem, se os
professores utilizassem o que chamamos de “materiais alternativos”, oriundos do lixo
(recicláveis), como sucata, ou seja: garrafas pet, pneus, cabos de vassoura, etc.
Supondo que o problema seria amenizado com a utilização destes materiais
alternativos.
Todas as sugestivas idéias, os belos discursos, os ricos projetos e textosterão pouco valor, se na sala de aula não forem concretizados. É precisopromover as condições, criar clima fértil, para que nela o professor coloqueos ideais em prática. Isso depende de muitos fatores externos da escola,depende de muitos fatores internos da escola, mas, também, do próprioprofessor. A predisposição do professor e a sua competência sãoindispensáveis para que a teoria se concretize na prática. (HENGEMÜHLE,2004, p. 133).
Por essa razão, sentiu-se a necessidade de investigar professores de
Educação Física da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio do Município
de Porto Alegre, RS.
O principal objetivo na pesquisa é verificar qual o conhecimento que os
professores de educação física tem sobre os materiais alternativos e como esse
conhecimento reflete em suas práticas pedagógicas, ou seja, o que os professores
de educação física fazem na falta de equipamentos tradicionais (bola, corda, rede de
vôlei, tabela de basquete, etc) para as aulas de educação física e se os mesmo tem
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o conhecimento ou fazem a utilização do uso de sucata (materiais recicláveis,
oriundos do lixo) como uma alternativa na falta de equipamentos.
A partir dos resultados faremos a reflexão sobre as condições encontradas,
visando à melhora da prática pedagógica por parte dos professores de educação
física escolar.
A pesquisa também foi instigada por razões pessoais, por ter tido uma infância
de poucos recursos, tudo era adaptável e as brincadeiras aconteciam.
Apaixonei-me pelo tema durante minha graduação, mesmo sendo poucas as
vivências com os materiais alternativos. Resgatei parte de minha infância, o que
facilitou uma boa relação com este modelo de trabalho.
Antes de envolver em minha filosofia pessoal a Educação Ambiental e
Educação Física, participava de uma Ong onde tínhamos a educação ambiental
como um dos princípios de trabalho, mas ainda não tinha despertado na prática.
Tive a oportunidade tornar real a utilização de materiais recicláveis ou
alternativos para promover aulas de educação física por motivação do meu
orientador de estágio. Estava insegura em apresentar esse modelo de trabalho para
os alunos, mas fui feliz em meus dois estágios curriculares.
Minha visão sobre material alternativo era totalmente diferente da atual, tanto
na parte prática quanto na teórica. Quando li a primeira vez sobre o que seria
material alternativo ou reciclável, limitadamente entendia que se resumia na
construção de brinquedos.
Fui aprimorando meus conhecimentos comecei a criar uma nova expressão
para este trabalho. Assunto este, mutável a cada leitura em livros, artigos,
informativos em jornais, revista, internet, reportagens na tv e etc.
Construí minha própria linguagem e visão sobre o que é considerado precário,
o que é possível dar condição usual para tornar-se vivo. Vivo porque ao encontrar
utilidade para estes instrumentos tirados de um ambiente, que antes era
considerado morto, o lixo. Damos utilidade, vida, sentido e significado em nossas
aulas. Contando com a criatividade de cada um.
O mesmo ocorre com os seres humanos, quando não se tem utilidade, quando
perdemos a função, nos sentimos inúteis, sem vida.
É bastante comum ouvir as pessoas que estão ou estavam desempregadas a
frase: “Voltei a viver, estava me sentindo um lixo, jogado as cobras”. Porém, este
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material, que vamos tratar no trabalho, sem função, torna-se lixo, a sucata, sem
utilidade alguma. É necessário dar sentido a eles, mas é preciso ter sensibilidade, a
sensível capacidade de dar vida às coisas. Isso não é fácil, mas pode ser
trabalhado. Podemos aprender a criar, criar e voltar-se ao lúdico. Ver, imaginar e
transformar. Criar, olhar profundamente as coisas, dar utilidade, dar sentido e
conscientizar, pois acredito que é na escola que podemos aplicar metodologias para
a conservação da natureza, evitando danos ambientais que estamos enfrentando
atualmente, como: aquecimento global, degelo das calotas polares, enchentes, calor
e frio em excesso, água em falta e a reciclagem do lixo que será mais aprofundado
no decorrer deste estudo.
Desde que entrei no curso de Educação Física na Unilasalle tinha uma
angústia travada em meu peito sobre o fato de boa parte dos professores de
educação física escolar não davam aula, alegando a falta de material. Essa angústia
não se encerra. Sabemos que esta realidade envolve questões políticas, financeiras
entre outros problemas que não vem ao caso. O que estou querendo dizer é que é
sabido que muitas escolas estão em péssimas condições materiais e que os
professores alegam não melhorar o nível das aulas devido a essa precariedade.
Pensava e lia muito sobre estas questões. Como encontrar um meu modelo de
trabalho? Encontrei o que posso chamar de Educação Física Ambiental. Para
alguns, desfigurava as coisas, para outros, trazia coisas novas quando citava a
possibilidade de envolver Educação Física com Educação Ambiental. Não
considerava idéias novas, sabia que outros também faziam, pois lia muito sobre
estes assuntos.
Porque estes professores achavam que era novo trabalhar com materiais
recicláveis? Será falta de informação? Esse foi mais um dos motivos que contribuiu
para que realizasse a pesquisa.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Aspectos ambientais
Difícil falar em natureza, ecologia e preservação do meio ambiente, sem
entender alguns conceitos básicos, tudo aquilo o que cerca o ser vivo, que o
influencia e que é indispensável à sua sustentação. Estas condições incluem solo,
clima, recursos hídricos, o ar que respiramos, nutrientes e outros organismos. O
meio ambiente não é constituído apenas do meio físico e biológico, mas também do
meio social, cultural e sua relação com os modelos de desenvolvimento adotados
pelo homem. Por esse motivo é que se deve constar na educação básica. Pois aí
estaremos criando ações que garantem a manutenção das características próprias
de um ambiente e as interações entre os seus componentes, contribuindo para a
preservação ambiental.
Tendo o conhecimento sobre o uso dos recursos naturais, com o objetivo de
manter uma produção progressiva dos recursos renováveis e impedir o desperdício
dos recursos não renováveis, mantendo o volume e a qualidade em níveis
adequados, de modo a atender às necessidades de toda a população e das
gerações futuras.
Na escola que podemos aplicar metodologias para a conservação da
natureza. Evitando assim os danos ambientais que estamos enfrentando
atualmente, como é o caso do aquecimento global, degelo das calotas polares,
enchentes, calor e frio em excesso, falta d’água e a reciclagem.
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Rio Grande do Sul (2006) define Habitat:
Ambiente que oferece um conjunto de condições favoráveis para odesenvolvimento, a sobrevivência e a reprodução de determinadosorganismos. Os ecossistemas, ou parte deles, nos quais vive umdeterminado organismo, são seu habitat. O habitat constitui a totalidade doambiente do organismo. Cada espécie necessita de determinado tipo dehabitat porque tem um determinado nicho ecológico.
Em relação ao conceito de ecossistema Dajoz (2005) ensina que os
ecossistemas têm capacidade de se regular automaticamente, mas que suporta em
certos limites, os impactos ambientais são muito graves e o meio ambiente não
sustenta tais níveis para sua reconstrução.
Conseguimos realmente mudar o mundo. Alteramos as propriedades físico-
químicas e biológicas do meio ambiente, resultado de atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população,
as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente, enfim, a qualidade dos recursos ambientais, evoluímos o lixo e
precisamos aprender a gerencia-lo. Por esse motivo precisamos ter o mínimo de
conhecimento sobre ele e pensar seriamente a respeito da coleta seletiva de lixo.
2.2 O lixo
O ser humano é o maior causador do impacto ambiental,, através do lixo que
ele produz. Degradamos a natureza e seus recursos básicos através da produção
em excesso. Somos os grandes vilões de todos os problemas ambientais.
A partir da Revolução Industrial, as fábricas deram início a um nova era, a era
dos descartáveis. Onde eram produzidas em grande escala e a cada dia, novas
embalagens, como ocorre na atualidade, chegam no mercado. O homem evoluiu,
mas o suas criações evoluíram junto com ele, aumentando sem o menor controle o
volume e a diversidade de lixo gerados nas áreas urbanas.
O homem passou a viver então a em que a maior parte dos produtos, desde
guardanapos de papel e latas de refrigerante, até computadores são inutilizados e
jogados fora com enorme rapidez, a era do consumismo. Ao mesmo tempo, o
crescimento acelerado das metrópoles fez com que as áreas disponíveis para
colocar o lixo se tornassem escassas. A sujeira acumulada no ambiente aumentou a
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poluição do solo, das águas e piorou as condições de saúde das populações em
todo o mundo, especialmente nas regiões menos desenvolvidas.
Até hoje, no Brasil, a maior parte dos resíduos recolhidos nos centros urbanos
é simplesmente jogada sem qualquer cuidado em depósitos existentes nas periferias
das cidades.
Para conhecer melhor sobre estes problemas causados por este vilão, o lixo,
precisamos compreende-lo.
A palavra lixo, derivada do termo latim lix, significa "cinza".
s. m., todo o tipo de material desnecessário não aproveitável ou indesejado,
originado no processo de produção e consumo de produtos úteis; tudo o que se
retira de casa ou de qualquer lugar para o tornar limpo; sobras; detritos; cisco;
sujidade; imundície; fig., coisas inúteis.
Lixo, na linguagem técnica, é sinônimo de resíduos sólidos e é representado
por materiais descartados pelas atividades humanas. Como foi dito anteriormente,
lixo é gerado há muito tempo e evoluiu. Desde os tempos mais remotos até meados
do século XVIII, quando surgiram as primeiras indústrias na Europa, o lixo era
produzido em pequena quantidade e constituído essencialmente de sobras de
alimentos.
2.2.1 Tipos de Lixo
Para determinar a melhor forma para a transformação, aproveitamento e seu
destino final necessário para o lixo, também, é preciso conhecer sua classificação.
2.2.1.1 Lixo urbano
Constituído por resíduos sólidos das áreas urbanas, também se inclui aos
resíduos domésticos, ao esgoto de industria, domiciliar e resíduos comerciais.
2.2.1.2 Lixo domiciliar
Constituído pelos resíduos sólidos de residenciais, onde é grande o volume de
matéria orgânica, plástico, lata, vidro.
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2.2.1.3 Lixo comercial
Constituído por resíduos sólidos de áreas comerciais. Composto por matérias
semelhantes ao do lixo domiciliar.
2.2.1.4 Lixo público
Constituído por resíduos sólidos de limpeza pública (areia, papéis, folhagem,
poda de árvores).
2.2.1.5 Lixo especial
Constituído por resíduos comum de industriais, merece atenção no seu
tratamento, desde a manipulação e transporte, pois são tóxicos. Ex.: pilhas, baterias,
embalagens de agrotóxicos, detergentes, desinfetantes, combustíveis,
medicamentos e venenosos.
2.2.1.6 Lixo industrial
Nem todos os resíduos produzidos por industria, podem ser encaminhados
como lixo de industria, pois também produzem lixo semelhantes ao doméstico, o
restante pode ser enquadrado como lixo especial.
2.2.1.7 Lixo de serviço de saúde
É todo o lixo produzido por clinicas e hospitais e que oferecem risco de
contaminação , por conter seringas, curativos que para evitar qualquer possibilidade
são incinerados.
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2.2.1.8 Lixo atômico
Resultado da queima do combustível nuclear, composto por elementos de alto
nível de poluição por conter em sua constituição o urânio enriquecido com isótopo
atômico 235. Esse contato aumenta os níveis de radioatividade provocando um
grande perigo à saúde da pública. São enterrados em locais de difícil acesso.
2.2.1.9 Lixo espacial
Os objetos lançados no espaço, também colocam em risco a população,
merecendo um cuidado especial para evitar possíveis e terríveis impactos
ambientais. São constituídos por restos de aparelhos ou fragmentos de foguetes
lançados no espaço que entra em após serem desintegrados por satélites evitando
que uma escala mais elevada entre em contato com a terra.
2.2.1.10 Lixo radioativo
Substância altamente venenosa formado por substâncias radioativas
originadas de reatores nucleares. O lixo radioativo é considerado o mais perigoso,
pois não existe um local seguro se não em tambores de concreto, pois seu contato
com o solo pode contaminar extensas camadas dos lençóis d’água. Não podendo
jamais entrar em contato com o solo e seres vivos.
2.3 Reciclagem
Para tratar melhor de todo esse lixo originou-se a palavra reciclagem difundiu-
se na mídia a partir do final da década de 1980, quando foi constatado que as fontes
de petróleo e de outras matérias-primas não renováveis estavam se esgotando
16
rapidamente, e que havia falta de espaço para a disposição de lixo e de outros
dejetos na natureza.
Para entendermos melhor Vieira (2006) explica:
A expressão vem do inglês recycle (re = repetir, e cycle = ciclo). Areciclagem é o processo de reaproveitamento de metais, plásticos, papéis,vidros, ou qualquer outro material, orgânico ou inorgânico, recuperando-oou retransformando-o para aproveitamento ou novo uso. O processo podeser industrial ou artesanal. Caso não sejam reaproveitados, esses materiais,normalmente tratados como lixo ou dejetos, tendem a causar sériosproblemas ambientais.
Demoramos muito para perceber que a natureza estava se esgotando e ainda
se esgota, e o principal causador é homem.
2.3.1 Reciclagem no Brasil
Felizmente o Brasil é um dos países do Mundo que mais se preocupam com os
impactos ambientais e lutam por essa causa. Dados de uma pesquisa realizada pela
CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem) de acordo com o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apresentam o retrato da reciclagem
de resíduos sólidos urbanos no Brasil. Foi cfinalizado um levantamento de
reciclagem do lixo urbano no Brasil em 2005: 11%. Basicamente se manteve o
índice levantado em 2003 Quadro 1 (Compromisso Empresarial para Reciclagem,
2007), se declara positiva. A quantidade se elevou de 5,2 milhões de toneladas
anuais para 5,76 milhões de toneladas no ano, quase 11% de aumento.
Os índices de reciclagem da fração seca são de 77 mil toneladas por dia de
lixo urbano o que revela uma taxa de 18%, sendo que 55% a predominância do lixo
urbano no Brasil é de matéria orgânica. A produção de resíduos em relação ao
IBGE, marca igual de 2004: 140 mil toneladas por dia (aproximadamente 0,8
kg/hab/dia). Vale destacar que, em 2003, a geração havia sido menor
aproximadamente de 4% menor do que em 2004, no total, quadro 2 (Compromisso
Empresarial para Reciclagem, 2007). Vale lembrar que para o Brasil manter esses
índices de reciclagem se evoluindo ao longo dos anos deve-se ao fato de que muitas
famílias brasileiras tem como sua única fonte de sobrevivência o lixo. E muitas
dessas famílias não tem a menor noção do que estão proporcionando para o mundo
e principalmente para o meio ambiente.
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Quadro 1 - Reciclagem ao longo dos anos de 2003 a 2005Ao longo dos anos
Total reciclado Índice2003 5 milhões de toneladas 11%2004 5,2 milhões de toneladas 10%2005 5,76 milhões de toneladas 11%Fonte: Compromisso Empresarial para Reciclagem, 2007.
Quadro 2 - Reciclagem por tipo de materialPor tipo de material
Volume (em ton.) Índice de recicl.Papel de escritório (ofício branco) 882.400 49,5%
Papelão 2.237.000 77,4%Plásticos (exceto PET) 290.000 20%
PET 174.000 47%Alumínio (embalagens) 127.600 96,2%
Aço (embalagens) 160.000 29%Vidro (embalagens) 390.000 46%
Longa Vida 40.000 23%Pneus 127.000 58%
Orgânicos (compostagem) 843.150 3%Fonte: Compromisso Empresarial para Reciclagem, 2007.
2.4 O tratamento do lixo em Porto Alegre
Segundo o histórico do Departamento Municipal Lixo Urbano (Rio Grande do
Sul, 2006), de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) Porto Alegre é
a capital com a melhor qualidade de vida do Brasil, por abastecer a população com
99% de água para e rede de esgoto 82% tendo o DMLU como setor responsável
pela coleta do lixo, atende 100% dos moradores.
O DMLU por sua organização e política de gerenciamento, foi considerado
referência, e lidera o Grupo de Trabalho de Gestão Integrada e Sustentável dos
Resíduos Sólidos em Cidades da América Latina e Caribe do Programa de Gestão
Urbana da ONU. Proteção ao meio ambiente e apoio a segmentos sociais excluídos
são as diretrizes dessa política na Capital gaúcha. Tendo como objetivo a redução, o
reaproveitamento e a reciclagem, como caminho para o desenvolvimento.
A partir da consolidação do Sistema de Gerenciamento Integrado, o DMLU vem
elaborando e implantando vários projetos orientados para o tratamento diferenciado
dos resíduos sólidos e educação ambiental para a conscientização da população. O
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Código Municipal de Limpeza Urbana, Lei Complementar nº 234/90, é o instrumento
legal para disciplinar a relação da população face à geração de resíduos e definir as
competências da Autarquia. Dentro do Gerenciamento Integrado, destaca-se a
coleta seletiva do resíduo sólido reciclável, convencionalmente chamado de lixo
seco. O lixo seco separado pela sociedade transforma-se em matéria-prima que
provê sustento e resgate social para populações carentes.
Existem hoje oito Unidades de Triagem de lixo seco, onde trabalham mais de
450 recicladores, recebendo, classificando e comercializando em média 60
toneladas de material entregues diariamente pelo DMLU. Este programa recebeu,
em junho de 2000, o prêmio Coleta Seletiva - Categoria Governo, do Compromisso
Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE), em reconhecimento à melhor prática de
gestão na área de reciclagem de resíduos sólidos do Brasil.
As sobras alimentares são transformadas em ração na criação de animais
desde 1992, o chamado Programa de Reaproveitamento de Resíduos Orgânicos,
próprios para Suinocultura considerado Pioneiro no Brasil, resultando com o Prêmio
do Programa de Gestão Pública e Cidadania, concedido pela Fundação Getúlio
Vargas e Fundação Ford em 1999. Para melhorar a conciência na administração
contribuindo para a qualidade de vida da população, em 1995 o DMLU começa a
criado o Aterro Sanitário da Extrema, obra projetada e construída alta tecnologia da
engenharia ambiental. Reduzindo a redução proliferação de lixões. Dando origem a
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), para o
gerenciamento e tratamento dos resíduos, onde beneficiou outros municípios como,
Gravataí, Esteio e Cachoeirinha passaram a dispor seu resíduo no "Aterro Sanitário
Santa Tecla", situado no município de Gravataí e operado pelo DMLU.
A construção da Estação de Transbordo Lomba do Pinheiro otimizou uma
considerável taxa de serviços de coleta e transporte dos resíduos sólidos do
município de Porto Alegre. Um avanço importante na consolidação da Gestão
Integrada foi feito este ano, com o início das atividades da Unidade de Triagem e
Compostagem Lomba do Pinheiro, visando o reaproveitamento dos resíduos
orgânicos, ainda em fase de testes.
A qualificação profissional e das condições de trabalho no DMLU tiveram
significativas melhorias, destacando-se as novas instalações e estruturas
operacionais. Além disso, a criação do Dia do Gari, 16 de maio, foi outra evidência
19
demonstrativa da mudança de tratamento do servidor de limpeza pública, passando
a ser reconhecido como trabalhador e cidadão e não mais como lixeiro.
Para que as ações continuassem sendo desenvolvidas com sucesso, num
ambiente de maior complexidade gerencial, o DMLU detectou a necessidade de
aperfeiçoar o seu modelo de gestão. Implantada em 1990, a Coleta Seletiva
constitui-se como uma frente de trabalho e geração de renda para populações
excluídas.
Hoje estes recicladores, organizados em associações, vêm num processo
crescente de organização. São aproximadamente 450 pessoas e 8 unidades de
triagem. A Coleta Seletiva conta com 100 funcionários, 24 caminhões e recolhe hoje
cerca de 60 toneladas por dia. A meta é atingir 100 toneladas/dia até o final do ano
2000. Para isto o DMLU está estendendo o sistema a núcleos de grande produção
de material reindustrializável, como empresas, condomínios, órgãos públicos e
universidades.
Em 1998 foi criada uma federação de recicladores, fortalecendo a classe pois
deu início a vendas dos material coletados às indústrias de reciclagem e o DMLU
continua com seus princípios, fazendo o que é mais adequado para reduzir os
impactos ambientais
2.4.1 Destino do lixo na cidade
A seguir, vamos conhecer o destino apropriado do lixo na cidade de Porto
Alegre, para reduzir os impactos ambientais causados por ele.
2.4.1.1 Aterros Sanitários
O Aterro Sanitário da Extrema ilustrado na Figura 1 (PORTO ALEGRE, 2007)
está instalado em uma área de nove hectares, já degradada pela ação extrativista de
saibro. Localizado no Lami, zona sul de Porto Alegre, recebe cerca da metade dos
resíduos domiciliares gerados na cidade. É constituído de onze patamares com
alturas variando de 10 a 30 m.
O início de sua operação foi em 16 de junho de 1997. O monitoramento das
águas superficiais e subterrâneas já havia iniciado em 1996 no período pré-
operacional. Quando começou a disposição de resíduos no aterro, além do
20
prosseguimento do monitoramento das águas, iniciou-se o monitoramento dos
líquidos percolados, que após passar por um leito de brita (filtro biológico) são
captados em um tanque de equalização. De lá, são transportado para a estação de
tratamento de esgotos do município.
Esta obra foi concebida dentro de um criterioso projeto de engenharia, onde
foram utilizadas as melhores técnicas disponíveis para empreendimentos de tal
porte. O projeto foi elaborado visando garantir a qualidade ambiental da região
através de um sistema de impermeabilização, que consiste em uma camada de
argila, uma manta de PEAD (polietileno de alta densidade), protegida por uma manta
geotextil, evitando assim, a contaminação do lençol freático. Estas características,
sem dúvida, colocam o Aterro da Extrema entre os melhores do país.
Figura 1 - Aterro Sanitário da Extrema Fonte: Porto Alegre, 2007.
2.4.1.2 Suinocultura
Diariamente, 7,5 toneladas de sobras alimentares (pré-preparo) provenientes
de refeitórios de hospitais e empresas são coletados e destinados à produção de
ração para suínos ilustrado na Figura 2 (PORTO ALEGRE, 2007). É um forma de
apoiar os suinocultores da zona rural da cidade, onde havia criações clandestinas. O
projeto iniciou em 1992, e atualmente participam 16 criadores com um total de 1.200
suínos. Os criadores também recebem assistência técnica e os animais são
submetidos a exames de sanidade. O esterco também é aproveitado como adubo
natural, não contaminando mais o ambiente.
21
Figura 2 - Criação de suínosFonte: Porto Alegre, 2007.
2.4.1.3 Estação de transbordo de resíduos
A estação de transbordo ilustrada da Figura 3 (PORTO ALEGRE, 2007)
localiza-se no Bairro Lomba do Pinheiro, em uma área de 18 hectares, funcionando
24 h por dia. O transbordo de Resíduos Sólidos Urbanos de Porto Alegre faz-se
necessário devido a implantação do Aterro Sanitário da Extrema do Lami, localizado
a uma distância de 35 Km do centro da cidade e do Aterro Metropolitano Santa
Tecla, localizado no município de Gravataí. Diante disso, se cada caminhão coletor
compactador, caminhão de coleta tivesse que ir diretamente até um dos aterros
aumentaria muito o valor da tonelagem coletada.
Estações de transbordo são obras essenciais em grandes metrópoles onde a
quantidade de resíduos é elevada e o percurso para o destino final é longo. Além de
que, este empreendimento terá uma vida útil longa e os novos aterros poderão ter
alternativas diversas de localização.
Figura 3 - Estação de transbordo Fonte: Porto Alegre, 2007.
22
2.4.1.4 Unidades Reciclagem
Segundo o DMLU a reciclagem de resíduos no Município de Porto Alegre se
dá através da Coleta Seletiva, que já atinge 100 % da cidade, abrangendo 150
bairros que somados totalizam 60 toneladas por dia. A destinação dos materiais
colocados à disposição da Coleta Seletiva são as Unidades de Triagem Figura 4
(PORTO ALEGRE, 2007), criados a partir da necessidade de trabalho de grupos de
determinadas áreas carentes da cidade , ex-catadores , papeleiros , populações
sub-empregadas e desempregados , que através dessa atividade buscam uma
forma de gerar rendimentos , garantindo sua sobrevivência . Todo o rendimento
proveniente da venda dos materiais separados reverte-se em renda para os
recicladores de cada Unidade, que constituem diferentes associações. O Projeto
Arquitetônico dos Galpões mais recentes foi elaborado por técnicos do DMLU, a
partir da observação do trabalho, possibilitando minimizar custos energéticos e
desgastes físicos dos recicladores.
Figura 4 - Unidade de triagem do lixoFonte: Porto Alegre, 2007.
23
2.4.1.5 Coleta domiciliar e especial
A cidade conta com coleta regular de resíduos, realizada diariamente na área
central e principais avenidas e, em dias alternados, nos demais locais. São
recolhidas mensalmente 20 mil toneladas de resíduos. Os caminhões especiais
Figura 5 (PORTO ALEGRE, 2007), fazem coletas nas vilas populares, onde o
acesso é difícil. E, mediante tarifa, o DMLU também realiza um serviço de coleta
especial para o recolhimento de resíduos em empresas, hospitais e onde haja um
volume de resíduo que não se configure como domiciliar comum. A idéia é oferecer
mais serviços à cidade, incrementando a arrecadação própria.
Figura 5 - Caminhões especiais que fazem coletas. Fonte: Porto Alegre, 2007.
2.4.1.6 Coleta Hospitalar
A preocupação com os resíduos de saúde teve seu marco com a implantação
da Coleta Seletiva no município de Porto Alegre. Estendendo-se, este serviço, aos
estabelecimentos de saúde que iniciaram a segregação na origem, dos materiais
recicláveis que são encaminhados às Unidades de Triagem; dos resíduos orgânicos,
destinados a produção de ração para suínos e dos resíduos contaminados
(curativos, bolsas de sangue, peças anatômicas etc.), encaminhados ao Aterro
Sanitário. O DMLU respaldado na Legislação Federal, Estadual e Municipal vem
desenvolvendo, juntamente com os hospitais de Porto Alegre, o Gerenciamento dos
24
Resíduos de Serviços de Saúde, nos 28 Hospitais e nas Unidades de Saúde do
município e também em consultórios médicos e odontológicos.
O gerenciamento correto dos resíduos sólidos significa controlar e diminuir os
riscos para a saúde e o meio ambiente, impedindo que os resíduos biológicos e
especiais, que geralmente são frações pequenas contaminem os outros resíduos
gerados no hospital. Também, busca-se a minimização destes, desde a origem,
estabelecendo-se normas para o correto acondicionamento, recolhimento interno e
externo, destinando-os de forma segura e adequada em containeres especiais
ilustrados na Figura 6 (PORTOALEGRE, 2007),.
Figura 6 -. Containeres especiais para o acondicionamento correto. Fonte: Porto Alegre, 2007.
2.5 Aspectos Legais da Educação relacionados a Educação Ambiental
De acordo com a legislação educacional em vigor, a Educação Física é
componente curricular obrigatório da educação básica. Dessa forma, deve estar
presente nos currículos das escolas de todo o país.
Para abordar a questão da Educação Ambiental inserida na Educação Física,
verificamos na legislação Martins (1997 ) ensina que o termo Educação Ambiental é
uma união de ações voltadas a educação para o entendimento dos ecossistemas, e
seus efeitos da relação ao homem com ao meio onde vive, a determinação social e
a variação/evolução histórica dessa relação. É dirigido na preparação do indivíduo
para integrar-se com ao meio, contestando a sociedade ligado às tecnologias e seus
valores e até seu consumo, de forma que sua visão de mundo propicie uma melhor
interação com a natureza.
25
A educação ambiental pode ser trabalhada em todos os níveis e conteúdos, a
legislação a seguir nos expõe por ser clara em quando determina que todos têm o
direito e dever de preservar o meio ambiente (BRASIL, 1988).
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo epreservá-lo para as presentes e futuras gerações.
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e aconscientização pública para a preservação do meio ambiente;
Art. 196 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,baseada na justiça social, na democracia e no respeito aos direitoshumanos, ao meio ambiente a aos valores culturais, visa aodesenvolvimento do educando como pessoa à qualificação para o trabalhoe o exercício da cidadania.
Art.251................................................................................................................
IV - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e aconscientização pública para a proteção do meio ambiente. (RIO GRANDEDO SUL, 1989)
Art. 27 - Compete ao Poder Público promover a educação ambiental emtodos os níveis de sua atuação e a conscientização da sociedade para apreservação, conservação e recuperação do meio ambiente, considerando:
I. A educação ambiental sob o ponto de vista interdisciplinar; II. O fomento, junto a todos os segmentos da sociedade, da conscientizaçãoambiental; III. A necessidade das instituições governamentais estaduais e municipais derealizarem ações conjuntas para o planejamento e execução de projetos deeducação ambiental, respeitando as peculiaridades locais e regionais; IV. O veto a divulgação de propaganda danosa ao meio ambiente e à saúdepública; V. Capacitação dos recursos humanos para a operacionalização da educaçãoambiental, com vistas ao pleno exercício da cidadania.§ 1° - A promoção da conscientização ambiental prevista neste artigo dar-se-á através da educação formal, não formal e informal.§ 2° - Os órgãos executivos do Sistema Estadual de Proteção ambiental –SISEPRA divulgarão, mediante publicações e outros meios, os planos,programas, pesquisas e projetos de interesse ambiental objetivando ampliara conscientização popular a respeito da importância da proteção do meioambiente. (RIO GRANDE DO SUL, 2007)
2.5.1 Parâmetros Curriculares Nacionais – Educação Física
Entre os objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 7)
no ensino fundamental, citamos três que envolvem a preocupação com o meio
ambiente:
26
� Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente,identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindoativamente para a melhoria do meio ambiente;� Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento deconfiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, deinter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança nabusca de conhecimento e no exercício da cidadania;� Conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitossaudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindocom responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva.
Podemos associar estes três objetivos aos cuidamos que podemos ter em
nossas casas com tratamento adequado para o lixo, logo, o que reflete em melhorias
no meio ambiente, no exercício à cidadania, promoção de saúde individual e coletiva
através de alguns cuidados básicos.
Para facilitar o entendimento e o cumprimento destas leis e objetivos que vimos
anteriormente. E vale lembrar que as mesmas foram criadas quando começamos a
sofrer os primeiros impactos ambientais no planeta. Algumas dicas simples, mas
importantes, podemos adotar com mais seriedade nas escolas para que os alunos
sejam capazes de tornar-se multiplicadores na preservação do meio ambiente com o
simples fato de realizar a separação do lixo: Recicláveis: Papeis, vidros,
embalagens, plásticos, metais, isopor, embalagens longas vida. Orgânicos: Cascas,
sobras de alimentos, papel higiênico, fraldas descartáveis, papéis sujos, restos de
podas, pó de varrição e cigarro.
2.6 Material alternativo
O que são materiais alternativos? Vimos que o lixo pode ser reciclado e
reutilizado conforme seu estado e origem. Podemos encontrar no lixo uma nova
alternativa para as aulas de educação física.
Entendemos que material alternativo é todo aquele material que se origina do
lixo ou não. Que proporcione atividade física em qualquer condição, ou seja, este
material para tornar-se útil é necessário que o professor tenha criatividade e
coragem para trabalhar. Criatividade porque ele pode encontrar em todo e qualquer
material uma forma de realizar suas atividades e coragem porque este mesmo
professor não deve ter medo para promover este modelo de trabalho. Exemplo disto
é a utilização de garrafas pet cheias de areia para aulas de ginástica como forma de
pesos, as mesmas podem apresentar outras finalidades podem se transformar em
27
cones e etc. As possibilidades de variações vão depender muito da criatividade de
cada professor.
Entre os materiais alternativos mais lembrados na literatura são: jornais,
revistas, lãs, barbantes, pneus, garrafas pet, balões, pratinhos e copos de
aniversário, saco plástico, saco de lixo, saco de batatas, colher, bolas de meia e
cabos de vassoura. “A história dos brinquedos humanos mostra que a madeira, ao
lado argila, tornou-se o material preferido para as manifestações lúdicas.” (SANTIN,
1990, p. 17).
2.7 Lixo didático pedagógico
A possibilidade de utilizar o lixo como uma alternativa didática pedagógica nas
aulas de educação física, condiciona ao professor realizar inúmeras atividades que
envolvam a ludicidade, recreação, jogos cooperativos, competitivos, ginástica e é
também de grande importância social no combate a poluição e preocupação com o
meio ambiente.
Se uma criança é capaz de dar vida a objetos descartados pelos adultos, os
mesmos, que um dia passaram por essa fase tão brilhante, também poderá ser
capaz de reproduzir ludicidade.
Poderíamos adaptar esse material, aproveitando inclusive a habilidade da
própria criança para isso. Ao reutilizar embalagens como garrafa pet, latas de
achocolatado, etc, automaticamente estamos reciclando. Podemos usar garrafa pet
para fazer de cone, cabos de vassoura como os bastões de revezamento do
atletismo, até mesmo cipó como corda e por aí vai. O que vale mesmo é a
criatividade e motivação do professor.
É sabido que para uma criança brincar não necessita de muitos equipamentos
ou nenhum. Mas o que é importante é que essa criança não deixa de explorar sua
ludicidade por falta de recursos. Elas criam jogos, brincadeiras, estruturas com
materiais artesanais oriundos do lixo. A brincadeira se torna tão rica quanto à
realizada com equipamentos industrializados, é criado a partir da concepção que
elas possuem. A utilização do lixo ou sucata como uma alternativa lúdica não é nova
e se evoluiu, como o próprio lixo, a partir daí foi criado novos fins nessa reutilização,
estamos promovendo educação ambiental.
28
As crianças são grandes mestres nesse sentido. Basta observar nas escolas
em qualquer lugar, se não tem uma “bola”, ela é substituída sem o menor
constrangimento pela latinha de alumínio, pela garrafa pet, um jornal dentro de um
saco plástico e se obtém a bola para o futebol e o jogo começa. É muito comum
deparar-se com essa situação. Outro dia vi umas crianças brincando com uma
tampa de achocolatado, elas jogavam para o alto, como se fosse um bomerang e a
brincadeira estava acontecendo, depois variaram a brincadeira que nomearam de
disco voador.
Para reforçar o dito sobre o universo infantil independente de seus recurso
apresento as palavras de Santin (1990, p. 27):
Brincar é uma atividade lúdica criativa. No brinquedo entra em ação afantasia. O indivíduo, criança ou adulto, ao brincar transforma a realidade,cria personagens e mundos de ilusão, coloca-se diante do risco, doimprevisto, do suspense. Não há necessidade do resultado a alcançar.Existe apenas expectativas. Pode dar certo como pode dar errado.
É possível promover oficinas de reciclagem onde podemos trabalhar com
sucata, dando utilidade ao lixo em nossas aulas. Por esse motivo nomeamos esta
prática com a expressão “lixo didático pedagógico”. Algo que até então era sujo,
inútil, torna-se um material didático, contando com a proposta criativa de cada
professor, no caso, o professor de educação física escolar.
Sobre competências, Antunes apud Hengemühle (2004, p. 136) considera:
O papel do novo professor é o de usar a perspectiva de como se dá aaprendizagem, para que, usando a ferramenta dos conteúdos postos peloambiente e pelo meio social, estimule as diferentes inteligências de seusalunos e os leve a se tornarem aptos a resolver problemas ou, quem sabe,criar produtos válidos para seu tempo e sua cultura.
Não queremos através da implementação dos materiais alternativos nos
conformar com a situação das precárias condições em que as escolas se
encontram, e sim uma alternativa para contornar esse problema, que é real e que
atinge todas as disciplinas curriculares, entre elas o problema em pauta é a
educação física escolar. Sabemos que para resolver esse problema, bastava
pressionar os governos para o repasse adequado de verbas para estruturar melhor o
ensino, mas não é tão fácil assim, melhor é encontrar alternativas mais viáveis,
reais. Devemos buscar um referencial que nos leve a ter esperança que num futuro
próximo possamos ter pessoas sensibilizadas para a preservação do meio ambiente,
29
utilizando a educação, a recreação e o lazer como meios para a melhoria da
qualidade de vida. O que não podemos é perder é a importância do professor de
educação física dentro da escola, pois através dos trabalhos manuais na construção
destes equipamentos com estes materiais podemos desenvolver inúmeras
habilidades.
Muller confirma:
A prática de Educação Física na totalidade do processo pedagógico permitetodo um trabalho à Educação Ambiental, pois oportuniza efetivamente aoindivíduo a experimentação e vivenciação do movimento em suas maisdiferentes formas de manifestação (ginástica dança, jogo, esporte,brinquedo a criação), bem como uma relação total e dialética, dele com omeio, para que reconheça a necessidade de atuar como agentetransformador, preservando e melhorando o meio ambiente. Para envolverhomem e natureza é preciso resgatar a importância do meio ambientedentro de uma perspectiva pedagógica, ou seja, ações que mobilizemdidaticamente a preservação da natureza em nosso conteúdo programático.As ações pedagógicas da Educação Física desenvolvidas nessaperspectiva buscam promover relações homem-homem (interpessoais,intergrupais) e o homem-natureza, numa ótica de totalidade, comprometidascom a prática social no ecossistema. (s.d. p. 76)
Podemos diagnosticar que com a evolução de indústrias, onde evoluiu a
poluição e o lixo produzido por elas através de embalagens que o homem consome
para variados fins e hoje com a degradação do meio ambiente pensamos em
tecnologias ainda insuficientes para reverter o dano e com esse modelo de trabalho
inserido na educação física podemos, pelo menos, tentar ameniza-lo.
Segundo Santin (1990, p. 9):
Pensar o homem e a natureza é uma reflexão marcada pela nostalgia einspira esperança: pela nostalgia, porque faz lembrar um tempo do passadolongínquo em que a terra apresentava imensas paisagens destruídas pelamão do homem; pela esperança, porque, aos poucos, desperta naconsciência humana os sonhos de um reencontro com o primitivo, com ooriginal ou o sagrado das belezas do grande templo da natureza. Nostalgia eesperança, de braços dados, devem ser as forças capazes e suficientes paraque o homem da era da ciência e da técnica consiga construir caminhos queconduzam ao reencontro da natureza, sua terra natal.
2.8 Educação física ambiental
Beneficiar o planeta com a preservação da natureza, através da educação
física na utilização de materiais recicláveis, é uma alternativa didática pedagógica.
Se este modelo tornar-se uma prática freqüente entre os professores, podemos
diagnosticar o início de uma nova tendência das muitas que a educação física sofreu
no decorrer de sua história ou podemos adaptar algumas tendências, dentro do
30
contexto deste estudo como a Educação Física Higienista, buscavam modificar os
hábitos de saúde e higiene da população = Tratando o lixo, ou melhor, o nosso
planeta, de forma mais adequada, trata-lo com educação.
Esta reflexão renovada simboliza, seguramente, o despertar de um longo sono,
talvez pesadelo, do homem que assiste à lenta e inexorável destruição de sua
morada e, caso não fizer alguma coisa concreta e urgente, pressente a sua própria
destruição (SANTIN, 1990).
Em um programa de Pós-Graduação de Educação Ambiental da Universidade
Federal do Rio Grande dos autores Tavares e Levy (20
0-) no discurso em sua tese de mestrado, tendo como título Implementação da
educação Ambiental na graduação de professores de educação física: uma reflexão
definida como Educação Física Ambientalizada, sugerindo que a implementação da
Educação Ambiental num curso de graduação em Educação Física, pois acreditam
que ao reconhecer a escola como uma unidade multiplicadora, trabalhar sua rotina
no sentido de reduzir os impactos que ela produz nesta multiplicação, enquanto
mantenedora e reprodutora de uma cultura que é predatória ao ambiente.
31
3 DECISÕES METODOLÓGICAS
Trata-se de uma investigação de caráter qualitativo, desenvolvida mediante
pesquisa descritiva, em que se busca compreender os fenômenos nas suas origens
e na perspectiva dos professores. Silva (1996) salienta que descrever, explicar,
interpretar e compreender os vários elementos do experimento e como ela é vivida
pelo indivíduo investigado, assinala e afirma o caminho pretendido.
3.1 Pesquisa qualitativa
Cauduro (2004, p. 20) define a pesquisa da seguinte forma:
Pesquisar quer dizer procurar respostas para suas indagações, seusquestionamentos. Em busca de respostas para suas dúvidas, de novassoluções para seus problemas, o acadêmico se desenvolve estudando epesquisando.
O que se considera como dados de pesquisa qualitativa normalmente são
alvos de críticas daqueles que só tem em mente os modelos tradicionais
(quantitativos/experimentais). O primeiro aspecto que constitui um dado "qualitativo"
é sua inserção num contexto natural, ou seja, fora de ambientes organizados de
forma artificial para realização de estudos ou experimentos. O conhecimento que se
busca é de como ocorrem as experiências cotidianas e quais os significados das
mesmas para os sujeitos não fazendo sentido retirá-los do seu "habitat" natural para
estudá-los tecendo assim a observação participante. Nos métodos qualitativos, o
pesquisador é necessariamente envolvido na vida dos colaboradores visto que seus
procedimentos de pesquisa baseiam-se em conversar, ouvir, permitir a expressão
livre dos interlocutores o que permite uma melhor absorção e vivência no meio
estudado.
32
Possebon (apud ANDRÉ, 2004, p. 53) afirma que o estudo de caso nos últimos
anos vem se transformando em uma metodologia freqüentemente aplicada as
pesquisas em Educação Física.
Alguns autores têm definições diferenciadas quando se trata de pesquisa
qualitativa: para Martins e Bicudo apud André (1995, p.23.), a “pesquisa qualitativa”
é a pesquisa fenomenológica. Trivinos apud André (1995), define que o qualitativo é
sinônimo de etnográfico. Borgdan e Biklen apud André (1995), é um termo do tipo
guarda-chuva que pode muito bem incluir os estudos clínicos. E, no outro extremo,
ou seja no sentido popular de pesquisa qualitativa, identificando-a como aquela que
não envolve números, isto é, na qual qualitativo é sinônimo de não quantitativo.
Entre inúmeras definições, o que melhor esclarece é a de Negrine (1999, p. 61)
que afirma:
A base analógica desse tipo de investigação se centra na descrição, análisee interpretação das informações recolhidas durante o processoinvestigatório, procurando entendê-las de forma contextualizada. Istosignifica que nas pesquisas de corte qualitativo não há preocupação emgeneralizar os achados.
Ou seja, A pesquisa qualitativa é um dos métodos mais utilizados em
pesquisas na área da educação, pois não tem pretensão de generalizar os
resultados obtidos no campo de investigação, mas procurar contextualizá-los para o
grupo específico ao estudo em questão.
Por ter essa razão que adotei como método que caracteriza o estudo de caso
para a realização do estudo, por permitir um maior envolvimento do pesquisador do
ambiente de estudado, promovendo assim maior conhecimento.
O caso que estudei foi o grupo de três professores de Educação Física do
Ensino Fundamental e Médio de uma escola estadual de Porto Alegre.
3.2 Os participantes
O grupo que participou deste estudo foi composto pelos professores de
Educação Física do Ensino Fundamental e Médio de uma Escola de Porto Alegre. O
grupo era formado pelos quatro professores de educação física da escola. Todos
foram comunicados sobre os procedimentos de coleta de informações.
33
3.3 Critérios de seleção da escola
a) Por ter realizado o ensino médio na escola;
b) Por ter participado através do projeto Amigos da Escola, onde eu era
responsável pela recreação durante o recreio;
c) Por não conseguir realizar nenhum dos estágios curriculares
obrigatórios por problemas com o termo de compromisso;
d) Por ter um grande carinho pela a escola.
3.4 Negociação de acesso
A negociação de acesso à escola foi realizada no atual semestre. Por ter
estudado nesta escola e participado de vários eventos durante e após a conclusão
do ensino médio. Fui bem recebida para realização do meu trabalho de conclusão
de curso. Inicialmente foi realizado o primeiro contato com o professor quando era
aluna da escola, após entrei em contato com a diretora, que também é Professora
de Educação Física e por me conhecer dos tempos de escola não foi difícil aplicar o
estudo. Por formalidade, solicitou apenas uma carta assinada por meu orientador do
Trabalho de Conclusão informando os motivos da pesquisa. Posteriormente foi
realizado um novo contato com todos os professores que participariam do estudo.
3.5 Instrumentos de coleta de dados
Os instrumentos de coleta de dados utilizados para a realização desta pesquisa
foram a entrevista semi-estruturada, a observação participante, a análise
documental e o diário de campo. Acredito que estes instrumentos estão de acordo
com as características do estudo de caso, assim como o desenho da pesquisa e o
problema a ser investigado.
3.5.1 A entrevista semi-estruturada.
Optou-se pela entrevista semi-estruturada, com base nas afirmações de
Negrine (1999), o qual salienta que a entrevista semi-estruturada permite que, por
34
meio do diálogo e de sua flexibilidade, apareçam contribuições do participante a
partir das quais novas questões podem ser formuladas, de modo a se estabelecer
uma visão mais ampla do problema em estudo.
Negrine (1999, p. 27) também define entrevista semi-estruturada da
seguinte maneira:
É semi-estruturada quando o instrumento de coleta está pensando paraobter informações de questões concretas, previamente definidas pelopesquisador, e ao mesmo tempo, permite que se realize explorações não-previstas, oferecendo liberdade ao entrevistado para dissertar sobre o temaou abordar aspectos que sejam relevantes sobre o que pensa.
Segundo André (1995), as entrevistas têm por finalidade de aprofundar as
questões e esclarecer os problemas observados.
Acredito que a entrevista semi- estruturada, por estabelecer um maior contato
entre o pesquisador e o entrevistado a entrevista ela condiciona a maior
confiabilidade do dados atribuídos a pesquisa proposto.
Trivinos (1987, p. 146) assim define este tipo de instrumento:
Podemos entender por entrevista semi-estruturada, em geral, aquela queparte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses,que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo deinterrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que serecebem as respostas do informante.
Para realizar este tipo de entrevista não é necessário delimitação de tempo,
mas que o pesquisador precisa estar atento para não perder o foco do estudo. O
entrevistador com sua capacidade e previa preparação é quem determinará o tempo
necessário para que se obtenha as informações relevantes ao estudo, assim como
também, evitar que ela se torne repetitiva podendo perder o objetivo da pesquisa,
sendo assim é importante que se utilize o questionário pré-estabelecido.
As entrevistas realizadas seguiram um roteiro (Anexo), foram gravadas e
transcritas. Ao todo foram realizados quatro entrevistas e os nomes dos
entrevistados não foram mencionados para preservar suas identidades como pré
estabelecido mediante a ao termo de compromisso (Anexo).
3.5.2 A observação participante
Para André (1995), a observação é classificada participante porque parte do
princípio de que o pesquisador tem sempre um grau de interação com a situação
pesquisada, afetando-a e sendo por ela afetada.
35
Cruz Neto define a observação participante como:
A técnica de observação participante se realiza através do contato direto dopesquisador com o fenômeno observado para obter informações sobre arealidade dos atores sociais em seus próprios contextos. O observador,enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face aface com os observados. Nesse processo, ele, ao mesmo tempo, podemodificar e ser modificado pelo contexto. A importância dessa técnica residedo fato de podermos captar uma variedade de situações ou fenômenos quenão são obtidos por meio de perguntas, uma vez que, observadosdiretamente na própria realidade, transmitem o que há de maisimponderável e evasivo na vida real. (1994, p. 60).
Desta forma, realizei individualmente as observações a partir de uma pauta
prévia (Anexo A) e procurei descrever os fatos sem atribuir juízos de valor para não
contaminar a pesquisa. Ao todo foram realizadas 8 observações nas aulas de
Educação Física da escola estudada. A pauta de observação foi elaborada a partir
do entendimento de que era importante o registro de alguns dados, pois permitiria
uma melhor interpretação das respostas fornecidas através da entrevista. “Uma
observação, ainda que superficial, nos revela que o tema do corpo está vinculado a
muitas áreas do sabe humano.” (SANTIN, 1990, p. 47).
3.5.3 Análise documental
Os documentos podem ou não apresentar na prática o que registram, mesmo
assim, eles não perdem sua importância na construção da análise dos dados obtidos
para pesquisa. A análise documental tornou-se um instrumento importante inclusive
foram apresentadas nas práticas os conteúdos descritos no plano de ensino da
disciplina, documento analisado neste estudo.
Cada professor aplica as aulas a seu modelo de trabalho, mas dentro
das perspectivas do componente curricular, educação física.
3.5.4 Diário de campo
O diário de campo foi um dos instrumentos de pesquisa adotados na coleta de
dados, informações e situações que foram explicitadas em minha presença na
escola favorecendo ao fenômeno que está sendo estudado.
36
Segundo Cruz Neto (1994, p. 63)
Como o próprio nome já diz, esse diário é um instrumento ao qualrecorremos em qualquer momento da rotina do trabalho que estamosrealizando. Ele, na verdade, é um ‘amigo silencioso’ que não pode sersubestimado quanto à sua importância. Nele diariamente podemos colocarnossas percepções, angústias, questionamentos e informações que não sãoobtidos através da utilização de outras técnicas.
37
4 ANÁLISE E INTREPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES
A análise das observações foi obtida a partir dos resultados encontrados nas
entrevistas semi-estruturadas com três professores de Educação Física da escola,
nas observações registradas em três aulas de educação física de cada professor, na
leitura do plano de ensino da escola, nas anotações no diário de campo e tendo
como referência o marco teórico.
Acredito que a formação do profissional acontece através da formação pessoal
e acadêmica. Ao analisar a história de cada professor terei elementos significativos
para compreender a temática da pesquisa. Através da análise das entrevistas
percebi que os professores possuem grandes experiências na Educação Física
Escolar e consideram suas experiências e vivências importantes desde o tempo da
graduação enquanto alunos.
Foram realizados no total, três entrevistas, uma com cada professor.
Os conteúdos das entrevistas serviram como base para a construção da
categoria de análise.
O conhecimento sobre materiais alternativos.
Os reflexos nas práticas pedagógicas.
4.1 O conhecimento sobre materiais alternativos
Começo analisando o conhecimento que os professores tem sobre materiais
alternativos. Os professores entrevistados apresentaram em seus depoimentos que
suas práticas pedagógicas só foram possíveis com a implementação de alternativas
38
dinâmicas e criativas diante da precariedade em que se encontra o ambiente escolar
na atualidade.
Em termos se fores pensar em termos de Estado a grande maioria é mais oumenos parecido, né? Pouco material né? Pouco material. Depende tambémda situação, como ta economicamente a escola. Tem escolas que fazemmais promoções, tem escolas que tem um pouco mais de dinheiro,conseguem comprar um pouco mais de material pra gente, mas basicamenteé duas bolas de vôlei, uma ou duas bolas de futebol, outra de basquete, umade handebol e deu. Não é mais do que isso. Quase todas é a mesma coisa.Não é oferecido uma grande quantidade, mas dá pra fazer um bom trabalho.Se não tivesse estes materiais, aí a gente teria que criar, né? Na verdade euaté já criei, eu já trabalhei numa escola, logo que eu entrei no municípiotambém não tinha uma oferta. Tem uma duas bolas pra trabalhar com todasturma, né? Aí eu comecei a confeccionar bola de meia, pra trabalhar ohandebol. (E1)
As condições da escola são péssimas. As quadras deterioradas, o materialesportivo é o que a gente consegue não é o que o Estado manda. Consegueatravés de amigos, sempre se dá um jeito de conseguir material. Do Estado,a escola recebe uma verba, essa verba mínima que é pra manter a escola,então sobra pouco dinheiro pra comprar o material. (E2)
Aqui no colégio, eu sempre disse, o CJ é um colégio diferenciado, apesarde todas essas crises que entra governo e sai governo, a gente vê que cadavez a coisa aperta mais. Mas o CJ sempre foi um colégio que ele manteve omínimo. Nós sempre temos o mínimo de material, porque nós professorestambém trabalhamos muito pra ter condições de trabalho. [...] nós fizemosquadras, eu já fiz várias quadras aqui no colégio. Era caixa de salto, então agente cria condições pra poder trabalhar aquele fejãozinho com arroz. (E3)
Podemos perceber nas palavras dos professores, desde os mais antigos E2 e
E3 na escola a mais nova E1, relatam que as condições são mínimas, mas poderiam
ser bem piores se os mesmos não se interessassem em promover melhor estrutura
para suas práticas, no entanto a professora E1, por estar pouco tempo na escola,
me pareceu realizar suas aulas sem muitas dificuldades mesmo com o número
reduzido de material em relação ao que a mesma relata comparado a suas práticas
durante a graduação, por ter vivenciado condições bem piores antes mesmo de
fazer parte do grupo docente da escola pesquisada.
Os três professores mantém a mesma filosofia de trabalho quando se trata em
condições para manter um nível básico para educação física. Foi demonstrado que
buscam ou criam sempre que for necessário para ter melhores condições de
trabalho.
No município por mais que eu tivesse materiais, eu não tinha espaço físico,eu trabalhava num campo, onde não tinha nada. Aí eu tinha que fazer unspostes, atar umas cordas, fazer que aquilo aí era uma rede de vôlei. Pegar
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duas madeiras, cravar no chão, aí dizia que aquilo ali era a goleira. Então, jáadaptei bastante. Não são muitos anos em trabalho e experiência, mas jápassei por várias coisas de adaptar e ter que construir material alternativo,né, o que tem. (E1)
Agora nós estamos fazendo um muro de cento e poucos metros. A escola, acomunidade os professores, não é o Estado que está fazendo isso. Depoisque nós terminarmos o muro nós vamos dar um jeito de arrumar as quadrasesportivas. As condições são mínimas. Existem bem piores. A Goreti achaque este colégio até ta bem. (E2)
[...] quando começou o colégio tinha apenas uma quadra, apenas aquelaquadra polivalente, não tinha mais nada. Nós criamos aquela outra quadrade vôlei do lado, nós fizemos uma outra quadra aqui de vôlei do lado, nóstemos aqui, agora eu não to trabalhando, mas nós temos aqui uma caixa desalto aqui atrás que antes era lá onde tínhamos o campo. Temos umcampinho de futebol. Tudo fruto assim, da liderança do professor deeducação física com a colaboração dos alunos e da direção da escola,naturalmente. Então nós sempre tivemos o mínimo de material necessáriopra poder trabalhar. Apesar da decadência e tudo, a gente consegue vendero nosso peixe. (E3)
Vimos, embora as péssimas condições em que cada professor encontrou ao
chegar na escola, mesmo em momentos diferentes, os três professores
entrevistados não se rendem à realidade. Realizam um trabalho dobrado, pois além
de melhorar as condições de trabalho, colaboram para a manutenção geral da
escola e também exigem isso dos alunos. Confirmo esse fato em meu diário de
campo (apêndice 1). Os professores sempre estão chamando a atenção dos alunos
quando se trata em manter a qualidade do material e da estrutura que a escola
oferece aos alunos, pois acreditam que só com a parceria deles é que as condições
se mantêm.
É to pra te dizer que, pra ti motivar uma turma, por exemplo, de oitava série,primeiro ano de ensino médio, sem material nenhum, é complicado[...] Euacho que eu ia partir pra uma atividade recreativa. Brincar com algumacoisa. Fazer alguma atividade que não precisasse de material, um pegador,várias maneiras que tem pra pegador pra fazer. Ia partir pra este lado,trabalhar com atividades iniciais, só que passar um ano inteiro sem material,vou ser sincera, não sei o que eu iria fazer. Eu ia sair a cata de umpatrocínio pra conseguir uma bola né? Pra conseguir dar aula. (E1)
Eu acho, que só os melhores juizes podem dizer que isso é umasacanagem. A pessoas já tem uma vida precária. As pessoas quefreqüentam a escola pública já tem uma vida precária. Tudo dela já éalternativo. A comida já é alternativa, a casa já é alternativa. Eu acho quenós devemos buscar o máximo da excelência no material. Claro que nãovamos conseguir, mas se a gente já parte da busca do alternativo, nãochega, nem isso eles vão chegar nunca, ao ideal. A gente se vê obrigado afazer o alternativo, mas o que não pode é perder o foco. Não pode acharque o filho dos outros tem que aprender malabares. Alternativo às vezes éescola de circo, escola de malabares. Então bota o teu filho na escola de
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malabares - O meu filho eu quero que freqüente computação, essenegócios, compreende? Manda a filhinha lá do Parcão aprender malabarese escola de circo. É sacanagem essas classes populares. Então manda ofilho dele, o filho do Professor, Doutor da Ufrgs, vão aprender malabares. Ofilho das classes populares tem que buscar isso aí. Nós como professortemos que buscar isso aí. Se não é sacanagem. (E2)
Discordo do professor E2, quando ele coloca-se contraditório quando diz: “se a
gente já parte do alternativo não chega ao ideal”. Acredito que o professor que
busca o alternativo é o mesmo professor que não admite as condições que a
realidade escolar apresenta, pois promove o melhor dentro de suas condições, não
se permite influenciar pelas dificuldades, mas concordo quando ele diz que os
trabalhos realizados com materiais alternativos para amenizar a falta do material só
acontece em escolar de classes populares.
Eles formam o acadêmico pra ele trabalhar numa escola com ginásio, cheiade material, com vinte bolas de basquete, vinte bolas de vôlei, vinte bolasde cada, sabe? E essa não é nossa realidade, a nossa realidade é outra,então a gente tem que se adequar. Tem que te adequar pra tu poder sesentir bem, pra ti poder dar a tua aulinha ali. Não é aquela aula ideal, mas éa aula que as condições que tu tem, que te oferecem, tu consegue ministrar,no caso, né?. (E3)
Nota-se que os professores E1 e E2 se colocam contrariados quando falamos
em materiais alternativos para realizar as aulas, defendendo que não é algo que
possa ser mantido por muito tempo, pois pode comprometer a motivação dos
alunos. Do contrário do professor E3 que demonstra um certo conformismo ao se
tratar das reais condições da escola, talvez por não ter conseguido realizar um
trabalho ideal como os vivenciados na graduação. O ideal na visão deste
professores parece distante, o que não impede de continuar a realizar um trabalho
básico, ou seja, o que as condições oferecem e criticam muito a formação dada na
graduação.
O que eu acho assim, oh. Eu acho que a nossa preparação na graduaçãocomo professor de educação física é. A realidade, realmente escolar, não élevada pra gente durante a graduação. A gente aprende a trabalhar, pratrabalhar numa escola particular, pra trabalhar num lugar que te ofereçamateriais, condição física disponível pra isso. Mas a realidade escolar não éessa. Mal a gente chega nas escolas e tem uma quadra, e quando tem.Porque tem escolas que não tem quadra. E aí?! E aí queira ou não queira,assim oh, tu tem que usar da criatividade e tentar montar alguma coisa. Secolocar a frente a uma turma, tu é a professora ou professor de educaçãofísica da escola, vai ter que sair atrás de alguma alternativa pra podertrabalhar. Passar o ano inteiro de braços cruzados, não tem como, então, tu
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vai ter que achar alternativas pra trabalhar, pra criar, seja lá a bola de meia,não só bola, como existe pneus bancos, sei lá, vários obstáculos que se crieaí com material alternativo, fazer brincadeiras, pra fazer qualquer coisa,né?. (E1)
A professora E1 em seu discurso critica a graduação em se tratando das
práticas realizadas na universidade não serem compatíveis com a realidade e que
os professores recém formados encontrarão na prática do ensino público.
Os relatos dos três professores são semelhantes e adotaram um modelo de
trabalho que se confirma na prática.
Para compreender melhor a importância da realização do trabalho em que
estes professores praticam em suas realidades recorremos a Hengemühle (2004, p.
54):
No Brasil, por muitos interesses e motivos historicamente conhecidos(políticos, econômicos...), fez-se da educação, com certeza, uma das áreasmais carentes de apoio e conseqüentemente mais desatualizadas e lentasnas mudanças. No entanto, isso, para nós educadores, não pode continuarsendo um objeto de lamentações. Não podemos esmorecer na busca demelhores condições para a educação e os educadores, entre as quaispoderíamos lembrar a qualificação do professor nos cursos universitários, ainfra-estrutura das escolas, a remuneração dos professores, o número dehoras trabalhadas por semana. Precisamos começar por nós, arregaçar asmangas e fazer a nossa parte. Contudo, isso não acontecerá se a escolaestiver fechada entre quatro paredes, isolada do contexto social e familiar.
4.2 Os reflexos nas práticas pedagógicas
Sabemos quais os conceitos que os professores tem sobre os materiais
alternativos, através dos depoimentos podemos analisar esse reflete em suas
práticas pedagógicas. Até que ponto é importante saber se adequar às precárias
condições oferecidas na escola? Por se tratar de um componente curricular
obrigatório na educação ajustando-se as faixas etárias e ás condições da população
escolar, estes conceitos seguem os mesmos princípios das análises das condições
materiais, pois não há como separar o material necessário para a realização de suas
práticas, pois as práticas de atividades físicas são fundamentais e a não atenção
dos professores neste sentido pode perder a motivação dos alunos em
conseqüência de má atuação dos mesmos, como foi colocado em depoimentos
anteriores a estes que vamos analisar.
42
[...] eu sou uma que não trabalho atletismo nas aulas e sei disso, souconsciente que não trabalho, às vezes me cobro. Eu acabo trabalhandoesporte, esporte. Procuro trabalhar bastante criatividade, dança, expressãocorporal. (E1)
As minhas aulas. Se eu pudesse tratar assim como uma figura delinguagem. Fazer uma figura de linguagem, usando a culinária pra isso.Minhas aulas nunca são, nunca foram. Eu nunca servi para os alunos oStrogonoff, mas eles tiveram sempre comigo o arroz, o feijão e carne. Ofundamental eles sempre tiveram. Desde que eu saí da faculdade, eu disseque eu nunca seria aquele professor que atiraria a bola pra cima e não dariaaula. (E2)
[...] a gente cria condições pra poder trabalhar aquele fejãozinho comarroz... Esse fejãozinho com arroz bem temperado é assim: pro aluno nãotomar conta do professor, o professor dar uma aula e ficar satisfeito. Atéprofissionalmente, pra o professor não chegar e largar a bola e ficar amanhã inteira ali. Ah! Larguei a bola, faço a chamada, se fizer, porque temgente que não faz e a gente faz sempre [...]. (E3)
Os relatos condizem com a prática, com exceção da realização da chamada,
pois não foi realizado por todos os professores na minha presença. Inclusive os
professores nunca deixaram seus alunos sozinhos no pátio da escola. Sempre que
um professor precisou se ausentar, outro se responsabilizava pelo grupo até seu
retorno. Outro fato é que os professores mantêm constante observação para corrigir
ou chamar a atenção dos alunos durante o período de aula e não autorizam os
alunos de se ausentar a menos com a apresentação de atestado médico para não
realizar as práticas. Todos participavam das aulas que eram separadas por sexo,
independente da série, e o trabalho não foi realizado apenas enquanto eu estava na
escola pois era fácil de perceber, pois os alunos se organizavam automaticamente
como de costume.
Para todos aqueles que sonham com mudanças, precisam convencer-se deque só será possível uma mudança quando conseguimos romper com osistema de valores e com os quadros mentais que sustentam estacivilização da ciência da tecnologia, inspiradora da sociedade industrial.(SANTIN, 1990, p. 91).
Às vezes faz a gente até se desestimular um pouco assim. Tem tanta coisapra fazer, vou aplicar e não é. Assim é cursos que a gente participa emeventos, e congressos. Tu chega lá, claro que é tudo perfeito e maravilhoso,é só graduado, é só pessoal da educação física, ou é pessoal formado é osacadêmicos, ta todo mundo cheio de gás. É claro que as brincadeiras e asatividades são maravilhosas, quase tudo funciona é perfeito. É todo mundoadulto, é todo mundo professor ali. Agora vai aplicar na criança, vai aplicarnos pequenininhos, nos adolescentes pra ver se vai sair assim. Não é, oprofessor tem que ter muito jogo de cintura. E eu acho que é pouca práticano dia-a-dia. Cada turma é uma turma. Cada escola tem uma clientela. Tutrabalha com crianças de várias condições socioeconômicas e isso, assim,reflete um monte na aula da gente. Eu acho que, assim, eu tenho umacrítica enquanto a nossa formação acadêmica. Tinha que ser bem mais
43
explicita, que não é tão fácil e tão lindo como eles nos mostram e nosensinam lá nas disciplinas, eu acho que tinha que viver um pouco mais arealidade das escolas pra ver que não é bem assim. (E1)
Embora a professora E1 tenha experiência de quase 10 anos em educação
física escolar, seu trabalho fica deficiente, pois as condições socioeconômicas
influenciam muito nas práticas ficando mais difícil de respeitar e proporcionar um
trabalho ideal tendo em contrapartida muitas divergências.
[...] apesar de todo esse discurso, eu já também passei por todos osdiscursos, mas o último é o discurso do: “não tem que ter conteúdo tem queser uma coisa pedagógico”. Não, eu acho que tem que ter conteúdo,matéria tem que ter conteúdo. Matemática tem que estudar matemática,português tem que estudar português, educação física tem que estudarpráticas corporais tem que passar a cultura esportiva. Tem gente que achaque não, o negócio de ter que inventar de novo o vôlei, ter que inventar denovo o basquete tem que inventar [...] Não. Eu acho que existe uma culturano esporte e que tem que passar essa cultura. Só que pena que sai essescaras alienados que só sabem fazer essa continuação do país do futebol,né? As pessoas não gostam de outro esporte, não porque gostam defutebol. Não gostam de outro esporte, porque não conhecem outro esporte,a verdade é isso. Os professores seguem aquela linha: ah eles gostam defutebol, o Brasil é o país do futebol, então vamos dar futebol. Então nãoconhecem outro esporte, porque seguem dando futebol. O futebol é o nossomal ou é o nosso bem? Pra mim é mais o nosso mal do eu nosso bem. (E2)
[...] Nós reunimos a turma, a gente faz um aquecimento, um alongamento,normalmente um alongamento, 10 minutos de alongamento com algumaatividadezinha ali, né, alguns exercícioszinhos, dependendo se está maisfrio ou não, a partir desse momento a segunda parte nós trabalhamos nomínimo quinze minutos de fundamentos que foi no primeiro trimestre, foivoleibol e agora nós estamos começando o segundo trimestre o basquete.Então a gente começa com todos os fundamentos de voleibol, trabalhamosos fundamentos: é toque, é manchete, é saque, é cortada, é aquelesfundamentos básicos que levam a partida, e nos últimos 10, 15 minutos agente proporciona jogo pra eles. Aí sim, se gosta de jogar voleibol, vai jogarvoleibol, se gosta de jogar basquete, fica na meia quadra de basquete, ofutebol que a gente pensou, não vamos tirar a gente propicia meia quadrapra eles. E aí a gente chegou a conclusão que com essa nossa práticacontinuada eles não tão nem querendo mais futebol, eles até largam futebol,ficam no basquete ou no vôlei [...] O pessoal já tava viciado, só queriafutebol. Vôlei, eles não tinham, então fica difícil de dar outro esporte. E nósestamos viciados em seguir nossa metodologia, nosso trabalhinho é esse, ésimples, mas é uma coisa que o aluno está acostumado. Então vem alunode fora, ele entra no ritmo e a gente trabalha bem o ano todo. (E3)
Eu do sempre a mesma coisa porque eu quero dar a base, para que elespossam partir pra outra coisa. Um aluno meu vai gostar do futebol, porqueele gosta de futebol, mas ele já passou pelo vôlei, já, passou pelo basquete,já passou pelo handebol. Ele vai gostar de futebol por isso. (E2)
As práticas dos professores são constantes. Para manter um trabalho em que
só é possível como é, ou seja, independente das individualidades de cada professor,
44
é sempre mantido uma atividade básica nos 15 a 20 minutos iniciais de práticas
corporais, não sendo necessário nenhum tipo de material propositalmente, pois o
número de materiais utilizados eram reduzidos. Após as atividades determinadas
pelo professor os alunos eram liberados a praticar um esporte de sua escolha. Os
esportes disponíveis eram o vôlei, basquete e futebol.
Como essa metodologia é constante, realmente a maior parte dos alunos da
escola jogava vôlei ou basquete, o futebol percebi que ficou em terceira opção dos
alunos. Também notei que os professores, não gostavam muito do futebol, por
dominar a maior parte dos alunos e pelo fato de ser um esporte de cultura nacional,
mas como salienta anteriormente o professor E2, os alunos não gostavam de outro
esporte se não forem apresentados. O professor insistentemente adota outras
modalidades práticas para educar e proporcionar os alunos a optar pelo esporte que
realmente gostam, perdendo os vícios comuns que a sociedade impõe com o
futebol. Os alunos têm o vôlei como esporte tradicional na escola.
As condições da escola pública foram se deteriorando ao longo do tempo.Antes quem era inteligente estudava em colégio publico, os burrosestudavam em colégio de padre. Porque os padres passavam todo mundo.Eu estudei em escola pública e a escola pública se deterioroumaterialmente e por conseqüência houve uma deterioração acadêmicatambém na escola pública”. Como diz o meu irmão: a escola pública é feitapara o pessoal que vai obedecer e a escola particular é feita para o pessoalque vai mandar. (E2)
O professor E2 critica o estado em que se encontra as escolas do
Estado nos atuais dias, pois relata que esteve presente em todos os governos
durante sua docência desde 1973, num total de 34 anos como professor de
educação física escolar. E mostrou-se irritado, pois não viu nenhuma
mudança positiva neste período na educação.
Ao finalizar minha análise, entendo que a formação do professor para
enfrentar todos as classes de ensino não são promovidas na graduação,
salvo os professores analisados, por terem o privilégio de iniciar práticas
paralelamente, desde seu primeiro ano de graduação. Considero de suma
importância não somente aprimorar os conhecimentos, mas para todo o
acadêmico que se propõe a entrar neste ramo por em prática todas as teorias,
que discutimos em educação física escolar. Acredito que a educação física
escolar, por ser o carro chefe da educação física desde sua origem, mesmo
45
mudando em partes seu perfil ao longo dos anos em relação às novas
tecnologias de treinamentos de atletas, ela ainda não simula ao acadêmico o
que na realidade são oferecidas. São situações que não encontramos em
livros, mas que se forem vivenciadas desde o princípio poderão ser discutidas
até sua perfeição o que se dará no final da graduação favorecendo um melhor
nível de formação.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 As limitações da Pesquisa
Dificuldades em desenvolver uma linha de estudo. Perdi boa parte do tempo
tentando determinar que assuntos abordados o marco teórico, por conseqüência não
pude cumprir os prazos determinados pelo orientador.
Dificuldades em desenvolver a metodologia, pois a falta de experiência e pouco
conhecimento do conteúdo científico sobre metodologia provocou certa restrição em
por no papel antes da coleta dos dados.
Problemas pessoais que me atrapalharam durante quase todo o período em
que impediram de me envolver com mais profundidade.
Escolha da escola, não queria realizar a pesquisa em uma escola onde eu
conhecia os professores, mas do contrário o que pensava, me ajudou bastante em
aprofundar os dados coletados.
5.2 Idéias de Continuidade
Considero o estudo de grande valor para minha formação e experiência
profissional deixando muitas idéias de continuidades para pesquisas posteriores.
Abaixo apresento algumas sugestões:
� Realizar em outras escolas;
� Realizar em outros contextos (Escolas Municipal, Particulares);
� Realizar um comparativo (Escolas Municipal, Estaduais e Particulares, etc.);
� Realizar com outros participantes (Alunos , acadêmicos)
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� Realizar em outros níveis de ensino (Ensino Fundamental, Ensino Infantil,
Ensino Superior)
5.3 Reflexões Finais
O conhecimento adquirido neste estudo, através das observações entrevistas e
coletas de dados, foi possível entender que trabalhar com educação física escolar
requer uma gama de habilidades que vai além dos conteúdos vivenciados na
graduação. Pois os professores analisados apresentaram grandes conhecimentos
do discurso e na prática em busca de melhores condições de realizar um trabalho o
mais próximo possível do ideal, já que os professores alegam que as dificuldades
em que a escola se encontra são de recursos mínimos, mesmo assim as aulas
acontecem.
No que se refere ao conhecimento que os professores tem sobre materiais
alternativos percebi que todos apresentaram em seu discurso, mas isso não foi
apresentado em suas práticas ao ar livre apenas em ambiente fechado, as mesas
feitas de compensado e raquetes de pingue-pongue que os próprios professores
trataram de construir, mesas de jogos de dama, sem contar os bancos que os
professores construíram com cadeiras velhas e no espaço externo junto as quadras
os professores construíram enormes banco utilizando antigos postes de luz que
poderiam botar em risco a vida dos alunos. Por ser ex-aluna da escola presenciei
muitas vezes os professores em domingos e feriados na escola construindo o muro
de concreto da campanha organizada junto à comunidade e também para as
melhorias das quadras e espaços de lazer é para práticas de atividades físicas e
recreativas. Estes professores têm um ótimo exemplo a nos dar, os futuros
educadores. Pois demonstraram que não se renderam ao descaso em que os
governo que sempre puseram como principal regulamentação em suas candidaturas
a educação e nada aconteceu durante os 33 anos em que os professores
permanecem lecionando.
Como foi dito em outro momento deste estudo e muito criticado também pelos
professores entrevistados. Quando se trata da graduação, ela apenas é o início de
um novo caminho, mas, porém nela deveria ocorrer não toda, mas pelo menos
algumas simulações, mais explícitas, da realidade em que se encontra a educação,
48
para que os futuros educadores se sintam mais preparados para realizar suas
práticas.
Depois de realizada a pesquisa desconsiderei a idéia de um crítico
pensamento, que por sem conhecimento e fundamento vivo, generalizava as
práticas de professores considerados antigos por sua formação. Seguramente pude
mudar esse conceito de que as práticas pedagógicas de professores de educação
física não são subordinadas a sua formação, pois acredito que se difere por caráter
e compromisso que cada indivíduo, ou seja, o professor aceita a partir do momento
em que escolhe a profissão a seguir.
Não podendo generalizar os fatos, pois isso foge do princípio da pesquisa
qualitativa, mas complementando a reflexão anterior, cada indivíduo ao se propor
engajar em qualquer área da educação física, principalmente na educação física
escolar, que é a que mais precisa de atenção para que este espaço não seja
preenchido com outro conteúdo ou desocupado eternamente por falta de
profissionais que não cumprem com o seu simples dever, independente das
condições que as escolas oferecem, é necessário promover atividade física em
qualquer condição, pois é uma questão de saúde.
Confio na educação e espero que este estudo seja uma contribuição para o
complemento na formação de muitos colegas e educadores. Recomendo, não
parem por aqui.
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50
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51
APÊNDICE A - Roteiro da entrevista semi-estruturada
Entrevista nº:
Professor:
Data da Entrevista: ____/___/___ Data da Trasncrição___/___/___
Início: Término:
1. Fale sobre sua formação acadêmica.
2. Conte sua experiência em Educação Física Escolar.
3. Fale sobre as condições materiais da escola.
4. Conte sobre suas práticas pedagógicas.
5. Fale um pouco sobre o que acha de educação ambiental ligada a
educação física.
6. Em sua opinião, quais são os requisitos necessários para um
professor de Educação Física poder incluir educação ambiental
e material alternativo em suas aulas?
7. Tens alguma coisa para falar que não tenha sido contemplada
durante a entrevista?
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Entrevista nº: 1
Professor: E1
Data da Entrevista: 27/ 06/ 2007. Data da Transcrição: 27/06/2007.
Início: 15h 10min Término: 15h 40min
1. Fale sobre sua formação acadêmica.
Eu sou formada em licenciatura plena em EF, fiz minha faculdade na faculdade
da região da campanha URCAMP. Logo após eu fiz uma especialização em
fisiologia do exercício e atualmente estou concluindo outra especialização em
esporte escola de uma universidade de Brasília. Essa especialização surgiu porque
eu fui coordenadora de um projeto do Governo Federal do Projeto Segundo Tempo
da escola onde eu trabalhava e aí eles ofereceram para todos os coordenadores
uma especialização em esporte escolar, então eu to terminando, na verdade já fiz
tudo, só falta definir a monografia que já está pronta, só não defendi ainda por causa
deles que não marcaram a data.
2. Conte sua experiência em Educação Física Escolar.
A minha experiência em educação física escolar, na verdade é assim, a minha
maior experiência é em educação física escolar, porque eu tive formação de ensino
médio em Magistério, então desde aquela época eu já venho dentro das escolas, e
quando eu tava na graduação, surgiu uma bolsa na verdade, lá na faculdade que eu
estava na faculdade que eu estudava, na universidade, pra uma escola do estado.
Havia uma professora do estado nesta escola que eles ias ceder pra universidade
em troca disso poderia ir uma estagiária trabalhar na escola. Então eu fui. Foi eu que
fui convidada pela escola porque eu já tinha feito o estágio lá na época do segundo
grau, do ensino médio, né, e aí eu fui convidada a trabalhar na escola e assumi as
turmas como professora mesmo, de educação física mesmo, estando recém na
graduação. Então eu trabalhava com quinta, com sexta, com sétima e com oitava
série. Aí que iniciou na verdade a minha experiência na educação física, foi durante,
já a graduação, eu trabalhei um ano nesta escola, dando aula, era eu a professora
53
da escola, né? Tinha quer trabalhar com eles. Então muita coisa eu fiz certo, então
muitas coisas eu fiz errado. Tentei ensinar. Eu me lembro que eu aprendia, eu tava
tendo a disciplina de handebol na faculdade. Então tudo que eu aprendia na
faculdade, assim à noite nas aulas, eu corria no outro dia e aplicava nas crianças,
né? Então aquilo ali pra mim foi maravilhoso, porque, talvez não tenha sido tanto pra
eles, porque devo ter errado muito, né? E tentando ensinar porque eu não sabia
muita coisa, né? Mas tentei fazer meu trabalho da melhor maneira possível. Ali
iniciou a minha... Quando eu fui fazer o estágio obrigatório mesmo, da faculdade,
que era, que a gente precisava fazer aulas com educação infantil, depois de primeira
a quarta série, de quinta a oitava, no ensino médio eu tirei de letra, né? Porque eu
voltei pra escola, fiz o estágio na mesma escola, onde eu já tinha trabalhado, então
foi muito tranqüilo. E aí depois o ensino médio eu fiz numa, no próprio ensino médio
da universidade que tinha. Aí eu trabalhei com umas meninas com ginástica, com
musculação, que é uma área que eu também adoro, né? Então a educação física
escolar foi aí. E aí eu me formei em Educação física, prestei concurso público pro
Estado. Eu me formei em 2001. E aí já passei no concurso, fui nomeada logo em
seguida e já fui convidada para trabalhar no Município também. Fiquei com quarenta
horas. Depois eu fiz concurso no Município, passei, me nomearam. Sempre
trabalhando com educação física escolar, de quinta a oitava, no ensino médio e
trabalhei bastante tempo de primeira a quarta série, também, com recreação
específico. Que no município a gente tinha isso, lá onde eu morava. Aí depois
quando eu vim para Porto Alegre, faz um ano e meio que to aqui. Eu tive que pedir
demissão no Município. Fiquei só com vinte horas (20h) no Estado, cheguei e
comecei a trabalhar com quinta série. Foi o que a escola me ofereceu. Uma quinta e
uma sexta, e aí logo em seguida eu já fui trabalhar em outra escola com uma
convocação e lá eu trabalho com ensino médio. Então a minha experiência é bem
focada em educação física escolar. E a outra escola que trabalho também é do
Estado.
3. Fale sobre as condições materiais da escola.
Em termos se fores pensar em termos de Estado a grande maioria é mais ou
menos parecido, né? Pouco material, né? Pouco material. Depende também da
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situação, como ta economicamente a escola. Tem escolas que fazem mais
promoções, tem escolas que tem um pouco mais de dinheiro, conseguem comprar
um pouco mais de material pra gente, mas basicamente é duas bolas de vôlei, uma
ou duas bolas de futebol, outra de basquete, uma de handebol e deu. Não é mais do
que isso. Quase todas é a mesma coisa. Não é oferecido uma grande quantidade,
mas dá pra fazer um bom trabalho.
Se não tivesse estes materiais, aí a gente teria que criar, né. Na verdade eu até
já criei, eu já trabalhei numa escola, logo que eu entrei no município também não
tinha uma oferta, e como eu saí da graduação com aquela noção, assim, bom: “Nos
íamos trabalhar handebol, por exemplo, o professor dava uma bola pra cada um, “na
graduação”. No basquete eu me lembro também, todos os educativos e tudo mais e
cada um com a sua bola, quicando, aprendendo a arremessar, o passe, dois a dois,
cada um com uma bola”. Quando eu cheguei, logo no início, durante a graduação
mesmo aí eu fui trabalhar com handebol e eu digo, “e aí meu Deus do céu?” tem
uma duas bolas pra trabalhar com todas turma, né?! Aí eu comecei a confeccionar
bola de meia, pra trabalhar o handebol e isso a gente fez bastante, pelo menos pra
eles poderem trabalhar o manuseio de bola, cada um tem a sua, mas não é algo que
chame muito a atenção de aluno. Eles querem a bola verdadeira. Então no caso da
gente não ter nada de material, tem que adaptar. No município por mais que eu
tivesse materiais, eu não tinha espaço físico, eu trabalhava num campo, onde não
tinha nada. Aí eu tinha que fazer uns postes, atar umas cordas, fazer que aquilo aí
era uma rede de vôlei, pegar duas madeiras, cravar no chão, aí dizia que aquilo ali
era a goleira. Então, já adaptei bastante. Não são muitos anos em trabalho e
experiência, mas já passei por várias coisas de adaptar e ter que construir material
alternativo, né, o que tem.
4. Conte sobre suas práticas pedagógicas.
O que eu acho assim, oh. Eu acho que a nossa preparação na graduação
como professore de educação física é. A realidade, realmente escolar, não é levada
pra gente durante a graduação. A gente aprende a trabalhar, pra trabalhar numa
escola particular, pra trabalhar num lugar que ter ofereça materiais, condição física
disponível pra isso. Mas a realidade escolar não é essa. Mal a gente chega nas
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escolas e tem uma quadra, e quando tem. Porque tem escolas que não tem quadra.
E aí?! E aí queira ou não queira, assim oh, tu tem que usar da criatividade e tentar
montar alguma coisa. Se colocar a frente a uma turma, tua é a professora ou
professor de educação física da escola, vai ter que sair atrás de alguma alternativa
pra poder trabalhar. Passar o ano inteiro de braços cruzados, não tem como, então,
tu vai ter que achar alternativas pra trabalhar, pra criar, seja lá a bola de meia, não
só bola, como existe pneus bancos, sei lá, vários obstáculos que se crie aí com
material alternativo, fazer brincadeiras, pra fazer qualquer coisa, né?! Corridas,
trabalhar outras qualidades físicas que não seja só o esporte. Se eu não conseguir
trabalhar o esporte eu não tenho espaço pra nada, sei lá quem sabe vou partir para
o atletismo, não vou ter vários talentos de atletismo na minha turma, que é algo
esquecido, eu sou uma que não trabalho atletismo nas aulas e sei disso, sou
consciente que não trabalho, as vezes me cobro. Eu acabo trabalhando esporte,
esporte. Procuro trabalhar bastante criatividade, dança, expressão corporal.
5. Fale um pouco sobre o que acha de educação ambiental ligada a
educação física.
Eu fiz um trabalho quando eu trabalhava de primeira a quarta série, que é
bem diferente de trabalhar de quinta a oitava. De quinta a oitava tu te direciona mais
pro esporte em si, né?! Eu sempre trabalhei assim, toda a iniciação de todos os
esportes, né?! Então de primeira a quarta a gente trabalha muita recreação, trabalha
muita atividade que trabalhe , assim a criatividade, cooperação entre eles. Eu fiz um
projeto na época de trabalhar com materiais alternativos mesmo, construir
brinquedos e brincadeiras que eles pudessem, né... Resgatei até muita coisa da
história, dos tempos de antigamente. A gente construiu peteca, aí eles, como era no
interior, eles levavam pena de galinha, pena de galo tudo que eles tinham em casa,
assim. Recortezinhos de pano, serragem, que eles tinham em casa, a gente
construía um brinquedo, levavam caixinha de sapato, a gente conseguia umas
cordinhas, colocava ali e fazia carrinhos. Como é primeira série, segunda e terceira,
então eu já trabalhei bastante com isso. Então a gente procurava usar tudo que era
material que eles tinham em casa ou que a própria escola tinha e ali nos ia
montando brinquedo pra usar nas aulas de educação física. Cinco Marias com
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pedrinhas, brinquedos de antigamente mesmo, petecas, carrinhos que a gente
construía, assim, com caixinhas, cata vento com pauzinho, aprendia a fazer com
cartolina, assim, com papel durinho, a gente recortava, nos ia pro lado de fora
botava no vento.
Trabalhar na educação infantil, com certeza, com certeza, eles são mais
aceitáveis. Quinta série até, eu consegui trabalhar algum brinquedo, uma época eu
também trabalhei bastante com garrafa pet. Construí uns carros com garrafas pet
com eles, a gente recortava todo, fazia o carro, fazia as rodas, eu consegui um
modelo, era bem complicado, mas assim oh, primeira a quarta série era bem mais
fácil de se fazer isso do que com os maiores.
É to pra te dizer que, pra ti motivar uma turma por exemplo, de oitava série,
primeiro ano de ensino médio sem material nenhum é complicado. Eu não, assim de
imediato eu nem sei. Eu acho que eu ia partir pra uma atividade recreativa. Brincar
com alguma coisa. Fazer alguma atividade que não precisasse de material, um
pegador, várias maneiras que tem pra pegador pra fazer. Ia partir pra este lado,
trabalhar com atividades iniciais, só que passar um ano inteiro sem material, vou ser
sincera, não sei o que eu iria fazer. Eu ia sair a cata de um patrocínio pra conseguir
uma bola né, pra conseguir dar aula.
6. Em sua opinião, quais são os requisitos necessários para um professor
de Educação Física poder incluir educação ambiental e material alternativo em
suas aulas?
Mas essa relação com a educação ambiental eu acho que a gente tem que até
partir, abrir um pouco mais os olhos pra isso. Aqui na escola a gente tem, o
professor Mario é o que trabalha bastante, até quanto as árvores. Agora eles
utilizaram assim madeiras que tem ali, fizeram bancos a gente quer ver se as
crianças na aula de educação artística pintam estes bancos, até pra conservação da
escola. A gente ta sempre comentando, a quantidade de árvores que a gente tem
aqui na escola, tem árvores frutíferas. A gente ta sempre chamando a atenção
deles, pra que eles tenham cuidado, o quanto é bom no verão a gente poder praticar
um esporte com árvore, com sombra. Então eu acho que já é uma maneira de
ensinar também. Claro que não é focado, mas a gente meio que indiretamente ta
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sempre procurando conscientizar. É quanto a sujeira que eles estão largando pacote
aqui, pacote lá. Vê se tem lixo na escola, porque largar o lixo no chão, vamo lá,
vamo recolher, a gente faz eles recolher, levar pro lixo. Acho que eu poderia fazer
até mais, né, mas dentro do possível a gente ta sempre antenado quanto a isso.
7. Tens alguma coisa para falar que não tenha sido contemplada durante a
entrevista?
Eu tenho uma crítica quanto à formação acadêmica da gente. Eu acho que a
nossa formação acadêmica, assim, deixa desejar, nesse sentido. A gente sai de lá
cheio de estímulos, ou se não, eu sempre fiz cursos, cursos daqui, cursos de lá e
participava, vinha cheia de novidade, loca pra aplicar e a realidade ela não é bem
assim. As vezes faz a gente até se desestimular um pouco assim. Tem tanta coisa
pra fazer, vou aplicar e não é. Assim é cursos que a gente participa em eventos, e
congressos. Tu chega lá, claro que é tudo perfeito e maravilhoso, é só graduado, é
só pessoal da educação física, ou é pessoal formado é os acadêmicos, ta todo
mundo cheio de gás. É claro que as brincadeiras e as atividades são maravilhosas,
quase tudo funciona é perfeito. É todo mundo adulto, é todo mundo professor ali.
Agora vai aplicar na criança, vai aplicar nos pequenininhos, nos adolescentes pra
ver se vai sair assim. Não é, o professor tem que ter muito jogo de cintura. E eu
acho que é pouca prática no dia-a-dia. Cada turma é uma turma. Cada escola tem
uma clientela. Tu trabalha com crianças de várias condições socioeconômicas e
isso, assim, reflete um monte na aula da gente. Eu acho que, assim, eu tenho uma
crítica enquanto a nossa formação acadêmica. Tinha que ser bem mais explicita,
que não é tão fácil e tão lindo como eles nos mostram e nos ensinam lá nas
disciplinas, eu acho que tinha que viver um pouco mais a realidade das escolas pra
ver que não é bem assim. O professor tem de tudo um pouco. Professor de
educação física é psicólogo, ele é amigo, ele escuta problemas. Os alunos vêem te
contar o que acontece. E é difícil estar preparada pra isso. Tu vem com a cabeça
focada, eu vou ensinar isso. Prepara isso e não é sempre que dá certo aquilo que tu
preparou. E quanto a educação ambiental, eu sempre procurei orientar além da tua
disciplina, daquilo que tu tem que ensinar, tu tem que no mínimo tenta educar eles
pra ter boas maneiras. Desde tomar água, sair correndo, de pisar em planta. Coisas
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que faz parte do professor ensinar e agente que trabalha diretamente na rua na
natureza isso aí é o mínimo que a gente pode ensinar pra eles, chamar atenção, não
é só ensinar, é chamar atenção deles pra questões básicas pro meio ambiente e
desde que eu comecei a trabalhar isso é automático aquilo que tu ensina em relação
à vida deles.
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Entrevista nº: 2
Professor: E2
Data da Entrevista: 26/ 06/07. Data da Trasncrição: 27/ 06/07.
Início: 16h26min Término: 16h54min
1. Fale sobre sua formação acadêmica.
Eu fiz o curso de educação física na Esef da Ufrgs, em 73. Levei 4 anos pra
fazer. O que, que eu vou dizer do curso? “O que diferenciava de hoje?” era mais
prático, tinha que hastear a bandeira uma vez por semana. Exigia uniforme. Grandes
professores da época, Balduino, exigia tênis branco, meia branca, calção preto e
camisa branca, se não, não assistia a aula dele. A Esef da Ufrgs era formada por
coronéis da brigada, a grande maioria era oficiais da brigada. Nos tivemos bons
professores, o coronel Moreira que era um ótimo cara, mas a formação era mais
desporto. Mas muito fraca a faculdade. Muito fraca. O que eu e aprendi muito foi na
recreação publica de porto alegre. Levei quatro anos pra fazer a faculdade e durante
estes quatro anos eu trabalhei em praças de Porto Alegre. Depois de formado, fui
dar aula no estado.
2. Conte sua experiência em Educação Física Escolar.
Fui dar aula em Gramado, fiquei dez anos em Gramado, depois voltei pra Porto
Alegre. Dei mais 22 anos, to dando aula, de Gramado e agora, to dando aula a 32,
33 anos em colégios do Estado.
3. Fale sobre as condições materiais da escola.
As condições da escola pública foram se deteriorando ao longo do tempo.
Antes quem era inteligente estudava em colégio publico, os burros estudavam em
colégio de padre. Porque os padres passavam todo mundo. Eu estudei em escola
pública e a escola pública se deteriorou materialmente e por conseqüência houve
uma deterioração acadêmica também na escola pública. “ Como diz o meu irmão: a
escola pública é feita para o pessoal que vai obedecer e a escola particular é feita
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para o pessoal que vai mandar”. Sabe que, todo o tempo que se deu, meu tempo de
dar aula passou por todos os regimes. Desde os governos militares, os governos de
esquerda. Nosso Governo de esquerda resolveu abrir uma faculdade, uma
universidade no RS, deteriorou o ensino público, pegou o dinheiro e abriu uma
universidade, do RS. Acabou com o nosso setor o documento se perdeu, levou a
nossa, Presidente do Cpers, num dia ela queria 92% no outro dia ela era secretária
do Estado. O Estado também conseguiu perder o Cpers. O Cpers conseguiu perder
toda sua credibilidade. É uma idéia estrutural é uma idéia filosófica né. Nós
chegamos ao fundo do poço, no ensino público. Leio jornal, escuto a rádio, vejo
televisão, freqüento universidade. A linguagem comum é todas essas, a todos eles é
a prioridade da educação, né?! Partidos de direita, esquerda, todos eles a
prioridade é a educação. E quando olhamos a todos os governos, pelo menos,
enquanto propaganda, foi prioridade. Educação só ferro.
As condições da escola são péssima. As quadras deterioradas,o material
esportivo é o que a gente consegue não é o que o Estado manda. Consegue através
de amigos, sempre se dá um jeito de conseguir material. Do Estado, a escola recebe
uma verba, essa verba mínima que é pra manter a escola, então sobra pouco
dinheiro pra comprar o material. Agora nós estamos fazendo um muro de cento e
poucos metros. A escola, a comunidade os professores, não é o Estado que está
fazendo isso. Depois que nós terminarmos o muro nós vamos dar um jeito de
arrumar as quadras esportivas. As condições são mínimas. Existem bem piores. A
Goreti acha que este colégio até ta bem.
4. Conte sobre suas práticas pedagógicas.
As minhas aulas. Se eu pudesse tratar assim como uma figura de linguagem.
Fazer uma figura de linguagem, usando a culinária pra isso. Minhas aulas nunca
são, nunca foram. Eu nunca servi para os alunos o Strogonoff, mas eles tiveram
sempre comigo o arroz e o feijão e carne. O fundamental eles sempre tiveram.
Desde que eu saí da faculdade, eu disse que eu nunca seria aquele professor que
atiraria a bola pra cima e não daria aula. Então eu costumo passar, apesar de todo
esse discurso, eu já também passei por todos os discursos, mas o último é o
discurso do: “não tem que ter conteúdo, tem que ser uma coisa pedagógico”. Não,
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eu acho que tem que ter conteúdo, matéria tem que ter conteúdo. Matemática tem
que estudar matemática, português tem que estudar português, educação física tem
que estudar práticas corporais, tem que passar a cultura esportiva. Tem gente que
acha que não, o negócio de ter que inventar denovo o vôlei, ter que inventar denovo
o basquete, tem que inventar...não. Eu acho que existe uma cultura no esporte e
que tem que passar essa cultura. Só que pena que sai esses caras alienados que só
sabem fazer essa continuação do país do futebol, né?! As pessoas não gostam de
outro esporte, não porque gostam de futebol. Não gostam de outro esporte, porque
não conhecem outro esporte, a verdade é isso. Os professores seguem aquela linha:
ah eles gostam de futebol, o Brasil é o país do futebol, então vamos dar futebol.
Então não conhecem outro esporte, porque seguem dando futebol. O futebol é o
nosso mal ou é o nosso bem? Pra mim é mais o nosso mal do eu nosso bem.
5. Fale um pouco sobre o que acha de educação ambiental ligada a
educação física.
No discurso talvez não exista, não muda as coisas, mas na prática vivida une
as coisas. Os ecologistas não falam nisso. Os ecologistas falam de ecologia e os
desportistas falam de esporte. Mas qualquer olhar mais aguçado vê, que sempre
tem tudo a ver. As pessoas fazem isso sem sentir. As pessoas acham que gostam
de jogar futebol porque gostam de jogar, não, gostam de jogar futebol, porque é uma
prática ao ar livre, é o contato com a natureza, só que elas não conseguem ler isso.
Isso existe na prática. A pessoa não gosta só de correr, ela gosta do contado com a
natureza, ela gosta do ar, ela gosta da sombra, as pessoas sentem isso, o corpo
sente, as pessoas fazem as coisas no sentido do corpo e não conseguem captar no
discurso, mas isso acontece, é só fazer as pessoas absorver isso. O corpo delas já
sabe, mas o que elas não sabem é dizer isso no discurso. E o intelectual não gosta
da prática esportiva, então fica difícil essa tradução.Eu acho que só os melhores
juizes podem dizer, que isso é uma sacanagem. A pessoas já tem uma vida
precária. As pessoas que freqüentam a escola pública, já tem uma vida precária.
Tudo dela já é alternativo. A comida já é alternativa, a casa já é alternativa. Eu acho
que nós devemos buscar o máximo da excelência no material. Claro que não vamos
conseguir. Mas se a gente já parte da busca do alternativo, não chega, nem isso
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eles vão chegar nunca, ao ideal. O ideal não. É o que a sociedade usa, os bem
nascidos usam. Compreende?! É a mesma coisa. Aí as pessoas inventam o ciclado.
As crianças devem estudar no ciclado. As crianças das classes C e B. Agora eu
pergunto: se os filhos das pessoas que inventaram o ciclado, estudaram no ciclado,
se os filhos da secretária do ciclado, estuda no ciclado. Certas pessoas que querem
que a gente use material alternativo, os filhos dela usam esse material alternativo?
Não né?! Eu to muito puto da cara com isso tudo aí, que esses caras que querem
inventar de ovo, mas pros filhos dos outros, mas os filhos deles já tem a cultura a
perseguir, os filhos dos outros reciclem inventem, essa sacanagem. A gente se vê
obrigado a fazer o alternativo, mas o que não pode é perder o foco. Não pode achar
que o filho dos outros tem que aprender malabares. Alternativo as vezes é escola de
circo, escola de malabares. Então bota o teu filho na escola de malabares - O meu
filho eu quero que freqüente computação, esse negócios- compreende. Manda a
filhinha lá do Parcão aprender malabares e escola de circo. É sacanagem essas
classes populares. Então manda o filho dele, o filho do Professor, Doutor da Ufrgs
do La Salle, vão aprender malabares. O filho das classes popular tem que buscar
isso aí. Nós como professor temos que buscar isso aí. Se não é sacanagem. Manda
o teu professor escutar tudo isso que eu to dizendo. Quantos professores tem filhos
no ensino público?! Por isso que eu acho que as professoras, muita gente me acha
de grosso, de estúpido, que eu do sempre a mesma coisa. Porra! Eu do sempre a
mesma coisa porque eu quero dar a base, para que eles possam partir pra outra
coisa. Um aluno meu vai gostar do futebol, porque ele gosta de futebol, mas ele já
passou pelo vôlei, já, passou pelo basquete, já passou pelo handebol. Ele vai gostar
de futebol por isso. Muitas crianças chegam aqui eu apresento pra eles uma bola de
basquete, compreende? É sacanagem! Manda o sobrinho dou outro lá fazer isso,
apresentar uma bola de basquete lá pro aluno do Farroupilha. Eles vão rir da tua
cara. Eu sou anti PDT, anti Brizola, anti qualquer coisa, mas eu acho que o PDT e o
Brizola tava certo numa coisa, a escola popular tem que ser a melhor possível. Tem
que ter dois turnos tem que ter almoço janta, um ginásio, um teatro, uma piscina.
6. Em sua opinião, quais são os requisitos necessários para um professor
de Educação Física poder incluir educação ambiental e material alternativo em
suas aulas?
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Eu acho também que essa cosa da reciclagem uma baita sacanagem dessa
nossa sociedade. Aí o culpado é o Joãozinho que atira garrafa pet no córrego, não.
O culpado não é o Joãozinho que atira, não. O culpado é quem fabrica a garrafa pet,
quem deixa fabricar a garrafa pet, esse é o culpado. Agora o Joãozinho ainda tem
que se sentir culpado de jogar, não, quem tem que se sentir culpado não se sente, é
essa BDMED, agora vira e mexe faz a BDMED - o pólo petroquímico está
financiando a cultura, porra, mas o Pólo Petroquímico fabrica tudo quanto é veneno
no mundo e aí porque dá cultura, que algo absurdo, porque - eu não vou a teatro
porque não tenho dinheiro, eu não vou a show. Financia a cultura pras escolas pras
classes pobres também. O Brasil é um troço. Estes dias os caras estavam
comemorando. Deveriam chorar, não comemorar. Comemorando os 100 anos do
Asilo Padre Cacique. Não, não se pode comemorar os 100 anos, a gente tem que
chorar por existir a 100 anos o asilo Padre Cacique. Aqui no Brasil é assim. Pomba,
porque sempre que ter um miserável pra pregar, eles tinham que proibir também. O
grande problema também é, é um discurso também que, nós, nós povão, nós não
fazemos isso, quem faz isso é vendedor. Eles fazem a miséria e ainda nos culpam
pele miséria, compreende. Não somos nós que fabricamos a garrafa pet. Nós no
Maximo botamos fora a garrafa pet. Quem devasta a natureza não somos nós, quem
devasta a natureza são eles. É essa coisa selvagem, é essa coisa, porque, é assim.
E ainda nos impõe essa culpa, pó, nos vamos ter que dormir com essa culpa, pó! Eu
não devasto a natureza merda nenhuma, quem devasta a natureza são eles,
compreende, é o sistema, é o governo associado a essas coisas. O governo ainda
tem a cara de pau de dizer, ainda fazem propaganda, não, eles é que tem que fazer,
eles que proíbam isso aí. Até tão mudando uma lei, a dona Yeda ta mudando uma
lei, que era uma lei que era um pouquinho melhor, que proibiam reflorestamento em
áreas que não são de floresta, são áreas, são campos, naturalmente são campos.
Hoje a dona Yeda com esse discurso inovador, aparentemente, mas se tu passa
uma unha no inovador dela tu vai ver que não tem nada de inovador. Ela ta
mudando a lei para que se possa plantar florestas de pinos eliote, eucalipto em
áreas da pampa, modificou uma lei. É algo parcial pra poluir, pra acabar com a
poluição? Não. São as leis que eles fazem pra ganhar dinheiro. É eucalipto, destrói o
solo, não tem vida animal nenhuma, não tem nada, daí os caras tão mudando uma
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lei, que, fizeram todo um discurso que: o Ibama é incompetente, todos esses órgãos
ambientais são incompetentes, não querem o progresso do estado. Vamos ter que
modificar a lei. Daí tu é poluidor, tu é anti-natureza. Quem é poluidor, quem é anti-
natureza são eles, é o sistema.
7. Tens alguma coisa para falar que não tenha sido contemplada durante a
entrevista
Eu dou aula a trinta e tantos anos, não me arrependo de dar aula, vou
continuar a dar aula. Estes dias eu ainda tive uma discussão com uma mãe que veio
braba comigo que o filho dela, que eu dava apoio de frente sobre o solo pros
guris.mas vou continuar dando meu apoio de frente sobre o solo. Tem que ter isso
daí, se não, não anda a coisa. É isso aí Goreti, e não desiste quando tu for dar aula.
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Entrevista nº: 3
Professor: E3
Data da Entrevista: 27/ 06/ 2007. Data da Transcrição: 27/06/2007.
Início: 10h 45min Término: 11h 07min
1. Fale sobre sua formação acadêmica.
Bom, eu entrei pra faculdade de educação física em 1973. eu primeiramente fiz
o vestibular no Ipa e quando estava na fase de estágio, surgiu a oportunidade de eu
fazer PREMEN. O PREMEN é o Programa de Expansão e Melhoria do Ensino. Isso
era um programa que ele teve seis ou sete etapas, a minha etapa foi a quarta. Então
eu fiz a quarta. E este curso, ele era um curso de curta duração, ele formava na
Ufrgs, era um convênio com a Ufrgs. Então eu entrei pra escola da Ufrgs em setenta
e cinco e durante aquele ano de 75 eu concluí a minha licenciatura plena no Ipa e
concluí também uma licenciatura curta na Ufrgs. Então eu tive estes dois momentos.
Aí claro o aprendizado enriqueceu muito. Porque tu quando ta se formando, tua sai
assim meio sestrosa, Bah! Será que vai dar certo da pra levar, eu ainda não to em
condições de fazer. Apesar de ter feito todo o estágio, todo aquele procedimento que
vocês estão fazendo também, mas quando eu fui fazer, daí na Ufrgs, o que seria um
paralelo com meu estágio e esse outro curso, ali eu cresci muito, eu aprendi muito
ali, então eu assim em condições de enfrentar uma turma e a 30 anos eu to ali, n?.
Daí comecei em 76 a trabalhar só com educação física escolar.
2. Conte sua experiência em Educação Física Escolar.
Dando aula sempre regente, sempre trabalhando 40h. e a primeira esperiência
que foi até em relação ao PREMEN, eu fui trabalhar no interior. Eu fui trabalhar em
Jaguarão. Trabalhei dois anos em Jaguarão, lá na fronteira com o Uruguai. Depois
destes dois anos, vim pra Cachoeirinha, que era uma escola polivalente também,
aonde eu trabalhei mais dois anos, e de lá pra cá eu vim pro CJ, que eu to até hoje.
No CJ são 27 anos. Vinte e sete anos de CJ, desde 1980. desde 1980 eu trabalho
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aqui na escola. Então eu vi este colégio, vamos dizer assim, no auge, que era um
colégio que na época. Eram outros tempos, os tempos mudaram. Então a clientela
era uma, era diferente. A localização do colégio era uma localização num bairro de
classe média alta. Hoje já não é mais, já mudou, muita periferia, muita coisa. Mas a
gente continua fazendo um trabalho aí. Aquele velho trabalho que a gente é viciado
nisso aí, como é que eu vou te dizer: a gente tem o costume de fazer uma aula,
assim, um feijão com arroz bem temperado.vou usar um termo bem prático pra tu
entender bem, a gente faz um arroz com feijão bem temperado. Ou seja, eu dou a
minha aula, os alunos aceitam e eu me sinto bem e eles se sentem bem também.
Então assim não tem muito aquela coisa de generalismo, de quartelismo, não tem,
mas tem assim uma convivência muito legal né.
3. Fale sobre as condições materiais da escola.
Nós aí, eu vou tentar explicar. Aqui no colégio, eu sempre disse, o CJ é um
colégio diferenciado, apesar de todas essas crises que entra governo e sai governo,
a gente vê que cada vez a coisa aperta mais. Mas o CJ sempre foi um colégio que
ele manteve o mínimo. Nós sempre temos o mínimo de material, porque nós
professores também trabalhamos muito pra ter condições de trabalho. A gente, nós
fizemos quadras, eu já fiz várias quadras aqui no colégio. Era caixa de salto, então a
gente cria condições pra poder trabalhar aquele fejãozinho com arroz. Porque eu
poderia simplesmente, quando começou o colégio tinha apenas uma quadra, apenas
aquela quadra polivalente, não tinha mais nada. Nós criamos aquela outra quadra de
vôlei do lado, nós fizemos uma outra quadra aqui de vôlei do lado, nós temos aqui,
agora eu não to trabalhando, mas nós temos aqui uma caixa de salto aqui atrás que
antes era lá onde tínhamos o campo, temos um campinho de futebol. Tudo fruto
assim, da liderança do professor de educação física com a colaboração dos alunos e
da direção da escola naturalmente. Então nós sempre tivemos o mínimo de material
necessário pra poder trabalhar. Apesar da decadência e tudo, a gente consegue
vender o nosso peixe.
O ideal é assim. Porque quando tu sai, tu deve também ter, já passou por
estágio, já viu, já estudou em escola pública e viu que a coisa não é bem assim, mas
tu é formado normalmente desde a época em que eu fui formado. Eles formam o
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acadêmico pra ele trabalhar numa escola com ginásio, cheia de material, com vinte
bolas de basquete, vinte bolas de vôlei, vinte bolas de cada, sabe. E essa não é
nossa realidade, a nossa realidade é outra, então a gente tem que se adequar. Tem
que te adequar pra tu poder se sentir bem, pra ti poder dar a tua aulinha ali. Não é
aquela aula ideal, mas é a aula que as condições que tu tem, que te oferecem, tu
consegue ministrar no caso, né. Nós temos uma filosofia de trabalho, eu e o M, que
também é a mesma, de não chegar e dar a bola. Porque quando eu fui aluno no
ensino fundamental, o meu professor largava uma bola de futebol, dava um balão e
se virem. Nem escolher nada, a gente se virava. Então eu não tive isso mais.
Felizmente a minha metodologia, aqui no colégio e até quem chega novo, fica
espantado. Digo no caso da Prof. L. ela foi dar aula em outro colégio, ela se
apavorou, ela não conseguiu mais doutrinar, então ela se surpreendeu quando
chegou aqui, porque o alunado, ela fez o trabalho dela. Ela pode fazer o trabalho
dela. Na outra escola ela não conseguiu fazer. O pessoal já tava viciado, só queria
futebol. Vôlei, eles não tinham, então fica difícil de dar outro esporte. E nós estamos
viciados em seguir nossa metodologia, nosso trabalhinho é esse, é simples, mas é
uma coisa que o aluno está acostumado. Então vem aluno de fora, ele entra no ritmo
e a gente trabalha bem o ano todo.
4. Conte sobre suas práticas pedagógicas.
Esse fejãozinho com arroz bem temperado é assim: pro aluno não tomar conta
do professor, o professor dar uma aula e ficar satisfeito. Até profissionalmente, pra o
professor não chegar e largar a bola e ficar a manhã inteira ali. Ah larguei a bola,
faço a chamada, se fizer, porque tem gente que não faz e a gente faz sempre. O
trabalho é assim, o nosso trabalho basicamente é isso aí, durante a aula. Nós
reunimos a turma,a gente faz um aquecimento, um alongamento, normalmente um
alongamento, 10 minutos de alongamento com alguma atividadezinha ali, né, alguns
exercícioszinhos, dependendo se está mais frio ou não, a partir desse momento a
segunda parte nós trabalhamos no mínimo quinze minutos de fundamentos que foi
no primeiro trimeste, foi voleibol e agora nós estamos começando o segundo
trimestre o basquete. Então a gente começa com todos os fundamentos de voleibol,
trabalhamos os fundamentos: é toque, é manchete, é saque, é cortada, é aqueles
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fundamentos básicos que levam a partida, e nos últimos 10, 15 minutos a gente
proporciona jogo pra eles. Aí sim, se gosta de jogar voleibol, vai jogar voleibol, se
gosta de jogar basquete, fica na meia quadra de basquete, o futebol que a gente
pensou, não vamos tirar a gente propicia meia quadra pra eles. E aí a gente chegou
a conclusão que com essa nossa prática continuada eles não tão nem querendo
mais futebol, eles até largam futebol, ficam no basquete ou no vôlei. E nos chama a
atenção isso aí,,porque alguns anos atrás eles eram mais viciados no futebol e era
uma guerra. Futebol é muito choque é muita briga é muita complicação. Então é isso
aí. Isso aí nos facilita, então todo o ano que vem aluno novo do ensino médio,
sempre se renova e eles vem com os vícios de outras escolas, só que eles não
ficam numa turma separada, eles mesclam, aí então eles acabam entrando no ritmo.
Quem é aluno nosso desde a quinta série da tarde é a mesma coisa o trabalho. Não
é aquela coisa solta. Tem mesma metodologia. E aí os alunos se acostumam.
5. Fale um pouco sobre o que acha de educação ambiental ligada a educação
física.
Hoje, basicamente hoje, nós temos que preservar. Até as campanhas estão aí,
a gente tem que preservar a natureza, isso aí acho que não é só da educação física
é de qualquer área é de qualquer ser humano já saber preservar pra ele poder
respirar melhor, pra ele poder ter uma vida melhor, pra evitar problemas futuros, com
o desmatamento a questão do lixo. Então tudo isso aí a gente procura preservar. Na
quadra a gente sempre tem umas duas ou três sacolinhas que a gente vai juntando
o lixo e vai avisando os alunos: olha na tua casa tu gosta de fazer isso aí, joga o
papel no chão então, tem a sacolinha, então bota ali e pode observar que
normalmente a quadra ela ta impa.mas claro chega no recreio, aí não adianta,
porque é muito, aluno e o pessoal não tem na consciência, mas a gente faz esse
trabalho que é de suma importância. De preservar o verde. Nós salvamos agora
nesse início de ano, umas duas ou três arvores que estavam tomadas de erva de
passarinho. Estavam mortas, literalmente mortas, e nós tivemos um trabalho de tirar
aquele cipó toda aquela coisa na volta, em tudo e salvamos a árvore. Ta cheia de
brotos, então a gente olha aquilo ali, a gente vê fica feliz com aquilo ali, né. E a
natureza impera e nós somos do verde, é só ver que o nosso colégio é assim é uma
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riqueza de árvores é impressionante. Então se tira uma já planta mais duas, três e
assim a gente vai indo, né.
6. Em sua opinião, quais são os requisitos necessários para um professor de
Educação Física poder incluir educação ambiental e material alternativo em
suas aulas?
É educação, é experiência pra juventude que ta observando aquilo ali que a
gente ta fazendo, que pro bem deles, que é pro bem comum na realidade e de uma
certa maneira é isso aí né. O nosso trabalho aqui é o bom convívio com os alunos. O
professor de educação física ele é diferenciado, primeiro porque ele não fica em
uma sala de aula. Deve ser terrível, né, a pessoa passar a manhã inteira ali, é
pressão daquele grupo fechado. E nós temos este privilégio de estar ali. Quando
tem sol, nós temos árvores frondosas que a gente plantou, esse João Bolão nós que
plantamos, na época que o professor Emílio estava aí. Então hoje ela dá sombra, ela
propicia alguém, um professor levar lá naqueles bancos que a gente fez,
aproveitando os postes que estavam apodrecendo e os postes que estavam na
quadra, que a gente achou que era um risco para os alunos. Daí os alunos
perguntam, porque fizeram isso professor? Primeira coisa, risco pra eles, pois corria
o risco de cair, tavam a quinze, vinte anos enterrado, então a gente fez aquilo ali e
aproveitamos pra fazer bancadas pra eles. E aí a coisa é assim, a coisa flui, né. Mas
esse é um trabalho contínuo, que vem de anos, não é uma coisa assim. Porque tu
não pode mudar hábitos bruscamente, sabe que tem a resistência. Por isso que, pra
nós, pra facilitar a nossa vida, nós não podemos mudar essa metodologia. Se a
gente acabar com essa metodologia, eu poderia simplesmente chegar até com trinta
anos de magistério e mais de cinco anos que eu tenho de iniciativa privada, eu com
quase 40 anos de trabalho, me dar ao luxo de não dar aula: eu não vou trabalhar
mais, eles me pagam eu dando aula ou não dando aula eu vou largar uma bola.
Larguei uma bola, só que isso aí vai contra os meus princípios, vai me dar outros
problemas depois.
7. Tens alguma coisa para falar que não tenha sido contemplada durante a
entrevista?
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Isso depende muito de cada pessoa, tem os relapsos, e os relapsos vai entrar
naquilo ali, vai é inevitável. Agora se o cara quiser fazer um trabalhinho de acordo
com as condições precárias. Se ele quiser fazer um trabalhinho simples, mas sério
ele consegue fazer, ele consegue. Ele vai buscar, ele vai conseguir o apoio da
direção dos colegas, ele vai fazer, agora, depende dele também. Não adianta, e
muitas vezes as pessoas tem as condições e nunca faz um trabalho, então depende
da vontade de cada um. E tu que vai entrar agora eu já, te digo assim, procura assim
pra ti, que foi nossa aluna aqui, passou por todo esse trabalho aí. Tu que vai entrar
agora na educação física, faz isso aí, procura fazer aquele trabalhinho simples, mas
um trabalho que te traga satisfação, que tu vá trabalhar satisfeita o resto da vida.
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APÊNDICE B – Diário de campo
Observação nº: 7
Escola: CJ
Professor: E2
Série: 6ª e 7ª séries
Local: Quadra de vôlei.
Data: 21/06/07.
Início: 15h50 Término: 16h50
Nº total de alunos: 24 meninos
As turmas são divididas por sexo nas aulas de educação física.
O professor retorna ao pátio da escola, pois a aula acontece após o recreio, o
que demora para que todos os alunos se reúnam. Os que vão chegando,
automaticamente ficam organizados em colunas, o que demonstra que o professor
sempre realiza o mesmo modelo de aula, ou pelo menos inicia com mesma
formação.
Enquanto o professor aguarda o restante da turma, os alunos que também
estão aguardando começam uma conversa que imediatamente o professor interfere
dando início à aula que automaticamente eles chegam e entram na formação em
fileiras.
O professor lembra os alunos sobre as notas, pois na semana anterior foi
entrega de boletins na escola, então ele comenta sobre as notas baixas em outras
disciplinas e dá início a aula o que demonstra o bom convívio e também porque
sempre chama os alunos pelo nome ou apelido.
Atividades: 45 segundos de polichinelo- o professor lembra para que cada
aluno faça em seu ritmo.
Pernas afastadas- flexão de tronco, 3 repetições na 3ª fica flexionado e relaxa
ao sinal do professor com variações: rotação e flexão lateral de tronco.
Apoio frente sobre solo: repetições com intensidade controladas por se tratar de
turmas diferenciadas.
De cócoras- o exercício consiste em levantar e realizar o polichinelo.
Todos os exercícios são reguladas as intensidades por turma.
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Formação: 6 colunas duas a duas, uma de frente para outra na quadra de vôlei
entre a rede.
Exercícios: executa dois toque e passa para a coluna oposta e assim
sucessivamente.
Variações: Passe, levantamento e ataque.
A cada variação o professor mantém observação e correção constante nos
alunos.
Após as atividades propostas pelo professor ele pergunta, quem quiser pode ir
jogar vôlei fica quem quiser jogar futebol se encaminha para outra quadra.
O professor chama um aluno para conversar, pois ele havia chutado uma das
bolas de vôlei, então ele explicou ao aluno que se furar a bola a escola não teria
condições de comprar outra pois não foram compradas, foram doadas para a escola
e eram bolas profissionais de vôlei falando a marca da bola e modelo dizendo que
era pra cuidar do material.
Como de costume adotado pelo professor o aluno que forem displicentes, a
partir dessa regra alguns alunos decidiram no joga de vôlei em roda, definiram que
quem errar paga 10, foi a expressão usada.
Não existe um ritual de encerramento da aula o professor só inicia recolhendo
o material e encaminha os alunos para a sala.
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ANEXO A - Pauta de observações
Observação nº:
Escola:
Professor:
Série:
Local:
Data: __/__/____.
Início: _____ Término: ______
Nº total de alunos:
Total de alunos por sexo - Meninos: Meninas:
1) Observar o rito de início das aulas.
2) Observar a interação entre os alunos.
3) Observar a interação dos alunos com o professor.
4) Observar a intenção do professor com os alunos.
5) Observar a dinâmica de desenvolvimento da aula.
6) Observar os momentos de intervenção por parte do professor
para com os alunos e vice versa.
7) Observar os conteúdos desenvolvidos.
8) Observar quantos alunos participam das atividades práticas.
9) Observar o rito de conclusão final da aula.
74
ANEXO B - Termo de consentimento livre e esclarecido
Prezado (a) participante:
Eu, Maria Goreti Barbosa Seabra graduanda no curso de Educação Física do
Centro Universitário La Salle (Unilasalle), estou realizando meu trabalho de
conclusão de curso cujo tema é “As condições materiais e as práticas pedagógicas
de professores de educação física”, orientado pelo professor Carlos Eduardo
Berwanger. Esta pesquisa tem como objetivo: entender qual o conhecimento que os
professores tem sobre o material alternativo e como este conhecimento reflete sobre
suas práticas. Sua participação será de extrema importância e constituirá na
permissão das observações de suas aulas de educação física e a participação em
uma entrevista relacionada ao meu trabalho. Sua adesão neste estudo é voluntária e
se decidir não participar ou quiser desistir de continuar em qualquer momento, tem
absoluta liberdade de fazê-lo.
Na publicação deste trabalho de conclusão de curso e dos resultados desta
pesquisa, sua identidade será mantida no mais rigoroso sigilo. Sendo omitidas toda
e qualquer informação que possa identifica-lo (a).
Você estará contribuindo para compreensão do fenômeno estudado e para a
produção de conhecimento científico.
Sinta-se à vontade para fazer qualquer pergunta sobre o estudo antes de
decidir integrá-lo.
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Eu ____________________________________ compreendi totalmente os
objetivos da pesquisa e os procedimentos que serão utilizados de maneira clara e
detalhada para qual estou sendo convidado a participar. Tive a chance de esclarecer
quaisquer dúvidas e estou ciente de que poderei fazer questionamentos a qualquer
momento durante o período do estudo.
Atenciosamente
_____________________________
Maria Goreti Barbosa Seabra
Concordo em participar deste projeto de pesquisa e declaro ter recebido uma
cópia deste termo de consentimento.
_____________________________ ______________________________
Nome do participante Assinatura do participante
Local:______________________________ Data:_____/_____/2007
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ANEXO C - Plano de ensino fundamental
Área Objetivo Geral
Componente curricular
Educação Física
Aprimorar o desenvolvimento bio-psico-social do indivíduo,
concientizando-se da importância das atividades físicas e da
prática de desportos, para aquisição do hábito regular da
prática esportiva, para a manutenção da saúde.
OBJETIVOS
1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre
1. Participar da aula de forma
ativa e integrada.
2. Melhorar seu
condicionamento físico,
através de exercícios,
corridas e caminhadas.
3. Desenvolver valores como
companheirismo, respeito
mútuo, sociabilidade,...
4. Praticar diversos tipos de
jogos, entendendo suas
regras e respeitando-as.
1. Participar da aula de forma
ativa e integrada.
2. Melhorar seu
condicionamento físico,
através de exercícios,
corridas e caminhadas.
3. Desenvolver valores como
companheirismo, respeito
mútuo, sociabilidade,...
4. Praticar diversos tipos de
jogos, entendendo suas
regras e respeitando-as.
1. Participar da aula de forma
ativa e integrada.
2. Melhorar seu
condicionamento físico,
através de exercícios,
corridas e caminhadas.
3. Desenvolver valores como
companheirismo, respeito
mútuo, sociabilidade,...
4. Praticar diversos tipos de
jogos, entendendo suas
regras e respeitando-as.
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ANEXO D - Plano de ensino médio
Área Objetivo Geral
Componente curricular
Educação Física
Despertar nos alunos a importância das atividades físicas e dos
desportos como veículo de entrosamento social e
companheirismo, bem como oportunizar uma aprendizagem
com mudança de comportamento.
OBJETIVOS
1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre
1. Demonstrar interse pela
prática da Educação Física.
2. Melhorar seu
condicionamento físico, através
de corridas, caminhadas e
exercícios físicos.
3. Desenvolver valores como
companheirismo, respeito
mútuo, sociabilidade,...
4. Praticar os desportos,
através do jogo propriamente
dito, entendendo suas regras e
respeitando-as.
1. Demonstrar interse pela
prática da Educação Física.
2. Melhorar seu
condicionamento físico, através
de corridas, caminhadas e
exercícios físicos.
3. Desenvolver valores como
companheirismo, respeito
mútuo, sociabilidade,...
4. Praticar os desportos,
através do jogo propriamente
dito, entendendo suas regras e
respeitando-as.
1. Demonstrar interse pela
prática da Educação Física.
2. Melhorar seu
condicionamento físico, através
de corridas, caminhadas e
exercícios físicos.
3. Desenvolver valores como
companheirismo, respeito
mútuo, sociabilidade,...
4. Praticar os desportos,
através do jogo propriamente
dito, entendendo suas regras e
respeitando-as.