1. INTRODUÇÃO
O processo do gerenciamento de crises se inicia antes do momento em que
a polícia toma conhecimento da eclosão de um evento crítico. A crise, por sua
vez, se destaca das ocorrências ordinárias atendidas pelos organismos
policiais por algumas características inerentes à sua conceituação: trata-se de
um evento ou situação que exige uma resposta especial da Polícia e destaca-
se pela imprevisibilidade, compressão de tempo, ameaça à vida e pela
necessidade de uma postura organizacional não-rotineira, planejamento
específico e considerações legais especiais.
Dentro da concepção de estabelecimento de uma postura organizacional
não-rotineira, a doutrina consolidada pelo FBI e pela maioria das polícias norte-
americanas propõe a composição de um Gabinete de Gerenciamento de
Crises, chefiado por um policial denominado Gerente da Crise ou Comandante
da Cena de Ação (nomenclatura oriunda da doutrina norte-americana) e
formado por profissionais técnicos da Segurança Pública e representantes de
organismos públicos e privados atingidos pelo evento crítico, por um
Grupamento Tático (GT) e por um Grupamento de Negociadores (GN).
Numa abordagem sistêmica, a previsão de um Grupo de Decisão (GD)
composto por instâncias superiores do Poder Público e até mesmo de
entidades privadas autoriza, dá aval e respaldo político-social às propostas
oriundas do Gabinete de Gerenciamento de Crises para a solução do evento
crítico. Toda a comunicação entre o GD e o GGC, bem como qualquer ordem,
orientação ou decisão relativa ao evento crítico deve ser transmitida através do
Gerente da Crise.
Tal diretriz doutrinária postula, portanto, a autoridade do Gerente da Crise
objetivando uma atuação coesa e evitando a existência de comandos
paralelos. Tal prerrogativa exige deste policial uma variada gama de
responsabilidades de encargos que se estendem por todas as fases da
confrontação e em especial, na fase da resposta imediata, tema central da
presente abordagem.
2. O GERENTE DA CRISE
Para Dalle Lucca1, o gerente da crise é o policial de maior graduação ou
posto, presente no local, cabendo a ele toda a responsabilidade pelo
gerenciamento da crise, sendo ele a única autoridade do local com poder
decisório, de maneira que, todo o staff formado, para o assessoramento, o GN
e o GT deverão estar subordinado a este policial.
No mesmo sentido, Batista2 preceitua que a doutrina de gerenciamento de
crises no Brasil define como atribuição primordial do comandante da área de
operações a representação do Gabinete de Gerenciamento de Crises, através
do qual irá decidir, coordenar, orientar e assumir o controle direto de todas as
ações nas diversas fases do gerenciamento.
Portanto, o teatro de operações ficará sempre sob a responsabilidade do
gerente da crise e a partir daí, toda ação desenvolvida no âmbito na cena de
ação será analisada por este policial, que em suma é a maior autoridade na
área em torno do ponto crítico.
A responsabilidade concentrada no gerente da crise tem por objetivo trazer
coesão e definição de autoridade no gerenciamento da crise, evitando, como já
expresso anteriormente, a incidência de cadeias de comando paralelas e
dispersão de ordens. Essa prerrogativa, porém, imputa ao comandante da cena
de ação uma série de responsabilidades e encargos, em todas as fases da
confrontação.
Sobre este tema, em Mato Grosso, o Dec. 4.018/04 estabelece:
Art. 4° O Comandante da Cena de Ação, a ser imediatamente designado pelo Secretário de Justiça e Segurança Pública, deve ser obrigatoriamente um Delegado da Polícia Judiciária Civil ou um Oficial Superior da Polícia Militar, a quem caberá estabelecer seu Posto de Comando e coordenar os integrantes do Grupo de Apoio, bem como solicitar os reforços necessários.(grifo nosso)
3. FASES DO CONFRONTO E A RESPOSTA IMEDIATA
1 DALLE LUCCA, Diógenes Viegas. Gerenciamento de Crises em Ocorrência com Reféns Localizados. São Paulo, 2002.2 BATISTA, Januário Antônio Edwiges. Momento Crítico na Segurança Pública em Cuiabá: Análise de Situação com Refém. Várzea Grande, 2009.
A doutrina de Gerenciamento de Crises prevê a resolução de um conflito
através de um método que possibilita uma visão analítica da solução de
eventos críticos, desde a antecipação até o momento da resolução da crise.
Para tal, fracionou-se esse fenômeno em quatro fases, material e
cronologicamente distintas, classificadas como fases da confrontação. As fases
são: a pré-confrontação, a resposta imediata o plano específico e a resolução.
A pré-confrontação, em síntese, antecede o evento crítico e é durante a
qual as organizações policiais preparam e planejam a maneira através da qual
irão atuar diante de uma crise que ocorra em sua área de competência. No
tocante à postura das Instituições de Segurança Pública diante do evento
crítico, a doutrina prevê duas abordagens possíveis: a abordagem casuísta (ou
ad hoc ou, ainda, caso a caso) e a abordagem permanente ou de comissão.
Na abordagem casuísta, como o próprio nome antecipa, a organização
policial, diante do evento crítico, mobiliza-se caso a caso, enquanto a
abordagem permanente preconiza a manutenção de um grupo de pessoas
anteriormente designado que deve ser acionado imediatamente após a eclosão
da crise.
A segunda fase da confrontação é aquela em que há a reação ao evento
crítico, ou seja, o momento onde são mobilizados os entes de atuação do
gerenciamento de crises. É nesta fase que as equipes são deslocadas para o
local da crise e que as comunicações iniciais são substituídas pela negociação
policial, por exemplo. Tal fase será melhor caracterizada, posteriormente,
quando as ações do gerente da crise na resposta imediata forem detalhadas.
O plano específico é a fase em que é elaborada a solução para o evento
crítico, através da discussão e análise de hipóteses propostas pelos
responsáveis pelo gerenciamento da crise. Por fim, a última fase do
gerenciamento de crises é a resolução, onde se executa e implementa aquilo
que ficou decidido durante a elaboração do plano específico.
Em virtude de o presente trabalho ter como escopo a atuação do gerente
das crises durante a fase da resposta imediata, faz-se mister detalhar alguns
pontos relevantes desse momento da confrontação. Como definido
anteriormente, a resposta imediata é a fase onde se revelam as primeiras
ações dos organismos policiais envolvidos na solução naquela crise.
Os estudos iniciais sobre gerenciamento de crises definiram como medidas
imediatas a serem tomadas após a eclosão de uma crise: conter, isolar e iniciar
as negociações. Essas assertivas estiveram, durante muito tempo,
direcionadas aos policiais das unidades de área que realizavam o policiamento
naquele local quando o evento crítico se iniciava.
A evolução teórica por que passou a doutrina preceitua hoje que os quatro
conceitos que governam a resposta imediata hoje são: conter, controlar,
comunicar e coordenar. Sinteticamente, a ação de conter significa evitar que a
crise se alastre, ou seja, que os causadores do evento crítico ampliem sua área
de controle ou o número de capturados, por exemplo; controlar, por sua vez,
significa desenvolver controle total do ponto crítico através de ações que
interrompam o contato do causador da crise com o mundo exterior. A
comunicação com captor é uma ação fundamental a ser dada pelo policial que
primeiro tomou ciência da crise, mesmo não sendo ele aquele responsável pela
negociação durante o restante do processo de gerenciamento. Coordenar, por
fim, prescinde a organização básica para receber o GGC, ou seja,
estabelecimento dos perímetros táticos, reunião das informações coletas até
aquele momento, entre outras.
Adotadas essas medidas iniciais e com a chegada do GGC inicia-se o
processo de instalação do teatro de operações, cujo comando é de exclusiva
responsabilidade do gerente da crise.
4. TAREFAS DO GERENTE DA CRISE NA FASE DA RESPOSTA
IMEDIATA
É consenso doutrinário que o Gerente da crise, ou comandante do teatro de
operações, seja um policial de alta hierarquia dotado de conhecimento sobre
gerenciamento de crises, negociação policial e ações táticas e que centralize a
autoridade bem como as ordens emanadas do ponto crítico. Após a chegada
do GGC ao local da crise, este componente responde por uma série de
medidas necessária durante a fase da resposta imediata.
a) Verificar se a organização policial possui um plano de contingência
para eventos críticos e, se for o caso, declará-lo acionado.
Caso as organizações policiais envolvidas ou mesmo o próprio Sistema de
Segurança Pública possuam um plano de contingência cabe ao gerente da
crise declará-lo acionado. Tal ação apenas é pertinente quando a abordagem
utilizada pela Instituição é a de abordagem permanente.
Se a abordagem utilizada for ad hoc, cabe ao gerente identificar
especialistas para o atendimento da ocorrência, ou seja, aqueles que irão, de
fato, atuar no gerenciamento da crise: negociadores, GT, médicos, bombeiros e
pessoal de comunicação social, por exemplo.
Analogamente, em Mato Grosso, o Decreto 4.018/04 sugere uma
abordagem permanente prevendo a composição de um comitê, conforme o
subscrito artigo:
Art. 2° O Comitê de Gerenciamento será presidido pelo Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, sendo membros natos o Comandante-Geral da Polícia Militar, o Diretor-Geral da Polícia Judiciária Civil, tendo ainda os seguintes integrantes:
I - um Delegado de Polícia Judiciária Civil;
II - um Oficial da Polícia Militar;
III - um Oficial do Corpo de Bombeiro Militar;
VI – Presidente do Conselho de Direitos Humanos da
OAB/MT;
V – um representante do Conselho de Defesa dos Direitos da pessoa Humana – CDDPH;
VII - um representante do Conselho de Defesa dos Direitos
da Pessoa Humana - CDDPH;
VI - um Especialista em GC da Polícia Judiciária Civil e um Especialista em GC da polícia Militar;
VII - um Assessor de Comunicação;
VIII - um Representante do Sistema Penitenciário ou do
Centro Sócio Educativo se for o caso.
Apesar da clara tentativa de estruturação de um comitê, entendemos
que o referido Decreto é lacunoso quando não preceitua a composição do
Gabinete de Gerenciamento de Crises (Grupo de Negociação, Grupo Tático e
Staff, sob o comando do Gerente da Crise).
b) Montar o posto de comando em local seguro e próximo ao vento
crítico.
Quando o número de pessoas envolvidas no gerenciamento da crise
exceder a capacidade de controle por uma só pessoa, quando a ocorrência
exigir a coordenação entre várias unidades de uma mesma Instituição ou, até
mesmo, de organizações policiais diferentes e, ainda, demandar a atuação de
múltiplas atividades, o gerente da crise deve optar pela implementação de um
Posto de Comando tão logo seja estabilizada a situação.
O Posto de Comando é a central de atuação do gerente da crise e tem
importância fundamental no curso do processo de gerenciamento, pois de sua
organização e operacionalidade dependem o fluxo de decisões e o próprio
êxito na busca de uma solução aceitável para o evento crítico. O comandante
da cena de ação deverá fundamentar a instalação do PC em uma organização
de pessoas com cadeia de comando baseada na divisão de trabalhos e tarefas
definidas, bem como, estar atento aos requisitos fundamentais dessa estrutura:
segurança, comunicações, infraestrutura, proximidade do ponto crítico,
isolamento e restrição quanto ao acesso.
Faz-se relevante mencionar que essa tarefa imputada ao gerente da crise é
contemplada pelo Decreto, anteriormente mencionado, quando traça a
definição a respeito da referida função de comando, conforme transcrição:
Art. 4° O Comandante da Cena de Ação, a ser imediatamente designado pelo Secretário de Justiça e Segurança Pública, deve ser obrigatoriamente um Delegado da Polícia Judiciária Civil ou um Oficial Superior da Polícia Militar, a quem caberá estabelecer seu Posto de Comando e coordenar os integrantes do Grupo de Apoio, bem como solicitar os reforços necessários.(grifo nosso)
c) Providenciar especialistas para atendimento à ocorrência.
Nesta tarefa, o gerente da crise deverá elencar quais serão as demandas
específicas da crise e convocar aquelas unidades ou profissionais
especializados para realizar seu atendimento. Podemos exemplificar a atuação
do comandante da cena de ação, nesse contexto, através do acionamento de
um Grupamento de Ações Anti-Bombas para atuar em um evento crítico cuja
ameaça envolva a presença de explosivos ou, ainda, através do acionamento
do SAMU e do Corpo de Bombeiros para realizar resgates e atendimentos de
socorros de urgência.
É importante lembrar que tal tarefa não consiste apenas em acionar equipes
que atuem mediante situações específicas (ameaças exóticas, presença de
explosivos, realização de resgates, etc.), o gerente da crise deverá contatar
profissionais e equipes cuja a especialização seja a atuação em gerenciamento
de crises, a exemplo de negociadores, Grupo Tático, encarregado da
Comunicação Social.
d) Isolar a área, estabelecendo os perímetros táticos e providenciando
o patrulhamento ostensivo desses perímetros.
Para a caracterização desta tarefa, é importante rever alguns conceitos
inerentes ao momento da resposta imediata. Os policiais que atuarem na
primeira intervenção, ou seja, aqueles responsáveis pelo policiamento de área
e que primeiramente chegarem ao local do evento crítico, devem estar atentos
às medidas iniciais a serem tomadas: Conter, Controlar, Comunicar e
Coordenar. Nesse contexto, as duas primeiras medidas se constituem em
impedir a fuga do causador da crise, mantendo-o dentro do menor perímetro
possível, limitando sua movimentação e, consequentemente, restringindo o
acesso de pessoas não autorizadas ao ponto crítico. Esse isolamento executa-
se por meio dos perímetros táticos.
Cabe, portanto, ao gerente da crise avaliar os perímetros fixados pelos
policiais de primeira intervenção, optando pela sua modificação ou
manutenção. Constitui-se, também, responsabilidade do comandante da cena
de ação o controle e o comando do policiamento ostensivo distribuído nos
perímetros táticos, interno e externo.
e) Determinar o posicionamento do pessoal do Grupo Tático em
pontos estratégicos da cena de ação.
Constitui-se responsabilidade do gerente da crise, em consenso com o
Comandante do Grupo Tático, avaliar e definir as posições do GT. Levando em
consideração as especificidades do local e da crise, o grupo tático deve sempre
estar pronto para dar uma resposta imediata às situações que necessitarem de
sua atuação.
f) Entrevistar ou interrogar pessoas, que de qualquer modo tenham
escapado do ponto crítico.
Pessoas que presenciaram a eclosão do evento crítico, bem como, aquelas
que, por alguma maneira, conseguiram escapar da crise constituem-se
preciosas fontes de informações a respeito do ponto crítico, dos causadores da
crise e dos capturados. Os dados oriundos dessa entrevista devem ser
avaliados e compilados pelo gerente da crise e, posteriormente, repassados
aos GT e GN na forma de material de auxílio para sua atuação.
g) Providenciar o imediato início das negociações.
Doutrinariamente, entendemos que os policiais que primeiro chegaram ao
local da crise iniciam as comunicações com os causadores do evento crítico.
Compete ao gerente da crise subsidiar a substituição desse primeiro interventor
pelo negociador, componente do GN, que conduzirá essa alternativa tática
durante o processo de gerenciamento da crise.
O Comandante da Cena de ação deve, durante essa tarefa, garantir que
todas as informações obtidas pelo primeiro interventor sejam repassadas com
clareza e objetividade ao GN e que a substituição seja feita de maneira
eficiente sem qualquer prejuízo à estabilidade da crise.
h) Dar ciência da crise aos escalões superiores, fornecendo-lhes
relatórios periódicos sobre a evolução dos acontecimentos.
É consenso doutrinário que as tarefas do gerente da crise durante a
resposta imediata acontecem simultaneamente, no entanto, entendemos que a
comunicação com as autoridades pertencentes aos escalões superiores deve
ser realizada após a execução das tarefas que visem estabilizar a crise e traçar
um panorama inicial para ela.
Essa tarefa consiste, essencialmente, em fornecer aos superiores das
organizações policiais envolvidas as informações imprescindíveis a respeito da
crise e relatórios periódicos, informando-lhes dos principais acontecimentos da
crise.
Posto que, a maioria dessas autoridades irá compor o Grupo de Decisão a
presença do gerente da Crise se fundamente como elemento de ligação entre
as opções técnicas de soluções aceitáveis oriundas do GGC e as avaliações
sociais e políticas emanadas do GD.
i) Providenciar, se for o caso, fotografias, diagramas ou plantas
baixas do ponto crítico para uso do GT.
Conforme elencado em tópico anterior, o Grupo Tático deve estar pronto
para agir imediatamente após sua atuação se fizer necessária. Para tanto,
deverá estar posicionado em locais estratégicos, definidos pelo Gerente da
Crise, e conhecer os aspectos mais relevantes do ponto crítico.
Cabe ao comandante da cena de ação fornecer as informações necessárias
para que o GT se ambiente às especificidades do ponto crítico, seja através de
dados oriundos das entrevistas com testemunhas ou de plantas, fotografias e
diagramas do local.
j) Estabelecer uma rede de comunicações que cubra toda cena de
ação.
O aspecto comunicação já fora mencionando quando citamos os requisitos
necessários para a implantação de um Posto de Comando, enquanto tarefa do
gerente da crise. Portanto, percebe-se a importância da transmissão clara,
precisa e segura das informações referentes à crise em todo o perímetro do
ponto crítico.
O gerente da crise deverá definir, segundo as características da crise, do
ponto crítico e das demandas do efetivo empregado, qual será a forma mais
eficiente de comunicação entre os profissionais ali atuantes, bem como escalar
um profissional para, exclusivamente, certificar as informações transmitidas e
dar encaminhamento a documentos.
k) Estabelecer esquemas de controle de acesso de pessoas nas aeras
isoladas.
O gerente da crise ao certificar os perímetros táticos e estabelecer o
policiamento em seus acessos, deverá instruir os policiais ali presentes sobre
quem terá acesso ao perímetro externo e interno. A transmissão dessas regras
deve ser feita de maneira clara, para que seja evitada a entrada de pessoas
não autorizadas no ponto crítico, podendo comprometer a estabilidade da crise
ou a execução de alguma ação do GN ou do GT.
A entrada de peritos, médicos, técnicos, entre outros, deve estar
previamente autorizadas para evitar transtorno à execução das atividades
destes, bem como, consultas constantes ao gerente da crise sobre quem
deverá ou não adentrar ao perímetro.
l) Providenciar apoio técnico para providências que o exijam.
O gerente da crise, ao antever situações que serão executadas nesta ou
nas demais fases da confrontação, deverá acionar pessoal especializado para
o atendimento dessas demandas.
Por exemplo, caberá ao comandante da cena de ações providenciar a
presença de funcionários e representantes das concessionárias de energia e
saneamento básico para caso haja necessidade de interrupção do
fornecimento desses serviços.
Nesse contexto o Decreto 4.018/04 preceitua que:
Art. 6° O Grupo de Apoio deverá ser composto pelo Comandante da UPM da área, pelo Delegado de Polícia circunscrito ou designado, pelos responsáveis das Forças Táticas da Polícia Judiciária Civil – G.O.E. e Polícia Militar - BOPE e de um representante do CBM, BPTran, da empresa distribuidora de energia elétrica, da concessionária prestadora de serviços telefônicos, da empresa ou órgão de saneamento e distribuição de água e, de outros a quem o Comandante da Cena de Ação julgar necessários para a solução do evento, observando-se a gravidade da crise e o pessoal envolvido, cabendo ao Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública o seu acionamento.
Entendemos, primeiramente, como errôneo o emprego da nomenclatura
“Grupo de Apoio” para constituir os elementos elencados no supracitado artigo.
Segundo Salignac (2011), o grupo de apoio constitui-se de uma coordenação
voltada para execução de funções administrativas e de logística no cenário de
ação. Portanto, o legislador se equivocou quando incluiu sob a titulação de staff
os elementos operacionais (GN e GT) e os elementos de inteligência e
vigilância técnica.
De qualquer sorte, a norma prevê o acionamento de profissionais técnicos,
a exemplo de representantes e funcionários da empresa distribuidora de
energia elétrica, da concessionária prestadora de serviços telefônicos, da
empresa ou órgão de saneamento e distribuição de água e, de outros a quem o
Comandante da Cena de Ação julgar necessários. No entanto, atribui ao
Secretário de Segurança Pública, e não ao Gerente da Crise, a
responsabilidade pelo seu acionamento.
m) Preparar escalas de pessoal, no caso de prolongamento da crise,
não se esquecendo de designar uma pessoa para substituí-lo no
comando da cena de ação.
Antevendo o prolongamento da crise, o gerente da crise deverá
providenciar a confecção de escalas para a substituição do efetivo empregado
inicialmente, respeitando, obviamente as especificidades técnicas dos
profissionais atuantes.
É importante salientar, que durante a execução dessa tarefa o comandante
da cena de ação deve estabelecer os meios através dos quais as informações
e dados referentes à crise sejam transmitidos integralmente às equipes
substitutas.
O gerente também deverá estar atento à possibilidade de ser substituído,
seja pelo prolongamento da crise, seja por qualquer outra eventualidade.
Portanto, deverá ter em mente um possível substituto apto para exercer as
funções inerentes e a quem possa transmitir todas as informações a respeito
da crise.
CONCLUSÃO
É na fase da resposta imediata que a organização policial toma
conhecimento e reage ao evento crítico. O estabelecimento de um Gabinete de
Gerenciamento de Crise como medida para a confrontação dessa ocorrência
prescinde da figura de um policial, de alta hierarquia dentro da instituição de
que faça parte, com conhecimento específico sobre esse tipo de ocorrências e
que concentre todas as ordens e determinações no ponto crítico.
Essa figura de grande importância em todo o processo de resolução da
crise, como exposto neste estudo, centraliza uma série de atribuições de
maneira que as ações oriundas do GGC sejam dotadas de coesão e equilíbrio
diante de todos os grupos que compõe e influenciam as decisões do gabinete.
Em suma, na fase de resposta imediata o comandante do teatro de
operações tem a responsabilidade de instalar o GGC e direcionar todos os
entes que o compõe (GN, GT e Grupos de Apoio) para suas respectivas
funções, munindo-os das informações necessárias e sendo o elo de
comunicação com as autoridades que fazem parte do Grupo de decisão.
A respeito das atribuições do Gerente da Crise, genericamente, o Dec.
4.018/04 aponta no artigo 4º, expressamente citado em tópico anterior, afirma
que caberá àquele estabelecer seu Posto de Comando e coordenar os
integrantes do Grupo de Apoio, bem como solicitar os reforços necessários. Tal
citação, apesar de encontra-se em consonância com a doutrina vigente se
revela incompleta diante das atribuições descritas na presente pesquisa e na
teoria de gerenciamento de crises.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, Januário Antônio Edwiges. Momento Crítico na Segurança Pública
em Cuiabá: Análise de Situação com Refém. Várzea Grande, 2009.
DALLE LUCCA, Diógenes Viegas. Gerenciamento de Crises em Ocorrências
com Refém Localizado. São Paulo, 2002.
DE SOUZA, Wanderley Mascarenhas. Gerenciamento de Crises: Negociação e
Atuação de Grupos Especiais na solução de Eventos Críticos. São Paulo,
1995.
MATO GROSSO. Decreto 4.018, de 22 de Setembro de 2004. Palácio
Paiaguás. Cuuiabá: 2004.
SALIGNAC, Angelo Oliveira. Negociação em Crises: Atuação Policial na Busca
de Solução para Eventos Críticos.
ESTADO DE MATO GROSSOSECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA
POLICIA MILITARDIREÇÃO DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR COSTA VERDE - PMMTCURSO DE FORMACAO DE OFICIAIS/BACHAREL EM SEGURANCA
PUBLICA
DISCIPLINA: GERENCIAMENTO DE CRISES
INTRUTOR: MAJ PM JANUÁRIO
DISCENTES: AL OF PM ALVES AL OF PM ANDREO AL OF PM BELISA AL OF PM BISPO AL OF PM IGOR AL OF PMJOÃO NETO AL OF PM MAIA AL OF PM MÁRCIO PEREIRA AL OF PM ROSANA AL OF PM SOUZA AL OF PM SANTINO AL OF PM SUAREZ AL OF PM THÁSSIO AL OF PM WESLEY
Belisa Melo de França Santos
Diogo Santino da Silva
Grauciano Bispo Gomes
Igor Pires Fernandes
João Alves Pereira Neto
Lucas Andreo
Luiz Miguel Olivencia Suarez Júnior
Marcelo Moessa de Souza
Márcio Pereira da Silva
Moizaniel Fonseca Alves
Paulo Henrique Maia
Rosana Siqueira Galvão Corvoisier
Thássio Matheus Fernandes Alves
Wesley Lojor da Costa
TAREFAS DO GERENTE DA CRISE DURANTE A FASE DE RESPOSTA IMEDIATA
Trabalho apresentado à disciplina Gerenciamento de Crises, do 3º ano do Curso de Formação de Oficiais da Academia de Polícia Militar Costa Verde.
Instrutor: Maj. PM Januário Antônio E. Batista
Várzea Grande
2012