SANÇÕES, CRIMES E PRESUNÇÕES TRIBUTÁRIAS
Módulo TRIBUTO E SEGURANÇA
Aula 7: SANÇÕES, CRIMES E PRESUNÇÕES TRIBUTÁRIAS
Camila Campos Vergueiro CatundaAdvogada em São Paulo
Uberlândia, 04 de julho de 2011. [email protected]
Norma Jurídica - Estrutura mínima = H C
Dado um fato “F” deve-ser a consequência “C”.
Hipótese ou Antecedente: descreve um fato de possível ocorrência no mundo fenomênico.
Consequente: prescreve a relação jurídica que irá se instaurar se o fato previsto na hipótese vier a ocorrer no mundo fenomênico.
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MODAIS DEÔNTICOS(dever-ser)
Obrigatório (O)
Permitido (P)
Proibido (V ou PH)
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H C
Norma Jurídica de Direito Material Tributário (norma primária dispositiva)
Hipótese ou Antecedente: descreve um fato econômico de possível ocorrência no mundo fenomênico (evento – fato gerador).Consequente: prescreve a relação jurídica que irá se instaurar entre o particular e o Fisco se o fato previsto na hipótese vier a ocorrer no mundo fenomênico. Relação jurídica LINEAR.
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H C
Norma Jurídica de Direito Penal Tributário como sanção administrativa (norma primária sancionadora)
Hipótese ou Antecedente: descreve o não cumprimento (ilícito tributário) da conduta prevista no consequente da norma de direito material tributário (evento – fato gerador da sanção).Consequente: prescreve a relação jurídica que irá se instaurar entre o particular e o Fisco em que o sujeito passivo (contribuinte) tem o dever de cumprir uma prestação sancionadora - MULTA. Relação jurídica LINEAR.
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Rj
S S’Relação jurídica LINEARLINEAR
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H C v H C
fato econômico Sa Sp - C Sa Sp
norma primária dispositivanorma primária dispositiva norma primária sancionadora norma primária sancionadora
N. J. D. M. T. N. J. D. PENAL T.
$ $
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Norma Jurídica de Direito Penal Tributária – como Sanção Administrativa
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- Não prestação do tributo- Não cumprimento dos deveres instrumentais
- Omissão em prestar as informações à fiscalização
H – ilícito tributário (não-p)H – ilícito tributário (não-p)
Norma Jurídica de Direito Penal Tributária – como Sanção Administrativa
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Reforçar a eficácia dos deveres jurídicos estabelecidos da norma primária dispositiva
FunçãoFunção
Norma Jurídica de Direito Penal Tributária – como Sanção Administrativa
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Multas Apreensão de mercadorias
Regime Especial
Espécies de sançãoEspécies de sanção
H C -C C’
Norma Jurídica de Direito Processual (norma secundária)
Hipótese ou Antecedente: toma o fato do não-cumprimento da relação jurídica prescrita no consequente da norma de direito material dispositiva e sancionadora.
Consequente: prescreve a relação jurídica que irá se instaurar entre o (i) sujeito-contribuinte e o juiz e (ii) entre o sujeito-fisco e o juiz. Relação jurídica ANGULARANGULAR.
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Juiz Rj
S S’Autor Réu
Relação jurídica ANGULARANGULAR
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Processo de Positivação- percurso (processo – sucessão de atos) que as normas percorrem, mediante a ação humana, em busca da efetivação da regra de conduta. O fim é a satisfação da obrigação tributária. CICLO DE VIDA da O.T.- avanço da norma em seu mais alto grau de generalidade no sentido do comportamento das pessoas mediante normas individuais e concretas.- condição necessária da progressão: inadimplemento da prestação pecuniária- no âmbito do Direito Tributário passa por duas etapas:
ADMINISTRATIVA JUDICIAL
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Instituição do tributo (REMIT – n.g.a.)
Constituição do crédito tributário (n.i.c.-constitutiva)
Lançamento Autolançamento
Inscrição na Dívida Ativa (n.i.c.-executiva)
Extinção da obrigação tributária (n.i.c.- extintitiva)(art. 156, CTN)
11ªª ETAPA ETAPA
2ª ETAPA2ª ETAPA
3 ª ETAPA3 ª ETAPA
4 ª ETAPA4 ª ETAPA
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Crimes contra a ordem tributária
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Regra Matriz de Incidência Penal
HipóteseHipótese – descreve a ocorrência de um fato ilícito criminoso (TIPO penalTIPO penal)
ConsequenteConsequente – prescreve uma pena não determinada
Regra Matriz de Incidência Penal - Crimes contra a ordem tributária:
critério material – ação a ser realizada por quem sofrerá os efeitos penais (verbo + complemento + subjetividadesubjetividade)
critério temporal – delimita o momento em que se deve considerar ocorrida a ação do c.m.
critério espacial – delimita o lugar em que a ação é considerada ocorrida
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HipóteseHipótese
composição
Regra Matriz de Incidência Penal - Crimes contra a ordem tributária:
critério pessoal s.a.: titular do direito subjetivo de exigir o cumprimento da pena (E); s.p.: titular do dever
jurídico de cumprir a pena
critério objetacional: permite identificar o objeto da relação jurídica de direito penal - qualificação: informações sobre a prestação penal – multa e/ou pena privativa de liberdade; - quantificação: limite máximo e mínimo da pena (subjetividade do juiz)
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ConsequenteConsequente
composição
- Regra Matriz de Incidência Penal - HIPÓTESE:
critério temporal – não é identificado no próprio artigo que fixa o tipo penal
Tempo do crime“Art. 4º, DL 2848/1940 - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.”
critério espacial - não é identificado no próprio artigo que fixa o tipo penal
Lugar do crime“Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.”
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Positivação dos crimes contra a ordem tributária:
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Linguagem competenteN.I.C.
JUIZJUIZ
Autoridade competente
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Linguagem competente
N.I.C.
HipóteseHipótese – descreve o fato ilícito criminoso ocorrido no espaço e no
tempo
JUIZJUIZ
Consequente Consequente – prescreve uma pena determinada e individualizada
Sentença
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≠
JUIZJUIZ
Autoridade competente
Positivação da obrigação tributária
N.I.C.- constitutiva o.t.
Positivação do crime contra a ordem tributária
N.I.C.- constitutiva crime
Autoridade competente
FiscoFiscoContribuinteContribuinte
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HIPÓTESE inadimplemento
O.T.
N.I.C.- constitutiva crime
Constituição Constituição definitivadefinitiva do C.T. do C.T.
pressuposto
- Constituição Constituição definitivadefinitiva do C.T do C.T – quando ocorre:
auto de infração constituído e notificado ao contribuinte? depois de encerrada a esfera ADM? O esgotamento da esfera administrativa é condição para a existência do próprio crime. depois de encerrada a discussão judicial da dívida em ação na qual o contribuinte obteve causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN)?
- O que impede o ajuizamento da ação penal:
a pendência do processo ADM?
a existência de causa suspensiva da exigibilidade?
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Suspensão da pretensão punitiva
causas suspensivas da exigibilidade do CTART. 151
ART. 93 CPPArt. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite,
suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente.”
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IMPEDIMENTOfluência do prazo de prescrição
ART. 116 CPP
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
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Extinção da punibilidade
causas extintivas do CTART. 156
pagamento;compensação;transação;remissão;prescriçãodecadência;conversão de depósito em renda;pagamento antecipado e homologação - art. 150 e seus §§ 1º e 4º;consignação em pagamento – art. 164, § 2º ;decisão administrativa irreformável;decisão judicial passada em julgado.dação em pagamento em bens imóveis.
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Extinção da punibilidade
A partir vigência LF 10.684/2003
PAGAMENTO/PARCELAMENTO
ANTES ou DEPOIS denúncia
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- Extinção punibilidade – vigência LF 10.684/2003 – STF:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. APROPRIAÇÃO INDÉBITA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DESCONTADAS DOS EMPREGADOS. PARCELAMENTO E QUITAÇÃO APÓS O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, POR FORÇA DA RETROAÇÃO DE LEI BENÉFICA. As regras referentes ao parcelamento são dirigidas à autoridade tributária. Se esta defere a faculdade de parcelar e quitar as contribuições descontadas dos empregados, e não repassadas ao INSS, e o paciente cumpre a respectiva obrigação, deve ser beneficiado pelo que dispõe o artigo 9º, § 2º, da citada Lei n. 10.684/03. idêntica. (…) (HC 85452, Relator(a): Min. EROS GRAU, Primeira Turma, julgado em 17/05/2005, DJ 03-06-2005 PP-00045 EMENT VOL-02194-02 PP-00418 RTJ VOL-00195-01 PP-00249 RDDT n. 120, 2005, p. 221)
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- Extinção punibilidade – vigência LF 10.684/2003 – STF:AÇÃO PENAL. Crime tributário. Não recolhimento de contribuições previdenciárias descontadas aos empregados. Condenação por infração ao art. 168-A, cc. art. 71, do CP. Débito incluído no Programa de Recuperação Fiscal - REFIS. Parcelamento deferido, na esfera administrativa pela autoridade competente. Fato incontrastável no juízo criminal. Adesão ao Programa após o recebimento da denúncia. Trânsito em julgado ulterior da sentença condenatória. Irrelevância. Aplicação retroativa do art. 9º da lei nº 10.684/03. Norma geral e mais benéfica ao réu. Aplicação do art. 2º, § único, do CP, e art. 5º, XL, da CF. Suspensão da pretensão punitiva e da prescrição. HC deferido para esse fim. Precedentes. No caso de crime tributário, basta, para suspensão da pretensão punitiva e da prescrição, tenha o réu obtido, da autoridade competente, parcelamento administrativo do débito fiscal, ainda que após o recebimento da denúncia, mas antes do trânsito em julgado da sentença condenatória (HC 85048, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Primeira Turma, julgado em 30/05/2006, DJ 01-09-2006 PP-00021 EMENT VOL-02245-04 PP-00783 LEXSTF v. 28, n. 334, 2006, p. 367-379 RJSP v. 54, n. 347, 2006, p. 161-169 RMDPPP v. 3, n. 13, 2006, p. 90-98 RDDT n. 134, 2006, p. 218)
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- Suspensão pretensão punitiva do Estado- Não fluência prazo da prescrição punitiva
LF 12.382/2011
PARCELAMENTO
ANTES denúncia
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Extinção da punibilidade
A partir vigência LF 12.382/2011
ENCERRAMENTO PARCELAMENTO
ANTES denúncia
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≠
N.G.A.
FICÇÃO JURÍDICA PRESUNÇÃO JURÍDICA
N.I.C.N.G.A
regras de direito material que criam uma verdade legal não
coincidente à realidade fenomênica
raciocínio lógico pelo qual de um fato conhecido, cuja existência é
certa, infere-se outro fato desconhecido de existência
provável
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espécies
Presunção Jurídica
HOMINISou simples
LEGAIS
AplicadorN.I.C.
LegisladorN.G.A.
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espécies
Presunção Jurídica Legal
Juris Tantum Juris et Jure
admite prova em contrário
NÃO admite prova em contrário
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raciocínio de inferência da autoridade competente para editar a N.I.C.
Presunção Jurídica HOMINIS
Parte-se de um fato diretamente conhecido para se constituir um fato indiretamente
conhecido
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x
Fato provado que permite concluir a
existência de outro que se quer
provar, por indução
INDÍCIO PRESUNÇÃO JURÍDICA
Relação INdireta com o fato que se quer
provar
PROVA x
Relação direta com o fato que se quer provar
Denúncia espontânea
Art. 138, CTN:“Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.”
Art. 3o, CTN:“Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”
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Denúncia espontânea – N.J.
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HipóteseHipótese – se ocorrer a denúncia espontânea da infração + pagamento do tributo + juros + antes do início da fiscalização
Consequente – exclusão da responsabilidade pela prática do ilícito tributário
então deve-ser
CTN distingue duas classes de fatos sociais:
os decorrentes de atos lícitos, os quais estão inseridos no conceito de tributo, por expressa determinação legal;
os decorrentes de atos ilícitos, os quais estão fora do conceito de tributo, por expressa prescrição do CTN.
TRIBUTO = prestação pecuniária decorrente de ato lícito (art. 3º, CTN).
MULTA = prestação pecuniária decorrente de ato ILÍCITO (definido em lei).
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Denúncia espontânea
OBRIGADA!
Camila Campos Vergueiro CatundaAdvogada em São Paulo
Uberlândia, 02 de julho de 2011. [email protected]
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