Grupo de Estudos Regionais e Socioespaciais - GERES - Universidade Federal de Alfenas
BRANQUINHO, E. S.; LISKA, E. R. O território municipal e a competitividade entre cidades como atrativos corporativos: a
perversidade dos incentivos fiscais
Universidade Federal de Alfenas
Instituto de Ciências da Natureza
Geografia
O TERRITÓRIO MUNICIPAL E A
COMPETITIVIDADE ENTRE CIDADES COMO
ATRATIVOS CORPORATIVOS: A
PERVERSIDADE DOS INCENTIVOS FISCAIS
Alfenas – MG
Dezembro de 2011
Grupo de Estudos Regionais e Socioespaciais - GERES - Universidade Federal de Alfenas
BRANQUINHO, E. S.; LISKA, E. R. O território municipal e a competitividade entre cidades como atrativos corporativos: a
perversidade dos incentivos fiscais
Universidade Federal de Alfenas
Instituto de Ciências da Natureza
Geografia
Estevan Rodrigues Liska
Orientador: Prof. Dr. Evânio dos Santos Branquinho
O TERRITÓRIO MUNICIPAL E A
COMPETITIVIDADE ENTRE CIDADES COMO
ATRATIVOS CORPORATIVOS: A
PERVERSIDADE DOS INCENTIVOS FISCAIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como
parte dos requisitos para a obtenção da habilitação
em Geografia Licenciatura da Universidade Federal
de Alfenas.
Alfenas – MG Dezembro de 2011
AGRADECIMENTOS E DEDICATÓRIA
Foram anos de pesquisa mergulhados em desafios e conquistas. Com muito
esforço e persistência os objetivos que eu esperava na ciência geográfica para
interpretação das relações que ocorrem no espaço puderam ser alcançados.
Diante das leituras e conversas com os professores na minha graduação em
Geografia, a análise dos fenômenos que ocorrem no espaço começaram a ficar
cada vez mais claros e a desmistificação das falácias e informações entre diversos
agentes modificadores do espaço puderam ser compreendidos.
O território passou a ser compreendido como palco de disputas entre
interesses corporativos versus sociais, onde o vencedor, em grande parte das
ocorrências, é o provido de recursos econômicos que procura otimizar a todo o
instante a maior mais-valia. A territorialidade de Milton Santos ganhou novas
interpretações e assume a quebra do laço que unia os interesses da população em
seu espaço à expansão do capital.
Os discursos como os benefícios gerados às cidades com a instalação de
empresas muitas vezes são extrapoladas para o beneficio social, porém se observa
contrastes gritantes. O espaço deixa de ser a escolha qualitativa – costumes locais,
por exemplo - para os empresários em detrimento da maior quantificação dos lucros
que ele providencia a longos e curtos prazos em suas fontes de receita econômica.
Muitas vezes nos deparamos com informações latentes, que se inflam em
meros interesses corporativos. A contribuição da Geografia para a destruição dos
ritos noticiados pela mídia foi marcante durante a minha formação.
Este trabalho foi realizado em meio a conflitos de interesses e procuro
contribuir com a sociedade por meio da divulgação desta reflexão.
Agradeço a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a
realização desta atividade e na minha formação.
Em especial vão meus agradecimentos à Unifal-MG, onde durante minha
graduação conheci e conquistei grandes amizades, além de propiciar uma nova
forma de pensar os fenômenos que ocorrem no mundo.
À minha família, Gilberto e Geraldo, vão todas as minhas atenções, me
ajudaram e ajudam a superar barreiras impostas pela vida.
Agradeço muito a minha mãe e meu pai, que durante suas vidas nos ajudou
em infinitas situações e nos deixa seus ensinamentos e muitas saudades.
Dedico esta pesquisa aos meus professores e a todas as pessoas que
sempre estiveram ao meu lado, seja nas alegrias como nas tristezas.
Quando um sistema econômico está “sem fôlego”, várias vezes ele é obrigado a
abandonar alguns aspectos jurídicos que o caracterizam para permitir a
sobrevivência do essencial, as relações de produção (MARX, 1985).
[...] Caso se confirme a relativização do domínio de aplicação do conceito de
ideologia e da teoria de classes, o quadro categorial, no qual Marx desenvolveu as
teses fundamentais do materialismo histórico, precisará também de uma
reformulação. [...] o motor do desenvolvimento social, mas não parecem ser, em
todas as circunstâncias, como Marx havia suposto, um potencial de liberação ou
algo que desencadeie movimentos emancipatórios – em todo o caso, elas não
parecem ser assim, desde que o crescimento contínuo das forças produtivas tornou-
se dependente de um progresso técnico que desempenha ao mesmo tempo a
função de legitimar a dominação (HABERMAS, 1980, p. 337).
"Todo aquele que não permite que o pensamento se atrofie, não resignou" (Theodor
Adorno).
RESUMO
Algumas transformações marcaram o Brasil durante a década de noventa, como o
aumento das trocas internacionais de mercadorias, aumento dos fluxos
internacionais de investimento, uma maior descentralização político-administrativa
promovida pela constituição de 1988 e a diminuição das políticas de
desenvolvimento regionais. No atual período, a competitividade fica restrita por meio
das vantagens comparativas entre as cidades, se tornando fundamentais para a
aquisição de investimentos. Sob o pretexto de desenvolver a economia local,
diversos municípios têm lançado mão da renúncia fiscal para atrair atividades
empresariais para seus territórios, em especial no ramo de serviços. Esta pesquisa
fará; por meio de entrevistas, observações de diagnóstico, levantamentos
bibliográficos e interpretações de dados econômicos e sociais; uma reflexão sobre
os resultados da disputa creditícia existente dentro da microrregião de Alfenas,
tratando das potencialidades, como infraestrutura, das concessões fiscais e das
desigualdades econômicas e sociais que se materializam sobre as cidades da
região.
Palavras-chave: desigualdades; guerra dos lugares; isenções fiscais; microrregião
de Alfenas.
Classificação JEL: H00; R00; Y10; Z13.
ABSTRACT
Some changes have marked Brazil during the nineties, as the increase of
international trade in goods, increased flows of international investment, greater
political and administrative decentralization promoted by the 1988 constitution
and the decrease of regional development policies. In the current period, the
competitiveness is restricted by means of comparative advantage between the
cities, becoming central to the acquisition of investments. Under the pretext of
developing the local economy, several municipalities have profited from the tax
breaks to attract business activities to their territories, especially in the service
business. This research will observe and reflect on the results of the dispute
within the existing microrregion of Alfenas, through interviews with the
secretaries of regional development and local action and literature surveys,
dealing with potential, such as infrastructure, tax concessions and industrial and
social inequalities that materialize on the region's cities.
Keywords: inequalities; tax exemptions war places, microrregion of Alfenas.
JEL Classification: H00, R00, Y10, Z13.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Métodos utilizados à compreensão do fenômeno em estudo..........................................................................................
26
Figura 2 Distribuição dos 25% do ICMS recolhido aos municípios, conforme Lei Estadual nº 13.803 de 27/12/2000..................................................................................
32
Figura 3 Localização da microrregião de Alfenas........................................................................................
45
Figura 4 Participação de cada micro região no total de Valor Adicionado Fiscal dentro do Estado de Minas Gerais em 2007 (Em %)................................................................................................
47
Figura 5 Valor Adicionado Fiscal entre os municípios da microrregião de Alfenas. Ano base 2004 a 2009............................................................................................
49
Figura 6 Comparação entre os Valores Adicionados Fiscais. Ano base 2004 a 2009................................................................................
50
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Simulação de apuração do VAF de uma empresa mineradora................................................................................
31
Tabela 2 Evolução dos critérios de distribuição do ICMS aos municípios.................................................................................
34
Tabela 3 Distribuição e Taxa de Variação Anual do Emprego Formal – microrregião de Alfenas – 2006..........................................................................................
51
Tabela 4 Valor Adicionado Fiscal em Reais dos municípios da microrregião de Alfenas e a média dos índices de contribuição de cada cidade ao total arrecadado em Minas Gerais........................................................................................
62
Tabelas 5 Ministério do Trabalho e Emprego, perfil dos municípios da microrregião de Alfenas, em ordem Alfabética (de Alfenas a Serrania)...................................................................................
63
Tabela 6 Relatório consolidado do Bolsa Família, segunda vigência de 2011..........................................................................................
66
Tabela 7 Produto Interno Bruto a preços correntes e Produto Interno Bruto per capita - 2004-2008..........................................................................................
67
Tabela 8 Incentivos fiscais oferecidos às empresas..................................................................................
67
Tabela 9 Arrecadação do Valor Adicionado Fiscal. Ano base 2009..........................................................................................
68
Tabela 10 Empresas recentes em Alfenas. Ano de coleta 2011..........................................................................................
70
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 14
2.1 A IMINÊNCIA DE UMA NOVA REGIÃO E A METODOLOGIA ........................................ 15
2.2 CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL E INTEGRAÇÃO NACIONAL ..................................... 16
2.3 DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL ................................................................................. 17
2.4 A NOVA CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL E AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS ............. 19
2.5 FORMAÇÃO TERRITORIAL DE MINAS GERAIS ............................................................. 21
3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 25
3.1 DADOS E INFORMAÇÕES ................................................................................................... 25
3.2 ENTREVISTAS E MATERIAIS UTILIZADOS ..................................................................... 27
4 A ESCOLHA DA MICRORREGIÃO DE ALFENAS ......................................................... 28
5 A ECONOMIA DO MUNICÍPIO A PARTIR DOS DADOS DO VALOR ADICIONADO
FISCAL................................................................................................................................ 30
5.1 DEFINIÇÃO .......................................................................................................................... 30
5.2 FORMAS DE DISTRIBUIÇÃO AOS MUNICÍPIOS ......................................................... 31
5.3 ICMS SOLIDÁRIO ............................................................................................................... 33
6 DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................................................................... 35
6.1. PREMISSAS AO ESTUDO DOS EFEITOS DA GUERRA FISCAL E DOS LUGARES
........................................................................................................................................................... 36
7 USO DO TERRITÓRIO OU DA TERRITORIALIDADE COMO RECURSOS ATRATIVOS?
............................................................................................................................................ 37
7.1 A BUSCA POR ESPAÇOS COMPETITIVOS ..................................................................... 39
7.2 TOMADA DE DECISÃO E A ESCOLHA POR ESPAÇOS COMPETITIVOS PELAS
CORPORAÇÕES ........................................................................................................................... 42
8 APRESENTAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO ..................................................................... 45
9 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 48
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 53
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 55
11.1 ENTIDADES CONSULTADAS ............................................................................................ 61
12 ANEXOS ........................................................................................................................ 62
12.1 TABELAS COMPLEMENTARES ........................................................................................ 62
12.2 RESUMO DAS INFORMAÇÕES COLHIDAS COM AS ENTREVISTAS ..................... 67
12.3 SOBRE AS EMPRESAS ...................................................................................................... 69
12.4 RESUMO DAS OPINIÕES DOS SECRETÁRIOS ........................................................... 70
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1 INTRODUÇÃO
Alguns autores como Ibañez (2006), têm mostrado que a prática de incentivos
fiscais e territoriais às empresas vem se perpetuando sobre o território brasileiro,
tornando o desequilíbrio industrial cada vez mais acentuado sobre os espaços.
Nesse contexto a diminuição de programas históricos de planejamento territorial,
como Planos Nacionais de Desenvolvimento, após a adoção do Estado pelas
políticas neoliberais vindas do Consenso de Washington gerou efeitos que
ampliaram a divisão territorial do trabalho (SANTOS 1997, 1999b; ARAUJO, 1997) e
deram origem às concentrações, cada vez maiores, de empresas e indústrias aos
espaços competitivos (ARAÚJO, 2000a, 2000b; BECKER e EGLER, 1993; SANTOS
e SILVEIRA, 2001; BRANDÃO, 2007), que viraram sinônimos de integração
desintegrada (GARCIA, 1994), desintegração interna (RICUPERO, 2000) e
construção interrompida (FURTADO, 1976), contudo se observa um esforço à
retomada do planejamento territorial. A partir de 1996 surge a implementação dos
Planos Plurianuais pelo Governo Federal, que tem como objetivo o reordena mento
estratégico econômico e funcional sobre o território, porém a sua eficácia aponta
restrições, como a falta de um gerenciamento fiscal na estrutura administrativa,
desigualdades acentuadas de mão de obra qualificada e infraestruturas entre as
regiões (MATOS, 2002).
Diante da menor participação do Estado ao planejamento estratégico e
funcional do território nos últimos trinta anos e a maior integração da economia
brasileira ao mercado mundial, foi escolhida a microrregião de Alfenas, situada no
sul de Minas Gerais, porque algumas cidades, como o município de Alfenas, desde
o final da década de 90, sofrem grande influência das políticas fiscais das demais
cidades, que concorrem de maneira desigual com cidades próximas à rodovia
Fernão Dias, devido à proximidade com o Estado de São Paulo. Assim, as cidades
oferecem benefícios às empresas e, ao mesmo tempo, evocam como recursos
atrativos as estradas de rodagem, as isenções fiscais, como do Imposto Predial e
Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza
(ISSQN), também a concessão de terrenos e construção de distritos industriais às
empresas.
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O crescimento econômico de Minas Gerais tem sido evidente nas últimas
décadas, que, de modo geral, está em constante expansão. Porém se observa que
apenas alguns espaços respondem a essa afirmativa.
Ao desenvolvimento econômico, os municípios da microrregião de Alfenas se
envolvem em uma verdadeira competição para adquirir empresas aos seus
territórios. Ao custo de investimentos públicos para a construção de infraestruturas
ou modernização de seus arranjos técnicos e logísticos para as empresas, as
cidades exaltam suas potencialidades e os oferecem como atrativos à aquisição de
investimentos corporativos para dentro de suas fronteiras. Assim, dentro de uma
mesma região, os municípios competem entre si pela vinda e instalação de
empresas, ampliando ainda mais as desigualdades econômicas e sociais e a divisão
territorial do trabalho.
Dessa forma, especialmente na década de 1990, têm sido comum exemplos
de políticas de promoção do desenvolvimento local baseadas nas exigências das
empresas, que, praticamente, obriga os municípios a uma verdadeira guerra fiscal e
dos lugares, no sentido de criarem condições espaciais para atração de
investimentos. Como “armas” utilizadas pelas cidades pode-se citar a prática de
renúncia fiscal, e, acessoriamente, a oferta de infraestrutura de circulação e energia,
terreno, entre outros.
Os objetivos associados a esse tipo de política baseada na promoção de
vantagens competitivas espúrias ou externalidades generalizadas, atendem à
necessidade dos governos locais de criarem novos postos de emprego no setor
privado, atraindo investimentos para regiões com custos de produção mais baixos
em consonância ao processo de deslocalização industrial, verificado após a
desconcentração industrial do Estado de São Paulo para outras localidades.
Desse modo, a microrregião de Alfenas além de fazer parte do processo de
desconcentração concentrada (DINIZ, 1993) de indústrias e serviços e possuir uma
formação territorial econômica que está sob forte influência do capitalismo industrial
do Estado de São Paulo e Rio de Janeiro (FREDERICO, 2009), nas últimas décadas
tem-se observado a mobilização de investimentos consideráveis pelo Poder Público
em infraestruturas, como a duplicação e reforma da BR491, e aumento de
corporações envolvidas em construções de empresas e indústrias para dentro de
sua fronteira. No entanto o aumento desses investimentos tem ocorrido em espaços
seletivos (SANTOS e SILVEIRA, 2001), que já apresentam demandas técnicas e um
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potencial logístico sobre o território (SAQUET, 2007), necessários ao
estabelecimento de corporações, causando abandonos de investimentos em áreas
ditas não produtivas economicamente e tendências a espaços especializados em
uma determinada produção econômica (PASSOS e MORO, 2003; CASTILLO e
FREDERICO, 2010) – princípio da melhor localização (BENKO, 1999).
A justificativa para a prática das concessões de benefícios jurídicos e
creditícios pelo Poder Público engloba as necessidades por recursos econômicos,
que são extrapoladas pelo viés de maior recolhimento tributário ao longo da
ampliação financeira e produtiva local, estadual e nacional, que poderão ser
convertidos em melhorias sociais, como diminuição do desemprego, e investimentos
em infraestruturas. Dessa forma, no atual período, é cada vez mais diagnosticado o
interesse das empresas por territórios que proporcionem a maior quantificação das
vantagens comparativas (PORTER, 1990; STEVENSON, 2001). Já se verifica
espaços propícios a investimentos a partir da especialização produtiva, que moldam
a produção para um determinado produto, com o intuito de que os lugares possam
competir no mercado e, ao mesmo tempo, excluir outros espaços por meio da
competição (SANTOS 1995; BRANDÃO, 2007; CASTILLO, 2008; CANO, 1998).
Esta pesquisa procurará; compreender, por meio de entrevistas com os
secretários de desenvolvimento e ação regional, empresários, análise de dados
econômicos e sociais e observações das viagens realizadas às cidades quanto às
infraestruturas, o motivo e as decisões das empresas ao se instalarem em
determinado município, porque não em outros e quais os reflexos às cidades que
compõem a microrregião de Alfenas; contribuir para a discussão do fenômeno em
estudo.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
As regiões são dotadas de peculiaridades, como as culturas locais e as
políticas de seus governos, que viraram focos de estudos para diversas áreas do
saber científico no contexto atual da globalização.
A partir da década de noventa, a intensificação cada vez maior da
mundialização de capitais e de corporações que procuram a maior mais-valia tem-se
territorializado sobre várias regiões do Brasil, gerando maiores desigualdades
sociais e infraestruturais entre os estados.
Após o fim dos pacotes regionais de desenvolvimento e a promulgação da
constituição de 1988, com a maior autonomia legislativa aos estados e municípios
brasileiros, houve uma progressiva expansão dos capitais como a vinda de
empresas e setores ligados à logística que procuravam otimizar as trocas de
informações e mercadorias.
A busca por territórios que oferecem melhores condições de infraestruras e
benefícios creditícios viraram focos de indústrias e empresas. Algumas regiões que
já desfrutavam de suporte para a otimização do espaço-tempo em contralto à
desgarrada concessões de benefícios e favores às empresas viraram potências
corporativas e industriais e outras, que dependiam de manejo de investimentos do
governo, como os Planos Nacionais de Desenvolvimento – PND, hoje estão
dependentes de ações sociais, como o bolsa-família, que, em boa parte dos
municípios, é, praticamente, a única fonte de renda da sociedade.
Para a compreensão do atual cenário político e administrativo da microrregião
de Alfenas, serão necessários: compreender o processo de mundialização dos
capitais e a entrada do Brasil ao cenário econômico mundial, a concentração e
desconcentração industrial das empresas e corporações do Estado de São Paulo
para outras localidades, a nova região que surge após a intensificação das trocas
mundiais de informações e mercadorias, a formação do território de Minas Gerais e
as políticas neoliberais que nortearam o crescimento econômico brasileiro após a
década de noventa.
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2.1 A IMINÊNCIA DE UMA NOVA REGIÃO E A METODOLOGIA
A globalização e o surgimento de novas tecnologias, como o avanço das
telecomunicações e da informática, contribuíram para que ocorressem reflexões
sobre diversas teorias em variados ramos da ciência. Durante longo período
diversos geógrafos estudaram as regiões como se estivessem isoladas do mundo,
qual se fossem entidades autônomas, com o propósito de que elas atendessem às
necessidades locais.
Com o passar dos anos o território foi se organizando de maneira diversa e se
estruturando conforme a lógica capitalista mundial. A intensificação das relações
entre as diversas partes do globo terrestre fez com que as regiões se tornassem
parte funcional da economia-mundo. Essas que, no período atual, estão cada vez
mais vulneráveis às oscilações econômicas mundiais (CASTILLO, 2008).
A adaptação, por exemplo, das regiões agrícolas ao mercado mundial as
tornam competitivas. As necessidades de consumo dos países centrais as incluem à
rede mundial e à produção cada vez mais “irracional” de mercadorias (CASTILLO,
2008) dotando-as de técnicas cada vez mais informacionais, isto é, os modos de
produção são constantemente atualizados e a exigência das grandes corporações
junto aos representantes políticos para as infraestruturas necessárias ao fluxo de
mercadorias e informações é cada vez maior (SANTOS, 1999b).
Antes da mundialização das trocas comerciais as regiões apresentavam
sistemas técnicos locais ou regionais diversos e havia pouca interdependência
funcional. Hoje, quanto mais a região se encontra integrada ao mercado
internacional, mais ela tende a estar conectada à unicidade técnica (SANTOS,
1999b). As corporações, juntamente com as regiões, adquirem técnicas modernas;
por exemplo, a logística, e garantias fiscais, legais e infraestruturais junto ao Estado
para obter maior fluxo de mercadorias, informações e a maior mais-valia. A
especificidade (divisão territorial do trabalho), o domínio tecnológico da produção e o
aprimoramento à fluidez das mercadorias da região chegam a afetar tradicionais
indústrias e produtores de outras regiões, um exemplo é a produção de algodão em
Mato Grosso e Oeste da Bahia. Porque se observa o domínio tecnológico em
grandes empresas, elas mobilizam recursos para adquirir grandes parcelas do
território, insumos agrícolas, crédito e produção. Pequenos produtores não detêm
capital para investir na competição com as grandes corporações. Outro exemplo são
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as regiões do cerrado que, de maneira emblemática, detém o controle dos circuitos
espaciais agrícolas (FREDERICO, 2010).
O atual conceito de região está intimamente relacionado à totalidade dos
fenômenos que ocorrem na economia-mundo (SANTOS, 1997; 1999a; 1999b; 2000;
CHESNAIS, 1996; FURTADO, 1974, 1976; ARAÚJO, 2000a; HARVEY, 1992; SOJA,
1993). Quanto mais a região se torna competitiva para atender à demanda mundial e
às exigências dos países centrais, mais ela se torna vulnerável às oscilações da
economia externa (CASTILLO, 2008). Deve-se detalhar sua composição enquanto
organização social, política e econômica local para se compreender as
verticalidades que se tornaram horizontais ocorridas após estabelecimento de
grandes propriedades (SANTOS, 1999b). Desses modos, podem-se compreender a
inércia de uma determinada região a um produto, a realidade da dependência
tecnológica dessas regiões frente às outras e a dinâmica político-econômica nas
diversas regiões brasileiras.
2.2 CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL E INTEGRAÇÃO NACIONAL
A produção que se realizava em cada região, Sudeste e Sul do Brasil, por
exemplo, mostrava um país que se moldava à divisão internacional do trabalho e à
periferia do sistema capitalista. Conduzindo ao “centrifuguismo” das corporações e
indústrias para a região concentrada (SANTOS e RIBEIRO, 1979). As localizações
onde se instalaram as indústrias eram ditadas pela presença de recursos naturais e
pela regulamentação do Estado, quando esses apareciam como vantagens
comparativas (SANTOS e SILVEIRA, 2001).
Com a atual mundialização das corporações e indústrias, a divisão
internacional do trabalho ganha novos dinamismos e se materializa sobre as regiões
do Brasil.
Segundo Becker e Egler (1993), a maior instalação de indústrias se efetiva na
região de São Paulo a partir da década de trinta por meio da desvinculação agrário
exportador a qual estava subordinada ao mercado mundial. Após a crise do café,
com o “crash” da bolsa de Nova York em 1929, produtores e empresários cunharam
capitais e infraestruturas, como as ferrovias que eram utilizadas ao café, às
indústrias.
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A integração nacional que começou depois da década de 30 teve como
propósito a viabilização das trocas comerciais dentro do território brasileiro, a fim de
que as mercadorias das indústrias de São Paulo fossem comercializadas para as
demais regiões, substituindo as importações de produtos manufaturados de países
como os Estados Unidos, por exemplo.
Alguns efeitos distintos criaram condições suficientes à divisão territorial do
trabalho no Brasil e o domínio corporativo do Estado de São Paulo frente às demais
regiões, Cano (1998, p. 287):
Os de bloqueio, no sentido de que a periferia não pode repetir o processo histórico de desenvolvimento de SP. Os de destruição, que se manifestam através da concorrência que empreendimentos mais eficientes implantados pelo capital do pólo possam fazer aos similares periféricos que operam com técnica obsoleta ou outro tipo de desvantagem concorrencial. Os de estímulo, que se manifestam através da ampliação do grau de complementaridade inter-regional.
Segundo Becker e Egler (1993), a área core e a sua periferia – Região
Concentrada e Nordeste por exemplo, respondiam até a década de 60 por cerca de
85% da renda nacional com predomínio de um intenso fluxo de mercadorias,
empresas, capitais e força de trabalho.
2.3 DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL
A desconcentração industrial se realiza durante as décadas de 60 a 90,
mormente durante o período da ditadura militar.
Os governos que se sucederam após a década de 60 procuravam planejar o
território de forma a desconcentrar o fluxo de investimentos da área core e suas
periferias para espaços de interesse estratégico. Com esse propósito foram criados
planos nacionais e regionais de desenvolvimento, como os Planos Nacionais de
Desenvolvimento – PNDs- e as Superintendências de Desenvolvimento Regionais,
como a Superintendência de Desenvolvimento para da Amazônia (SUDAM).
Nos anos 70, depois do breve ajuste Bulhões/Campos, o planejamento do
território e a distribuição das indústrias e empresas se davam pela via
desenvolvimentista, com o objetivo de levar o processo de industrialização
substitutiva às últimas conseqüências, buscando mesmo acesso às tecnologias de
ponta da terceira revolução industrial: nuclear, informática e etc. No entanto essa
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modernização foi conservadora ao manter a estrutura de classes socioeconômicas
de épocas anteriores (DOMINGUES, 2004).
O princípio que se tem levado a cabo durante os trinta anos dos planos de
desenvolvimentos é a alocação de pólos de desenvolvimento, que buscava
aproveitar ao máximo os efeitos dinâmicos que determinado empreendimento
realizado em uma localidade poderia gerar aos seus arredores. Assim, as políticas
públicas do Brasil procuravam atender às demandas regionais por meio da teoria de
Perroux. A integração “desintegrada” do território ocorria através da construção de
uma indústria motriz às regiões periféricas do Brasil e isso se bastava para o
ordenamento estratégico de desenvolvimento das regiões (LAVINAS et. al., 1994).
Supunha-se que ocorreria a vinda de outras empresas e, consequentemente,
suportes funcionais a elas, porque ambas provocariam crescimento econômico à
localidade (Perroux, 1977), como a indústria petroquímica no recôncavo baiano que
atraiu profissionais liberais e outras empresas, por exemplo. Porém esse modelo de
desenvolvimento impõe às localidades variáveis importantes para o seu
funcionamento, como o aumento das trocas comerciais, especializações de algumas
regiões, aumento das comunicações e melhoria nos sistemas de transportes
(LAVINAS et. al., 1994).
A região Nordeste é uma área de povoamento antigo, onde a constituição do
meio mecanizado se deu de forma pontual e pouco densa e onde a circulação de
mercadorias, pessoas e informações são precários (SANTOS e SILVEIRA, 2001)
prevalecendo a necessidade por recursos estatais, como os planos de
desenvolvimento regional. Durante as décadas de 60 a 90 a economia nordestina
apresentou um excelente desempenho (ARAÚJO, 2000a) após crescentes
investimentos do Estado em infraestruturas, incentivos fiscais e instalações de
empresas estatais como a Petrobrás.
Entretanto, durante a década de 70, o Estado brasileiro elevou a assistência
generalizada às empresas que enfrentavam dificuldades financeiras e eram
encobertas via endividamento externo. Após a segunda metade da década de 70,
com a crise econômica estatal e depois política na década de 80, o Produto Interno
Bruto do Brasil esteve praticamente estagnado, assim como o comportamento dos
investimentos públicos. Essa situação só começa a se reverter na década de 90
após a minimização dos gastos públicos em grandes projetos governamentais
(MATOS, 2002).
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Não tardou, segundo Cunha (2009), para que a pobreza e a desigualdade
como resultados de escolhas e decisões políticas passassem por novas
transformações, operadas pela ressignificação das relações entre sociedade e
Estado.
A crise econômica e social não apresentou melhoras e no contexto de
promulgação da Nova Constituição em 1988, que coroou muitas reivindicações
populares, já tinha início um debate sobre sua inviabilidade ou mesmo inadequação,
com base no diagnóstico que se popularizou mais tarde como de falência do
Estado (LAMOUNIER e SOUZA, 1992).
Após a crise do Estado e o compromisso de pagamento da dívida externa
junto aos pacotes econômicos vindos do Fundo Monetário Internacional (FMI), a
promoção de políticas neoliberais pelo governo federal se torna iminente, os planos
nacionais de desenvolvimento foram minimizados às vontades e necessidades das
grandes e médias corporações.
2.4 A NOVA CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL E AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS
No mundo globalizado o Brasil passa a se encontrar imerso em uma nova
realidade. Sob a ação de grandes empresas hegemônicas, o território é chamado a
dispor de novos conteúdos instrumentais às lógicas globais, de onde decorrem
novos contornos, novas características e novas definições ao espaço geográfico,
onde os imperativos da eficiência e da competitividade tornam-se valores potenciais
de toda a ação de investimentos. Os padrões e processos produtivos periféricos
foram amparados por uma desgarrada concessão de favores e incentivos fiscais e
creditícios (BRANDÃO, 2007). Os Estados e as regiões brasileiras procuraram atrair
investimentos geradores de emprego, produção, renda e crescimento econômico.
Salários mais baixos, disponibilidade de recursos naturais, melhoria na
logística para o escoamento da produção, proximidade com a região que detém
tecnologia e com o consumidor final foram capazes de remodelar estruturas, tanto
as herdadas da integração nacional da década de 30 como as feitas pelo Estado até
a década de 90, por exemplo, blocos de investimentos do II Plano Nacional de
Desenvolvimento, para atender às novas divisões territoriais do trabalho ou às
vontades e necessidades das empresas, que viraram sinônimo de desintegração
interna (RICUPERO, 2000).
P á g i n a | 20
O Estado nacional que planejava políticas explicitamente regionais de
desconcentração dos investimentos da área core e suas periferias para as demais
regiões do território agora se retrai, deixando as regiões à mercê dos investimentos
privados:
Observa-se que as intenções de investimentos se encontram em basicamente três unidades da federação: São Paulo (28,2%), Rio de Janeiro (19,3%) e Minas Gerais (14%), todos no Sudeste que, somados, abrangem mais de 60% dos investimentos previstos para a indústria até o ano 2000 (ARAUJO, 2000a, p. 80).
Enquanto isso a estimativa de investimentos para a região Nordeste, até o
ano 2000, foi de 17,6% (ARAUJO, 2000a).
No início da década de 1980 surge um movimento que busca o fortalecimento
dos Estados e municípios, alcançando êxito na Constituição de 1988. Houve, com
isto, maior autonomia para os municípios legislarem sobre suas fontes de receita. As
maiores liberdades fiscais em concordância ao fim dos planos de desenvolvimento
fizeram ressurgir sobre o território a concentração industrial, formando um
verdadeiro polígono de aglomeração de indústrias e mão de obra (IBAÑEZ, 2006).
Na opção conclusiva que se observa no período posterior a década de 1990,
houve a promoção das políticas neoliberais que promoveram a integração
competitiva entre as regiões, buscando ampliar a competitividade de espaços que já
são competitivos economicamente, tecnologicamente e infraestruturalmente,
atenuando a ênfase de investimentos à inserção seletiva (ARAÚJO, 2000b)
promovida pelo mercado, que causou abandono de investimentos das áreas ditas
não produtivas, tornando tendenciosa a especialização regional para determinados
produtos (SANTOS, 1999a).
Chega-se a concluir, diante da atual política do Estado em elevar as
exportações para diversas regiões do globo em consentimentos às políticas
neoliberais e autonomia legislativa para os estados e municípios, a que Celso
Furtado (1976) chama de “a construção interrompida”.
P á g i n a | 21
2.5 FORMAÇÃO TERRITORIAL DE MINAS GERAIS1
A formação territorial de Minas Gerais se assemelha à formação brasileira na
medida em que, segundo Frederico (2009, p. 2), entre as características similares
destacam-se:
[...] a predominância da organização do território na forma de arquipélago até meados do século XX, com pequena integração interna entre suas subregiões e fortes interações interestaduais; a construção de uma capital planejada (Belo Horizonte), localizada próxima ao centro do estado, com o objetivo de integrar suas diversas áreas, como seria feito meio século depois na escala nacional; e as grandes desigualdades regionais, contendo no interior do estado dinâmicas semelhantes à da macro-região nordestina, dinâmicas de fronteira e áreas sob forte influência do capitalismo industrial de São Paulo e Rio de Janeiro.
Sobre esse aspecto, o autor projeta a maior integração do território do sul de
Minas Gerais ao período da globalização, que se inicia efetivamente no território
brasileiro com a adoção das políticas neoliberais no início da década de 1990. A
partir desse momento, o território passa a ser organizado, mais do que nunca, pela
égide do mercado, com a privatização de grandes empresas estatais, a abertura dos
mercados às importações e à égide das grandes empresas, e o predomínio da
lógica financeira e monetária sobre todas as ações e projetos do Estado.
Não diferente das demais regiões brasileiras que compõem o polígono do
desenvolvimento2 (DINIZ, 1993), o sul do Estado de Minas Gerais sofreu os
impactos da descentralização das empresas de São Paulo, porém essas
mantiveram seus serviços altamente especializados a este município, por intermédio
1 Procurou-se compreender, a partir da abertura econômica dos mercados do Brasil a diversas
regiões do planeta, o comportamento do Estado de Minas Gerais frente às transformações econômicas recentes do Brasil, nesse aspecto, objetivou-se maior aprofundamento teórico à compreensão do sul de Minas Gerais em anos recentes. A conclusão feita aponta para semelhanças quanto ao reordenamento funcional do território brasileiro. A região passou por períodos que podem ser conectados aos levantamentos bibliográficos anteriores e posteriores a este capítulo. Dessa forma, entende-se que o desenvolvimento econômico e industrial de Minas Gerais é crescente, porém é restrito a áreas seletivas pelas empresas. Também é possível notar que suas regiões possuem algumas especializações produtivas, como a produção de café e aglomeração industrial no sul de Minas, principalmente na Meso Região Sul e Sudoeste do estado, áreas de concentração e produção de tecnologias, como na microrregião de Santa Rita do Sapucaí e áreas ditas “improdutivas para as empresas”, como ao Norte do estado. A questão histórica da formação territorial de Minas Gerais está presente no trabalho de Celso Furtado (1976) para consulta. 2 Essas regiões, segundo Diniz (1993), encontram-se no “polígono do desenvolvimento”, que tem
como vértices as cidades de Belo Horizonte, Uberlândia, Londrina, Maringá, Porto Alegre, Florianópolis e São José dos Campos. O autor alega que houve uma “desconcentração concentrada” da indústria paulista, que deslocou suas unidades fabris da metrópole, mas continuou restrita à região concentrada (FREDERICO, 2009, p.10).
P á g i n a | 22
das operações e centros de comandos ficarem restritas aos espaços de maior
velocidade de informações, como internet a altíssimas velocidades e mão de obra
altamente preparada a assumir cargos que demandam conhecimentos específicos e
aprofundados ao corpo de gerenciamento das grandes empresas. Nesse caso, São
Paulo se mantém coesa ao aglomerar essas virtudes.
Para Frederico, historicamente, a cafeicultura é o principal elemento
dinamizador da economia do sul de Minas. Para o autor,
A região reúne uma série de competências infra-estruturais (armazéns, torrefadoras, porto seco), institucionais (cooperativas, empresas exportadoras, transportadores, centros de pesquisa, organismos de fomento) e normativas (selos de denominação de origem, certificados de comercialização e produção) que confere competitividade à cafeicultura. Além dessa atividade, a região, desde a década de 1970, também se aproveitou da desconcentração industrial de São Paulo, que atingiu principalmente as cidades ao longo do eixo da rodovia Fernão Dias e cidades limítrofes, como Poços de Caldas (FREDERICO, 2009, p. 12).
Dessa forma, conclui-se que a região sofreu grandes influências das políticas
adotadas pelo Estado após a diminuição dos pacotes nacionais de
desenvolvimentos regionais. Como observado, o sul de Minas procurou concentrar
recursos à modernização de suas infraestruturas para acolher as empresas que
estavam migrando para esta localidade. Porém, para isso as cidades providenciaram
desgarradas concessões de favores e benefícios às empresas, que acirraram a
guerra fiscal e dos lugares entre os municípios.
Como verificado em outras localidades do território brasileiro, Frederico
conclui:
[...] a modernização atinge apenas áreas seletas do território mineiro, sobretudo, aquelas vinculadas às demandas produtivas externas. As áreas modernas são as que continuam a atrair mais investimentos públicos e privados, ampliando as desigualdades regionais. A maioria das regiões mineiras não possui recursos ou sistemas técnicos funcionais às demandas produtivas hegemônicas, ficando renegadas à própria sorte. No período atual, presenciamos o aumento vertiginoso e acelerado das históricas desigualdades regionais, que acompanham a formação territorial de Minas Gerais. Podemos distinguir, dessa forma, a existência no território mineiro de “espaços luminosos”, distribuídos de maneira seletiva, em contraposição aos “espaços opacos”, que se difundem com maior contigüidade nas áreas mais ao norte e leste do estado (FREDERICO, 2009, p.12-13).
2.6 GUERRA FISCAL E DOS LUGARES
A falta de políticas de planejamento Estatal para as empresas no território, o
maior poder político e administrativo para as cidades e estados após a constituição
P á g i n a | 23
de 1988 e a adoção das políticas neoliberais na década de 90 têm dado início à
guerra dos lugares (IBAÑEZ, 2006).
Entende-se por guerra fiscal a disputa entre os Estados e municípios em
conceder incentivos fiscais para atrair investimentos. Esses incentivos são
oferecidos às empresas em troca de sua vinda e instalação em uma localidade, que,
muitas vezes, são extrapoladas para concessões de terrenos e construção de
infraestruras para atender necessidades técnicas e logísticas de determinada
empresa.
Com a mundialização dos capitais e das empresas o território passou a ser
seletivo. As corporações financeiras passaram a investir em locais que proporcionem
a maior mais-valia através das infraestruturas modernas que viabilizam maiores
trocas de informações e mercadorias a um espaço-tempo otimizado (SANTOS,
2000), atravessadamente à disponibilidade de recursos jurídicos e creditícios
(IBAÑEZ, 2006). Segundo Santos e Silveira (2001, p. 292 apud Ibañez, 2006, p. 67)
a guerra fiscal se materializa nos espaços na medida em que o território ofereça
lugares vantajosos sob o ponto de vista das empresas.
A guerra dos lugares se confunde à guerra fiscal na abrangência em que
vantagens comparativas (PORTER, 1990; STEVENSON, 2001) entre as localidades
são contabilizadas pelas empresas, donde isenções fiscais em contralto à
disponibilidade de mão de obra, por exemplo, são únicas opções de recursos a
oferecer às corporações. Nesta perspectiva as vantagens ganham novas
características. Citando o exemplo de algumas cidades da região sul de Minas como
Pouso Alegre, Extrema e Alfenas, que travam entre si uma batalha creditícia e
infraestrutural para atrair empresas aos seus territórios, onde, em grande parte das
ocorrências, Extrema e Pouso Alegre se saem vitoriosas sobre Alfenas devido à
proximidade com São Paulo e por estarem conectadas pela rodovia Fernão Dias.
O fenômeno da guerra fiscal e dos lugares abrange políticas públicas
pautadas em benefícios fiscais – financeiros e creditícios - e infraestruturais que
buscam atrair crescimento econômico para uma localidade em detrimento de outras,
gerando algum prejuízo para outra localidade, como as heterogeneidades
infraestruturais e sociais e as especializações produtivas (SANTOS, 2000; SOJA,
1993; FURTADO, 1974, 2000; VARSANO, 1997; AMARAL et. al., 2006; IBAÑEZ,
2006).
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De acordo com Alves (2001) e Perius (2002) apud Nascimento (2008, p. 679 -
680), os incentivos podem ser classificados em três tipos:
Tipo 1 – Concessões prévias para o início da atividade produtiva: doação de terrenos, obras, facilidades de infra-estrutura e outras formas de dispêndio financeiro que geram benefícios parciais ou totais para a empresa. Tipo 2 – Benefícios creditícios associados ao investimento inicial e à operação produtiva: formas diversas de crédito para capital fixo ou de giro. O crédito pode ser oferecido pelo governo estadual, antes do início das operações da empresa, de uma só vez, ou em várias parcelas, ao longo do processo de implantação e/ou operação. Os financiamentos são ofertados pelas instituições bancárias de investimento, com recursos de fundos estaduais ou de programas de desenvolvimento regional. Tipo 3 – Benefícios tributários relacionados à operação produtiva: a renúncia fiscal pode se dar por meio da redução ou postergação de recolhimento ou, ainda, pela isenção de impostos.
As justificativas para tal prática, sob a ótica do administrador público, são: a
geração de empregos e renda; o aumento do valor adicionado ao longo das cadeias
produtivas, devido à maior transformação industrial e, ainda, o aumento da receita
tributária futura (HULTEN e SCHWAB, 1997).
Dulci (2002) alertou que a guerra fiscal gera um desenvolvimento desigual
entre as relações nas federações brasileiras, em que as mais desenvolvidas
economicamente tendem a atrair projetos externos para seus territórios e que as
menos desenvolvidas são refúgio de empresas domésticas. Ibañez (2006) diz que
as empresas que dispõem de capitais tendem a se instalar em regiões que detém o
domínio das técnicas e boas condições de tráfego para as mercadorias, pois essas
dispõem de uma extensa rede bancária, de serviços e de tecnologias. Assim sendo,
as empresas multinacionais tendem a se instalar em locais que atendem suas
necessidades técnicas, infraestruturais e proximidade com o centro consumidor de
seus produtos, enquanto as empresas locais, por terem menos capitais financeiros
para investimentos, procuram territórios que dispõem de mão de obra menos
valorizada financeiramente. Essas empresas entram em uma concorrência desleal
entre si.
As concessões de benefícios fiscais municipais às empresas vão além das
perversidades – desigualdades regionais para obtenção da maior mais-valia (DULCI,
2002; IBAÑEZ, 2006). Grande parte das empresas não costuma gerar os mesmos
benefícios que lhe foram concedidos às localidades, ampliando ainda mais a sua
maior mais-valia (VARSANO, 1997).
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3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 DADOS E INFORMAÇÕES
Esta pesquisa foi realizada por meio de levantamentos bibliográficos,
entrevistas abertas e semi-estruturadas (QUARESMA e BONI, 2005, p. 75) com
secretários de desenvolvimento econômico e ação regional dos municípios de
Alfenas, Machado e Fama, observações de viagens feitas nas cidades de Alfenas,
Alterosa, Fama, Carmo do Rio Claro, Machado, Poço Fundo, Pouso Alegre,
Varginha, Poços de Caldas e análise e levantamento de dados referentes aos
Valores Adicionados Fiscais e socioeconômicos dos municípios que compõem a
microrregião de Alfenas e das cidades Pouso Alegre, Varginha e Poços de Caldas.
Foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre a temática Guerra Fiscal e
dos Lugares, com o objetivo de verificação dos efeitos da prática de renúncia fiscal
em outras localidades. Depois, procurou-se investigar bibliografias que tratam sobre
as desigualdades espaciais, região competitiva e logística e a lógica das empresas
quanto à escolha de suas instalações em espaços que lhes possibilitem a maior
mais-valia.
A partir das pesquisas bibliográficas, foram realizadas atividades em campo
para diagnósticos espaciais sobre o comportamento social, como condições de
moradia, a distribuição dos empregos e qualificações profissionais dos habitantes, e
econômico, como infraestruturas, arranjo técnico e logístico, das cidades.
Realizada essas etapas, Figura 1, iniciou-se a primeira parte das entrevistas,
que contou com apoio dos secretários do desenvolvimento econômico e ação
regional de Alfenas e Poços de Caldas, para efeito de se verificar a existência da
prática de renúncia fiscal dentro da microrregião de Alfenas e também entre as
cidades do sul de Minas.
Comprovada a prática de incentivos fiscais municipais às empresas como
forma de atrativos, renúncia do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) por dez anos, deu-se início o
levantamento de dados junto à Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais
quanto aos Valores Adicionados Fiscais dos municípios do sul de Minas (SEF-MG,
2011; PRATES, 2010) e das maiores empresas da cidade de Alfenas. Após, foram
realizados levantamentos de dados socioeconômicos para maior abrangência de
P á g i n a | 26
interpretação do fenômeno em estudo. Esses dados foram cedidos pela Fundação
João Pinheiro e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2010a, 2010b;
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2008).
Figura 1: Métodos utilizados à compreensão do fenômeno em estudo.
Fonte: elaboração própria.
A segunda fase das entrevistas foi realizada com os secretários do
desenvolvimento econômico e ação regional dos municípios de Alfenas, Machado e
Fama. A eles foram feitas perguntas sobre quais os incentivos concedidos às
empresas, se esses geraram o esperado retorno às expectativas do Poder Público
quanto à maior ampliação de suas fontes de recursos econômico-tributárias, quais
as maiores empresas da cidade e quais delas ganham alguma forma de isenção,
qual a justificativa para a prática da renúncia fiscal, existência de distrito industrial,
exigências e locais preferidos pelas empresas.
A terceira fase das entrevistas foi feita em duas grandes empresas de
Alfenas, conforme VAF obtido junto à SEEF-MG de Alfenas e informações das
entrevistas anteriores, optou-se por coletar informações referentes a uma empresa
que recebeu todos os incentivos municipais e uma que não recebeu nenhum
benefício junto à prefeitura. Foram feitas perguntas à gerência e presidência dessas
empresas sobre quais os motivos que as trouxeram ao município e quais recursos
foram suficientes ao atendimento de seus interesses.
P á g i n a | 27
A integração dessas coletas de informações possibilitou que esta pesquisa
fosse realizada. Dessa forma, a metodologia e os materiais utilizados se tornaram
adequados ao estudo, possibilitando comparações e comportamentos entre as
cidades e reflexão crítica aos resultados obtidos sobre a microrregião de Alfenas.
3.2 ENTREVISTAS E MATERIAIS UTILIZADOS
O método utilizado para a coleta de dados dos entrevistados é: entrevista
aberta e semi-estruturada. Optou-se por esses dois tipos de métodos por apresentar
as seguintes características, segundo Quaresma e Boni (2005, p. 75):
A principal vantagem da entrevista aberta e também da semi-estruturada é que essas duas técnicas quase sempre produzem uma melhor amostra da população de interesse. Ao contrário dos questionários enviados por correio que têm índice de devolução muito baixo, a entrevista tem um índice de respostas bem mais abrangente, uma vez que é mais comum as pessoas aceitarem falar sobre determinados assuntos (SELLTIZ et. al., 1987). Outra vantagem diz respeito à dificuldade que muitas pessoas têm de responder por escrito. Nos dois tipos de entrevista isso não gera nenhum problema, pode-se entrevistar pessoas que não sabem ler ou escrever. Além do mais, esses dois tipos de entrevista possibilitam a correção de enganos dos informantes, enganos que muitas vezes não poderão ser corrigidos no caso da utilização do questionário escrito. As técnicas de entrevista aberta e semi-estruturada também têm como vantagem a sua elasticidade quanto à duração, permitindo uma cobertura mais profunda sobre determinados assuntos. Além disso, a interação entre o entrevistador e o entrevistado favorece as respostas espontâneas. Elas também são possibilitadoras de uma abertura e proximidade maior entre entrevistador e entrevistado, o que permite ao entrevistador tocar em assuntos mais complexos e delicados, ou seja, quanto menos estruturada a entrevista maior será o favorecimento de uma troca mais afetiva entre as duas partes. Desse modo, estes tipos de entrevista colaboram muito na investigação dos aspectos afetivos e valorativos dos informantes que determinam significados pessoais de suas atitudes e comportamentos. As respostas espontâneas dos entrevistados e a maior liberdade que estes têm podem fazer surgir questões inesperadas ao entrevistador que poderão ser de grande utilidade em sua pesquisa.
Os instrumentos que foram utilizados: a internet, um aparelho reprodutor e
gravador de voz e/ou uma caneta, um papel, linha telefônica para realização de
chamadas e um veículo para as viagens às cidades.
P á g i n a | 28
4 A ESCOLHA DA MICRORREGIÃO DE ALFENAS
A complexidade dos fenômenos que estão conectados a uma essência em
comum tem causado reformulações em diversas teorias que envolvem a abordagem
do estudo das regiões. A importância da escala de estudo tem sido veementemente
debatida entre a comunidade científica e as conceituações remontam desde à
institucionalização da Geografia como ciência.
As crescentes transformações no espaço a partir das primeiras décadas do
século XX, como a expansão da economia, das finanças, das redes de poder e ao
recrudescimento dos nacionalismos, regionalismos e localismos, têm,
paradoxalmente, reforçado a compreensão e busca pela escala que permita campos
de observação cada vez mais próximos ao pesquisador.
Os impasses e o delineamento de um paradigma eficaz para o estudo das
regiões é sempre recorrente, uma vez que cada escala exprime intencionalidades
subjetivas diferentes das pessoas com seus espaços (LAVINAS et. al., 1994).
Para Boudon (1991, apud Lavinas et. al., 1994) a intenção de uma escala
exprime uma intenção deliberada do sujeito de observar seu objeto. Segundo
Lavinas et. al. (1994), o espaço no qual a referência supõe, em geral, a pertinência
do objeto ao longo das escalas não fragmenta o resultado final do estudo do objeto,
porque os fenômenos que ocorrem em torno de sua essência transitam de maneira
a formar uma totalidade em torno do objeto em estudo, ou seja, o objeto não se
fragmenta, mas se complementa ao longo das escalas.
Trata-se de analisar a irreversibilidade do tempo e da escala, partindo-se de
um objeto comum a todas as escalas, onde a análise do real se confronte com os
paradoxos de ordem/desordem, parte/todo, particular/geral, um/múltiplo de forma
que a dimensão fenomenológica se concretize no todo. Sendo assim, a escala só é
um problema de proporção, porque, enquanto medida de área, é um problema das
ciências exatas.
A partir da análise dos dados referentes ao Valor Adicionado Fiscal (VAF) e
ao tributo Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) obtidos junto
à Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais e alguns referentes à isenção
de impostos municipais, como o Imposto Predial Territorial e Urbano (IPTU) e
Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), juntamente com a
interpretação dos fenômenos/consequências. Concluiu-se, sobre a questão das
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escalas para análise do objeto, que as perspectivas esperadas ocorrem de maneira
semelhante no território, todas as cidades renunciam à cobrança do IPTU e ISSQN,
quando do estabelecimento de novas empresas para dentro de suas fronteiras.
Ressalta-se que o teste dos resultados pode sofrer algumas alterações ao longo das
escalas, porque existem regiões mais providas de infraestruturas e outros meios de
aportes tecnológicos, gerando-se heterogeneidades, concentrações de empresas e
espaços propícios a investimentos, como a proximidade da indústria ao seu
consumidor final. Dessa maneira, com os trabalhos em campo foi possível fazer um
diagnóstico sobre o comportamento de Alfenas frente à aquisição de empresas para
seu território e se constatou as disparidades municipais quanto às infraestruturas,
problemas sociais, o processo de concentração de indústrias em algumas cidades e
a ausência delas em outras.
O levantamento bibliográfico sobre a microrregião de Alfenas e mesorregião
Sul e Sudoeste de Minas em paralelo à interpretação dos dados e observações em
campo sobre a microrregião de Alfenas, mostraram que a renúncia fiscal do poder
público municipal é equivalente aos dos demais municípios da região sul de Minas e
que as reflexões feitas sobre a microrregião tornam possíveis o diagnóstico de
potenciais cidades dormitórios e concorrências desleais que há entre as empresas
locais e multinacionais, além de ter demonstrado quem ganha e quem perde no
contexto da guerra fiscal e dos lugares e o comportamento da microrregião frente às
outras regiões.
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5 A ECONOMIA DO MUNICÍPIO A PARTIR DOS DADOS DO VALOR
ADICIONADO FISCAL
5.1 DEFINIÇÃO
A partir da variável Valor Adicionado Fiscal (VAF) é possível fazer
diagnósticos sobre o comportamento da economia dos municípios da região, pois é
considerada de grande relevância econômica e permite observar a capacidade real,
em valores, quanto uma cidade produziu durante o ano. Essa variável permite fazer
um diagnóstico sobre a capacidade de geração de valores do setor produtivo local.
Segundo a Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais (SEF/MG),
[...] o Valor Adicionado Fiscal (VAF) é um indicador econômico-contábil
utilizado pelo Estado para calcular o índice de participação municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municípios mineiros. É apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais (SEF-MG), com base em declarações anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municípios.
Do ponto de vista da dinâmica econômica de uma região, o VAF mostra a real
capacidade da estrutura produtiva local no que tange à geração de riquezas, o que
está implícita a criação de empregos, inovações produtivas e investimentos
realizados. Entretanto é preciso ressaltar que essa variável não revela o tamanho da
economia informal, o que dependendo do caso pode subestimar a real capacidade
econômica de uma região (PRATES, 2010).
O VAF de um município corresponde, segundo a SEF/MG,
[...] ao valor que se agregou nas operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços realizadas em seu território em determinado ano civil, em relação ao valor adicionado em todo o Estado. Representa o somatório dos valores adicionados realizados no território, espelhando o potencial que o município tem para gerar receitas. Quanto maior for o movimento econômico e, portanto, quanto maior o VAF do município, maior será o seu índice de participação no repasse de receitas oriundas da arrecadação do ICMS e IPI Exportação. O movimento econômico do município é assim representado: Saídas (-) Entradas = VAF. O Valor Adicionado Fiscal corresponde à diferença entre o valor das saídas de mercadorias, acrescido do valor das prestações de serviços tributáveis pelo ICMS e o valor das entradas de mercadorias e serviços recebidos em uma empresa a cada ano civil. Nas hipóteses de tributação simplificada aplicada às microempresas e às empresas de pequeno porte, e em outras situações em que se dispensem os controles de entrada, segundo o mesmo dispositivo, considerar-se-á como valor adicionado o percentual de 32% da receita bruta.
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A apuração dos valores é realizada via Declaração Anual do Movimento
Econômico e Fiscal (DAMEF) dos contribuintes do município, Tabela 1, que depois é
contabilizado pela SEF/MG e distribuído por meio de índices. Após o
estabelecimento dos índices é realizada a distribuição do montante ICMS/Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) e Exportação aos municípios.
Tabela 1: Simulação de apuração do VAF de uma empresa mineradora.
Fonte: Apuração do VAF de uma empresa – SEF/MG.
5.2 FORMAS DE DISTRIBUIÇÃO AOS MUNICÍPIOS
A Constituição Federal de 1988 determina no seu artigo 158 que pertencem
aos municípios: 25% do produto da arrecadação do ICMS, sendo que ¾ deve ser
distribuído na proporção do movimento econômico de cada município, definido
através do VAF - Valor Adicionado Fiscal - e o restante ¼, conforme determina Lei
Estadual, que vem sendo distribuído através dos critérios estabelecidos na Lei Robin
Hood (2010) e ICMS Solidário (2011), beneficiando os municípios que investem mais
em educação, saúde, preservação do meio ambiente, conservação do patrimônio
histórico, produção de alimentos e outros.
O Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação – ICMS – é instituído pelos Estados membros e pelo Distrito Federal
(art. 155, II, da Constituição da República). Do total arrecadado com o ICMS pelo
Estado 25% pertencem aos Municípios (art. 158, IV, da Constituição da República).
A Constituição Federal determina que 75% do ICMS sejam destinados ao
Estado para sua manutenção e investimentos e 25% sejam repassados aos
municípios da seguinte forma:
P á g i n a | 32
¾ dos 25%, no mínimo, distribuídos na proporção (VAF), que é, simplificando,
a diferença das médias de dois anos entre o valor das notas fiscais de compra e
venda ocorrida no município;
¼ dos 25% de acordo com o que dispuser a lei estadual. Em Minas Gerais,
estes critérios foram determinados pela Lei nº 12.040, de 28 de dezembro de 1995.
Até 1995, o repasse dos 25% do ICMS aos municípios mineiros se dava
segundo dois critérios econômicos: o Valor Adicionado Fiscal e produção de
minérios. A partir de 1996, a Lei nº 12.040/95, além de incrementar os critérios
econômicos de distribuição estimulando o município a utilizar com maior eficiência
os potenciais de sua base própria de arrecadação, prevê uma cota mínima de
repasse e introduz critérios sociais, culturais e ambientais
Em Minas Gerais a distribuição dos 25% da receita total arrecadada com
ICMS é assim distribuída: a) três quartos (75%) são distribuídos na proporção do
índice do VAF, conforme artigo 3º da Lei Complementar Federal nº 63/90; b) até um
quarto (25%) é distribuído de acordo com critérios indicados na Lei Estadual nº
13.803 de 27/12/2000, Figura 2.
O VAF é o instrumento legal, onde se apura com precisão toda a
movimentação econômica gerada de cada município, através da DAMEF, nas
operações relativas à circulação de mercadoria e na prestação de serviço de
transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação.
Figura 2: Distribuição dos 25% do ICMS recolhido aos municípios, conforme Lei
Estadual nº 13.803 de 27/12/2000.
Fonte: SEF/MG e elaborado por http://www.warpti.com.br/.
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5.3 ICMS SOLIDÁRIO
Segundo ALMG (2009), a alteração da Lei Estadual nº 13.803 de 27/12/2000
prevê uma nova distribuição do tributo ICMS aos municípios a partir de 2011.
A nova lei - Lei 18.030 publicada no Diário Oficial de Minas Gerais (13/1/09) -
redistribui o percentual de 4,68% da parcela, repartidos com base no VAF,
“destinando-o a outros critérios, de forma a reduzir as desigualdades existentes
entre as receitas dos municípios”.
As alterações realizadas apresentam seis novos critérios de repasse dos
recursos:
Recursos hídricos, com o objetivo de compensar os municípios que têm em seu território áreas alagados por usinas hidrelétricas; municípios-sede de estabelecimentos penitenciários, com o objetivo de criar uma compensação para essas cidades na proporção da população carcerária média, apurada pela Secretaria de Estado de Defesa Social; esportes, para incentivar a execução de políticas públicas na área do desporto, com desdobramentos nas áreas de segurança pública, saúde e educação; turismo; ICMS Solidário; e mínimo per capita, que garante um valor mínimo aos municípios, possibilitando àqueles mais pobres a participação de um valor próximo ao obtido pela multiplicação da sua população por 30% da média per capita do Estado (ALMG, 2011, p. s/n).
A distribuição do valor arrecado ficou estabelecida da seguinte forma:
VAF (75%), área geográfica (1%), população (2,70%), população dos 50 municípios mais populosos (2%), educação (2%), produção de alimentos (1%), patrimônio cultural (1%), meio ambiente (1,10%), gasto com saúde (2%), receita própria (1,90%), cota mínima (5,50%), municípios mineradores (0,01%), recursos hídricos (0,25%), municípios-sede de estabelecimentos penitenciários (0,10%), esportes (0,10%), turismo (0,10%), mínimo per capita (0,10%) e ICMS Solidário (4,14%). Esses dois últimos critérios serão distribuídos de acordo com a relação percentual entre a população de cada um dos municípios com menor índice de ICMS per capita do Estado e a sua população total, devendo ser observados diferentes conceitos, detalhados na nova lei (ALMG, 2011, p. s/n).
Em termos absolutos, a melhora na distribuição do valor arrecadado aos
municípios foi significativa antes da vigência da Lei 18.030 e pode ser notada pela
queda na concentração de 89,9% dos recursos em 20% dos municípios mais
desenvolvidos economicamente sem a Lei Robin Hood, ao contrário, “com a Lei
Robin Hood” os mesmos 20% passaram a concentrar 80,38% do ICMS
(FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2008).
As alterações trazidas pela atual legislação - Lei 18.030 - em relação às
anteriores foram: redução no critério de distribuição do Valor Adicionado Fiscal
P á g i n a | 34
(VAF), no critério população (relação população Município/Estado), na receita
própria e nos municípios mineradores. Houve ainda a criação de novos critérios,
como recursos hídricos, municípios sede de estabelecimentos penais, esportes,
turismo, ICMS solidário (com o maior percentual) e mínimo per capita, Tabela 2.
Tabela 2: Evolução dos critérios de distribuição do ICMS aos municípios.
Fonte: NASCIMENTO et. al. (2011).
As mudanças ao repasse dos recursos aos municípios representam uma
tentativa do Estado de Minas Gerais em minimizar concentrações de riquezas.
Observa-se que, desde a Lei 13.803, soluções alternativas para tentar diminuir as
desigualdades territoriais foram discutidas e, por meio da lei, procurou-se de
maneira que os municípios com arrecadações de ICMS per capita abaixo de 1/3 do
total do estado, por exemplo, tenham maiores repasses do total arrecado pelo
estado.
A diferença entre a lei anterior e a atual é que se fundamenta na percepção
de que o critério VAF já é devidamente privilegiado no rateio do ICMS dos
Municípios,
[...] uma vez que 75% desse rateio são distribuídos com base no VAF, conforme determinação constitucional. Desse modo, são assegurados ganhos de receita aos municípios cuja arrecadação impossibilita a realização de investimentos na área social e a garantia de condições dignas
de vida aos cidadãos (ALMG, 2011, p. s/n).
P á g i n a | 35
6 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Diversos autores (PRATES, 2010; ROSADO et. al., 2009; NASCIMENTO et.
al., 2011) têm lançado como ferramenta em suas pesquisas o Valor Adicionado
Fiscal, porque é um importante meio para se diagnosticar o crescimento ou
decrescimento econômico dos municípios e regiões.
A estrutura da economia municipal a partir do VAF é de suma importância no
sentido de apurar o montante de repasse de ICMS aos municípios, sendo que o
repasse de ICMS é diagnosticado como principal fonte de receita para alguns
municípios da região.
Tendo em vista as renúncias fiscais concedidas pelas cidades às empresas -
IPTU e ISSQN – o VAF se torna fundamental na pesquisa, uma vez que 25% do
montante declarado são devolvidos às cidades através da cota parte do ICMS e pela
proximidade à coleta dos dados das empresas pela SEF/MG de Alfenas, sendo
possível a atualização referente aos valores de produções, onde a obtenção de
dados quanto aos Produtos Internos Brutos se mostrou insuficiente às comparações,
devido à dificuldade de se obter o Produto Interno Bruto (PIB) de uma empresa ou
das empresas.
Em termos quantitativos relativos, em ANEXOS se encontra uma tabela
referente ao Produto Interno Bruto dos Municípios da microrregião de Alfenas e das
cidades Poços de Caldas, Pouso Alegre e Varginha, viabilizando o aprofundamento
à conferência das desigualdades sociais e econômicas observadas. Também estão
presentes nesse capítulo outras tabelas e outros agrupamentos de dados e
informações, ambos têm por objetivo a consulta e verificação, além de instigar
outros pesquisadores a contribuir com novas reflexões sobre o fenômeno em
estudo.
Não cabe a esta pesquisa o aprofundamento às discussões referentes aos
demais impostos, como IPI e Fundo de Participação aos Municípios (FPM), por
exemplo, e também a análise jurídica. Apenas breves comentários, como o uso da
contagem da população pelo IBGE como ferramenta de distribuição das receitas aos
municípios.
P á g i n a | 36
6.1. PREMISSAS AO ESTUDO DOS EFEITOS DA GUERRA FISCAL E DOS
LUGARES
Esta pesquisa irá demonstrar o comportamento dos municípios da
microrregião de Alfenas frente às suas políticas fiscais e às de outras regiões e tem
como foco de análise e aprofundamento os seguintes postulados verificados:
No curto prazo, os municípios com maior poder econômico ganham com a
guerra fiscal;
No longo prazo a guerra significa apenas uma renúncia aos impostos;
Com o tempo os municípios de menor poder financeiro perdem a capacidade
de prover os serviços e a infraestrutura necessária às empresas, para produzir e
escoar a produção devido à renúncia fiscal – guerra dos lugares;
As batalhas da “guerra fiscal” são vencidas, naturalmente, pelos municípios
de maior poder financeiro. De outro lado há a generalização dos benefícios fiscais,
todos os municípios da região concedem incentivos semelhantes, estes perdem seu
poder de incentivo, pois dependem de diferenças na tributação.
Até que ponto as concessões fiscais são positivas e negativas para as
cidades e para a região;
As cidades vencedoras das batalhas creditícias aglomeram para seus
espaços mão de obra mais qualificada que as perdedoras;
Ganhos médios de salários e rendimentos da população acima de 3 salários
mínimos estão concentrados em áreas que dispõem de um arranjo comercial e
industrial eficiente;
Desigualdades nas infraestruturas dos municípios e sócio econômicas são
ampliadas;
Interesses e aglomerações empresariais aos espaços eficientes em
infraestruturas.
P á g i n a | 37
7 USO DO TERRITÓRIO OU DA TERRITORIALIDADE COMO RECURSOS
ATRATIVOS?
As transformações ocorridas no espaço durante as últimas décadas do século
XX resultam de um processo de acentuação das transformações econômicas. Cada
vez mais os territórios procuram meios para explorar economicamente seus
espaços, seja se especializando em determinada produção, seja pelas
potencialidades físicas que o território proporciona.
A produção do território, na definição das diferentes formas de
territorialidades, se dá por meio das relações sociais. Os espaços, quanto à
exploração e usos internos às suas fronteiras, geram diferentes necessidades e
adaptações internas às externalidades, que os dotam de funções e significados
diferentes.
Dessa forma, Poder e Território estão dentro desta análise, não como as
únicas formas de entender a utilização do território, mas como elementos que
podem contribuir para dar enfoque sobre a produção da territorialidade.
O Poder Local ocorre por meio das relações que delimitam e reorganizam o
poder entre os diferentes movimentos sociais e não é atribuído somente à estrutura
municipal, ou normas impostas pelo poder socialmente aceito, atribuído aos
governantes, mas, principalmente, através de alianças político-econômicas que
interferem diretamente nas práticas das políticas públicas municipais no
reordenamento territorial (DANIEL, 1988).
O território se torna um palco de relações e processos, nos quais os atores
sociais definem suas práticas espaciais de poder e sua territorialidade. Sendo assim,
o espaço é considerado como resultado de conflitos de interesses entre forças de
poderes diferenciados.
O território constitui-se um dado segmento do espaço, delimitado por
fronteiras e normas, da apropriação e controle por parte de um grupo social, uma
empresa ou uma instituição. O território é, em realidade, um importante instrumento
da existência e reprodução. Apresenta, além do caráter político, um nítido caráter
cultural, especialmente quando os agentes sociais são grupos étnicos, religiosos ou
de outras identidades (ROSENDAHL, 2005).
O caráter político e econômico do território representa aspectos de forte
interesse nesta pesquisa. Raffestin (1993) ao discutir as dimensões de poder já
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apontava para diversas inclinações sobre a territorialidade e o território, no sentido a
ser concluído, o espaço ganha novos contornos de poderes, que refletem
diretamente na divisão social e territorial do trabalho que os territórios assumem ao
se inserirem cada vez mais nas redes de comércio econômico.
Dessa forma, Raffestin insere uma contribuição interessante ao território, ao
discutir a noção de territorialização, desterritorialização e reterritorialização:
[...] Segundo o autor, esse processo ocorre, principalmente, devido a fatores econômicos, em linhas gerais, territorialização implicaria um conjunto codificado de relações, enquanto que a desterritorialização seria, antes de tudo, o abandono do território, podendo também ser interpretada como a extinção dos limites, das fronteiras. Reterritorialização seria o retorno ao território, podendo ocorrer sobre qualquer coisa, do espaço ao dinheiro (SAQUET, 2007, p. 78).
Na medida em que o Estado ofereça condições para a produção e fluxo de
mercadorias, parte de seu Poder é perdida para as instituições. O Estado insere
recursos econômicos necessários às empresas e, ao mesmo tempo, procura ampliar
a oferta de seus espaços em troca de sua injeção ao comércio e maior oferta de
empregos para sua população. Assim, na visão do Estado, suas fontes de receitas
econômicas podem ser repassadas a sua sociedade com maior abrangência. No
entanto escapa do Estado o controle político financeiro de seu território, porque sua
economia fica dependente do sucesso ou fracasso econômico das empresas, que
muitas vezes têm suas produções expandidas a outros territórios.
Em um sentido mais amplo, a territorialidade de um lugar se expressa pelo
conjunto de mecanismos inseridos a um território. A cultura das pessoas, as normas
e as relações de poder que geram condições suficientes às intenções de
investimentos. Dessa forma, o papel da territorialidade se traduz na formação de
processos identitários locais, considerando sua dinamicidade, pois os elementos que
a constituem (o homem, o espaço) são susceptíveis de constantes variações no
tempo. Essa característica confere à territorialidade a possibilidade de vivências por
intermédio de um conjunto de relações emergentes de um sistema tridimensional –
sociedade, espaço, tempo. Segundo o autor, “a análise da territorialidade só é
possível pela apreensão das relações reais recolocadas em seu contexto sócio-
histórico e espaço-temporal” (RAFFESTIN, 1993, p. 162).
Santos conclui que o uso do território, já entendido como nexo da
territorialidade, determina como se dará a constituição e arranjo das intenções sobre
o espaço:
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O uso do território objetiva a formação sócio-espacial e determina o arranjo espacial dos objetos e equipamentos necessários à organização das relações entre os indivíduos e destes com as instituições presentes no lugar, reunidos numa mesma lógica interna todos os seus elementos: homens, empresas, instituições sociais e jurídicas e formas geográficas (SANTOS, 1999a, p. 272).
A legislação tributária vale, em princípio, nos limites do território da pessoa
jurídica que edita a norma. No âmbito federal a norma vale apenas dentro do
território brasileiro; no âmbito municipal, dentro do município e, assim,
sucessivamente. Todavia, a norma pode, por exceção, alcançar sujeitos passivos
fora do Estado Federal, do Município ou Estado, como prevê o art. 102 do Código
Tributário Nacional:
A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem ou de que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União. Entretanto, o Código Tributário Nacional (Art. 102) admite a extraterritorialidade da norma tributária, excepcionalmente, desde que haja convênio entre as pessoas jurídicas de Direito Público interno interessadas (Distrito Federal, Estados e Municípios), ou desde que existam tratados ou convenções firmados pela União (ALONSO, 2010, p.1).
Usando-se da constituição brasileira ficou mais claro compreender o sentido
da territorialidade e o nexo de extraterritorialidade.
A territorialidade abrange diversos elementos sobre o território, até que ponto
interessa às empresas a cultura local e todas as intencionalidades realizadas ao
território - infraestruturas e as normas locais?
7.1 A BUSCA POR ESPAÇOS COMPETITIVOS
No território brasileiro, a modernização ocorrida em diversos seguimentos
industriais e comerciais, principalmente a partir da década de 1990, tem causado
perturbações nas noções tradicionais de região e de rede. Da análise dessa situação
decorrem investimentos do Estado em infraestruturas que comportem cada vez mais
as exigências das empresas, frente a uma produção cada vez mais exigente pela
consolidação do encurtamento espaço-tempo.
Segundo Castillo e Frederico, a concepção de competitividade designa
também uma condição dos lugares e regiões. Para os autores,
A distribuição desigual de densidades materiais e normativas no território confere diferentes graus de competitividade às regiões para determinados
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tipos de produtos e, por conseguinte, a alguns agentes produtivos que nelas atuam e que delas fazem parte. Esse tem sido, aliás, o fundamento lógico e prático dos decantados Arranjos Produtivos Locais, clusters e congêneres, cuja profusão, com o apoio de poderes públicos locais, é notória, trazendo benefícios duvidosos para os lugares e prejuízos certos para o conjunto do território e da sociedade nacionais, como bem apontaram geógrafos e economistas, ao mesmo tempo em que se revelam funcionais ao regime de acumulação vigente (CASTILLO e FREDERICO, 2010, p. 18).
Um outro aspecto da reafirmação do uso da territorialidade como recurso é o
fenômeno que Santos (1997) chamou de guerra dos lugares, que utilizou para falar
das especialidades dos municípios ao vender seus territórios como mercadorias às
grandes empresas multinacionais. Haesbaert fala da evidência da territorialidade
neste período, ao contrário do seu desaparecimento:
[...] os municípios para oferecer as condições mais vantajosas em termos de subsídios, infra-estrutura, mão-de-obra e imagem, mostram que o espaço – e o território – em vez de diminuir sua importância, muitas vezes amplia seu papel estratégico, justamente por concentrar ainda mais, em pontos restritos, as vantagens buscadas pelas grandes empresas e pela intensificação da diferenciação de vantagens oferecidas em cada sítio (HAESBAERT, 2004, p. 187).
No atual período, é cada vez mais diagnosticado o interesse das empresas
por territórios que proporcionem a maior quantificação das vantagens comparativas
(PORTER, 1990; STEVENSON, 2001). Dessa maneira, os espaços procuram se
especializar em uma determinada atividade, para isso mobilizam recursos
econômicos à construção de infraestruturas às empresas e, por vezes, capacitar
profissionalmente sua população, oferecendo cursos, cujas temáticas são àquelas
voltadas à necessidade e produção característica da localidade. Exemplos são os
cursos gratuitos oferecidos pelas prefeituras, como técnico em manutenção de
computadores, cursos de informática básica, técnico agrícola, derriçador de café,
tratorista e entre outros.
A capacitação é uma experiência capaz de produzir uma mudança permanente no indivíduo, melhorando sua capacidade de desempenhar um determinado cargo e aumentar sua interatividade e produtividade no ambiente de trabalho. Pensando em melhorar a qualidade do resultado esperado pelas empresas do Município, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Ação Regional, desenvolveu um trabalho de pesquisa para identificar quais as necessidades das empresas locais quanto à capacitação de pessoal. Os resultados são a base usada pela prefeitura para implantação de novas políticas públicas voltadas para a melhoria e desenvolvimento dos centros de profissionalizações gratuitos oferecidos na cidade (PREFEITURA MUNICIPAL DE ALFENAS, 2011, p. s/n).
P á g i n a | 41
Como sugere Castillo e Frederico (2010, p.19) a despeito de importantes
teorias históricas que declaram o contrário, considera-se que a
[...] globalização expressa o atual período histórico. Resulta da afirmação do paradigma produtivo emergente na década de 1970 e do exponencial aumento dos fluxos materiais e informacionais, decorrente da gradativa mundialização da produção, da prestação de serviços e do consumo, pelo menos para alguns setores e circuitos econômicos. A unicidade planetária das finanças, acompanhada por grande diversificação de formas e maior penetração nos tecidos sociais e na vida econômica, também é uma insígnia das transformações recentes do capitalismo.
Não diferente das opções que asseguram aos territórios a aquisição de
empresas, resta-lhe incrementar ações impostas por elas aos seus espaços. Um dos
atributos que a região necessita para se tornar competitiva é dispor de um eficiente
meio logístico.
Sobre a importância da logística como ferramenta de apoio às cidades e
regiões, Castillo e Frederico (2010, p. 21) se aproximam da noção apresentada
pelas exigências das empresas:
[...] a noção de logística passou a ser um dos pontos centrais do ordenamento dos fluxos que perpassam os diversos circuitos espaciais produtivos. A idéia de logística, na migração do sentido militar para o empresarial, tornou-se um termo polissêmico, empregado para designar variadas formas de prestação de serviços, condições gerais de produção, setor de atividade econômica e ramo de investimentos públicos. Na tentativa de compreender o termo em sua dimensão geográfica, propomos defini-lo como o conjunto de competências infra-estruturais (transportes, armazéns, terminais multimodais, portos secos, centros de distribuição etc.), institucionais (normas, contratos de concessão, parcerias público-privadas, agências reguladoras setoriais, tributação etc.) e operacionais (conhecimento especializado detido por prestadores de serviços ou operadores logísticos) que, reunidas num subespaço, podem conferir fluidez e competitividade aos agentes econômicos e aos circuitos espaciais produtivos. Trata-se da versão atual da circulação corporativa.
É cada vez mais visível no território aglomerações de empresas, pessoas e
serviços, dando origem a espaços especializados a atender demandas
características à eficiência e otimização das técnicas. Nesse caso, toda a
territorialidade pressupõe intenções de diversos agentes envolvidos no planejamento
dos espaços, que cada vez mais concentram esforços para torná-los dinâmicos e
modernos aos fluxos de mercadorias e serviços.
Por outro lado, todas as intenções de investimentos ficam retidas aos lugares
espacialmente competitivos, assim se exclui regiões ditas não produtivas ou que não
se adéquam às determinações das empresas e dos fluxos comerciais e econômicos.
Causando abandono de espaços e exaltação dos interesses corporativos em outros,
P á g i n a | 42
dando início à aglomeração perversa, que intensifica cada vez mais a divisão
territorial do trabalho no Brasil. Como se verá em outros capítulos, existem cidades
que dependem dos repasses de ICMS, como também exaltam suas propriedades
paisagísticas como únicas formas de sua sobrevivência financeira frente às outras.
7.2 TOMADA DE DECISÃO E A ESCOLHA POR ESPAÇOS COMPETITIVOS
PELAS CORPORAÇÕES
Cabe ao Poder Público equacionar, para entender sua complexidade e a
necessidade de planejar os serviços, a infraestrutura, os equipamentos públicos e as
atividades administrativas em geral. Planejar é decidir o que fazer e em que ordem
de prioridade, tendo-se em consideração as necessidades e os recursos disponíveis.
Com essa perspectiva, pode-se chegar ao entendimento das mesmas como
agentes de organização do espaço. No caso, o Estado estaria presente ou ausente
conforme a combinação de interesses envolvidos, em termos de preocupações com
crescimento da participação produtiva desses espaços, no âmbito do conjunto
econômico. Com isso amplia-se ainda mais a significação desse tipo de empresa
para a estruturação econômica regional e sua respectiva organização espacial.
Ao considerar os aspectos que envolvem a atuação de grandes empresas na
busca de vantagens comparativas de um espaço, o caráter geográfico manifesta-se
nas estruturas desses espaços (modelados, remodelados e transformados). Tal
realidade pode ser percebida numa visão que integra as vertentes: econômica,
social e ambiental sob o foco regional (PASSOS e MORO, 2003).
Benko (1999) salienta que as empresas ostentam a mais-valia e, dessa
forma, interessa a elas o principio da melhor localização. Esse princípio está
conectado aos custos de transportes, obtenção de matéria-prima, projeção futura
das localidades a investimentos, dentre outros. Para ele, o conjunto desses fatores
responde às explosões espaciais de empresas.
Porém, não se pode aplicar interesses homólogos às necessidades das
empresas, Benko (1999) atenta para esse questionamento. A decisão de alocar uma
atividade empresarial torna-se relevante, no entanto o local necessita ser adequado
e garantir um número mínimo de clientes – quando da empresa ser de pequeno
porte - e infraestruturas que possibilitem o resgate de matérias primas e distribuição
dos produtos. As concentrações empresariais para uma localidade geralmente são
P á g i n a | 43
explicadas a partir do aumento de fornecedores e clientes, que, com o passar do
tempo, geram receitas financeiras futuras ao longo da cadeia produtiva das
localidades.
Cada fator influencia na tomada decisão ao estabelecimento da empresa em
um território e varia conforme seus interesses e suas necessidades. Entretanto cabe
ao empreendedor alçar as suas necessidades imediatas.
Bernardes e Marcondes (2000) apud Toledo et. al. (2007, p. 18) sugerem
algumas funções administrativas para a classificação dos fatores relevantes quanto
à escolha da localização de um estabelecimento de pequeno a médio porte:
Fatores relacionados às vendas: procurar analisar as exigências do cliente (deslocamento do cliente, facilidade de encontrar o produto procurado, prazo de entrega e instalações de boa aparência) e adaptar-se sempre a elas; Fatores relacionados à produção: relacionam-se aos aspectos internos da empresa (estrutura do processo produtivo, áreas disponíveis para futuras expansões e planta das instalações); Fatores relacionados às compras: comumente esses fatores são de grande número (logística de insumos e produtos acabados e proximidade com fornecedores); Fatores relacionados às finanças: custos do imóvel e das instalações; Fatores relacionados à mão-de-obra: facilidade em encontrar mão-de-obra especializada, treinamento dos colaboradores, cultura interiorizada e apoio dos sindicatos.
Na concepção de Chopra e Meindl (2004) apud Toledo et. al. (2007, p. 21-22),
existem alguns fatores que influenciam nas decisões de localização das empresas
de médios e grandes portes:
Fatores estratégicos: a estratégia competitiva influencia muito na decisão de instalação, empresas que priorizam custos tendem a se instalar em locais mais baratos, as que priorizam responsabilidade se instalam perto dos mercados consumidores ou locais de fácil acesso, e as que têm como objetivo o mercado internacional se localizam em diversos países do mundo. Fatores tecnológicos: as tecnologias de produção disponíveis exercem um impacto significativo nas decisões de localização. No caso de economia de escala expressiva, a melhor decisão corresponde a optar por poucos locais com alta capacidade; na situação inversa, com custos fixos baixos, as instalações devem ser em vários locais. Fatores macroeconômicos: à medida que o comércio foi se globalizando, os fatores macroeconômicos (impostos, tarifas, taxas de câmbio e outros fatores econômicos) se tornaram vitais para o sucesso ou fracasso de uma cadeia de suprimentos. Os incentivos fiscais oferecidos por muitas regiões que estão procurando o desenvolvimento local, na maioria das vezes, constituem o fator-chave na decisão de instalação de uma empresa. Países em desenvolvimento geralmente criam zonas de livre-comércio, onde taxas e tarifas são reduzidas desde que a produção seja essencialmente destinada à exportação. As empresas internacionais apreciam esse incentivo, principalmente pela oportunidade de explorar a mão-de-obra barata local. As flutuações da taxa de câmbio, a estabilidade política do país
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em questão e a disponibilidade de boa infra-estrutura também são fatores que impactam a decisão de localização. Fatores competitivos: para escolher o local onde se instalará, a empresa deve considerar a estratégia, o tamanho e local dos concorrentes. A maneira como as empresas competem entre si e fatores externos como mão-de-obra e matéria-prima geralmente as obrigam a ficar perto de seus concorrentes. Outros fatores que levam as empresas a se instalarem perto umas das outras são os benefícios por geração de demanda e infra-estrutura, que várias empresas do mesmo setor têm a condição de proporcionar, mais do que se estivessem isoladas. Tempo de resposta ao cliente e presença local: empresas cujos clientes exigem tempo rápido de resposta precisam localizar-se perto deles. Em contrapartida, as companhias cujos clientes toleram um tempo de resposta mais longo exigem menos locais e podem se concentrar no aumento da capacidade de cada local. Custos de logística e instalações: levam em conta os custos de estoque e de transporte tanto de entrada (contraídos na chegada de material à instalação) como de saída (contraídos ao enviar material de uma instalação).
A escolha por lugares competitivos estão além das necessidades das
empresas, que procuram ostentam ao máximo os ganhos. Nesse jogo de interesses
entre Poder Público e corporações se saem vitoriosas as obtenções de maiores
recolhimentos financeiros. De um lado procura-se aumentar as fontes de receita
tributária e, de outro, explorar os ganhos econômicos por meio do uso do território e
das territorialidades como se observará, de forma aplicada, à microrregião de
Alfenas nos próximos capítulos.
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8 APRESENTAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO
O Estado de Minas Gerais, de acordo com a Fundação João Pinheiro (2008)
e Amaral et. al. (2006), é marcado por grandes diferenças regionais no que tange às
questões econômicas e sociais.
Segundo o IBGE, a microrregião de Alfenas é composta por doze municípios:
Alfenas, Alterosa, Areado, Carmo do Rio Claro, Carvalhópolis, Conceição da
Aparecida, Divisa Nova, Fama, Machado, Paraguaçu, Poço Fundo e Serrania. É
uma das microrregiões de Minas Gerais, pertencente à mesorregião Sul e Sudoeste
de Minas. Possui uma área total de 4.987,469 Km² e faz fronteiras limítrofes com as
microrregiões de Andrelândia, Itajubá, Passos, Poços de Caldas, Pouso Alegre,
Santa Rita do Sapucaí, São Lourenço, São Sebastião do Paraíso e Varginha, Figura
3. A mesorregião comporta aproximadamente 2,5 milhões de habitantes espalhados
em 146 municípios (IBGE, 2010b).
Figura 3: Localização da microrregião de Alfenas.
Fonte: Mapa Político Administrativo do Estado de Minas Gerais, adaptado do IBGE.
P á g i n a | 46
A microrregião de Alfenas se destaca quanto à criação de empregos,
saneamento básico, postos de saúde e tem contribuído de maneira significativa ao
Produto Interno Bruto (PIB) do Estado de Minas Gerais. Algumas de suas cidades
como Machado e Alfenas demonstraram, segundo dados socioeconômicos de Minas
Gerais em 2008, crescimentos consideráveis de geração de empregos,
respectivamente aumentaram seus índices em 24,37% e 17,9%.
De acordo com dados do IBGE (2010a), em alguns municípios a contribuição
da agropecuária ultrapassa 40%, como em Conceição da Aparecida 50,4%, Carmo
do Rio Claro (46,8%), Fama (45,3%) e Divisa Nova (42,9%). A Indústria tem
contribuição expressiva em quatro dos doze municípios: Alfenas (33,3%), Machado
(33,0%), Paraguaçu (27,9%) e Serrania (20,8%). A maioria de suas indústrias está
relacionada ao beneficiamento de produtos agrícolas como laticínios, torrefadoras e
produtos de insumos. Segundo a contagem de população de 2007 (IBGE, 2010b), a
microrregião possui 220.129 habitantes, Alfenas e Machado possuem,
respectivamente, 71.628 e 37.567 habitantes e os demais municípios contam com
populações que não ultrapassam 20.000 habitantes, sendo Fama o correspondente
com menor habitação, 2.219 habitantes. No primeiro semestre de 2008, o município
de Machado possuía o maior PIB per capita da microrregião (R$15.861,07), seguido
de Alfenas (R$13.435,55), Carmo do Rio Claro (R$12.109,58), Conceição da
Aparecida (R$11.642,95), Fama (R$11.918,52) e Paraguaçu (R$10.499,39). Os
demais municípios possuíam valores entre 5.000 e 10.000 Reais e demonstra que a
microrregião de Alfenas (R$ 124.808.83) teve um PIB per capita superior a de
muitas regiões brasileiras.
Do ponto de vista do Valor Adicionado Fiscal, a microrregião de Alfenas é a
quinta maior no Estado de Minas Gerais, Figura 4. As microrregiões de Poços de
Caldas (20,69%), Varginha (18,22%) e Pouso Alegre (16,75%) representam a maior
parte do VAF (57%) gerado pela Meso Região do Sul e Sudoeste de Minas
(MSSMG). Entretanto a expectativa é que essa participação venha a crescer ao
longo dos próximos anos em função dos pesados investimentos anunciados pelas
indústrias, segundo noticiado em diversas fontes, como boletins do Ministério do
Desenvolvimento e Secretaria do Desenvolvimento de Minas Gerais.
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Figura 4: Participação de cada micro região no total de Valor Adicionado Fiscal
(VAF) dentro do Estado de Minas Gerais em 2007 (Em %).
Fonte: SEF/MG (2007) e elaborado por PRATES (2010).
As microrregiões apresentaram um crescimento econômico bastante
significativo entre os anos 2000 e 2010, porém o norte do estado continua a
apresentar um dinamismo econômico bastante inferior, ainda que tenha alcançado
taxas de crescimento semelhantes às demais regiões (PRATES, 2010).
Segundo o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas
Gerais, Raphael Guimarães Andrade, o crescimento das microrregiões foi
generalizado, tanto nos setores econômicos quanto nas diferentes regiões de Minas
Gerais. Para ele, o crescimento do número de empregos formais é sempre um fator
animador para quem trabalha pelo desenvolvimento do Estado, já que novos postos
de empregos significam mais dinheiro em circulação e melhores condições de vida
para milhares de mineiros.
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9 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A busca pelas empresas por territórios que oferecem condições de
infraestruturas, logísticas e de benefícios creditícios se aproxima às explicações de
explosões espaciais de empresas (BENKO, 1999) de maneira pontual na
microrregião de Alfenas. Alguns municípios, como Machado e Alfenas, que já
desfrutavam de suporte significativo para a otimização do espaço-tempo das
informações e trocas de mercadorias em contralto às desgarradas concessões de
benefícios e favores às empresas mantém suas vitórias na guerra dos lugares e
conquistam novas plantas industriais e redes de serviços (SANTOS 1995;
BRANDÃO, 2007; CASTILLO, 2008; CANO, 1998).
Dentro da microrregião, Machado e Alfenas competem entre si e são tidas
como pólos industriais e de serviços, porém outras competem pela produção da
agricultura e pecuária, como Serrania, Conceição da Aparecida e Carmo do Rio
Claro e exclusão de outras que não encontram espaço para competir
economicamente, se especializando no setor de serviços locais, como Divisa Nova,
Fama, Carvalhópolis e Alterosa, e dependem de ações sociais3, do resgate tributário
de sua cota parte da fatia do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços) e Lei 18.0304, do turismo e datas festivas, que são importantes fontes de
recursos financeiros para as suas manutenções.
A falta de um planejamento econômico e social eficiente obriga as cidades a
competir entre si por maiores fontes de recursos econômicos para as suas
manutenções sociais, empregos para a população, investimentos em infraestruturas
- aumento de suas fontes de receita econômico-tributárias. Portanto, Alfenas,
Machado e Paraguaçu, por disporem de condições logísticas, infraestruturas de
suporte à fluidez de mercadorias e serviços, mais eficientes e estarem mais
3 As alterações trazidas pela atual legislação - Lei 18.030 - em relação às anteriores foram: redução
no critério de distribuição do Valor Adicionado Fiscal (VAF), no critério população (relação população Município/Estado), na receita própria e nos municípios mineradores. Houve ainda a criação de novos critérios, como recursos hídricos, municípios sede de estabelecimentos penais, esportes, turismo, ICMS solidário (com o maior percentual) e mínimo per capita. As mudanças ao repasse dos recursos aos municípios representam uma tentativa do Estado de Minas Gerais em minimizar concentrações de riquezas. Observa-se que, desde a Lei 13.803, soluções alternativas para tentar diminuir as desigualdades territoriais foram discutidas e, por meio da lei, procurou-se de maneira que os municípios com arrecadações de ICMS per capita abaixo de 1/3 do total do estado, por exemplo, tenham maiores repasses do total arrecado pelo estado. 4 Conclusão feita após a leitura dos trabalhos de AMARAL et. al., 2006; PRATES, 2010; ROSADO et.
al., 2009.
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próximas ao eixo comercial entre os centros comerciais e econômicos de Belo
Horizonte e São Paulo, têm a tendência para aglomerar comércios, serviços e
indústrias em seus espaços, enquanto algumas a se especializar no setor
agropecuário e outras a ser refúgio de empresas domésticas ou servirem de cidades
dormitórios aos pólos econômicos e industriais (SANTOS, 1979), porque invocam as
mesmas concessões de benefícios e favores às empresas.
Figura 5: Valor Adicionado Fiscal entre os municípios da microrregião de Alfenas.
Ano base 2004 a 2009.
Fonte de dados: Relatório RFGA 1350 / SEF - MG (2011). Adaptado de: Divisão de assuntos municipais – DICAC/SAIF/SEF-MG. Notas: Valor 2004 para repasse de ICMS em 2006 – Resolução Nº 3.735 de 30-12-05; Valor 2008 para repasse de ICMS em 2010 - Resolução Nº 4.205 de 15-04-10, publicada em 16-04-10; Valor 2009 para repasse de ICMS em 2011- Resolução Nº 4.279 de 23-12-10, publicada em 24-12-10.
Os investimentos corporativos se concentram em algumas cidades da
microrregião e; pois, apesar do crescimento econômico ser generalizado, incidem
aos lugares que dispõem de um arranjo técnico e econômico mais eficiente que os
outros. Portanto os espaços competitivos continuam, por inércia, a aglomerar
empresas e a florescer economicamente, Figura 5. Outra questão observada,
Figura 6, reflete que toda a produção da microrregião não acompanha, está
absurdamente desigual, o ritmo de crescimento econômico das cidades como
Varginha, Pouso Alegre e Poços de Caldas, revelando um desequilíbrio econômico
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perverso que se territorializa sobre o Estado de Minas Gerais, que dificilmente5 a Lei
18030 conseguirá reverter essas desigualdades.
Figura 6: Comparação entre os Valores Adicionados Fiscais. Ano base 2004 a 2009.
Fonte de dados: Relatório RFGA 1350 / SEF - MG (2011). Adaptado de: Divisão de assuntos municipais – DICAC/SAIF/SEF-MG. Notas: Valor 2004 para repasse de ICMS em 2006 – Resolução Nº 3.735 de 30-12-05; Valor 2008 para repasse de ICMS em 2010 - Resolução Nº 4.205 de 15-04-10, publicada em 16-04-10; Valor 2009 para repasse de ICMS em 2011- Resolução Nº 4.279 de 23-12-10, publicada em 24-12-10.
As maiores contratações de funcionários seguem padrões de mão de obra
como trabalhadores ao cultivo de café, trabalhadores agropecuários em geral,
vendedores de comércio varejista, servente de obras, pedreiros, auxiliares de
escritório em geral, motoristas de caminhão (rotas regionais e internacionais) e entre
outros, mais a fundo, ao analisar dados da Fundação João Pinheiro (2008), se
constata que os municípios possuem especializações quanto ao emprego de suas
atividades econômicas. Da análise da Tabela 3, se observa que o setor
agropecuário tem empregado mais pessoas em Serrania, Conceição da Aparecida e
Carmo do Rio Claro e também o contraste que há na concentração de
disponibilidade de empregos para as cidades de Machado, Alfenas e Paraguaçu
onde os setores mais valorizados economicamente se concentram em serviços e
indústria. Nessa disputa por domínio de ofertas de empregos, Areado apresentou o
pior desempenho em termos de variação do estoque de ocupados no setor formal. A
variação negativa média anual foi de 0,7%. Entretanto, a microrregião de Alfenas se
5 Conclusão feita após a leitura dos trabalhos de AMARAL et. al., 2006; PRATES, 2010; ROSADO et.
al., 2009.
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situa entre as que apresentaram crescimento de ocupação abaixo da média de
Minas Gerais.
Tabela 3: Distribuição e Taxa de Variação Anual do Emprego Formal –
microrregião de Alfenas – 2006.
Municípios
Setor de atividade econômica (%) % do total do empreg
o
VM Anual (%)*
Ind. Const
. Civil
Comércio
Serviços
Agro. Total
(Absoluto)
Alfenas 13,6
2,8 21,2 48,0 14,3 14.268 40,8 4,1
Alterosa 7,6 0,4 13,6 60,9 17,5 990 2,8 4,8 Areado 4,7 6,5 21,4 41,7 25,7 1.260 3,6 -0,7
Carmo do Rio Claro
8,9 1,5 17,8 31,7 40,2 2.736 7,8 4,6
Carvalhópolis
20,6
0,0 9,3 59,1 11,0 364 1,0 6,4
Conceição da Aparecida
2,1 0,0 16,8 37,4 43,7 1.020 2,9 9,1
Divisa Nova 0,9 0,4 10,9 51,4 36,8 541 1,5 7,4 Fama 4,7 1,2 4,0 53,3 37,6 274 0,8 2,1
Machado 25,3
1,9 18,0 30,1 25,5 7.648 21,9 2,5
Paraguaçu 44,5
1,9 15,6 23,3 14,8 3.350 9,6 4,6
Poço Fundo 24,8
0,7 20,7 41,3 12,6 1.311 3,8 6,0
Serrania 18,2
0,2 5,3 23,5 52,8 1.191 3,4 5,3
Total da Microrregião
18,3
2,0 18,4 39,4 22,0 34.953 100,0 3,9
*Taxa de Variação Anual Média entre os anos 2000 e 2006.
Fonte de dados: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).
Por outro lado, é visível que as concessões de benefícios às empresas vão
além das perversidades (VARSANO, 1997). Da entrevista com o secretário de
desenvolvimento econômico e ação regional de Alfenas foi possível concluir que das
onze maiores empresas6, sete possuem alguma forma de benefício por parte da
prefeitura municipal de Alfenas7 e se constata que da análise do tributo IPTU
6 Estudadas em 2011 e com base no VAF 2009 junto à Secretaria de Estado da Fazenda de Minas
Gerais. Ver ANEXOS. 7 Segundo o secretário do desenvolvimento econômico e ação regional de Alfenas, das 9 empresas
que vieram para a cidade de Alfenas, de 2009 para 2011, 3 ganharam isenção de tributos municipais (IPTU, ISSQN, Taxa de Resíduos Sólidos (TRS), Taxa de Alvará e Funcionamento e Licença de Localização), 1 está à espera de doação de terreno e 6 ganharam terreno. A maior parte das indústrias que faz comércio com outras localidades tem pretensões em construir suas unidades ao longo da rodovia BR491, das 9 empresas, 5 foram para o distrito industrial. Também é possível notar que quanto maior os investimentos corporativos, maiores serão os benefícios concedidos, das 9 empresas, 4 se comprometeram a empregar em média de 15 a 25 trabalhadores e irão receber
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concedido a duas empresas, valores juntos calculados, representam ausências
tributárias de aproximadamente 190.000 Reais por ano. Também foi possível
observar, durante as atividades em campo, que a vinda de empreendimentos
corporativos gera pressões às infraestruturas da cidade, como maior fluxo de
veículos e pessoas às vias inter e intraurbanas, migração de mão de obra entre as
cidades8 e aumento dos custos locais, como aluguéis. Todas essas características
operam a concluir que a vinda de empresas às localidades pode não gerar os efeitos
esperados à economia local e, logo, por detrás de um discurso em favor dos
incentivos fiscais, visto como benéficos a toda a sociedade, pode-se esconder um
privilégio perverso para um pequeno grupo econômico (FERREIRA, 2010).
Por esses e outros comportamentos, a dúvida acerca das vantagens sociais
dos benefícios fiscais e territoriais, tendo em vista que o ganho social (por exemplo,
geração de emprego e renda) pode ser menor que o benefício atribuído ao agente
econômico (desoneração tributária), provocando desequilíbrio entre o sistema de
produção e o sistema de trabalho entre as localidades, e até entre os próprios
empresários.
Por fim, vale lembrar que a aplicação da prática de renúncia fiscal, nos
moldes como vêm sendo praticados, onera as pequenas empresas de forma
regressiva, que, ao custo da expansão e demanda por serviços que as grandes
empresas provocam, geram significativos impactos ao reordenamento do território.
Nesse aspecto, o Poder Público espera mobilizar os recursos financeiros recolhidos
em prol da melhoria social, porém se esquece que para isso ocorrer será necessário
um pacote tributário que atenda às novas demandas por serviços, como transportes,
melhoria no sistema viário, dar respostas à expansão no uso e ocupação do solo e
entre outros. Ao custo da socialização das melhorias e mudanças, infelizmente, a
população local responde financeiramente, por meio do pagamento do Imposto
apenas doações de terrenos, enquanto empresas que pretendem contratar de 40 pessoas a 60 pessoas e investir valores acima de 10 milhões de Reais receberam auxílio burocrático, benefícios fiscais e preparações de terreno, como limpeza, por parte da prefeitura. No entanto alguns pontos chamam a atenção, uma empresa de alimentos que irá gerar números em torno de 80 a 90 empregos recebeu apenas doação de terreno ao distrito industrial, enquanto duas grandes empresas locais há muitos anos instaladas em Alfenas, irão receber, somente a partir de 2012, alguma forma de incentivo fiscal ao auxilio às suas expansões que foram feitas em anos anteriores, com recursos próprios. 8 Sobre esse assunto Augusto e Fausto (2006) concluem que as grandes trocas populacionais
ocorreram entre as microrregiões de Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre, seguidas de Alfenas e Poços de Caldas, bem como entre Alfenas e Varginha. O autor confere às trocas migratórias internas das microrregiões os maiores números, devido à proximidade entre as cidades, assim as populações migram a encontrar esperança em outros territórios para a conquista de emprego e melhoria financeira, por exemplo.
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Predial e Territorial Urbano. Às empresas domésticas e de médio a pequeno porte
fica mais um gasto, além do pagamento do IPTU, através da cobrança do Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza9, renunciados às grandes corporações.
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ibañez (2006) e Prado e Cavalcanti (2000) demonstraram em suas pesquisas
que a renúncia fiscal às empresas é prejudicial ao planejamento do território. Não
diferente desses autores e diversos outros pesquisadores que concentram reflexões
aos resultados do desenvolvimento desigual entre as localidades10, o observado
nesta pesquisa resgata o conceito de alienação do território (SANTOS, 2000) que,
surpreendentemente, dota a territorialidade (RAFFESTIN, 1993; SANTOS, 1999a)
como instrumento para a obtenção da maior mais-valia pelo empreendedor em
detrimento das desigualdades espaciais (SOJA, 1993; DULCI, 2002; VARSANO,
1997), uma vez que os estudos sobre a microrregião de Alfenas apontam para essa
inclinação de pensamento.
Diante das tendências produtivas (SANTOS, 1997, 1999b) entre as cidades, a
conclusão revela uma política fiscal perversa que dá seguimento à guerra fiscal e
dos lugares (IBAÑEZ, 2006) para o aumento de suas fontes de receitas econômicas,
que ampliam as desigualdades regionais, municipais e sociais. Discursos como o do
9 A arrecadação de Alfenas aumentou 86% nos últimos quatro anos. Em 2004 foram arrecadados R$
58 milhões. Em 2008 foram R$ 108 milhões. Em 2009 foi de R$ 137 milhões. O Secretário Municipal da Fazenda de Alfenas, Salomar Júnior de Carvalho, lembra que o aumento foi conseguido sem que o município criasse novos impostos e em muitos casos até reduzindo os valores. Foi o que aconteceu em bairros como Pinheirinho, Jardim Primavera, Recreio Vale do Sol, Santa Clara, Santa Luzia, Campos Elíseos e Santos Reis, que tiveram redução de até 30% no IPTU sobre os imóveis construídos. Cerca de 7.500 famílias foram beneficiadas. De acordo com o secretário, o crescimento é resultado da confiança do contribuinte no Governo Municipal. "A população percebe as melhorias que estão sendo feitas na cidade nas diversas áreas e retribuem pagando os impostos", afirma. Ele lembra ainda que a inadimplência histórica na cidade caiu para pouco mais de 11%. De 48% para 36% em quatro anos. Foram campanhas de conscientização, criação de uma central que entra em contato com o contribuinte inadimplente e a anistia, que só em 2008 arrecadou cerca de R$ 1,3 milhão. A arrecadação da dívida ativa em 2004 foi de R$ 2,1 milhões e no ano de 2003, R$ 6,1 milhões. O secretário cita também o ISSQN, imposto pago pelas empresas prestadoras de serviços ao município. O aumento nos quatro anos foi de 152%. A arrecadação desse imposto quase empatou com o arrecadado com o IPTU, a maior fonte própria do município. "Nas cidades maiores é normal que a arrecadação do ISSQN seja maior que a do IPTU. Em Alfenas, as causas do aumento são a fiscalização atuante e a instalação de novas empresas na cidade", explica Salomar. O secretário afirma ainda que a arrecadação do IPTU em Alfenas é quase igual às cidades maiores da região, como Varginha e Pouso Alegre. 10
Exemplos: SANTOS, 1999b, 1995, 1997, 2000; FURTADO, 1976, ARAUJO, 2000a, 2000b;
RICUPERO, 2000; BRANDÃO, 2007; CUNHA, 2009; SANTOS e SILVEIRA, 2001; BECKER e EGLER, 1993; CANO 1998; SOJA, 1993; AMARAL et. al., 2006.
P á g i n a | 54
secretário do desenvolvimento econômico e ação regional da prefeitura de Alfenas,
que reclama a renúncia fiscal às empresas em troca de suas vindas e instalações,
tem se territorializado sobre todos os municípios da região sul de Minas.
Conclui-se que se faz necessário um programa de desenvolvimento regional
integrado para se evitar que ocorram aglomerações ou pontos luminosos localizados
de desenvolvimentos sociais e econômicos. Para os empresários que desejarem
instalar suas unidades fabris na microrregião de Alfenas, podem-se perceber ganhos
significativos de mais-valia diante da situação verificada, pois contam com fortes
atrativos como renúncias fiscais e ajuda de prefeituras ao custeio de infraestruturas,
doações de terrenos e, além disso, com grande maioria da população que recebe
entre 1 a 2 salários mínimos e apta a trabalhar por menores salários, conforme se
verificou dos dados referentes à renda média para a microrregião11.
Espera-se um fim para a guerra entre as cidades da microrregião de Alfenas,
porque todas têm a perder neste conflito pelo maior aumento de suas fontes de
receita econômica. Juntos podem elevar seus potenciais e fazer deles muitas
melhorias para a microrregião, como uma hidrovia funcional para o escoamento de
mercadorias ou integrar suas produções, de modo que as indústrias consigam um
preço favorável ao beneficiamento de produtos agroindustriais, por meio de auxílios
tributários entre os municípios e não de intenções generalizadas de renúncias
fiscais. Da maneira como está sendo observada a guerra fiscal e dos lugares, caso
continue, só restará à microrregião de Alfenas a continuar perder investimentos, em
face do crescimento e desenvolvimento econômico e social de Poços de Caldas,
Varginha e Pouso Alegre.
11 Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), fornecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), 2000.
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11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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12 ANEXOS
12.1 TABELAS COMPLEMENTARES
Tabela 4: Valor Adicionado Fiscal em Reais dos municípios da microrregião de
Alfenas e a média dos índices de contribuição de cada cidade ao total arrecadado
em Minas Gerais.
Municipios VAF individual 2008
Índice 2008
VAF individual 2009
Índice 2009
Média dos Índices
Alfenas 535.563.731 0,253382 555.679.521 0,262878
0,2581296
Machado 324.636.498 0,153589 385.860.024 0,182540 0,1680649
Fama 8.873.732
0,004198 9.999.602
0,004731 0,0044644
Alterosa 48.368.701
0,022884 48.624.794 0,023003
0,0229435
Areado 52.484.791 0,024831
62.783.619 0,029701 0,0272662
Paraguaçu 116.946.204 0,055329
128.097.833 0,060600
0,0579642
Conceição da Aparecida
75.861.034
0,035891
73.408.770 0,034728
0,0353093
Carvalhópolis 12.424.915
0,005878 16.050.849 0,007593
0,0067358
Serrania 33.769.515
0,015977
42.541.221 0,020125
0,0180510
Divisa Nova 25.902.277
0,012255 20.496.039 0,009696
0,0109754
Carmo do Rio Claro
157.231.714 0,074388 153.112.201
0,072433
0,0734108
Poço Fundo 83.873.882
0,039682
91.886.031 0,043469 0,0415753
Total 0,72489 Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais.
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Tabelas 5: Ministério do Trabalho e Emprego, perfil dos municípios da microrregião
de Alfenas, em ordem Alfabética (de Alfenas a Serrania).
Período: Jan de 2011 a Ago de 2011
Movimentação Município Micro Região
qtde % qtde
Admissões 7.503 39.14 19.168
Desligamentos 5.840 40.41 14.453
Variação Absoluta 1.663 4.715
Variação Relativa 10.88 % 13.74 % Número de empregos formais 1º Janeiro de 2011 15.289 44.54 34.323
Total de Estabelecimentos Janeiro de 2011 3.633 31.29 11.612
Período: Jan de 2011 a Ago de 2011
Movimentação Município Micro Região
qtde % qtde
Admissões 381 1.99 19.168
Desligamentos 309 2.14 14.453
Variação Absoluta 72 4.715 Variação Relativa 8.52 % 13.74 %
Número de empregos formais 1º Janeiro de 2011 845 2.46 34.323
Total de Estabelecimentos Janeiro de 2011 436 3.75 11.612
Período: Jan de 2011 a Ago de 2011
Movimentação Município Micro Região
qtde % qtde
Admissões 922 4.81 19.168
Desligamentos 603 4.17 14.453 Variação Absoluta 319 4.715
Variação Relativa 24.86 % 13.74 %
Número de empregos formais 1º Janeiro de 2011 1.283 3.74 34.323
Total de Estabelecimentos Janeiro de 2011 938 8.08 11.612
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Período: Jan de 2011 a Ago de 2011
Movimentação Município Micro Região
qtde % qtde
Admissões 1.112 5.8 19.168
Desligamentos 916 6.34 14.453
Variação Absoluta 196 4.715
Variação Relativa 7.94 % 13.74 % Número de empregos formais 1º Janeiro de 2011 2.468 7.19 34.323
Total de Estabelecimentos Janeiro de 2011 1.218 10.49 11.612
Período: Jan de 2011 a Ago de 2011
Movimentação Município Micro Região
qtde % qtde
Admissões 528 2.75 19.168
Desligamentos 435 3.01 14.453 Variação Absoluta 93 4.715
Variação Relativa 11.31 % 13.74 %
Número de empregos formais 1º Janeiro de 2011 822 2.39 34.323
Total de Estabelecimentos Janeiro de 2011 313 2.7 11.612
Período: Jan de 2011 a Ago de 2011
Movimentação Município Micro Região
qtde % qtde
Admissões 91 0.47 19.168
Desligamentos 84 0.58 14.453
Variação Absoluta 7 4.715
Variação Relativa 4.67 % 13.74 % Número de empregos formais 1º Janeiro de 2011 150 0.44 34.323
Total de Estabelecimentos Janeiro de 2011 118 1.02 11.612
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Período: Jan de 2011 a Ago de 2011
Movimentação Município Micro Região
qtde % qtde
Admissões 423 2.21 19.168 Desligamentos 250 1.73 14.453
Variação Absoluta 173 4.715
Variação Relativa 45.05 % 13.74 %
Número de empregos formais 1º Janeiro de 2011 384 1.12 34.323 Total de Estabelecimentos Janeiro de 2011 188 1.62 11.612
eríodo: Jan de 2011 a Ago de 2011
Movimentação Município Micro Região
qtde % qtde
Admissões 75 0.39 19.168
Desligamentos 98 0.68 14.453
Variação Absoluta -23 4.715
Variação Relativa -15.03 % 13.74 %
Número de empregos formais 1º Janeiro de 2011 153 0.45 34.323 Total de Estabelecimentos Janeiro de 2011 115 0.99 11.612
Período: Jan de 2011 a Ago de 2011
Movimentação Município Micro Região
qtde % qtde
Admissões 4.871 25.41 19.168
Desligamentos 3.387 23.43 14.453
Variação Absoluta 1.484 4.715
Variação Relativa 20.06 % 13.74 %
Número de empregos formais 1º Janeiro de 2011 7.397 21.55 34.323
Total de Estabelecimentos Janeiro de 2011 2.467 21.25 11.612
Período: Jan de 2011 a Ago de 2011
Movimentação Município Micro Região
qtde % qtde
Admissões 1.799 9.39 19.168
Desligamentos 1.412 9.77 14.453
Variação Absoluta 387 4.715
Variação Relativa 11.38 % 13.74 % Número de empregos formais 1º Janeiro de 2011 3.402 9.91 34.323
Total de Estabelecimentos Janeiro de 2011 1.180 10.16 11.612
P á g i n a | 66
Período: Jan de 2011 a Ago de 2011
Movimentação Município Micro Região
qtde % qtde
Admissões 480 2.5 19.168
Desligamentos 440 3.04 14.453
Variação Absoluta 40 4.715
Variação Relativa 3.46 % 13.74 % Número de empregos formais 1º Janeiro de 2011 1.157 3.37 34.323
Total de Estabelecimentos Janeiro de 2011 678 5.84 11.612
Tabela 6: Relatório consolidado do Bolsa Família, segunda vigência de 2011.
Municípios Famílias para acompanhamento
Famílias acompanhadas
Alfenas 2951 1221
Alterosa 640 468
Areado 410 165
Carmo do Rio Claro 605 416
Carvalhópolis 195 86 Conceição da Aparecida 419 83
Divisa Nova 290 283
Fama 108 0
Machado 1752 1341
Paraguaçu 685 119
Poço Fundo 543 0
Serrania 522 0
Microrregião de Alfenas 9120 4182
Poços de Caldas 2474 1422
Pouso Alegre 2428 570
Varginha 1414 576
Fonte: Adaptado de MS/SE/DATASUS.
Período: Jan de 2011 a Ago de 2011
Movimentação Município Micro Região
qtde % qtde
Admissões 983 5.13 19.168 Desligamentos 679 4.7 14.453
Variação Absoluta 304 4.715
Variação Relativa 31.24 % 13.74 %
Número de empregos formais 1º Janeiro de 2011 973 2.83 34.323
Total de Estabelecimentos Janeiro de 2011 328 2.82 11.612
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Tabela 7: Produto Interno Bruto a preços correntes e Produto Interno Bruto per
capita - 2004-2008.
Municípios PIB 2004
(R$1000.00) PIB 2008/1
(R$1000.00) PIB per capita (R$)
2008/1
Alfenas 715.676,00 1.001.016,00 13.435,55
Alterosa 66.597,00 101.231,00 7.365,47
Areado 79.663,00 110.848,00 8.077,57
Carmo do Rio Claro 176.812,00 242.858,00 12.109,58
Carvalhópolis 23.634,00 28.389,00 8.461,64 Conceição da
Aparecida 91.823,00 123.986,00 11.642,95
Divisa Nova 35.758,00 46.466,00 8.003,14
Fama 18.058,00 27.055,00 11.918,52
Machado 451.845,00 620.310,00 15.861,07
Paraguaçu 171.201,00 213.211,00 10.499,39
Poço Fundo 111.748,00 124.533,00 7.853,01
Serrania 52.934,00 72.643,00 9.580,94
Microrregião de Alfenas 2.595.749,00 2.712.546,00 124.808,83
Poços de Caldas 2.482.410,00 2.872.446,00 19.137,52
Pouso Alegre 1.515.014,00 2.215.291,00 17.567,73 Varginha 1.642.548,00 2.853.995,00 23.647,13
Fonte: Adaptado do IBGE, Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008.
12.2 RESUMO DAS INFORMAÇÕES COLHIDAS COM AS ENTREVISTAS
Tabela 8: Incentivos fiscais oferecidos às empresas.
Incentivos Lei e decreto¹ Doação de terrenos ----------------- Isenção de tributos municipais² Restituição do ICMS³
-----------------
¹ Todo incentivo passa por um estudo de caso, por exemplo, quais benefícios que a
empresa fornecerá à cidade, como número de empregos e renda à sociedade, e só assim é enviado à câmara municipal para ser analisado e aprovado o Decreto-Lei pelos vereadores, para a vigência dos benefícios. ² Isenção de imposto dado à cidade abrange IPTU, ISSQN, Taxa de Resíduos Sólidos, Taxa de Iluminação Pública e Taxa de Alvará e Funcionamento. ³ Existiu em Alfenas - MG entre os anos 1996 a 1997, era um imposto que restituía à empresa UNIFI do Brasil 20% do ICMS arrecadado por ela após apuração na Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais.
Diante dos levantamentos realizados junto à Secretaria de Administração e
Planejamento da Prefeitura Municipal de Alfenas, achou-se desnecessária a
apuração dos valores quanto ao IPTU após visualizar alguns dados, porque a
maioria dos contribuintes se trata de pessoas físicas, por exemplo, o maior
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contribuinte desse imposto é uma pessoa física, pois possui vários imóveis. Esse
imposto, quando é concedido às empresas, está inserido à isenção de tributos
municipais.
Instituições filantrópicas, de ensino e pesquisa e igrejas ganham isenções de
alguns tributos municipais, entre elas pode-se citar a Unifenas e a Unifal, para este
último há a isenção de todos os tributos municipais, exclusive os serviços
terceirizados.
Ao ISSQN grandes empresas ganham, em anexo aos tributos municipais,
isenção desse imposto. Diante de alguns dados premiliminares, concluíram-se que
os maiores contribuintes são bancos e empresas prestadoras de serviços, nesse
caso eles não possuem formas de incentivos pela prefeitura.
Tabela 9: Arrecadação do Valor Adicionado Fiscal. Ano base 2009.
Empresas VAF em 1.000.000 Reais Benefício Fiscal/Incentivos
Unifi do Brasil 54.00 Todos os municipais, em 2012 vence o período de concessão dos benefícios
Proflora Indústria e Comércio Representações
Ltda.
28.00 Nenhum
Paramotos Indústria e Comércio e Importação
Ltda
15.00 Previsto a receber isenção de tributos municipais a
partir de 2011
Casa Pinto Ltda 13.81 Ganhou terreno para expansão
Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé
Ltda.
* Doação de Terreno
Ipanema Agro Indústria S. A.
* Nenhum
Otspam Brasil Importação e Exportação Ltda
* Obteve isenção dos impostos municipais por
10 anos em 2007
Paunineris Transportes e Encomendas Ltda
* A prefeitura preparou parte da concessão do
terreno
Viação Santa Cruz * Nenhum Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais e Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Ação Regional de Alfenas.
P á g i n a | 69
12.3 SOBRE AS EMPRESAS
UNIFI do Brasil Ltda
“Unifi do Brasil é um projeto de infraestrutura consolidada pela prefeitura” (Sítio da
Câmara Municipal de Alfenas).
Segundo o secretário, a prefeitura incentivou a empresa e dispôs de
instrumentos jurídicos legais para mantê-la em Alfenas.
“A Prefeitura informou que quitou o débito de quase R$600.000,00 em obras à
empresa UNIFI do Brasil. Um acordo, aprovado pela câmara e que gerou um termo
de ajustamento de conduta, previa que o débito fosse saldado em obras de
terraplenagem e calçada à empresa” (Sítio da Câmara Municipal de Alfenas).
Foi obtida a seguinte informação de um vereador: a prefeitura tinha um débito
de repasse do ICMS, 20%, com essa empresa e pagou a ela com obras de
terraplenagem e calçamento, infraestruturas.
Segundo o secretário, ajustamento de conduta é a restituição do ICMS em
troca de infraestrutura à empresa. Foi avaliado o custo das obras pela prefeitura,
que usou de seus materiais e suas ferramentas, como tratores. Em suma, é o
acordo feito na justiça, onde existe comprometimento da prefeitura em saldas a
dívida com a empresa.
Foi obtido junto à Fiscalização de Rendas que a empresa tem Isenção de
ISSQN, portanto não recolhe esse imposto. Segundo o secretário, à empresa foi
concedido um desconto sobre 2% da alíquota. De acordo com ele, esse imposto é
variável, onde os setores de serviços, como bancos, possuem altas arrecadações.
Sobre a Paramotos Ltda
Trata-se de uma empresa local, de grande porte econômico. Segundo o
secretário, devido à expansão de suas atividades, está prevista a isenção de alguns
tributos municipais a essa empresa a partir de 2011.
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Tabela 10: Empresas recentes em Alfenas. Ano de coleta 2011. Empresas Benefícios Previsão e
instalação Oferta de empregos
futuros
Investimentos (R$1000.000)
Localização
Otspam Ajuda nos processos
burocráticos, limpeza do
terreno, Isenção de
IPTU e ISSQN concedida em
2006
Está em Alfenas desde
2006
50 empregos diretos
A primeira fase de
investimentos foi de R$ 10.00
BR491
Casa Nobre 10 anos de isenção dos
tributos municipais
2009 50 a 60 empregos
diretos
Investimento em fase única com R$ 20.00
BR491
Novarie Está à espera da doação de
terreno
* 20 empregos diretos
* Distrito Industrial
Pazotti Recebeu doação de
terreno
2010 80 a 90 empregos
diretos
* Distrito Industrial
Concrelongo Recebeu doação de
terreno
2010 15 empregos diretos
* Distrito Industrial
Vent Arcom idem 2011 idem * *
Ouro Coffe idem 2011 idem * *
DMDL idem 2011 50 empregos diretos
* Proximidade ao bairro Vila
Promessa
Cris Turismo idem 2011 * * *
Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Ação Regional de Alfenas.
Para maior aprofundamento, o secretário foi entrevistado pelos jornais locais.
Abaixo estão os links disponíveis:
PREFEITURA MUNICIPAL DE ALFENAS. 2010. Prefeitura doa terrenos para
empresários na Vila Promessa. Disponível em:
http://www.alfenas.mg.gov.br/noticias.asp?act=noticias&act2=ver&id=1160
JORNAL DOS LAGOS. 2011. Novas empresas vão se instalar no DI. Cad. Cidade.
Disponível em: http://www.jornaldoslagos.com.br/jlagos/dat/doc/pop5.pdf
12.4 RESUMO DAS OPINIÕES DOS SECRETÁRIOS
Para os secretários o objetivo é a busca por melhorias sociais às suas
populações, através da vinda de empresas, que geram empregos e renda.
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Resume-se que os secretários reclamam da renúncia tributária que Pouso
Alegre, Varginha e Poços de Caldas propiciam às empresas. Dessa forma, essas
cidades têm condições de manter agressivos investimentos em infraestruturas.
No entanto as pequenas cidades da microrregião de Alfenas reclamam dessa
problemática ao se referirem a Alfenas e Machado. Um exemplo é Fama, que tem
em mãos uma única ferramenta a utilizar, que são os incentivos fiscais. Esse
município não tem condições financeiras de investir em infraestruturas, portanto sua
tendência é continuar a depender do sucesso financeiro de suas cidades vizinhas.
Todos concluem que os municípios da microrregião de Alfenas sofrem
desvantagem em relação às cidades fronteiriças com o Estado de São Paulo. Um
exemplo que eles utilizam faz menção à Extrema, que devido ao seu contingente
industrial ser um dos maiores e possuir infraestruturas modernas, hoje ela seleciona
a qual empresa deseja para seu território. Por vezes houve comentários que derivam
que essa cidade já não precisa ou não faz a prática de incentivos e benefícios,
devido ao seu contingente e arranjo técnico e financeiro.
Outro ponto também notado é com referência à Pouso Alegre que, devido à
proximidade com São Paulo e conexão direta com a Rodovia Fernão Dias, as
empresas dão preferência a se instalar lá por consequência da proximidade das
empresas com seus consumidores finais e agilidade encontrada pela rapidez nos
transportes de mercadorias.
Quando interrogados sobre um eficiente planejamento regional, ambos
concordaram, mas vêem dificuldades à implementação, como carência de mão de
obra especializada em algumas cidades e a falta de um arranjo técnico que dê
suporte às grandes empresas. Nesse caso fica o exemplo de Alterosa e Fama, que,
na maioria dos estabelecimentos locais, os funcionários são parentes dos donos ou,
até mesmo, estes que gerenciam e atendem os clientes.
Do resultado ficou dúvida quanto ao interesse a envolver os municípios para
um planejamento eficiente, ressaltou-se, em comum, necessidades de
oportunidades para o lago de Furnas, mas está longe de ser algo envolvente e que
dê rumo ao crescimento e desenvolvimento econômico e regional. Assim, pouco se
observa à integração econômica dos municípios por intermédio da Associação dos
Municípios do Lago de Furnas - ALAGO. Cada cidade procura almejar expectativas
aos seus crescimentos econômicos, contudo os secretários ficam receosos quanto à