EFEITO AGUDO DA LIBERAÇÃO MIOFASCIAL E DO ALONGAMENTO ESTÁTICO SOBRE A MOBILIDADE DA COLUNA VERTEBRAL: ESTUDO
RANDOMIZADO E DUPLO CEGO
Luiz Fernando Monteiro Kurossu – [email protected] da Silva – [email protected]
Graduandos em Educação Física – Unisalesiano LinsProfª. Esp. Jonathan Daniel Telles – UniSALESIANO –
RESUMO
A coluna vertebral possui várias funções uma delas é a mobilidade que interfere na execução de movimentos amplos. O objetivo da pesquisa foi verificar nos testes propostos: banco de wells e terceiro dedo ao solo se a um ganho de mobilidade da cadeia posterior quando se aplicado às técnicas de liberação miofascial e alongamento estático. Foram selecionados de forma aleatória 20 voluntários, com média de idade entre 18 a 30 anos do sexo masculino, estudantes do UniSALESIANO de Lins, que tenham hipomobilidade aos testes de flexibilidade. Os resultados foram analisados estatisticamente utilizando-se o Test T Student estabelecendo o nível de significância, sendo igual a 0,05 ou 5%. Após as analises pode-se observar que os participantes obtiveram resultados estatisticamente significativos em ambas às técnicas quando analisados individualmente, todavia, quando comparado ambos os grupos, o grupo liberação miofascial se sobressaiu no teste de banco de wells. Entretanto, de forma geral ambas as técnicas foram efetivas no ganho de mobilidade da coluna vertebral.
Palavras-chave: Alongamento Estático. Coluna Vertebral. Liberação Miofascial.
ABSTRACT
The spine has several functions, one of them is the mobility that interferes with the execution of large movements. The objective of the research was to verify in the proposed tests: wells bench and third finger to the ground if a gain of posterior chain mobility when applied to myofascial release and static stretching techniques. Twenty volunteers, with mean age between 18 and 30 years of age, were selected at random from UniSALESIANO de Lins, who had hypomobility to the flexibility tests. The results were statistically analyzed using Student's T-Test, establishing the level of significance, being equal to 0.05 or 5%. After the analysis, it can be observed that the participants obtained statistically significant results in both techniques when analyzed individually, however, when comparing both groups, the myofascial release group excelled in the wells bench test. However, in general, both techniques were effective in gaining mobility of the spine.
Keywords: Static Stretching. Spine. Myofascial Release.
1
INTRODUÇÃO
Mediante o avanço da jornada de trabalho, da tecnologia que atinge
indivíduos de todas as idades e doenças relacionadas à coluna vertebral, a cada dia
mais pessoas sofrem com diversos tipos de patologias.
Umas das funções da coluna é o movimento e com o tempo, essa mobilidade
pode diminuir. Isso ocorre por diversos fatores como: má postura por tempo
prolongado, processos degenerativos, que é algo natural ao passar dos anos, ou até
mesmo patologias específicas.
Entretanto, existem vários meios para minimizar essas possíveis patologias,
como por exemplo: atividades físicas regulares e supervisionadas, disciplina e
cuidado com a postura e manter uma qualidade de vida saudável.
Para Vasconcelos (2004), a coluna vertebral é uma série de ossos individuais
que ao serem articulados, constituem o eixo central esquelético do corpo. Ela é
flexível porque as vértebras são móveis, mas a sua estabilidade depende
principalmente dos músculos e ligamentos. Embora seja uma entidade puramente
esquelética, do ponto de vista prático, quando diz respeito à coluna vertebral, na
verdade está-se também se referindo ao seu conteúdo e aos seus anexos, que são
os músculos, nervos e vasos com ela relacionado.
Com mesmo sentido, a definição para mobilidade vale em geral para
flexibilidade e a capacidade de alongamento. Portanto elas devem ser entendidas
como componente e subdefinição da mobilidade e articulação da coluna (WEINECK,
2000).Algumas funções da coluna vertebral exigem estabilidade estrutural, enquanto que outras exigem mobilidade. As exigências estruturais para a estabilidade frequentemente são opostas às exigências para a mobilidade; portanto, uma estrutura que é capaz de atender a ambas as funções é complexa. Cada um dos muitos componentes separados, mas interdependentes da coluna vertebral está projetado para contribuir para a função geral da unidade total, além de realizar suas tarefas especificas (NORKIN; LEVANGIE, 2001, p.124).
Para se verificar a flexibilidade e mobilidade da coluna vertebral, utiliza-se o
Banco de Wells e o Terceiro Dedo ao Solo, que relatam procedimentos simples e
fáceis de ser aplicados. Esta pesquisa se propõe a um estudo comparativo entre a
Liberação Miofascial e o Alongamento Estático, com intuito de identificar qual das
2
duas manobras proporcionam maior mobilidade em relação à coluna vertebral,
assim, com os resultados, averiguar se existe nível de significância entre uma
técnica e outra, através dos testes de flexibilidade acima citados.
Diante disso, o trabalho parte do seguinte questionamento: a liberação
miofascial dos músculos paravertebrais lombar favorece o ganho da mobilidade da
cadeia posterior, quando comparado ao alongamento tradicional?
Em resposta a tal questionamento, podem levantar algumas hipóteses, a
liberação miofascial se dá de forma para alongar o músculo e as fáscias. Desta
forma, o relaxamento dos tecidos tensos, proporcionando maior mobilidade e
flexibilidade (STARKEY, 2001).
Já o alongamento é uma forma de trabalho, cujo objetivo é a manutenção dos
níveis de flexibilidade adquiridos e a realização dos movimentos com uma amplitude
normal e o mínimo de restrição física possível (ACHOUR, 1997).
1 CONCEITOS PRELIMINARES
1.1 Anatomia da Coluna Vertebral A coluna vertebral é uma complexa estrutura óssea, a qual consiste em
vinte e quatro vertebras articuladas e nove que são consideradas soldadas entre si,
totalizando trinta e três vértebras. Além disso, são subdivididas em sete
vértebras cervicais, doze vértebras torácicas, cinco lombares. Já as sacrais e as
coccígeas, consistem em cinco a quatro vértebras fundidas. Nas vértebras cervicais,
as duas primeiras são consideradas únicas pelo fato de proporcionar movimentação
rotacional da cabeça, já às curvas normais da coluna trabalham em absorver
possíveis golpes e choques (THOMPSON, 1997).
De acordo com Knoplich (1980), as articulações da coluna, permitem o
desempenho das respectivas funções, além de ser um eixo de suporte do
organismo e o apoio de todos os movimentos do corpo. Entretanto, para isso ser
possível, existem dois tipos de articulações primordiais: a do disco invertebral ente
um corpo vertebral e outro, que é conhecida por quase não existir movimentos entre
duas vértebras, e a segunda articulação, são as vértebras, na sua parte posterior
que acabam se encaixando uma nas outras, assim podendo haver mobilidade na
coluna.
3
Ao se falar em músculos da coluna, define-os de uma forma geral como
músculos grandes, fazendo a constituição das maiores massas musculares do
organismo. A musculatura deve manter a coluna em posição ereta, de pé e não
permitir que o corpo caia para frente, para trás ou para os lados (KNOPLICH, 1980).
1.2 Mobilidade da Coluna Vertebral
A coluna vertebral apresenta três funções principais: a de suporte, já que é o
eixo central do corpo; proteção da medula espinhal no canal vertebral e de
movimento, pois as vértebras articuladas entre si oferecem toda mobilidade a
coluna vertebral, que pode ser definida como habilidade dos segmentos corporais,
de se mover e permitir a presença de amplos movimentos para atividades funcionais
(KISNER; COLBY, 2005).
Para ocorrer maior desempenho de movimentos funcionais normais da coluna
vertebral a uma ação coordenada do sistema neuromuscular agonista que o produz
e do antagonista que o controla, todavia, haver mobilidade dos tecidos moles,
mobilidade articular, força e resistência à fadiga. As articulações e os tecidos moles
estão em alongamento ou encurtamento contínuo onde serão sempre mantidos
(OLIVER; MIDDIEDITCH, (1998).
2 Fáscia
As fáscias são componentes do sistema conectivo tissular, e do tecido mole,
que se permeia o corpo humano, que influenciando a funcionalidade de todos os
sistemas. Fornece continuidade estrutural e funcional entre os tecidos moles e duros
do corpo como um componente sensorial, elástico plástico e onipresente que
reveste, sustenta, separa, conecta, divide, envolve e dá coesão ao restante do
corpo, todavia às vezes permite movimentos de desvio, deslizamento, bem como
desempenha um papel importante na transmissão de forças mecânicas entre as
estruturas (CHAITOW, 2017).
No sistema de movimento temos as fáscias profundas, que envolvem grupos
musculares com a finalidade de coordenar padrões motores. Aprofundando em
relação ao plano fáscial de movimento chegamos até as fáscias viscerais, que se
dividem em fáscias parietais, mais ligadas com o continente as quais as vísceras
4
estão envolvidas, e as fáscias viscerais, relacionadas á função visceral. São
formadas por ligamentos, mesentérios, omentos (FINDLEY; SCHLEIP, 2007).
2.1 Mobilização Miofascial
Ao se falar de mobilização miofascial, sabe-se que existem forças ativadoras
que podem ser tanto intrínsecas quanto extrínsecas. Nesse caso, são utilizadas as
duas: na força intrínseca são movimento inerte do tecido, como ritmos corporais
inerentes, contração muscular, respiração e movimentos dos olhos. Já a força
extrínseca é aquela aplicada por força de compreensão, tração e torção, sendo
realizada manualmente e propicia tensões firmes e suaves nos tecidos moles,
acarretando alterações biomecânicas e reflexas, com o objetivo de se obter a
recuperação da simetria harmônica do movimento indolor, principalmente do sistema
músculo – esquelético, em equilíbrio postural (BIENFAIT, 1999).
De acordo com Souza; Mejia (2012), podem ser realizadas as mobilizações
com a combinação de três movimentos como o tracional de deslizamento,
movimento de fricção e amassamento, com intuito de realizar o alongamento do
músculo e as fáscias, proporcionando o relaxamento dos tecidos tensos.
Trata-se de movimentos que têm como ênfase o aumento da amplitude de
movimento, de proporcionar o alivio de possíveis dores, restaurar a qualidade e
quantidade dos movimentos nos seus níveis tidos como normais, considerando-se
como uma intervenção de resultados mais prolongados (ARRUDA; STELLBRINK;
OLIVEIRA, 2010).
3 Alongamento
Segundo Achour (1999), o alongamento é uma forma de trabalhar a
manutenção dos níveis de flexibilidade obtidos junto à realização dos movimentos
de amplitude articular, com o mínimo de restrição possível. O músculo esquelético
apresenta dois tipos de fibras, vermelhas também chamadas fibras de contração
lenta e as brancas chamadas de fibra de contração rápida, possuindo uma
membrana que recobre esta musculatura, que se chama sarcolema, as quais juntas
com fibras tendinosas formam os tendões.
5
Os músculos, com certeza, são de grande importância para os exercícios de
alongamento e para que se desenvolva a flexibilidade, variando sua forma e
tamanho, mas todos compostos por miofibrilas que se contraem, relaxam e
alongam, sendo ainda compostas por unidades funcionais ou sarcômeros
constituídos por miosina, actina e titina (ACHOUR, 1999).
Os exercícios de alongamento permitem que o comprimento muscular
funcional volte a ter amplitude e ainda aliviar tensões, realinhamento da postura,
liberdade de movimento, aumentando ainda a extensibilidade musculotendínea,
contribuindo para o aumento da flexibilidade (DANTAS, 2005).
3.1 Tipos de Alongamento
Há três tipos de alongamentos: alongamento passivo: consiste basicamente
em uma extensão máxima de movimento de uma determinada musculatura e,
então, permanece neste ponto por um determinado período, que pode variar entre 3
a 60 segundos; alongamento ativo: corresponde à habilidade de utilizar a amplitude
de movimento em uma velocidade rápida, sendo utilizados vários esforços
musculares ativos, tentando um alcance maior de movimento, obtém-se esse
alongamento ao usar os próprios músculos, sem uma força externa e pra finalizar a
facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP): é uma estratégia que tem o intuito
de melhorar a amplitude de movimento, com uma técnica de energia muscular
(CONTURSI, 1986).
4 EXPERIMENTO
4.1 Recursos Metodológicos
O Projeto foi submetido à Plataforma Brasil, atendendo a resolução 466 do
Ministério da Saúde e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro
Universitário Católico Salesiano Auxilium – Parecer nº 2.091.281 - data da relatoria:
30 de Maio de 2017.
4.2 Casuísticas e Método
6
A pesquisa foi realizada no Campus do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium de Lins-SP, utilizando-se duas salas, a Sala 1 - Clínica de
Educação Física (CEF) e Sala 2 - Grupo de Extensão.
Foram selecionados 20 indivíduos aleatoriamente, quando seletos
preenchiam a Ficha de Dados, todos os participantes com média de idade entre 18 a
30 anos, do sexo masculino. Submetidos aos testes e as técnicas voltados a
mensurar a mobilidade e a flexibilidade da coluna vertebral, visando a comparar qual
das técnicas seriam mais benéficas.
4.3 Amostra, critérios de inclusão e exclusão
Nos critérios de inclusão, foram selecionados para participar aqueles que
possuíssem: disponibilidade para a realização dos testes e técnicas propostos nos
horários estabelecidos e locais definido, que fizessem a leitura da Carta de
Informação ao Participante, que assinassem o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e que apresentassem hipomobilidade aos testes de flexibilidade que
seria uma limitação ou um encurtamento dos tecidos moles, além de se
enquadrarem a idade proposta.
Já nos critérios de exclusão, eram exclusos os participantes que tivessem
lesões musculoesqueléticas evidentes nos músculos, ossos, ligamentos e anexos,
lesões teciduais que os impedissem de realizar a metodologia proposta pelos
autores, que apresentassem hipersensibilidade que seria um excesso de
desconforto na região a ser manipulada, que tivesse hipermobilidade, ou seja, uma
amplitude maior de movimento e que não apresentassem os propósitos
estabelecidos pela inclusão do mesmo, nesse âmbito 5 participantes foram exclusos
da pesquisa pelo excesso de mobilidade articular.
4.4 Procedimentos
4.4.1 Distribuição dos Grupos
Os 20 participantes foram divididos em dois grupos: Grupo Liberação
Miofascial (GLM) e Grupo Alongamento (GA) de forma aleatória, todavia, todos os
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participantes foram avaliados antes da intervenção e reavaliados após a
intervenção.
4.4.2 Teste de Banco de Wells
Os testes para coleta eram o Banco de Wells, em que o indivíduo se sentava
em frente a um banco, com as pernas estendidas e com as mãos sobrepostas; fazia
uma inspiração e posteriormente uma expiração, levando a mão empurrando o
marcador do banco, realizando assim, uma flexão do tronco e mensurando a maior
distância alcançada, o teste era realizado três vezes consecutivas, porém se
apresentasse um valor maior na última tentativa se realizava novamente até
estabelecer um índice maior, se por ventura diminuísse após a terceira tentativa, se
anotava o maior valor antes do valor menor (WELLS; DILLON, 1952).
4.4.3 Teste Terceiro Dedo ao Solo
Já o segundo teste, que foi o Terceiro Dedo ao Solo, era solicitado que os
participantes ficassem com os pés juntos e joelhos estendido, realizassem uma
flexão total do tronco, com os braços e cabeça relaxados momento em que o
examinador realizava a mensuração da distância do terceiro dedo em relação ao
solo, eram mensurados três vezes consecutivas, mais se na terceira diminuísse
essa distância era feita novamente até validar o menor valor (MARQUES, 2003).
4.4.4 Técnica de Liberação Miofascial dos Paravertebrais Lombares
Em seguida, os participantes eram encaminhados à Sala 2 e recebiam o
embasamento do que o examinador praticaria em relação às técnicas. Após isso,
eram sorteadas aleatoriamente quais técnicas seriam executadas, a de Liberação
Miofascial dos Paravertebrais Lombares (LMPL) em que o participante se deitava
em decúbito ventral, sobre a maca e sem camisa, assim facilitando o deslizamento
do polegar em um lado da coluna por 2,30 minutos.
4.4.5 Técnica de Alongamento da Cadeia Posterior
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Já a outra técnica, Alongamento da Cadeia Posterior (ACP) o participante se
sentava na maca com as pernas totalmente estendidas e realizava uma elevação do
tronco, com uma inspiração e logo após, uma ‘expiração ao ir em direção as pernas
no seu limite máximo. O examinador o apoiava com uma das mãos na coluna para
manter a estabilidade durante 5 minutos, que era cronometrado pelo avaliador.
Finalizado uma das técnicas o voluntário era encaminhado para a sala 1 para
realizar as reavaliações com os testes de flexibilidade propostos.
4.4.6 Análise estatística
Depois da realização de tais medidas e anotados seus respectivos valores
nas fichas de coleta e após eram realizados no Microsoft Excel as bases estatísticas
que foi adotado o Test T Student, para comparar as duas médias, a fim de se
estabelecer o nível de significância, sendo igual a 0,05 ou 5% (VIEIRA, 1999).
5 Resultados
Na tabela 1, são apresentados os valores da média e desvio-padrão (DP) dos
resultados dos testes pré e pós intervenção dos participantes do grupo
Alongamento.
Tabela 1: Resultados dos testes Banco de Wells e Terceiro Dedo ao Solo do grupo Alongamento pré e pós intervenção.
Testes Pré (cm) Pós (cm) Valor p
Média (DP) Média (DP)
Banco de Wells 23,5 ± 4,5 29,9 ± 4,2 0,009*
3º dedo ao solo 13,4 ± 4,17 1,45 ± 3,05 0,01*
Fonte: autores, 2017 * Nível de significância de 5% (p<0,05) em relação ao Pré
Na tabela 2, são apresentados os valores da diferença pós em relação ao pré
(cm) e porcentagem de alteração (%) para os testes de Banco de Wells e 3º dedo ao
solo dos participantes do grupo alongamento.
Tabela 2: Valores da diferença em relação ao pré (cm) e porcentagem de alteração (%) do grupo Alongamento.
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Testes Diferença pós/pré Porcentagem de alteração
(%)
(cm)Banco de Wells 6,45 29
Terceiro dedo ao solo
-11,9 92
Fonte: autores, 2017
Na tabela 3, são apresentados os valores da média e desvio-padrão (DP) dos
resultados dos testes pré e pós intervenção dos participantes do grupo liberação
miofascial (GLM).
Tabela 3: Resultados dos teste Banco de Wells e Terceiro dedo ao solo do grupo Liberação Miofascial pré e pós intervenção.
Testes Pré (cm) Pós (cm) Valor pMédia (DP) Média (DP)
Banco de Wells 24,6 ± 2,9 31,5 ± 3,3 0,002*3º dedo ao solo 11,8 ± 3,5 0,9 ± 2,2 0,0006*
Fonte: autores, 2017 * Nível de significância de 5% (p<0,05) em relação ao Pré
Na tabela 4, são apresentados os valores da diferença pós em relação ao pré
(cm) e porcentagem de alteração (%) para os testes de Banco de Wells e Terceiro
dedo ao solo dos participantes do grupo liberação miofascial.
Tabela 4: Valores da diferença pós em relação ao pré (cm) e porcentagem de alteração (%) do grupo Liberação Miofascial.
Testes Diferença pós/pré Porcentagem de alteração (%)
(cm)
Banco de Wells 6,9 293º dedo ao solo -10,3 95
Fonte: autores, 2017
Na tabela 5, são apresentados os valores da média pós intervenção dos
grupos alongamento e liberação miofascial nos testes Banco de Wells e Terceiro
dedo ao solo e o valor p intergrupos.
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Tabela 5: Comparação dos valores da média pós intervenção dos grupos Alongamento e Liberação Miofascial no teste Banco de Wells e Terceiro dedo ao solo.
Testes Grupo alongamento
Média (cm) valor pós
Grupo Liberação miofascial
Média (cm) valor pós
Valor p
Banco de Wells 29,9 31,5 0,04*3º dedo ao solo 1,45 0,9 0,6
Fonte: autores, 2017 * Nível de significância de 5% (p<0,05) do grupo liberação miofascial.
6 Discussão
Rêgo et al. (2012) em seu estudo sobre os efeitos da liberação miofascial
sobre a flexibilidade de um paciente com Distrofia Miotônica de Steinert, constatou-
se mediante análise do conteúdo da resposta do voluntário da pesquisa, um
aumento na resistência ao exercício e diminuição da fadiga. Evidenciando que as
técnicas de terapia manual têm sido descritas pela melhora da mobilidade e
qualidade de vida, aumento da oxigenação arterial e proporcionando uma melhor
capacidade em realizar exercícios dinâmicos com grandes grupos musculares, como
caminhar, nadar e pedalar, por períodos de tempo prolongados.
Em um estudo realizado por Carvalho; Araújo, Souza et al. (2017) a
aplicação do Alongamento Estático e da Liberação Miofascial em adolescentes
escolares resultou em aumento imediato na flexibilidade dos músculos isquiotibiais.
Entretanto, a técnica de aumento médio da distância alcançada no teste de sentar e
alcançar após a Liberação Miofascial foi de 17,1% ou cerca de 6 centímetros em
apenas uma sessão de treinamento. Foi verificado também, uma melhora de 10,2%
para o Grupo Alongamento após a realização da série de alongamentos estáticos,
indicando haver uma mobilização da musculatura que foi estimulada por essa
técnica.
Skarabot; Beardesley; Stirn (2015) buscaram comparar os efeitos agudos de
três diferentes intervenções para o aumento da flexibilidade dos músculos flexores
plantares de adolescentes treinados. Todavia, utilizaram três diferentes
intervenções: Liberação Miofascial, Alongamento Estático e o protocolo combinado
com as duas intervenções. Os resultados demonstraram que tanto a Liberação
Miofascial quanto o alongamento estático resultaram em melhorias para a
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flexibilidade, porém a combinação de ambas as técnicas promoveram ganhos
superiores a 9,1%.
Pode-se observar na presente pesquisa que no Grupo Alongamento teve uma
diferença de 6,45 cm do pós em relação ao pré, com percentual evidente de 29% de
melhora no teste de Banco de Wells e de -11,0 cm do pós Terceiro dedo ao solo,
com o valor subsequente de 92% de melhora em relação à flexibilidade e mobilidade
articular da coluna vertebral.
Já no Grupo Liberação Miofascial teve diferença de 6,9 cm do pós em relação
ao pré, com 29% de melhora no Banco de Wells e no Terceiro dedo ao solo -10,3
cm, com valor em porcentagem de 95% de melhora em relação à flexibilidade e
mobilidade.
Por fim, ambas as técnicas são benéficas, podendo demonstrar que se feitas
de forma correta elas ocasionam melhorias nos percentuais de mobilidade articular,
tanto uma técnica quando a outra é eficaz e consegue estabelecer uma demanda de
resultados primordiais em relação à mobilidade, todavia, é de suma importância
fazer outros estudos que façam a comparação dessas duas técnicas juntas para ver
qual seria o resultado em questão a coluna vertebral, estudos apontam que quando
aplicado dois tipos de técnicas já se estabelece uma melhora significativa, então
seria interessante que outros pesquisadores coletassem dados que demonstrem
essas duas vertentes.
CONCLUSÃO
Através dos resultados obtidos pode-se concluir que tanto os voluntários que
fizeram parte do Grupo Alongamento quanto os voluntários que fizeram parte do
Grupo Liberação Miofascial obtiveram resultados estatisticamente significantes
quando analisados os grupos individualmente em ambos os testes de flexibilidade.
Entretanto, o Grupo Liberação Miofascial foi superior apenas no teste de Banco de
Wells, quando se comparado os dois grupos, todavia, ambas as técnicas podem
melhorar a flexibilidade e a mobilidade articular da coluna vertebral.
O presente estudo teve como limitações o número de participantes e não ter
incluído um grupo controle para avaliar a eficácia das técnicas utilizadas em relação
a esse grupo proposto.
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Recomenda-se mais estudos comparando efeitos de técnicas de alongamento
e técnicas miofásciais para melhoria da mobilidade articular não só apenas em efeito
imediato mais também em estudos a longo prazo, assim podendo ter talvez
resultados ainda mais eficazes e prolongados, além de se utilizar um grupo controle
que também seria interessante e participantes de ambos os sexos, todavia, para
diferenciar como seria a percepção de resultados dessas duas vertentes.
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