Títulos Públicos>Carteira
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>Junho 2020
André Perfeito Economista-chefe,emissor do relatório
Equipe Análise Necton
Glauco Legat, CFAAnalista-chefe
Márcio Gomes, CNPI-TAnalista gráfico
Rodrigo Barreto, CNPI-T Analista gráfico
Edson KinaAnalista
Gabriel Machado Analista
Marcel Zambello, FMVA Analista
002
CARTEIRA TÍTULOS PÚBLICOS |
O cenário atual da propagação do Covid-19 provocou uma série de fatores que forçam a projeção final de 2020 do IPCA para baixo, a dizer:
• A queda do preço das commodities provocada pela desaceleração global e guerra comercial no caso do petróleo
• O aumento da taxa de desemprego e a consequente diminuição do consumo, que acarreta na dificuldade das empresas aumentarem os preços dos produtos
• O fortalecimento do dólar ante a moeda nacional, provocando um cenário de maior aversão ao risco
• A diminuição do gasto das famílias com Transportes, principalmente relacionado aos combustíveis
• O setor de Alimentação e Bebidas, que corresponde a quase 25% da variação do IPCA, está diretamente exposto às expectativas e capacidade de consumo das famílias. Apesar do aumento da variação deste setor em abril (2,46 no IPCA-15), acredita-se que tal fator tenha sido provocado pontualmente pela estocagem de alimentos das famílias, visto que em maio esta variação caiu para 0,6. Projeta-se que esse setor continuará desacelerando, com uma retomada no quarto trimestre após o fim da quarentena e a reaquecimento da economia.
O mês de maio foi marcado com a alta volatilidade do dólar que iniciou com o câmbio um pouco acima de R$ 5,40 chegando a ultrapassar o patamar dos R$ 5,90, alcançando uma alta de R$5,99 no fim da primeira semana. A alta, que foi a máxima histórica, ocorreu por conta de três motivos principais: os cortes da taxa SELIC com o intuito de incentivar a economia; o fluxo estrangeiro negativo para o Brasil proveniente de uma maior aversão ao risco, que se traduziu recentemente na revisão de outlook para o país e para algumas empresas por agências de classificação de risco; e as tensões políticas com a espera da divulgação da filmagem da reunião ministerial onde o presidente Bolsonaro supostamente pressionou o ex-ministro Sérgio Moro a interferir na Polícia Federal. Todavia, este último não trouxe grandes novidades por parte do presidente, e os investidores reagiram favoravelmente ao conteúdo da gravação. Com a perspectiva de alta de juros em 2021 e somado ao fato de que temos as reservas ainda elevadas de dólar, acreditamos que a moeda irá se segurar no médio prazo.
IPCA
Projeção final de 2020NECTON 1,50% FOCUS 1,55%
Projeção de Dólar 2020
NECTON R$ 5,90 FOCUS R$ 5,40
>Projeções de
médio prazo
003
CARTEIRA TÍTULOS PÚBLICOS |
Os dados recentes sobre a economia brasileira forçaram uma revisão forte em nosso cenário base para o PIB deste ano. Trabalhávamos com uma queda em torno de 4% da atividade, mas os números divulgados do PIB do primeiro trimestre evidenciam queda mais relevante que a inicialmente projetada no Consumo das Famílias. Para além dos dados das Contas Nacionais Trimestrais a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) com dados já de abril mostram um recuo relevante da massa salarial habitual real, o que por si já deixa claro que o processo de ajuste do consumo ainda está em curso.
Isto forçou uma revisão do PIB para uma queda de 7,5% este ano e de um crescimento módico o ano que vem em apenas 1,65%. Para o Dólar mantemos nossa projeção de R$ 5,90 no fim do ano e podendo a chegar a R$ 6,30 no curto prazo na eventualidade de uma piora política.
O cenário político continua tensionado, se bem que a hipótese de um impeachment nos parece distante. Em conversas com políticos tanto da base de apoio quanto da oposição está evidente que o Congresso não tem clima para uma remoção do presidente, especialmente agora que o Planalto negocia com o centrão cargos na administração pública e em estatais. Isto irá blindar possíveis investidas no Legislativo de pedidos neste sentido.
Contudo ganha espaço a possibilidade de que o STF encaminhe o afastamento do presidente dentro do escopo das investigações sobre Fake News. Isto ainda gerará ruídos na esfera política e devemos ter isto em mente ao longo do mês para não sermos pegos de surpresa.
Aparentemente o Brasil seguirá uma estratégia mista de combate à pandemia (com quarentena em certas regiões e normalidade em outras) cujo resultado líquido será uma tentativa de fazer imunização de
>Sugestão de alocação
Sugestão de alocação Títulos Públicos em 29/05/2020
25%
75%
LFT 2025
rebanho de maneira improvisada. Isto pode forçar o poder público a ter que chamar novas quarentenas no segundo semestre o que irá penalizar ainda mais a atividade com um crescimento baixo. Ao que parece os indicadores tanto de infecção quanto de mortes não está melhorando, logo não seria o momento adequado para o afrouxamento das medidas.
Nossa estratégia para títulos públicos tem sido nos últimos meses se manter pós fixado em títulos indexados à SELIC. O ganho é pequeno, mas sua estabilidade nos parece uma característica importante em momentos como esse. Contudo em junho iremos recomendar uma alocação de parte em NTNB-2026 que pode se beneficiar com uma inflação um pouco mais forte na margem ou mesmo com um fechamento maior da curva de juros (25% da carteira). O resto iremos manter em Tesouro SELIC buscando a segurança deste título.
NTNB 2026
004
CARTEIRA TÍTULOS PÚBLICOS |
Comportamento de
preços e taxas
3,00%
3,50%
4,00%
4,50%
5,00%
5,50%
6,00%
6,50%
R$3.000,00
R$3.200,00
R$3.400,00
R$3.600,00
R$3.800,00
R$4.000,00
R$4.200,00
R$4.400,00
R$4.600,00
R$4.800,00
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14/0
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NTN-B vencimento (15/08/2050)
PU Médio (compra/venda) Taxa Média (compra/venda)
Fonte: Tesouro Nacional, Necton
0,00%
1,00%
2,00%
3,00%
4,00%
5,00%
6,00%
7,00%
R$3.000,00
R$3.200,00
R$3.400,00
R$3.600,00
R$3.800,00
R$4.000,00
R$4.200,00
R$4.400,00
R$4.600,00
R$4.800,00
R$5.000,00
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22/0
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04/0
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0/20
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24/0
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2017
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2020
11/0
3/20
2026
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2011
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02/0
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20
NTN-B vencimento (15/08/2026)
PU Médio (compra/venda) Taxa Média (compra/venda)
005
CARTEIRA TÍTULOS PÚBLICOS |
5,00%
6,00%
7,00%
8,00%
9,00%
10,00%
11,00%
12,00%
13,00%
R$400,00
R$500,00
R$600,00
R$700,00
R$800,00
R$900,00
R$1.000,0007
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01/0
3/20
1821
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11/0
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1802
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2018
22/0
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2018
02/0
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1823
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2018
10/0
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1830
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2018
20/0
9/20
1810
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2018
31/1
0/20
1822
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2018
12/1
2/20
1804
/01/
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24/0
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07/0
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2019
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08/0
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1926
/07/
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15/0
8/20
1904
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24/0
9/20
1914
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2019
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2/20
1908
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2020
28/0
1/20
2017
/02/
2020
10/0
3/20
2030
/03/
2020
16/0
4/20
2008
/05/
2020
LTN vencimento (01/01/2025)
PU Médio (compra/venda) Taxa Média (compra/venda)
Fonte: Tesouro Nacional, Necton.
006
CARTEIRA TÍTULOS PÚBLICOS |
Após anos de queda da SELIC os
investidores preferiram ficar em parte
pré-fixados e isso fez que a demanda
por títulos do tipo NTN-B aumentasse
de maneira significativa atingindo
praticamente 50% do estoque vendido
ao público. No entanto, desde 2013
a demanda por títulos pós-fixados
aumentou de maneira significativa
na esteira de uma percepção pior
da economia brasileira e de ruídos
políticos que culminaram no
impeachment de 2016. O processo
de piora continua em parte e por
isso mesmo muitos investidores têm
preferido aplicações pós-fixados via
LFT e hoje estes títulos representam
28,7% do total em poder do público,
valor similar ao observado em 2006.
Evolução recente dos
títulos públicos
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
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l/05
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/05
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6O
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n/07
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07Ju
l/07
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/07
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Jul/0
8O
ut/0
8Ja
n/09
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l/09
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/09
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0O
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n/11
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/11
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l/13
Out
/13
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/15
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/17
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Estoque por Título no Tesouro Direto (%)
Tesouro Selic (LFT) Tesouro Prefixado (LTN)
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F) Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B)
Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal) Tesouro IGPM+ com Juros Semestrais (NTN-C)
Fonte: Tesouro Nacional, Necton.
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
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Out
/05
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n/07
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l/07
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/07
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Out
/09
Jan/
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r/10
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0O
ut/1
0Ja
n/11
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11Ju
l/11
Out
/11
Jan/
12Ab
r/12
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2O
ut/1
2Ja
n/13
Abr/
13Ju
l/13
Out
/13
Jan/
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r/14
Jul/1
4O
ut/1
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n/15
Abr/
15Ju
l/15
Out
/15
Jan/
16Ab
r/16
Jul/1
6O
ut/1
6Ja
n/17
Abr/
17Ju
l/17
Out
/17
Jan/
18Ab
r/18
Jul/1
8O
ut/1
8Ja
n/19
Abr/
19Ju
l/19
Out
/19
Jan/
20Ab
r/20
Estoque por Título no Tesouro Direto (%) F
007
CARTEIRA TÍTULOS PÚBLICOS |
Racional dos títulos públicos
• Aposta na “MELHORA”* da
economia (juros em queda e
inflação em queda);
• Se a SELIC CAI↓ o título GANHA↑
• Se a SELIC SOBE↑ o título PERDE↓
• Se o IPCA CAI↓ o título GANHA↑
• Se o IPCA SOBE↑ o título PERDE↓
• Aposta na “PIORA”* da economia
(juros em alta e inflação em alta);
• Se a SELIC CAI↓ o título PERDE↓
• Se a SELIC SOBE↑ o título GANHA↑
• Se o IPCA CAI↓ o título PERDE↓
• Se o IPCA SOBE↑ o título GANHA↑
• Título híbrido
• Componente pós-fixado (o índice
de inflação) Se o IPCA SOBE↑ o
título GANHA↑
• Componente pré-fixado (taxa
contratada) Se a SELIC CAI↓ o
título GANHA↑
> PRÉ-FIXADO (NTN-F)
> PÓS-FIXADO (LFT)
> INDEXADOS À INFLAÇÃO (NTN-B)
*NOTA: Melhora ou Piora deve ser usado com certa cautela, às vezes as relações não são tão automáticas. Por exemplo; a
economia pode estar melhorando e por isso mesmo o BCB pode subir as taxas de juros para esfriar um pouco a economia
querendo evitar uma piora nos preços. Há momentos que a inflação em alta representa mais atividade, ou seja, é uma boa
notícia. Colocamos MELHORA e PIORA para auxiliar em parte o racional de clientes ao tentar visualizar os movimentos.
008
CARTEIRA TÍTULOS PÚBLICOS |
>Projeções
POSITIVO BASE NEGATIVO
SELIC
2020 1,50% 2,25% 3,50%
2021 3,00% 3,50% 4,75%
2022 4,75% 5,50% 6,50%
IPCA
2020 1,30% 1,50% 2,50%
2021 2,50% 3,00% 4,10%
2022 3,10% 3,50% 4,50%
DÓLAR
2020 4,80 5,90 6,80
2021 3,80 4,50 4,80
2022 3,90 4,60 4,90
PIB
2020 -4,00% -7,50% -8,00%
2021 3,00% 1,65% 1,00%
2022 2,80% 2,50% 1,70%
*Projeções para fim do ano.
009
CARTEIRA TÍTULOS PÚBLICOS |
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