Universidade Federal de GoiásEscola de Veterinária
Departamento de Clínica MédicaDisciplina de Clínica I
PERITONITE
Reticulo
Traumática
Clínica Médica Animal
Cláudio Antônio Weimar Débora Vieira Lopes Kelen Benck Wehr Luciana Guirelli Ábrego Mariana Melo Gomes Machado Natália Mendonça Ferreira Borges
Resenha
Nome: Amarela Procedência: Goiânia Espécie: Bovino Raça: Holandesa +
Jersey + Gir Idade: 5 anos Peso: 350 Kg Sexo: Fêmea
Foto: Kelen Benck Wehr
Anamnese
Animal amanheceu normal, caminhando porém apático.
Durante o dia não quis se alimentar, nem ingerir água, permaneceu deitado.
Não há histórico de plantas tóxicas na propriedade, nem defensivos agrícolas nos últimos dias.
Salivação intensa Dia 02/04: Fezes escuras e
com muco Dia 02/04: Urina fétida
Inseminação Artificial: outubro de 2004
Água: Cisterna Alimentação: Capim
brachiária e silagem de milho
Ambiente: curral e 1 há de pastagem
Vacinações: Aftosa; Ectoparasitas: Carrapatos
(fez último combate início de março)
Exame Clínico - Físico
Inspeção: Decúbito esternal e desidratação ► Auscultação: ritmo de galope Temperatura: 38,2ºC (Ref. 37,8 a 39,2) Sistema Respiratório: Sibilos pulmonares, leve
crepitação, taquipnéia, dispnéia expiratória, respiração abdominal
FR: 45 resp/min (Ref. 20 a 30) FC: 60 bpm (Ref. 60 a 80) Mucosas: Ligeiramente pálidas ► Cavidade Oral: Sialorréia Cavidade Nasal: Secreção Espumosa ►
Exame Clínico - Físico
Vasos Episclerais: ingurgitados ► Turgor da pele: desidratação moderada (8%) Fezes: amolecidas, amareladas, com estrias de sangue ► Sistema Nervoso: Opistótono Dor: Grunhidos Palpação Retal
Foto: Kelen Benck Wehr
Suspeitas Clínicas
Reticulopericardite Reticuloperitonite Torção uterina Obstrução intestinal
Neurológico Cardíaco Doloroso: Digestivo/Uterino
Toracocentese
Coleta de Líquor
Coleta de Sangue
Exames Laboratoriais - Coleta
Foto: Kelen Benck Wehr
Exames Laboratoriais - Sangue
Foto: Kelen Benck Wehr
175 a 600 giga/1663Plaquetograma
30,0 a 36 pg32,3CHCM
11 a 17 g/dl13,5HCM
40,0 a 60,0 fl42,0VCM
00Eritroblastos
8,0 a 15,0 g/dl13,7Hemoglobina
28,0 a 76,0 %42,3Hematócrito
5,0 a 10,0 tera/110,14Hemácias
Valores de ReferênciaResultadoEritrograma
Data: 31/03/2005
Exames Laboratoriais - Sangue
175 a 600 giga/1405Plaquetograma
30,0 a 36 pg31,4CHCM
11 a 17 g/dl13,4HCM
40,0 a 60,0 fl43,0VCM
00Eritroblastos
8,0 a 15,0 g/dl13,7Hemoglobina
28,0 a 76,0 %43,7Hematócrito
5,0 a 10,0 tera/110,26Hemácias
Valores de ReferênciaResultadoEritrograma
Fonte: Hospital Veterinário UFG, 2005.
Data: 04/04/2005
Exames Laboratoriais - Sangue
000Plasmócitos
160 a 1.800208358Monócitos
000Linfócitos Atípicos:
4.000 a 9.0004.4723.222Linfócitos
0 a 2.40000Basófilos
160 a 1.8000358Eosinófilos
1.600 a 4.2005.20013.246Segmentados
0 a 240520716Bastonetes
000Metamielócitos
000Mielócitos
8.000 a 13.00010.40017.900Leucócitos
Valores de ReferênciaAbsolutos mm³Absolutos mm³Leucograma
Data: 31/03/2005 04/04/2005
Fonte: Hospital Veterinário UFG, 2005.
Exames Laboratoriais - Sangue
0 a 38 Ul/l59Fosfatase Alcalina
5 a 12 Ul/l2350CPK
3,0 a 5,0 g/dl1,7Albumina
300 a 500 mg/dl200Fibrinogênio
0,03 a 0,16 mg/dl0,06Bilirrubina Indireta
0,04 a 0,44 mg/dl0,24Bilirrubina Direta
0,01 a 0,47 mg/dl0,37Bilirrubina Total
6,1 a 17,4 Ul/l431,0Gama – GT
30 a 80 UFR/ml13TGO
Valores de ReferênciaResultadosBioquímica - Soro
Data: 04/04/2005
Fonte: Hospital Veterinário UFG, 2005.
Exames Laboratoriais - Líquor
0 a 3 mm³02/0Leucócitos
mm³685/ 02Hemácias
20 a 40 mg/dl20/ 30Proteínas
35 a 70 mg/dl73/ 76Glicose
LímpidoTurvoAspecto
IncolorIncolorCor
Ul/l13,5CPK
Valores de ReferênciaResultadosRotina do Líquor
Data: 04/04/2005
Fonte: Hospital Veterinário UFG, 2005.
Exame Clínico - Auxiliares
Ultra-sonografia: corpo estranho de formato linear e efusão pleural
Toracocentese: efusão pleural com fibrina
Necropsia - Macroscopia
Linfonodos: todos aumentados ► Pulmão: pleurite e pleurisia do lobo diafragmático ► Coração: atrofia gelatinosa da gordura epicárdica ► Cavidade Abdominal: exsudato fibrino-purulento ► Fígado: Aderência ao diafragma e aumento da textura à
palpação ► Vesícula biliar: repleta ► Sistema digestivo:
Omaso: compactação ► Abomaso: grande quantidade de areia, edema e hiperemia
das pregas. ► Retículo: mucosa com formação papilar, semelhante à
ruminal ► Arame no conteúdo do retículo. ►
Necropsia - Microscopia
Coração ► Sarcocystis sp Infiltrado inflamatório
mononuclear crônico no epicárdio
Edema no endocárdio Rim ►
Glomerulonefrite membrano-proliferativa
Fibrina no espaço de Bowman
Hipertrofia das células de Bowmann
Pulmão ► Broncopneumonia purulenta
Fígado ► Aumento dos sinusóides Atrofia dos hepatócitos da
zona III Hiperplasia inicial dos
ductos biliares Retículo ►
Aspecto microscópico de rúmen
Degeneração balonosa
Diagnóstico Diferencial
Torção intestinal Torção uterina
Foto: Kelen Benck Wehr
Diagnóstico Definitivo
Reticuloperitonite Traumática
Reticuloperitonite Traumática
Etiologia Falta de discernimento oral Ingestão de corpos estranhos Geralmente acomete o gado leiteiro Rara em animais criados em pastagens Ocorre em bezerros, gado de corte, ovinos e
caprinos
Patogenia Alojam-se na porção superior do esôfago ou na
goteira esofágica Geralmente passam diretamente para o
retículo Estrutura celular de revestimento e contrações
do retículo (perfuração) Perfurações na parte inferior da parede anterior Perfurações em direção ao baço e ao fígado
Reticuloperitonite Traumática
Patogenia Parede lesada sem perfuração Corpos estranhos livres (retardamento no
tratamento cirúrgico) Reação inicial (Peritonite aguda local) Atonia ruminal Dor abdominal Imobilidade (Mecanismo protetor)
Reticuloperitonite Traumática
Patogenia Corpos estranhos fixos na parede reticular Pressão do feto Final da gestação Perfuração da cavidade pleural e saco
pericárdico Complicações mais comuns (Pericardite,
Indigestão vagal, Hérnia diafragmática) Complicações menos comuns (Rompimento
da gastroepiplóica esquerda, Abscesso diafragmático)
Reticuloperitonite Traumática
Achados Clínicos Peritonite aguda local Peritonite crônica local Peritonite difusa
Reticuloperitonite Traumática
Peritonite aguda local Anorexia completa Queda brusca na produção Dor abdominal Reluta em movimentar-se Decúbito Arqueamento do dorso “Encolhido” Defecação e micção dolorosas
Reticuloperitonite Traumática
Aumento de temperatura (39,5°-40°C) Frequência cardíaca 80 por minuto Frequência respiratória 30 por minuto Complicações graves (T>40°C e FC>90bpm) Respiração superficial Cavidade Pleural (Estertor expiratório) Cessa a ruminação Movimentos ruminais
Reticuloperitonite Traumática
Linfonodos aumentados Estágio curto Grau máximo no primeiro dia Diminuição Difícil detecção (3° dia) Recuperação espontânea e Resposta
satisfatória ao tratamento conservador
Reticuloperitonite Traumática
Peritonite crônica local Apetite e produção não retornam ao normal Dor não evidente Marcha lenta Gemidos Ruminação deprimida Timpanismo moderado crônico Fezes firmes e secas Quantidade de líquido peritoneal Distensão aparente do abdome
Reticuloperitonite Traumática
Peritonite aguda difusa Toxemia profunda (após a peritonite local) Cessam os movimentos do trato alimentar Depressão Temperatura elevada ou subnormal Fc 100-120 por minuto Dor à palpação (parede abdominal ventral) Colapso agudo – falência circulatória
periférica – não há respostas à dor Uso de detectores de metal
Reticuloperitonite Traumática
Patologia clínica Paracentese abdominal Exame radiológico Laparoscopia do flanco direito Leucócitos: Peritonite aguda local (neutrofilia)
Peritonite crônica (neutrofilia e monocitose)
Peritonite aguda difusa (leucopenia – linfopenia)
Reticuloperitonite Traumática
Necropsia Peritonite aguda difusa- inflamação
supurativa ou fibrinosa (superfície peritoneal) Odor característico e presença de muito
líquido Corpo estranho Inflamação ao redor do corpo estranho Local perfurado
Reticuloperitonite Traumática
Diagnóstico Síndrome clássica História
Reticuloperitonite Traumática
Tratamento Conservador Laparotomia e Rumenotomia
Reticuloperitonite Traumática
Tratamento conservador Imobilização do animal Drogas antibacterianas Magneto Redução do volumoso pela metade Eficaz nos estágios iniciais da doença Vacas com período de gestação superior a 6
meses
Reticuloperitonite Traumática
Rumenotomia Tratamento primário Remoção cirúrgica Satisfatório Diagnóstico Comprometimento de outros órgãos Fator econômico
Reticuloperitonite Traumática
Controle e Profilaxia Alimentos triturados-ímã Fardos de feno-barbante Casos crônicos-Rumenotomia
Reticuloperitonite Traumática
Prognóstico
Reservado
Foto: Kelen Benck Wehr
Protocolo de Tratamento
Cirurgia: Laparotomia e ruminotomia exploratória
Antibiótico de amplo espectro (Clavamox RTU)
Antiinflamatório não esteróide (Diclofenaco) Analgésico (Diclofenaco) Fluidoterapia (Solução fisiológica)
Foto: Kelen Benck Wehr
Princípio Ativo Dosagem Via de Freqüência Duração de
(mg/kg) Aplicação de aplicação tratamento
Diclofenaco 1 IM 24/24 h 5 dias
Amoxicilina +
Ácido Clavulânico 8,75 IM 24/24 h 6 dias
Protocolo de Tratamento
RECEITA
Proprietário: Sr. Paulo
Animal: Amarela Espécie: Bovina Peso: 350Kg
Uso externo
1. Clavamox RTU 40 ml 3 frascos
Aplicar por via intramuscular 20 ml, de 24 em 24 horas, por um período de 6 dias.
Uso externo
2. Diclofenaco 50 Ouro Fino 50 ml 1 frasco-ampola
Aplicar por via intramuscular 7 ml, de 24 em 24 horas, por um período de 5 dias.
______________________Goiânia, 2 de junho de 2005Natália Mendonça Ferreira Borges
Médica VeterináriaCRMV 12007
Fluidoterapia
Grau de desidratação: 8% Reposição de líquidos:
350 kg - 70% líquidos = 245 kg 245 kg --- 100% x --- 8% x= 19,6 litros (d=1g/ml)
Manutenção:
50 ml por kg de peso vivo: 50 ml x 350 kg = 17,5 litros
Fluidoterapia: 19,7 + 17,5 = 37,1 litros de solução fisiológica, por 1 dia (novo exame e novos cálculos no dia seguinte)
Controle e Profilaxia
Limpeza das áreas de estábulos, cochos e pastos
Rações e suplementos minerais Manutenção de máquinas e ferramentarias Revisão de trituradores de forragem Fardos de feno Colocação de ímãs no retículo
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Mariana Melo Gomes Machado
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Kelen Benck Wehr
Foto: Marcos de Almeida Souza
Foto: Marcos de Almeida Souza
Foto: Marcos de Almeida Souza
Foto: Marcos de Almeida Souza
Foto: Marcos de Almeida Souza
Foto: Marcos de Almeida Souza
Foto: Marcos de Almeida Souza
Fonte: BLOOD & RADOSTITS, Clínica Veterinária , Guanabara Koogan, 1991