CENTRO DE ESTUDOS DE TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL - CETCC
MARA CRISTINA MORO DALDIN
ADOÇÃO DA TÉCNICA DEBATE SOCRÁTICO NA
ENTREVISTA DE TRIAGEM
PRAPS - PROGRAMA DE ATENDIMENTO PSICO-SOCIAL
SÃO PAULO
2015
MARA CRISTINA MORO DALDIN
ADOÇÃO DA TÉCNICA DEBATE SOCRÁTICO NA
ENTREVISTA DE TRIAGEM
PRAPS - PROGRAMA DE ATENDIMENTO PSICO-SOCIAL
Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização
Área de Concentração: Terapia Cognitivo-Comportamental
Orientadora: Profª Drª Renata Trigueirinho Alarcon
Coorientadora: Profª Drª Eliana Melcher Martins
SÃO PAULO
2015
Ficha Catalográfica
Daldin, Mara Cristina Moro
Adoção da técnica debate socrático na entrevista de triagem: PRAPS
- Programa de Atendimento Psico-social
Mara Cristina Moro Daldin
32f_CD-ROM
Trabalho de Conclusão de Curso (Especiaização) – Centro de Estudos de
Terapia Cognitivo-Comportamental – CETCC
Orientadora: Profª Drª Renata Trigueirinho Alarcon
1Terapia Cognitivo Comportamental 2 Programa de Atendimento Psico-
social I Daldin, Mara Cristina Moro
MARA CRISTINA MORO DALDIN
ADOÇÃO DA TÉCNICA DEBATE SOCRÁTICO NA ENTREVISTA DE TRIAGEM
Monografia apresentada como requisito parcial para a
conclusão do Curso de Especialização em Terapia
Cognitivo-Comportamental do Centro de Estudos em
Terapia Cognitivo-Comportamental - CETCC
BANCA EXAMINADORA
Parecer____________________________________________________________________
Professor__________________________________________________________________
Professor__________________________________________________________________
Professor__________________________________________________________________
São Paulo,
Agradeço e dedico às pessoas que pensam em incorporar o pensamento crítico e solidário à vida
cotidiana, pois isto é sempre um desafio.
Dedico especial agradecimento à Professora Eliana Melcher Martins, que com sabedoria soube
dirigir-me os passos e os pensamentos para o alcance de meus objetivos.
“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver os
problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo”.
Albert Einstein
RESUMO
O objetivo desta monografia foi analisar a adoção da técnica do Debate Socrático na entrevista de triagem
para encaminhamento ao tratamento psicoterápico no PRAPS - Programa de Atendimento Psico-Social
visando solucionar o problema de como oferecer às pessoas o atendimento psicoterapêutico que procuram
dentro de suas possibilidades socioeconômicas. Coordenadora do PRAPS, Mara Cristina Moro Daldin, ao
observar que muitas pessoas deixavam de fazer o tratamento psicoterápico necessário ao seu problema de
saúde mental devido ao valor do tratamento, fundou o PRAPS, a primeira clínica social de Curitiba,
visando levar o atendimento psicoterápico, e também orientação vocacional, acupuntura, etc., ao maior
número de pessoas, independente de suas condições socioeconômicas. Para atender plenamente a este
propósito, as pessoas precisam passar por uma entrevista de triagem para orientação do que é tratamento
psicoterápico, coleta de dados necessários, levantamento de expectativas, fixação de valores condizentes
com a realidade socioeconômica, psicoeducação. A técnica do Debate Socrático supre com perfeição esses
critérios de utilização. O estudo de caso foi a metodologia adotada, pois permite a atuação da autora desde
a prática clínica à construção teórica do conhecimento na área. A técnica do Debate Socrático é
fundamental na entrevista de triagem para a assertividade do encaminhamento da pessoa entrevistada para
o tratamento psicoterapêutico adequado e dentro de suas possibilidades socioeconômicas.
Palavras-chave: Debate Socrático. Entrevista de triagem. PRAPS.
ABSTRACT
The purpose of this monograph was to analyze the adoption of Socratic Debate technique in screening
interview to psychotherapy treatment routing in PRAPS-Psychosocial Care Program to resolve the problem
of how to offer people the psychotherapeutic seeking within their socio-economic possibilities. PRAPS
Coordinator, Mara Cristina Moro Daldin, noting that many people left to do psychotherapy treatment
necessary for your mental health problem due to the value of the treatment, he founded the first social
clinic PRAPS of Curitiba, aiming to take attendance, and also vocational orientation, psychotherapy,
acupuncture, etc., to as many people, regardless of their socio-economic conditions. To fully meet this
purpose, people need to go through a screening interview for guidance than is psychotherapeutic treatment,
necessary data collection, survey of expectations, setting of values consistent with the socio-economic
reality, psychoeducation. The technique of Socratic Debate fills with perfection these criteria for use. The
case study was the adopted methodology, as it allows the author since the clinical practice the theoretical
construction of knowledge in the area. The technique of Socratic Debate is critical in the screening
interview to the assertiveness of the forwarding of the person interviewed for the psychotherapeutic
treatment and within their socio-economic opportunities.
Key words: Socratic Debate. Screening Interview. PRAPS.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Questões que estimulam o pensamento independente ................................................... 22
Quadro 2 - Exemplos de perguntas socráticas ................................................................................. 23
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 9
2 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................... 12
3 METODOLOGIA ....................................................................................................................... 13
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................. 13
3.2 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E PESQUISA DOCUMENTAL ............................................ 13
3.3 OBSERVAÇÃO ........................................................................................................................ 14
3.4 ESTUDO DE CASO .................................................................................................................. 14
3.5 ESTRUTURAÇÃO DA PESQUISA ......................................................................................... 15
3.5.1 Objeto do estudo de caso ........................................................................................................ 16
3.5.2 Denominação do objeto .......................................................................................................... 16
3.5.3 Localização e divulgação ........................................................................................................ 16
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................ 17
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 25
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 27
ANEXOS ......................................................................................................................................... 29
ANEXO 1 PRAPS – Ficha de Triagem ........................................................................................... 30
ANEXO 2 Termo de Responsabilidade Autoral .............................................................................. 32
9
1 INTRODUÇÃO
O tema escolhido para esta monografia versa sobre a adoção da técnica Debate Socrático em
entrevista de triagem na Terapia Cognitivo-Comportamental para o PRAPS - Programa de Atendimento
Psico-Social.
No decorrer da dinâmica de atendimento no PRAPS, boa parte das pessoas que procuram auxílio
psicoterápico sofre de algum problema de saúde mental e têm alguma dificuldade para arcar com os custos
gerados por essa escolha.
Observa-se, neste universo, o seguinte problema: como oferecer às pessoas o atendimento
psicoterapêutico que procuram de modo que possam ser acolhidas dentro de suas possibilidades
socioeconômicas?
A autora deste estudo de caso, e Coordenadora do PRAPS, Mara Cristina Moro Daldin, atuava
profissionalmente na Orgone Psicologia Clínica quando percebeu que muitas das pessoas que chegavam
em busca de atendimento psicoterapêutico não iniciavam o tratamento porque a Orgone, como clínica
privada, cobrava um valor/sessão psicoterápica que não era acessível a todos e os convênios (na época e
muitos ainda hoje) não incluíam a psicoterapia em seu rol de atendimentos. Assim, em abril de 1991, Mara
Cristina fundou o PRAPS.
O PRAPS é uma Clínica Social, sem fins lucrativos, com o objetivo de proporcionar tratamento
psicoterápico à população de menor recurso aquisitivo (baixa e média renda) da cidade de Curitiba e
Região Metropolitana, adequando os custos do tratamento a cada realidade econômica.
Um de seus fundamentos é tornar possível o acesso a um produto até então elitizado, estigmatizado
e precário nos órgãos públicos: a psicoterapia. Assim, a psicoterapia na Clínica Social passa a ser o
instrumento para promover a saúde física e mental de uma população que sequer ouvira falar sobre ela. Da
ignorância do conceito à utilização do serviço, a população de menor poder aquisitivo passa a ter acesso
aos serviços especializados de neurologia, psicoterapia, psicopedagogia, massoterapia, acupuntura e
orientação vocacional.
Constitui público-alvo do PRAPS: crianças, adolescentes, adultos, pessoas da terceira idade,
famílias e casais que procuram auxílio psicoterapêutico nas mais diversas patologias destacando o
alcoolismo, a drogadição, as cardiopatias, as doenças terminais, o estupro, o aborto (espontâneo ou não), a
tentativa de suicídio, os distúrbios de aprendizagem, a depressão, a ansiedade, a síndrome do pânico, dentre
outras.
A equipe atuante é composta por Médico Neurologista, Psicólogos, Psicopedagoga,
Massoterapeuta e Acupunturista, equipe de profissionais altamente qualificada com especializações nas
áreas de neurologia, terapia familiar sistêmica, terapia cognitivo- comportamental, bioenergética,
biossíntese, biodinâmica, psicopedagogia, psicodrama, gestalt, massoterapia e acupuntura, oferecendo
excelência na qualidade do atendimento prestado ao público alvo.
10
Todos os terapeutas da Orgone Psicologia Clínica atendem no PRAPS, com a mesma ética, sigilo,
duração e número de sessões.
A carga horária e o número de sessões atende ao estipulado pelo Conselho Regional de Psicologia
(CRP) assim como sigilo e ética profissional absolutos.
A pessoa que busca tratamento no PRAPS comparece pessoalmente ou agenda por telefone para ser
encaminhada à triagem. Quando trata-se de crianças, cabe aos pais ou responsáveis a marcação e somente
comparece à triagem adolescentes a partir de 12 anos, juntamente com pais e/ou responsáveis.
No agendamento a pessoa é também informada que a entrevista de triagem será realizada pela
Coordenadora de PRAPS e deverá levar seu contra-cheque/comprovante de renda autônoma.
Na entrevista de triagem a Coordenadora faz o levantamento das queixas principais do cliente e de
sua realidade socioeconômica, isolada ou composta, a fim de estabelecer o custo do tratamento e o valor a
ser pago por sessão, compatível com a realidade econômica da pessoa entrevistada visando
facilitar/estimular seu comparecimento ao tratamento.
O valor do atendimento terapêutico no PRAPS pode variar de 15% a 30% do valor da consulta
particular e os ótimos resultados obtidos mostram a crescente fixação da clientela ao tratamento e o
aumento do número de pessoas em busca de apoio psicoterapêutico para a resolução de problemas
emocionais e/ou psicológicos, logo, de melhor qualidade de vida.
Da implantação da Clínica Social emergiu a necessidade de conscientização e desestigmatização da
psicoterapia junto aos órgãos encaminhantes, cuja demanda de clientela pudesse ser beneficiada pelo
Programa.
Desta forma, contatos e parcerias foram feitos com Escolas, Empresas, Universidades, Juizados de
Menores, Delegacia do Adolescente, Delegacia da Mulher, Delegacia do Idoso, SOS Criança, Alcoólicos
Anônimos, Narcóticos Anônimos, Hospitais, Santa Casa de Misericórdia, CVV - Centro de Valorização da
Vida, Detran, Médicos, Odontólogos, Conselho Regional de Psicologia – 8a
Região, Secretarias de Saúde,
Conselhos Tutelares e demais órgãos da comunidade.
A finalidade e objetivos propostos pela Coordenação do PRAPS, voltados para a responsabilidade
social, ou seja, para o respeito e parceria com a população na melhoria da sua qualidade de vida física,
mental e social fatores essenciais para que possa interagir saudavelmente em sociedade têm sido
atingidos. Desde a criança portadora de necessidades especiais às pessoas da terceira idade em depressão,
todos têm a oportunidade de acesso a um tratamento qualificado, eficiente e dentro de suas possibilidades
econômicas.
Deste ponto de vista, o PRAPS vem desempenhando um importante papel social junto à
comunidade, oferecendo oportunidades de engajamento crescente aos profissionais interessados em
participar de projetos sociais e qualidade de serviços prestados à população.
Durante seus 24 anos de atuação, o PRAPS já atendeu a mais de 2.800 pessoas, de todas as idades e
apresentando as mais diversas patologias.
11
O PRAPS, exemplo de responsabilidade social e cidadania, foi homenageado, em 29 de março de
2005, na pessoa de sua Coordenadora Geral, Mara Cristina Moro Daldin, com o Prêmio Cidade de Curitiba
2005, em reconhecimento aos serviços prestados à comunidade.
Para a plena satisfação deste propósito, as pessoas precisam passar por uma entrevista de triagem
para definir as suas reais necessidades de assistência psicoterapêutica e, consequentemente, elaborar um
plano pessoal de atendimento e de quitação dos custos.
Ressalte-se que, no processo de triagem, estabelecer um bom contato, colocar a pessoa à vontade e
observar suas reações são aspectos muito mais importantes do que as perguntas elaboradas, embora estas
devam ser feitas sempre com o maior cuidado e perspicácia: a técnica do Debate Socrático supre com
perfeição esses critérios.
Os termos terapia cognitivo-comportamental (TCC) e terapia cognitiva (TC) são usados como
sinônimos para a descrição de psicoterapias cognitivas, mas a TCC, de acordo com Knapp e Beck (2008,
p.555), reúne a abordagem cognitiva ao conjunto de procedimentos comportamentais ampliando seu
alcance, porque “inclui tanto a TC padrão quanto combinações ateóricas de estratégias cognitivas e
comportamentais”.
Já Dobson e Dobson (2011, p.1), referem que a TCC dispõe de muitas evidências de sua atuação
como importante instrumento de intervenção em inumeráveis problemas de saúde mental das pessoas.
Nesse contexto, entende-se que a TCC é um importante instrumento para dar sustentação às bases
científicas das intervenções psicoterapêuticas por meio de observações clínicas, pano de fundo deste
estudo.
12
2 OBJETIVO GERAL
Analisar a adoção da técnica do Debate Socrático, da terapia cognitivo-comportamental na
entrevista de triagem, para o favorecimento do diagnóstico, prognóstico e terapêuticas adequadas para o
encaminhamento da pessoa entrevistada ao tratamento psicoterápico no PRAPS.
13
3 METODOLOGIA
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A natureza desta pesquisa é exploratória, porque proporciona maior familiaridade com o objeto de
estudo e comporta a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, a observação e o estudo de caso,
adotados para a execução desse estudo.
A sistematização de conteúdos da TCC para o estudo apresentado buscou apoio na necessidade de
organização de todos os conteúdos e não apenas dos conteúdos referentes à estratégia do Debate Socrático,
pois cabe pensar uma prática psico-social individualizada e descontextualizada de implicações
socioeconômicas.
Este ponto é importante especialmente em se tratando de buscar a atualização da prática
psicoterapêutica cognitivo-comportamental frente aos novos caminhos traçados pela sociedade
contemporânea.
Neste sentido, elaborar a pesquisa para a monografia de conclusão do Curso de Especialização em
TCC era a oportunidade esperada pela autora/pesquisadora de desenvolver seu estudo em um campo de
trabalho significativo, no intuito de oferecer às pessoas que precisam de atenção/cuidados
psicoterapêuticos, a possibilidade de acesso a este atendimento, independente de suas condições
socioeconômicas.
3.2 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E PESQUISA DOCUMENTAL
A pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental foram desenvolvidas com base nas contribuições
de diversos autores em estudos/pesquisas sobre o assunto relacionado com o objeto deste estudo, o Debate
Socrático.
Nestas circunstâncias, os dados e informações receberam um tratamento analítico, mediante
consulta aos livros/documentos publicados ou não; revistas especializadas ou não, artigos científicos, teses,
dissertações, anais de eventos, revistas, jornais e textos especializados, divulgados ou não, de acordo com
Barros e Lehfeld (2000) e Alarcon e Alarcon (2015).
Além disso, a tarefa de obter, ler, selecionar e relacionar documentos referentes ao assunto em
pauta foi facilitado pela moderna tecnologia nos sistemas de informação computadorizados que colocam
informações em todos os níveis de detalhamento, abrangência temporal e espacial ao alcance do
pesquisador, em tempo hábil, para a documentação e complementação de sua investigação (FAQUETI;
OHIRA, 2005).
14
Para realizar a coleta dos dados para as pesquisas bibliográfica e documental foram levantados os
estudos sobre o tema encontrados nas bases de dados Scielo, Lilac’s, Medline e demais documentos
eletrônicos, segundo alguns pontos pré-definidos pela pesquisadora:
a) Critérios de seleção e inclusão: documentos disponíveis abrangendo estudos sobre terapia
cognitivo-comportamental, entrevista de triagem e debate socrático; sem data definida de
publicação, mas preferencialmente aos publicados entre 2000 e 2015, em português; inglês e/ou
espanhol;
b) Critérios de exclusão: estudos abordando outras técnicas de entrevista e estratégias;
c) Descritores: debate socrático; entrevista psicológica; entrevista de triagem; questionamento
socrático; terapia cognitivo-comportamental.
Assim, foram aprofundadas as questões teóricas relacionadas à temática para o desenvolvimento do
estudo proposto.
3.3 OBSERVAÇÃO
A observação é um processo subjetivo porque é levada a termo pelos participantes das atividades,
no caso, os terapeutas ligados ao PRAPS, que trazem, intrínsecos, conhecimentos e concepções elaborados
no decorrer de suas vivências, os quais são transferidos para a situação observada (MINAYO, 2010).
Portanto, quem observa é portador de crenças, valores e experiências que, necessariamente,
interferem na interpretação da realidade observada, logo, para uma mesma realidade podem existir tantas
observações quantos forem os observadores.
A observação é uma forma importante de coleta de dados porque o pesquisador está presente, in
loco, e como diz Minayo (2010), interagindo com os sujeitos pesquisados, neste caso, com as pessoas que
buscam atendimento psicoterapêutico junto ao PRAPS visando favorecer o diagnóstico, o prognóstico e as
terapêuticas indicadas à pessoa que procura atendimento psicoterápico junto ao PRAPS.
Em atenção às condições apresentadas, é preciso considerar, nesse estudo, que a observação não se
restringe à entrevista de triagem, antes centra-se nas diversas situações que compõem o contexto da técnica
do Debate Socrático.
3.4 ESTUDO DE CASO
De acordo com Triviños (1995), o estudo de caso é o relato de experiência cujas vantagens estão na
facilidade de realização, porque o próprio profissional pode fazê-lo; no baixo custo da pesquisa, pois
depende apenas do relato dos dados observados; na facilidade da observação, pois pode focar elementos
pouco conhecidos na etiologia e evolução de doenças; na aferição dos resultados, pois permite o
15
acompanhamento e/ou observação intensos da experiência clínica possibilitando a investigação de um
fenômeno atual em um contexto específico da vida real.
Por isso a escolha do estudo de caso como estratégia de pesquisa visto que a clínica social é o
espaço da ação científica deste estudo, partindo da perspectiva de análise de condições e possibilidades,
vantagens e dificuldades visando à avaliação de sua contribuição para a recuperação psico-social de
pessoas que precisam assistência psicoterapêutica.
Neste caso, como referem Pereira, Godoy e Terçariol (2009, p. 422), o estudo de caso é “um
procedimento utilizado habitualmente na intervenção clínica com objetivo de compreensão e planejamento
da intervenção, destacando-se pela possibilidade de integração de diferentes técnicas e campos do
conhecimento”.
De acordo com Barbier (1985), a clínica, situando-se entre a ciência fundamental e a ciência
aplicada, torna-se um conceito chave, logo, um espaço valorizado como espaço científico evidenciando sua
mais importante característica: sensibilidade ao ambíguo, compreensão do duplo sentido, entendimento da
complexidade.
O estudo de caso normalmente implica na análise de uma unidade de trabalho (neste caso, a clínica
social) permitindo fundamentar a observação de uma cena, evento ou situação, abrindo caminho à
pesquisadora para uma análise crítica que conduz a tomada de decisões e/ou proposição de ações
transformadoras, por sua abrangência determinada pelo referencial teórico na investigação de
acontecimentos atuais, nos quais existe dificuldade para o controle de variáveis importantes (YIN, 2001;
TRIVIÑOS, 1995).
Ainda segundo Triviños (1995), o estudo de caso é, com certeza, o mais relevante dos tipos de
pesquisa qualitativa, pela variedade de técnicas de investigação, as quais podem ser combinadas em função
do propósito do estudo, ressaltada, conforme Yin (2001), a necessidade da identificação das condições da
investigação e do preparo da pesquisadora.
Deste ponto de vista, considerando o estudo de Barbier (1985), a clínica, além de uma área
específica de atuação, pode ser aceita como uma maneira de serem olhadas as situações colocadas como
objetivo da pesquisa, por permitir novas formas de atuação em um espaço específico de conhecimento no
qual se confrontam dificuldades e sucessos na busca de melhor qualidade de vida psico-social; neste caso, a
prática não significa apenas uma aplicação de teorias, mas a possibilidade de buscar novos caminhos de
teorização que possam ser direcionados no sentido de diagnóstico, prognóstico, terapêuticas, por favorecer
o encaminhamento das pessoas para a entrevista de triagem, como se quer analisar neste estudo.
3.5 ESTRUTURA DA PESQUISA
O estudo de caso oferece à pesquisadora a oportunidade de participar ativamente da resolução de
problemas e situações afins que se fazem presentes nos acompanhamentos e nas avaliações dos trabalhos
em clínica, ou seja, é o tipo de pesquisa que exige uma estreita relação entre pesquisadora e investigação.
16
3.5.1 Objeto do estudo de caso
Adoção da técnica Debate Socrático em entrevista de triagem no PRAPS.
3.5.2 Denominação da Clínica Social
PRAPS - Programa de Atendimento Psico-Social
3.5.3 Localização e divulgação
A sede do PRAPS é na Alameda Princesa Izabel n. 927, Bigorrilho, Curitiba/PR.
O espaço físico foi cedido pela Orgone Psicologia Clínica para a instalação da sala de triagem,
onde a Coordenadora realiza as triagens.
Orgone e PRAPS são entidades independentes embora ocupem o mesmo endereço, sendo o PRAPS
um dos convênios da Orgone Psicologia Clínica.
A falta de sede própria e de recursos financeiros suficientes para a divulgação nos meios de
comunicação de massa (jornais, rádios, televisão) faz da propaganda boca-a-boca o veículo mais eficaz de
comunicação (comentários de clientes/ex-clientes a amigos, vizinhos, colegas, familiares, profissionais da
saúde) quanto à qualidade e assertividade dos serviços prestados.
Hoje, a divulgação à população em geral é realizada pela Coordenadora do PRAPS com a
distribuição direta de folders ou em entrevistas veiculadas pelos meios de comunicação comunitários
(jornais e rádios comunitários,...).
17
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Debate Socrático, como técnica para e entrevista de triagem, mostra um caminho que permite
explorar ideias a fundo. As capacidades cognitivas complexas estão presentes no decorrer do período
durante o qual a pessoa entrevistada pensa e analisa cada questão proposta elaborando seu conteúdo
confrontando suas próprias ideias aliadas às ideias das pessoas que constituem seu ambiente. Com certeza,
estas perguntas também requerem do entrevistador habilidade e determinação, pois podem constituir uma
abordagem totalmente nova para ambos.
Silva (2014, p.167), em seu estudo sobre TCC, relata que o modelo psicoterápico baseado em
evidências tem como fundamento esta terapia porque ela reúne a teoria da personalidade e a teoria da
psicopatologia e tem por fundamento os conhecimentos técnicos dos princípios básicos da terapia-cognitiva
das pesquisas comportamentais na área clínica.
Para Tavares (2005, p.8), a expressão terapia cognitivo-comportamental é usada para designar essa
reunião de terapias constituindo outro modelo psicoterapêutico no qual o profissional atuante
(psicoterapeuta) analisa o quanto os pensamentos, os sentimentos e/ou os comportamentos resultantes de
uma situação estimulante caracterizam o relacionamento entre pessoas e meio ambiente. Enfim, esclarece
ainda Tavares (2005, p.8), a expressão é a designação de um modelo psicoterápico e não um protocolo de
tratamento.
Para Knapp e Beck (2008, p.255), a TCC é “uma psicoterapia breve, estruturada, orientada para o
presente, para a solução de problemas e modificação de comportamentos e pensamentos disfuncionais”.
Já Beck e Alford (2000) entendem a TCC como uma teoria sólida e concisa que precisa ter como
sustentação um roteiro para a ativação de estratégias de adaptação, possibilitando uma interação no
conteúdo cognitivo e atentando para as distorções que a podem tornar vulnerável enquanto Rangé (2011,
p.35), a entende como uma prática de ajuda psicológica cuja base está constituída por uma ciência e uma
filosofia do comportamento que se caracteriza pela adesão a um empirismo e a uma metodologia
experimental que atuam como suporte do conhecimento e por uma atitude pragmática no que diz respeito
aos problemas psicológicos.
Entende-se, aceitando-se as considerações tecidas, que a TCC busca identificar pensamentos
distorcidos, sua concretização na realidade e a sua correção visando à mudança de crenças disfuncionais
que se encontram subjacentes a este tipo de pensamentos, em seu contexto cognitivo e utiliza dos princípios
de aprendizagem, estabelecidos experimentalmente, para enfraquecer e eliminar comportamentos
inapropriados e mal adaptativos, inerentes ao contexto comportamental.
Em síntese, a TCC segue premissas básicas, essenciais para a sua aplicação prática, as quais, vale
reforçar, pressupõem a existência de um roteiro para sua utilização: conhecer e especificar o problema;
criar soluções viáveis; avaliar o resultado destas soluções; adotar uma solução e coloca-la em prática;
analisar os resultados; rever as premissas para estabelecer as mudanças necessárias e aplicá-las nas diversas
situações, oferecendo uma forma estruturada de lidar com o problema, quadro que se aplica plenamente ao
18
objetivo deste estudo, a começar pela entrevista psicológica, a primeira etapa do roteiro cognitivo-
comportamental.
Anote-se que, praticamente até o século XIX, predominava o modelo médico na entrevista1
psicológica: Kraepelin a usava para detalhar o comportamento do paciente visando identificar as síndromes
e as doenças; Meyer tinha interesse no enfoque psicobiológico, visando identificar os aspectos biológicos,
históricos, psicológicos e sociais do entrevistado; Hartman e Anna Freud deslocaram o interesse da
entrevista para as defesas psicológicas do entrevistado (SILVA, 2011).
Em meados do século XX, entre tantos estudiosos da TCC destacam-se Deutsch e Murphy, que
desviaram o foco do comportamento psicopatológico para o comportamento dinâmico; Sullivan, que
concebeu a entrevista como um fenômeno sociológico de reciprocidade; Carl Rogers, que centrou a
abordagem no paciente (SILVA, 2011).
A entrevista psicológica é “um campo de trabalho no qual se investiga a conduta e a personalidade
de seres humanos”; “uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a
outra se apresenta como fonte de informação”, dizem Bleger (1980, p.21) e Gil (1999, p.117),
respectivamente.
A entrevista de triagem pode ser, em algumas circunstâncias, a primeira entrevista da pessoa que
busca ajuda profissional para problemas de saúde mental.
Gilliéron (1996) reflete: a primeira entrevista oferece a possibilidade ao entrevistador de conhecer:
como a pessoa entrevistada chega para a consulta (se por si mesma, se enviada por outra pessoa ou a
conselho de outra pessoa, etc.); o tipo de relação que a pessoa entrevistada procura estabelecer; as queixas
verbalizadas/pedido de ajuda formulado, ou não.
Partindo das primeiras impressões e das expectativas criadas, ambos, entrevistador e pessoa
entrevistada, criam transferências, contratransferências e resistências mútuas ativadas ainda antes do
primeiro encontro entre eles. Se o entrevistador proporciona um clima de confiança, facilita à pessoa
entrevistada libertar seus pensamentos e sentimentos.
Ainda segundo Gilliéron (1996), ao término dessa primeira entrevista alguns pontos essenciais
devem ficar esclarecidos: horários, duração das sessões, honorários, forma de pagamento.
Do ponto de vista do objetivo da entrevista de triagem, no caso deste estudo esta pode ser
classificada como uma entrevista psicológica de encaminhamento, para a obtenção de informações que
sustentem a indicação, sempre levando em conta que, desde o seu início, é preciso esclarecer à pessoa
entrevistada que a mesma visa, apenas, indicar/confirmar a necessidade de tratamento, como este será feito
e que será conduzido por outro profissional e não pelo entrevistador, para evitar o desenvolvimento de um
vínculo entre o entrevistador e a pessoa entrevista, pois isto poderá dificultar o encaminhamento (GIL,
1999).
1 A entrevista não deve ser confundida com a consulta assistência técnica ou profissional que pode ser realizada ou
satisfeita, entre as mais diversas modalidades, através da entrevista e tampouco com a anamnese compilação de
dados preestabelecidos, que permitem fazer uma síntese, seja da situação presente, ou da história de doença e de saúde
do indivíduo.
19
Em sendo a entrevista de triagem uma entrevista inicial e semi-dirigida, é essencial postura,
atenção, tolerância e motivação do profissional para sua adequação à entrevista, ou seja, deve evitar
preconceitos pessoais e dar-lhes o devido desconto; iniciar e terminar a entrevista cordial e agradavelmente;
estabelecer um clima favorável no decorrer da entrevista, com receptividade, atenção e tranquilidade;
reforçar a ideia de sigilo e de respeito à pessoa fechando a porta da sala, por exemplo, ato que deixa
implícita a atmosfera de confidencialidade; abordagem indireta, com perguntas que requeiram respostas
narrativas e descritivas e não apenas um sim ou não; ouvir, ouvir, ouvir; manter a impessoalidade evitando
demonstrar surpresa, irritação, impaciência ou pena; dar um passo de cada vez, esgotando cada área de
interesse antes de passar para outra e, por fim, cuidar para não julgar as respostas como certas ou erradas.
É essencial na entrevista de triagem para encaminhamento à psicoterapia, que tanto a pessoa
entrevistada quanto o entrevistador possam ter clareza e conhecimento do por quê e para quê foi indicado o
tratamento psicoterápico e qual a sua real necessidade.
Estes aspectos requerem atenção, criatividade e curiosidade do profissional que a realiza, uma vez
que dará inicio a um processo de mudança por parte do futuro paciente.
Requer ainda o cuidado na observação de postura, respiração, olhares, e demais gestos corporais
que posam indicar o grau de expectativa, ansiedade, passividade, resistência ou outro demonstrado pelo
entrevistado (BOCCALANDRO, 1996).
Visando o melhor resultado na entrevista de triagem o profissional deve contar com um roteiro
devidamente pré-organizado (Ficha de Triagem, Anexo 1), para direcionar/facilitar a coleta dos dados
necessários para posterior avaliação.
A forma verbal e não verbal do entrevistador deverá ser exercida de maneira que ofereça espaço
físico e emocional para que a pessoa entrevistada sinta-se à vontade, participante e segura para expor sua
problemática, dúvidas e indagações, assim como a forma de compreender o que ela comunica em sua
linguagem corporal ou não verbal.
Para estabelecer o vínculo, necessário para o bom andamento da triagem, o profissional deve estar
qualificado para flexibilizar e validar as perguntas e respostas, a fim de construir uma aliança terapêutica.
Assim, é de sua responsabilidade criar um espaço de acolhimento ao entender, respeitar e tolerar silêncios,
choros, dificuldades nas colocações das palavras de maneira clara e objetiva, resistência em expor suas
dificuldades e/ou temores diante de alguém a quem pouco conhece (BOCCALANDRO, 1996).
A análise e o tratamento dos dados da entrevista são fatores fundamentais para a organização e
fechamento do diagnóstico clínico e diferencial sobre o problema de saúde mental da pessoa entrevistada.
Quando realizada com empatia e sensibilidade a entrevista de triagem proporciona segurança e
eficácia no encaminhamento seguro ao profissional que dará continuidade ao atendimento.
A entrevista de triagem é um momento importante e crucial em qualquer instituição, pois é na qual
se determina o melhor encaminhamento para cada caso, pois, na realidade, é quando a pessoa que busca o
atendimento fala pela primeira vez sobre o que lhe acontece.
20
O trabalho realizado na entrevista de triagem propicia uma rica experiência de contato com vários e
diversos tipos de demandas e situações clínicas em função de a vida estar repleta de fatos inesperados e não
padronizados, das mais diversas ordens, que podem ocorrer durante a triagem (BOCCALANDRO, 1996).
De modo geral, o processo de triagem compreende:
a) dados gerais;
b) queixa(s)/sintoma(s);
c) patologia;
d) histórico pessoal;
e) histórico familiar;
f) história socioeconômica e ocupacional.
Neste contexto, a técnica de entrevista definida para a realização das entrevistas de triagem foi o
Debate Socrático, indicado por excelência na TCC.
O Debate Socrático2, ou questionamento socrático, ou método socrático, ou ainda, diálogo
socrático é a técnica frequentemente empregada para a entrevista de triagem na TCC, para desafiar o modo
de pensar da pessoa entrevistada (LEAHY, 2015, p.41).
Para Beck (1997), as pessoas orientam suas vivências baseadas em uma matriz de esquemas
(estruturas mentais que filtram, interpretam e codificam a informação) próprias.
Quando em terapia, o paciente aprende a avaliar de maneira crítica os pensamentos que emergem
automaticamente, e a gerar pensamentos alternativos mais adaptativos; mantém registros com informações
sobre emoções, ações e pensamentos entre sessões e discute-os com o psicoterapeuta.
Assim, crenças subjacentes aos pensamentos automáticos são identificadas e desafiadas, tal como
as distorções cognitivas que o paciente vai aprender a rotular e corrigir.
Ainda de acordo com Beck (1997, p.67), esta “técnica terapêutica é didática, pautada por um
empirismo cooperante onde psicoterapeuta e paciente buscam evidências a favor e contra crenças que são
encaradas como hipóteses a serem verificadas” sendo adotada pela TCC com o objetivo de auxiliar as
pessoas com problemas psicoterapêuticos a reconhecerem e modificarem o pensamento desadaptativo.
Quando em terapia, o paciente aprende a avaliar de maneira crítica os pensamentos que emergem
automaticamente, e a gerar pensamentos alternativos mais adaptativos; mantém registros com informações
sobre emoções, ações e pensamentos entre sessões e discute-os com o psicoterapeuta.
Assim, crenças subjacentes aos pensamentos automáticos são identificadas e desafiadas, tal como
as distorções cognitivas que o paciente vai aprender a rotular e corrigir.
A técnica terapêutica é didática, pautada por um empirismo cooperante onde psicoterapeuta e
paciente buscam evidências a favor e contra crenças que são encaradas como hipóteses a serem
verificadas.
2 Sócrates, filósofo grego (Atenas, 469 a.C.-399 a.C.), instituiu o diálogo entre as pessoas como forma de promover o
autoconhecimento ou o questionamento consciente permitia ao aluno estudar ideias de maneira lógica para determinar
sua validade.
21
O estilo de questionamento usado na TCC tem o objetivo de ajudar os pacientes a reconhecerem e
modificarem o pensamento desadaptativo.
O questionamento socrático consiste em fazer perguntas ao paciente que estimulem a curiosidade e
o desejo de inquirir. Em vez de uma apresentação didática dos conceitos da terapia, o entrevistador tenta
fazer com que o paciente se envolva no processo de aprendizagem. Uma forma especial de questionamento
socrático é a descoberta guiada, por meio da qual o terapeuta faz uma série de perguntas indutivas para
revelar padrões disfuncionais de pensamento ou comportamento. Essas perguntas devem estimular a
curiosidade e o desejo de inquirir.
Nesta técnica, o entrevistador descarta o uso de uma apresentação didática dos conceitos
terapêuticos e procura envolver a pessoa entrevistada no processo.
Pode-se destacar, nesta técnica, uma forma especial de Debate Socrático: a descoberta guiada, na
qual o entrevistador faz uma série de perguntas indutivas para revelar padrões disfuncionais cognitivos e/ou
comportamentais.
Portanto, esta estratégia de entrevista tem por base a prática do diálogo disciplinado e consciente
porque permite à pessoa entrevistada organizar suas ideias de maneira lógica e coerente, uma maneira
eficaz de explorar profundamente essas ideias, pois a partir da pseudo-ignorância do entrevistador do que
diz respeito à pessoa entrevistada, ela permite-se falar sobre o seu problema psicoterapêutico sem
artimanhas ou artifícios.
Para Leahy (2015, p.39), o diálogo socrático extrapola o uso de questões visando a obtenção de
dados acerca de fatos e detalhes; essas questões devem ser elaboradas para estimular a pessoa entrevistada
a analisar, sintetizar e avaliar as diferentes fontes de informação no intuito de desenvolver habilidades para
solucionar problemas.
Ainda segundo Leahy (2015, p.41), o Debate Socrático sempre pede um roteiro orientador a ser
seguido na entrevista de triagem, que pode, e deve, ser adaptado às condições da entrevista, com a
introdução de novas questões e/ou propostas que possam contribuir para a mudança da pessoa entrevistada,
como na proposição apresentada a seguir:
a) visão geral acerca do seu estilo de vida atual;
b) avaliar estratégias de enfrentamento;
c) avaliar os estressores e funcionamento global;
d) traduzir queixas vagas em problemas concretos;
e) decidir sobre o tipo de enfoque a ser utilizado;
f) auxiliar o cliente a avaliar as consequências de seus comportamentos disfuncionais e possíveis
mudanças;
g) identificar cognições associadas aos problemas;
h) avaliar os significados atribuídos aos eventos.
Assim, as questões são formuladas não para o fornecimento de respostas, para o confronto, para o
debate e sim para a avaliação das suas respostas em relação ao tema, para esclarecer ou definir o problema,
22
para auxiliar na identificação de pensamentos, imagens e crenças, para examinar o significado atribuído aos
eventos e para avaliar as consequências de seus pensamentos, sentimentos e comportamentos.
Compõem o Diálogo Socrático: o questionamento sistemático, o raciocínio indutivo e as definições
universais, conforme Leahy (2015, p.42):
O questionamento sistemático envolve a formulação de questões que estimulam o pensamento
independente, como mostra o exemplo apresentado no quadro 1.
Quadro 1 – Questões que estimulam o pensamento independente
Ação Questões
Memória
Tradução
Interpretação
Aplicação
Análise
Síntese
Avaliação
Quando o problema começou?
O que isso significa para você?
O que essas duas situações difíceis tem em comum?
O que você já tentou fazer para lidar com esse problema?
O que torna essa situação pior? Ou mais fácil?
De que forma você pode encarar essa situação?
O que você espera desse relacionamento?
Fonte: Leahy, 2015.
O raciocínio indutivo “é o processo de derivar inferências e princípios gerais a partir de observações
particulares” para auxiliar a pessoa a ir além da sua experiência buscando construir uma visão mais ampla
da realidade, analisando semelhanças/diferenças entre situações para desenvolver expectativas realistas e
estratégias de enfrentamento em um nível abstrato, ou seja, estimula a pessoa entrevistada a buscar um
maior número de informações para sustentar uma informação (LEAHY, 2015, p. 43).
Como definições universais entende-se a descrição de um conceito e de suas propriedades a fim de
que ele possa ser utilizado e compreendido ainda que as circunstâncias mudem, por exemplo: o conceito de
independência, definido como ausência de controle, para um adolescente pode ser a busca de autonomia
enquanto para um adulto pode ser a decisão de mudar de estado.
Como nesse caso, ou em casos semelhantes, as definições universais procuram reduzir
ambiguidades e vieses para assegurar que a pessoa entrevistada e o entrevistador tenham o mesmo
entendimento dos conceitos discutidos, como os conceitos de agressividade, justiça, sucesso, fracasso,
beleza, por exemplo.
Por isso é essencial que o questionamento socrático seja sustentado por um roteiro básico, com
etapas bem definidas embora flexíveis, que pode ser assim apresentado:
Etapa1: planejar perguntas significativas e coerentes para direcionar o diálogo.
Etapa 2: usar o tempo de espera, isto é, deixar à pessoa entrevistada uma margem de tempo para a
resposta (pelo menos trinta segundos);
Etapa 3: acompanhar as respostas do entrevistado;
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Etapa 4: elaborar perguntas que estimule a criatividade da pessoa entrevistada;
Etapa 5: fazer um breve resumo dos pontos principais que foram discutidos;
Etapa 6: oportunidade de descobrir o conteúdo por conta própria.
O Debate Socrático envolve um tipo diferente de perguntas, de acordo com Paul (1993), citado por
Araújo, Medeiros e Santos (2011), que propôs método/taxonomia de perguntas socráticas, com 6 tipos de
questões essenciais neste debate, com exemplos mostrados no quadro 2.
Quadro 2 – Exemplos de perguntas socráticas
Perguntas Exemplos
De esclarecimento O que você quer dizer com...?
Você pode explicar de outra forma?
Em sua opinião, qual é a questão principal?
Você pode dar um exemplo?
Você pode discorrer mais sobre esse assunto?
Que exprimem uma dúvida ou
questão inicial
Por que essa questão é importante?
Essa pergunta é fácil ou difícil de responder?
Qual é a sua opinião?
Quais considerações podem fazer com base nessa pergunta?
Essa pergunta leva a outras perguntas ou questões importantes?
Sobre considerações Por que alguém faria essa consideração?
O que _______ está considerando aqui?
Em vez disso, o que poderíamos considerar? Parece que você está
considerando ______. Eu entendi corretamente o que você disse?
Sobre justificativa e prova Você tem um exemplo disso?
Por que você acha que isso é verdade?
De quais outras informações nós precisamos? Você pode explicar
seus motivos?
O que te levou a essa conclusão?
Existe motivo para duvidar da prova?
O que o levou a acreditar nisso?
Sobre ponto de vista Como outros grupos de pessoas responderiam essa pergunta? Por
quê?
Como você responderia a objeção que ______poderia fazer?
O que pensaria alguém que acredita em _____?
Existe uma alternativa?
Quais as semelhanças entre as ideias de ____ e ____? São
diferentes? Fonte: Araújo; Medeiros: Santos, 2011.
A entrevista psicológica de triagem é, na sua maioria, a primeira entrevista da pessoa que
comparece a uma clínica de TCC, logo, precisa ser um ato criativo, pois envolve o delineamento de um
possível caminho para que a pessoa entrevistada mude, ou procure mudar, o seu posicionamento futuro.
Neste contexto, nem o entrevistador e tampouco a pessoa entrevistada podem considerar a
possibilidade de reproduzir as interações que ocorrem neste momento, único e exclusivo de início de uma
relação e toda palavra, todo gesto, todo olhar devem ser considerados para a construção de um banco de
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dados significativo, em um tempo minimamente limitado, facilitando um envolvimento eficaz entre
entrevistador e entrevistado que permita, ao primeiro, reconhecer os sinais/sintomas sugestivos de
transtornos mentais/desajustamentos contidos nas queixas relatadas pelo segundo (PSICOLOGIANET,
2015).
Na verdade, este é o desafio apresentado pelas entrevistas iniciais e/ou de triagem: recolhidas as
informações críticas, formatar o rapport que valide o acolhimento oferecido à pessoa entrevistada, pois esta
primeira entrevista será o fundamento para as demais intervenções na conservação da saúde mental.
25
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo da pesquisa bibliográfica realizada para fundamentar o estudo de caso conclui-se que a
entrevista psicológica de triagem é essencial para auxiliar no trabalho de acolhimento de pessoas que
necessitam de aconselhamento/tratamento de possíveis alterações em seu estado de saúde mental,
reforçando que a primeira entrevista psicológica, é fundamental.
Também a adoção do Debate Socrático, como técnica para a entrevista de triagem, além de ser a
técnica por excelência da TCC, oferece a possibilidade de explorar a fundo a pessoa entrevistada que
procura solução para possíveis alterações de sua saúde mental sem, no entanto, desviar a amplitude do
atendimento visto que a técnica cria limites, embora flexíveis, para a atuação da entrevistadora.
O PRAPS – Programa de Atendimento Psico-Social é a primeira clínica social de Curitiba e foi
criada visando levar o atendimento psicoterápico ao maior número de pessoas, para além de suas condições
socioeconômicas, abrindo caminho para que essas pessoas também pudessem ter acesso ao tratamento de
seus problemas de saúde mental.
O uso da Ficha de Triagem, embora pareça limitar o campo de atuação da entrevistadora, ao
contrário, o amplia e permite explorar as ideias a fundo, pois as capacidades cognitivas complexas estão
presentes no decorrer do período durante o qual a pessoa entrevistada pensa e analisa cada questão
proposta, elabora seu conteúdo e o confronta com suas próprias ideias aliadas às ideias das pessoas que
constituem seu ambiente. Estas perguntas também requerem da entrevistadora habilidade e determinação,
pois podem constituir uma abordagem totalmente nova para ambos.
Assim, manter o foco do trabalho do PRAPS na entrevista de triagem no Debate Socrático,
aumenta a assertividade no encaminhamento das pessoas entrevistadas ao tratamento preciso, porque, em
sua maioria, elas chegam para a entrevista de triagem confusas, deprimidas, ou até mesmo, em pânico e,
bem por isso, sem qualquer objetividade quanto ao que querem, ou seja, às vezes pedem atendimento
individual quando na verdade precisam de atendimento para o casal, ou para a família.
Muitas vezes também precisam de medicação; ou de acompanhamento psiquiátrico/clínico; ou de
um advogado, pois está se divorciando; ou de legalização para o aborto consequente a estupro. Todas essas
orientações, indicações da comunidade, definição do que é legal ou não, que as pessoas entrevistadas
precisam para resolver seus problemas de saúde mental, são ofertadas pela Coordenadora/entrevistadora do
PRAPS.
A técnica do Debate Socrático é fundamental para o encaminhamento das perguntas, para a
reflexão das pessoas entrevistadas quanto ao entendimento do por que, para que, o que é necessário para
mudanças que vierem a ser feitas em função do tratamento psicoterápico.
Em síntese, o importante neste processo é que, depois da entrevista de triagem, a pessoa
entrevistada está pronta para a terapia, ciente do que quer, do quanto vai pagar, dos dias e horários do
tratamento, quem é o terapeuta que a atenderá, o tipo de trabalho que ele faz, suas especializações, como
ele a auxiliará, entre outras indicações.
26
Portanto, o objetivo proposto para a realização deste estudo de caso analisar a adoção da técnica do
Debate Socrático na entrevista de triagem na TCC quanto ao favorecimento do diagnóstico, prognóstico e
terapêuticas adequados para o encaminhamento da pessoa entrevistada para o tratamento psicoterapêutico
no PRAPS foi plenamente atingido respondendo ao problema levantado de como oferecer às pessoas de
menor poder aquisitivo o atendimento psicoterapêutico dentro de suas possibilidades financeiras, o pilar de
sustentação do PRAPS.
27
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28
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YIN, RK. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.
29
ANEXOS
30
ANEXO 1
FICHA DE TRIAGEM N° ________
ÓRGÃO ENCAMINHANTE ___________________________________________________________
TERAPEUTA:__________________________________________VALOR INICIAL: R$___________
1. DADOS PESSOAIS
NOME _____________________________________________________________________________
ENDEREÇO_________________________________________________________________________
TELEFONES:________________________________CELULAR________________________________
IDADE _________ ESTADO CIVIL____________RELIGIÃO__________________________________
CONSTITUIÇÃO FAMILIAR____________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
NÍVEL DE ESCOLARIDADE____________________________________________________________
2. VÍNCULO EMPREGATÍCIO
( ) CLIENTE ( ) PAI ( ) MÃE ( ) CÔNJUGUE ( ) OUTRO________________________
PROFISSÃO____________________________________________TEMPO DE ATUAÇÃO __________
EMPRESA___________________________________________________________________________
ENDEREÇO__________________________________________________________________________
TELEFONES____________________________________ CELULAR_____________________________
RENDA BRUTA______________ LÍQUIDA____________ ( ) CONTRA-CHEQUE ( ) AUTÔNOMO
OUTRASRENDAS_____________________________________________________________________
CÔNJUGE TRABALHA? ( ) NÃO ( )SIM CARGO:_______________________________________
LOCAL:_____________________________________________________________________________
3. SITUAÇÃO EM RELAÇÃO À HABITAÇÃO
( ) PRÓPRIA ( ) ALUGADA R$_____________ ( ) CEDIDA ___________________________
( ) LUZ ( ) ÁGUA ( ) TRANSPORTE ____________________________________
4. CONDIÇÕES DE SAÚDE
QUEIXA DE ORDEM FÍSICA: ( ) CLIENTE ISOLADO ( ) CASAL ( ) FAMÍLIA
QUEIXA DE ORDEM EMOCIONAL: ( ) CLIENTE ISOLADO ( ) CASAL ( ) FAMÍLIA
5. MEDICAÇÃO
TOMA ALGUMA MEDICAÇÃO? ( ) NÃO ( ) SIM
PARA QUE? _______________________________QUAL? ___________________________________
PRESCRITA POR: ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
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6. QUEM ENCAMINHOU? POR QUÊ? PARA QUÊ?
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
7. QUEIXA/SINTOMAS
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
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______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
8. PARA QUE O TRATAMENTO? O QUE ESPERA DO TERAPEUTA?
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
9. DATA DA TRIAGEM:_____________ PROFISSIONAL RESPONSÁVEL: ___________________
10. TRATAMENTO
INÍCIO DO TRATAMENTO: _______________ DATA DE DESLIGAMENTO:____________________
MOTIVO: _____________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
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ANEXO 2
Termo de Responsabilidade Autoral
Eu, Mara Cristina Moro Daldin, afirmo que o presente trabalho e suas devidas partes são de minha
autoria e que fui devidamente informado da responsabilidade autoral sobre seu conteúdo. Responsabilizo-
me pela monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Terapia
Cognitivo-Comportamental, sob o título Adoção da técnica Debate Socrático na entrevista de triagem,
isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental
(CETCC), o professor orientador e o professor coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações
atentatórias à Propriedade Intelectual por mim praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e
criminais decorrentes das ações realizadas para a confecção da monografia.
São Paulo, __________de ___________________de______.
Assinatura do (a) Aluno (a)