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PRÓ-REITORIA DE ENSINO 2014

COLETÂNEA

FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA

Ensino Presencial (1º SEMESTRE)

Ensino a Distância (MÓDULO 52)

Organizadoras

Cristina Herold Constantino

Débora Azevedo Malentachi

Colaboradoras

Aline Ferrari

Fabiana Sesmilo de Camargo Caetano

Direção Geral

Pró-Reitor Valdecir Antônio Simão

Sumário

Considerações Iniciais...................................................................................................... 04

Escrita: autoria e condições de produção............................................................................ 05

Textos Selecionados.......................................................................................................... 09

A ética ambiental e a moral.................................................................................................. 09

As tensões planetárias no limite........................................................................................... 12

Situação do maior reservatório de água de São Paulo está ainda pior............................... 14

Por que São Pedro sozinho não vai tirar São Paulo da seca.............................................. 17

Água: a escassez na abundância........................................................................................ 21

Brincando (e lucrando) com a catástrofe climática.............................................................. 22

A poluição ambiental do crime organizado – o lixo da máfia napolitana............................. 25

Investimento em energia renovável pode beneficiar economias caribenhas...................... 26

Avião solar é preparado para dar volta ao mundo............................................................... 28

Brasil acima da média no quesito gasto com sustentabilidade............................................ 29

Cidades podem abrigar mais biodiversidade do que se pensa............................................ 30

Artista cria robô que tira energia de rio contaminado........................................................... 32

Apenas 30% das cidades estabeleceram metas para diminuição de resíduos................... 33

Após incêndio, local de árvore centenária será transformado em monumento................... 34

Senado aprova MP que libera recursos para desastres naturais........................................ 35

MP amplia auxílio a agricultores atingidos por desastres naturais...................................... 36

Níveis crescentes de CO2 afetam valor nutricional dos cereais.......................................... 36

Peixe elétrico da Região Amazônica inspira criação de robôs............................................ 37

O último projeto sustentável de Jobs................................................................................... 39

O que é obsolescência programada?.................................................................................. 40

Brasil nega proposta para proibir testes em animais........................................................... 42

Entrevista: Ricardo Abramovay e a riqueza do lixo.............................................................. 44

Boliviana constrói casa de garrafas PET para famílias carentes em 20 dias....................... 48

Artista transforma lixo em casas móveis para moradores de rua......................................... 49

Livros..................................................................................................................................... 53

Documentários....................................................................................................................... 55

Música................................................................................................................................... 56

Frases................................................................................................................................... 60

Charges e Imagens............................................................................................................... 51

Considerações Finais........................................................................................................ 65

Considerações Iniciais

Quando a última árvore for cortada, o último rio envenenado, o último

peixe pescado, só então nos daremos conta de que dinheiro é coisa que não se come."

(Provérbio Indígena)

As imagens que ilustram esta página sugerem a interação do

homem com o meio ambiente. Mostram que somos parte

integrante da natureza, dos seres vivos que nela habitam,

vivem, sobrevivem... Se o meio é beneficiado por nossas

ações, somos, na verdade, os maiores beneficiados. Se o

meio sofre com as nossas ações, somos, sem dúvida,

também prejudicados...

“A natureza grita por socorro...” Como essa frase soa aos

nossos ouvidos? Quais efeitos produz em nós? Indiferença

ou interesse? Sentimo-nos parte desse problema e estamos profundamente conscientes e

preocupados acerca de sua gravidade? Ou estamos tão acomodados na zona de

conforto, estudando e trabalhando para ter ou consumir tudo ou boa parte daquilo que

necessitamos ou desejamos, de modo que tal frase não soa mais que um clichê universal,

uma ideia desgastada? Não poderíamos iniciar por outro caminho senão por este... a

reflexão.

Após a seção na qual tratamos sobre leitura e escrita, vamos explorar, primeiramente, a

questão da ética ambiental. Em seguida, os textos trazem todo tipo de notícias e

informações sobre o Meio Ambiente. Você sabe como está

o nível de água da cidade de São Paulo? Sabe o que

significa obsolescência programada e o quanto homens de

negócio lucram com as mudanças climáticas? Qual a

qualidade dos produtos que usamos como alimento em

nossas próprias casas? Em que consistem as Mudanças

Provisórias destinadas aos agricultores? Você sabia que,

por um lado, o Brasil tem investido na sustentabilidade,

mas, por outro, ainda persiste com testes em animais?

Confira também imagens, charges, músicas, frases,

vídeos, sugestões de livros, documentários e muito mais!

Que seu objetivo nesta leitura seja aprender um pouco

mais, sempre mais... Para se manter bem informado e

somar conhecimento. Também para se tornar alguém ainda mais engajado nas questões

que realmente importam e ainda mais preparado para interAGIR com o Meio Ambiente...

Que a partir dessa interAÇÃO você possa desfrutar de uma VIDA mais abundante...

Uma ótima leitura!

Organizadoras

Escrita: autoria e condições de produção

Na era dos bate-papos em sites de relacionamento, não é verdade que as gerações

tecnologicamente conectadas escrevem pouco. Escrevem, sim, e muito! Porém, é preciso

considerar que existe uma distância enorme entre a escrita de gêneros textuais típicos do mundo

virtual ou informal e a escrita de outros gêneros produzidos em contextos diferentes,

marcadamente formais.

Na esfera acadêmica, por exemplo, a escrita exerce funções

sociais diferentes e, consequentemente, exige outras

competências, outras habilidades, um planejamento específico,

uma linguagem adequada, além de outros fatores diferenciados

e pertinentes ao novo contexto de produção, bem como às

peculiaridades de cada gênero textual ali proposto.

Muitos estudantes, quando se veem diante de uma folha de papel em branco, com a incumbência

de redigir algum gênero acadêmico em especial, o desafio lhes parece gigantesco. A produção

escrita consiste em uma atividade que requer muito mais do que transpor para o papel aquilo que

pensamos a respeito de algo. Trata-se de um exercício altamente

intelectual e bem mais complexo expressar no papel o que

transmitimos por meio da oralidade, ou por meio de sites de

relacionamento. Pensamos de uma maneira, falamos de um jeito e

escrevemos de outro. Muitas ideias em mente ou habilidades

oratórias não garantem um bom desempenho na construção da

escrita. Tem muita gente com muitas ideias borbulhando no cérebro,

mas que não conseguem passá-las de modo coerente, coeso e claro

para o papel. Existem muitos oradores fazendo sucesso nos púlpitos,

mas como escritores, ainda teriam um longo caminho a percorrer.

Sendo assim, quais as condições necessárias para uma boa produção textual? E qual a

importância da autoria ou do estilo discursivo nesse processo?

Para compreender melhor o assunto, faremos uso de um texto poético cuja autoria é atribuída à

Carla Pereira. Vamos dialogar com a autora e analisar seu estilo:

A palavra não sabe o que diz!

A palavra não sabe o que diz

A palavra delira, a palavra diz qualquer coisa

A verdade é que a palavra, ela mesma, em si

própria, não diz nada

Quem diz é o acordo estabelecido entre quem fala

e quem ouve

Quando existe acordo, existe comunicação

Mas quando esse acordo se quebra

Ninguém diz mais nada

Mesmo usando as mesmas palavras

A palavra é uma roupa que a gente veste

Uns usam palavras curtas

Outros usam roupa em excesso

Existem os que jogam palavra fora

Pior os que usam e desalinham

Uns usam palavras caras

Poucos ostentam palavras raras

Tem quem nunca troca

Tem quem usa dos outros

A maioria não sabe o que veste

Alguns sabem, mas fingem que não

E tem quem nunca usa roupa certa pra ocasião

Tem os que se ajeitam bem com poucas peças

Outros se enrolam num vocabulário de muitas

Tem gente que estraga tudo que usa

E você, com quais palavras você se despe?

“A palavra não sabe o que diz” nos ensina muito sobre a dinâmica da escrita, a escolha das

palavras, o estilo discursivo dos sujeitos, e faz tudo isso por meio da criação de uma metáfora

perfeita: as palavras são as roupas com as quais nos vestimos e nos despimos. Ao final, uma

pergunta que talvez incomode, mas não deixa de ser fundamental para a nossa, sua reflexão.

Oportunamente, retomaremos a pergunta e outros versos do poema.

Além do conteúdo enriquecedor, a autora demonstra um estilo que lhe é próprio, de tal forma que

quase conseguimos vislumbrar seu rosto por trás das palavras. O mais fascinante nas produções

textuais é o quanto os autores, de modo consciente e criativo, exploram os recursos da

linguagem, e o quanto se deixam conhecer através de suas palavras. Igualmente fascinante é que

nem sempre a novidade está no que é dito pelo autor, mas no modo como diz!

Quer um exemplo bastante prático?

Conheça a história “O cego e o publicitário”,

disponível em http://www.youtube.com/watch?v=oQXzXn1sDyQ.

Nesse sentido, citamos uma das teorias mais discutidas nos últimos tempos – a teoria de Bakhtin - e ainda que nosso objetivo não seja estender tal discussão para a filosofia da linguagem, você merece degustar, ao menos, uma breve citação desse filósofo russo que grandes contribuições e tão significativo conhecimento nos deixou sobre a dinâmica e complexa relação entre a linguagem e o homem. Veja:

[...] qualquer palavra existe para o falante em três aspectos: como palavra da língua neutra

e não pertencente a ninguém; como palavra alheia dos outros, cheia de ecos de outros

enunciados; e, por último, como a minha palavra porque, uma vez que eu opero com ela em

uma situação determinada, com uma intenção discursiva determinada, ela já está

compenetrada da minha expressão. (BAKHTIN, 2003, p. 294)

A novidade está no retorno das palavras em discursos marcados por um estilo marcadamente

individual de quem escreve. Você compreende a profundidade disso? A originalidade está no

modo como escrevemos. Digo isto porque queremos encorajá-lo. Seja você mesmo, em sua

totalidade, em tudo o que escrever. Mostre-se! Dialogue consigo mesmo no processo de

construção da escrita. Quanto mais profundo o seu diálogo interior no processo de escrita (e

reescritas), mais o leitor ouvirá a sua voz nos textos

que você produz!

Explore todos os recursos linguísticos possíveis e

disponíveis na linguagem. Faça-o de modo coerente,

adequando sua escrita às circunstâncias e contextos da

produção. Sempre que escrever, tenha em mente para

quem você escreve. Seu interlocutor é a razão de ser de sua escrita.

[...] o novo não está no que é dito, mas

no acontecimento de seu retorno.

(Foucault)

Atenção para este conselho e mais algumas dicas: estude a linguagem,

valorize a originalidade e não copie os bons escritores. Use-os apenas como

referenciais que o ajudarão a desenvolver seu próprio estilo discursivo.

Infelizmente, muitos alunos recorrem ao plágio como um caminho mais fácil

para dar conta de suas obrigações acadêmicas... É lamentável, sobretudo,

porque além de constituir-se falta de ética e crime previsto em lei, esse ato

serve somente para atrasar ou, até mesmo, impedir o sujeito de crescer,

aprender e aprimorar habilidades fundamentais para o seu sucesso dentro e fora da academia.

Qualquer pessoa, desde que haja vontade e empenho, pode se tornar um ótimo produtor de

textos!

Vamos estudar agora AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À PRODUÇÃO TEXTUAL e retomaremos

versos do poema, “A palavra não sabe o que diz!”, para exemplificar algumas delas:

Com respaldo em Geraldi (1997), a construção da escrita é resultado, consequência ou produto

final de uma série de atividades realizadas a partir de algumas condições que, na perspectiva do

autor, são fundamentais para a produção de um texto. Vamos conferir algumas delas:

a) “Se tenha o que dizer”

A palavra não sabe o que diz

A palavra delira, a palavra diz qualquer coisa

A verdade é que a palavra, ela mesma, em si própria, não diz nada

Quem se põe a escrever precisa ter o que dizer e saber como fazê-lo. Caso contrário, a palavra

dirá tudo, menos o que o autor pretendeu dizer. É mesmo verdade que a palavra, por si mesma,

“diz qualquer coisa” ou “não diz nada”. O locutor (quem escreve) precisa de conteúdo e, de posse

desse conteúdo, precisa manusear muito bem as palavras, empregar adequadamente os sinais de

pontuação, formar frases coesas, períodos claros, parágrafos coerentes, unir todas as partes

formando uma só unidade. Se não tiver o que dizer, não adianta disfarçar ou, como dizem,

“encher linguiça”. Certamente preencherá as linhas com ideias bastante vagas e previsíveis, cairá

em redundâncias, fará seu texto circular em torno de si mesmo, não apresentará expansão textual

e, consequentemente, será avaliado como desinteressante pelo interlocutor (quem lê).

b) “Se tenha uma razão para dizer o que se tem a dizer

A maioria não sabe o que veste

Se não houver, ao menos, uma razão para a escrita, é grande a possibilidade de o autor encontrar

grandes dificuldades para decidir, afinal, com quais palavras vestirá seu texto. É preciso que haja

uma razão de fato motivadora para a escrita e que a intenção não seja simplesmente cumprir uma

tarefa para receber nota, mas, sim, atribuir ao seu texto uma função social, dizer para dizer-se, ou

seja, mostrar-se ao outro e, ao mesmo tempo, agir sobre ele.

c) “Se tenha para quem dizer o que se tem a dizer”

Quem diz é o acordo estabelecido entre quem fala e quem ouve

Quando existe acordo, existe comunicação

Ou seja, dizer-se para alguém, planejar a escrita de seu texto para interlocutores específicos,

adequando-o de modo a atingir seu destinatário.

d) “O locutor se constitua como tal, enquanto sujeito que diz o que diz para quem diz”.

Tem quem usa dos outros

Nunca copiar o discurso alheio. Isso é fundamental, e também uma questão de ética. O sujeito

que reconhece o real valor de sua palavra analisa as palavras do outros, passando-as pelo crivo

de seus questionamentos e reflexões. Depois de um tempo, transforma velhos dizeres em

palavras novas. Um discurso peculiar, que traz a sua imagem refletida nas palavras que escreve.

Assim, coloca-se como sujeito responsável por aquilo que redige, constitui-se autor e demonstra

sua autoria nos textos que produz. Em síntese... Seu texto é sua identidade... Ou ao menos

deveria ser... Praticar a escrita é necessário não apenas para aprender a atribuir clareza às suas

ideias, mas expressá-las de tal forma que suas palavras traduzam VOCÊ. Nesse sentido, vale

retomar a pergunta ao final do poema: “E você, com quais palavras você se despe?”.

Bibliografia

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal.4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. GERALDI, J.W. Portos de passagem. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

Os Superpoderes da Leitura

O maior fenômeno da atual literatura para jovens, o americano

John Green domina a difícil arte de se comunicar com quem vive

on-line. Cerca de dois milhões de jovens brasileiros já se

encantaram com os livros dele. Ler ficção cria bons estudantes,

melhora a capacidade de relacionamento e ativa os lugares

certos do cérebro. É uma matéria interessante que a Revista

Veja publicou em sua edição de 14 de maio de 2014.

Em 2012, John Green lançou o seu grande best-seller

chamado "A Culpa é das

Estrelas". Trata-se de

uma ficção em que o

autor escreve e fala a

linguagem dos jovens, o que passa na cabeça deles. E os

personagens em geral são nerds.

Em junho deste ano, teremos o lançamento do filme "A

Culpa é das Estrelas" no Brasil e nos Estados Unidos.

Disponível em: http://pingoserespingos.blogspot.com.br/2014/05/os-superpoderes-da-leitura.html

Acesso em: 22 mai 2014. Adaptado.

Textos Selecionados

O artigo a seguir é um convite para nossas reflexões iniciais... Vamos explorar o

significado da ética ambiental, do antropocentrismo, do biocentrismo e, sobretudo, olhar

para a relação do homem com a natureza... Vamos pensar nos valores em evidência na

sociedade, também, nos valores que realmente importam... Pensar sobre a ética capaz de

nos fazer ouvir o grito do meio ambiente, tirando-nos da zona de conforto para perceber a

necessidade do outro... Pensar sobre o que compete a mim e a você neste grande

desafio que consiste na valorização do ser, na preservação do meio ambiente e, por

extensão, da VIDA...

A ética ambiental e a moral

Conceitos como progresso, civilização, bem estar, prosperidade, trazem ideias positivas a respeito da trajetória humana e, carregadas de otimismo, trazem também uma noção de caminho a ser seguido, rota inevitável. Contudo, basta apenas um exame mais atento destes conceitos, partindo-se de outra perspectiva - como, por exemplo, a da exploração utilitária da natureza - para que se

compreenda o quanto a certeza da evolução positiva pode ser relativizada. A ética ambiental proporciona uma análise crítica das condutas e concepções humanas sobre a natureza; ela questiona a aventura do progresso moderno sustentado sobre uma noção de recursos naturais ilimitados, na qual se encontra uma natureza carente

de direitos e sem força para gerar deveres. [...]

Fundamentar as normas que regulem, a partir de valores imperativos morais, a conduta do

homem com a natureza é tarefa a ser assumida pela ética ambiental. A reflexão moral

representa uma forma de promover a sensibilidade ecológica, expandida em uma ética filosófica da natureza, mediante fundamentação racional de normas de conduta (Regan, 1981, p.19-34). A racionalidade dos resultados, conforme denominou Weber, constitui-se como uma das origens do problema ecológico. Isso por que, nessa lógica, a razão humana se desvincula de toda uma racionalidade de valores. Em outras palavras, a natureza passa a ser considerada pelo valor de mercado e não mais por qualquer valor moral (Hösle, 1998).

Segundo Kant, as condutas do homem para com a natureza têm sua essência na moral, a escolha entre o que se pode fazer (que é técnica) e o que se deve fazer é uma questão de ética (Kant, 2001). A racionalidade baseada na produção de riqueza apenas condiciona a uma perda do referencial de valor moral que vê a natureza não como fonte de produção. Nesse sentido, percebe-se a total conexão entre a racionalidade científica e a destruição de certos valores morais. É como se a objetivação da vida proporcionada pelos avanços da ciência ocasionassem um processo de substituição do mundo natural por uma estrutura artificial de conhecimentos formais (Husserl, 2002).

A tendência seria, portanto, uma arbitrariedade de condutas nas quais a exploração da natureza mostra a perversa racionalidade que respeita apenas os valores econômicos e tecnológicos. Esta situação foi anunciada por Habermas como um momento em que a técnica e a economia, elevadas a ideologias, não apenas teriam se diferenciado da razão moral, mas também ignorado esta como princípio legitimador de condutas (Habermas, 1994).

O valor moral, que conduz à ética, refere-se a decisões racionais que em outros tempos, como na idade média, por exemplo, vinculavam-se a instâncias metafísicas, religiosas e que, na modernidade se basearam em categorias científicas. Atualmente, as novas formas dessa razão, como a ecologia, ainda estão à espera de uma revalidação - somente atribuível pelo homem – que promova a ponderação das possibilidades e limites da sua razão sobre o uso e manejo da natureza. Isso por que é o homem quem revalida, ou não, as razões ecológicas e científicas (Gomez-Heras, 1997, p.17-90).

O problema, portanto, ainda recai sobre a questão da ética; sobre o que é o ético. A ética ambiental seria um novo paradigma construído sob suporte das ciências naturais, biologia,

ecologia, geologia, etc. Contudo, consagrar essa ética propõe a identificação da relação de dependência entre homem e natureza, deslocando-se aquele da função

de explorador. Uma ética ambiental pressupõe rechaçar a noção da ética antropocentrista, conduzindo à assunção de que além de agente criador, o homem é também paciente e que há instâncias que transcendem seu poder e controle. A ética ambiental, portanto, admite a relação de dependência para com a natureza, relação que até pouco tempo atrás se baseava no paradigma da dominação.

Essa mudança de paradigma requer do ser humano uma reconsideração quanto ao seu posto em relação à natureza. É essa a exigência que a ética ambiental requer. Essa pergunta pode (e deve) ser feita à miscelânea de novas práticas que estão sendo realizadas em prol da proteção do meio ambiente, como por exemplo, compra e venda de créditos de carbono. Em que posição estaria o homem em relação à natureza nesse caso? Há interesses além dos comerciais especulativos? A partir de respostas a questões como estas, seria possível concluir sobre que tipo de ética ambiental está sendo aplicada ao caso (se é que há um tipo de ética aplicada).

A ética ambiental, portanto, se fundamenta na existência de valores ecológicos, sem os quais dificilmente poderia ser legitimada como conduta racional. Refere-se à natureza como um todo, englobando toda a comunidade biótica, em cujo equilíbrio se fundamenta o fundamento da ética. A ética do meio ambiente reconhece nos seres vivos um valor de dignidade, de respeito aos valores da natureza enquanto bens em si mesmos. Esses valores existiriam independentemente da necessidade e do interesse da espécie humana (Callicott, 1979, p.71-81; 1984, p.299-309).

Contudo, os valores que os bens naturais possuem – ou seja, seus valores intrínsecos -, são valores independentes da qualificação feita por algum ser humano? Seriam independentes do uso da razão, da liberdade, da responsabilidade daquele que os qualifica? Onde se situa o fundamento dessa validade moral? Têm algum valor moral os não humanos? Colocando de outra forma, seria correto falar de interesses e até mesmo de deveres em relação aos não humanos?

A ética ambiental surge de questões como estas, provenientes de casos de resolução complexa, nos quais o marco teórico antropocêntrico – o qual havia sido definido desde a época moderna - não mais é capaz de proporcionar respostas satisfatórias (Vieja, 1997, p.188-127). O que pretende a moral do meio ambiente é formar uma nova consciência ambiental que limite a conduta humana em situações de risco para qualquer espécie. É a partir dessa perspectiva que se pode afirmar que a tradicional ética não é mais eficaz, tendo em vista os novos e mais complexos problemas ambientais.

Nesse contexto, a ânsia de proteção da natureza fez surgir pretensões fortes de ação, como a

ecologia profunda (deep ecology), baseada em um sistema de princípios no qual as obrigações para com vidas não humanas derivam de uma mudança radical de perspectiva (em relação à antropocêntrica), reconhecendo necessidades, desejos, propósitos e interesses nos seres humanos. A humanidade se sente

responsável pelos seres ao seu redor, estendendo os princípios, as obrigações e os valores mais além do homocentrismo (Vieja, 1997, p.188-127).

Assim, outra forma de ética proposta é a biocêntrica. Essa noção considera que a vida é valor maior e deve ser sempre priorizada em quaisquer situações. Tudo que é vida na natureza, portanto deve ser priorizado. Contudo, deve haver uma

hierarquia de valoração para casos complexos que apresentem conflitos de valores. Nesse sentido, entende-se que a capacidade de dar valor as coisas é exclusiva do ser humano, ou seja, está nas decisões humanas a valoração intrínseca do que será priorizado. Há, sem dúvida, nessa perspectiva, um elemento antropocêntrico inevitável, que é parte substantiva da ética.

Em realidade, as críticas à ética antropocentrista prevalecente na modernidade, se empenham em enfatizar que o reducionismo da natureza à mera provedora de recursos ignorou qualquer noção protecionista do meio ambiente. A crise ambiental, portanto, introduziu uma nova responsabilidade ao ser humano, induzindo-o a repensar a ética. O princípio da preservação, portanto, constitui-se substancialmente na ética ambiental. Trata-se de um instrumento que torna possível optar eticamente pela conduta correta dentre um rol de opções fornecidas pela ciência (Rolston.III, 1988).

Ao considerar que os valores da natureza se distribuem homogeneamente no ecossistema, o princípio da preservação fornece uma lógica de preservação (Callicott, 1979, p.71-81). A tese básica consiste em admitir que a conduta humana afeta de fato o meio ambiente em que atua. A ética ambiental, portanto, se concentra na atenção a tais relações de interação entre homem e meio ambiente, avaliando-as como boas ou más. O princípio da preservação, nesse contexto, é o referencial básico da avaliação ética, fundamentando, tanto o biocentrismo quanto a ecologia profunda.

Atualmente, o crescente interesse por energias renováveis, reciclagem, reelaboração da biomassa, indicam que há uma preocupação clara em relação ao problema ecológico. A discussão, contudo, se centra hoje em saber se realmente essas novas tendências denotam uma nova fase da sociedade ou não. Seria essa mais uma etapa do “inevitável” progresso, no qual a racionalidade moderna estaria ainda preso? Ou se trata de fase de inovação, de nova racionalidade que pretende vincular o desenvolvimento à natureza pela simples constatação de que o homem está dependente dela?

A crise ambiental, portanto, gera críticas ao desenvolvimentismo e seus limites. Fato é que o sistema vigente de produção de bens de consumo necessita ser analisado de forma crítica, a partir de valores superiores ao mero consumismo. Espera-se a superação da noção de que o ser humano deve produzir eficientemente e consumir vorazmente, vez que nesse binômio, segundo Kant, a dignidade pessoal e autônoma de ser humano é perdida (Kant, 2001).

Percebe-se uma urgência em se vincular a racionalidade técnico-científica a uma racionalidade ética, não apenas por ser uma dimensão essencial da ação humana, mas também por ser a natureza em si um valor e um sujeito de valores. Não se trata de retrocesso, e sim de progresso necessário na racionalização da sociedade. As práticas cientificam não podem ser constituídas sem que estejam incluídas numa lógica ética.

Por fim, tanto na ecologia profunda, quanto no biocentrismo e no antropocentrismo, ética ambiental se propõe a formar uma consciência ambiental mais atenta às formas de ação humana em relação à natureza e, possibilitar com que essa conscientização seja capaz de limitar condutas agressoras. Ainda mais além, se propõe a libertar o ser humano de regras de condutas estabelecidas por concepções que o prendem a uma lógica de produção e consumo. Pretende,

dessa forma, uma liberdade de escolha ética, que baseada numa consciência preservacionista, permita avaliar condutas a partir das informações fornecidas pela ciência. Essa lógica vale para cada indivíduo, em qualquer parte, assim como para as grandes corporações, produtores de tecnologia e impactos ambientais.

Portanto, não se trata de cessar o progresso ou de estacar os avanços tecnológicos. O que a ética ambiental se propõe é alertar que uma visão acrítica desses fenômenos pode ser fatal ao futuro da humanidade. Não existe,

portanto, no caminho para o progresso, condutas ou decisões inevitáveis. A ética permite que se avalie criticamente o meio em que se vive e a forma como as decisões são tomadas.

Autores: Anatercia Rovani - Doutoranda em Direito na Universidade de Milão - Itália e Renato Treves International Ph. D. Programme in Law and Society. Mestre em Direito pelo Instituto Internacional de Sociologia Jurídica, Oñati, Universidade do País Basco, Espanha. Graduação em Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Advogada especialista em Direito Público (ESMAFE-RS). Artigo e referências bibliográficas disponíveis em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8050 Acesso em: 23 mai 2014. Adaptado e grifos das organizadoras.

Vídeo

Ética e Ecologia: desafios do século XXI

Leonardo Boff, com simpliciade e, ao mesmo tempo, profundidade, trata sobre os quatro princípios que constituem o conteúdo básico da ética: o cuidado essencial, o respeito, a responsabilidade e a solidariedade universal.

Excelente conteúdo. Confira!

https://www.youtube.com/watch?v=6YFTh2yEPlk

Não há limites para as realizações humanas... Avanços tecnológicos gigantescos e descobertas científicas extraordinárias comprovam isso... Entretanto, ainda que ocupe a posição de dominador, o homem caminha em corda bamba num habitat que vive ou sobrevive sob a tensão da crise ambiental concorrendo com a crise financeira... Se não há limites, não há proteção, muito menos bom senso... É possível realizar sem destruir? Avançar sem regredir? Quais as possíveis soluções? Políticas públicas? Mudança de mente? Vamos ler e pensar...

As tensões planetárias no limite Ladislau Dowbor*

Estamos atingindo limites em vários planos. Para já, somos muitos: 7 bilhões de

habitantes, 80 milhões a mais a cada ano, e todos querendo consumir mais. E se não quiserem, aí está publicidade para moldá-los, desde crianças, em máquinas de consumo obsessivo.

Uma imagem ajuda: quando nasceu o meu pai, em 1900, éramos 1,5 bilhão. E o meu pai, em termos históricos, é ontem. O meu pai usava a sua força física. Eu uso, com o meu carro, diversos

aparelhos e combustíveis, 150 vezes mais fortes. Tornamo-nos muito poderosos. Mas o planeta não mudou de tamanho. Não é questão de otimismo, pessimismo ou catastrofismo, e sim, de bom senso. Temos de aprender a nos limitar, a usar de maneira inteligente o que temos.

Muitos já se encontram limitados no consumo pela simples tragédia social acumulada. O Banco Mundial apresenta os The Next 4 Billion, os quatro bilhões que segundo a expressão elegante “não têm acesso aos benefícios da globalização”, ou seja, são pobres. Nestes, cerca de 2 bilhões vivem com menos de 2 dólares ao dia, um bilhão com menos de 1,25 dólares, 850 milhões passam fome – dos quais 180 milhões são crianças, das quais por sua vez morrem de 10 a 11 milhões por ano de causas ridículas, mas sobretudo, pela fragilidade que a fome gera.

No plano social, nosso sistema é explosivo. Uns se congratulam com o

copo meio cheio, mas para efeitos de direcionamento das nossas políticas públicas e privadas, precisamos focar o copo meio vazio. Enfrentar de maneira propositiva o que é absurdo e inaceitável.

Eduardo Matias (autor da obra ilustrada ao lado) vai direto às causas, ao analisar “as duas grandes crises que afligem a humanidade: a ambiental, que será nosso foco principal, e a financeira, que merece ser abordada não apenas porque o contexto econômico dela resultante prejudica o combate aos problemas socioambientais, mas também porque, na raiz tanto de uma quanto da outra, estão o mesmo tipo de mentalidade e os mesmos incentivos equivocados” .

O problema da mentalidade é um problema sem dúvida de todos nós, mas o dos “incentivos equivocados” é sistêmico, e se trata aqui das regras do jogo, das instituições que nos regem, dos pactos sociais que herdamos.

Em outras palavras, é o processo decisório de como utilizamos nossos recursos que está no centro do debate. A culpabilização é fácil, e sempre haverá dedos a apontar os responsáveis, a canalizar raivas. Mas a busca de processos decisórios que façam a sociedade funcionar de maneira sustentável exige a compreensão de mecanismos e deformações.

O nosso problema não é de recursos, e sim de políticas públicas, responsabilidades corporativas e novos pactos sociais que este pequeno planeta precisa construir. Uma conta simples ajuda a compreender o desafio: com

7 bilhões de habitantes e 70 trilhões de dólares de bens e serviços produzidos anualmente no planeta, uma distribuição razoável asseguraria basicamente 7 mil reais por mês por família de 4 pessoas. Podemos todos viver de maneira digna e confortável.

Nesta linha, Matias apresenta, através da sistematização abrangente das diversas dimensões da sustentabilidade, as responsabilidades tanto das empresas, como do Estado, ONGs, mídia e organizações multilaterais. No caso dos bens comuns, por exemplo, que estão sendo rapidamente dilapidados no planeta, busca os mecanismos de gestão correspondentes: “Os bens comuns não se administram sozinhos. Eles demandam regras sociais e instituições. Então, que tipo de regras poderia levar os bens comuns a serem preservados?”

Ao resgatar o papel dos diversos atores sociais, e das articulações necessárias – enfoque que perpassa todo o trabalho – o autor busca mostrar “o quanto o compartilhamento de poder e as normas comumente acordadas seriam a chave para o sucesso da governança da sustentabilidade.”

Fugindo da crítica demasiado fácil ao Estado, Matias ressalta a importância dos atores não

estatais na governança ambiental global: “Essa categoria inclui as ONGs, que sempre tiveram um papel de reivindicar mais governança ambiental e têm funções importantes de geração de agendas e conhecimento e de monitoramento. Abrange, também, a academia e a mídia, que podem influenciar a maneira como a governança ambiental global é concebida e implementada. Inclui, por

fim, as empresas, cujo envolvimento e apoio são cada vez mais necessários para se governar globalmente. E há, ainda, a opinião pública, que pressiona e pode ditar o comportamento dos demais atores.”

Particular atenção é dada às corporações, que hoje se agigantaram a ponto de manejarem mais recursos do que a maioria dos Estados, sem a responsabilização correspondente. “O mais comum é que as empresas se ponham na defensiva e se recusem a agir de forma transparente ao constatar estar causando algum dano. É uma pena que seja assim, principalmente porque a revolução tecnológica facilitou o diálogo e a formação de parcerias com os stakeholders”.

O autor vê como necessária uma revisão do processo decisório nas corporações: “A sustentabilidade não é uma tarefa secundária que poderia ser relegada ao departamento de relações públicas ou de responsabilidade social. O dever de implementar a agenda do triple-bottom-line é da direção da empresa, de seu conselho de administração”.

Voltamos aqui ao conceito tão importante dos “incentivos equivocados”, hoje muito estudados no planeta, nesta revisão das regras do jogo que temos pela frente. Que espaço têm os administradores de uma empresa, quando os acionistas são grandes investidores institucionais que impõem a ferro e fogo a maximização da rentabilidade e o foco no curto prazo?

A temática é muito atual, e foi o centro do debate no Fórum das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos. Nas palavras de Joseph Stiglitz, “algumas corporações assumiram a visão de que não é sua tarefa determinar o que é certo ou errado; isto é responsabilidade do governo. O seu papel é de maximizar os lucros, no quadro das leis e regulamentações. Mas há certa ambiguidade (desingenuousness) nesta posição. Pois muitas empresas têm assumido papel ativo na definição de leis e regulamentações. Com demasiada frequência, promoveram leis e regulamentações que deram pouco espaço aos direitos dos trabalhadores e dos consumidores e à proteção do meio ambiente.”

O foco nas corporações é inevitável. Matias lembra que “as vendas conjuntas das duzentas maiores empresas do mundo são maiores do que a soma da produção de todos os países, com exceção dos dez mais ricos”, e que “a Shell emite mais CO2 do que a Arábia Saudita, a Amoco mais do que o Canadá, a Mobil mais do que a Austrália e a BP, Exxon e Texaco mais do que a

França, Espanha e Holanda. Metade das emissões de gases causadores do aquecimento global é gerada por empresas transnacionais”. A verdade é que as mesmas empresas que geram o problema terão de ser parte da resposta.

O trabalho de Eduardo Matias é muito útil, reforçando estudos semelhantes que temos encontrado com José Eli da Veiga, Ricardo Abramovay, Liszt Benjamim Vieira e outros. Com numerosas sistematizações e pesquisas científicas, estamos adquirindo matéria prima, em termos de conhecimentos organizados, para ir expandindo uma tomada de consciência mais ampla da dimensão das mudanças que se impõe.

Mas ainda estamos muito longe de um nível de compreensão suficientemente enraizado na sociedade para que as coisas comecem realmente a acontecer. A mídia teria aqui um papel muito mais importante a desempenhar. Para o cotidiano das pessoas, o curto prazo é muito mais confortável. Ver as nuvens no horizonte é muito menos.

O perigo das ameaças sistêmicas é que exigem a ação articulada de atores sociais que preferem falar mal uns dos outros. E o perigo dos problemas que se materializam inexoravelmente, mas no longo prazo, é que constituem catástrofes em câmara lenta. E as respostas, em câmara mais lenta ainda.

As janelas do tempo estão se fechando. E não se trata de ameaças acadêmicas: trata-se da nossa sobrevivência. Lamentavelmente, este livro, uma bela

leitura, traz um título que é perfeitamente realista.

*Ladislau Dowbor é formado em economia política pela Universidade de Lausanne; Doutor em Ciências Econômicas pela Escola de Planejamento e Estatística de Varsóvia. Atualmente é professor no departamento de pós-graduação da PUC-SP.

Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/a-humanidade-contra-as-cordas/ Acesso em: 22 mai 2014. Adaptado e grifos das organizadoras.

“Catástrofes em câmera lenta... respostas em câmera mais lenta ainda... as janelas do

tempo estão se fechando...” O texto acima é duro. Pior é constatar que não se trata de

drama, teatro ou algo distante da minha, sua realidade... As discussões sobre a possível

falta de água potável no planeta, por exemplo, parecia um fato distante da realidade

brasileira, já que o país possui uma das maiores reservas de água do mundo... Porém, há

pouco tempo o Brasil foi alertado sobre a falta de água na cidade de São Paulo e,

consequentemente, no estado. A notícia assustou os brasileiros... O que parecia distante

tornou-se próximo...

Situação do maior reservatório de água de São Paulo está ainda pior

Na terça (29), o Sistema Cantareira chegou a apenas 10,9% da capacidade. Companhia de fornecimento

diz que é a primeira vez que atinge essa marca.

Natália Ariede São Paulo, SP

É crítica a situação do maior reservatório de água de São Paulo. Nesta terça-feira (29) mais uma vez bateu recorde negativo. O Sistema Cantareira é responsável por 47% do abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a maior do país. Atende quase dez milhões de moradores de 13 cidades.

O sistema é formado por seis represas, localizadas em diferentes níveis e interligadas por 48 km de túneis – o que ajuda na distribuição da água por gravidade. Mas, com a falta de chuva, desde janeiro, os níveis do reservatório só vêm caindo.

Na terça-feira (29), o Cantareira chegou a apenas 10,9% de sua capacidade. De acordo com a Sabesp, esta é a primeira vez na história que o sistema atinge esta marca. No ano passado, por exemplo, esse índice era de 63% e, há quatro anos, o reservatório estava praticamente cheio.

Essa situação tem reflexo direto no Rio Piracicaba, um dos principais do interior do estado, que é abastecido pelo Sistema Cantareira. A vazão do rio é a menor dos últimos 30 anos. Em seis dias, caiu mais de 40%.

Segundo o Departamento de Águas e Energia Elétrica, atualmente a vazão do Rio Piracicaba corresponde a apenas um quinto do normal para o mês de abril. O cenário hoje está bem diferente de quando o rio ficava cheio, como é possível ver em uma imagem de arquivo.

O secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, disse que o governo vai construir dois reservatórios em cidades próximas ao Rio Piracicaba. Mas isso ainda deve levar pelo menos três anos pra ficar pronto.

A curto prazo, a medida mais efetiva em relação ao Sistema Cantareira é a economia que a população está fazendo. O incentivo para isso é o desconto de 30% na conta de quem reduz o consumo em 20%. Segundo o secretário, em abril, 81% dos moradores gastaram menos água.

Agora, esse bônus vai valer também em outras nove cidades fora da Região Metropolitana de São Paulo e que também usam água do Cantareira. Tudo para evitar o racionamento.

"Eu diria que, se as coisas continuarem como a gente vem fazendo, tendo ganhos e obras que estão sendo feitas, a gente vai conseguir. Todo o esforço está sendo feito no sentido de preservar a água. E para que essa água seja usada racionalmente", declara o secretário Mauro Arce.

O secretário também confirmou que, a partir de 15 de maio, a captação de água no Sistema Cantareira deve aumentar 20%. É que vai começar a ser usada água que fica no fundo do reservatório, conhecido como volume morto. A chuva também ajudaria, mas não há previsão para essa semana. Por isso, o jeito agora é economizar.

Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2014/04/situacao-do-maior-reservatorio-de-agua-de-sao-paulo-esta-ainda-pior.html Acesso em: 22 mai 2014.

A situação é séria, exige ações políticas realmente pontuais e enquanto a população

espera por soluções, é inevitável a tendência do homem em procurar um culpado...

Talvez não exista um, mas, sim, alguns... O contribuinte coloca a culpa no governo que,

por sua vez, devolve ao contribuinte a responsabilidade do desperdício de água e, por

consequência, da falta dela... Não podemos nos esquecer que todos nós usufruímos da

água, portanto somos todos corresponsáveis. E nesse jogo do empurra-empurra,

sobreveio a apelação para todos os santos... ou melhor... para São Pedro... Qual a melhor

estratégia para se resolver esse problema? Quais ações do poder público já estão em

processo?

Por que São Pedro sozinho não vai tirar São Paulo da seca Com o passar dos dias e a intensificação da estiagem histórica na Cantareira, fica cada vez mais cristalino que tem algo fora do eixo na gestão da água do Estado de São Paulo

É fato que São Pedro não tem sido lá muito amigo dos paulistas nestes primeiros meses de 2014. Desde dezembro, o Estado de São Paulo vive sua pior estiagem em mais de 80 anos. Agora, acender vela para que o apóstolo abra as portas do céu e faça a água cair sobre as represas sedentas não é a solução mais racional.

Aqui em terra, a preservação e proteção desse recurso é responsabilidade de todos, mas sua correta gestão recai, principalmente, sobre o poder público.

Caprichos da natureza não são suficientes para justificar que o Estado com o maior PIB do país e lar de 10% da população brasileira esteja à beira de um colapso d´água.

Com o passar das semanas e o aprofundamento do drama da Cantareira, que atingiu seu pior nível ontem, de 12,5%, fica cada vez mais cristalino que tem alguma coisa errada na gestão da água paulista.

A suspeita é reforçada pela recente admissão pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) de que existe, sim, risco de ocorrer rodízio de água, caso os níveis dos reservatórios da companhia no Estado de São Paulo não sejam reestabelecidos.

Essa informação não consta em algum relatório recente feito na esteira da crise paulista, mas no relatório de sustentabilidade de 2013 da empresa divulgado esta semana.

Até aí tudo bem, não fosse pelo fato da afirmação ir de encontro à negativa repetida a exaustão ao longo das últimas semanas pelo governo de Geraldo Alckmin de que "São Paulo não terá racionamento de água".

Solo ressecado é visto na represa de Jaguary, em Bragança Paulista

Afinal, quem tem razão?

Faz pelo menos quatro anos que o Estado de São Paulo está a par dos riscos de desabastecimento de água na Região Metropolitana.

Em dezembro de 2009, o relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP, não só alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira como sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água. O estudo afirmava que o sistema da Cantareira tinha "déficits de grande magnitude". Entre as recomendações feitas pelo relatório estavam a instauração de processos de monitoramento de chuvas e vazões do reservatório e implementação de postos pluviométricos.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o promotor Rodrigo Sanches Garcia, do Grupo Especial de Defesa do Meio Ambiente, afirmou que a Sabesp já tinha conhecimento sobre a necessidade de melhorias há mais tempo.

"Na outorga de 2004, uma das condicionantes era que a Sabesp tivesse um plano de diminuição de dependência do Cantareira. O grande problema foi a demora de planejamento", contou.

Investigação O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vai instaurar, ainda nesta semana, um inquérito civil ara esclarecer a crise no Sistema Cantareira.

Além de considerar a falta de chuvas sobre as bacias hidrográficas que alimentam a Cantareira nos primeiros meses do ano, o inquérito vai apurar informações sobre a possibilidade de erros de gestão da Sabesp.

À frente do inquérito está o 1º Promotor de Justiça do Meio Ambiente da capital, José Eduardo Ismael Lutti.

Referência em matéria de direito ambiental, o promotor já fez críticas públicas à possíveis falhas dos órgãos competentes pelo abastecimento de água e ao próprio governo Alckmin.

"Temos o pior sistema de gestão de recursos hídricos que se pode imaginar", afirmou durante evento em São Paulo, em março, numa crítica direta a possíveis intervenções políticas.

"Político não serve para ser gestor onde o conhecimento técnico tem que imperar. Nosso sistema de abastecimento está no limite há no mínimo quatro anos, e o que foi feito para evitar o colapso?", questionou.

Segundo Lutti, a recusa por parte do governo em falar em racionamento tem conotações políticas claras, já que estamos em pleno ano eleitoral.

Ações de emergência

Com a crise instalada, entraram em cena algumas medidas de emergência na tentativa de amenizar o problema.

De saída, a Sabesp ofereceu desconto de até 30% na conta para quem economizasse água. Com a adesão popular e controle dos desperdícios, a medida já economizou volume suficiente para abastecer uma cidade do tamanho de Curitiba.

Outra medida, essa menos popular por várias razões, foi a tentativa de provocar chuva artificial, um processo chamado de semeadura de nuvens, ao custo de R$ 4,5 milhões.

Especialistas em meteorologia olham com reservas a técnica, que é alvo de controvérsias, por sua eficácia e possíveis efeitos indesejados no meio ambiente.

Já que não chove nas represas, a investida mais radical será recorrer a obras para retirada do chamado volume morto, um reservatório que está abaixo do nível alcançado hoje pelo sistema de captação. Mas mesmo essa água extra tem limite, dá para garantir líquido extra na torneira por cerca de quatro meses.

Outra alternativa, que depende menos do estado e mais da disposição dos vizinhos, é a proposta de construir um canal para retirar água da bacia do Rio Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro. É polêmica. Para especialistas da área, retirar água do Paraíba do Sul pode antecipar um colapso de abastecimento para o povo fluminense.

Agora que a crise já está instalada, começam a sair do papel projetos antigos que podem proteger a cidade de futuros colapsos.

É o caso da construção de um novo reservatório de água, em Ibiúna, fruto de parceria público-privada, prevista para ser concluída em 2018.

A natureza fala, mas quem escuta?

Todas essas ações tomadas quando a crise já está instalada mostram que a solução vai muito além da boa vontade de São Pedro.

A natureza fala e os sinais são claros. Mas estamos dando a devida atenção? O colapso do sistema da Cantareira é uma tragédia anunciada há tempos.

Verões mais intensos e com padrões de chuvas alterados são sinais de mudanças no padrão climático. O verão de 2014 foi o mais quente de São Paulo em 71 anos.

Além dos termômetros em alta recorde, o verão também trouxe tempo seco sem precedente e a falta de chuva, que levaram as principais represas à situação de estresse hídrico.

Não há estudo que mostre a relação direta entre o aquecimento do planeta e as altas temperaturas registradas por aqui.

No entanto, com a tendência de aquecimento dos últimos anos, verificados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPPC), os extremos climáticos tornam-se mais comuns. Escolhas

Em agosto de 2014, a outorga do Sistema Cantareira deverá ser renovada. Na ocasião, o governo paulista vai alterar dispositivos, ao menos é isso que se espera. Vai decidir quanto de água o sistema poderá prover por dia, que regiões serão abastecidas, e com que prioridade.

"Se a decisão for baseada em critérios técnicos, a vazão total deveria ser reduzida", escreveu o biólogo Fernando Reinach, em coluna no jornal Estado de S. Paulo.

"No futuro, teremos mais anos com pouca chuva e mais anos com um grande excesso de chuvas. Para garantir o suprimento de água nos anos secos, os reservatórios deveriam ser administrados com uma folga maior. Menos água pode ser retirada, e os níveis médios devem ser mantidos mais altos", diz.

Em carta, publicada no site da Agência Nacional de Águas, a Sabesp pede a renovação da outorga do sistema Cantareira.

O documento de 43 páginas não menciona a redução da captação de água, apenas reitera que um estudo para diminuir a dependência do sistema Cantareira será apresentado, dentro de 30 dias após contrato firmado.

Caberá ao governo decidir quanto de água poderá sair.

Se seguir o pensamento técnico e determinar a redução da captação diária, não sobrará outra alternativa à Sabesp ou outras empresas candidatas que não implementar de imediato novas soluções. Se tudo permanecer do jeito que está, só vai restar acender vela para São Pedro, mesmo.

Disponível em: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/por-que-sao-pedro-sozinho-nao-vai-tirar-sao-paulo-da-seca Acesso em: 22 mai 2014.

Nos textos anteriores, a evidência da escassez de água sugere a necessidade do uso

moderado e adequado desta fonte. A seguir, deparamo-nos com o dilema do crescimento

na economia e as interferências no aumento da utilização da água em processos

industriais. Assim, quanto mais cresce a economia, mais demanda por água e, por

extensão, maiores as probabilidades de advir sobre o nosso planeta problemas ainda

mais sérios...

Água: a escassez na abundância

Hoje, 40% da população do planeta já sofre as consequências da falta de água. Além do aumento da sede

no mundo, a falta de recursos hídricos tem graves implicações econômicas e políticas para as nações

Mariana Segala Guia Exame Sustentabilidade

A água é o recurso natural mais abundante do planeta. De maneira quase onipresente, ela está no dia a dia dos 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta. Além de matar a sede, a água está nos alimentos, nas roupas, nos carros e na revista que está nas suas mãos — se você está lendo a reportagem em seu tablet, saiba também que muita água foi usada na fabricação do aparelho. Mas o recurso mais fundamental para a sobrevivência dos seres humanos enfrenta uma crise de abastecimento. Estima-se que cerca de 40% da população global viva hoje sob a situação de estresse hídrico. Essas pessoas habitam regiões onde a oferta anual é inferior a 1 700 metros cúbicos de água por habitante, limite mínimo considerado seguro pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nesse caso, a falta de água é frequente — e, para piorar, a perspectiva para o futuro é de maior escassez. De acordo com estimativas do Instituto Internacional de Pesquisa de Política Alimentar, com sede em Washington, até 2050 um total de 4,8 bilhões de pessoas estará em situação de estresse hídrico. Além de problemas para o consumo humano, esse cenário, caso se confirme, colocará em xeque safras agrícolas e a produção industrial, uma vez que a água e o crescimento econômico caminham juntos. A seca que atingiu os Estados Unidos no último verão — a mais severa e mais longa dos últimos 25 anos — é uma espécie de prévia disso. A falta de chuvas engoliu 0,2 ponto do crescimento da economia americana no segundo trimestre deste ano.

A diminuição da água no mundo é constante e, muitas vezes, silenciosa. Seus ruídos tendem a ser percebidos apenas quando é tarde para agir. Das dez bacias hidrográficas mais densamente povoadas do mundo, grupo que compreende os arredores de rios como o indiano Ganges e o chinês Yang-tsé, cinco já são exploradas acima dos níveis considerados sustentáveis. Se nada mudar nas próximas décadas, cerca de 45% de toda a riqueza global será produzida em regiões sujeitas ao estresse hídrico. "Esse cenário terá impacto nas decisões de investimento e nos

custos operacionais das empresas, afetando a competitividade das regiões", afirma um estudo da Veolia, empresa francesa de soluções ambientais.

Em muitos países em desenvolvimento e pobres, a situação é mais dramática. Falta acesso a água potável e saneamento para a esmagadora maioria dos cidadãos. Só o tempo perdido por uma pessoa para conseguir água de mínima qualidade pode chegar a 2 horas por dia em várias partes da África. Pela maior suscetibilidade a doenças, como a diarreia, quem vive nessas condições costuma ser menos produtivo. Essas mazelas já são assustadoras do ponto de vista social, mas elas têm implicações igualmente graves para a economia. Um estudo desenvolvido na escola de negócios Cass Business School, ligada à City University, de Londres, indica que um aumento de 10% no número de pessoas com acesso a água potável nos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) conseguiria elevar o crescimento do PIB per capita do bloco cerca de 1,6% ao ano. "O avanço econômico depende da disponibilidade de níveis elevados de água potável", aponta Josephine Fodgen, autora da pesquisa. "Embora não se debata muito o tema, o mundo pode sofrer uma crise de crescimento provocada pela escassez de água nas próximas décadas."

Mais renda liquida

Desde a década de 90, a extração de água para consumo nos centros urbanos do Brasil aumentou 25%, percentual que é o dobro do avanço do PIB per capita dos brasileiros no mesmo período. Quanto maior é a renda de uma pessoa, mais ela tende a consumir e maior é seu gasto de água. Isso é o que se convencionou chamar de pegada hídrica, a medida da quantidade de água utilizada na fabricação de tudo o que a humanidade consome — de alimentos a roupas. O conceito e os cálculos desenvolvidos na Universidade de Twente, na Holanda, permitem visualizar em números o impacto até mesmo da mudança da dieta dos povos que enriqueceram rapidamente. "Uma enorme quantidade de água é gasta hoje para que o mundo consuma mais carne", explica Ruth Mathews, diretora executiva da Water Footprint Network, rede de pesquisadores que estudam o tema.

Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/populacao-falta-agua-recursos-

hidricos-graves-problemas-economicos-politicos-723513.shtml Acesso em: 22 mai 2014.

Desde as reflexões iniciais, pensamos o homem na sua posição de dominador. Posição

ilusória, pois, na realidade, ocupa o lugar de fantoche de suas próprias ambições. Seja

como for, está disposto a lucrar até mesmo com as catástrofes... Os produtos naturais

extraídos das florestas são crescentes e ganham públicos cada vez maiores.

Estranhamente, tal crescimento atinge o auge do lucro com as catástrofes climáticas. Em

meio às catástrofes, no mundo dos negócios já existe best seller...

Brincando (e lucrando) com a catástrofe climática Bary Olson, do Common Dreams

Uma manchete recente da Agência Bloomberg alerta: “Lucre com o Aquecimento Global ou fique para trás” Em seu novo livro, Windfall [“Sorte Grande”, ou “Vento a Favor”, em tradução livre] (Nova York, Penguim, 2014), o jornalista veterano Mckenzie Funk relata como viajou pelo mundo por seis anos, para traçar o perfil das “centenas de pessoas que perceberam que a mudança climática iria enriquecê-las”.

Numa pesquisa à parte, Funk realça que “em Wall Street, já não há mais um grande número de pessoas que neguem a mudança climática”. Quase sempre indiferentes às causas do fenômeno, seus entrevistados tomaram a decisão de não investir em tecnologias limpas, por verem em tal gesto perda de dinheiro. Em vez disso, “quanto mais aquecido o mundo, quanto menos habitável ele se tornar, mais forte o vento a favor”…

Em 2008, a Shell desenvolveu dois cenários sofisticados de riscos relacionados ao clima. Denominou-os Blueprints [“Perspectivas”] e Scramble [“Escalada Acidentada”]. O primeiro projetava um futuro mais limpo, ao passo que o segundo previa – devido a paralisia dos governos – um futuro de secas, inundações, ondas de calor e supertempestades. Por volta de 2012, os executivos da empresa confidenciaram a Funk: “Entramos no cenário scramble. É este o tipo de mundo em que viveremos. É ele que nos orienta”. Outro executivo da Shell afirmou: “Serei um dos que brindará a chegada de um verão sem fim no Alaska”…

A mensagem do autor é que, no curto prazo, haverá vencedores e perdedores definitivos, porque a catástrofe ecológica “não é, necessariamente, uma catástrofe financeira pra todos”. E enquanto os leitores deste site poderão evitar, por algum tempo, as piores consequências do aquecimento global, um bilhão de outros seres humanos não serão poupados.

Neste período de transição, a frase “uma maré em alta levanta todos os barcos” será mais que uma metáfora:

Muitas pessoas veem a água como uma necessidade e um direito humano básico. Mas os consultores de investimentos e seus bem-aventurados clientes enxergam o recurso como “ouro azul”, ou “o petróleo do novo século”, cujo valor como ativo irá superar todas as outras commodities físicas. O dinheiro está correndo para o “hidrocomércio”, inclusive para os fundos financeiros que negociam “direitos sobre a água” e “ativos de água”.

A Arcadis, uma empresa holandesa de engenharia que oferece proteção contra enchentes afirma que seu faturamento cresceu 26% em 2013. Por 8 bilhões de dólares, eles prometem murar Manhattam de um furacão como o Sandy.

Os bombeiros privados da seguradora AIG estão a postos para proteger as propriedades dos ricos, nos subúrbios de Los Angeles com novíssimas tecnologias. Enquanto isso, os cidadãos menos abonados verão suas casas reduzidas a cinzas.

Barney Schaulbe, executivo da Nephia, um enorme fundo de hedge, está convencido de que “um clima mais volátil provoca mais riscos e mais apetites para proteção contra os ricos”. Daí vem, ele explica, a introdução de algo chamado “derivativos do clima”.

Um investidor com base em Londres está colocando dinheiro em propriedades rurais na Rússia e em redes globais de supermercado porque as ecas, incêndios, desertificação e enchentes relacionadas à mudança climática irão afetar negativamente as colheitas. E, como diz outro analista, “as pessoas sempre estarão dispostas a pagar para comer”.

Um gerente de fundos, interessado em empresas de seguros, disse a Funk, confiante, que as enchentes causadas pela mudança climática tornarão este tipo de proteção mais caro. Por isso, “a estação de furacões é, de fato, algo muito positivo”.

Embora o fato não seja mencionado no livro, o senador norte-americano James Inhofe, do Partido Republicano, quer direcionar ainda mais dinheiro para Wall Street, por meio de “contas de socorro a desastres”. Por meio delas, famílias ricas poderão receber até 5 mil dólares de redução de impostos, para investir na mitigação eventos climáticos extremos. Ampliando os limites de sua audácia política, Inhofe escreveu há pouco O grande boato, um livro segundo o qual o aquecimento global é uma conspiração gigante, criada para estimular as regulações estatais.

Um mundo mais aquecido significa a expansão de doenças como a dengue, para além das zonas tropicais. A solução? A empresa britânica Oxitec prevê que um remédio patenteado, para conter a doença transmitida pelo mosquito, é uma máquina segura de fazer dinheiro.

A elevação do nível dos mares faz de Bangladesh uma espécie de “marco zero” para a mudança climática. A resposta da Índica é uma barrira elétrica de 3300 quilômetros, a “cerca da vergonha”, erguida para impedir que cerca de 25 milhões de refugiados climáticos de Bangladesh cruzem a fronteira, quando um quinto de seu país ficar sob as águas.

Prevejo que Centros de Finanças Ambientais, de nível acadêmico, revejam o enforque atual, ligado à proteção ambiental, para posicionar vantajosamente estudantes dispostos a enxergar as vantagens da crescente crise ecológica. Curiosamente, Funk procura não julgar as pessoas que entrevista. Prefere vê-las como gente de bem, “em sintonia com seu próprio sistema de crenças”, que agem para preservar seu autointeresse. Ele concede: “Não podemos esperar que o

capitalismo reveja nada disso”. Mas afirma que “não há nada de fundamentalmente errado em tirar proveito do desastre” e lamenta que os leitores possam, de modo injusto, transformar os homens de negócio em vilões.

Num sentido estrito, ele está correto. A responsabilidade essencial é do sistema e de sua lógica interna fatalmente fracassada. Qualquer executivo-chefe que introduzisse em suas decisões considerações sobre justiça climática seria rapidamente substituído por alguém mais em sintonia

com a pressão para produzir sempre por menos. Num artigo anterior, caracterizei muitos dos que estão verdadeiramente preocupados como o futuro do planeta como “negacionistas do capitalismo”. Eles ainda não estão dispostos a perceber que a responsabilidade pela degradação ambiental repousa em nosso sistema de crescimento e lucro a qualquer custo. Os defensores do sistema existem

dentro e fora dos Estados e nunca serão a solução.

Todos os outros podemos chegar às conclusões óbvias e agir de acordo com elas, dentro da limitada e frágil janela de tempo que ainda existe.

* Tradução: Antonio Martins

Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/brincando-e-lucrando-com-a-catastrofe-climatica/ Acesso em: 22 abr 2014. Grifos das organizadoras.

Por falar em homens de negócios que, sob a perspectiva de alguns, transformam-se em

vilões, o que dizer então do crime ambiental, do descarte irregular do lixo tóxico? É fato

que o crescimento econômico produz muito lixo que não tem destino adequado em vários

países. O descarte ilegal avança como resultado de leis não efetivas, existentes apenas

no papel. As consequências disso tudo caem sobre a população. Consequências

gravíssimas que colocam em risco a vida das pessoas, inclusive crianças...

A poluição ambiental do crime organizado - o lixo da máfia napolitana Está na hora do Brasil acordar para o domínio do crime organizado sobre o descarte de lixo, prática acobertada por servidores Antonio Fernando Pinheiro Pedro

O Triângulo da Morte

Agentes da Divisão Investigativa Antimáfia e autoridades do sistema de controle ambiental de Nápoles prospectaram o norte da província em busca de barris de lixo tóxico enterrados na região.

Dois membros da organização criminosa Camorra, presos e convertidos a informantes, apontaram locais de descarte clandestino de resíduos tóxicos, numa área conhecida como Triângulo da Morte. A região ganhara o apelido por conta do número significativo de casos de câncer na população.

A agência ambiental italiana estima que 10 milhões de toneladas de lixo tóxico foram ilegalmente enterradas desde o começo dos anos 90, gerando bilhões de dólares de lucro para a Máfia. Estes resíduos contaminaram o solo e a água.

Legislação eficaz faz toda a diferença

Todas as ações, por incrível que possa parecer, foram amplamente documentadas. No entanto, a disparidade de normas ambientais italianas não permitia um combate mais eficaz ao fenômeno, o que só se tornou possível com a consolidação da legislação no ano de 2006, entrando em vigor o Código Ambiental que sistematizou procedimentos e competências entre as autoridades locais e nacionais.

A máfia napolitana domina tradicionalmente o negócio do lixo em Nápoles e, de há muito, vem enfrentando sucessivos governos que intentam moralizar a coleta e a disposição final de resíduos na região.

Greves de coletores e catadores, patrocinadas pela Camorra, já fizeram a região se afogar em lixo, várias vezes, sendo a última, no ano de 2013, decisiva para a implantação de sistema adequado à normativa europeia de destinação adequada dos resíduos, com instalação de aterro sanitário concessionado pelo governo e consequente desativação dos lixões controlados pela máfia. O fato é que a recente modernização das leis ambientais italianas abriu uma nova frente de combate contra a máfia, atingindo-a no coração de sua estrutura de lavagem de dinheiro e conexão com a Administração Pública: o lixo.

Graças a essa interação de normas, foi possível usar o sistema de barganha penal para gerar criminosos “arrependidos” que contribuíram decisivamente na geração de provas e indícios de um horrendo crime ambiental – sensibilizando o sistema de justiça italiano para a profunda correlação entre o negócio da poluição e a criminalidade organizada no país.

A tragédia humana e ambiental

O “Triângulo da Morte” concentrava o descarte de lixo administrado pela máfia, e sua gravidade tornou-se evidente com a queima de resíduos, que deu à região outro apelido, “Terra dos Incêndios”.

“O ambiente aqui está envenenado”, disse o cardiologista Alfredo Mazza, que detectou um crescimento alarmante da ocorrência de câncer na região já num estudo de 2004, publicado no Lancet. “É impossível limpar tudo. A área é muito vasta. Estamos vivendo em cima de uma bomba”.

Em recente matéria, o site Planeta Sustentável relata que um grupo de mães italianas protestou no início de 2014, em frente ao palácio do governo em Roma, pela morte de suas crianças. Um padre da região de Nápoles, Maurizio Patriciello, as acompanhou na manifestação. Elas viajaram para a capital como representantes de cerca de 150 mil mães que enviaram ao presidente italiano cartões postais com as fotos de crianças atingidas pelo câncer, na espera de que o governo dê um fim aos crimes ambientais cometidos em sua região há décadas.

A cultura mafiosa, que já gerava bailes funkies na região de Nápoles, foi definitivamente abalada por conta de uma causa realmente cara à juventude e à população em geral, a defesa da saúde e do ambiente. Cai assim, a máscara “social” do crime organizado napolitano, que deixa de ser um benemérito lixeiro da sociedade italiana para revelar-se um monstro poluidor e homicida, responsável pela deterioração do meio ambiente e da saúde de milhares de inocentes pelas próximas gerações.

Nos EUA, os Lucchese de Nova York – New Jersey, dominavam os aterros até que o combate ao crime organizado nos EUA, a partir dos anos 60, levou a família (o que sobrou dela) a migrar suas atividades clandestinas para uma estrutura legalizada e ambientalmente correta – uma moralização propiciada, em especial, por conta da interação entre forças policiais, receita e fiscalização ambiental.

Na Colômbia, a partir de Bogotá, o grande trabalho de moralização começou justamente com o saneamento do meio, se estabelecendo o fechamento dos lixões dominados pelo cartel do tráfico de drogas, substituídos por aterros devidamente concessionados à iniciativa privada, sob controle de agência do governo.

Está na hora do Brasil acordar para o fenômeno, pois é evidente o domínio dos pontos de descarte clandestino de lixo, bota-foras de construção civil e descarte irregular de lixo tóxico por agentes do crime organizado acobertados por funcionários públicos corruptos. Hora da Polícia Federal Brasileira, IBAMA e Receita Federal se inspirarem no que acontece hoje na Itália.

A diferença é que, no nosso caso, LEGISLAÇÃO NÃO FALTA. No Brasil, até o presente momento, tirante o regime das grandes concessões e alguns heróis empreendedores lícitos, nesse ramo de coleta e destinação de resíduos, a parte mais limpa do negócio, infelizmente, ainda é o lixo.

Disponível em:

http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/colunas/68968/a+poluicao+ambiental+do+crime+organizado+-

+o+lixo+da+mafia+napolitana.shtml Acesso em: 22 abr 2014.

Felizmente existem muitas iniciativas empenhadas em preservar, renovar e inovar...

Ações que caminham juntas a favor do desenvolvimento sadio da economia. O texto a

seguir mostra que estudos sustentáveis são realizados com o objetivo de encontrar

soluções adequadas para o crescimento das ilhas caribenhas, preocupadas em manter

tanto o capital humano quanto o ambiental. Confira!

Investimento em energia renovável pode beneficiar economias caribenhas Marcela Belchior

Caracterizados internacionalmente por uma crescente dívida externa, altos custos de energia e

desigualdade social, os países caribenhos também são alguns dos principais Estados que fazem

uso de energias renováveis. Para estudar sobre os esforços dessas nações por construir novas

economias, uma análise intitulada “Transição para uma economia verde: economia política de

enfoques nos pequenos Estados” (Transitioning to a green economy: political economy of

approaches in small States) será lançada em maio deste ano.

O estudo se constitui de 216 páginas de análise de oito países da região e já foi distribuído pela

Comunidade de Nações (Commonweahth), com 53 membros, durante a 3ª Conferência Bienal

Global de Pequenos Estados, realizada nos últimos dias 25 e 26 de março, em Castries, capital do

Estado caribenho Santa Lúcia. Em entrevista à agência Envolverde, um dos autores do trabalho,

David Smith, coordenador do Instituto para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade das

Índias Ocidentais, diz acreditar que o Caribe e Estados Insulares deveriam ser financiados por

proporcionarem serviços ambientais.

“O que é útil sobre esse estudo é que, mais do que fazermos dentro de

nossas fronteiras para buscar soluções, podemos considerar as de outros

povos, ou inclusive seus erros, e aprender com eles para nossas próprias

dificuldades”, destacou Smith. O especialista afirma que os países estudados revelam que a

grande dependência de energia importada e seus custos são fatores que limitam o crescimento.

Sendo assim, uma aposta nas fontes renováveis beneficiaria inclusive outros

setores da economia. “Dentro de nossas limitações temos que tratar de mudar. Devemos

garantir maior autossuficiência energética e maior diversidade de fontes”, acrescentou.

O primeiro-ministro de Granada, Kieth Mitchell, diz pretender que o país se converta em “centro de

excelência” em economia limpa e verde, suplantando o monopólio da eletricidade e o alto custo da

importação de combustíveis fósseis. Para isso, o Estado trabalha com sócios em energia solar,

eólica e geotérmica. “Exortamos a comunidade internacional a liberar os tão prometidos recursos

para ajudar países pequenos como Granada a agirem mais rápido na mitigação de riscos de

desastres”, enfatiza.

Já a Universidade da Guiana, no último mês, anunciou um programa no valor de US$ 840 mil,

destinado a gerar tecnologias aplicadas a energias renováveis, em associação com a

Universidade Anton de Kom, do Suriname, e com a Universidade Católica de Lovaina, da Bélgica.

A pretensão é melhorar a capacidade das universidades da Guiana e do Suriname para

oferecerem programas e cursos sobre tecnologias associadas às energias renováveis.

Nesse contexto, David Smith defende que o Banco Mundial permita aos países caribenhos acesso

a financiamento em condições favoráveis enquanto seus índices de desenvolvimento humano não

chegarem a 0,8 ponto. “Queremos procurar energia renovável e a baixo custo.

Queremos assegurar que o capital humano e também o ambiental se

mantenham”, ressalta. O ministro das Finanças da Guiana, Ashni Singh, também sugeriu que

as nações caribenhas cobrem por serviços ambientais e pelo uso de suas praias, além de

explorarem formas inovadoras de cancelar suas dívidas.

Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/investimento-em-energia-renovavel-pode-

beneficiar-economias-caribenhas/ Acesso em: 22 abr 2014. Grifos das organizadoras.

Ideias, soluções, inovações e, nesse ritmo, o futuro fica cada vez mais próximo! A energia

solar poderá ser utilizada em aviões e diminuir os impactos ambientais causados pelos

modelos convencionais. O que parecia ser apenas ficção científica tornar-se-á real em

2015!

Avião solar é preparado para dar volta ao mundo

Após o Solar Impulse, avião movido somente a energia solar, quebrar oito recordes mundiais e ser o primeiro avião solar a viajar entre dois continentes durante a noite, a empresa suíça prepara voos ainda mais altos. Com o Solar Impulse 2 recém-lançado, o objetivo agora é dar a volta ao mundo.

A missão é liderada pelos pilotos Bertrand Piccard e André Borchberg, que irão revezar a direção da aeronave. A equipe planeja fazer dez voos, alguns deles durando até cinco dias consecutivos. Toda a missão deve levar cinco meses, iniciando em março de 2015.

O Golfo Pérsico centralizará a equipe de apoio e será a base para os voos, as outras localizações de paradas ainda não estão definidas, pois a equipe ainda aguarda o apoio das cidades e aeroportos.

O Solar Impulse 2 possui 72 metros de envergadura, maior que um Boeing 747, por exemplo. Além disso, ele é coberto por 17.248 células solares de silício monocristalino, que possuem apenas 135 mícrons de espessura. Toda a energia solar captada será armazenada em baterias e lítio, para abastecer o avião durante as noites. A aeronave possui quatro motores e a velocidade mínima é de 35 km/h. Em momento algum será utilizado combustível extra, somente o sol deverá prover a energia necessária para a missão.

Os dois pilotos viajarão juntos, esse é um dos desafios. Pois, eles terão que se manter em uma cabine muito pequena por muito tempo. O único espaço disponível para eles serão os assentos multiuso, que funcionam como poltrona reclinável e banheiro. Este assento especial também permite que os pilotos realizem alguns exercícios físicos.

Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/aviao-solar-e-preparado-para-dar-volta-ao-mundo/

Acesso em: 21 abr 2014.

Sonhando com o futuro, mas com os pés fincados no presente. A seguir, a pesquisa

aponta o brasileiro interessado na sustentabilidade. Isso é muito bom... Os números são

surpreendentes... Entretanto, é importante assumir o compromisso no cotidiano, não

apenas nos bastidores de uma entrevista. Os dados demonstram uma preocupação com

o planeta, mas não podemos ficar apenas na ideologia...

Brasil acima da média no quesito gasto com sustentabilidade Roberta Romão, do Consumidor Consciente

Os brasileiros estão preocupados com o meio ambiente e pagariam mais caro por produtos sustentáveis. Esta é uma das conclusões do estudo global “O que motiva os consumidores do

mundo” que tem como base a pesquisa Target Group Index, desenvolvida pela Kantar Media e difundida pelo Ibope Media no Brasil e na América Latina.

Segundo a pesquisa, 69% dos brasileiros afirmam que pagariam mais por um produto ambientalmente amigável, ficando atrás apenas da República Dominicana (83%), Equador (74%) e China (71%). Percentuais bem acima da média mundial que é de 45%.

A partir do levantamento regular do TGIndex, mais de 20 mil pessoas foram entrevistas em nove regiões metropolitanas do país e, para esse estudo especial, mais de 800 mil pessoas no mundo.

Dados do passado

Em 2012 o Ibope apresentou uma pesquisa que dizia que 52% dos brasileiros estavam dispostos a pagar mais caro por produtos sustentáveis, e 94% afirmaram se preocupar com algum tipo de questão ambiental.

No ano seguinte o número aumentou para 70%, e 61% disseram que mudariam seu estilo de vida para beneficiar o planeta.

Fonte: Assessoria de Imprensa e Portais UOL Notícias e Planeta Sustentável.

Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/brasil-acima-da-media-no-quesito-gasto-com-

sustentabilidade/ Acesso em: 22 abr 2014.

A migração do campo para a cidade promoveu o desmatamento em favor do progresso. A

boa notícia, entretanto, é que a conexão com a natureza também é possível nas cidades!

Prova disso está nas pesquisas e estudos que anunciam: a biodiversidade está presente

nos centros urbanos. Além de várias espécies existirem nesses locais, elas podem ser

mantidas por meio de projetos cada vez mais crescentes nas cidades ao redor do mundo.

Cidades podem abrigar mais biodiversidade do que se pensa Jéssica Lipinski, do Instituto CarbonoBrasil

Nos últimos séculos, o ser humano se tornou cada vez mais urbano, e esse processo tem tido um impacto inegável sobre a natureza: o desenvolvimento de cidades repletas de concreto, asfalto e indústrias poluentes causou grandes perdas à biodiversidade, sobretudo no entorno de grandes congregações populacionais. Mas um novo estudo afirma que um número relativamente alto de

espécies continua a sobreviver nas cidades, e mais ainda podem se desenvolver se houver esforços de conservação de áreas verdes urbanas.

A pesquisa indica que, ao contrário do que se pensa, os centros urbanos não são locais ‘inférteis’ para a biodiversidade. No total, foram analisadas 147 cidades – em 54

foram avaliadas espécies de aves e, em 110, de vegetais – e descobriu-se que, em média, 8% das espécies de aves e 25% das espécies de plantas das regiões examinadas sobrevivem à urbanização do local.

O estudo, publicado pelos periódicos Proceedings B e Nature, aponta também que, enquanto algumas espécies, como pombos e a gramínea Poa annua, são encontradas em várias cidades, a maioria das espécies ‘urbanas’ reflete a herança da biodiversidade de determinada região geográfica. Isso significa que uma porcentagem das espécies nativas continua a sobreviver depois da urbanização.

“As cidades e áreas urbanas não são tão desprovidas de biodiversidade como podemos pensar.

Nossas descobertas indicam que as cidades oferecem habitat para uma série de plantas e animais”, observou Chris Lepczyk, professor do Departamento de

Recursos Naturais e Gestão Ambiental da Universidade do Havaí em Manoa.

“Isso é importante porque a maioria das pessoas ao redor do mundo vive em áreas urbanas, e

então a biodiversidade em cidades é essencial para as pessoas terem uma conexão direta com a natureza”, acrescentou Lepczyk.

Infelizmente, os resultados da pesquisa sugerem que, embora essa biodiversidade urbana seja maior do que se esperava, ela ainda é muito pequena se comprada à biodiversidade presente no meio natural.

Por isso, a análise ressalta o valor de espaços verdes nas cidades, alegando que eles se tornaram refúgios importantes para as espécies nativas e também para as que migraram posteriormente para a região.

Esse fenômeno de agregação da biodiversidade em áreas urbanas é chamado de Efeito Central Park, por causa do grande número de espécies que é encontrado no parque nova-iorquino, uma ilha verde dentro de Manhattan.

“Embora a urbanização tenha feito as cidades perderem grandes quantidades de plantas e animais, a boa notícia é que as cidades ainda mantêm espécies endêmicas nativas, o que abre a porta para novas políticas sobre a conservação regional e global da biodiversidade”, comentou Myla F.J. Aronson, pesquisadora do Departamento de Ecologia, Evolução e Recursos Naturais da Universidade Estadual de Rutgers, em Nova Jérsei.

De fato, conservar espaços verdes, restaurar espécies de plantas nativas e criar habitats que respeitem a biodiversidade dentro do espaço urbano poderia estimular uma maior biodiversidade nas cidades. E segundo um estudo feito recentemente em espaços verdes em Sheffield, na Inglaterra, uma maior biodiversidade pode inclusive melhorar o bem-estar psicológico dos habitantes de uma cidade.

“É verdade que as cidades já perderam uma grande proporção da biodiversidade de sua região. Isso pode ser um cenário de um copo meio cheio ou meio vazio. Se agirmos agora e repensarmos o desenho de nossas paisagens urbanas, as cidades podem ter um grande papel na conservação de espécies vegetais e animais e ajudar a trazer de volta mais deles”, declarou Madhusudan Katti, membro do departamento de biologia da Universidade Estadual da Califórnia em Fresno.

Felizmente, há alguns exemplos de cidades que contam com uma rica biodiversidade. A maioria delas apresenta áreas verdes urbanas de grande extensão, como no caso do Central Park em Nova Iorque, ou até mesmo têm proximidade com um parque nacional ou outro tipo de área protegida, como Nairóbi, no Quênia, cujo parque nacional fica há apenas alguns quilômetros da cidade, o que resulta em mais de 300 espécies de aves no município.

Além disso, a última década apresentou alguns marcos significativos em busca de uma maior biodiversidade nas cidades. Em 2006, alguns governos municipais pioneiros, de Curitiba a Joondalup, na Austrália, criaram o Ação Local pela Biodiversidade, programa que visa melhorar e reforçar a gestão ecossistêmica em nível local.

No caso de Curitiba, o programa BioCidade colocou como objetivo: reintroduzir espécies de plantas ornamentais nativas da cidade, estabelecer unidades de conservação com a participação da sociedade, preservar os recursos hídricos, plantar espécies nativas de árvores, e melhorar a qualidade do ar, a mobilidade e o transporte através de um projeto que visa à criação de corredores de transporte com faixas especiais para ciclistas e pedestres.

“A mensagem chave desse trabalho é muito simples. A proteção dos espaços verdes existentes e a criação de novos habitats são essenciais para apoiar a vida selvagem nas cidades. Como podemos realmente fazer isso é mais difícil, e exigirá a colaboração entre cientistas, planejadores urbanos e gestores de habitat”, concluiu Mark Goddard, biólogo da Universidade de Leeds e um dos autores da pesquisa.

Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/cidades-podem-abrigar-mais-biodiversidade-do-

que-se-pensa/ Acesso em: 22 abr 2014. Grifos das organizadoras.

Mais uma boa notícia... O artista mexicano Gilberto Esparza usou da criatividade para

conscientizar as pessoas sobre a poluição nos rios. Quem dera a sua criação fosse

estudada mais profundamente e produzida em larga escala para limpar os rios poluídos...

Artista cria robô que tira energia de rio contaminado Metade máquina, metade vegetal, a planta nômade é obra de artista mexicano por Redação - Revista Galileu. Criada pelo artista mexicano Gilberto Esparza, a planta nômade é metade máquina, metade vegetal e usa água de rios contaminados como fonte de energia, de acordo com o artista. Por meio de um processo de célula combustível microbiana, os elementos contidos na água viram energia para alimentar os circuitos do robô. O excedente serve de alimento para parte viva da planta. No organismo, planta, robô e microorganismos vivem em simbiose. Ele faz parte de um conjunto de obras do artista que busca levantar temas como meio ambiente e conservação. Esparza conta ao site We Make Money Not Art que iniciou seu trabalho desenvolvendo robôs autônomos que

pudessem sobreviver em espaços urbanos. Descobriu pesquisas sobre célula combustível microbiana e decidiu aplicar esses conceitos a um projeto que envolvesse poluição de rios. Depois de visitar a comunidade mexicana de El Salto, que sofre muito com o problema, resolveu fazer do local uma instalação para sua arte.

A água do rio serve como energia para o robô e alimento para os organismos vivos

O artista conta que a proposta foi bem recebida pelos moradores próximos às regiões por onde passou, por tratar da relação entre homem e natureza. Atualmente a obra está exposta no Laboral, um Centro de Arte e Criação Industrial em Gijón, na Espanha até o dia 7 de junho. A obra, admite o artista, não tem a intenção de ser um mecanismo com funcionamento eficiente. Foi feita apenas para demonstrar, artisticamente, um conceito.

Disponível em: http://dbrilhantes.blogspot.com.br/2010/04/artista-cria-robo-que-tira-energia-de.html Acesso

em: 09 abr 2014.

E assim segue o clima das notícias, entre altas e baixas temperaturas... Existem ainda

muitas cidades brasileiras que não estabeleceram metas para a redução de resíduos

sólidos... Em contrapartida, há pessoas empenhadas em atingir as metas já

estabelecidas. O texto a seguir defende a ideia de que o problema do acúmulo e do

descarte adequado do lixo tem solução, sim! Para isso é preciso planejamento, atitude,

determinação, planos de ação efetiva e, principalmente, mudança de hábitos. Promova

essa ideia: lixo zero!

Apenas 30% das cidades estabeleceram metas para diminuição de resíduos

Apenas 30% das cidades brasileiras estabeleceram metas para a redução de resíduos sólidos, disse nesta segunda-feira (12) o coordenador do Instituto Lixo Zero, Rodrigo Sabatini. Ele participou de seminário na Câmara Municipal de São Paulo e defendeu o planejamento e a mudança de rotina para encaminhar quase todo o lixo de forma correta.

Para Sabatini, se a humanidade tem capacidade para criar e fabricar produtos, é capaz também de planejar e gerenciar o descarte ou a reutilização do lixo.

“Primeiro é preciso estabelecer uma meta e planejar. Se encaminharmos 90% do lixo

corretamente já é ótimo. Uma vez estabelecendo uma meta, teremos profissionais estudando como chegar a essa meta. Esse é o princípio do lixo zero. Queremos estimular a mudança de hábitos”, declarou.

Segundo o coordenador, o conceito de lixo zero precisa ser compreendido pela população como algo que deve ser planejado para reduzir ao mínimo o envio de material para aterros sanitários ou incineradores. Ele ressaltou que a Política

Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga os grandes geradores de lixo a estabelecer metas para a diminuição dos resíduos, pôs os municípios numa corrida contra o tempo. “Agora estamos em uma corrida muito perigosa porque não sabemos a qualidade dos projetos que virão para planejarmos a administração dos resíduos. A lei diz que o grande gerador tem de ter seu plano de gestão de resíduos sólidos. O número, nesse caso, é muito menor do que o de cidades. Existe uma crença de que a lei vai ser prorrogada de alguma forma, mas o Ministério Público já se pronunciou dizendo que vai fazer a lei ser cumprida”, alertou.

O vereador Ricardo Young (PPS) ressaltou que a única forma de transformar as cidades em sustentáveis é transformá-las em espaços urbanos regeneradores de serviços ambientais. No entanto, os centros urbanos funcionam recebendo os recursos naturais e os degradando. “Simplesmente acumulamos e não devolvemos nem regeneramos nada. Um dos grandes esforços do século 21 é mudar a natureza e o aglomerado urbano, transformando-o em espaço de reciclagem”, declarou.

Young defendeu a ampliação da reciclagem para transformar centros urbanos em concentrações

capazes de reutilizar os resíduos: “Quanto mais conseguirmos recuperar, menor será nossa agressão ao meio ambiente e mais condições teremos de reduzir o enorme risco gerado pelas cidades”. Ele ressaltou que o município de São Paulo é

pioneiro na aplicação da Lei de Resíduos Sólidos.

Disponível em: http://www.d24am.com/amazonia/meio-ambiente/apenas-30-das-cidades-estabeleceram-

metas-para-diminuicao-de-residuos/111924 Acesso em: 21 mai 2014. Grifos das organizadoras.

Uma vela. Nenhum suspeito. O fogo destruiu uma árvore que permaneceu de pé por mais

de 500 anos. Impressionante o poder destruidor do homem. Infelizmente, este é apenas

mais um dentre tantos outros crimes cometidos contra a natureza. O que sobrou da

árvore será transformado em monumento...

Após incêndio, local de árvore centenária será transformado em monumento

Manaus - O local onde uma árvore angelim-pedra, de aproximadamente 500 anos, foi queimada na manhã do último

sábado (3), será transformado em monumento. A iniciativa é do Museu da Amazônia (Musa) com o objetivo de conscientizar os visitantes da reserva. A árvore estava na Reserva Florestal Adolpho Ducke, localizado no bairro Cidade

de Deus, zona norte de Manaus

Após o incêndio, a árvore tombou no mesmo dia. Conforme o Corpo de Bombeiros, desde domingo até esta segunda já foram usados 20 litros de água para conter as chamas da madeira, que continua com focos localizados de incêndio.

Segundo o diretor geral do museu, Ennio Candotti, a ideia é lembrar sobre a importância de manter a área preservada. “Vamos transformar em monumento o que sobrou da árvore para que as pessoas não esqueçam que a área precisa de cuidados da população que a visita também. Esta árvore que perdemos tinha aproximadamente 500 anos, era até mais velha que Manaus. Não podemos proibir o aceso ao local, avisos sobre cuidados são expostos na reserva, então queremos alertar mais ainda sobre a preservação”, disse.

De acordo com Candotti, o fogo iniciou por conta de uma vela que foi deixada acesa no tronco da árvore. “Esta árvore era oca, por isso que o fogo alastrou tão rapidamente e a brasa foi interna. Fizemos um trabalho coletivo com o Corpo de Bombeiros e a Polícia Ambiental. Não foi um incêndio simples, a árvore quebrou por dentro".

O Corpo de Bombeiros mantém uma equipe de plantão no local para evitar que novos focos sejam formados. Os funcionários da Reserva registraram o boletim de ocorrência na manhã desta segunda na Delegacia de Meio Ambiente, mas até o fechamento desta reportagem nenhum suspeito foi identificado.

Disponível em: http://www.d24am.com/amazonia/meio-ambiente/apos-incendio-local-de-arvore-centenaria-sera-transformado-em-monumento/111549 Acesso em: 16 mai 2014.

Os dois textos a seguir tratam sobre medidas provisórias que chegam como um auxílio

mais que urgente para auxiliar na prevenção e recuperação das áreas atingidas por

desastres naturais... Que os recursos sejam suficientes e que realmente cheguem nos

lugares certos...

Senado aprova MP que libera recursos para desastres naturais

O dinheiro deverá ser usado em obras de prevenção, recuperação e resposta em áreas de risco

Brasília - O plenário do Senado aprovou a Medida Provisória 631/2013, que transferiu recursos da União para estados, municípios e o Distrito Federal aplicarem em áreas atingidas por desastres naturais. O dinheiro deverá ser usado em obras de prevenção, recuperação e resposta em áreas de risco.

O texto aprovado também trata do Fundo Especial para Calamidades Públicas, por meio do qual o governo pretende reduzir o tempo de repasse de recursos a municípios afetados. Transformada em projeto de lei de conversão, a MP recebeu mudanças na comissão mista que analisou o texto antes dos plenários da Câmara e do Senado. Uma delas foi a permissão para que o governo antecipe o repasse de dinheiro antes mesmo que seja reconhecida a situação de emergência ou de calamidade pública declarada pelos municípios. No plenário da Câmara, também foi aprovada emenda que impõe a obrigatoriedade de que os municípios cumpram todas as ações previstas se a União repassar os recursos dentro dos prazos estabelecidos.

O texto não recebeu reparos no Senado e, por isso, não precisa retornar para última análise da Câmara. Com isso, segue para sanção da presidenta Dilma Rousseff.

Disponível em: http://www.d24am.com/amazonia/meio-ambiente/senado-aprova-mp-que-libera-recursos-

para-desastres-naturais/111739 Acesso em: 16 mai 2014.

MP amplia auxílio a agricultores atingidos por desastres naturais

A ampliação do valor do auxílio emergencial financeiro é R$ 80,por família, de maio a dezembro de 2014

Brasília - A Medida Provisória (MP) 645 ampliou o auxílio financeiro para agricultores afetados por desastres naturais em 2012. Segundo a medida, publicada no Diário Oficial da União hoje (6), o auxílio será dado nas situações em que as consequências do desastre se estenderam a este ano. A ampliação do valor do auxílio emergencial financeiro é R$ 80,por família, de maio a dezembro de 2014.

Segundo a MP, é vedado o pagamento da ampliação do auxílio emergencial financeiro para agricultores que já recebam o Garantia Safra, nos meses em que houver concomitância do pagamento daquele benefício e da ampliação. Também não será dado o benefício a agricultores cuja Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Agricultura Familiar estiver vinculada a um titular que receba rendimento de trabalho assalariado ou de outra fonte.

Outra impossibilidade é para os casos dos agricultores de municípios, que ainda estejam em estado de calamidade pública ou em situação de emergência reconhecido pelo governo federal, nos termos do Artigo 1º da Lei nº 10.954, de 2004, apresentem condições climáticas e meteorológicas que não justifiquem a continuidade do auxílio.

Disponível em: http://www.d24am.com/amazonia/meio-ambiente/mp-amplia-auxilio-a-agricultores-atingidos-

por-desastres-naturais/111622 Acesso em: 16 mai 2014.

Por falar em medidas provisórias e agricultores, medidas devem ser tomadas, também,

com relação à qualidade dos alimentos que chegam à nossa mesa... Níveis de ferro, zinco

e proteínas decaíram em determinados produtos... Confira as informações a seguir.

Níveis crescentes de CO2 afetam valor nutricional dos cereais Os níveis de zinco, ferro e concentrações de proteínas nos cultivos de trigo nos campos diminuíram 9,3%, 5,1% e 6,3%.

Paris - Níveis crescentes de dióxido de carbono (CO2) vão afetar o valor nutricional de cereais importantes para a alimentação, com o arroz e o trigo, alertaram cientistas nesta quarta-feira (7).

Em artigo publicado na revista Nature, cientistas afirmaram ter testado 41 cepas de seis cultivos plantados em campos abertos de sete locais em Austrália, Japão e Estados Unidos, onde as plantas foram expostas a níveis altos de CO2 liberados por gasodutos horizontais.

O ar normal tem concentrações de CO2 de cerca de 400 partes por milhão (ppm), que atualmente está subindo em torno de dois a três ppm ao ano. Em seu ambiente "enriquecido com carbono", as plantas experimentais cresceram em condições de 546-586 ppm de CO2, uma cifra que em cenários pessimistas pode ser alcançada em meados do século.

Isto se traduz em um aquecimento de mais de 3 graus Celsius com base em níveis pré-industriais, enquanto os países-membros das Nações Unidas se comprometeram a limitar a elevação das temperaturas a 2 graus Celsius. Os níveis de zinco, ferro e concentrações de proteínas nos cultivos de trigo nos campos diminuíram 9,3%, 5,1% e 6,3% em comparação com o trigo cultivado em condições normais, afirmaram os cientistas.

No arroz, os níveis de zinco, ferro e proteína despencaram 3,3%, 5,2% e 7,8%, embora essas cifras variem muito de acordo com as diferentes cepas testadas. Outras quedas foram observadas no zinco e no ferro em campos de cultivo de ervilha e soja, mas houve poucas mudanças em seus níveis proteicos.

Em contraste, o impacto do CO2 "enriquecido" no milho e no sorgo foi relativamente menor. "Este estudo é o primeiro a solucionar a questão de se as concentrações crescentes de CO2, que têm aumentado firmemente desde a Revolução Industrial, ameaçam a nutrição humana", disse Samuel Myers, cientista de saúde ambiental da Escola de Saúde Pública de Harvard.

"A humanidade está fazendo uma experiência global ao alterar as condições ambientais no único planeta habitável que conhecemos. À medida que esta experiência se desenvolver, sem dúvida haverá muitas surpresas", continuou.

O estudo alertou os agricultores a adaptar os cereais essenciais para torná-los menos sensíveis ao aumento do CO2. Sem ajuda, os países mais pobres poderão ficar expostos a uma nutrição decadente, acrescentou. Cerca de dois bilhões de pessoas sofrem de deficiências de zinco e ferro, que podem afetar o sistema imunológico e provocar anemia, respectivamente.

Disponível em: http://www.d24am.com/amazonia/meio-ambiente/niveis-crescentes-de-co2-afetam-valor-

nutricional-dos-cereais/111708 Acesso em: 16 mai 2014. Grifos das organizadoras.

Impossível enumerar os tantos benefícios que a natureza nos reserva, proporcionando-

nos experiências únicas. A seguir, fique sabendo o que há de tão especial em um peixe

cujas características inspiraram a criação de invenções fantásticas... No mínimo,

interessante!

Peixe elétrico da Região Amazônica inspira criação de robôs

De hábitos noturnos e totalmente cega, a espécie emite sinais elétricos para identificar o ambiente e driblar predadores, uma habilidade que serve de referencial para a ciência criar máquinas subaquáticas.

São Paulo - O ituí-cavalo (Apteronotus albifrons) é um peixe de hábitos noturnos que vive na Região Amazônica. Ele é cego, mas consegue emitir uma leve corrente elétrica na água para determinar como é o ambiente onde está.

Estes peixes possuem receptores distribuídos pelo corpo, que permitem ‘sentir’ o ambiente a partir da corrente elétrica emitida. Os pesquisadores da Universidade Northwestern acreditam que essas características podem ajudar no desenvolvimento de uma nova geração de robôs autônomos que operam debaixo d’água.

A partir do ituí-cavalo, os pesquisadores criaram robôs que conseguiram se mover em meio a destroços e na escuridão total. Eles seriam úteis em casos de navios naufragados ou em vazamentos de petróleo, por exemplo. “Hoje não temos robôs subaquáticos que funcionem bem em meio a obstruções ou em condições onde a visão não é muito útil”, disse Malcolm MacIver, um dos líderes da pesquisa científica. “Pense em um navio de cruzeiro afundado. É muito perigoso mandar mergulhadores para estas situações, onde a água pode ser muito turva”, acrescenta ele. MacIver mostrou o resultado de sua pesquisa na reunião anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), em Chicago, nos Estados Unidos.

Sensores

Malcolm MacIver estuda o ituí-cavalo há anos, decifrando seus sistemas sensorial e de movimento. Para o pesquisador, é possível aprender com estes peixes. “Eles não usam a visão para caçar durante a noite nos rios da bacia do Amazonas, e seus movimentos em meio a raízes amontoadas e florestas inundadas têm que ter uma precisão incrível”, disse o pesquisador.

Estes peixes geram um campo elétrico a partir de neurônios modificados em sua medula espinhal. Quando a caça, como insetos aquáticos, entram neste campo, o peixe consegue medir a minúscula mudança na voltagem graças aos receptores na superfície de sua pele. Sensores foram espalhados no robô, de maneira semelhante ao corpo do ituí-cavalo.

“O peixe desenvolveu um sistema incrível. Imagine como seria se sua retina fosse esticada, cobrindo todo seu corpo. Está é a situação do ituí-cavalo”, disse MacIver. “Eles detectam em todas as direções. Eles emitem um tipo de radar, mas é um campo elétrico; e os receptores sensoriais espalhados por toda a superfície do corpo significam que eles conseguem detectar coisas vindo de todas as direções”, afirmou.

Com base nestes estudos do peixe amazônico, o cientista desenvolveu um robô que, dentro do tanque no laboratório, reage ao que está em volta e se move de acordo com a informação que recebe dos obstáculos que encontra no tanque.

Disponível em: http://www.d24am.com/amazonia/ciencia/peixe-eletrico-da-regiao-amazonica-inspira-criacao-

de-robos/109338 Acesso em: 15 mai 2014.

O título abaixo dispensa comentários. O que mais nos chama a atenção não são os

aparatos de luxo almejados no superprojeto tão sonhado por Steve Jobs. São as

pretensões de sustentabilidade. A construção da nova sede da Apple, além de “elegante,

funcional e diferente”, será um mega exemplo do “politicamente correto” em se tratando

do meio ambiente.

O último projeto sustentável de Jobs A nova casa da Apple segue a linha de inovação, tecnologia e design da marca, com forte apelo de sustentabilidade. 80% da área construída será coberta por vegetação que inclui de árvores frutíferas a herbário para produção de chás para funcionários e visitantes. O lixo será quase todo reciclado e o teto coberto por células fotovoltaicas para aproveitar a energia solar

Bruno Romani Superinteressante - 01/2014

"É um pouco parecido com uma nave espacial", explicou Steve Jobs diante do conselho municipal da cidade de Cupertino, na Califórnia, em 07/06/2011. Já bastante enfraquecido pelo câncer, Jobs reuniu forças para ir pedir à cidade autorização para realizar seu grande sonho: construir uma nova sede para a Apple. Uma sede que fosse elegante, funcional e diferente - o mesmo que os produtos da Apple buscam ser. Depois de reinventar os computadores e os celulares, Jobs queria reinventar os escritórios.

"Nós temos a chance de construir o melhor prédio comercial do mundo", argumentou. Foi sua última aparição pública. Quatro meses depois, Jobs morreu. No final do ano passado, a cidade finalmente deu permissão para a obra - que é uma das mais ambiciosas de todos os tempos. E caras também. O complexo, que se chama Apple Campus 2, irá custar astronômicos R$ 11,6 bilhões. É três vezes mais do que o Burj Kalifa, em Dubai, prédio mais alto do mundo. E mais do que todos os estádios da Copa 2014 somados (que irão custar R$ 8 bilhões, segundo o último dado oficial).

Para tocar o projeto, a Apple contratou em 2010 o escritório do arquiteto britânico Norman Foster, o Foster + Partners, que tem no currículo obras como o aeroporto de Hong Kong, o novo estádio de Wembley, em Londres, a Hearst Tower, em Nova York, além do projeto de restauração do parlamento alemão, em Berlim. A empresa montou uma equipe de 50 arquitetos, que se reunia a cada três semanas com Jobs para tentar dar forma àquilo que ele tinha em mente. O que ele queria? Uma característica típica dos produtos da Apple: o mínimo possível de emendas. Jobs sonhava com um imenso disco de vidro que parecesse formado por uma só peça. Para atender a esse pedido, os arquitetos procuraram a Seele, uma fábrica alemã de vidros. Ela criou as famosas escadas "invisíveis" presentes em muitas lojas da Apple e também construiu o cubo de vidro que envolve a principal loja da marca, em Nova York.

Não foi uma tarefa fácil. As paredes da nova sede da Apple serão formadas por enormes placas de vidro côncavo com 12 metros de altura cada uma, que serão dispostas lado a lado. No total, serão precisos 6 quilômetros de vidro para formar o anel. A Seele teve que dobrar sua capacidade de produção, e criar uma técnica especial que permita dobrar o vidro sem precisar aquecê-lo, como normalmente é feito. A fachada de vidro será toda construída na fábrica da empresa na cidade de Gersthofen, na Alemanha, e despachada para a Califórnia. "Não há uma única peça de vidro plano em todo o prédio", se gabou Jobs.

O chefão da Apple se envolveu muito com o projeto, e foi difícil bater o martelo sobre o design final. Ele mudava muito de opinião, repetindo um padrão clássico de comportamento. Jobs sempre foi conhecido por grandes mudanças de ideia - aquilo que um dia era ótimo, no próximo podia virar "merda" (termo que Steve adorava usar). E vice-versa. Inicialmente, o prédio não era circular. Sua forma era alongada, mais parecida com a de um circuito oval de corrida, e ele tinha um grande corredor no meio. Mas um comentário de Reed Jobs, filho de Steve, mudou tudo. Ao ser apresentado ao projeto, o garoto, então com 19 anos, olhou o corredor central e foi franco: "Parece um pinto!". Na hora, Jobs pai ignorou a observação, mas, no dia seguinte, mandou os arquitetos mudarem completamente o desenho. "Infelizmente, uma vez dito isso, vocês nunca conseguirão tirar a imagem (de um pênis) da minha cabeça". Foi aí que o prédio evoluiu para sua forma definitiva. Além do edifício principal, apenas quatro outros elementos serão visíveis: uma entrada para um auditório subterrâneo com capacidade para mil pessoas, um edifício garagem de quatro andares, uma academia e dois laboratórios para a realização de testes (como experiências com as antenas do iPhone).

Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/o-ultimo-projeto-sustentavel-de-jobs-780099.shtml Acesso em: 22 mai 2014.

Vida breve dos produtos. Impacto ambiental. Será que a obsolescência programada é

realmente um fato? Uma teoria da conspiração? Alguns acreditam que sim. Outros, que

não. O que você acha? Para pensar e tirar suas próprias conclusões.

O que é obsolescência programada? Trata-se de uma estratégia de empresas que programam o tempo de vida útil de seus produtos para que

durem menos do que a tecnologia permite. Assim, eles se tornam ultrapassados em pouco tempo,

motivando o consumidor a comprar um novo modelo.

Diego Garcia Mundo Estranho - 02/2014

Os casos mais comuns de obsolescência programada ocorrem com eletrônicos, eletrodomésticos e automóveis. É algo relativamente novo: até a década de 20, as empresas desenhavam seus produtos para que durassem o máximo possível. A crise econômica de 1929 e a explosão do consumo em massa nos anos 50 mudaram a mentalidade e consagraram essa tática. É uma estratégia "secreta" dos fabricantes para estimular o consumo desenfreado. Esta reportagem foi produzida a partir da pergunta de Pedro Carvalho Couto Amorim, de Montes Claros/MG, leitor da revista Mundo Estranho.

Vida breve

Atualmente, a principal justificativa das empresas para criar novos modelos de um produto é o avanço da tecnologia. Mas há quem duvide dessa explicação. O iPad 4 foi lançado apenas sete meses após o 3, por exemplo. Será que houve mesmo tantos progressos em tão pouco tempo? Uma ONG brasileira ligada aos direitos do consumidor chegou a processar a Apple.

Impacto ambiental

A troca regular de produtos aumenta a produção de lixo. E o lixo eletrônico contém metais pesados que podem contaminar o ambiente. Além disso, a obsolescência programada estimula a produção, o que gera mais gastos de energia e de matérias-primas, além da emissão de poluentes. Antes de trocar seu celular, pense bem: você realmente precisa de outro, só porque é novo? Na pista para negócio

Hoje, há duas versões do fenômeno. Uma delas é a obsolescência percebida: o consumidor considera o produto que tem em casa "velho" porque novos modelos são lançados a toda hora. Você notou que, mesmo no início de 2013, já era possível comprar um carro versão 2014? Isso desvaloriza modelos anteriores e estimula a troca, mesmo que o veículo de 2013 ainda funcione bem. Uma ideia “brilhante”

O primeiro caso de obsolescência programada registrado é da década de 1920, quando fabricantes de lâmpadas da Europa e dos EUA decidiram, em comum acordo, diminuir a durabilidade de seus produtos de 2,5 mil horas de uso para apenas mil. Assim, as pessoas seriam forçadas a comprar o triplo de quantidade de lâmpadas para suprir a mesma necessidade de luz.

Contagem regressiva

Outro tipo atual de obsolescência, a funcional, ocorre quando o produto tem sua vida útil abreviada de propósito. O documentário The Light Bulb Conspiracy traz o exemplo de um consumidor dos EUA cuja impressora parou de funcionar - e consertá-la sairia mais caro que comprar uma nova. Ele descobriu que o fabricante incluía um chip que causava a pane após certo número de impressões.

Teoria da conspiração?

Para alguns, a obsolescência programada não existe. Alguns especialistas refutam a existência dessa prática. Para eles, os bens de consumo se tornam ultrapassados rapidamente pelo avanço da tecnologia - que dá saltos cada vez maiores. "Foi o caso dos primeiros computadores fabricados em grande escala. Os modelos 1.86 nem chegaram a existir, pois já estava em produção o modelo 2.86", afirma o doutor em marketing Marcos Cortez Campomar, da USP.

Consultoria João Paulo Amaral, pesquisador do Instituto Brasileiro de Defesa ao Consumidor

(Idec), Gisele da Silva Bonfim, bióloga, e Claudia Marques Rosa, bióloga.

Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/obsolescencia-programada-os-produtos-sao-feitos-para-durar-pouco-778525.shtml Acesso em: 22 mai 2014.

Vida breve, muito breve, também dos animais... Seria um tipo de “obsolescência

programada” de seres vivos nascidos para morrer nos laboratórios? A indústria de

cosméticos, sem dó nem piedade, prevalece em alguns países, dentre eles o Brasil.

Notícia nada animadora. Ficaremos atrás de outros países também no que diz respeito às

questões éticas que norteiam essa situação?

Brasil nega proposta para proibir testes em animais União Europeia, Índia e Israel já baniram a realização de testes de cosméticos em animais e, recentemente,

EUA, Austrália e Nova Zelândia criaram propostas legislativas para proibir a prática na indústria da beleza.

Mas o Brasil parece estar indo na contramão desse movimento mundial

Débora Spitzcovsky Planeta Sustentável - 26/03/2014

Coelhos e roedores são os animais mais usados pela indústria de beleza para testes de toxicidade oral, cutânea e ocular. Os animais não recebem nenhum alívio da dor e são sacrificados ao final do ensaio por

ruptura do pescoço ou asfixia

Em reunião em Brasília, na última quinta-feira (20), o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), que pertence ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT), negou proposta apresentada pela ONG Humane Society International (HSI) para acabar, de uma vez por todas, com os testes de cosméticos em animais.

De acordo com a organização, esse tipo de procedimento em bichos é antiético, uma vez que causa dor aos animais em nome do consumo de produtos dispensáveis, e pode ser substituído por outras técnicas, que já são adotadas por empresas da indústria da beleza que se desassociaram desse tipo de prática.

No entanto, apesar do parecer técnico que provava a viabilidade da proibição e de petição com dezenas de milhares de assinaturas, o Concea não aprovou a proposta, cuja votação havia sido prometida para outubro.

O Conselho preferiu propor novo regulamento geral que obriga os laboratórios a utilizar alternativas para testes em animais, cinco anos depois de serem validadas pelo governo. Segundo a HSI, a medida é um retrocesso, uma vez que essa regra já existe no Brasil desde 1998, com uma diferença: antes da nova decisão do Concea, ela deveria ser cumprida pelos laboratórios imediatamente após a validação do método alternativo, e não no prazo de cinco anos.

"Dois terços dos brasileiros apoiam a proibição dos testes e 170 membros do Congresso Federal também defendem a ideia. É uma vergonha que os reguladores brasileiros não consigam respeitar a opinião da população e de seus representantes, que manifestaram de forma consistente sua forte oposição aos testes em animais para a indústria da beleza", diz Helder Constantino, porta-voz brasileiro da campanha Liberte-se da Crueldade, da HSI. Agora, a organização pede apoio ao ministro da Ciência e Tecnologia, Clélio Campolina Diniz, para intervir na decisão do Concea.

Enquanto o governo não bane a prática, as atitudes dos consumidores têm grande peso. Assista, abaixo, à animação em português que a HSI fez para conscientizar as pessoas a respeito das crueldades que podem estar por trás dos produtos de beleza que são levados para casa. A organização ainda possui campanhas parecidas em outros países, como Austrália, China, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Rússia.

Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/brasil-nega-proposta-proibir-testes-cosmeticos-animais-777865.shtml Acesso em: 22 mai 2014.

VÍDEO

Confira esta breve campanha que tem como

objetivo conscientizar as pessoas sobre a

crueldade dos testes feitos em animais...

https://www.youtube.com/watch?v=CKteahxI5W8

Responsabilidade compartilhada, poluidor-pagador, logística reversa. Esses termos passam a fazer parte do cotidiano dos brasileiros e revelam uma nova era na destinação do lixo, com o início da vigência, a partir de meados de 2014, da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Ela prevê o fim dos malcheirosos lixões a céu aberto e a certeza de que a sociedade terá papel decisivo na destinação adequada do lixo. Inclusive o cidadão comum. Confirma essas e outras informações na entrevista a seguir.

Entrevista: Ricardo Abramovay e a riqueza do lixo Em 2014, a Política Nacional de Resíduos Sólidos entrará em vigência e, com ela, uma nova era para o destino do lixo e a forma como o descartamos. O sociólogo Ricardo Abramovay, que lançou publicação sobre o tema este ano, comenta como isso deve acontecer, destacando a urgência de frear o consumo de recursos naturais e estimular a reciclagem

Afonso Capelas Jr. e Matthew Shirts Especial Lixo National Geographic - 12/2013

Ricardo Abramovay, professor de economia da Universidade de São Paulo especializado em desenvolvimento sustentável.

Ricardo Abramovay e colegas lançaram o estudo Lixo Zero – Gestão de Resíduos Sólidos para uma Sociedade Mais Próspera, disponível em formato digital pelo Planeta Sustentável (que lançou Muito Além da Economia Verde, de sua autoria, em 2012), do qual é conselheiro. O economista alerta que se deve frear a exploração dos recursos naturais e estimular a reciclagem: “Lixo é riqueza, não pode ser desperdiçado”.

Segue a entrevista.

Qual é o ponto crucial da Política Nacional de Resíduos Sólidos?

É a chamada responsabilidade compartilhada. Ela sinaliza que estamos todos incumbidos de dar destinação correta ao lixo produzido: as prefeituras, os governos estaduais e federal, as empresas e o próprio consumidor. É importante delimitar em que consiste o compromisso de cada um; sobretudo, saber quem paga a conta. Para o consumidor, a responsabilidade compartilhada exige que ele separe seu lixo, preparando-o para a reciclagem, sob pena de multa. A lei prevê também o conceito da responsabilidade estendida. Com ela, o produtor ou o importador (denominados poluidores-pagadores) terão de responder pelo envio apropriado dos rejeitos do que venderem ao consumidor final, incluindo a estruturação da logística reversa – o recolhimento e a devida reciclagem desses produtos pós-consumo –, para que tenham destinação mais adequada que não os aterros.

Mesmo os aterros controlados não são apropriados?

Nosso objetivo tem que ser lixo zero, ou seja, um processo de inovação que leve sempre à reutilização dos materiais. Mas para aquilo que tiver que ser descartado, o aterro sanitário, como o prevê a lei, é a solução menos danosa para a sociedade. O aterro controlado não é adequado e tem o agravante de gerar mais gases de efeito estufa que o próprio lixão.

Será preciso fazer campanhas para conscientizar o consumidor?

Sim. A experiência internacional mostra que o consumidor só faz a parte dele quando recebe boa educação ambiental. Na Europa, as empresas gastam muito dinheiro com publicidade pedagógica, e aqui será preciso fazer o mesmo. Também é necessário ter um sistema de coleta coerente com essa nova obrigação do consumidor. Em muitas cidades brasileiras é frequente as pessoas mais conscientes fazerem a triagem de seu lixo domiciliar e depois constatarem que o caminhão da coleta mistura todos os rejeitos de novo. Isso desmoraliza o processo. É mais um fator institucional, que precisa ser organizado de forma coerente nos municípios por três atores importantes: as prefeituras, os catadores e as empresas.

O senhor concorda com o pagamento de uma taxa sobre os resíduos produzidos pelo consumidor?

É polêmico, mas creio que essa deva ser outra responsabilidade das pessoas. Na cidade de São Paulo, a taxa chegou a ser cobrada, anos atrás, e depois foi suspensa. Houve o erro de demonizar essa cobrança, e sua suspensão foi tratada pelos paulistanos como uma vitória da cidadania.

Mas a taxa do lixo continua sendo paga, agora embutida no imposto predial e territorial urbano (IPTU). Sem a cobrança explícita, as prefeituras não podem premiar quem faz a separação correta de seu lixo nem oferecer incentivos às pessoas que produzem menos resíduos e promovem a reciclagem.

Quem irá financiar o sistema de logística reversa?

Serão os fabricantes e importadores; por isso, agora são chamados de poluidores-pagadores. O sistema já é praticado, de forma eficiente, no Brasil, com pneus, embalagens de óleos

combustíveis e de agrotóxicos, além de baterias automotivas. Esses cinco setores privados organizam e pagam os custos da coleta e da reciclagem dos produtos, antes mesmo da nova lei. Em meus tempos de criança, o que mais se encontrava nos rios Pinheiros e Tietê, em São Paulo, eram pneus velhos. Hoje, eles são reciclados. Há uma agência chamada Reciclanip responsável por essa tarefa. No caso das embalagens de agrotóxicos, o setor gasta R$ 80 milhões por ano para organizar sua logística reversa. A dificuldade maior está em produtos com venda descentralizada e descarte domiciliar.

Quais são esses produtos?

São embalagens em geral, desde latinha de bebida até garrafa PET e caixinha longa-vida. Nesse ponto, a lei quer aguardar o que os respectivos setores têm a dizer. Aí, há uma queda de braço entre fabricantes e governo: a proposta das empresas é apenas auxiliar com recursos financeiros os catadores de rua, oferecendo a eles infraestrutura para melhorar o trabalho e a produtividade.

E só. No entender desses fabricantes, a tarefa de coleta e logística reversa ficaria a cargo das prefeituras, com os catadores.

A alegação é de que não é possível ir aos domicílios recolher as embalagens descartadas. Acontece que esse tipo de argumento está enfraquecido. Ao contrário do que propõem no Brasil, essas mesmas empresas se comprometem com o pagamento da logística reversa nos países desenvolvidos. Essa responsabilidade empresarial deve ser cada vez maior?

Sim. A responsabilidade estendida não pode mais ser vista como excesso ambientalista ou exagero. É uma tendência de comportamento das grandes marcas globais. As empresas cada vez mais começam a pensar em sua cadeia de valor como um todo, e a reciclagem faz parte dessa crescente preocupação.

E o caso de pilhas, lâmpadas e eletroeletrônicos, que contêm substâncias tóxicas?

A logística reversa de produtos de difícil manuseio e com grande potencial tóxico também será responsabilidade financeira do fabricante ou do importador. Mas ninguém sabe ainda como se organizará a reciclagem. Isso porque a lei brasileira foi sábia em esperar os próprios fabricantes fazerem suas propostas como ponto de partida. O governo está recebendo essas sugestões. Qual é a tarefa de prefeituras, estados e União com a PNRS?

As prefeituras continuarão respondendo pelo recolhimento do lixo domiciliar e, em parte, pela coleta seletiva porque são elas as primeiras responsáveis pelos resíduos gerados em seus municípios. Portanto, se esses resíduos serão recolhidos por organizações de catadores – além do trabalho das empresas de coleta contratadas –, deverá haver um acordo entre as partes constantes nos chamados planos municipais de gestão de resíduos sólidos. O problema é que, pela nova lei, as prefeituras já deveriam ter elaborado seus planos, e, hoje, menos de 10% delas têm eles prontos. Se não o fizerem, deixarão de receber os recursos para organizar seus sistemas de coleta. Isso revela como o poder público está atrasado, porque a base ainda não fez sua lição de casa.

Além disso, por questões legais, municípios com menos de 15 mil habitantes não podem ter aterros sanitários. Portanto, será preciso montar consórcios municipais e criar aterros conjuntos, o que, é certo, trará dois problemas.

Primeiro, o orçamento do lixo no país tem a tradição de ser grande financiador de campanhas eleitorais. Assim, é muito difícil partilhar esse orçamento com outras prefeituras, até porque isso só pode ser feito sob absoluta transparência, o que não é o que vigora no Brasil. Segundo, há

aquela velha questão do “no meu quintal, não”. Ninguém vai querer um aterro em sua cidade. Resumindo: os consórcios necessários para acelerar essa transição dos lixões para os aterros sanitários ainda estão muito atrasados e será uma grande dificuldade implementá-los. Hoje, no Brasil, pouco mais de 40% de todo o lixo tem destinação inadequada. A grande maioria está em cidadezinhas das regiões Norte e Nordeste do país.

Os estados também terão papel fundamental, mas, assim como as prefeituras, os estados do Norte e do Nordeste ainda não têm planos concluídos. Por fim, o governo federal está implementando a lei, tem recursos destinados para tal, mas o dinheiro está bloqueado, pois a maioria das prefeituras e muitos estados não fizeram a lição de casa. Esse cenário fortalece a tese de que é preciso haver maior responsabilidade do setor privado. Não se pode esperar que o poder público conclua suas pendências com rapidez e facilidade, porque isso não vai acontecer.

Como resolver a questão dos catadores? Melhor tê-los regularizados ou dar a eles atribuições mais dignas?

O melhor é tê-los regularizados. A cidade de San Francisco, nos Estados Unidos, tem 800 mil habitantes e dois mil catadores de resíduos sólidos regularizados e equipados. É um trabalho digno. O serviço ambiental que essas pessoas prestam à sociedade é inestimável. No Brasil, quem faz esse trabalho é vítima das piores formas de exclusão social; por isso, associa-se essa tarefa à degradação, quando não deveria ser assim. Em uma sociedade saudável, em que não há trabalho indigno, é preciso ter uma forma de coleta destinada à reciclagem como a dos catadores. As associações de catadores estão procurando organizar a categoria, mas a grande maioria deles está na informalidade.

Incinerar lixo para gerar energia pode ser um bom modelo?

Estudo recente compara biodigestores e incineradores convencionais. Biodigestores são mais adequados na produção de energia porque funcionam só com resíduos orgânicos, deixando os inorgânicos para reciclagem. É preciso comparar o valor potencial que provém da reciclagem com o valor do que é incinerado para produzir gás e gerar energia. Mesmo que haja vantagem ambiental e econômica em incinerar, não considero como a melhor solução. Queimar resíduos pode ser um estímulo ao desperdício para uma sociedade que ainda cultua o vício do “jogar fora”. Nós, brasileiros, e também os americanos somos sociedades assim. A vantagem de optar pela reciclagem é que esse fator incidirá também na concepção dos produtos. Até agora, não vi nenhum caso no Brasil de empresa que, com base na PNRS, tenha modificado o desenho de seus produtos em função da necessidade de facilitar a separação dos diferentes materiais para a logística reversa.

No Brasil, a quantidade de resíduos aumenta de forma vertiginosa à proporção do crescimento econômico. Como estancar isso?

Com o aumento na renda, a quantidade de lixo também cresceu. Não há orientação na publicidade ou nas políticas de crédito ao consumidor no que diz respeito ao destino do lixo. Dados recentes apontam que cada ser humano consome 10 toneladas por ano de recursos naturais. É a nossa chamada pegada material, e ela só faz aumentar: no início dos anos 2000, foram extraídos 60 bilhões de toneladas de matéria orgânica, minérios e combustíveis fósseis. Em 2008, esse número saltou para 70 bilhões de toneladas. Esses recursos não são infinitos. Se não tivermos inteligência para usar o que foi retirado do planeta, chegará o momento em que não teremos mais de onde tirar.

Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/ricardo-abramovay-e-a-riqueza-do-lixo-763575.shtml Acesso em: 22 mai 2014. Adaptado.

Os textos a seguir trazem exemplos dignos de admiração! Uma boliviana e um artista

norte-americano colocam a mão na massa para ajudar pessoas carentes a ter um lugar

onde morar, e fazem isso utilizando o que a maioria de nós descarta... De fato, há muita

riqueza no lixo! Realmente impressionante! Confira!

Boliviana constrói casas de garrafas PET para famílias carentes em 20

dias

Casas de Botellas é o nome da iniciativa criada pela boliviana Ingrid Vaca Diez. Envolvida com trabalho voluntário desde pequena e apaixonada por artesanato, a advogada de Santa Cruz de La Sierra teve a ideia de construir casas de garrafas PET para famílias em situação de extrema pobreza após uma briga com o marido, que não aguentava mais a quantidade de ‘entulho’ que Ingrid guardava em casa para trabalhos manuais. “Dá para construir uma casa com esse monte de PET”, reclamou o parceiro em tom de ironia – o que bastou para acender uma luz na cabeça da boliviana.

Ingrid foi estudar jeitos de construir casas com as garrafas recicláveis e descobriu a fórmula ideal: PETs e uma espécie de cimento sustentável, feito com barro, açúcar, mingau e linhaça.

14 anos depois de começar o projeto, a boliviana já tem no currículo mais de 300 moradias construídas para famílias em situação de extrema pobreza – não só na Bolívia, mas em outros países da América Latina, como Argentina, México, Panamá e Uruguai.

Poderia ser muito mais: com cerca de 82 garrafas PET de 2 litros (ou 240 de 600 ml), Ingrid garante que é possível construir uma casa em 20 dias, com a ajuda de cerca de 10 voluntários – contando os futuros moradores, que ela faz questão de que participem do processo para dar mais valor à moradia. O problema é que faltam matéria-prima e mão de obra disposta a trabalhar “apenas” para ajudar o próximo.

Construir no Brasil está nos planos da boliviana, que está bem animada. Para ela, o povo brasileiro é mais receptivo ao trabalho voluntário e também tem a cultura da reciclagem mais sedimentada, em relação aos outros países da América Latina, o que facilita a coleta das garrafas PET. Com tanto entusiasmo, certamente a advogada vai conquistar o coração de muita gente boa por aqui. Vem logo, Ingrid!

Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/blog-da-redacao/boliviana-constroi-casas-de-pet-

para-familias-carentes-em-20-dias/ Acesso em: 22 mai 2014.

Artista transforma lixo em casas móveis para moradores de rua

Primeiro, o artista seleciona materiais recicláveis para as pequenas criações arquitetônicas, que custam menos de US$ 100 cada. Para isso, selecionou um bairro industrial de Oakland, na Califórnia, conhecido como ponto de despejo ilegal de resíduos sólidos.

Depois de realizar a coleta, projeta abrigos com os materiais disponíveis. Mas o artista garante: cada estrutura é única. Os únicos pontos comuns são o tamanho reduzido, as rodas – para que a casa possa ser empurrada com facilidade – e o telhado inclinado para não acumular água da chuva.

Gregory Kloehn é um artista especial. O norte-americano dedica boa parte do tempo garimpando lixo em busca de matéria-prima para seu trabalho mui nobre: construir casas móveis para moradores de rua.

Nas fotos a seguir você pode ver como ele deu destino aos resíduos com criatividade. A fundação pode ser feita de pallets, a janela pode ser uma tampa de máquina de lavar, uma porta de geladeira pode se transformar na porta de entrada…

O trabalho é tão valorizado que Kloehn agora recruta voluntários para ajudar a construir as casas móveis. No site do Homeless Homes Project*, é possível se candidatar ou doar dinheiro para a causa.

Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/blog-da-redacao/artista-transforma-lixo-em-casas-

moveis-para-moradores-de-rua/ Acesso em: 22 mai 2014.

Vídeo

O olhar das crianças sobre as coisas

Nada melhor que concluir a seleção dos

textos desta Coletânea com este vídeo,

cuja mensagem nos transporta à infância,

aos bons sentimentos... As crianças são

capazes de renovar a nossa esperança e o

desejo de sempre fazer o melhor para

tornar melhor o nosso mundo... Que o

nosso olhar seja como o delas...

Confira:

https://www.youtube.com/watch?v=qe1xFUf

yB6A

Livros

Como fazer a transição para a economia verde e engajar a

sociedade na busca por um modelo compatível com o

desenvolvimento sustentável? Para EDUARDO FELIPE

MATIAS - doutor em Direito Internacional pela USP e vencedor

do Prêmio Jabuti com A Humanidade e suas Fronteiras -, a

mudança não ocorrerá sem o envolvimento do setor privado.

Em seu novo livro, A humanidade contra as cordas, relaciona

sustentabilidade à globalização e analisa duas grandes crises

que têm afligido a humanidade: a ambiental e a financeira.

Publicada pela Editora Paz e Terra, com apoio do Planeta

Sustentável, a obra ainda avalia o papel do Estado e de uma

governança global eficiente para deter as mudanças climáticas.

Produzido pela equipe do Planeta, com curadoria do autor, este

blog destaca textos do livro, resenhas, artigos, e também o

lançamento que será realizado em 8 de abril próximo, em São

Paulo. Acompanhe o autor pelo Twitter: @EduFelipeMatias

Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/a-humanidade-contra-as-cordas/2014/04/02/quer-

ganhar-o-livro-a-humanidade-contra-as-cordas-de-eduardo-felipe-matias/ Acesso em: 22 mai 2014.

A sustentabilidade ainda é possível?

Com artigos organizados em torno de três temáticas principais, publicação apresenta a visão de pesquisadores e líderes sobre os rumos do planeta. Para discutir a sustentabilidade do planeta e tentar responder a essa questão chave, o Instituto Akatu e Worldwatch Institute Brasil lançaram nesta quinta-feira (31/10/2013), em São Paulo, a edição brasileira do relatório “Estado do Mundo 2013 - A Sustentabilidade Ainda é Possível?”, em um evento em São Paulo. Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, acredita que a transição para a sustentabilidade depende de transformações profundas nos modos de produção e consumo. “As mudanças são urgentes e devem guiar a ação de empresas, governos e cidadãos, que precisam adotar o consumo consciente como uma prática cotidiana na sociedade do bem-estar que devemos construir nos próximos anos. A edição brasileira do Estado do Mundo traz ótimas contribuições para as

transformações de que precisamos”, indica Mattar. “Em apenas oito décadas adicionamos mais cinco bilhões de novos habitantes e consumidores ao planeta. Só entre a Eco 92 e a Rio+20, o PIB global cresceu 50 trilhões de dólares”, afirma Eduardo Athayde diretor do Worldwatch Institute Brasil. “Precisamos, antes, definir métricas que nos orientem em direção a um futuro mais equilibrado, seguro e justo”, complementa.

Considerado pela imprensa internacional como a “BÍBLIA DA SUSTENTABILIDADE”, a publicação é formada por um conjunto de artigos organizados em torno de três eixos principais: A Métrica da Sustentabilidade, Chegando à Verdadeira Sustentabilidade e Abra em Caso de Emergência. Os 17 capítulos do relatório oferecem ao leitor um verdadeiro panorama da situação atual do mundo e o que é preciso fazer imediatamente para reverter esta realidade. O documento é aberto com uma advertência de Robert Engelman, presidente do Wordwatch Institute, sobre os usos e abusos do conceito de sustentabilidade. Utilizada de maneira inadequada, de acordo com ele, a sustentabilidade como é aplicada hoje em nada contribui para a tomada de decisões e mudanças que precisam ser implantadas o quanto antes. “A Métrica da Sustentabilidade”, primeira seção do relatório, traz um conjunto de métricas que podem ou deveriam ser utilizadas para avaliar em que patamar a humanidade se encontra, quais limites já foram ultrapassados e que direções devem ser seguidas para assegurar o futuro. A segunda seção, “Chegando à Verdadeira Sustentabilidade”, explora que serão necessárias ações, políticas, mudanças comportamentais e institucionais, além da redução na escala da atividade humana, para que a sociedade se torne verdadeiramente sustentável. Já a última parte, “Abra em Caso de Emergência”, destaca iniciativas e estratégias que precisam ser contempladas caso não seja possível fazer a transição a tempo. São elas: como lidar com migrações, fortalecer a resiliência das populações, ou mesmo, adotar soluções de geoengenharia para frear o aquecimento global.

Confira a obra completa em PDF: http://www.akatu.org.br/Content/Akatu/Arquivos/file/EstadodoMundo2013web.pdf Texto disponível em: http://www.akatu.org.br/Temas/Consumo-Consciente/Posts/Estado-do-Mundo-2013-pergunta-a-sustentabilidade-ainda-e-possivel- Acesso em: 23 mai 2014.

Documentários

A era da estupidez

Para qualquer pessoa que se preocupe com o estado de nosso planeta, este é um filme obrigatório. A diretora é a ex-baterista de rock e cineasta autoditada Franny Armstrong. Misto de documentário, ficção e animação, ele conta uma história estarrecedora: a destruição da Terra, causada pela insensatez do homem. PARA ASSISTIR AO DOCUMENTÁRIO, ACESSE: https://www.youtube.com/watch?v=_d4YDLK0jP0

Lixo Extraordinário

Este documentário, uma produção entre Brasil e Inglaterra, foi indicado para concorrer ao Oscar na categoria. Vencedor de prêmios de público nos festivais de Sundance e Berlim em 2010, o filme foi dirigido por João Jardim, Lucy Walker e Karen Harley. Gravada ao longo de três anos, sua trama acompanha um projeto social do artista plástico brasileiro Vik Muniz com catadores do lixão de Gramacho, em Duque de Caxias (RJ) - considerado o maior da América Latina e cenário de outro documentário premiado, "Estamira" (2004), de Marcos Prado. https://www.youtube.com/watch?v=grDS6VeUb_0

Músicas

Guilherme Arantes

Água que nasce na fonte serena do mundo

E que abre um profundo grotão

Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão

Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão

Águas que banham aldeias e matam a sede da população

Águas que caem das pedras no véu das cascatas, ronco de trovão

E depois dormem tranquilas no leito dos lagos, no leito dos lagos

Água dos igarapés, onde Iara, a mãe d'água é misteriosa canção

Água que o sol evapora, pro céu vai embora, virar nuvem de algodão

Gotas de água da chuva, alegre arco-íris sobre a plantação

Gotas de água da chuva, tão tristes, são lágrimas na inundação

Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o chão

E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da terra

Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra, planeta água...

Água que nasce na fonte serena do mundo

E que abre um profundo grotão

Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão

Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão

Águas que banham aldeias e matam a sede da população Águas que movem moinhos são as

mesmas águas que encharcam o chão

E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da terra

Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra, planeta água...

http://www.vagalume.com.br/guilherme-arantes/planeta-agua.html#ixzz32YtcJIYg

Semente (Tema Mundial do Meio Ambiente)

Daarpop Boys

Não importa a nação Nem a cor, religião

Estamos na mesma guerra Então me estenda a sua mão

Nossas Florestas, animais Todos sofrem sem saber já é hora de abrir os olhos Isso não pode acontecer

As águas de nossos rios

Já começam a secar Problemas estão surgindo O que era gelo hoje é mar

Mas você, pode fazer

Tudo acontecer É plantar, é cuidar É sempre cultivar

REFRÃO:

Esta Semente, vou colocar na palma da sua mão

Seguir em frente, porque só nós temos a solução

Porque o mundo, a Terra Pede Socorro pra você

Se toda a população Se unir num coração

Ensinar nossas crianças Cuidar da Terra com dedicação

Porque o solo já está se abrindo

Muitas casas vem ao chão E a fome chega de repente Você sente chega a doer

Você pode fazer sua parte

Plante uma semente ao chão Com certeza daqui pra frente

Um mundo novo vai florescer

É só você, fazer valer

Um exemplo ser É caminhar para salvar

não importa o ser

REFRÃO: Esta Semente,

vou colocar na palma da sua mão Seguir em frente,

porque só nós temos a solução Porque o mundo, a Terra Pede Socorro pra você

REFRÃO:

Esta Semente, vou colocar na palma da sua mão

Seguir em frente, porque só nós temos a solução

Porque o mundo, a Terra Pede Socorro pra você!

Pede Socorro Pede Socorro Pra Você!

http://www.vagalume.com.br/daarpop-boys/semente-tema-mundial-do-meio-ambiente.html#ixzz32YvsqHx7

Natureza, Espelho de Deus Chitãozinho & Xororó

Eu sou a água dos rios das beiras da terra A dar de beber as sedentas sementes Eu sou a nascente, o cerrado e a serra

Eu sou o grito de dor da madeira ferida A relva, a selva, a seiva da vida

Peão boiadeiro que o laço não erra

Eu sou o doce das frutas, a erva que amarga O quarto de milha e o mangalarga

As águas revoltas são os prantos meus

Quem envenena meus mares, me queima e desmata Me sangra sem pena, aos poucos me mata

Não vê que eu sou o espelho de Deus

Eu sou a natureza, indefesa, não me trate assim Eu sou a águia, a baleia e o angelim

Somos irmãos da terra, pedra, bicho, planta, gente, enfim Pra que essa vida viva cuida bem de mim

Eu sou o sol das manhãs sobre minhas campinas O frio das neves, as claras colinas

Os pássaros livres, a sombra que resta

Eu sou o bicho do mato, a flor pantaneira Eu sou a savana, a serpente, a palmeira O cheiro do verde que vem da floresta

Sou cavaleiro do mundo, eu sou a boiada Eu sou o estradeiro e o pó da estrada

Sou crença nos olhos dos homens ateus

Quem me devasta, me fere, me caça, me extingue Me arranca as raízes não deixa que eu vive

Não pode se ver no espelho de Deus

Eu sou a natureza, indefesa, não me trate assim Eu sou a águia, a baleia e o angelim

Somos irmãos da terra, pedra, bicho, planta, gente, enfim Pra que essa vida viva cuida bem de mim

http://letras.mus.br/chitaozinho-e-xororo/277256/

FRASES

Charges e Imagens

http://libertesedosistema.tumblr.com/post/52826727323/ate-quando-voce-vai-ficar-usando-redea-rindo-da

http://blogdaivoninha.blogspot.com.br/2011/05/charges-sobre-meio-ambiente.html

http://blogdaivoninha.blogspot.com.br/2011/05/charges-sobre-meio-ambiente.html

http://marlivieira.blogspot.com.br/2009/06/charges-sobre-o-meio-ambiente.html

http://professoravaleriaeduc.blogspot.com.br/2013/06/charges-do-meio-ambiente.html

http://professoravaleriaeduc.blogspot.com.br/2013/06/charges-do-meio-ambiente.html

http://professoravaleriaeduc.blogspot.com.br/2013/06/charges-do-meio-ambiente.html

http://professoravaleriaeduc.blogspot.com.br/2013/06/charges-do-meio-ambiente.html

Considerações Finais

Chegamos ao final de mais uma Coletânea convictas de que o conhecimento forma cidadãos mais éticos, solidários, sensíveis, conscientes e interessados em agir em benefício do outro, em benefício do meio ambiente, em benefício da vida que nos cerca por todos os lados... Sabemos que o meio ambiente sofre as consequências decorrentes das ações e ambições humanas. A mão que planta, também arranca. Não há como negar o quanto estamos aprisionados em um tipo de sistema cujas raízes pregam o aqui, o agora, o imediatismo e, dessa forma, uma vez saciadas as nossas necessidades no presente, esquecemo-nos de pensar e planejar o futuro... E nesse ritmo, quase nos esquecemos de que a natureza grita... Quase nos esquecemos de que a origem desse grito pode vir ali da cozinha da nossa casa, onde acumulamos lixo, desperdiçamos comida, misturamos tudo, não colaboramos em nada, ou quase nada... Culpar os outros e dar uma de “bonzinho” com a natureza não é atitude sábia. Fingir que não somos prisioneiros de um sistema no qual impera o consumo em excesso, pouco convence. Ver o cisco no olho do outro e não enxergar a trave em nosso próprio, pior ainda... Precisamos avaliar as nossas atitudes e a nossa conduta ética com relação ao meio ambiente. Nesse sentido, esperamos, sinceramente, que o conteúdo deste material tenha encontrado em você espaço aberto para reflexões, considerações pessoais e, acima de tudo, que você esteja pronto para fazer alguma coisa a partir do que, juntos, aprendemos aqui... Eu e você podemos e devemos fazer algo para preservar a VIDA do meio ambiente, a nossa VIDA... Por menor que seja a nossa ação, que a façamos conscientes de que “uma gota no meio do oceano” pode fazer uma grande diferença...

Obrigada, mais uma vez, pela companhia!