1
Siderly do Carmo Dahle de Almeida
Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano
Fabricio Ricardo Lazilha
Ludhiana Ethel Kendrick Matos Silva
Marcelo Cristian Vieira
(Organizadores)
Conhecimento e Gestão
Volume 1
Maringá – PR
2016
3
UNICESUMAR – CENTRO UNIVERSITÁRIO CESUMAR
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO
MODALIDADE EAD
Siderly do Carmo Dahle de Almeida
Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano
Fabricio Ricardo Lazilha
Ludhiana Ethel Kendrick Matos Silva
Marcelo Cristian Vieira
(Organizadores)
Conhecimento e Gestão
Volume 1
Maringá – PR
2016
4
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
EXPEDIENTE
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Educação a Distância
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Diretora de Pesquisa
Ludhiana Ethel Kendrick de Matos Silva
Diretor de Planejamento de Ensino
Fabrício Ricardo Lazilha
Diretora Operacional de Ensino
Katia Solange Coelho
Head de Projetos Educacionais e Inovação
Camilla Barreto R. Cochia Caetano
Gerente de pós-graduação - EAD
Marcelo Cristian Vieira
Coordenação de pós-graduação - EAD
Siderly do Carmo Dahle de Almeida
Professoras líderes de pós-graduação
Andréia M. Zuliani Santos
Sibele de Oliveira Pirasol
Organizadores
Siderly do Carmo Dahle de Almeida
Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano
Fabricio Ricardo Lazilha
Ludhiana Ethel Kendrick Matos Silva
Marcelo Cristian Vieira
Conselho Editorial
Andréia dos Santos Gallo; Fabricia Souto Cruz;
Milene Harumi Tomoike; Nayara Emi Shimada;
Patricia Parra; Valdelice dos A. Rasimaviko
Rejani; Soraia Alves Feitoza da Silva
Capa
Alvaro Martins Fernandes Junior
Autores
Adriana Q. Palmieri Ferreira e Ana Carolina R.
Prigol; Andréia M. Z. Santos; Josimara Kellen de
Camargo e Emerson Roger Zuliani; Camila
Chirnev Caobianco e Amanda Cordeiro; Camila
Machado Raimundo e Henrique F. Araujo;
Guilherme Cassarotti Ferigato e Jerônimo Antero
Alves; Gustavo Feitoza da Silva e Maria Victoria
Borghetti Barros; Islayla Paloma N. Simas e
Beatriz Ribeiro; Jefferson Alencar da Silva e
Anderson S. Pereira; Liana Gomes Netto e
Josineia R.dos Santos; Marcio Pedro Cabral e
Fernando F.dos Santos; Maria Regina Barion
Colombari e Roberta Cristina Maini; Milene
Harumi Tomoike e Patrícia Paula Ribeiro;
Marivaldo da Silva Oliveira e Cristine Cançado V.
Ribeiro; Nayara Emi Shimada e Lucia Maria F.
Lacerda; Patrícia Parra e Márcia D. Ferreira
Leandro; Paulo Henrique Franzão Silva e Rita T.
Netzel; Thais Liliane dos Santos e Leandro Mitsuo
Azuma; Yony Brugnolo Alves e Francisco
Fernandes Júnior; Soraia Alves Feitoza da Silva e
Priscila Aline de Melo
Comissão Científica
Prof. Dra. Leocilea A. Vieira – UNESPAR - PR
Prof. Dra. Dinamara P. Machado – UNINTER - PR
Prof. Dra. Andrea G. Marques – UNICESUMAR - PR
Prof. Dra. Rejane Sartori – UEM – PR.
Revisão textual
Valdelice dos Anjos Rasimaviko Rejani
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
João Vivaldo de Souza – Bibliotecário – CRB-9 – 1807
Biblioteca Central Cesumar
A447c
ALMEIDA, Siderly do Carmo Dahle de
Conhecimento e Gestão. ALMEIDA, Siderly do Carmo Dahle de; CAETANO, Camilla Barreto Rodrigues Cochia;
LAZILHA, Fabricio Ricardo; SILVA, Ludhiana Ethel Kendrick Matos; VIEIRA, Marcelo C. (Orgs.) Maringá-Pr.:
CESUMAR, 2016. 204 p.
Contém Ilustrações e figuras
Pós Graduação em Gestão na modalidade EAD
ISBN 978-85-459-0400-7
1. Gestão do Conhecimento. 2. Gestão nas Organizações.
3. Administração. I. Título. CESUMAR.
CDD 22ª. 658
NBR 12899 – AACR/2
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer
forma e ou quaisquer meios ou arquivada em qualquer sistema sem permissão escrita da Unicesumar.
CONHECIMENTO E GESTÃO
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SUMÁRIO
AUDITORIA E GESTÃO: O USO DA AUDITORIA COMO FERRAMENTA NO
PROCESSO DECISÓRIO NOS ANOS DE 2014 E 2015
Adriana Queiroz Palmieri Ferreira e Ana Carolina Rodrigues Prigol ................... 9
ANALISE DE VIABILIDADE E PLANEJAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO NA
PRODUÇÃO DE MORANGOS
Josimara Kellen de Camargo; Emerson R. Zuliani; Andreia M. Zuliani Santos .. 20
ESTUDO DA IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO E DA CRIATIVIDADE NAS
ORGANIZAÇÕES
Camila Chirnev Caobianco e Amanda Cordeiro .............................................. 32
CRM: O CLIENTE EM FOCO
Camila Machado Raimundo e Henrique Figueiredo Araújo ............................... 43
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Guilherme Cassarotti Ferigato e Jerônimo Antero Alves ................................... 53
PRIMEIRA INFÂNCIA NO ESTADO DO PARANÁ E SEUS DESAFIOS
Gustavo Feitoza da Silva e Maria Victoria Borghetti Barros .............................. 64
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DO CENTRO DE ESPORTES E LAZER MONTEIRO
LOBATO, NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA, PARANÁ
Islayla Paloma Nunes Simas e Beatriz Ribeiro ................................................. 71
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PARA O GERENCIAMENTO DE TRÂNSITO
NO BRASIL
Jefferson Alencar da Silva e Anderson Souza Pereira ...................................... 81
O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
Liana Gomes Netto e Josineia Ribeiro dos Santos .......................................... 87
ANÁLISE DA OFERTA DE IMÓVEIS ADAPTADOS PARA IDOSOS COM
LIMITAÇÕES
Marcio Pedro Cabral e Fernando Ferreira dos Santos ...................................... 96
6
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA NA IMPLEMENTAÇÃO DE
ÁREAS PROTEGIDAS: EXPERIÊNCIAS DO CORREDOR ECOLÓGICO SOSSEGO-
CARATINGA, EM MINAS GERAIS
Maria Regina Barion Colombari e Roberta Cristina Maini ............................ 102
A IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO RURAL PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Marivaldo da Silva Oliveira e Cristine Cançado Vasconcelos Ribeiro ........... 114
RECUPERAÇÃO E PROTEÇÃO DE NASCENTES EM ÁREA URBANA NO
MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA-PR
Milene Harumi Tomoike e Patrícia Paula Ribeiro ....................................... 123
CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL: UM LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
SOBRE SUAS INTERFERÊNCIAS NA MOTIVAÇÃO DO COLABORADOR DO
SERVIÇO PÚBLICO
Nayara Emi Shimada e Lucia Maria Ferreira Lacerda .................................. 132
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ESCOLAS DE GOVERNO: LIMITES E
POSSIBILIDADES
Patrícia Parra e Márcia Donegá Ferreira Leandro ........................................ 143
LOGÍSTICA REVERSA DE ELETRÔNICOS PÓS-CONSUMO: COMPETITIVIDADE E
SUSTENTABILIDADE
Paulo Henrique Franzão Silva e Rita Torrecilia Netzel .................................. 154
ARBITRAGEM COMO ALTERNATIVA À MOROSIDADE DO JUDICIÁRIO
Thais Liliane Dos Santos e Leandro Mitsuo Azuma .................................... 166
ESTUDO SOBRE O CONSUMO DA CARNE OVINA NA REGIÃO DE LONDRINA-PR
Yony Brugnolo Alves e Francisco Fernandes Júnior .................................... 175
GESTÃO POR COMPETÊNCIAS: UM ENFOQUE SOBRE A ATITUDE NO
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
Soraia Alves Feitoza da Silva e Priscila Aline de Melo ................................. 186
SOBRE OS ORGANIZADORES ................................................................... 199
SOBRE AS MADRINHAS ........................................................................... 201
CONHECIMENTO E GESTÃO
7
APRESENTAÇÃO
“Conhecimento e Gestão” é uma obra coletiva que apresenta os melhores artigos
produzidos pelos alunos dos cursos de pós-graduação em gestão na modalidade
a distância do Centro Universitário Cesumar – Unicesumar, no primeiro ciclo de
orientações de 2016.
Esta obra representa o trabalho de alunos que buscaram traduzir em poucas
páginas tudo aquilo que aprenderam no decorrer de seus cursos e o esforço de
orientadores que visaram extrair de seus orientandos o seu melhor desempenho.
Representa também a dedicação de uma equipe de “madrinhas” de cursos
(professoras que compõe o conselho editorial desta obra) que foram incansáveis
na busca por garantir a qualidade e o melhor atendimento aos professores e
alunos envolvidos no processo de orientação.
Para que esta obra se efetivasse, importante salientar a contribuição dos Polos
de apoio presencial, assim como a ajuda dos professores formadores;
professores mediadores e tutores dos cursos de pós-graduação em educação na
modalidade a distância da Unicesumar e, ainda, a colaboração de uma comissão
científica que avalizou todo o processo.
Os temas eleitos por seus autores são atuais, de relevância e prioritários no
contexto educacional e perpassam por todos os cursos de educação oferecidos
pela Unicesumar: Administração Pública; Agronegócio; Auditoria e Controladoria;
Empreendimentos e Negócios Imobiliários; Gestão Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável, Gestão com Pessoas; Gestão de Projetos; Gestão Comercial;
Gestão Empresarial; Logística e Distribuição; Planejamento e Gestão de Trânsito.
Os alunos autores destes textos pertencem aos polos de Ponta Grossa – PR,
Campo Mourão – PR; União da Vitória – PR; Campo Grande - MS; Contagem -
MG; Ubá – MG; Belo Horizonte – MG; Salvador – BA; Brasília – DF; Patrocínio –
MG; Presidente Prudente – SP; Curitiba – PR; Londrina – PR e Poços de Caldas -
MG.
Boa leitura!
Os organizadores
CONHECIMENTO E GESTÃO
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AUDITORIA E GESTÃO:
O USO DA AUDITORIA COMO FERRAMENTA NO PROCESSO
DECISÓRIO NOS ANOS DE 2014 E 2015
ADRIANA QUEIROZ PALMIERI FERREIRA1
ANA CAROLINA RODRIGUES PRIGOL2
RESUMO
Através do presente trabalho procurou-se conhecer como a auditoria é vista
pelas empresas em que é realizada, ou seja, se estas a utiliza como ferramenta
gerencial. Para tanto, foi feito um levantamento bibliográfico para se definir,
classificar e apontar as finalidades de uma auditoria, depois fez uma pesquisa de
campo, onde foram aplicados questionários a algumas empresas da cidade de
Ponta Grossa - PR. Por meio desta pesquisa, constatou-se que, na maioria dos
casos, a auditoria ainda é vista como uma tarefa obrigatória e quando não, é
vista apenas como ferramenta de verificação e análise. Acredita-se, com isso,
que cabe aos auditores conscientizarem os gestores de que a auditoria pode
gerar informações úteis, pertinentes e tempestivas no processo decisório das
empresas, o que levaria a mesma ao patamar de ferramenta gerencial.
Palavras-chave: Auditoria. Gestão. Processo decisório.
1 INTRODUÇÃO
A auditoria é uma ferramenta muito utilizada pelas empresas, seja ela
realizada de forma interna ou externa. Acredita-se que muitas empresas, ao
procurarem realizar auditoria, a faz somente para cumprir com as obrigações
impostas com o Fisco, desconhecendo suas outras finalidades.
Muito se fala em auditoria, mas apesar de ser um tema complexo
existem poucos estudos que a tenham como ferramenta no processo de tomada
de decisões.
Desta maneira, buscou-se neste estudo conhecer a auditoria como
ferramenta gerencial e, para tanto, foi definido o seguinte tema: "Auditoria e
1 Bacharel em ciências contábeis pela Universidade Estadual de Maringá e pós-graduada em
consultoria organizacional com ênfase em reestruturação de empresas pela Unifamma. 2 Bacharel em ciências contábeis pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, pós-graduanda em
auditoria e controladoria pela Unicesumar
10
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
gestão: O uso da auditoria como ferramenta no processo decisório nos anos de
2014 e 2015.
Neste estudo foi definida a seguinte pergunta de pesquisa: Quais as
principais causas de procura de auditoria pelas empresas nos anos de 2014 e
2015, e quais utilizam seus resultados para o processo decisório?
Para atender ao problema de pesquisa foi definido o seguinte objetivo
geral: identificar as principais causas que levam as empresas a realizarem
auditoria, e destas, quais utilizam seus resultados para tomar decisões, durante o
período de 2014 e 2015.
Em consequência ao objetivo geral foram definidos os seguintes
objetivos específicos: (a) efetuar uma pesquisa bibliográfica sobre o tema para
apurar os principais objetivos de uma auditoria; (b) elaborar e aplicar
questionários para identificar algumas empresas que realizaram auditoria interna
e/ou externa nos anos de 2014 e 2015; e (c) verificar os motivos da realização
de auditoria pelas empresas e como foram utilizados os resultados encontrados.
A realização do presente trabalho se deve a grande relevância científica
que o mesmo possui, pois a auditoria é uma ferramenta extremamente
importante para as organizações, mas acredita-se que poucos a utilizem como
ferramenta gerencial.
Pretende-se, com este trabalho, conhecer na prática como a auditoria é
vista pelas empresas e como seus resultados são utilizados.
2 AUDITORIA
A auditoria é uma ferramenta de extrema importância para as
organizações. Pode-se defini-la sucintamente como "o processo de confrontação
entre uma situação encontrada e um determinado critério, ou, em outras
palavras, é a comparação entre o fato efetivamente ocorrido e o que deveria
ocorrer" (ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008, p. 1). De forma mais abrangente,
o Report of Commitee on Basic Auditing Concepts of the American Accouting
Association, apud Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 31) define auditoria como:
[...] um processo sistemático de obtenção e avaliação objetivas de
evidências sobre afirmações a respeito de ações e eventos
econômicos, para aquilatação do grau de correspondência entre as
afirmações e critérios estabelecidos, e de comunicação dos
resultados a usuários interessados.
CONHECIMENTO E GESTÃO
11
Embora descritos de forma diferente, ambas as definições tratam da
Auditoria como uma ferramenta de verificação e análise de documentos, com
vistas a detectar possíveis erros e/ou fraudes no objeto de estudo.
Ainda neste contexto, pode-se dizer que a auditoria verifica se as
normas, orçamentos, regras e objetivos estão compatíveis com as atividades
desempenhadas por determinada organização (Organização Internacional de
Entidades Fiscalizadoras Superiores, apud ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008).
São diversas as áreas em que pode ocorrer auditoria, principalmente no
âmbito contábil. A esse respeito, Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 31) afirmam
que auditoria contábil "[...] envolve obtenção e avaliação de evidências a respeito
das demonstrações contábeis de uma entidade, para emissão de parecer se sua
apresentação está adequada, de acordo com Princípios Contábeis geralmente
Aceitos". Entende-se por Princípios Contábeis Geralmente Aceitos, os princípios
aprovados pelo Conselho Federal de Contabilidade, entre os quais: Princípio da
Entidade; da Continuidade; da Oportunidade; do Registro pelo Valor Original; da
Atualização Monetária; da Competência e da Prudência (ARAÚJO; ARRUDA;
BARRETO, 2008). A auditoria contábil é a "técnica que visa, após aplicação de
procedimentos específicos, com base em normas profissionais e de forma
independente, à emissão de opinião sobre a adequação das demonstrações
contábeis ou financeiras" (ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008, p. 4).
Além de atingir seus objetivos de verificação, a auditoria deve também
servir como ferramenta de gestão para as organizações, proporcionando, às
mesmas, relatos sobre as operações da empresa auditada, ou seja, a chamada
auditoria operacional, que nada mais é do que
O exame sistemático e independente, pautado em normas
profissionais, de programas, projetos, atividades ou ações
executadas por uma entidade, objetivando verificar se foram
observados, de forma conjunta ou isolada, os critérios de
economicidade, eficiência, eficácia e efetividade, contribuindo,
assim, para melhorar o desempenho operacional e a accountability
da entidade sob auditoria (ARAÚJO et al, 2008, p. 53).
Ainda neste sentido, pode-se dizer que a auditoria contábil é que
comprovará se as demonstrações patrimoniais e financeiras representam, ou
não, a situação real da empresa e se estão de acordo com os Princípios
Contábeis.
12
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
2.1 CLASSIFICAÇÃO DE AUDITORIA
A auditoria pode ser classificada em dois tipos principais. São eles:
Auditoria Interna e Auditoria Externa. Basicamente, pode-se dizer que a diferença
entre as auditorias internas e externas depende do grau de envolvimento do
auditor com a empresa auditada.
No primeiro caso, trata-se de auditor com vínculo empregatício com a
empresa, ou seja, um funcionário exerce a função de verificação e análise das
contas, que geralmente engloba a empresa como um todo e tem periodicidade
permanente. Araújo, Arruda e Barreto (2008, p. 29) afirmam que auditoria interna
"é realizada por profissionais empregados da própria entidade auditada, portanto
parcialmente independente, que, além das informações contábeis e financeiras,
se preocupa também com os aspectos operacionais".
De acordo com Santos e Bravosi (2013) o auditor interno atua como um
consultor para a empresa que trabalha, sugerindo medidas de desempenho e
aperfeiçoamento das rotinas organizacionais, não devendo ficar somente na
verificação e análise dos documentos.
Ao contrário, a auditoria externa é realizada por profissional externo a
organização auditada. Em regra ocorre por profissionais contratados de
empresas especializadas em auditoria e o trabalho é realizado em determinadas
áreas da empresa e por um tempo pré-determinado.
Assim sendo, a auditoria externa "é a auditoria sobre a área contábil e
outras, realizada por profissionais independentes da entidade auditada"
(ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008, p. 31).
Santos e Bravosi (2013) alegam que a auditoria externa, a qual é
realizada por profissionais sem subordinação à empresa auditada, tem por
objetivo principal emitir uma opinião independente sobre a situação patrimonial e
financeira da entidade.
2.2 FINALIDADES DA AUDITORIA
A auditoria, embora vista por muitos como apenas ferramenta de
verificação de erros e/ou fraudes, serve, acima de tudo, para possibilitar aos
gestores informações úteis acerca do desenvolvimento da organização.
Além do aspecto legal, a auditoria pode ser utilizada como ferramenta de
controle dos proprietários, como determinação dos credores para concessão de
CONHECIMENTO E GESTÃO
13
empréstimos, ou como exigências da própria empresa (SANTOS; BRAVOSI,
2013).
Entre as principais finalidades da auditoria interna estão as informações
geradas sobre economicidade, eficácia e eficiência dos procedimentos de gestão
adotados pelos gestores no desenvolvimento das atividades da empresa
(ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008), também possibilita "agregar valor ao
resultado da organização, apresentando subsídios para o aperfeiçoamento dos
processos, da gestão e dos controles internos, por meio da recomendação de
soluções para as não-conformidades apontadas nos relatórios". (Resolução nº.
986/2003 do CFC, apud, ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008, p. 30).
Ainda neste contexto Araújo, Arruda e Barreto (2008, p. 33) concluem
que a auditoria interna "objetiva atender às necessidades e aos interesses da
administração. Logo, a extensão (escopo) dos seus trabalhos será sempre
definida em função dos anseios da alta direção".
Sobre o trabalho do auditor externo, Trevisan Auditores e Consultores
(1996, p. 37) alegam que o mesmo:
[...] acompanha a abertura de capital das empresas, examina a
aplicação de recursos de fundos nacionais e internacionais e dá ao
detentor do capital, por mais distante que ele esteja do seu negócio,
as indicações de como caminham suas aplicações e se os balanços
apresentados estão adequadamente demonstrados.
A auditoria externa tem por finalidade garantir aos seus interessados se
as demonstrações contábeis representam adequadamente a posição patrimonial
e financeira da companhia auditada e, consequentemente, sobre a situação do
seu capital investido (ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2008).
A auditoria, seja ela interna ou externa, gera alguns benefícios
econômicos para a entidade auditada. De acordo com Boynton, Johnson e Kell
(2002), estes benefícios são: (a) acesso ao mercado de capitais: qualquer
empresa que deseje negociar seu capital em bolsa de valores deve,
necessariamente, ter suas demonstrações contábeis auditadas; (b) menor custo
de capital: a auditoria pode auxiliar pequenas empresas a passar uma boa
imagem a credores, o que pode levar a menores taxas de juros em empréstimos;
(c) desincentivo a ineficiência e a fraudes: quando os funcionários sabem que
ocorrerá auditoria na empresa em que trabalham, executam com mais zelo a
tarefa do dia a dia, o que acarreta menos erros e fraudes por parte dos mesmos;
e (d) melhores controles e operações mais eficientes: o auditor externo pode dar
14
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
sugestões de melhoria nos controles internos e aumentar a eficiência das
operações na empresa auditada.
Outro benefício causado pela auditoria é a veracidade que o mesmo
impõe as demonstrações contábeis. Sabe-se que em um ambiente de gestão as
informações contábeis tornam-se primordiais no processo de tomada de
decisões, ou seja, são estas informações que irão pautar as escolhas dos
gestores. Sobre isto, Trevisan (1996, p. 65) alega que "os executivos de uma
entidade, tenha ela fins lucrativos ou não, precisam de informações oportunas e
confiáveis para a tomada de decisões rotineiras e estratégicas. A contabilidade
pode atender a essa demanda com qualidade [...]".
A má interpretação das demonstrações contábeis ou das notas
explicativas juntamente com o balanço e, principalmente, não considerar o
parecer de uma auditoria, pode acarretar sérios problemas e prejuízos para os
usuários das informações contábeis, o que se agrava ainda mais em uma
economia em processo de estabilização (TREVISAN, 1996).
Assim, pode-se dizer que a auditoria por si só não garantirá a resolução
ou redução de problemas existentes no meio empresarial, mas será quem
possibilitará informações mais pertinentes para que as decisões sejam tomadas.
Desta maneira, Trevisan, et al (1996, p. 38) alegam que:
Ao auditor cabe analisar criteriosamente suas operações, examinar
as contas de acordo com os padrões estabelecidos pelos órgãos
que regulam a profissão e emitir seu parecer. À administração da
empresa compete adotar as recomendações feitas e fica a cargo
dos acionistas e demais interessados ler esse relatório para decidir
se modificam a empresa ou se mudam de empresa.
A auditoria, desde que realizada de forma idônea e real, trará inúmeros
benefícios para diversos usuários, sejam eles a empresa auditada, acionistas,
governo, funcionários, sociedade como um todo. Cabe a cada um retirar as
informações que necessita do parecer do auditor e usá-la da melhor maneira.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho classifica-se como pesquisa exploratória, pois é o
tipo de pesquisa em que se busca maior familiaridade com o tema estudado,
com objetivo de torná-lo mais explícito (GIL; 2002).
CONHECIMENTO E GESTÃO
15
A pesquisa de campo ocorreu pela técnica de observação indireta, ou
seja, por meio de aplicação de questionários, composto por seis questões
fechadas, enviados por e-mail a 15 empresários da cidade de Ponta Grossa -
PR, de diversos setores da economia, escolhidos ao acaso dentro do rol de
clientes de um escritório de serviços de auditoria da mesma cidade.
Nestes termos, a pesquisa de campo assumiu a forma de pesquisa
qualitativo-descritiva, pois segundo Gil (2002, p.133) adotou o "processo como
uma sequência de atividades, que envolve a redução dos dados, a categorização
desses dados, sua interpretação e a redação do relatório".
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Nesta etapa serão apresentados os resultados obtidos com esta
pesquisa. Dos questionários enviados às 15 empresas da cidade de Ponta
Grossa - PR, somente 12 retornaram suas respostas. Apesar de ser
selecionada uma pequena população para aplicação dos questionários, buscou-
se incorporar os diferentes setores da economia, conforme pode ser visualizado
no Gráfico 1.
Gráfico 1 - Ramo de atividade das empresas pesquisadas.
Fonte: Elaborado pela autora.
Questionou-se também sobre o porte das empresas, ou seja, sobre a
faixa de faturamento bruto anual que estavam enquadradas atualmente. Para
isso, foram delimitadas as seguintes definições, de acordo com o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES, 2016):
Microempresa, Pequena Empresa, Média empresa, Média-grande empresa e
Grande empresa. Os resultados são mostrados na Tabela 1.
16
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Tabela 1 - Porte das empresas pesquisas, de acordo com o BNDES.
Denominação Faturamento bruto anual
Quantidade
de
empresas
Microempresa < ou = R$ 2,4 milhões 0
Pequena Empresa > R$ 2,4 milhões e < ou = a
R$ 16 milhões 1
Média Empresa > R$ 16 milhões e < ou = a
R$ 90 milhões 10
Média-Grande
Empresa
> R$ 90 milhões e < ou = a
R$ 300 milhões 1
Grande Empresa > R$ 300 milhões 0
Fonte: Elaborado pela autora, adaptado do BNDES (2016).
De todos os respondentes, 91,67% afirmaram ter realizado algum tipo
de auditoria nos anos de 2014 e 2015, como pode ser visualizado no Gráfico 2.
Gráfico 2 - Empresas que realizaram auditoria nos anos de 2014 e/ou 2015.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Nesta amostragem pode-se constatar que, das auditorias realizadas,
63,64% foram auditorias externas, 27,27% de auditorias internas e apenas
9,09% das empresas pesquisadas realizaram auditoria interna e externa nos
últimos dois anos (Gráfico 3). O elevado índice de auditorias externas se deve ao
fato de a pesquisa ter sido realizada com alguns dos clientes de um escritório
que presta tão exclusivamente serviços de auditoria externa.
CONHECIMENTO E GESTÃO
17
Gráfico 3 - Tipos de auditorias efetuadas pelas empresas em 2014 e/ou 2015.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
No que tange aos objetivos de procura destas empresas para a
realização das auditorias, aproximadamente 82% dos respondentes afirmaram
que foi apenas para detectar erros e/ou falhas, e um número bem menor (cerca
de 18%) alegou que foi apenas para cumprir com as obrigações Legais (Gráfico
4). Vale ressaltar que nenhum dos pesquisados respondeu ter feito auditoria com
finalidade de conseguir um planejamento estratégico, nem mesmo para obter um
feedback das operações desenvolvidas pelas suas empresas, ou até o para
alguma outra finalidade com intuito gerencial.
Gráfico 4 - Causas de procura de auditoria pelas empresas.
Fonte: Elaborado pela autora
Sobre os resultados das auditorias realizadas, 81,82% das empresas
alegaram que corrigiram erros e/ou falhas apontadas pelos auditores, 9,09%
alegaram que não usaram com nenhuma finalidade os resultados da auditoria, e
também 9,09% afirmaram usar os resultados para outra finalidade, que
justificaram ser para publicação nos meios de comunicação, conforme imposto
pela Lei (Gráfico 5). Conforme assegurado anteriormente, constata-se que
nenhum dos pesquisados utilizou a auditoria com fins gerenciais.
18
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
GRÁFICO 5 - Como as empresas utilizaram os resultados da auditoria
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Constata-se, com estes dados, que nenhuma das empresas
pesquisadas utilizou a auditoria para fins gerenciais, embora esta seja uma
ferramenta de grande respaldo para isso. Utilizaram-na tão somente para
detectar erros e falhas ou para cumprir com as obrigações Legais.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo geral deste estudo consistiu em identificar as principais
causas que levam as empresas a realizarem auditoria, e destas quais utilizam
seus resultados para tomar decisões, durante o período de 2014 e 2015, sendo
que foram identificadas as principais causas de procura de auditoria pelas
empresas, constatando-se que nenhuma delas utilizou-a com fins gerenciais.
Em cumprimento ao objetivo específico "a", efetuar pesquisa
bibliográfica sobre o tema para apurar os principais objetivos de uma auditoria,
este foi realizado através de apontamento teórico realizado por meio de livros e
sites específicos, identificando as principais finalidades de uma auditoria.
Quanto ao objetivo específico "b", elaborar e aplicar questionários para
identificar algumas empresas que realizaram auditoria interna e/ou externa nos
anos de 2014 e 2015, foram aplicados questionários encaminhados via e-mail a
diversas empresas da cidade, possibilitando também o cumprimento do objetivo
específico "c", que era o de verificar os motivos da realização de auditoria pelas
empresas e como foram utilizados os resultados encontrados.
Por meio da tabulação das respostas dos questionários, pode-se chegar
à resposta do problema de pesquisa, ou seja, identificar quais as principais
causas de procura de auditoria pelas empresas nos anos de 2014 e 2015, e
quais utilizam seus resultados para o processo decisório. Assim, verificou-se
que as principais causas que levaram as empresas a realizar auditoria nos
CONHECIMENTO E GESTÃO
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últimos dois anos na cidade de Ponta Grossa - PR foram para detectar erros e/ou
fraudes e também para cumprir com as obrigações legais, somente. Acredita-se
que a nulidade das respostas em utilizar a auditoria como ferramenta gerencial
se deve ao fato dos gestores das empresas ainda possuírem um pensamento
retórico e obsoleto a respeito da auditoria, pois ainda a veem como opção para
detectar erros e falhas em eventos já ocorridos. E é justamente neste ponto que
a auditoria torna-se ainda mais eficaz, pois como analisa eventos ocorridos,
pode trazer informações úteis sobre os processos e apontar em que etapas
ocorreram os melhores resultados dando um feedback aos gestores.
Cabe aos auditores orientarem seus clientes a criar uma visão mais
abrangente acerca da realização de uma auditoria, retirando o pensamento de
ferramenta que deve agir após operações, para um pensamento de ferramenta
que pode trazer informações úteis no processo de tomada de decisões.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, Inaldo da Paixão Santos; ARRUDA, Daniel Gomes; BARRETTO, Pedro
Humberto Teixeira. Auditoria contábil: enfoque teórico, normativo e prático. São
Paulo: Saraiva, 2008.
BOYNTON, William C.; JOHNSON, Raymond N.; KELL, Walter G.. Auditoria. São
Paulo: Atlas, 2002. Tradução José Evaristo dos Santos.
BRASIL, BNDES. Porte de empresa. 2016. Disponível em:
<http://www.bndes.gov.br/BNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/ApoioFinanceiro
/porte.html>. Acesso em: 10 abr. 2016.
GIL, A. Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
SANTOS, Silvana; BRAVOSI, Jessica. Breves considerações acerca da auditoria
interna e externa. 2013. Disponível em: <http://www.portalcfc.org.br/noticia
.php?new=8435>. Acesso 05 maio 2016.
TREVISAN AUDITORES E CONSULTORES. Auditoria: suas áreas de atuação. São
Paulo: Atlas, 1996.
20
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
ANALISE DE VIABILIDADE E PLANEJAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO NA
PRODUÇÃO DE MORANGOS
EMERSON ROGER ZULIANI1
JOSIMARA KELLEN DE CAMARGO2
ANDREIA M. ZULIANI SANTOS3
RESUMO
A aplicação de custos é fornecer ao planejamento e controle da produção os
dados que serão utilizados para o planejamento econômico do processo, como
por exemplo, custos unitários da produção, da compra, e os investimentos em
estoque. Assim, a partir de um levantamento rigoroso dos custos envolvidos na
produção, a empresa será capaz de maximizar lucros e minimizar seus custos. É
fácil compreender a relação existente entre custos e produtividade; ambos
necessitam de medidas reais para que se possa chegar a resultados próximos
dos objetivos esperados. Não há como medir a capacidade produtiva de uma
empresa sem antes conhecer os custos envolvidos no processo. Por isso deve
se preparar administrativamente, compreender todos os custos, conhecer o seu
fluxo de caixa e as suas despesas operacionais, e conhecer todas as variáveis
envolvidas desde a produção até a venda. O planejamento se torna fundamental
em um novo investimento, uma vez que o mesmo mensura a rentabilidade e os
custos que a empresa e o empreendedor irá adquirir ao longo do tempo, fazendo
com que se obtenha os lucros esperados sem uma inesperada surpresa futura.
Palavras-chave: Custo, controle, planejamento.
1 INTRODUÇÃO
Antes de abrir qualquer negócio, o planejamento inicial é fundamental. É
fato que a maioria das empresas que encerram suas atividades de forma
prematura, não fizeram um planejamento adequado. Todo empreendedor, deve
antes de investir em uma nova empresa analisar o mercado, buscar mais
1Graduado em Processamento de Dados, Especialista em Gestão de Projetos, Engenharia de
Software e em Gerenciamento de Projetos.
2 Graduada em Ciências Econômicas.
3Mestre em Gestão do Conhecimento nas Organizações pela UNICESUMAR, Especialista em
Administração Industrial pela UEL, Especialista em Docência no Ensino Superior, Ead e Novas
Tecnologias pela UNICESUMAR, Especialista em Administração Industrial pela UEL.
CONHECIMENTO E GESTÃO
21
informações sobre o ramo do negócio pretendido e preparar-se da melhor
maneira possível para enfrentar cenários positivos e negativos.
Antes de iniciar o novo negócio, todos os custos devem ser estimados e
colocados no papel, para que seja possível se realizar uma análise da viabilidade
financeira do novo empreendimento. O objetivo deste trabalho é analisar a
viabilidade para a produção de morangos. Mas para isso é necessário estudar o
investimento proposto e conhecer os métodos de avaliação de investimento
como a TIR e o VPL, assim como o orçamento de capital que é o processo que
envolve a seleção de projetos de investimento e a quantificação dos recursos a
serem empregados e sua eficiência econômica que é a relação entre o valor de
venda de um produto e seu custo de produção. Conhecendo essas variáveis será
possível diminuir os riscos do investimento.
2 ESTUDO DE INVESTIMENTO
No Brasil, a cultura do morango desempenha um importante papel sócio
econômico. Além de estar presente em vários estados, geralmente é
desenvolvida em pequenas propriedades, com a necessidade de grande
quantidade de mão-de-obra em todo o seu ciclo (GOUVEA et al., 2009).
A incorporação de novas tecnologias, visando à elevação da
produtividade e qualidade da fruta, é uma preocupação permanente para os
produtores, independentemente do sistema produtivo adotado. No entanto, além
de se produzir morango com qualidade e em quantidade, é fundamental avaliar a
eficiência econômica e a viabilidade financeira da exploração. No sistema de
cultivo semi-hidropônico, em estufa plástica e com ferti-irrigação, o investimento
inicial tende a ser elevado, as avaliações dessa natureza são extremamente
relevantes.
A obtenção de indicadores econômicos e financeiros, em condições
determinísticas e de incertezas, fornece os elementos que permitem mensurar,
por exemplo, a probabilidade de determinado investimento resultar em retornos
positivos, subsidiando, assim, o processo de tomada de decisão por parte do
agricultor.
A partir dessas inferências e considerando que ainda é escassa a
literatura brasileira a respeito de estudos econômico-financeiros do cultivo de
morango, buscou-se avaliar, sob as referidas condições, os níveis de eficiência
22
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
econômica e de viabilidade financeira da produção da fruta em sistema semi-
hidropônico, para venda in natura.
2.1 ANÁLISE DE INVESTIMENTO
Toda empresa tem necessidade de obter procedimentos para avaliar
seus investimentos, principalmente aqueles de longo prazo. Com o decorrer dos
anos as empresas são obrigadas a tomar decisões de investimentos sejam ela
por causa de reformas, ou porque seus ativos estão desgastados, e o orçamento
de capital avalia e escolhe os investimentos de longo prazo de acordo com os
objetivos da organização (GITMAN, 2000)
Etapas do orçamento de capital:
Gestão de propostas- a propostas são feitas por todos os segmentos da
empresa.
Revisão e análise- nesta etapa é feita uma revisão da proposta e verifica
sua viabilidade.
Tomada de decisão- consiste em dizer se o projeto vai ser feito ou não.
Implantação- em caso de aprovação, o projeto é implantado.
Acompanhamento- processo no qual se compara se o que está
acontecendo foi aquilo proposto.
Existem situações em que o gestor se depara com dois ou mais
projetos, e tem que avaliar e verificar sua viabilidade, em algumas situações
esses projetos possuem o mesmo objetivo, porém de maneiras diferentes, então
em caso de escolha de um projeto o outro não vai ser implantado esses casos
são chamados de projetos mutuamente exclusivos eles competem entre si, e
possuem também os projetos independentes, ou seja, mesmo que um dos
projetos seja implantado o outro não vai ser eliminado necessariamente.
(ARAUJO, 2010). Por isso tente-se a necessidade de conhecer as etapas do
orçamento, e escolher os melhores investimentos de acordo com as prioridades
e capacidade da empresa.
2.2 EFICIÊNCIA ECONÔMICA
Em relação à eficiência econômica de um empreendimento,
inicialmente, deve-se destacar que ela pode ser dividida em dois componentes:
técnico e alocativo. Enquanto a eficiência técnica refere-se à capacidade da
CONHECIMENTO E GESTÃO
23
empresa de obter o máximo de produto, dada a quantidade disponível de fatores,
a eficiência alocativa diz respeito à capacidade de se utilizar os fatores
produtivos na proporção ótima, minimizando os custos de produção (FARRELL,
1957 e SHIROTA, 1995, citados por OHIRA; SHIROTA, 2005).
Operacionalmente, a análise de eficiência econômica pode ser feita a
partir do cálculo das receitas e dos custos de produção. Segundo Debertin
(1986), no curto prazo, existem importantes agrupamentos de custos, entre os
quais se destacam três: variáveis, fixos e totais. No primeiro agrupamento, estão
os custos que variam em função do nível de produção da empresa.
Considerando-se uma propriedade rural como exemplo, itens como mão-de-obra
temporária e gastos associados com sementes, fertilizantes e defensivos fazem
parte desses custos. Nos custos fixos, que são aqueles que independem do nível
de produção, estão incluídas as despesas associadas com mão-de-obra
permanente, seguros, depreciações de bens de capital e pagamento de aluguéis.
Por fim, a soma dos custos fixos e variáveis resulta nos custos totais.
2.3 VIABILIDADE FINANCEIRA
Estudos de viabilidade financeira, que envolvem horizontes de
planejamento de longo prazo, estão relacionados a avaliações da viabilidade de
se realizar determinados investimentos. Para isso, partindo-se de fluxos físicos
(insumos e produtos) e preços de mercado, são calculadas as entradas e saídas
de caixa. As entradas correspondem às receitas, que se dividem em diretas
(vendas de produtos) e indiretas (soma do valor residual dos bens de capital). As
saídas são constituídas pelas despesas fixas e variáveis e pelos investimentos de
capital de longo prazo. A partir do cálculo dessas variáveis, são obtidos os fluxos
anuais de caixa, que são a base para o desenvolvimento das referidas avaliações
(LAZZAROTTO et al., 2010).
Com esses fluxos e utilizando-se a noção da taxa mínima de atratividade
(TMA), que representa o retorno mínimo que a empresa deve obter em
determinado projeto para que seu valor de mercado permaneça inalterado,
podem ser gerados indicadores financeiros importantes, como valor presente
líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR), razão benefício/ custo (B/C) e
período de payback descontado (PPD).
24
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
2.4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO
Para que seja determinado o investimento que vai ser realizado é
necessária uma demonstração, através de ferramentas financeiras, que
comprovem o que o administrador está dizendo, não basta somente afirmar que
o investimento é viável ou não, tem que mostrar através da matemática. Os
instrumentos que vão ser abordados são o VPL, a TIR e o payback, todos os
instrumentos possuem suas vantagens e suas desvantagens que são
demonstradas, casos em que não podem ser utilizados e casos em que a
utilização de um é mais recomendada do que a do outro. Mas antes de abordá-
los é preciso conhecer, além dos conceitos falados anteriormente, a TMA (taxa
de atratividade mínima).
2.5 VALOR PRESENTE LIQUIDO
Método de análise que consiste em calcular o valor presente de uma
série de pagamentos, iguais ou diferentes, a uma taxa conhecida (VERAS, 1999;
GITMAN, 2004). Três são os resultados possíveis:
a) VPL maior do que zero, que indica que o projeto é financeiramente viável;
b) VPL igual a zero, indicando que é indiferente entre investir no projeto ou na
melhor alternativa considerada, pois os retornos serão iguais;
c) VPL menor do que zero, que significa que o projeto é inviável financeiramente.
2.6 TAXA INTERNA DE RETORNO
Outro critério muito utilizado, se não o mais utilizado para se determinar
a viabilidade econômica de um projeto é a TIR, que possui cálculos mais
sofisticados. A taxa interna de retorno consiste na taxa de desconto que faz com
que o VPL seja zero, essa taxa faz com que as entradas futuras de caixa se
igualem ao desembolso inicial do projeto.
Utilizando a TIR como critério de se determinar a escolha do projeto, vai
ser viável quando a taxa interna do projeto for maior do que TMA (taxa mínima de
atratividade), se a TIR for menor do que a TMA o projeto não é viável, não deve
ser realizado. Isso assegura à empresa que o retorno do investimento tem que
ser igual ou maior do que o retorno mínimo exigido por ela, considerando, por
CONHECIMENTO E GESTÃO
25
exemplo, a uma taxa mínima de atratividade como sendo o custo do capital de
uma determinada empresa.
Na prática, devido ao fato de os resultados econômicos e financeiros da
maioria das empresas tenderem a não ocorrer de forma determinística, a maior
parte das decisões deve ser tomada com considerável grau de incerteza.
Diante disso, para conseguir maior confiabilidade nos resultados, torna-
se fundamental o uso de abordagens que consideram os riscos nas avaliações
de eficiência econômica e de viabilidade financeira.
Entre essas abordagens, destacam-se a análise de sensibilidade e a
simulação. Na análise de sensibilidade, usa-se um número de valores possíveis
para uma dada variável visando avaliar o seu impacto sobre os resultados da
empresa (GITMAN, 2004).
Apesar da grande utilidade, a análise de sensibilidade não incorpora a
probabilidade de ocorrência de um valor dentro de determinados intervalos
possíveis (ODA et al., 2007).
Para a solução desse problema, podem ser utilizados métodos
relacionados com simulação, em que as formas de investigação estão baseadas
na percepção do risco a partir do emprego de distribuições de probabilidades
predeterminadas e números aleatórios, que possibilitam projetar, ao longo do
tempo, o comportamento de certos indicadores (GITMAN, 2004). Com o
emprego da simulação, podem ser obtidos importantes parâmetros, como o
lucro total e o valor presente líquido esperado e os seus respectivos desvios
padrão.
2.7 PAYBACK
É um dos mais utilizados critérios para se avaliar um investimento. O
período de payback é o tempo necessário para se obter o dinheiro investido de
volta, ou seja, o tempo em que o investimento feito inicialmente, vai ser
recuperado. Nas palavras de Antonio Zoratto(1990, p.44): Sendo talvez o método
mais simples de avaliação, o período de “payback" é definido como sendo
aquele número de anos ou meses, dependendo da escala utilizada, necessária
para que o desembolso correspondente ao investimento inicial seja recuperado,
ou ainda, igualado e superado pelas entradas líquidas acumuladas. Quando um
investidor está preocupado em saber quando vai ter o seu capital investido de
volta, o melhor critério é payback, pois apesar de ser um critério muito simples e
26
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
que apresenta alguns pontos “fracos”, acaba atraindo o administrador devido
sua facilidade no cálculo e a segurança que oferece ao informar o período em
que o dinheiro aplicado no investimento vai ser devolvido.
Ao utilizar o payback, para aceitar ou não o projeto observa-se o
seguinte: se o payback do projeto for inferior ao payback máximo aceitável o
projeto é realizado, agora se o projeto apresentar um payback superior ao
máximo aceitável, o projeto não deve ser realizado.
Utilizando corretamente as ferramentas de analise citadas acima é
possível identificar se é vantajoso ou não abrir um novo empreendimento, e qual
o tempo necessário para que esse empreendimento possa gerar receitas
positivas.
3 METODOLOGIA
O presente trabalho constitui um estudo de caso resultante de
experimento de pesquisa com morango em sistema semi-hidropônico. Para a
produção do morango, adotou-se o sistema de irrigação/ferti-irrigação por
gotejamento. A adubação (ferti-irrigação) foi feita a partir de ajustes nas
recomendações de Melo e Bortolozzo (2006), utilizando-se as soluções
nutritivas recomendadas para as fases vegetativa e reprodutiva.
Para esse estudo foram realizados analises de viabilidade econômica e
financeira como a VPL e PAYBACK para verificar a viabilidade para a iniciação do
projeto e a sua rentabilidade.
Esse sistema de produção permite a produzir as frutas com maior
qualidade e menor perda podendo triplicar o aproveitamento do uso da terra, o
sistema protege as plantas do efeito da chuva e promove a circulação de ar,
provocando condições que impedem o estabelecimento de doenças, gerando
receitas maiores em um período de tempo menor.
4 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
O sistema semi-hidropônico é bastante utilizado na Europa, onde é
preferido por possibilitar a melhor utilização do espaço na pequena propriedade.
No Brasil, porém, é necessário definir alguns componentes tecnológicos para
otimizar o retorno ao produtor e à sociedade. Entretanto, já apresenta vantagens
claras frente ao sistema convencional, tais como:
CONHECIMENTO E GESTÃO
27
O produtor não necessita fazer rotação das áreas de produção, prática
necessária para reduzir a podridão de raízes no sistema convencional de
túneis baixos.
O sistema protege as plantas do efeito da chuva e facilita a ventilação,
condições que impedem o estabelecimento de doenças;
O período da colheita pode ser estendido em, pelo menos, dois meses;
O sistema facilita a adoção de princípios de segurança dos alimentos,
possibilitando a maior aceitação dos morangos pelo consumidor.
No entanto, não se pode pensar somente em como estará à fruta depois
de produzida, mas também, na lucratividade em que essa produção trará ao
produtor futuramente. E, para que se possa analisar os lucros, despesas e
retorno deste investimento será preciso que se faça uma analise do projeto para
que assim o produtor obtenha uma visão a longo prazo de seu empreendimento.
A adoção de um sistema de produção de morangos semi-hidropônico
requer a realização de investimentos de capital em produtos duráveis. Na tabela
1, são listados os produtos necessários para o sistema estudado, agregados em
quatro itens de investimento. Nota-se que, para produzir morangos em uma
estufa de 384 m², o montante de capital investido foi de R$ 18.622,50. As
inversões de capital mais expressivas foram associadas a instalação do sistema
de ferti-irrigação e a estufa que representam 32,6% e 30,4% do total. A
construção de uma adição para uso geral, e a compra de maquinas e
equipamentos corresponderam a 18,8% e 18,1%.
Tabela 1. Investimentos de capital produtivo para se produzir morango semi-
hidropônico.
Fonte: estudo de produção de morangos 2014.
A tabela 2, são apresentados os fluxos de caixa anuais da produção do
morango semi-hidroponico em uma estufa de 384m². Estes fluxos, são a base
para as analises de viabilidade financeira, são importantes para o produtor avaliar
o volume dos recursos financeiros próprios ou de terceiros que deve dispor em
28
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
determinados anos de maneira a não comprometer o funcionamento do
empreendimento.
Tabela 2. Fluxos de caixa para a produção de morango semi-hidropônico (estufa
de 384m².
Fonte: estudo de produção de morangos 2014.
Analisando as receitas e despesas operacionais é possível observar que
a partir do segundo ano, já se recupera o valor inicial investido pela relação
benefício/custo e que as operações manuais tem pouca variância no decorrer
dos anos. As implicações desta tabela mostram que, ao serem descartadas as
depreciações em todos os anos da produção, os fluxos de caixa esperados se
tornam positivos.
Na tabela 3 pode-se observar que o sistema apresenta bons resultados
em relação ao seus níveis de eficiência econômica e de viabilidade financeira.
Isso porque enquanto no curto prazo a lucro total produtivo foi de 12,6%, no
longo prazo, a taxa interna de retorno foi de 20,3%, o que é muito acima da taxa
mínima de atratividade, definida como 6,0% a.a.
CONHECIMENTO E GESTÃO
29
Tabela 3-Indicadores de eficiência econômica e viabilidade financeira sob
condições determinísticas.
Fonte: estudo de produção de morangos 2014.
Sobre as análises de curto prazo, é necessário observar o lucro médio
devido aos fatores de produção no primeiro ano é negativo, por isso um ciclo
produtivo de dois anos é fundamental, pois, gera condições mais favoráveis para
otimizar o seu uso. Já a margem de contribuição média é positiva na análise de
curto prazo o que é importantíssimo já que esta variável é utilizada para verificar
e garantir o pagamento das obrigações efetivas de curto prazo.
Já em relação aos indicadores financeiros em relação ao longo prazo. O
resultado do VPL indica que o investimento financeiramente é viável.
Adicionalmente, demonstra também que, após o planejamento de dez anos,
mantiveram-se constantes os preços e as produções esperadas, o montante
total de recursos financeiros aplicados no sistema produtivo em avaliação, além
de propiciar retornos que superam o custo de oportunidade do capital,
representado pela taxa mínima de atratividade de 6,0% a.a., seria ampliado em
30
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
R$18.412,3, ou seja, o investimento feito na produção de morangos superaria as
expectativas de seus produtores e, teria um retorno esperado previsto.
Assim, quanto ao indicador de benefício/custo, ele evidencia que, para
cada unidade de custo, é obtida 1,13 unidade de benefício. Por sua vez, o
indicador de período de payback descontado mostra que, em termos
determinísticos, o tempo necessário para recuperar o capital inicial investido na
atividade agrícola em questão é de 5 anos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cultivo de morango assim como qualquer outro empreendimento deve
ser estudado e avaliado, buscando sempre compreender quais os custos e quais
serão as dificuldades que irão ser encontradas, além disso, é imprescindível
conhecer os custos iniciais e os custos de manutenção do empreendimento e ter
um controle sobre o fluxo de caixa além de conhecer as perspectivas de
mercado.
Para ter o controle administrativo da empresa, o empreendedor neste o
caso o produtor deve estar ciente de quanto vai investir inicialmente e em quanto
tempo vai recuperar este investimento, por isso ferramentas como VPL, TIR,
PAYBACK se tornam fundamentais para o início do projeto. Essas ferramentas
auxiliam na busca por um projeto mais rentável ao produtor, e ao mesmo tempo
um investimento solido. Pode-se notar que, ao decorrer deste trabalho, analisou-
se as questões financeiras quanto naturais do investimento em questão.
Observa-se que, o retorno deste investimento foi previsto em 60 meses,
o que não faz com que as expectativas possam ser superadas ao decorrer deste
tempo, levando em consideração o alto nível de alimentos e frutos que estão
sendo introduzidos no mercado atualmente.
De forma geral, pode-se concluir que o sistema de produção de
morango semi-hidropônico avaliado neste trabalho apresentou níveis de
eficiência econômica e de viabilidade financeira aceitáveis, o que significa que a
sua produção é viável.
CONHECIMENTO E GESTÃO
31
REFERENCIAS
GOUVEA, A.; KUHN, O. J.; MAZARO, S. M; MIO, L. L. M.; DESCHAMPS, C.;
BIASI, L. A.; FONSECA, V. C. Controle de doenças foliares e de flores e qualidade
pós-colheita do morangueiro tratado com Saccharomyces cerevisiae.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 27, n. 4, p. 527-533, 2009.
LAZZAROTTO, J.J.; SANTOS, M.L. dos; LIMA, J.E. de. Viabilidade financeira e
riscos associados à integração lavoura-pecuária no Estado do Paraná.
Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 1, p.113-130. Jan./Abr.
2010.
ODA, A.L.; GRAÇA, C.T.; LEME, M.F.P. Análise de riscos de projetos
agropecuários: um exemplo de como fundamentar a escolha entre projetos
alternativos e excludentes. Disponível em:
http://www.fearp.usp.br/egna/resumos/Oda&Graca.pdf. Acesso em: 13 de maio
de 2016
OHIRA, T.H.; SHIROTA, R. Eficiência econômica: uma aplicação do modelo de
fronteira estocástica em empresas de saneamento. In: ENCONTRO NACIONAL
DE ECONOMIA,33., 2005, Natal. Anais..., Natal: ANPEC, 2005. Disponível
em:http://www.anpec.org.br/encontro2005/artigos/A05A142.pdf. Acesso em: 28
de agosto de 2016.
VERAS, L.L. Matemática financeira. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1999. 259p
GITMAN, L.J. Princípios de administração financeira. 10.ed. São Paulo: Pearson
Addison Wesley, 2004. 745p.
32
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
ESTUDO DA IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO E
DA CRIATIVIDADE NAS ORGANIZAÇÕES
CAMILA CHIRNEV CAOBIANCO 1
AMANDA CORDEIRO2
RESUMO
Sabe-se que os clientes são a chave da existência das organizações e que o
sucesso de uma empresa dependente de como ela gerencia as suas atividades
através da utilização de ferramentas administrativas. Contudo, além dessas
ferramentas, a organização também pode buscar desenvolver a inovação e a
criatividade com o intuito de cada vez mais criar meios que visem satisfazer o
cliente, atendendo as suas necessidades e desejos. Desta forma, o presente
trabalho tem como objetivo evidenciar a importância do gerenciamento de novas
ideias e mostrar como isso pode contribuir para o sucesso das organizações.
Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, pautada em materiais já
elaborados por outros autores. Os resultados revelam que inovação e criatividade
são fatores primordiais para o sucesso das empresas, sendo que ambas
necessitam de etapas e processos para serem desenvolvidas, ao mesmo tempo
em que permeiam fatores que podem influenciar e estimular o comportamento
dos seus colaboradores, evidenciando-se assim que partirá do conhecimento da
organização e de sua cultura criar condições que favoreçam um ambiente de
trabalho mais criativo e inovador.
Palavras-chave: Gerenciamento de ideais. Criatividade. Inovação.
1 INTRODUÇÃO
Torna-se cada vez mais perceptível a importância da geração de novas
ideias que possam trazer grandes benefícios a toda sociedade. Em um cenário
onde as pessoas vivem a era da Gestão do Conhecimento e da Inovação é
possível compreender o impacto que isso pode trazer às organizações, por isso,
devem estar mais atentas à criação de novas tendências que possam diferenciá-
las no mercado competitivo.
1 Mestranda em Gestão do Conhecimento nas Organizações (CESUMAR), Graduada em
Administração com ênfase em Comércio Exterior (CESUMAR 2004), Especialista em Gestão
da Produção e em EAD e as Tecnologias Educacionais. 2 Graduada em Administração (UNIGUAÇU). Atualmente realizando Pós- Graduação em MBA -
Gestão Empresarial (CESUMAR).
CONHECIMENTO E GESTÃO
33
No mundo contemporâneo algumas ideias podem demorar certo tempo
para serem amadurecidas nas organizações e isso se deve ao fato, muitas
vezes, de haver resistência por parte dos colaboradores, ou até mesmo da
cultura empresarial, em relação à clareza do entendimento do benefício e
necessidade de execução desta mudança, entre outros fatores. Tendo em vista
que até as ideias mais importantes da sociedade demoraram a ter seu efeito
desejado, nem toda ideia será revolucionária no momento em que nascer, então,
é preciso que as organizações saibam lidar com os obstáculos encontrados,
havendo necessidade de focar em processos que possam alimentar ainda mais a
motivação para a criatividade.
Diante dessas dificuldades surgem alguns pontos que devem ser
levados em conta ao elaborar o desenvolvimento de novas ideias, e um desses
pontos é saber por onde começar e, em seguida, saber como manter e até
mesmo aprimorar estas mesmas atividades em busca da inovação. Sendo
assim, como as organizações podem inovar na hora de gerir novas ideias e
como devem lidar com os obstáculos encontrados durante o amadurecimento
destas mesmas ideias?
Em resposta a esta problemática será possível evidenciar a importância
da inovação e da criatividade e mostrar como pode contribuir para o sucesso da
organização, buscando ao mesmo tempo entender como funciona o processo de
inovação, além de identificar os principais fatores que influenciam a criatividade
na organização. Este estudo foi realizado tendo por metodologia a pesquisa
bibliográfica.
Desta maneira, este artigo está dividido em duas seções. Num primeiro
momento foram abordados os conceitos e definições extraídos de livros e
artigos, além da utilização de material disponível na internet, em relação aos
temas ligados à inovação e à criatividade. O texto encerra-se com as
considerações finais, onde espera levar ao entendimento do estudo proposto,
além de somar conhecimento àqueles existentes e contribuir para o
aprofundamento de estudos posteriores.
2 INOVAÇÃO
A inovação está presente em tudo e faz parte de um todo, ela inicia-se
com a criatividade e imaginação do ser humano. Atualmente, a inovação é vista
34
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
como um importante fator de sucesso dentro das organizações e para entender
melhor este tema foram abordados alguns conceitos a seguir.
Segundo Sbragia, Marcovitch e Vasconcellos (1996 apud REIS, 2003),
a inovação está relacionada às mudanças do mundo atual, sendo o resultado
obtido por meio da eficiência e da eficácia com que os conhecimentos técnico-
científicos são produzidos, transferidos, difundidos e incorporados aos produtos
e serviços. Ou seja, depende exclusivamente de como a organização dá ênfase
ao seu processo de produção e engloba em cada etapa sua demasiada
importância. Assim, conforme a empresa evolui surge a necessidade de um
aperfeiçoamento de processos tecnológicos que acelerem descobertas cada vez
mais inovadoras.
Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço)
novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um
novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas
práticas de negócios, na organização do local de trabalho, ou nas
relações externas (OCDE, 1997, p.55).
Julien (2010, p. 242) conceitua inovação como “resultado do trabalho
de controle e reorganização que a organização efetua sobre os saberes e
competências para explorar uma oportunidade de mercado ou abrir um novo
domínio de atividade”. Sendo assim, é preciso que sejam aliados ao
conhecimento habilidades para que se possa aproveitar uma oportunidade como
ponto de partida para a inovação.
Por meio dos conceitos dos autores é possível entender que a inovação
é um resultado de um processo já realizado dentro da organização e para que a
inovação seja reforçada é necessário aperfeiçoar seu ambiente de trabalho.
Sobre a gestão da inovação, Roberts (1984, p. 53) comenta:
[...] é a organização e a direção dos recursos, tanto humanos como
econômicos, com a finalidade de aumentar a criação de novos
conhecimentos; a geração de ideias técnicas que permitam obter
novos produtos, processos e serviços, e melhorar os já existentes;
o desenvolvimento de ideias e protótipos de trabalho; e a
transferência destas mesmas ideias para as fases de fabricação,
distribuição e uso.
O mesmo autor ainda desenvolveu um modelo para o processo de
inovação que envolve informações vindas do ambiente interno ou externo da
organização. A unificação dessas informações é que de fato irá gerar resultados,
CONHECIMENTO E GESTÃO
35
tratando de informações que se enquadram com as estratégias tecnológicas e as
principais necessidades dos clientes. O autor divide o processo de inovação em
seis etapas, sendo que cada uma delas busca respostas para diferentes
situações que surgem durante o processo. São elas:
1. Pré-Projeto;
2. Possibilidades do Projeto;
3. Início do Projeto;
4. Execução do Projeto;
5. Avaliação dos Resultados;
6. Transferência do Projeto.
Olea (2001, p.13) afirma que apesar de existirem vários modelos para o
processo de inovação, não existe um padrão a ser seguido por se tratar de um
processo complexo dentro da organização.
Durante os últimos trinta anos há se tentado desenhar um modelo
que explicasse satisfatoriamente a função da inovação tecnológica,
de maneira a incorporar os diferentes fatores ou variáveis que
intervêm. Todavia hoje, independente de numerosos modelos
existentes, não se dispõe de um modelo geral que se possa aceitar
como razoavelmente explicativo, coisa que seguramente confirma a
complexidade do processo de inovação (OLEA, 2001, p.13).
Giget (1997) argumenta que o processo inovativo não segue fórmula
pronta, e sim, é construído pelos membros envolvidos ou interessados na
geração da inovação, portanto, deve ser entendido como uma série de interações
que forma a rede de inovação. Desta forma, de acordo com os autores, para
obter a concretização da inovação dentro da organização é necessário que haja a
gerenciamento para integrar a inovação como atividade e, assim, unir a
organização com recursos tanto humanos como financeiros para cada etapa do
processo de inovação, definindo a melhor forma de elaborar o processo de
inovação e adaptando cada etapa sempre que necessário.
2.1 TIPOS DE INOVAÇÃO
A inovação pode acontecer sob a influência de vários aspectos que
podem estar ou não ligados diretamente a sua concepção. Naturalmente, para
36
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
entender melhor seu desenvolvimento alguns autores classificam a inovação em
processos distintos, mencionados a seguir.
De acordo com o Manual de Oslo (OCDE, 1997), existem quatro tipos de
inovação: de produto, de processo, de marketing e organizacional.
Inovação de produto: é aquela que condiz com a introdução de um bem
ou serviço novo ou melhorado. Inclui melhoramentos significativos em
especificações técnicas, componentes e materiais, softwares
incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais.
Inovação de processo: condiz com a introdução de um método de
produção novo ou melhorado. Inclui mudanças significativas técnicas,
em equipamentos área produtiva etc.
Inovação de marketing: refere-se à introdução de um novo método de
marketing com mudanças significativas na concepção do produto,
embalagem, posicionamento do produto, promoção ou fixação de
preços.
Inovação organizacional: tem relação com a implantação de um novo
método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na
organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas.
Ainda sobre os diferentes tipos de inovação, Schumpeter (1968) caracteriza
a inovação de produto, inovação de processo e inovação nos equipamentos,
além de acrescentar a inovação em marketing, distribuição de produtos no
mercado e inovação organizacional, que afeta a alocação da equipe.
3 CRIATIVIDADE NAS ORGANIZAÇÕES
A criatividade é um processo importantíssimo no desenvolvimento de
toda e qualquer empresa. Duailibi e Simonsen (1971, p. 14) consideram que
Toda empresa é a solução criativa para uma angustia gerada por um
problema. Um homem de negócios identifica uma oportunidade e vê
nela, através da produção e distribuição de bens e serviços, a
possibilidade de satisfazer uma necessidade qualquer.
Para entender toda sua dimensão, Duailibi e Simonsen (1971) afirmam
que a criatividade não está concentrada em um pequeno grupo de pessoas, mas,
sim, em sua disseminação em forma de reação em cadeia. Isso quer dizer que
CONHECIMENTO E GESTÃO
37
qualquer ato criativo implantando na empresa pode modificar toda uma estrutura
de atividades, influenciando diretamente nos resultados da organização.
No dicionário de Psicologia, criatividade é a capacidade para
criação, para auto realização, existente em todas as pessoas, mas
que depende de condições ambientais para se desenvolver.
Criatividade também pode ser explicada como a habilidade de
encontrar novas soluções para um problema ou novos modos de
expressão artística, ou melhor, de trazer a existência um produto
novo para o indivíduo, mesmo que apenas para ele (DORIN, 1978,
apud ANGELONI, 2002, p, 123).
Nonaka e Takeuchi (1997, p. 27 apud ANGELONI, 2002) ressaltam que
a “única fonte de vantagem competitiva duradoura é o conhecimento”. Assim a
criação do conhecimento não é só uma questão de processar informações, mas
também de aproveitar as percepções, intuições e deduções das pessoas que
movem a organização.
Para os autores, antes de tudo é preciso buscar compreender o
significado da criatividade para então abordar a dimensão do conhecimento, uma
vez que a criatividade acompanha a trajetória do homem na história, sendo,
portanto, tão antiga quanto se imagina.
Na antiguidade, duas teorias de criatividade se destacaram: a
criatividade como origem divina e a criatividade como loucura. Os
antigos acreditavam que a criatividade era concedida somente a
alguns seres humanos “escolhidos por Deus”, principalmente ao
que trabalhavam com artes. [...] Os antigos gregos acreditavam que
a pessoa criativa era caracteriza por alguns traços especiais de
personalidade e que tais traços eram vistos como loucura
(EYSENCK, 1999 apud ANGELONI, 2002, p. 121).
Angeloni (2002) argumenta que várias teorias foram levantadas por
diversos autores até que se chegasse ao conceito mais conhecido atualmente de
criatividade, que pode ser vista como um processo em que as ideias são
geradas, desenvolvidas e logo transformadas em valor útil para as empresas,
permitindo que elas possam desenvolver produtos e serviços, processos e
práticas novos como fontes importantíssimas para sua estratégia empresarial.
Por lógica, percebe-se que a criatividade está inserida no processo de inovação,
não havendo, segundo a autora, qualquer separação ou distinção entre os dois
termos.
38
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
3.1 PROCESSO CRIATIVO E BLOQUEADORES DA CRIATIVIDADE
Sabe-se que a criatividade é um processo individual que acontece na
sua maior parte ao se tentar encontrar soluções ou de trazer em mente a ideia de
algo novo. Para tanto, é preciso que haja preparação e organização para colocar
as ideias no papel, pois do contrário, sua concepção não passará para o
processo de concretização e obtenção de resultados. Para melhor entendimento
do tema serão abordados dois tópicos, um referente ao processo criativo e outro
sobre os fatores que influenciam a criatividade.
3.1.1 Processo Criativo
O indivíduo criativo geralmente não acompanha a conformidade e o
padrão estabelecido na sociedade, possui ideias divergentes e mente flexível.
Amabile (1989) afirma que a criatividade se manifesta apenas em produções
artísticas. Porém, Alencar e Fleith (2003) complementam dizendo que em
contraposição a isso, diversos estudos têm investigado o processo criativo nas
mais diversas áreas do conhecimento.
Nesta linha, Torrance (1965 apud ALENCAR; FLEITH, 2003, p. 14)
define criatividade como
[...] um processo de se tornar sensível a problemas, deficiências e
lacunas no conhecimento; identificar a dificuldade; buscar soluções,
formulando hipóteses acerca das deficiências; testar e retestar
essas hipóteses; e, finalmente, comunicar os resultados.
Já para Brown (1989) a criatividade é composta por quatro
componentes, sendo eles: produto, processo, pessoa ou entidade e situação, no
qual o produto criativo é o componente principal e sem ele a criatividade não faz
sentido. A criatividade precisa de um motivo para acontecer e é com o produto
que o indivíduo estará se preocupando inicialmente.
No que diz a respeito à pessoa ou entidade, Kneller (1978) afirma que a
inteligência é a força maior da criatividade, pois ela norteia a originalidade,
capacidade de elaborar e concretizar ideias com a flexibilidade de pensamento,
onde há o senso de humor, a persistência e a autoconfiança como
características que fazem parte da personalidade criativa. Robbins (1995)
complementa afirmando que a personalidade criativa aceita a si mesma, sem ter
CONHECIMENTO E GESTÃO
39
medo do próprio medo, cultiva a mentalidade de aprendiz, a habilidade como
observador perspicaz, cultiva também o bom humor, assuntos diferentes e evita
os padrões estabelecidos e maneiras inflexíveis de agir.
Já Jackson e Messick (1965 apud DACEY, 1989) destacam quatro
características básicas na personalidade criativa:
1. Tolerância para incongruências, tendência por fazer coisas não-usuais;
2. Capacidade de análise objetiva e subjetiva (intuitiva) na geração de
ideias funcionais e criativas;
3. Capacidade de manter a mente livre de preconceitos e aberta a novas
experiências e informações;
4. Combinação de pensamento reflexivo e intuição “espontânea” na
produção de soluções complexas de uma forma simples.
Dacey (1989) ainda complementa dizendo que outras características
como liberdade para não seguir regras, capacidade de utilizar objetos em
situações que não convencionais, aceitação de riscos, entre outros, também
fazem parte da personalidade criativa.
Contudo, para que haja o desenvolvimento correto da criatividade,
Duailibi e Simonsen (1971, p. 38) citam em sua obra que dentre as várias etapas
dos processos criativos já abordados por tantos outros autores, Don Fabun os
dividiu de maneira semelhante da seguinte forma:
Desejo - A pessoa deve, por qualquer razão, querer criar algo
original. Isso é o que ele chama de atitude de trabalho.
Preparação - Ou acumulação de dados, visa “tornar o familiar o
estranho”.
Manipulação - É uma tentativa de síntese, de juntar conceitos
aparentemente não relacionados ou tornar “estranho o familiar”.
Incubação - O componente inconsciente do processo criativo;
acontece na mente, no plano inconsciente, onde começa a trabalhar
praticamente sozinha.
Antecipação - Há um sentimento de premonição, algo nos diz que o
problema está prestes a ser resolvido.
Iluminação - A solução esperada.
Verificação - A confirmação da viabilidade da solução.
Desta forma, aliando as definições dos autores, pode-se concluir que a
criatividade não segue nenhum padrão para existir, pois ser criativo envolve
habilidades contrárias à conformidade, regras e padrões já estabelecidos na
sociedade, e a inteligência é a força maior para dar propulsão à originalidade.
40
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
3.1.2 Fatores que influenciam a Criatividade
Em termos gerais, existem várias técnicas que ajudam a estimular a
criatividade, mas não existe um modelo padrão a ser seguido, uma vez que a
criatividade faz parte de um processo comportamental, e isso significa dizer que
é diferente de pessoa para pessoa. No entanto, Mañas (1993) relata que as
pessoas deixam de usar o seu lado criativo e acabam se adaptando à rotina,
muitas vezes por obterem um retorno positivo pela empresa nas atividades que
desempenham além de desconhecerem os principais objetivos da organização.
Mota (1995) complementa que é imprescindível a existência de
estímulos à criatividade, uma vez que a própria complexidade e dimensão da
organização fazem com que os seus colaboradores fiquem na conformidade e
proteção das condições já existentes ao invés de buscarem novas fontes
criativas para o trabalho. Berg (2014) aponta oito principais fatores que
influenciam a criatividade, são eles:
Raciocínio lógico/objetividade;
Acomodação/passividade;
Medo de crítica;
Ameaça à segurança e ao status;
Falta de autodisciplina e perseverança;
Apego a normas e padrões;
Paradigmas e pressupostos rígidos;
Presunção ou falta de humildade.
Já Mañas (1993) destaca os seguintes bloqueadores da criatividade
individual: excesso de vigilância, avaliações e recompensas, além da
competição, controle excessivo, restrição de escolhas e a pressão dada pelas
expectativas de sucesso e alto desempenho. Ainda nesse contexto, Novaes
(1980) acrescenta como bloqueadores da criatividade individual o
condicionamento social e educacional, a falta de conhecimento e de
informações, os hábitos pessoais negativos e a atitude de pessimismo e
conformismo. Desta forma, a criatividade requer uma organização disposta a
investir no seu ambiente organizacional ao ponto que também busca quebrar os
bloqueios criativos existentes, ao mesmo tempo em que promove a valorização e
reconhecimento dos seus colaboradores, abrindo assim portas a novas
oportunidades com uma estrutura administrativa mais inovadora e criativa.
CONHECIMENTO E GESTÃO
41
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o presente artigo conclui-se que a inovação é a chave para o
sucesso das organizações. Independentemente do seu ramo de atividade, a
inovação é necessária uma vez que as organizações necessitam dela para serem
competitivas no mercado. Porém, atrelada à inovação há a criatividade que
envolve o indivíduo como peça fundamental, visto que seu comportamento pode
ser influenciado através de estímulos motivacionais perpetuados pela própria
organização. Por outro lado, apenas tomar a motivação como instrumento da
criatividade é inviável uma vez que a criatividade é um processo individual e
envolve diversos fatores comportamentais que se distinguem de pessoa para
pessoa. As organizações, portanto, precisam conhecer estes fatores que
influenciam a criatividade para então proporcionarem condições que favoreçam
um ambiente de trabalho criativo para o seu desenvolvimento.
Assim, ao conhecer estes fatores também, será possível evitar
obstáculos, e mesmo na presença deles, durante o amadurecimento das ideias,
ainda é possível buscar ferramentas auxiliares, que uma vez implantadas, caberá
à empresa adaptá-las conforme suas necessidades.
Vale ressaltar ainda que, já que a criatividade se manifesta de diversas
maneiras, não se pode considerar que exista uma compreensão total e ampla do
processo criativo, motivo pelo qual, ainda hoje, existem controvérsias. Além
disso, seria relevante estudar com mais profundidade a utilização de ferramentas
específicas de gestão da inovação para averiguar seus verdadeiros benefícios e
se elas apresentam obstáculos que impedem seu desenvolvimento no ambiente
empresarial.
REFERÊNCIAS
ALENCAR, E. S. e FLEITH, D. S. Criatividade: múltiplas perspectivas. 3 ª ed.
Brasília : Editora Universidade de Brasília, 2003.
AMABILE, T. A. Growing up creative. Buffalo, NY: The Creative Education
Foundation Press. 1989
ANGELONI, M. T. Coord. Organizações do Conhecimento. Infraestrutura, Pessoas
e Tecnologias. São Paulo: Saraiva, 2002.
42
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
BERG, E. Os 8 maiores bloqueadores da criatividade. Ago, 2014. Disponível em:
<http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/os-8-maiores-
bloqueadores-da-criatividade/80077/> Acesso em: 21 de maio de 2016.
BROWN, R. T. Creativity: What to measure? Em: J. A. Glover, R. R. Ronning & C.
R. Reynolds (Eds.), Handbook of Creativity. New York: Plenum Press, 1989.
DACEY, J. S. Fundamentals of Creative Thinking. Lexington, MA: Lexington
Books, 1989.
DUAILIBI, R. e SIMONSEN, H. Jr. Criatividade: a Formulação de Alternativas em
Marketing. São Paulo: Editora Abril e McGraw Hill do Brasil, 1971.
GIGET, M. Technology, Innovation and Strategy. International Journal of
Technology Managament. Vol. 14, nº 6-7-8, 1997.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
JULIEN, Pierre-André. Empreendedorismo regional e a economia do
conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2010.
KNELLER, G. F. Arte e ciência da criatividade. Tradução V. Reis. São Paulo:
Ibrasa, 1978.
MAÑAS, A. Vico. Gestão de tecnologia e inovação. São Paulo: Érica, 1993.
OLEA, Pelayo Munhoz. Aproximación conceptual al proceso de la innovación
tecnológica. Tese de doutorado. 2001.
REIS, D. R. Gestão da Inovação Tecnológica: As relações Universidade-Empresa.
São Paulo: Manole, 2003.
ROBERTS, E. B. Gestión de la innovación tecnológica. Madrid: Fundación Cotec
para La Innovación Tecnológica, 1984.
ROBBINS, L. B. O despertar na era da criatividade: passos e desenvolvimento do
potencial criativo para a realização profissional e pessoal. São Paulo: Gente,
1995.
SCHUMPETER, J. Can capitalism survive. New York: Harper & Row, 1968.
CONHECIMENTO E GESTÃO
43
CRM: O CLIENTE EM FOCO
CAMILA MACHADO RAIMUNDO1
HENRIQUE FIGUEIREDO ARAÚJO2
RESUMO
Este projeto propõe através de uma pesquisa de campo, apresentar as vantagens
que a ferramenta de Gestão do Relacionamento com clientes (CRM) tem gerado
em uma rede de concessionárias automotiva, a Ribeiro Veículos S/A, filial, em
Dourados-MS. Foi realizado um trabalho de levantamento de informações
disponibilizadas pela Ribeiro Veículos. As informações obtidas demonstraram as
boas práticas e as estratégias utilizadas pela organização que tem o intuito de
elevar a fidelização de seus clientes e a prospecção de novos negócios com
base nas informações obtidas pelo seu sistema de CRM. Este projeto tem como
objetivo, apresentar quais são os fatores importantes para que o CRM possa
contribuir na prospecção de novos negócios e quais práticas que são essenciais
para fidelização dos clientes dentro da Ribeiro Veículos S/A.
Palavras-chave: CRM; fidelização de clientes; prospecção de novos negócios;
cliente em foco.
1 INTRODUÇÃO
Com base nas tendências atuais e um mercado cada vez mais
competitivo, tem surgido um aspecto cada vez mais presente dentro das
organizações, o cliente em foco, ou seja, o cliente como o centro de todos os
negócios da empresa. Para isso, as empresas têm se reinventado e buscado
diversas alternativas como meio de conseguir uma vantagem competitiva. Dentro
dessa busca, surge o CRM, criado não apenas para auxiliar no simples contato
com o cliente, mais sim, contribuir na criação de um relacionamento duradouro e
que de fato agregue algum valor a empresa e ao sucesso e satisfação dos
clientes.
O CRM dentro de uma organização tem como foco principal, diminuir a
distância entre a empresa e o cliente. Um bom relacionamento entre empresa e
cliente é vista como uma maneira de facilitar a identificação das necessidades do
1 Graduação em Administração pela UEL, Pós-graduação em Administração de Marketing e
Propaganda pela Universidade Estadual de Londrina, Pós-graduação em Ensino a Distancia e as
Tecnologias Educacionais pela UniCesumar, 2 Bacharel em Administração de Empresas.
44
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
mesmo e consequentemente obter mais sucesso em supri-las, já que o CRM
contribui no levantamento de informações e fornece detalhes baseado no perfil
do cliente.
A importância desse tema se dá justamente pela dificuldade que as
empresas têm enfrentado para manter um cliente fiel e também em como
conquistar novos parceiros para um relacionamento comercial. O foco das ações
comerciais voltadas ao cliente tem sido uma tarefa primordial para o sucesso
das organizações.
Esse artigo tem como objetivo, apresentar quais são os fatores
importantes para que o CRM possa contribuir na prospecção de novos negócios
e quais práticas que são essenciais para fidelização dos clientes dentro da
Ribeiro Veículos, os resultados obtidos nesse estudo, levam a comprovação de
que ter o foco dos negócios voltado ao cliente, tem sido de fato uma vantagem
diante de todas as dificuldades presentes no mercado.
Este artigo está assim subdividido: no primeiro capítulo será abordado o
histórico de tal coisa, no segundo capítulo será apresentada (inserir o nome do
tópico que será abordado), posteriormente a metodologia será evidenciada
apresentando os principais autores escolhidos para fundamentar o trabalho,
encerrando com as considerações finais.
2 CRM CRIANDO LAÇOS
Por se entender mais sobre o conceito de CRM, Araújo
define que:
CRM é uma expressão que pode ser traduzida para a língua
portuguesa como Gestão de Relação com o Cliente. O conceito de
CRM define toda uma classe de instrumentos que facilitam o
contato com o cliente, sendo que serve de elo entre a empresa e o
cliente. A adoção do CRM implica na mudança de atitude da
empresa, uma vez que pretende aprimorar o relacionamento com
os seus clientes, facilitando e inter-relacionando de forma
perspicaz e o desenvolvimento de informações sobre suas ações e
interações com a empresa. (ARAUJO, 2009)
O CRM é uma ferramenta de suma importância para todas as
organizações que desejam encontrar informações diferenciadas de seus clientes,
pois através dela são possíveis inúmeras possibilidades de extrair
particularidades, como análise de perfil de compra. Utilizando essa ferramenta
como instrumento que vise a melhora da gestão de relacionamento com os
CONHECIMENTO E GESTÃO
45
clientes, o CRM será mais eficaz gerando muitos benefícios para a organização
(SOHRAB, 2010).
Entender o grau de importância em dar o devido enfoque ao cliente, é
necessário fazer uma verdadeira gestão que mantenha um relacionamento direto
com eles, fazendo campanhas personalizadas que superem as expectativas dos
clientes, que todo produto e serviço ofertado sejam ricos em qualidade, logo,
ações como essas contribuirão para que a empresa consiga manter o cliente fiel,
satisfeito e é claro rentável (ARAÚJO, 2009; SOHRABI, 2010).
Segundo Kotler e Fox (1998):
Conquistar clientes novos custa entre 5 a 7 vezes mais caro do
que manter os mesmos clientes que já possui. Por isso, utilizar
ferramentas como o CRM, que permitam a fidelização de um
cliente, são estratégias corporativas a definir e implementar.
Tendo em mente esses conceitos e fazer com que o CRM torne uma
ferramenta de uso dentro da organização, os planos de ações voltados a
prospecção de novos negócios terão mais eficácia, pois a partir do levantamento
dos dados de cada cliente será possível realizar um trabalho personalizado para
cada situação e isso poderá trazer uma vantagem competitiva perante a
concorrência, pois a chance de ofertar com assertividade os produtos ou
serviços que o cliente realmente precisa serão bem maiores, pois, a oferta será
baseada no perfil, característica e necessidades apontadas de cada cliente
(KOTLER; FOX, 1998; OLIVEIRA, 2000).
Comercializar um produto ou serviço que seja realmente o que o cliente
necessita, é uma das poucas formas de manter a satisfação de um cliente
elevada, ter sucesso e garantir a fidelização é um trabalho constante que não
finaliza no momento da venda, mas sim nas atitudes e relacionamento que
empresa conseguirá manter com seus clientes ao longo dos anos (OLIVEIRA,
2000; MEDEIROS, 2002).
2.1 AS VANTAGENS DO CRM
É possível apresentar algumas vantagens que o sistema CRM pode
trazer para a organização, e uma das principais vantagens é a interação existente
entre empresa e cliente. Como já citado anteriormente manter um cliente custa
bem menos do que buscar novas parcerias, para manter um cliente fiel é
necessário conhecê-lo a fundo e compreender as suas necessidades e
46
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
consequentemente atender suas expectativas e é exatamente isso que a
ferramenta CRM pode contribuir nesse relacionamento, pois um sistema de CRM
abastecido com informações, perfil e qualquer outra informação extra,
contribuem para uma venda ou formação de parcerias com mais assertividade
gerando uma melhor satisfação nas negociações (NOVELLO, 2013).
Com a grande concorrência existente no mercado e diversas opções é
preciso que as organizações busquem meios de dar um atendimento
personalizado em cada novo negocio, pois, cada cliente e cada organização
possuem diferentes características e peculiaridades, portanto entender as reais
necessidades dos clientes e registrar cada hábito e novas informações obtidas
através de um bom atendimento irá contribuir em uma parceria bem sucedida,
provando que a gestão de relacionamento com o cliente é muito além do que
pensar simplesmente na venda de um produto ou serviço (NOVELLO, 2013).
O CRM é visto dentro das organizações como uma solução completa de
negócio, pois é possível poupar tempo e dinheiro aumentando as possibilidades
de novas oportunidades, pois o CRM não é apenas um sistema que guarda
informações de clientes, mas também é uma estratégia de negócio
(FERNANDES, et al. 2015).
Sobre sistema CRM e estratégia de negócios andarem juntas Bretzke
(1998) completa:
Todas as ações de uma empresa são suportadas por um banco de
dados de marketing. Por meio desses dados foi possível:
armazenar as informações necessárias para um relacionamento
produtivo com os clientes; maior pertinência nas ações, uma vez
que auxiliou na identificação das oportunidades, buscando
informações na base de clientes, tais como: os clientes com maior
potencial para determinadas ações, que tinham um
comportamento de compra interessante para aquele tipo de
produto etc; sistematizar as ações, controlando o fluxo de
respostas, pedidos, agendamentos.
Com sistema de CRM implantado, os clientes podem ser tratados de
forma personalizada e estarão divididos por segmentação, isso trará rapidez e
enfoque para cada atendimento. Dessa forma, os gestores responsáveis pela
negociação tomarão decisões em um menor tempo, com menores custos,
aumentando a rentabilidade da organização e entregando apenas as quantidades
suficientes no tempo certo. Essa atitude consequentemente trará uma
CONHECIMENTO E GESTÃO
47
visibilidade e uma imagem fortificada perante o mercado e seus concorrentes
(FERNANDES, et al. 2015).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa realizada foi de natureza qualitativa, com delineamento
descritivo, através de um estudo de caso preservando as características e
acontecimentos nos processos comerciais da organização. Através do estudo de
caso foi levantado os dados para a apresentação dos resultados obtidos. As
técnicas de coletas de dados foram realizadas de forma observacional,
documentais cedidas pela organização e entrevista com gestor de
relacionamento onde foram observadas as técnicas utilizadas para a prospecção
de novos negócios e práticas essenciais para fidelização dos clientes dentro da
organização em questão.
3.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
Em 1947 iniciou a trajetória da Ribeiro Veículos S.A. na cidade de
Maringá-PR, inspirada na visão de seu fundador Francisco Feio Ribeiro, o
progresso rápido e planejado, aliado às oportunidades trazidas pelos investidores
que acreditavam na região de Maringá, proporcionaram os fundamentos
necessários que contribuiriam no desenvolvimento de uma grande cidade e uma
grande e sólida empresa comercial.
Maringá e a Ribeiro Veículos S.A. possuem suas raízes no árduo
trabalho de agricultores e empreendedores europeus, asiáticos e brasileiros
vindos de todas as regiões do país que fundaram aqui uma próspera
comunidade. Graças à consolidação de suas iniciativas e um sucesso em
administração, em 1981, a família Ribeiro recebeu o convite da Volvo, que havia
acabado de chegar ao Brasil, para representá-la. A partir desse convite, surgiu
assim, a primeira concessionária de caminhões e ônibus Volvo em Maringá –
PR.
Dez anos depois, em 1991, acreditando na prosperidade da região do
Mato Grosso do Sul, devido ao crescimento na agricultura e a necessidade que o
Estado possuía em se desenvolver na área de transporte, surgiu então a Ribeiro
Veículos em Dourados-MS, inscrita no CNPJ: 75.642.256/0004-44, na Rua
Marginal Leste, nº 915 – Chácara Castelo I, onde está instalada até hoje. Iniciou
48
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
suas atividades no ramo de comércio de veículos automotores, peças para
veículos automotores assistência e reparo para os mesmos e segue na mesma
atividade nos dias atuais. No início de suas atividades a empresa contava com
um quadro de 11 colaboradores e ao longo dos anos conquistou um constante
crescimento, hoje o quadro da filial é de 48 colaboradores.
Seus objetivos vão de encontro com sua missão e visão
respectivamente, que são, comercializar produtos e serviços de qualidade
superior, proporcionando pleno retorno e satisfação a clientes, parceiros,
colaboradores e acionistas. Ser reconhecida como parceira preferencial por seus
clientes, fornecedores, colaboradores, e ser líder comercial da região.
Através do seu foco em encontrar soluções para o transporte de acordo
com a necessidade de cada cliente, a Ribeiro Veículos tem o papel de
representar a marca sueca Volvo e tem obtido grande sucesso e evolução,
conquistando vários parceiros como, transportadoras de cargas, agricultores, e
fornecedores de peças e materiais que confiaram sempre em seu negócio,
criando várias alianças comerciais. Os resultados obtidos desde a sua fundação
e hoje já é considerada uma organização modelo na região e líder comercial no
segmento de caminhões pesados.
Em 2015 a Ribeiro Veículos em Dourados-MS, passou por um processo
de ampliação estrutural para atender e demanda de produtos e serviços que a
região tem exigido, a prosperidade e transparência nos negócios continuam
sendo seu principal diferencial no mercado e até hoje a empresa continua com a
ideologia de seu fundador Francisco Ribeiro “É preciso acreditar”.
Há mais de trinta anos representando a marca Volvo, hoje a Ribeiro
Veículos é uma das mais sólidas concessionárias Volvo do País, com cinco filiais
– três no Paraná (Maringá, Londrina e Cruzeiro do Oeste) e duas no Mato Grosso
do Sul (Campo Grande e Dourados), além de um posto de atendimento avançado
localizado na cidade de Angélica - MS – a Ribeiro Veículos S.A. segue primando
por honestidade, competência, responsabilidade e transparência perante seus
clientes, colaboradores e fornecedores.
3.2 TÉCNICA A SER UTILIZADA
Além do levantamento de dados com embasamento documental e
observacional, foi realizada uma entrevista com duração de uma hora e 30
minutos no dia 20/04/2016 com o Gestor comercial da Ribeiro Veículos, que
CONHECIMENTO E GESTÃO
49
respondeu cinco perguntas abertas onde foram questionados e discutidos os
objetivos desta pesquisa, que serão apresentadas de forma transcrita na análise
dos dados.
3.3 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Para o atingimento dos seus objetivos através da Gestão do
relacionamento com clientes, a Ribeiro Veículos S/A estrutura suas ações em
alguns pilares na prospecção de novos negócios e algumas práticas essenciais
na contribuição da satisfação e fidelização dos seus clientes. Esses pilares estão
divididos em duas fases, que são a fase da venda e do pós-venda. A fase de
venda, que é a fase de prospecção de novos negócios, é subdividida em quatro
etapas, que são respectivamente a etapa de Prospecção, visitas e ofertas,
eventos e negociação.
Na primeira etapa de venda que é a prospecção, existem quatro pontos
essenciais para o sucesso de todas as outras etapas, que são as atividades, a
identificação das necessidades, a interpretação do perfil do cliente e a
identificação do produto ou serviço que será ofertado conforme a seguir:
Atividades: Levantamento de dados existentes no sistema CRM,
onde o gestor irá definir as ações iniciais para atendimento.
Necessidades: Identificar a necessidade dos clientes baseado em
compras anteriores, ramo de atividade no qual o cliente está
inserido, entrevista realizada com o mesmo e etc.
Perfil do cliente: Análise da sua situação financeira, poder de
compra e pagamento, crédito e dados de compras anteriores.
Configurações: Identificar o produto ou serviço a ser ofertado de
acordo com todos os levantamentos de dados apurados nos pontos
anteriores.
Na segunda etapa, é a etapa em que o gestor define as visitas e ofertas,
ou seja, a maneira, momento e a forma que elas serão estruturadas e realizadas.
Todas as visitas são planejadas de acordo com cada particularidade do cliente,
levando em consideração todos os dados e características apontadas na
primeira etapa, pois com informações detalhadas sobre o cliente, a chance de
assertividade no primeiro contato com o cliente são maiores. Assim como as
visitas, as ofertas serão determinadas de acordo com o perfil do cliente, dessa
maneira os riscos de ofertar um produto ou serviço que o cliente não precisa
50
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
são bem menores do que em casos em que existe apenas uma oferta a ser
realizada.
Na terceira etapa, a partir do sucesso e interesse despertado pelo
cliente, é dado início na etapa chamada de eventos, onde todo o trabalho é
voltado para o encantamento e identificação do cliente com a marca e com a
empresa é a etapa onde são realizados os pontos a seguir:
Feiras: O primeiro contato do cliente com o que está sendo ofertado,
onde é dada as primeiras explicações da funcionalidade e aplicação do
produto ou serviço. Onde é dada a oportunidade ao cliente expor todas
as outras necessidades ainda não apontadas e o que ele espera. Após a
identificação do interesse despertado pelo cliente é startado o convite de
visita a fábrica.
Fábrica: O cliente é levado a montadora da marca situada na cidade de
Curitiba-PR onde terá a oportunidade de experimentar o que está sendo
ofertado. No caso do produto principal da marca que é o caminhão, será
o momento em que ele fará testes e acompanhará todo o processo de
produção do veículo. Nessa fase é definido exatamente qual o segmento
do cliente e a definição exata do produto, ou seja, de acordo com sua
necessidade, perfil e principalmente o chamado produto ideal dentro de
sua atividade de negócio.
Na quarta e última etapa de venda, é onde se encerra o processo de
negociação, nessa etapa todas as necessidades e dúvidas dos clientes já foram
esclarecidas, então é o momento em que são definidos os seguintes pontos:
Preço: o valor do produto ou serviço em negociação.
Crédito: a forma de pagamento, necessidades de financiamento e
solicitações de créditos as instituições financeiras.
Encomenda: definido os itens acima, por fim é realizada a encomenda
do produto ou serviço em questão e realizado o faturamento.
Na segunda fase da gestão do relacionamento com o cliente, é onde se
inicia a fase do Pós-venda, que tem papel fundamental no processo de
satisfação e fidelização dos clientes. O papel do pós-venda também é
estruturado em algumas etapas definidas pela organização, nessas etapas
envolvem os pontos a seguir:
Planejamento da entrega: é o ponto em que será definido o dia, local e
pessoa que receberá a aquisição do bem negociado.
CONHECIMENTO E GESTÃO
51
Evento da entrega: depois de realizado o planejamento, é organizado um
evento de entrega do produto, onde serão dadas novas explicações e
treinamentos. Além disso, fotos e brindes são entregues.
Apresentação: o pós-venda apresenta as garantias, planos de
manutenção e acompanhamento em relação a conservação do produto.
Após esse contato inicial realizado pelo pós-venda, várias ações são
traçadas pelo departamento, pois a Ribeiro Veículos S/A acredita que todos
esses processos são essenciais para atingir seu objetivo quanto a satisfação e
fidelização de seus clientes. Além do contato inicial o pós-venda realiza
pesquisas de satisfação após a entrega do bem e entrega uma carta de
agradecimento da compra acompanhada de brindes. Após esse processo de
entrega e agradecimento, o Pós-venda fica responsável em manter uma rotina de
visitas de acompanhamento a cada 90 dias, essas visitas tem o intuito de
resolver algum tipo de reclamação ou esclarecer dúvidas que o cliente possui
quanto ao produto ou atendimento.
Para medir suas ações de todo o processo que envolve vendas e pós-
venda, a organização possui um programa de qualidade chamado 100% Volvo, e
é auditada anualmente em vários pontos como: sustentabilidade, processos de
vendas, serviços, estoque de peças, 5s, satisfação de clientes e satisfação dos
funcionários. No ano de 2013 a Ribeiro Veículos S/A conquistou pela primeira
vez a certificação OURO do programa 100% Volvo de qualidade, no qual é
certificada até hoje. Em 2015 foi eleita através da pesquisa CSS realizada pela
Volvo do Brasil como top 3 de melhores concessionárias do Brasil no que tange
a satisfação de seus clientes, a neste mesmo ano, através de uma pesquisa
realizada pela Gazeta do Povo (Paraná) a Ribeiro recebeu o prêmio Great Place
To Work e foi qualificada entre as 10 melhores empresas para se trabalhar no
Estado, provando ainda seu sucesso e evolução no mercado e mais, foi também
eleita top 5 pela Revista IstoÉ Dinheiro no quesito objetivo financeiro realizado.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As análises de dados obtidos nesse estudo, através de todo o processo
de planejamento de vendas e pós-venda da Ribeiro Veículos S/A, teve como foco
principal observar as boas práticas e métodos utilizados pela organização em
como ela prospecta novos negócios e trabalha para atingir um nível de
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CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
satisfação de seus clientes, que levem a fidelização dos mesmos. Os resultados
do estudo mostram que ter o cliente como foco das ações comerciais e ter um
planejamento de atendimento bem definido desde o primeiro contato, tornando
um processo contínuo, têm sido de fato uma grande vantagem diante de todas
as dificuldades presentes no mercado.
Fazer um bom uso da ferramenta CRM, e utiliza lá como base para
levantamento de dados e análises de perfil de cada cliente, ajuda em uma maior
assertividade das negociações e contribui para um relacionamento duradouro.
As conquistas e premiações que a Ribeiro Veículo tem alcançado em indicadores
que medem à satisfação de seus clientes e o sucesso que tem sido em
resultados, levam a comprovação de que suas práticas tem a tornado um
modelo de sucesso e gestão.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, H. C. de. Sinergia no Atendimento. Cliente nossa razão de ser. BELO
HORIZONTE. Editora: Clube dos autores, 2009.
BRETZKE, Miriam. Marketing de Relacionamento: oportunidade para
desenvolvimento e crescimento continuo no setor financeiro. Balas Conference
the University of Texas, 1998.
FERNANDES, G.R. et al. CRM – Uma ferramenta fundamental para a captação e
manutenção de clientes. Revista Pensar Tecnologia, v.4, n.2, jul. 2015.
KOTLER, P.; FOX, K. "Marketing Estratégico para Instituições Educacionais".
Atlas, 1ª edição 1998.
MEDEIROS, S.T. CRM – Estratégia Para Aproveitamento de Conhecimento.
Developers Magazine, ano VI 2002.
NOVELLO, A.P.; Os Benefícios Proporcionados pelo CRM Projeto de Graduação
Esamc. Piraciaba, 2013.
OLIVEIRA, W. J. de. CRM & E-BUSINESS. Florianópolis: Visual Books, 2000.
SOHRABI, B.; HAGHIGHI, M.; KHANLARI, A. Customer relationship management
maturity model A model for stepwise implementation. International Journal of
Human Sciences, Volume 7. 2010.
CONHECIMENTO E GESTÃO
53
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
GUILHERME CASSAROTTI FERIGATO1
JERÔNIMO ANTERO ALVES2
RESUMO
O presente artigo teve como objetivo analisar a utilização do orçamento
empresarial como ferramenta para o planejamento e o controle de uma empresa.
Tendo como base o favorecimento da eficiência operacional diante da
concorrência e das exigências do mercado, uma vez que a empresa que não
elabora um orçamento com todas as suas previsões de lucros e quedas de
produção corre o risco de estar fadada ao encerramento de suas atividades. No
intuito de esclarecer os pontos principais do orçamento empresarial, esta
pesquisa classifica-se como qualitativa e bibliográfica, sendo que esta foi
realizada tendo por base autores que tratam dessa temática, apresentando-se os
principais conceitos sobre planejamento, controle e orçamento empresarial. A
coleta de dados se deu por meio de entrevista realizada em uma empresa
familiar que produz componentes plásticos para peças automotivas e
eletrodomésticas. Os resultados mostram a relevância do orçamento empresarial
para o bom desempenho da empresa.
Palavras-chave: Orçamento empresarial. Planejamentos. Controle. Tomada de
decisões.
1 INTRODUÇÃO
Orçamento Empresarial refere-se a um dos instrumentos utilizados pelos
gestores de uma empresa. Apresenta fundamental importância para alicerçar o
planejamento e o controle da mesma.
Geralmente é utilizado como uma ferramenta de controle, onde propõe
os limites orçamentários para os gastos empresariais, o que favorece a
eficiência operacional uma vez que a empresa, ao fazer uso dessa ferramenta
em todos os seus setores, pode prever as despesas e as receitas e assim
auxiliar na sua sobrevivência.
1 Mestrando em Gestão do Conhecimento nas Organizações, Especialista em Auditoria e
Controladoria, em EAD e Tecnologias Educacionais, Bacharel em Administração de Empresas
formação realizada no Centro Universitário de Maringá Unicesumar. 2 Tecnólogo em Processos Gerenciais pelo Centro Universitário de Maringá e pós-graduando do
Curso de Especialização de MBA em Gestão Empresarial.
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CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Nos dias atuais exige-se que a empresa faça um planejamento
orçamentário, tendo em vista que a concorrência está cada vez mais acirrada
diante das exigências do mercado. O orçamento é considerado de tal
importância que deve ser usado para as tomadas de decisões, evitando-se
transtornos para a empresa, principalmente os de ordem financeira.
Diante deste contexto, todo orçamento empresarial deve ser elaborado
de acordo com alguns critérios, obedecendo a certo rigor e, ao mesmo tempo,
deve estar aberto as novas ideias e soluções para problemas que eventualmente
surjam durante a sua aplicação.
Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa foi estudar e apresentar o
uso do orçamento empresarial como ferramenta contábil para o planejamento e
o controle de uma empresa familiar que produz componentes plásticos para
peças automotivas e eletrodomésticas.
Para tanto, os procedimentos metodológicos compreendem a pesquisa
bibliográfica, contemplando conceitos sobre planejamento, planejamento
estratégico, planejamento tático e operacional, controle, orçamento empresarial,
seus objetivos e características, efetuada a partir de consulta a livros de vários
autores que tratam desse tema. A coleta de dados se deu por meio de entrevista
realizada com o proprietário de uma empresa e com o responsável pela
elaboração do orçamento empresarial.
Com os resultados deste estudo espera-se contribuir para a
compreensão do tema proposto, haja vista tratar-se de uma importante
ferramenta contábil para o desenvolvimento financeiro das empresas e se tratar
de um grande aliado de gestores para a tomada de decisões.
2 PLANEJAMENTO
O planejamento deve ser elaborado pelas empresas, assim como todo o
processo orçamentário deve estar devidamente estruturado. Durante a
elaboração dos mesmos serão estabelecidas as diretrizes e as metas que serão
determinadas pelo orçamento.
Desta forma, o orçamento coloca o planejamento dentro de uma
empresa em destaque, isto é, para todo administrador é uma ação que deve vir
em primeiro plano. Afirma-se isto porque os gestores e/ou administradores,
quando atingem suas metas orçamentárias estão praticamente cumprindo aquilo
que foi planejado, já que o orçamento é uma das maneiras mais objetivas de
CONHECIMENTO E GESTÃO
55
executar o planejamento. Como se observa, o orçamento deve sempre interagir
com o planejamento para se obtenha sucesso na administração de uma
empresa, fazendo com que a mesma se mantenha no mercado de maneira
saudável, isto é, com lucros significativos e perdas mínimas.
Portanto, o planejamento é uma ferramenta da administração que
estipula as metas a serem seguidas e os objetivos que devem ser atingidos.
De acordo com Ishizaki (apud ROBBINS 2001, p. 116), planejamento é:
A definição das metas de uma organização, o estabelecimento de
uma estratégia global para alcançar essas metas e o
desenvolvimento de uma hierarquia de planos abrangente para
integrar e coordenar atividades empresariais.
Uma vez definidas as metas, as empresas almejam permanecer no
mercado através das estratégias que foram traçadas no presente, objetivando
ainda verificar quais são os pontos positivos e quais os pontos negativos do
planejamento.
2.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
O planejamento estratégico tem como característica ser realizado a
longo prazo, pois é de responsabilidade da administração principal da empresa.
Neste planejamento serão estipuladas as metas e as estratégias a serem
seguidas e como deverão ser colocadas em prática, o que poderá modificar o
perfil ou redirecionar o futuro do empreendimento.
O planejamento estratégico é um planejamento de longo prazo, de
responsabilidade dos níveis mais altos da Administração, que
procuram se antecipar a fatores exógenos e internos à empresa,
geralmente relacionados com as linhas de produtos ou mercados.
Implica tomada de decisões complexas, pois envolve grande
volume de recursos. As decisões estratégicas tomadas são de
difícil reversibilidade e geralmente apresentam nível de risco
expressivo (ISHIZAKI apud HOJI, 2003, p. 361).
Como se observa este tipo de planejamento deve ser realizado com
cuidado e atenção ao mercado financeiro, à política, ao câmbio, aos métodos
tecnológicos, de conformidade com os fornecedores, os fatores externos, que de
modo geral podem afetar a empresa, tendo como objetivo específico o de
prevenir e evitar maiores prejuízos.
56
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
2.2 PLANEJAMENTO TÁTICO
O planejamento tático deve ser executado pela administração
intermediária da empresa, que obrigatoriamente seguirá as metas que foram
estabelecidas pelo Planejamento Estratégico. Portanto, é desenvolvido para ser
aplicado somente em alguns setores da empresa.
O planejamento tático tem por objetivo otimizar determinada área de
resultado e não a empresa como um todo. Portanto, trabalha com
decomposições dos objetivos, estratégias e políticas estabelecidos
no planejamento tático. [...] O planejamento tático é desenvolvido a
níveis organizacionais inferiores, tendo como principal finalidade a
utilização eficiente dos recursos disponíveis para a consecução dos
objetivos previamente fixados, segundo uma estratégia pré-
determinada bem como as políticas orientativas para o processo
decisório da empresa (CABRAL; TONCOVITCH, 2006, p. 48).
Pode-se observar que o planejamento tático tem como foco determinada
parte da empresa, avaliando e analisando uma área específica de resultado.
Portanto, se encarrega de analisar os objetivos, as estratégias que estão sendo
aplicadas na empresa, além das políticas que foram por ele estabelecidas.
2.3 PLANEJAMENTO OPERACIONAL
O planejamento operacional deve ser realizado a curto prazo e deve
definir as atividades e os serviços a serem realizados dentro da empresa.
Segundo Hong (2006, p.162), o plano operacional é “a pormenorização dos
objetivos e das estratégias do planejamento tático em cada área da organização,
visando especificar as metas traçadas”.
Assim, nota-se que existe certa dificuldade para que o planejamento seja
cumprido pela empresa, pois pode-se correr o risco de que o mesmo não
chegue com clareza em todos os setores, isto é, as suas informações podem
não terem sido repassadas de maneira a serem entendidas por aqueles que irão
executá-lo. Se estas informações não forem encaminhadas corretamente a todos
os setores empresariais é provável que em algum deles algumas de suas metas
deixem de ser cumpridas. Por esta razão é que o planejamento deve ser
elaborado na forma hierarquizada, de acordo com o acima mencionado.
CONHECIMENTO E GESTÃO
57
3 CONTROLE
Parte-se do princípio que toda empresa deve ter um setor de controle.
Esta atividade, dentro de uma organização, tem o objetivo de identificar se os
planos que foram traçados estão sendo devidamente cumpridos e se os
mesmos são atingidos por todos os seus setores. Sua característica primordial é
fazer com que os resultados daquilo que foi planejado e direcionado estejam de
acordo com os objetivos que foram previamente estabelecidos.
Pode-se entender que o Controle é um processo que ocorre após o
planejamento. Para Frezatti (1999, p. 40), “[...] deve ser um instrumento que
permita à organização entender o quão próximos estão seus resultados em
relação ao que planejou para dado período”.
O Controle, seja muito ou pouco formalizado, é fundamental para
assegurar que as atividades de uma empresa se realizem de forma
desejada pelos membros da organização e contribuam para a
manutenção e melhoria da posição competitiva e a consecução das
estratégias, planos, programas e operações, consentâneos com as
necessidades identificadas pelos clientes (GOMES, 2001, p. 22).
Em suma, a base do controle da empresa reside nas informações que
devem ser rotineiramente averiguadas dentro da empresa, em todos os setores,
e de acordo com as informações obtidas a administração deverá avaliar se há ou
não a necessidade de modificar ou manter as suas atividades organizacionais.
Portanto, o controle tem como objetivo garantir que os resultados
daquilo que foi previamente planejado, organizado e dirigido estejam de acordo o
mais próximo possível dos objetivos que foram definidos inicialmente para cada
setor da empresa.
A controladoria pode ser entendida como um processo de averiguação
dos Planos Orçamentários que foram estipulados e se estão sendo realizados
observando-se a margem de acerto orçamentária prevista pelos administradores.
Quando se fala em resultados desejados, pressupõe-se que eles
sejam conhecidos e previstos. Isso significa que o conceito de
controle não pode existir sem o conceito de planejamento. Aliás, os
controles requerem planos. Assim, o controle é a função
administrativa que monitora e avalia as atividades e resultados
alcançados para assegurar que o planejamento, a organização e a
direção sejam bem-sucedidos (CHIAVENATO; SAPIRO, 2009, p.
277).
58
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Deste modo, o controle orçamentário permite verificar a oscilação dos
recursos que foram previstos para serem gastos em certo período e identificar se
houve gasto excessivo ou aquém do que foi anteriormente planejado.
O controle possui algumas finalidades importantes sendo suas
características, tais como: - Identificar problemas e erros que se
transformam em desvios do planejado, com a finalidade de corrigi-
los e de evitar sua reincidência; - Fazer com que os resultados
obtidos com a realização das operações se aproximem o máximo
possível dos resultados esperados, possibilitando alcançar as metas
e os objetivos traçados; - Verificar se as estratégias e políticas estão
proporcionando os resultados esperados dentro das situações
existentes e previstas; - Proporcionar informações gerenciais
periódicas, possibilitando rápida intervenção do desempenho do
processo (SANVICENTE; SANTOS, 2000, p. 207-219).
O controle é uma ferramenta importante, sendo que sua finalidade
consiste em verificar se os objetivos propostos foram cumpridos de acordo com
o planejamento e dentro do orçamento previsto.
[...] o controle orçamentário pode ser efetuado numa empresa, na
sua missão específica de permitir, mediante a comparação entre o
desempenho efetivamente atingido e o que tiver sido planejado, a
verificação da maneira pela qual os objetivos e as metas da
empresa e de suas unidades estão sendo alcançados ou deixando
de ser cumpridos. Na medida do possível, esse controle deverá [...]
fornecer indicações oportunas e rápidas para a tomada das medidas
corretivas cabíveis, e aponte os indivíduos e setores responsáveis
pelo desempenho alcançado, seja ele bom ou mau (SANVICENTE;
SANTOS, 2000, p. 207).
Assim, o Controle consiste em verificar se as normas e os parâmetros
que foram estabelecidos e utilizados encontram-se de acordo com o que foi
planejado e o que está sendo executado, pretendendo-se sempre obter o
sucesso da empresa dentro do orçamento empresarial previsto.
4 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Orçamento Empresarial é o instrumento contábil pelo qual o
administrador da empresa se baseia para as suas tomadas de decisões. Sua
principal característica é estabelecer as metas operacionais de investimentos, ou
seja, avaliar as despesas e as receitas que a empresa fez uso durante
determinado período.
CONHECIMENTO E GESTÃO
59
O gestor utiliza-se do orçamento empresarial não somente para
mensurar os gastos que a empresa teve durante determinado período, mas,
também, para orientá-lo no controle desses gastos nos setores da empresa para
que possa atingir corretamente os objetivos e as metas que foram traçadas
anteriormente.
Um orçamento bem elaborado e executado de maneira adequada
viabiliza a verificação, pelos administradores, de quais serão as estratégias
necessárias para a produção e escoamento de seus produtos ou serviços
diretamente onde a demanda dos mesmos seja necessária e de acordo com as
exigências do mercado.
Um orçamento é uma expressão quantitativa formal de planos da
administração. O orçamento geral resume os objetivos de todas as
subunidades de uma organização – vendas, produção, distribuição
e finanças. Quantifica metas para vendas, produção, lucro líquido e
posição de caixa e para qualquer outro objetivo especificado pela
administração (HORNGREN, 1981, p. 117).
O orçamento deve sempre interagir com o planejamento para que se
obtenha sucesso em toda administração, fazendo com que a empresa se
mantenha no mercado de maneira saudável, isto é, com lucros máximos e
perdas mínimas.
Toda administração tem como base principal o levantamento de suas
provisões financeiras que venham a exigir que, em determinadas situações, o
administrador seja orientado a se adaptar ou inovar as programações que foram
feitas no decorrer da existência da empresa, devendo ser realizado anualmente
com a finalidade de adequar o orçamento.
Nestas programações ou planejamentos encontram-se incluídos os
recursos financeiros e os recursos humanos especializados. Deste modo, a
administração precisa estar atenta e sempre procurar por novas alternativas que
possam melhorar o desempenho da empresa em todos os seus setores, tais
como novas atividades, métodos mais adequados, mas, sobretudo, outras
fontes de recursos, além de avaliar os rendimentos dos diversos setores.
Planejamento e Controle, assim como o Orçamento Empresarial, são
elementos que compõem toda a administração. Existe uma relação direta entre
estes elementos. O estudo e a avaliação dos mesmos são importantes. O
orçamento engloba todos os setores da atividade da empresa, sendo uma tarefa
que deve ser desempenhada com cuidado e objetividade, pois é a base da
60
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
administração. Os objetivos do orçamento são as políticas, os programas e os
métodos que devem ser desenvolvidos, e não menos importantes são as
maneiras pelas quais serão realizados e aplicados em cada setor empresarial.
O mais importante dos requisitos do orçamento é que o seu elaborador
tenha o exato conhecimento da realidade administrativa. Portanto, é
imprescindível diagnosticar o problema, buscar por alternativas eficientes,
avaliando-se cada uma delas para somente após realizar a tomada de decisão.
Devem ser lembrados alguns aspectos no planejamento no que se refere
à elaboração do orçamento empresarial. É preciso avaliar os benefícios e
dificuldades provenientes da divisão do trabalho, assim como deve ser feito o
mesmo com os principais serviços que a instituição ou empresa presta a
terceiros. Deve ainda verificar se a empresa apresenta condições financeiras
para realizá-la, avaliando também o estabelecimento dos cronogramas para a
execução das tarefas.
Outro fator importante é o estabelecimento dos objetivos e sub objetivos
determinados hierarquicamente com a finalidade de proporcionar mais eficiência
nas ações a serem desempenhadas por todos os funcionários e pelos setores da
empresa. Torna-se necessário realizar um levantamento dos recursos e da
previsão do tempo que será gasto para a execução de cada uma destas tarefas,
devendo, para tanto, ser elaborado um cronograma orçamentário específico.
O orçamento, de acordo com Padoveze (2007, p.189),
Nada mais é do que colocar na frente aquilo que está acontecendo
hoje. Orçar significa processar todos os dados constantes do
sistema de informação contábil de hoje, introduzindo os dados
previstos para o próximo exercício, considerando as alterações já
definidas para o próximo exercício.
Já segundo o dicionário Michaelis (2009, p. 624), “orçamento é a ação
ou efeito de orçar; cálculo dos gastos com a realização de qualquer obra; cálculo
prévio da quantia que se tem e do quanto se vai gastar”.
O sistema orçamentário global corresponde à projeção e à
operacionalização das ações descritas nas etapas de planejamento
financeiro, [...]. A proposta orçamentária deve contemplar as
estimativas de receitas, custos, despesas e investimentos
necessários para a consecução das atividades econômicas
projetadas, a partir da definição dos objetivos, das metas e das
estratégias da empresa (ZDANOWICZ, 2003, p. 135).
CONHECIMENTO E GESTÃO
61
Observa-se que o orçamento é uma ferramenta que faz parte do
processo de planejamento e controle operacionais da empresa, seja ela pequena
ou grande e independente do trabalho que desempenha no ramo econômico. De
modo geral, as empresas tendem a planejar e controlar as suas atividades por
intermédio de técnicas orçamentárias.
O orçamento está fundamentado na confecção de um plano geral de
ação de toda empresa, de acordo com os objetivos, as suas metas
e as políticas de ação a curto e longo prazos. O sistema
orçamentário fornece a direção às instruções para a execução dos
planos, enquanto a avaliação e o controle permitem a comparação
dos valores realizados pela empresa, aos projetados para um
determinado período (ZDANOWICZ, 2003, p. 198).
O orçamento empresarial é parte integrante do planejamento geral da
empresa e deve atender aos objetivos do mesmo de forma que venha a
possibilitar a concretização de suas metas e políticas de ação que foram
previamente estabelecidas. É com base neste orçamento que serão tomadas as
decisões para a execução do planejamento que foi elaborado.
5 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
A empresa objeto de estudo é de médio porte, situada na cidade de
Pitangui, em Minas Gerais, e está há mais de vinte anos no mercado, atuando
em atividades voltadas para a produção de peças de polietileno, tais como tampa
para máquinas de lavar roupas, máquinas de lavar pratos e, copos, botões para
fogão e retrovisores automotivos, dentre outros. Está assegurada a privacidade
da empresa, a pedido do proprietário, utilizando-se o nome Plástil Ltda. O seu
principal fornecedor de materiais é uma grande empresa de Belo Horizonte.
A empresa preocupa-se com a prevenção diária contra acidentes do
trabalho, sendo observadas todas as determinações legais no que se refere à
sustentabilidade, medicina e segurança do trabalho, com a presença de técnicos
especializados nestas áreas, comprometidos com a segurança dos funcionários,
evitando-se a ocorrência de acidentes.
Quanto à visão, a empresa é referência na oferta dos seus produtos
dentro dos padrões exigidos na cidade de Belo Horizonte.
Em entrevista realizada com o proprietário da empresa, este relatou que
sua preocupação pauta-se em questões relacionadas ao Orçamento Empresarial,
62
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Planejamento e Controle dos gastos da empresa, com vistas a estabelecer suas
metas de produção e qualidade dos produtos repassados para empresas
situadas em Belo Horizonte.
Na Plástil Ltda. existe um setor específico responsável por elaborar o
orçamento, o planejamento e o controle das atividades da empresa. Desta forma,
as entrevistas realizadas com os responsáveis pela elaboração do orçamento
relataram que há a mesma preocupação do proprietário da empresa em relação
ao orçamento empresarial, bem como informaram que o orçamento é
constantemente revisto por ambos para prevenir gastos excessivos e desperdício
de material.
Quando indagados acerca da confecção dos relatórios gerenciais, que
são preparados para sustentar a tomada de decisões orçamentárias, o
proprietário e o responsável pela elaboração do Orçamento Empresarial
responderam que se utilizam desses relatórios para efetuar a base do
Orçamento, e que se trata de importante documento para a tomada de decisões
da empresa.
O proprietário é pessoa com experiência no seu empreendimento, tem
60 anos de idade e se declarou satisfeito com o responsável pela elaboração do
Orçamento Empresarial e com o Planejamento da Empresa. A empresa segue
corretamente os relatórios gerenciais e as práticas da elaboração do orçamento,
do planejamento e do controle.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O orçamento empresarial fornece instrumentos que facilitam a aplicação
do planejamento e do controle da empresa, assegurando a correlação entre
custos e gastos administrativos.
O orçamento empresarial, o controle e o planejamento da empresa é o
resultado da prática, o que favorece a quantificação dos recursos empenhados
durante um período, permite identificar os motivos que levaram à ocorrência de
alguma defasagem nos setores da empresa, podendo apurar as
responsabilidades e evitá-las no futuro.
O orçamento é eficaz quanto à identificação de problemas quando se
desviam do planejado, a fim de corrigi-los, evitando-se assim a reincidência e
aprimorando a sua execução. Outra vantagem do orçamento é fazer com que os
resultados obtidos durante a realização das operações se apresentem muito
CONHECIMENTO E GESTÃO
63
próximos dos esperados, já que o mesmo serve de parâmetro para o
planejamento.
Vê-se, então, que o processo orçamentário da empresa deve fornecer
informações gerenciais que serão o suporte para a tomada das decisões, sendo
clara a sua importância dentro da administração. Assim, o orçamento
empresarial somente poderá ser executado se for objetivo e claro e obtiver o
resultado que se espera diante do empenho de todos os colaboradores da
organização.
Portanto, o administrador deve estar atento a todos os segmentos da
empresa, ao orçamento empresarial, ao planejamento e ao controle para obter o
sucesso desejado com a confecção de seus produtos e seu direcionamento ao
mercado.
REFERÊNCIAS
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das empresas coureiro-calçadistas do Rio Grande do Sul. 1. ed. Porto Alegre:
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64
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
PRIMEIRA INFÂNCIA NO ESTADO DO PARANÁ E SEUS DESAFIOS
GUSTAVO FEITOZA DA SILVA1
MARIA VICTORIA BORGHETTI BARROS2
RESUMO
O presente artigo apresenta o tema Primeira Infância, sua atual situação no Brasil
e, principalmente, no Estado do Paraná. É importante ressaltar que o país precisa
avançar com maior velocidade já que se trata das crianças e do futuro do Brasil.
A metodologia utilizada baseou-se em pesquisas realizadas em artigos
científicos referentes ao assunto. Foi possível concluir que as políticas públicas
relacionadas à Primeira Infância devem envolver todos os setores e estruturas do
Estado, como Saúde, Educação, Esporte, Lazer, Assistência Social, Nutrição,
Artes, devendo ainda o tema ser discutido amplamente com a sociedade e os
atores nela inseridos. Constatou-se que a resistência à mudança por parte dos
educadores e os entraves burocráticos dos poderes legislativos e executivos são
os principais desafios a serem enfrentados quando se trata deste importante
tema.
Palavras-chave: Primeira Infância. Políticas Públicas. Sociedade. Desafios na
educação.
1 INTRODUÇÃO
No presente artigo foram apresentados estudos sobre as políticas
públicas e programas relacionados ao desenvolvimento da Primeira Infância,
bem como os desafios de implementação no Estado do Paraná. A importância
reside no fato de diversas pesquisas internacionais revelarem o potencial do
retorno dos investimentos realizados na Primeira Infância e que contribuem para
a construção de sociedades mais humanas e desenvolvidas.
Espera-se, que ao concluir este trabalho, algumas ações já estejam em
andamento junto ao Governo do Estado do Paraná e, assim, a construção do
conhecimento possa ser enriquecida.
Este artigo, baseado em pesquisa bibliográfica realizada em artigos
científicos, está estruturado da seguinte forma: além desta introdução, o
1 Bacharel em Ciências Econômicas e Mestre em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de
Maringá (UEM). 2 Formada em Hotelaria e Gestão de Eventos pela Swiss Hotel Management School na Suíça, Eleita
Deputada Estadual pelo Estado do Paraná em 2014.
CONHECIMENTO E GESTÃO
65
segundo item apresenta um breve histórico sobre a Primeira Infância e seu
significado de maneira ampla. Por fim, no quinto item são relatadas as
considerações finais, seguida das referências.
2 PRIMEIRA INFÂNCIA
O Estado do Paraná, assim como em todas as regiões do país, precisa
estar atento a uma questão muito importante e que afeta a vida e o futuro das
próximas gerações: a Primeira Infância e os direitos das crianças como dever do
Estado. O que significa Primeira Infância?
Muitos estudiosos apresentaram ideias com diferentes perspectivas
sobre o conceito de Infância. De acordo com o Ariès (1981), até o século XII ou
XIII inexistia na Europa o conceito de Infância tal como veio a ser mais tarde,
especialmente a partir do Iluminismo. Criança não era sinônimo de fragilidade da
forma como se conhece hoje, sendo uma invenção da modernidade concebida
através de uma evolução cultural e histórica. A partir do século XVII foi admitido
que a criança não era preparada por si própria para enfrentar a vida adulta e
deveria receber um tratamento diferenciado.
Jean Jacques Rousseau (1768) defendeu a noção de que a criança não
podia ser entendida como um adulto em miniatura, afirmando que elas tinham
características próprias e individualidade. Acreditou que era preciso educar as
crianças de acordo com sua natureza, desenvolvendo progressivamente seus
sentidos e a razão com vistas à liberdade e à capacidade de julgar, sempre
destacando a mãe como a educadora natural da criança.
Segundo a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (2016), este é o
“período que vai desde a concepção do bebê até o momento em que a criança
ingressa na educação formal”. Considera-se que, no Brasil, a Primeira infância
se encerra aos seis anos completos da criança.
É nesta fase que as atividades cerebrais da criança se desenvolvem, e
conforme diversos estudos científicos, é nela que se pode atuar para ter
melhores cidadãos no futuro.
Segundo Heckman (2014), que realizou diversos estudos do impacto de
investimentos em primeira infância, não há ação de maior retorno em educação
do que a voltada para as crianças e também não existe melhor estratégia para
diminuir a desigualdade de origem socioeconômica no desempenho escolar. Em
países em desenvolvimento como o Brasil se faz necessário o investimento em
66
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Primeira Infância não só pelo fator econômico, mas também por ser um direito
da criança.
Os investimentos em educação na primeira infância reforçam o
desenvolvimento cerebral e são extremamente importantes para a melhoria da
saúde e do bem-estar das próximas gerações. Assim, indivíduos com maior
escolaridade atingem melhores níveis socioeconômicos e de qualidade de vida,
reduzindo os índices de violência e criminalidade (SANTOS; KASSOUF, 2008).
Este período que compreende a fase de 0 a 6 anos é crucial para a
criança, é nele que ocorre o desenvolvimento de estruturas e circuitos cerebrais,
bem como a aquisição de capacidades fundamentais que permitirão o
aprimoramento de habilidades futuras mais complexas. E mais, crianças com
desenvolvimento integral saudável durante os primeiros anos de vida têm maior
facilidade de se adaptarem aos diferentes ambientes e de construírem novos
conhecimentos, contribuindo para que posteriormente obtenham um bom
desempenho escolar e alcancem realização pessoal, vocacional e econômica e
se tornem cidadãos responsáveis e preparados para encarar os desafios da vida
(FUNDAÇÃO MARIA CECÍLIA SOUTO VIDIGAL, 2016).
É possível destacar também que a aprendizagem das crianças inicia-se
desde o começo de sua vida, muito antes de entrar na escola, do pré-natal à fase
final da gestação e durante todo o período até os três anos e se desenvolve em
todos os domínios: físico, cognitivo e socioemocional. Sabe-se hoje que, além
da contribuição da herança genética, ela aprende nos contextos de seus
relacionamentos afetivos e, principalmente, é na primeira infância que a
aprendizagem é fortemente influenciada por todos os locais interagidos pelas
crianças (BOYD; BEE, 2011).
No Brasil, a Primeira Declaração dos Direitos da Criança – “Declaração
de Genebra de 1923” - serviu de base para a criação da “Convenção dos Direitos
da Criança de 1989”, criado logo após a Constituição da República Federativa do
Brasil, em 1988. O Congresso Nacional aprovou e promoveu avanços com o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990 e no mesmo ano ratificou
a Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os direitos da
criança (BRASIL,1990).
Já em 2009 foi promulgada a Emenda Constitucional que tornou
obrigatória, para as crianças de 4 e 5 anos de idade, a frequência à pré-escola.
Em 2010, foi publicado o Plano Nacional pela Primeira Infância, realizado a partir
de ampla participação da sociedade civil organizada e instituições e que tem
CONHECIMENTO E GESTÃO
67
como propostas ações de articulação, promoção e realização de políticas
públicas a partir dos direitos das crianças de 0 a 6 anos e válido até 2022
(CONAE, 2010).
Diante do exposto, é preciso destacar que o país tem avançado no tema,
conforme aprovação na câmara federal após longo período de discussões do
Marco Legal da Primeira Infância, Lei 13.257/2016, cujo objetivo é criar políticas
públicas voltadas para o desenvolvimento de crianças da faixa etária de 0 a 6
anos (BRASIL, 2016).
Disponível no Portal da Saúde do Estado de São Paulo, o Programa
Primeiríssima Infância, criado pelo Governo Estadual de São Paulo em conjunto
com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e também com parcerias de
diversos municípios paulistas e ONG´s e é um exemplo da promoção e incentivo
ao desenvolvimento infantil. Entre os objetivos estão melhorias no atendimento
de qualidade às gestantes do Estado de São Paulo, promoção de trabalhos
integrados e envolvimento com os mais variados setores, mobilização e
conscientização da sociedade para esta importante fase da vida. Atualmente, o
Programa atende 41 municípios e a próxima fase de expansão pretende atingir
mais 60 municípios paulistas.
Amparado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(2016), o programa voltado para o público da Primeira Infância é o Brasil
Carinhoso, de caráter federal e que atinge diversas vertentes, entre elas a
expansão de matrículas de crianças de 0 e 4 anos em creches públicas ou
conveniadas de famílias em situações de vulnerabilidade e beneficiárias do
Programa Bolsa Família a partir de repasses financeiros aos municípios
cadastrados para custear despesas com manutenção e desenvolvimento da
educação infantil, ações de cuidado integral, segurança alimentar e nutricional e,
principalmente, a garantia de acesso e permanência da criança na educação
infantil.
Existem algumas iniciativas em curso no Estado do Paraná, disponível
no Portal da Saúde do Estado do Paraná, como o Programa Mãe Paranaense,
que propõe a organização da atenção materno-infantil nas ações do pré-natal,
puerpério e o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças,
em especial no seu primeiro ano de vida. É um conjunto de ações que envolve a
captação precoce da gestante, o seu acompanhamento no pré-natal, com no
mínimo 7 consultas, a realização de 17 exames, a classificação de risco das
gestantes e das crianças, a garantia de ambulatório especializado para as
68
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
gestantes e crianças de risco, a garantia do parto por meio de um sistema de
vinculação ao hospital conforme o risco gestacional. O público alvo são as
mulheres em idade fértil e crianças menores de 1 ano de idade.
Além deste, existe também o Programa Família Paranaense,
estabelecido pela Lei Estadual nº.17.734/2013, que tem por objetivo principal
ações intersetoriais para superação da extrema pobreza e demais
vulnerabilidades vivenciadas pelas famílias em todo Estado.
Assim, pode observar que o Programa Mãe Paranaense tem como foco
principal a saúde e o Programa Família Paranaense o desenvolvimento social.
Desta forma, se faz necessário o atendimento à Educação como ferramenta para
construção do conhecimento e do desenvolvimento da primeira infância,
possibilitando resultados futuros concretos para a vida e o bem-estar das
crianças e de suas famílias por meio de atividades educativas e ações com a
comunidade em sua volta.
No Estado do Paraná foi proposta pela Deputada Estadual Maria Victoria
a emenda parlamentar ao Plano Plurianual, exercício 2016, cujo objeto é apoiar a
implantação do CIC Família – Centro Integrado de Atenção à Criança e à Família.
O CIC Família é um Programa idealizado pela Vice-Governadora do
Estado do Paraná e tem como objetivo principal o desenvolvimento das crianças
de 0 a 6 anos em um centro integrado completo, que atenda todas as áreas que
envolvam saúde, educação, desenvolvimento social, trabalho, esporte, lazer,
nutrição, artes e música em benefício das crianças, bem como de toda a
comunidade em seu entorno. Estes centros serão construídos ou adaptados nas
creches já existentes em todos os municípios do Paraná que atenderem
determinados requisitos para oferecer completa infraestrutura de atendimento às
pequenas crianças do Paraná, bem como formatar parceria com universidades
estaduais e federais para contribuição em capacitação, serviços e
monitoramento.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A resistência à mudança por parte dos educadores e os entraves
burocráticos dos poderes legislativos e executivos são os principais desafios a
serem enfrentados quando se trata o assunto Primeira Infância, bem como o
respeito aos direitos e deveres das Constituições, o Marco Legal da Primeira
Infância e o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), a partir da nova Lei de
Diretrizes e Bases.
CONHECIMENTO E GESTÃO
69
As creches são etapa fundamental na educação das crianças, porém, é
de conhecimento público que faltam milhões de vagas em creches e pré-escolas
públicas para alunos até os 5 anos de idade, e o pior, muitos pais deixam de
trabalhar porque não tem onde deixar seus filhos.
É comum os governantes entenderem que o investimento em Primeira
Infância não dá retorno no curto prazo, já que os reflexos dos investimentos só
poderão ser sentidos após 10 ou 15 anos e estes não estarão mais à frente do
governo. É importante que o Poder Legislativo, em conjunto com o Poder
Executivo, crie e regulamente leis que tornem obrigatório o investimento em
Primeira Infância.
De acordo com Hofstede (2011), o Brasil é categorizado como um país
culturalmente imediatista, quando comparado a países desenvolvidos. Portanto,
pode-se observar que os mesmos pensam e agem a longo prazo quando
planejam o desenvolvimento de suas nações.
São enormes os desafios que o Brasil e seus estados têm pela frente,
mas as crianças não podem esperar. Para chegar a qualquer lugar é necessário
dar o primeiro passo e o primeiro passo é investir na Primeira Infância.
REFERÊNCIAS
ARIÈS, P. L’enfant et la vie familiale sous l’Ancien Régime. Paris: Plon, Point
Seuil, 1960.
ARIÈS, P. A história social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BOYD, D.; BEE, H. A criança em crescimento. 12.ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei no. 8069/1990. Brasília, DF:
1990.
BRASIL. Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. Lei no.
9.394/1996. Brasília, DF: 1996.
BRASIL. Princípios e diretrizes para a formulação e a implementação de políticas
públicas para a primeira infância. Lei no. 13257/2016. Brasília, DF: 2016.
CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO (CONAE). Construindo o Sistema
Nacional Articulado de Educação: o Plano Nacional de Educação, diretrizes e
estratégias; Documento Final. Brasília, DF: MEC, 2010.
70
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
FUNDAÇÃO MARIA CECILIA SOUTO VIDIGAL. Primeira Infância. Disponível em:
< http://www.fmcsv.org.br/pt-br/Paginas/primeira-infancia.aspx>. Acesso em:
25 mai. 2016.
FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. Brasil Carinhoso.
Disponível em: http://www.fnde.gov.br/programas/brasil-carinhoso. Acesso em:
19 mai. 2016.
HECKMANN, J. O Bom de Educar desde cedo. Revista VEJA. Rio de Janeiro,
Abril, 2014.
HOFSTEDE, G. Cultures and organizations: software of the mind. McGraw-Hill.
New York, 1991.
PARANÁ. Programa Família Paranaense. Lei no. 17.734/2013. Curitiba, PR,
2013.
PORTAL DA SAÚDE DO GOVERNO ESTADUAL DO PARANÁ. Rede Mãe
Paranaense. Disponível em: http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo
/conteudo.php ?conteudo=2892. Acesso em: 28 abr. 2016.
PORTAL DA SAÚDE DO GOVERNO ESTADUAL DE SÃO PAULO. Primeiríssima
Infância. Disponível em: http://portal.saude.sp.gov.br/ses/perfil/profissional-da-
saude/areas-tecnicas-da-sessp/saude-da-crianca/sao-paulo-pela-primeirissima-
infancia. Acesso em: 19 mai. 2016.
SANTOS, M. J., KASSOUF, A. L. (2008), Estudos econômicos das causas da
criminalidade no Brasil: Evidências e controvérsias, Technical report, ANPEC.
CONHECIMENTO E GESTÃO
71
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DO CENTRO DE ESPORTES E LAZER MONTEIRO
LOBATO, NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA, PARANÁ
ISLAYLA PALOMA NUNES SIMAS1
BEATRIZ RIBEIRO2
RESUMO
Este artigo discutiu a importância dos espaços verdes em áreas urbanas e a
percepção que os frequentadores desses locais têm sobre os mesmos. A
expansão das cidades faz com que cada vez haja menos espaços livres e
verdes. Por isso, pesquisar qual é o perfil e quais são as percepções dos
visitantes do Centro de Esportes e Lazer Monteiro Lobato, um parque localizado
em área residencial na cidade de Ponta Grossa, Paraná, é importante para saber
quais são as carências desses locais e qual é a relação que os frequentadores
têm com o mesmo. Foi aplicado um questionário a 65 pessoas, 50 delas
frequentadoras do parque, com questões abertas e fechadas. Homens e
mulheres visitam o parque em proporção semelhante, destacando-se as faixas
etárias de 14 a 34 anos. A maioria dos visitantes possui terceiro grau completo.
Moradores do bairro onde fica o parque representam a maioria dos
entrevistados, que o frequentam principalmente semanalmente ou diariamente,
tendo preferência pelos finais de semana. Os frequentadores estão cientes da
importância de um parque na área urbana, citando a melhoria na qualidade de
vida, prática de esportes, fuga do stress da cidade e democratização do lazer, já
que é um espaço gratuito. Foram sugeridas inúmeras melhorias no parque,
demonstrando que os visitantes prestam atenção ao local que utilizam, sentindo-
se responsáveis pelos mesmos, mas acreditando que a maior responsável é a
Prefeitura Municipal.
Palavras-chave: Parques urbanos. Percepção ambiental. Espaços livres.
1 INTRODUÇÃO
Os espaços livres urbanos tornam-se cada vez mais escassos com o
crescimento das cidades, já que muitas vezes áreas verdes são devastadas para
que haja a expansão de áreas residenciais ou industriais. A presença de parques
e praças no meio urbano possibilita uma fuga do barulho e correria das cidades,
possibilitando aos seus frequentadores não somente a oportunidade de lazer,
1 Graduada em Ciências Biológicas pela Uningá. Mestre em Biotecnologia Ambiental pela
Universidade Estadual de Maringá (UEM). 2 Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
72
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
mas também uma melhoria na sua qualidade de vida pela prática de esportes ou
por simples contemplação da natureza. A criação de parques e praças deve levar
em consideração a opinião pública, também importante para sua manutenção e
melhorias. Diferentes pessoas possuem diferentes personalidades e histórias de
vida, os que influenciam na sua percepção dos locais que as rodeiam.
O Centro de Esportes e Lazer Monteiro Lobato está localizado em área
residencial, tendo assim impacto sobre a vida dos moradores da região. Saber
qual é o perfil dos usuários e quais suas ideias em relação ao parque pode
contribuir enormemente para a melhoria do mesmo, já que os dados coletados
podem ser utilizados como referência para futuras benfeitorias no parque,
tornando este um lugar mais atrativo para a população.
Assim sendo, os principais objetivos deste estudo são:
a) Descobrir qual é o perfil dos frequentadores do parque;
b) Conhecer as diferentes percepções de diferentes pessoas sobre o
parque;
c) Levantar quais são as possíveis melhorias que podem ser feitas nos
Centros de Esportes e Lazer da cidade de acordo com a opinião
pública.
Foi apresentada, inicialmente, nesse artigo a fundamentação teórica para
o estudo, trazendo tópicos sobre os parques urbanos e a percepção ambiental.
Posteriormente foi exposto como a pesquisa de campo foi desenvolvida e, na
sequência, mostrados e discutidos os resultados, finalizando com as
considerações finais.
2 ÁREAS VERDES E A PERCEPÇÃO AMBIENTAL
Na literatura é possível encontrar diversas definições para área livre ou
espaço livre no meio urbano. Para Cavalheiro, et al. (1999), a zona urbana é
composta por três sistemas: sistemas de espaços com construções, ou seja,
espaços onde houve a intervenção humana na construção de edifícios, como
casas, indústrias, comércios; sistemas de espaços livres de construção, sendo
estes espaços ao ar livre, como lagos, parques, praças; e sistema de espaços de
integração urbana, como rodovias e ferrovias.
Segundo Souza (2010), Milano (1993) definem área livre como uma
área com características predominantemente naturais, independente do porte da
CONHECIMENTO E GESTÃO
73
vegetação. Hardt (2000, p. 14) classificou as áreas verdes urbanas em duas
categorias:
a) públicas, sujeitas a enfoque mais técnico da administração
municipal, comportando tanto os espaços verdes com funções
relacionadas ao lazer e à recreação (e.g.: parques, praças), à
conservação ambiental (e.g.: áreas de preservação permanente,
unidades de conservação) ou especiais (e.g.: cemitérios-parque),
quanto a arborização de ruas;
b) privadas, subordinadas a enfoque mais político e legal (devido à
inacessibilidade pública e à facilidade de supressão da cobertura
vegetal), enquadrando espaços verdes voltados ao lazer (e.g.:
jardins, quintais), à conservação ambiental (e.g.: áreas de
preservação permanente, unidades de conservação) ou a funções
especiais (e.g.: cemitérios-parque).
Essas áreas desempenham papéis importantes nas cidades, sendo que
Guzzo (1999, apud GELINSKI; SANTOS, 2014) destaca três deles: papel
ecológico, estético e social. Como função ecológica podemos citar a purificação
do ar, abrigo da fauna, manutenção da permeabilidade do solo e aumento da
umidade do ar. As áreas verdes também trazem benefício estético, já que
destoam dos prédios cinzas e do asfalto, trazendo beleza para os centros
urbanos. Socialmente, os parques e praças servem como ponto de encontro e
lazer para os cidadãos, suavizando o stress do dia a dia e trazendo bem estar
para seus frequentadores.
Para Richter (2008), o ato de perceber consiste em uma troca do
indivíduo com o meio exterior. “O estudo dos processos mentais relativos à
percepção ambiental é fundamental para compreendermos melhor as inter-
relações entre o homem e o meio ambiente, suas expectativas, julgamentos e
condutas” (DEL RIO, et al., 1996). Fruto de instrumentos perceptuais de
identidade particular para cada observador, a percepção torna diferenciada a
interpretação de uma única paisagem, de modo que várias pessoas podem
contemplá-la ao mesmo tempo, mas cada um a percebe de formas diferentes
(HARDT, 2004). Segundo Canteras Jordana (1992, apud HARDT, 2000, p. 41), a
percepção da paisagem é condicionada por duas tipologias de filtros:
a) Biofísico, determinado pelas condições de visibilidade do
observador (intrínsecas: acuidade visual e outras condições
sensitivas; extrínsecas: limitações espaciais - posição do
observador, condições atmosféricas, iluminação e barreiras visuais;
74
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
limitações fisiográficas - distância do observador, compartimento
visual); o filtro biofísico estimula a percepção visual da paisagem;
b) Condutual, relativo às reações sensitivas, cognitivas (culturais,
sociais e econômicas) e psicológicas (emocionais e afetivas), além
de outros fatores abstratos; o filtro condutual determina a percepção
psíquica da paisagem.
Guimarães e Dacanal (2006, p. 27) afirmam que:
Os processos de cognição, percepção, interpretação e a
representação do meio ambiente são elaborados a partir de
múltiplas variáveis, levando-se em conta as características
individuais [gênero, faixa etária, etc], herança cultural e classe
socioeconômica de cada ser humano, de maneira que o fenômeno
observado se diferencia e é qualificado de acordo com um certo
olhar em um dado momento.
Tuan (1980, apud RICHTER, 1998) afirma que cada imagem e ideia
sobre o mundo é composta de experiência pessoal, aprendizado, imaginação e
memória. Segundo Richter (1998), uma das dificuldades para a proteção de
ambientes naturais está na existência de diferenças nas percepções dos valores
e da sua importância entre os indivíduos de culturas diferentes ou de grupos
socioeconômicos que desempenham funções distintas, no plano social, nesses
ambientes. Isso acontece porque cada indivíduo está inserido em um contexto
diferente, tendo suas características específicas e vivências diferenciadas com
relação ao meio.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Foi escolhido como local para realização da pesquisa de campo o
Centro de Esportes e Lazer Monteiro Lobato. O centro foi inaugurado pela
Prefeitura Municipal, em 2012, e está localizado na quadra entre a Avenida
Ernani Batista Rosas e a Rua João Schaia, em frente ao Conjunto Habitacional
Monteiro Lobato, no Bairro Jardim Carvalho, em Ponta Grossa, Paraná.
Possui uma área de aproximadamente 47.600 m². O parque conta com
pista de caminhada, parque infantil, Academia da Terceira Idade, uma quadra
poliesportiva com piso de concreto, quatro quadras de areia, sendo duas delas
grandes e duas pequenas, uma quadra de tênis e uma quadra de bocha. Os
frequentadores do parque também podem usufruir de churrasqueiras e mesas à
sombra. Ao longo do parque há ainda bancos para descanso, postes de
CONHECIMENTO E GESTÃO
75
iluminação e banheiro público (um masculino e um feminino). Todo o parque é
entremeado por áreas gramadas e árvores, principalmente eucaliptos.
Para alcançar os objetivos propostos nesta pesquisa foi elaborado um
questionário para ser respondido pelos frequentadores do parque e moradores
do entorno. O questionário aplicado é composto por questões abertas e
fechadas. A pesquisa é composta por perguntas referentes aos dois tópicos
principais:
a) Perfil dos usuários: questões referentes ao sexo, faixa etária,
endereço e nível de escolaridade;
b) Percepção do parque: questões referentes à frequência de uso do
parque, hábitos de utilização do espaço, importância dos parques
urbanos, responsabilidade pela manutenção e melhorias
necessárias no parque.
Além desses tópicos, há também uma pergunta destinada aos
moradores do entorno que não frequentam o parque. O objetivo dessa questão é
descobrir quais são os motivos que os levam a isso.
A aplicação do questionário foi realizada tanto com a presença da
pesquisadora no local quanto através da internet. A aplicação in loco foi realizada
em diferentes dias da semana. O questionário também foi disponibilizado online
em grupos de redes sociais a fim de divulgar o mesmo e alcançar um maior
número de respostas. Tanto a aplicação dos questionários no parque quanto a
disponibilização do mesmo na internet foi feita no mês de maio de 2016.
3.1 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Durante a pesquisa foi entrevistado um total de 65 pessoas. Dessas 65,
15 não frequentam o parque. Sendo assim, os dados discutidos se referem aos
50 frequentadores do parque que responderam ao questionário, posteriormente,
sendo discutido sobre os não frequentadores.
3.1.1 Perfil dos usuários do Centro de Esporte e Lazer Monteiro Lobato
Analisando os dados obtidos através da aplicação de questionário,
podeobservar que 52% dos entrevistados são do sexo masculino e 48% do sexo
feminino. A diferença entre os dois sexos foi pequena, mostrando um equilíbrio
de gênero entre os frequentadores. Quanto à faixa etária, o maior número de
76
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
entrevistados pertence à faixa dos 21 aos 27 anos (24%), seguido pela faixa
etária de 14 aos 20 anos (20%) e depois pela de 28 aos 34 anos (16%). Tem a
mesma porcentagem (14%) para as faixas de 35 aos 41 e 49 aos 60 anos, e
para as faixas de 42 aos 48 e acima de 60 anos, com 6% cada.
Além da idade, também foi questionado o grau de escolaridade. A
maioria dos entrevistados possui curso de pós-graduação completo,
representando 28%, seguido pelos indivíduos que estão com a graduação em
curso (26%). Os entrevistados que possuem nível superior completo
representam 14%, seguidos por 10% que possuem Ensino Médio completo. A
porcentagem de pessoas que possuem nível fundamental incompleto e de
pessoas que possuem pós-graduação incompleta é a mesma, ambos com o
percentual de 8%. As outras faixas são menos representativas, apresentando
apenas um indivíduo (2%) com nível fundamental completo e dois indivíduos
(4%) com Ensino Médio incompleto. Isso indica um alto nível de instrução dos
entrevistados, 50% deles tendo concluído o nível superior.
A maioria dos entrevistados (52%) reside no mesmo bairro em que fica
localizado o Centro de Esportes e Lazer Monteiro Lobato, o Jardim Carvalho. Os
residentes dos bairros de Uvaranas (26%) e Órfãs (10%) vêm a seguir, o que
pode ser justificado pelo fato de que ambos fazem limite com o bairro Jardim
Carvalho. Com apenas dois indivíduos (4%), temos o Centro, seguido com o
mesmo percentual (2%), com apenas um representante cada, os bairros Neves,
Nossa Senhora das Graças, Ronda e Vila Liane.
3.1.2 Hábitos e percepção dos usuários
Os hábitos dos frequentadores foram analisados quanto à frequência de
visitas, quais dias da semana em que frequentam e o que costumam fazer no
parque. Há uma frequência maior de visitas semanalmente (30%), seguida por
26% que frequentam diariamente. Essa alta taxa de visitação provavelmente está
relacionada ao fato de que a maioria dos frequentadores mora no mesmo bairro
em que fica o parque, facilitando assim seu acesso. Mensalmente, 24% dos
entrevistados visitam o parque, seguido pelos que frequentam quinzenalmente e
anualmente, com 10% cada. Os finais de semana são os dias mais frequentados
do parque, os sábados tendo 20,9% e os domingos 19%, sendo estes os dias
em que a maioria dos usuários costuma possuir um tempo livre maior. Os outros
dias da semana possuem número de visitas parecido, tendo as segundas-feiras
CONHECIMENTO E GESTÃO
77
um percentual de 13,1%, terças-feiras 12,4%, quartas e quintas-feiras com
11,8% cada e a sexta-feira com 11%.
A atividade mais realizada pelos frequentadores do parque é a prática de
caminhada ou corrida, sendo esta realizada por 45% dos usuários. A prática de
esportes como futebol, basquete, vôlei e tênis exibe um percentual de 14%,
sendo seguida pela realização de piqueniques, com uma porcentagem de 12%.
Dos entrevistados, 7% vão ao parque para levar crianças para brincar, 6% levam
animal de estimação para passear e com a mesma porcentagem, os
entrevistados utilizam o parque para andar de bicicleta ou de patins. A Academia
da Terceira Idade é utilizada por 5% dos entrevistados, e 4% costuma ir ao
parque para passear com amigos. Apenas um dos entrevistados citou a
utilização das churrasqueiras para realização de almoço.
A percepção dos frequentadores sobre o parque foi analisada através de
três questões:
1) A presença de parques em meio urbano é importante? Por quê?
2) Você melhoraria algo no parque? O que?
3) De quem você acredita que seja a responsabilidade de cuidar de
parques e praças?
Todos os entrevistados afirmaram que a presença de parques em meios
urbanos é importante. Foram citados principalmente motivos como a promoção
da melhoria da qualidade de vida, contato com a natureza e fuga do concreto das
cidades, o local como incentivo à prática esportiva e a democratização do lazer,
já que estes espaços são públicos e gratuitos, acessíveis para toda a população.
Muitos comentaram sobre a falta de opções de áreas verdes de lazer na cidade.
Além de citarem todos esses benefícios que os parques urbanos nos trazem, os
entrevistados também demonstraram um apego afetivo ao parque. Citando um
dos entrevistados, “(o parque) faz parte da minha história, há toda uma
identificação, uma noção de pertencimento. Aquele parque é meu”. Isso mostra
um vínculo entre os frequentadores e o parque, que reagem ao mesmo de forma
positiva.
Quanto às melhorias no parque, 36% dos entrevistados acreditam que o
parque está bom e não realizariam nenhuma melhoria no local. Os outros 64%
afirmaram que realizariam melhorias no parque, principalmente quanto à
manutenção do mesmo. A iluminação é considerada boa, mas muitos acreditam
que o local é pouco seguro à noite, sendo necessária uma melhoria na
segurança. A falta de bebedouros parece ser um grande incômodo para os
78
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
frequentadores, além da manutenção e limpeza dos banheiros. Muitos
melhorariam a estrutura dos parquinhos infantis e da Academia da Terceira
Idade, além de acharem necessária a melhoria das quadras de esportes já
existentes e a criação de novas. Alguns citam a falta de lixeiras adequadas com
separação para reciclados e afirmam ser necessário o plantio de mais árvores e
flores, para embelezar o parque. Foi sugerida também a construção de uma pista
de skate, além de área coberta onde seja possível praticar esportes em dias
chuvosos. Os entrevistados acreditam ser necessária a realização de atividades
culturais no local, além de outras que promovam a prática de esportes e a
interação da comunidade. Muitos questionaram a localização das
churrasqueiras, que ficam em área descoberta e muito próximas umas das
outras, ficando longe das mesas que existem no parque, o que justifica o fato de
apenas um entrevistado ter respondido que utiliza as churrasqueiras.
Quando perguntados sobre quem era o responsável por cuidar de
parques e praças, a maioria (62%) disse que a responsabilidade é da Prefeitura
Municipal de Ponta Grossa e também dos frequentadores do parque. Um
percentual de 24% respondeu que acredita que a responsabilidade é apenas da
Prefeitura, 14% afirmaram que a responsabilidade é somente daqueles que
frequentam o parque.
Tendo o questionário sido disponibilizado para que fosse respondido
também através da internet, o mesmo alcançou pessoas que não frequentam o
parque. Isso é importante para levantar quais são os motivos principais para que
alguém não o frequente. Foram citados como motivos a falta de interesse por
parques e também a falta de tempo livre. A falta de segurança no local afasta
algumas pessoas do parque, mas muitos entrevistados dizem que não o
frequentam principalmente porque fica longe de suas residências.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É inegável a importância dos espaços livres e verdes no meio urbano. O
parque cumpre seu dever ao proporcionar um espaço livre para a prática de
esportes, apreciação da natureza e fuga do stress da cidade, sendo também
local de encontro para amigos e famílias.
Os frequentadores do Centro de Esportes e Lazer Monteiro Lobato que
foram entrevistados demonstraram estarem cientes da importância dos parques
em áreas urbanas em seus diferentes níveis como ecológico, estético e social.
CONHECIMENTO E GESTÃO
79
Demonstraram preocupação com a manutenção do mesmo, dando várias
sugestões de melhorias que podem ser utilizadas pelo poder público para que o
parque se torne melhor e mais atrativo.
Isso mostra a importância de levar em conta a opinião dos
frequentadores na hora de realizar benfeitorias nos locais públicos. Além disso,
alguns entrevistados demonstraram apego emocional ao local, tendo o
sentimento de pertencimento ao mesmo. A maioria dos visitantes se sente
responsável por manter o parque, mas acredita que a responsabilidade maior
cabe à Prefeitura Municipal.
Com isso, pode verificar que apesar das diferenças no perfil dos
usuários, como idade, escolaridade e história de vida, a preocupação e cuidado
com o parque está presente em todos, demonstrando seu apreço pelas áreas
verdes públicas.
REFERÊNCIAS
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metodologias de valoración, 1992. In: HARDT, Letícia Peret Antunes. Subsídios à
gestão da qualidade da paisagem urbana: aplicação a Curitiba – Paraná. 2000.
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Federal de São Carlos – UFSCAR, 265 p., 1999.
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GUZZO, Perci. Estudos dos espaços livres de uso público e da cobertura vegetal
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80
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
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urbana: aplicação a Curitiba – Paraná. 2000. 323f. Tese (Doutorado em
Engenharia Florestal) – Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do
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Barigui em Curitiba, Paraná. 146 f. Dissertação (Mestrado em Gestão Urbana) -
Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia, Pontifícia Universidade Católica do
Paraná, Curitiba, 2010.
RICHTER, Elenir Maria. Percepção ambiental do parque urbano integrado Elso
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Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
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SANTOS, Edvanderson Ramalho dos. Áreas verdes e conceito de lugar: Parque
Bela Vista no município de Ponta Grossa (PR). OKARA: Geografia em debate,
João Pessoa, v. 8, n. 2, p. 213-223, 2014.
TUAN, Yi-Fu. Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência, 1980. In: RICHTER,
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município de Giruá-RS. 174 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Instituto de
Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
CONHECIMENTO E GESTÃO
81
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PARA O GERENCIAMENTO
DE TRÂNSITO NO BRASIL
JEFFERSON ALENCAR DA SILVA1
ANDERSON SOUZA PEREIRA2
RESUMO
As inúmeras demandas geradas pelo crescimento da frota de veículos dos
diversos portes fez emergir novas estratégias para a gestão do trânsito brasileiro.
Os indivíduos residentes em cidades de médio e grande porte, e em especial, os
que moram grandes centros urbanos gastam horas em seu deslocamento de
casa para o trabalho, ou para outros compromissos. Tal situação vem exigindo
uma série de procedimentos especiais, fundamentados em aplicação técnica e
organização de recursos disponíveis. Assim, os gestores de trânsito devem
possuir competências relacionadas ao planejamento urbano que se desdobra em
três subfatores: planejamento dos transportes urbanos, infraestrutura viária e
circulação urbana. Esse artigo teve como objetivo apresentar algumas das
principais questões que devem ser consideradas no planejamento do trânsito
nacional. Planejar o trânsito é buscar melhorias para eventos futuros que podem
não estar desejáveis para o uso da sociedade, sendo relevante para os diversos
setores da sociedade por promover melhor uso da malha viária, harmonia entre
os diversos meios utilizados para transporte e para segurança dos cidadãos.
Palavras-chave: Gestão do trânsito. Planejamento do trânsito. Gestão urbana.
1 INTRODUÇÃO
Com o crescimento dos centros urbanos, em especial nos países em
desenvolvimento, percebe-se um aumento da frota de veículos, o que resulta em
problemas diários como congestionamento, acidentes no trânsito entre
diferentes tipos e portes de automóveis.
Transformações sociais, econômicas e políticas, aliadas à recorrência
de críticas incisivas e de ineficiência crônica na gestão pública, acentuaram as
pressões para maior eficácia ou natureza diferente do setor público. Frente a
1 Pós-Graduado em Voleibol e em Treinamento Esportivo. Graduado em Processos Gerenciais pela
Faculdade de Tecnologia Internacional. Graduando licenciatura em Educação Física pela UNOPAR.
2º Sargento da policia Militar do Paraná - Secretaria Segurança Pública Paraná. 2 Pós-Graduando em Planejamento e Gestão de Trânsito. Graduado em Produção Industrial.
Professor da Controladoria de Transito na cidade de Sabará.
82
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
isso, observa-se a necessidade de um bom planejamento do solo, ou seja, da
ocupação territorial somada a um sistema de transporte eficiente. Planejar um
transporte eficiente e sustentável é uma obrigação do poder público e direito de
todos os cidadãos.
O gestor público tem sob sua responsabilidade, questões de relevância
pelo fato de ser o responsável por oferecer com eficiência, eficácia e
pontualidade aos cidadãos a disponibilidade dos serviços básicos
constitucionais e, ao mesmo tempo, a necessidade de garantir eficiência no uso
de seus recursos públicos. As políticas públicas têm grande significância para o
planejamento de propostas eficientes que promovam melhor qualidade de vida
aos cidadãos, maior segurança, principalmente quando se abordam questões
relacionadas ao trânsito. A tendência da urbanização e a utilização crescente do
automóvel constituem um dinamismo em demandas de planejamento e gestão
do trânsito.
Atualmente, os indivíduos residentes em cidades de médio e grande
porte, e em especial, os que moram em grandes centros urbanos, gastam horas
em seu deslocamento de casa para o trabalho, ou para outros compromissos.
Logo, compreender os principais pontos relevantes ao planejamento do trânsito
trará uma reflexão e discussão aprofundada sobre questões relevantes e atuais
para o planejamento do trânsito e para a formação de gestores do trânsito.
Neste sentido este artigo apresentou algumas das principais questões
que devem ser consideradas no planejamento do trânsito nacional e assim
contribuir para a formação dos gestores de trânsito em suas rotinas de trabalho
e para a literatura de planejamento de trânsito, auxiliando na formação de cursos
de planejamento voltados para o trânsito e suas particularidades.
Esse estudo tem natureza qualitativa por analisar e interpretar aspectos
profundos, descrevendo a complexidade do fenômeno pesquisado e por realizar
uma análise detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências do
objeto de estudo (LAKATOS; MARCONI, 2010). Assim, as investigações pautam-
se na análise qualitativa de situações complexas ou particulares, permitindo
interpretar dados, fatos ou hipóteses (RICHARDSON, 1999; SOARES, 2003).
Para realizar este artigo foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica,
o qual busca, a partir do exame da bibliografia existente, fazer o levantamento e
análise do que já foi produzido sobre o assunto que se pretende estudar. Tal
método foi realizado em duas fases: a coleta de fontes bibliográficas, na qual foi
feito o levantamento da bibliografia existente e, em seguida, a coleta de
CONHECIMENTO E GESTÃO
83
informações, na qual foi realizado o levantamento dos dados, fatos e
informações contidas na bibliografia escolhida. Foi realizada uma leitura
minuciosa e elaborado o presente artigo, a partir dos objetivos propostos.
Em relação aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como descritiva por
buscar conhecer e interpretar o fenômeno sem interferir ou modificar o objeto
estudado (CHURCHILL, 1987). Permite explicar as relações e feitos dos
contextos sociais (OLIVEIRA, 2002).
2 O SERVIÇO PÚBLICO E A GESTÃO DO TRÂNSITO
Frente as constantes mudanças políticas, sociais e econômicas emerge
a necessidade sobre a reflexão das necessidades da construção de uma
administração pública inovadora e de excelência para atender às demandas da
sociedade na prestação de serviços que exigem elevado desempenho (SIMIONE,
2014). O serviço público promove a qualidade de vida, o bem estar e a ordem na
sociedade. A partir das leis, normas e regimentos originados nas diversas
esferas do serviço público é possível determinar os direitos e deveres para os
cidadãos, o que acarreta uma grande responsabilidade aos gestores públicos.
Desta forma, Silva (2010) aponta que o administrador público deve ser um
profissional capacitado a gerenciar os bens públicos sob sua responsabilidade,
baseando-se em suas competências para alcançar os resultados positivos.
Em relação à gestão do trânsito pode-se afirmar que é uma atividade
complexa que exige diversas habilidades gerenciais. Desta forma, Bavoso (2014)
coloca que a gestão de trânsito deve proporcionar a possibilidade de satisfazer
as necessidades de circulação de forma rápida, segura, econômica e eficiente.
A gestão do trânsito nas cidades vem exigindo a adoção de uma série
de procedimentos especiais, fundamentados em aplicação técnica e organização
de recursos disponíveis (PORTES, 1998). Para tanto, a gestão do trânsito é
entendida como a intervenção do poder público que visa promover mobilidade,
segurança, fluidez, qualidade de vida e a satisfação dos interesses de toda a
sociedade no sentido de planejar, executar, operar, controlar, regulamentar,
educar e fiscalizar o trânsito (BAVOSO, 2014).
Os especialistas em trânsito, em seus diversos estudos, afirmam que
não basta regulamentar o estacionamento, implantar uma sinalização adequada,
ou definir o sentido de circulação das vias, deixando o trânsito fluir por si só,
pois ele passa a não andar (PORTES; 1998). O autor coloca que há a
84
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
necessidade de intervenções distintas no trânsito, em especial a partir de
atividades organizadas, buscando alcançar os níveis desejados de conforto,
segurança e fluidez, ou seja, atuar efetivamente no trânsito.
Cabe aos órgãos públicos desenvolver uma gestão de trânsito baseada
em conhecimentos gerenciais e operacionais, nos órgãos de trânsito da
administração pública, direta e indireta. O gestor tem a função de atender a
demanda definida pela linha de ação, cuja proposta foi referendada e do qual
partirá um novo programa a ser implementado (CAETANO, 2009).
3 A GESTÃO DO TRÂNSITO E O PLANEJAMENTO
A gestão do trânsito compõe-se da coleta de dados, planejamento, o
projeto, a operação, o controle, a fiscalização, arrecadação de tarifas e
informações aos cidadãos (MEIRRELES, 1999). Os responsáveis pela gestão
urbana têm que estar preparados frente a esta demanda com propostas que
tragam melhorias aos deslocamentos de todos os cidadãos (SIMÕES;
PETEROSSI; SIMÕES, 2014).
Frente a estas necessidades urge planejar o trânsito e as ações que
serão implantadas neste. O planejamento é um conjunto de procedimentos e
técnicas que permite avaliar as implicações futuras de decisões presentes sobre
uma determinada situação de transporte baseado em objetivos, custos,
qualidade e prazos determinados para tornar a tomada de decisão assertiva,
aumentando a eficiência e a eficácia (NTU, 2000).
O planejamento busca promover modificações nas pessoas, em ações
comportamentais e educacionais. Relacionado ao trânsito, o planejamento define
uma infraestrutura necessária para assegurar a circulação de pessoas,
mercadorias, e organiza os sistemas de transporte que estão sujeitos à
regulamentação pública (MANTOVANI, 2007).
Para Simões, Peterossi e Simões (2014), os gestores de trânsito devem
possuir competências relacionadas ao planejamento urbano que se desdobra em
três subfatores: planejamento dos transportes urbanos, infraestrutura viária e
circulação urbana.
O planejamento dos transportes urbanos deve abranger os modos de
atender as necessidades dos diversos tipos de transporte: motorizados e não
motorizados. Deve promover maior mobilidade e acessibilidade a partir de um
plano de mobilidade urbana, estudos de demandas, integração entre os modos
CONHECIMENTO E GESTÃO
85
de transporte público, privados e não motorizados, transporte coletivo, serviços
de táxi, transporte urbano de carga, assim como aos terminais de transportes
urbanos, polos geradores, instrumentos de financiamento de transportes. E
ainda, monitorar o processo de planejamento e execução das atividades de
transportes e desenvolver uma avaliação e atualização sistemática do plano de
mobilidade urbana (SIMÕES; PETEROSSI e SIMÕES, 2014).
O planejamento do trânsito abrange diversas áreas essenciais para
melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, para otimização do transporte de
bens e para prestação de serviços. Planejar o trânsito é buscar melhorias para
eventos futuros que podem não estar desejáveis para o uso da sociedade.
Assim, o planejamento do trânsito é relevante para os diversos setores da
sociedade por promover melhor uso da malha viária, harmonia entre os diversos
meios utilizados para transporte e para segurança dos cidadãos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As inúmeras demandas geradas pelo crescimento da frota de veículos
dos diversos portes fez emergir novas estratégias para gestão do trânsito
brasileiro. Existem muitas ações relacionadas à regulamentação do
estacionamento, sinalização e definição de sentido de circulação nas vias
públicas. No entanto, estas não conseguem solucionar os inúmeros problemas
apresentados diariamente nos trânsito.
Cabe à gestão pública promover ações efetivas que proporcione aos
cidadãos segurança, fluidez ao deslocar-se pelas vias urbanas. A gestão de
trânsito deve buscar conhecimento gerencial e operacional para desenvolver
ações de planejamento, controle, educação, dentre outras, a fim de atender os
interesses da sociedade como um todo.
Para tanto, o gestor de trânsito deve buscar desenvolver um
planejamento estratégico que atenda as necessidades dos diversos tipos de
transporte, motorizados e não motorizados, promovendo assim maior mobilidade
e acessibilidade a partir de um plano de mobilidade urbana, estudos de
demandas, integração entre os modos de transporte público, privados e não
motorizados, transporte coletivo, serviços de táxi, transporte urbano de carga,
dentre outros.
Assim, o planejamento do trânsito abarca mais que ações corretivas a
curto prazo, ele compreende ações preventivas, corretivas a curto e longo prazo,
86
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
que necessitam de avaliações e adaptações sistemáticas para cumprir
efetivamente seu papel de planejar, executar, operar, controlar, regulamentar,
educar e fiscalizar o trânsito.
REFERÊNCIAS
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pequeno porte, Universidade Federal de Minas Gerais, 1998.
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competências requeridas nos dias atuais. Fundação Getúlio Vargas, 2009.
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(mestrado em Engenharia Urbana)–Programa de Pós-Graduação em Engenharia
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abordagem para cursos MBA/EAD. # Tear: Revista de Educação, Ciência e
Tecnologia, v. 3, n. 1, 2014.
SOARES, Edvaldo, Metodologia Científica: lógica, epistemologia e normas. São
Paulo: Atlas, 2003.
CONHECIMENTO E GESTÃO
87
O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE PARA
AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
LIANA GOMES NETTO1
JOSINEIA RIBEIRO DOS SANTOS2
RESUMO
Ao longo da história, o ser humano tem demonstrado uma preocupação
crescente com fatores econômicos ligados ao desenvolvimento. Porém, só
recentemente os fatores socioambientais se tornaram alvos de estudos. Essa
pesquisa apresentou um estudo teórico acerca da responsabilidade
socioambiental para as micro e pequenas empresas (MPEs) e a gestão
responsável. Assim, como outras empresas de maior porte, as MPEs são
instituições sociais que atuam no desenvolvimento de demandas sociais
importantes. Essa pesquisa foi desenvolvida através de estudos exploratórios
descritivos e qualitativos com base em jornais, revistas, artigos científicos, livros
e cyber espaços. Perceber que o papel das MPEs vai muito além da prestação
de serviços ou do fornecimento de bens de consumo foi um dos resultados
dessa pesquisa. Destaca-se, ainda, o crescente interesse em medidas voltadas
para a sustentabilidade, bem como a deficiência de material e estudos voltados
para as práticas ambientalmente corretas nas MPEs, razão pela qual percebemos
a necessidade de um estudo mais aprofundado, com o intuito de trazer à luz
algumas ações de sucesso nessa área tão pouco explorada.
Palavras-chave: Micro e pequenas empresas. Sustentabilidade.
Responsabilidade socioambiental. Sistemas de Gestão Ambiental.
1 INTRODUÇÃO
Ao longo do século XX, com os avanços na produção do sistema
capitalista, a sociedade – iniciando-se nos Estados Unidos e se espalhando pelo
mundo – experimentou um apelo ao consumo, gerando mais lucros para as
grandes empresas e impulsionando, até certo ponto, a economia mundial. Nesse
momento, questões relativas ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável
ficaram em segundo plano.
1 Graduada em Tecnologia Ambiental (UTFPR); Especialização em Gestão, planejamento e
educação ambiental (UNESPAR); MBA em Gestão empresarial (UNICESUMAR); Mestrado em
Geografia com ênfase em análise ambiental e regional (UEM). 2 Bacharel em Turismo – Faculdade Helio Rocha.
88
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
A globalização e o processo econômico, as transformações políticas e
sociais mundiais, inovações tecnológicas e científicas e os crescentes impactos
das mudanças climáticas, testemunham a necessidade de revisão dos padrões
atuais (que se mostraram insustentáveis) de produção e consumo e também dos
modelos econômicos adotados nos países desenvolvidos e em
desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
O movimento da responsabilidade socioambiental é um movimento
mundial. Trata-se de um processo contínuo e progressivo do desenvolvimento
de competências cidadãs, com a assunção de responsabilidades sobre questões
sociais e ambientais relacionadas a todos os públicos em interação na
sociedade: trabalhadores, consumidores, governo, empresas, investidores e
acionistas, organizações da sociedade civil, mercado e concorrentes,
comunidade e o próprio meio ambiente, conforme a Agenda Ambiental na
Administração Pública - A3P (BRASIL, 2009).
Investir em práticas de responsabilidade socioambiental eleva os níveis
de desenvolvimento social, protege o meio ambiente e promove o respeito aos
direitos humanos. Isso se evidencia numa gestão responsável. A empresa
responsável, em sua base de valores, potencializa uma cultura de cooperação
interna e externa e consegue conciliar os interesses dos variados agentes num
enfoque global de viabilidade e qualidade. De forma geral, uma empresa
sustentável tem uma visão sistêmica da sua atuação, analisando as
necessidades do cliente interno e externo, atentando-se aos efeitos gerados no
curto, médio e longo prazo, baseados em suas ações, produtos e processos.
Ações de responsabilidade socioambiental são, ainda, consideradas
iniciativas relativamente complexas, mesmo para as médias e grandes empresas
(MPEs). Esse fator pode ser facilmente identificado na sociedade civil e não
apenas no mundo dos negócios. A atuação das MPEs é bem efetiva junto à
comunidade, mesmo não possuindo muitos recursos e estrutura para tal. Isso
faz com que elas se tornem agentes importantes para a solução de problemas
sociais e ambientais.
Essa pesquisa apresentou um estudo teórico sobre responsabilidade
socioambiental nas MPEs. Alguns autores podem usar termos diferentes para se
referir a esse tema nas diversas fontes bibliográficas, mas neste estudo será
utilizado o termo “responsabilidade socioambiental”, respeitando, obviamente, as
especificidades estabelecidas por alguns autores.
CONHECIMENTO E GESTÃO
89
O caráter desse estudo é exploratório, procurando abordar as teorias a
respeito da prática de responsabilidade socioambiental nas MPEs, sendo
fundamentado em dados de fontes secundárias e trabalhos científicos.
Este trabalho foi elaborado com base em pesquisa bibliográfica efetuada
junto a artigos científicos publicados em anais de eventos, revistas, jornais,
livros e cyber espaços. Foi utilizada, ainda nessa pesquisa, a base de dados
Scopus, por ser uma das maiores bases de literatura científica. A base de dados
Scopus permite ter uma visão multidisciplinar da ciência e integra fontes
relevantes para a pesquisa básica e aplicada. Por meio da pesquisa nas fontes
consultadas foram identificadas lacunas de conhecimentos e foi possível apontar
estudos que poderão ser desenvolvidos no futuro.
Essa pesquisa se caracteriza ainda como descritiva e qualitativa.
Descritiva porque tem como o objetivo principal descrever as características de
determinado fenômeno ou estabelecimento de relações entre as variáveis (GIL,
1999). É qualitativa pois considera o ambiente como fonte direta dos dados e o
pesquisador como instrumento chave, e tem maior preocupação na interpretação
do objeto do estudo e a análise dos dados deve ser realizada de forma intuitiva
pelo pesquisador (GODOY, 1995).
2 SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
APLICADO ÀS EMPRESAS
Segundo Brown (2003, p.6), “criamos uma economia que não pode
sustentar o progresso econômico, uma economia que não pode nos conduzir ao
destino desejado”. A evolução das teorias e práticas sustentáveis precisa incluir
a participação de todos os atores sociais e, fundamentalmente, das empresas. É
urgente a necessidade de reflexão do empresariado sobre qual o seu papel no
desenvolvimento social e qual seu impacto ambiental. Por isso, também é
preciso de uma mudança de paradigma, onde a sustentabilidade ganhe uma
nova dinâmica, nascida da interação e cooperação entre governos, empresas e
sociedade civil, todos voltados para a construção de uma sociedade mais justa e
sustentável.
Ao longo dos séculos e tendo como base a revolução industrial, alguns
setores da economia passaram a ser vistos como essencialmente negativos, que
visam tão somente o lucro, sem se importar com as consequências do consumo
e produção desenfreados e dos impactos que isso poderia e pode causar no
90
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
meio ambiente, o que tem feito com que as empresas adotem novas formas de
pensar e agir. Almeida (2002, p.53) apresenta essa situação da seguinte forma:
Acostumado a dividir o universo em compartimentos estanques
para poder entendê-lo – fruto de uma visão cartesiana, mecanicista,
reducionista, forjada em trezentos anos de Revolução Científica e
Industrial –, nos últimos anos do século XX o homem viu-se às
voltas com a constatação de que a natureza não se deixa apreender
completamente pelas ferramentas tradicionais de análise [...]. Para
ser compreendida, pede um novo: orgânico, holístico, integrador.
É cada vez mais necessário buscar novas formas que contribuam não
somente para os negócios, mas também para a construção de uma sociedade
sustentável. Assim, investir em sustentabilidade empresarial, além de contribuir
para o crescimento dos negócios devido ao impacto positivo que isso causará
na comunidade na qual a empresa está inserida, constitui-se num
comportamento ético e altruísta, beneficiando a sociedade e a própria empresa.
Uma sociedade é responsável “ao atender, simultaneamente, aos
critérios de relevância social, prudência ecológica e viabilidade econômica, os
três pilares do desenvolvimento sustentável” (SACHS, 2002, p.35). Para que
isso de fato aconteça é necessário que as empresas adotem políticas e práticas
sustentáveis no âmbito empresarial, buscando, a partir de então, incorporar
estrategicamente aos negócios o tripé do desenvolvimento sustentável.
A partir da década de 90 a importância da sustentabilidade empresarial
ganhou força. Com a criação do WBCSD – World Business Council for
Sustainable Development, em 1992, e em 1997 a fundação do CEBDS –
Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e ainda, em
1998, a fundação do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social,
esse movimento definitivamente marca o surgimento de um novo pensamento
empresarial e coletivo. Um pensamento onde é possível se desenvolver de forma
sustentável, com lucratividade.
Tendo em vista o conceito atual, é perceptível que a adoção de práticas
empresariais sustentáveis é uma realidade possível, ao alcance de todos,
inclusive para as MPEs. Hoje, ser uma empresa sustentável está intimamente
relacionado a questões culturais, experiências acumuladas ao longo dos anos,
às práticas das vivências da empresa e da sua atuação no meio ao qual está
inserido. Incorporar o desenvolvimento sustentável no coração das organizações
é um processo lento e ainda em formação, visto que a construção do termo de
CONHECIMENTO E GESTÃO
91
sustentabilidade empresarial ainda é um movimento recente, pouco difundido e
pouco debatido. Assim, para fins desta pesquisa, foi analisado o conceito e a
prática da sustentabilidade empresarial, tomando duas áreas fundamentais e
substancialmente reconhecidas pela sociedade como novos comportamentos
éticos do setor empresarial: a responsabilidade social e a ecoeficiência.
2.1 A RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
Impulsionadas pelo novo contexto mundial, as empresas procuraram
adotar modelos de gestão mais sustentáveis. Partindo desse ponto, a
responsabilidade social empresarial surge como alternativa de se colocar em
prática a sustentabilidade empresarial. Ser socialmente responsável significa,
entre outras coisas, que o crescimento econômico é uma contribuição pequena,
diante daquilo que as empresas devem oferecer à nossa sociedade.
A responsabilidade social empresarial é a atuação social da empresa,
passando por todos os níveis organizacionais. Essa atuação responsável procura
dar à empresa um caráter mais humano, mostrando interesses maiores que
simplesmente o lucro. Ao adotar essa nova forma de pensar e agir, a
organização busca deixar sua contribuição para a sociedade como um todo
(ALESSIO, 2008).
Ser uma empresa que prima pela responsabilidade social empresarial
exige da organização um posicionamento estratégico, que considere em todo o
seu negócio os interesses e as necessidades de todos os públicos envolvidos e
que serão afetados, direta ou indiretamente, pelas atividades da empresa. Adotar
uma postura voltada para uma gestão sustentável constitui como um diferencial
e fator que impulsiona o crescimento, visto que a sociedade civil mundial tem
cobrado uma postura voltada para a preservação ambiental e qualidade de vida
dos indivíduos.
2.2 ECOEFICIÊNCIA
Outra forma atual e que demonstra responsabilidade social empresarial é
através da ecoeficiência. Ser ecoeficiente é oferecer bens e serviços que
satisfaçam as necessidades dos clientes, gerando impactos ambientais menores
e que possam ser absorvidos pela natureza. Segundo o WBCSD (apud, DIAS,
2000, p.130):
92
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
A ecoeficiência atinge-se através da oferta de bens e serviços a
preços competitivos, que, por um lado, satisfaçam as necessidades
humanas e contribuam para a qualidade de vida e, por outro,
reduzam progressivamente o impacto ecológico e a intensidade de
utilização de recursos ao longo do ciclo de vida, até atingirem um
nível, que, pelo menos, respeite a capacidade de sustentação
estimada para o planeta Terra.
Claro que empresas ecoeficientes não surgirão do nada. Essa postura
voltada para a conservação dos ecossistemas requer muito empenho, requer
inovação e mudança. Independente do porte ou da área de atuação, nesse ponto,
a empresa precisa sair da sua zona de conforto, rever parceiros e modelos de
produção, buscando outras maneiras de constituir e de fazer negócios.
Há quem diga que este novo cenário de ecoeficiência seja, num futuro
próximo, fundamental para que as empresas sobrevivam em um mercado que,
além de competitivo, seja altamente sustentável. Isso só acontecerá quando
novas estratégias empresariais forem adotadas, conciliando crescimento
econômico com desenvolvimento social e preservação do meio ambiente. Pode-
se arriscar dizer que a ecoeficiência será uma grande vitrine para o
desenvolvimento dos mercados nas próximas décadas.
2.3 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL – SGA
Os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) são formados pelas políticas,
pelos programas, metas e práticas que visam à preservação do meio ambiente
(de acordo com a legislação aplicável, tecnologias limpas, ajuste dos processos
internos, com o uso racional dos recursos naturais, por exemplo) e constante
monitoramento dos impactos ambientais nos processos da organização. Porém,
para que o SGA seja realmente eficiente, ele precisa promover a melhoria do
desempenho ambiental na organização e não somente seu monitoramento.
O SGA permite que a empresa aja em prol não apenas do seu
desempenho ambiental, mas também auxilia no desenvolvimento financeiro, isto
porque é possível obter redução de custos e, ainda, atingir outra fatia do
mercado com ações provenientes do SGA. Isso fica evidenciado quando o
cliente percebe a preocupação da empresa em gerar menos resíduos, o que
ajuda a promover uma consciência ambiental coletiva e fidelização dos clientes.
Os SGA são desenvolvidos a partir de diferentes metodologias, mas as
principais estão relacionadas à ISO 14001 (de abrangência internacional) e aos
CONHECIMENTO E GESTÃO
93
EMAS (que diz respeito à União Europeia e à economia da Europa). Ambos os
processos são instrumentos de autorregulação para a proteção do meio
ambiente e sua semelhança se dá na medida em que dizem respeito aos
sistemas de gestão ambiental, mas diferem no conteúdo e também no efeito.
As normas ISO 14000 descrevem os requisitos básicos internacionais
para um Sistema de Gestão Ambiental e encontram-se divididas em duas partes:
processos e produtos. No que se refere ao Sistema de Gestão Ambiental temos a
ISO 14001, que estabelece os requisitos fundamentais para o desenvolvimento
de um Sistema de Gestão Ambiental, e a ISO 14004, que serve como diretriz
para a implementação ou aprimoramento do SGA.
A proposta de SGA para MPEs é baseada na metodologia da ISO 14001.
É uma simplificação dos requisitos exigidos pela ISO 14001, tornando-a mais
acessível para as MPEs. Há outro modelo, proposto por Seiffert (2008), que faz
referência a uma nova forma de adoção do SGA, defendendo uma cooperação
entre MPEs semelhantes, o que é bem atrativo para as empresas franqueadas.
Segundo Seiffert (2008), um SGA - 14001 tem entre seus elementos integrantes:
Uma política ambiental, o estabelecimento de objetivos e metas, o
monitoramento e medição de sua eficácia, a correção de problemas
associados à implantação do sistema, além de sua análise e revisão
como forma de aperfeiçoá-lo, melhorando dessa forma o
desempenho ambiental geral. (SEIFFERT, 2008)
Assim, o sistema de gestão ambiental “apresenta-se como um processo
estruturado que possibilita a melhoria contínua, num ritmo estabelecido pela
organização de acordo com suas circunstâncias, inclusive econômicos”
(SEIFFERT, 2008)
2.4 PDCA
O PDCA (Plan, Do, Check e Act – Planejar, Executar, Checar e Agir) foi
concebido por Walter A. Shewhart e é uma ferramenta de controle de processos.
O PDCA é geralmente utilizado para as atividades de análise e solução de
problemas. Tornou-se conhecida e ganhou reconhecimento por meio dos
trabalhos executados por William Edward Deming, discípulo de Shewhart.
Deming também foi responsável pelo aperfeiçoamento do PDCA.
94
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
O ciclo PDCA é definido por Werkema (1995) como “um método
gerencial de tomada de decisões para garantir o alcance das metas necessárias
à sobrevivência de uma organização”. Werkema afirma ainda que o PDCA
representa o caminho a ser seguido para que as metas estabelecidas possam
ser atingidas, e há duas metas a serem atingidas: metas para manter e metas
para serem melhoradas. Para que isso aconteça as atividades de planejar,
executar, controlar e agir precisam acontecer sistematicamente para que as
mudanças realmente aconteçam e culminem nas melhorias dos processos
organizacionais. O PDCA não é um ciclo estático, precisa estar sempre
evoluindo, tendo seus efeitos medidos e observados, sabendo que o final de um
ciclo significa o início de outro processo, que visa uma melhoria paulatina no
sistema e uma evolução para a empresa.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Debater sobre o desenvolvimento sustentável do planeta cada vez mais
faz parte do quotidiano da população, e com o intuito de provocar uma reflexão
sobre o tema, especialmente sobre o modelo de desenvolvimento adotado pela
sociedade ao longo dos séculos é que foi realizada essa pesquisa.
Promover a sustentabilidade exige ação conjunta e coordenada. É
necessário um envolvimento dos cidadãos, das empresas e do governo a fim de
lançar luz sobre a atuação das MPEs e da sua responsabilidade socioambiental é
que essa pesquisa nasceu. Buscou avaliar a influência da inovação na
proposição e execução de ações empresarias mais sustentáveis, mostrando que
os investimentos em sustentabilidade também podem trazer vantagens
econômicas para as empresas, além de melhorar dessas perante a sociedade na
qual está inserida.
Ainda está muito presente a ideia de que ações de responsabilidade
socioambiental são iniciativas complexas no mundo dos negócios. As MPEs,
mesmo com poucos recursos e estrutura, conseguem atuar em uma relação
estreita com a comunidade onde estão inseridas. Algumas ações praticadas
pelas MPEs são descontínuas e não sistemáticas, assemelhando-se mais a uma
ação de filantropia do que de responsabilidade social. É comum que o
microempresário, por exemplo, não faça distinção entre as duas coisas.
Não há como passar despercebida a importância da responsabilidade
social para as organizações empresariais na atualidade, sejam de grande ou
CONHECIMENTO E GESTÃO
95
pequeno porte. Visto que as MPEs gozam de uma maior proximidade com a
população, é fundamental a capacitação e conscientização do empreendedor a
respeito da relevância de ações de responsabilidade socioambiental. Como
evidenciamos, todas as empresas, independente do porte, podem adotar
medidas socioambientais corretas. Partindo desse ponto é necessário que as
MPEs planejem e executem ações na busca da satisfação de seus
colaboradores, sem deixar de lado os interesses da comunidade e ainda a
preservação do meio ambiente.
Por sua vez, as instituições que apoiam as MPEs e a pesquisa
acadêmica precisam intensificar as investigações científicas, com o intuito de
oferecer incentivos e subsídios para que essas organizações sejam mais
competitivas por meio de ações de responsabilidade socioambiental.
REFERÊNCIAS
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reprodução de postura ou novos rumos? Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.
ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2002.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Agenda Ambiental na Administração
Pública (A3P). Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2009. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf>.
Acesso em: 24 abr. 2016.
BROWN, Lester R. Eco-economia: construindo uma economia para a terra.
Salvador: UMA, 2003.
DIAS, Reinaldo. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade.
São Paulo: Atlas, 2006.
SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. Environmental impact evaluation using a
cooperative model for implementing SEM (ISO14001) in small and medium-sized
enterprises. Journal of Cleaner Production, n. 16, 2008, p.1447-1461 Disponível
em: http://www.sciencedirect.com. Acesso em: 22/05/2016.
WERKEMA, M. C. C. Ferramentas estatísticas básicas para o gerenciamento de
processos. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1995.
ANÁLISE DA OFERTA DE IMÓVEIS ADAPTADOS
96
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CONHECIMENTO E GESTÃO
PARA IDOSOS COM LIMITAÇÕES
MARCIO PEDRO CABRAL1
FERNANDO FERREIRA DOS SANTOS2
RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi analisar, de forma concisa, a oferta de
imóveis adaptados para idosos com limitações temporárias ou permanentes no
Distrito federal. Para esta análise empreendeu uma pesquisa de revisão
bibliográfica e análise do conceito de longevidade, bem como levantamento do
contexto histórico e social dos mais longevos, efetuado em artigos científicos,
livros, legislações pertinentes, documentos e sites oficiais. Seu foco principal é a
questão imobiliária, envolvendo a oferta de imóveis adaptados para idosos com
limitações diante do quadro de aumento da longevidade populacional e suas
implicações nos diferentes setores da vida, primando pela qualidade de vida e
autonomia dos mesmos. Os resultados revelaram que há uma necessidade
latente de adequar os imóveis desta região para uma sociedade que está
envelhecendo, a fim de prepará-la para uma vida mais longa, com autonomia e
melhor qualidade de vida, proporcionando assim aos mais longevos uma melhor
forma de lidar com os desafios que envolvem a vida moderna. O aspecto
singular deste trabalho reside no fato do resgate do conceito de pessoa idosa
produtiva e autônoma com maior longevidade.
Palavras-chave: Oferta imobiliária. Idosos. Longevidade. Lei do idoso.
1 INTRODUÇÃO
A longevidade da população mundial é uma realidade cada vez mais
avassaladora e palpável. Realidade essa possível por diversos motivos, pelas
facilidades que a vida moderna trouxe para todos, diminuindo, assim, a carga de
trabalho, ou pelo poder aquisitivo adquirido ao longo da vida, tornando possíveis
melhores condições de atendimento médico hospitalar, maior acesso a
medicamentos e tratamentos.
1 Mestrando em Gestão do Conhecimento nas Organizações - Unicesumar. Graduação em
Filosofia - PUCPR; Especialização em Psicopedagogia Institucional, Clínica e Hospitalar pela
Faculdade Dom Bosco; Especialização em Docência no Ensino Superior pela PUCPR. 2 Graduação em Negócios e Empreendimentos Imobiliários pela Unicesumar – Centro Universitário
de Maringá. Pós Graduação Latu-sensu em MBA em Negócios e Empreendimentos imobiliários.
(em curso).
CONHECIMENTO E GESTÃO
97
Tem, então, o seguinte cenário, uma população cada vez mais longeva,
com necessidades ou incapacidades a serem supridas de acordo com suas
especificidades. Nesse sentido, como gestores imobiliários não é possível
desprezar esta realidade, e urge pensar em como atender essa população.
Surgem então alguns questionamentos ligados ao tema, sendo que
particularmente, na região do Distrito Federal, é tratado com relevância. Os
empreendimentos estão sendo preparados para esta população? Pessoas idosas
e idosas com limitações estão sendo atendidas em suas necessidades quanto
aos imóveis ofertados? Que tipos de empreendimentos podem ser ofertados a
estes idosos com maior longevidade e com limitações temporárias ou não?
Desta forma, a pergunta que este trabalho tentará responder é: A oferta
de imóveis no Distrito Federal atende aos idosos em suas necessidades,
proporcionando maior autonomia, conforto e segurança, contribuindo para sua
melhor qualidade vida?
Este estudo foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica.
Segundo Vergara (2000), a pesquisa bibliográfica é realizada a partir de material
já organizado, composto, sobretudo, de livros e artigos científicos, e é
importante para o levantamento de elementos fundamentais sobre os aspectos
direta e indiretamente relacionados ao tema de estudo.
2 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
Segundo Ferreira (1988) em seu conceito mais simples, longevidade
significa “qualidade do longevo, ou seja, qualidade daquele que tem muita
idade”. Conforme a Organização Mundial da Saúde (1988), alguns aspectos
devem ser considerados fatores para analisar a longevidade: hereditariedade,
climáticos, ambientais, alimentares, comportamentais e medicinais.
No Fifty Facts from The World Heath Report, 1998 (Cinquenta Fatos do
Relatório Mundial de Saúde 1998), divulgado pela Organização Mundial de
Saúde, consta um item relativo à população no mundo, caracterizando a
proporção entre a quantidade de pessoas idosas e a quantidade de pessoas
jovens. Esse relatório faz referência a dois grupos distintos: idosos acima de 65
anos e jovens com idade abaixo de 20 anos. A proporção é calculada na razão
de velhos divididos pelo número de jovens. É a partir desta fórmula que os
institutos de pesquisa fazem análises populacionais e estabelecem políticas
mundiais em prol da população idosa e jovem.
98
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Apesar dos dois processos serem responsáveis pelo aumento da
longevidade e terem sido resultado de políticas e incentivos promovidos pela
sociedade, pelo Estado e pelo progresso tecnológico, as suas consequências
têm sido vistas, em geral, com preocupação, por acarretarem pressões para
transferência de recursos na sociedade, colocando desafios para o Estado,
setores produtivos e famílias.
Em 1994, um documento do Banco Mundial afirmava que o aumento da
expectativa de vida ao nascer e o declínio da fecundidade nos países em
desenvolvimento estão provocando a “crise da velhice”. Segundo Simões (1997,
p. 169), “[...] esta crise é traduzida por uma pressão nos sistemas de
previdência social a ponto de pôr em risco não somente a segurança econômica
dos idosos, mas também o próprio crescimento econômico”.
O desenvolvimento socioeconômico vivido pela sociedade brasileira, a
partir da década de 40, proporcionou aumento na expectativa de vida dos
brasileiros. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no
site da instituição (IBGE, 2013), a partir dos resultados obtidos no Censo
Demográfico de 2010, que a tábua de mortalidade projetada para o ano de 2012
resultou em uma expectativa de vida de 74,6 anos para ambos os sexos, um
acréscimo de 5 meses e 12 dias em relação ao valor estimado para o ano de
2011 (SILVA, et al.,2016).
Diante desta realidade, com uma população mais longeva e a queda da
fecundidade, o Brasil será um país de idosos em pouco tempo. Isso acarreta
uma série de consequências sociais, culturais, econômicas, necessidade de
implementação de políticas públicas específicas nas áreas de saúde e
previdência social, a fim de fazer frente às demandas por mobilidade urbana,
dentre outras.
Segundo Schussel (2012), o Plano Internacional de Ação sobre o
Envelhecimento, adotado nas assembleias sobre envelhecimento populacional da
Organização das Nações Unidas, de Viena, em 1982, e de Madrid, em 2002,
estabeleceu três objetivos no que se refere à moradia e condições de vida:
Objetivo 1: Promover o envelhecimento na comunidade em que se viveu,
levando devidamente em conta as preferências pessoais e as possibilidades no
tocante à moradia acessível para idosos.
Objetivo 2: Melhoria do projeto ambiental e da moradia para promover a
independência de idosos considerando suas necessidades, particularmente dos
que apresentam incapacidades.
CONHECIMENTO E GESTÃO
99
Objetivo 3: Melhorar a disponibilidade de transporte acessível e
economicamente exequível, para os idosos (ONU, 2003).
Ainda de acordo com Silva, et al. (2016), do ponto de vista da
legislação, o Estatuto do Idoso, em seus artigos 37 e 38, estabelecem que:
Art. 37. O idoso tem direito à moradia digna junto à sua família de
origem, ou só, quando desejar, ou ainda em entidade pública ou
privada.
Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com
recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de
imóvel para moradia própria observada o seguinte:
I – reserva de 3% (três por cento) das unidades residenciais para
atendimento aos idosos;
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao
idoso;
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para
garantia de acessibilidade ao idoso;
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de
aposentadoria e pensão.
No entanto, apesar da legislação estabelecer esses critérios e verificar
ações do Governo na tentativa de reduzir o déficit habitacional do país, ainda são
escassos os programas nesse sentido. O distanciamento entre a lei e a realidade
dos idosos no Brasil ainda é enorme.
[...] para que esta situação se modifique, é preciso que ela continue
a ser debatida e reivindicada em todos os espaços possíveis, pois
somente a mobilização permanente da sociedade é capaz de
configurar um novo olhar sobre o processo de envelhecimento dos
cidadãos brasileiros (ESTATUTO DO IDOSO, 2003)..
Com o processo de envelhecimento a pessoa idosa torna-se mais
vulnerável à incapacidade funcional, e esse processo pode levar às
incapacidades temporárias ou permanentes, podendo ainda apresentar
dificuldades em manter sua autonomia e independência, necessitando de
dispositivos que lhe garantam acessibilidade. Segundo a NBR 9050 da ABNT, a
acessibilidade é a possibilidade e a condição de alcance, percepção e
entendimento para a utilização com segurança e autonomia, de edificações,
espaço, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos.
Quanto à acessibilidade em imóveis para pessoas com deficiências ou
incapacidades, algumas legislações vigentes amparam e disciplinam esta
100
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
questão: A Constituição Federal de 2008, no capítulo que faz referência à família,
criança, adolescente e idoso, estabelece:
Artigo 227 - § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos
logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de
veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado
às pessoas portadoras de deficiência.
Artigo 224 – A lei disporá sobre adaptação dos logradouros, dos
edifícios de uso públicos e dos veículos de transporte coletivos
atualmente existentes, a fim de garantir aceso adequado às pessoas
portadoras de deficiência, conforme o disposto no artigo 227, § 2º.
Temos ainda algumas legislações mais específicas a respeito de
acessibilidade em imóveis, que tanto regem as construções quanto as
adaptações, contudo, o mais abrangente, em se tratando de imóveis, é o decreto
n. 5.296/2004, que em seu artigo 8º., inciso I, define acessibilidade como:
A condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou
assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das
edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas
e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de
deficiência ou com mobilidade reduzida.
No tocante ao imóvel acessível, este não deve conter barreiras que
possam constituir limitação ou obstáculos que impeçam o acesso, a liberdade
de movimento ou a circulação a e segurança da pessoa com deficiência.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se que existe uma grande necessidade de adequação dos
imóveis para a sociedade que está envelhecendo, proporcionando uma vida mais
longa, com autonomia e melhora na qualidade de vida. Na bibliografia
pesquisada não foi evidenciado nenhum empreendimento voltado
exclusivamente para idosos, com foco em moradia individual e permanente.
Observa-se que este tipo de oferta se prende basicamente a convivência parcial
ou ao lazer de seus frequentadores, não possuindo a natureza de moradia,
assim, não caracterizando um empreendimento imobiliário de cunho particular.
Cabe ressaltar que estes empreendimentos oferecidos têm algumas
adaptações que se enquadram nas leis de amparo aos portadores de
necessidades especiais e contemplam também os idosos. No entanto, apesar de
CONHECIMENTO E GESTÃO
101
existir legislação que ampara esta população ainda há de se avançar muito nesta
questão, no tocante ao atendimento as necessidades específicas de moradia
para os mais longevos. Verificou-se, ainda, que apesar dos idosos do Distrito
Federal possuírem uma das maiores rendas per capita do país, não foi
evidenciada qualquer preocupação com a oferta de empreendimentos
imobiliários voltados exclusivamente para pessoas idosas. Assim, acredita-se
que este trabalho possa ser uma pequena luz de alerta para esta questão,
servindo como primeiro passo para o desenvolvimento de um trabalho voltado
para esta área, que se mostra muito promissora e em crescimento.
Por fim, deve-se ressaltar que um aspecto singular deste trabalho residiu
no resgate do conceito de pessoa idosa como alguém que ainda seja produtiva e
autônoma e que tem uma maior longevidade. Outro aspecto enfatizado neste
estudo é a função social do gestor imobiliário na condição de provedor de
imóveis mais eficientes e eficazes, visando atingir um nicho de mercado, como
visto que está em crescente aumento.
REFERÊNCIAS
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demográfico e distribuição etária da população. Revista da ANPEC, economia.
Rio de Janeiro, v. 7, n. 8, p. 30-36, nov. 1984.
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SCHUSSEL, Z. das G. L. Os idosos e a habitação. Revista Kairós Gerontologia,15
(8), pp.53-66, dez,2012. São Paulo (SP), Brasil: FACHS/NEPE/PEPGG/PUC-SP.
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autoperceptivo sobre a idade adulta avançada, Revista psicologias, Vol. 2, 2016.
SIMÕES, J. A. Solidariedade intergeracional e reforma da previdência. Dossiê
Gênero e Velhice, p. 169-181, 1997.
VERGARA, Sylvia C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3.ed.
Rio de Janeiro: Atlas, 2000.
102
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA NA IMPLEMENTAÇÃO DE
ÁREAS PROTEGIDAS: EXPERIÊNCIAS DO CORREDOR ECOLÓGICO
SOSSEGO-CARATINGA, EM MINAS GERAIS
MARIA REGINA BARION COLOMBARI 1
ROBERTA CRISTINA MAINI 2
RESUMO
Este artigo touxe uma discussão sobre a importância da participação das
comunidades nos processos de formação de áreas protegidas, à luz de
experiências atuais de implementação do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga
(CESC), localizado na região leste de Minas Gerais. Apresentou um breve
levantamento bibliográfico sobre conflitos gerados por processos de implantação
de Unidades de Conservação (UCs) nas regiões do Brasil, que não interagiram
com as comunidades locais, ou o fizeram de forma insuficiente, como
fundamentação teórica para corroborar a questão da importância da utilização de
metodologias participativas durante estes processos. Os projetos
socioambientais de conservação da biodiversidade, desenvolvidos pela
Fundação Biodiversitas na região do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga,
apresentados nesta pesquisa, são trazidos em sequência cronológica conforme
a época de execução, traçando uma linha de análise sobre a participação
comunitária em cada projeto. Tais ações são exemplos práticos da busca por um
processo que valorize a interatividade e o envolvimento das comunidades rurais
localizadas neste território, onde a participação se evidencia como a força motriz
da implementação desta área protegida.
Palavras-chave: Corredor ecológico. Participação comunitária. Áreas protegidas.
Biodiversidade. Gestão de território.
1 INTRODUÇÃO
A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Mata do Sossego,
localizada no município de Simonésia, na região leste do Estado de Minas Gerais
foi instituída no ano 1998 pela Fundação Biodiversitas, importante organização
1 Graduação em Ciências Biológicas pela UEM. Especialização em Biologia: Bases Morfológicas e
Histológicas da Integração do Organismo com o Meio Ambiente pela UEM. 2 Bacharel licenciada em Geografia pela PUC Minas em 2012, concluindo Pós Graduação MBA em
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela Unicesumar. Atua como Analista Ambiental,
Assistente em Sistemas de Informação Geográfica e Coordenadora de Projetos na Fundação
Biodiversitas, desde 2013.
CONHECIMENTO E GESTÃO
103
não governamental conservacionista brasileira. Nesta região, esta ONG trabalha
para a proteção de uma das populações mais ameaçadas do macaco muriqui-
do-norte, que vive nos 271 hectares de Mata Atlântica da RPPN, cujo entorno se
caracteriza por fragmentação significativa da paisagem. Segundo esta instituição,
o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga (CESC) é uma área que pretende ser
constituída pela conectividade dos remanescentes florestais de Mata Atlântica
entre a RPPN Mata do Sossego e sua vizinha RPPN Feliciano Miguel Abdala,
localizada em Caratinga – que abriga outra população de muriqui-do-norte. Este
trabalho representa uma iniciativa pioneira em Minas Gerais, no contexto dos
esforços que visam reduzir o cenário de devastação da Mata Atlântica na região,
visando à ampliação da cobertura vegetal e, consequentemente, melhorias no
habitat do muriqui-do-norte, condição considerada imprescindível para a
sobrevivência desta espécie.
O histórico de ações da Fundação Biodiversitas na região subsidiaram a
promulgação do Decreto Estadual NE Nº 397/2014, criando oficialmente o
Corredor Ecológico Sossego-Caratinga – o primeiro reconhecido pelo Estado –
com o objetivo de colocar em prática a conservação da biodiversidade local, por
meio de fomento do desenvolvimento sustentável das comunidades rurais – tipo
de ocupação predominante no território do CESC e nas suas imediações -
utilizando como principal instrumento a construção da gestão participativa.
Para alcançar esses objetivos, a Fundação Biodiversitas ao longo dos
anos busca criar condições para promover ambientes que levem a relações de
confiança com os produtores rurais, com as escolas e com os moradores de
forma geral, por meio do incentivo de suas participações nas ações. Assim, o
objetivo principal deste trabalho foi compreender, de forma geral, a importância
da participação das comunidades que vivem nas imediações das Unidades de
Conservação (UCs) formadoras do CESC, no processo de implantação desta
área protegida, bem como trazer relatos de experiências recentes obtidas durante
a execução do Projeto Conexão: Implementando o Corredor Ecológico Sossego-
Caratinga. Avaliar as parcerias firmadas ou fortalecidas com as comunidades
rurais no Projeto Conexão, portanto, é fundamental para o aprimoramento de
próximas ações na região.
Nesse contexto, a motivação e o desenvolvimento desta pesquisa são
consequências da experiência direta da autora deste artigo na coordenação do
referido Projeto Conexão. Desta forma, para se compreender a importância da
participação popular nesse processo, este breve estudo foi construído através de
104
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
diálogos – formais e informais, ora como técnica ora, como pesquisadora – com
os atores sociais que vivenciaram as experiências dos Projetos Doces Matas,
Corredor Ecológico Sossego-Caratinga (primeira fase) e do atual Projeto
Conexão: Implementando o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga (segunda
fase). O artigo se constrói em uma sequência, buscando refletir sobre o histórico
de implementação de áreas protegidas no Brasil e resgata, de forma geral e
breve, os resultados dos projetos já desenvolvidos pela Fundação Biodiversitas,
traçando uma linha evolutiva do perfil da participação comunitária no CESC.
Finalmente, há a análise dos resultados obtidos com esses diálogos no Projeto
Conexão, contribuindo assim para o debate da gestão ambiental participativa e
para as possibilidades do desenvolvimento de sociedades sustentáveis.
2 A FORMAÇÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS E O DESAFIO DOS PROCESSOS
PATICIPATIVOS DAS COMUNIDADES LOCAIS
A participação das comunidades localizadas no interior e nos arredores
de UCs nos processos de formação de áreas protegidas ainda é um desafio para
à conservação da biodiversidade no Brasil. A lei do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC) tem assegurada em suas diretrizes a
“participação efetiva das populações locais na criação, implantação e gestão das
unidades de conservação” (SNUC, 2000). No entanto, a participação comunitária
no processo de criação de UCs e de gerenciamento de suas áreas de influência
direta constitui um dos mais polêmicos aspectos dos trabalhos voltados para a
conservação da biodiversidade, não apenas no Brasil, mas também em todo o
mundo. A implantação dessas áreas possui grande importância diante do uso
predatório dos recursos naturais que a humanidade vem protagonizando
(BENSUSAN, 2006).
Várias experiências em todas as regiões do Brasil podem ser aqui
mencionadas, tanto para evidenciar o problema da falta de participação
comunitária na gestão de áreas protegidas quanto para apontar iniciativas que
trazem novas perspectivas de envolvimento da sociedade. Essas experiências
são importantes para elevar o patamar do diálogo entre órgãos de governo,
empresas e sociedade civil, com o objetivo de transformar o desafio de
implementar e gerir as UCs e seus entornos por meio da conscientização da
responsabilidade compartilhada por toda a sociedade. A própria Constituição
Federal de 1988, em seu artigo 225, assegura a todos o direito ao meio ambiente
CONHECIMENTO E GESTÃO
105
ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lotanto para esta quanto às futuras gerações
(BRASIL, 1988). Além disso, neste marco político, buscou-se “legitimar as
formas coletivas de decisão das políticas públicas, preconizando a cooperação
das associações representativas nos planejamentos locais de interesse da
população, através dos conselhos gestores” (WSTANE, 2013, p.85).
Nas regiões norte e centro-oeste do Brasil, por exemplo, pode ser citado
o Seminário de Gestão Participativa de Unidades de Conservação no Sul do
Amazonas, Nordeste de Rondônia e Norte de Mato Grosso (IEB, 2013). No
nordeste, há o exemplo da Reserva Biológica Santa Isabel, em Sergipe, uma
região de restinga, cujos conflitos gerados permeiam uma série de impactos so-
cioambientais, acarretando perda dos recursos biológicos e culturais (ANDRADE,
et. al., 2013). Na região sul, o caso da Praia de Naufragados, no Parque Estadual
da Serra do Tabuleiro, no estado de Santa Catarina, a exclusão da comunidade
nativa promoveu grave conflito socioambiental (REIS, 2002). Na região sudeste,
as experiências do Comitê do rio das Velhas e seus Subcomitês, juntamente com
o Projeto Manuelzão e seus Núcleos, desenvolvem um movimento social muito
importante na luta pela qualidade ambiental dos rios em ambientes urbanos, para
o fortalecimento das questões ecológicas e participativas na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais (WSTANE, 2013).
É perceptível, portanto, certo amadurecimento dos processos
participativos em todo o Brasil, onde se acumulam histórias que vão tecendo as
tendências regionais, na construção das realidades socioambientais.
2.1 A PARTICIPAÇÃO DAS COMUNIDADES LOCAIS NOS PROCESSOS DE
GESTÃO DE PROJETOS AMBIENTAIS NO HISTÓRICO DE IMPLANTAÇÃO DO
CESC
No caso do CESC, as dificuldades não se dão propriamente na
implantação das referidas UCs formadoras do território - mesmo porque se
tratam de áreas particulares (RPPNs) - mas sim, no envolvimento das
comunidades rurais do entorno. A área do CESC se caracteriza por uma região
que apresenta uma vegetação natural do Bioma Mata Atlântica, altamente
fragmentada sob uma matriz de uso antrópica, formada principalmente por
pastagens e agriculturas onde se destacam as lavouras de café. Nesse contexto,
tais comunidades apresentam alta produtividade agrícola, na maioria das vezes,
106
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
consolidada por práticas de uso da terra e dos recursos naturais prejudiciais à
sua conservação, mas que garantem suas rendas mensais e o sustento da
família.
Cerca de 20 anos após o início dos trabalhos ainda são perceptíveis
alguns sinais de resistências dos produtores rurais. Detectadas recentemente,
por meio de relatos dos técnicos da Biodiversitas, estas resistências aparecem
nas formas como são recebidas as visitas que eles realizam para apresentar as
ações de reflorestamento e manejo da terra. O desafio se configura, portanto, na
construção de formas de uso da terra que desenvolvam uma nova consciência
produtiva, superando a cultura de utilização da natureza com fins estritamente
lucrativos, e sem que isso implique em prejuízos econômicos para as
comunidades.
O projeto Conservação e Manejo dos Recursos Naturais na Mata
Atlântica de Minas Gerais, mais conhecido como Projeto Doces Matas, finalizado
em 2005, marcou o início das ações da Biodiversitas na região do entorno da
Mata do Sossego, que desde sempre investiu em ações com objetivos ligados à
experimentação participativa e de práticas agroambientais sustentáveis. Um dos
resultados deste projeto foi obtido por meio de estudos socioeconômicos
chamados de Diagnósticos Rurais Participativos (DRPs), e revelou que os
agricultores identificam a qualidade ambiental dos cursos d’água como uma das
vantagens em se ter uma UC na vizinhança. A qualidade das águas é a principal
referência da Mata do Sossego, abrigo de importantes nascentes de rios e
córregos que compõem a rede de drenagem do entorno, garantindo o
suprimento de água nas casas dos agricultores (BIODIVERSITAS, 2001).
Segundo Moisés Raposo (atualmente vereador do município de
Simonésia, em entrevista para esta pesquisa, em maio de 2016), que na época
era colaborador do projeto, a participação dos produtores rurais e das
comunidades era significativa, pois havia grandes grupos que desenvolviam
reuniões, oficinas e experimentos, além de uma rede de parcerias forte e
consolidada. Esta rede era formada principalmente pelas Comunidades Sossego,
Eliotas, Teixeiras, São Sebastião e Santa Efigênia (todas localizadas no entorno
da RPPN Mata do Sossego); pela Ampromatas (organização não governamental
local) e pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Simonésia.
Tão logo tomamos conhecimento de desmatamentos ocorridos nas
imediações da Mata do Sossego, fizemos uma grande mobilização
envolvendo as escolas, e também algumas comunidades do
CONHECIMENTO E GESTÃO
107
entorno. Na época, éramos apenas voluntários dispersos, mas com
esta situação, tornou-se necessária a mobilização de forma mais
organizada. Daí, um grupo de pessoas aderiu a uma proposta que
eu fiz, de criação de uma associação para dar mais peso nas lutas
que viriam. Foi aí que surgiu a AMPROMATAS – Associação de
Amigos Protetores das Matas Simonesienses, que teve o seu
fortalecimento com o apoio do Projeto Doces Matas, tanto em
capacitação como também nas diversas ações que aconteceram a
partir de então (INFORMAÇÃO VERBAL).
É importante ressaltar que em vários roteiros de conversas emergiram
reflexões sobre a continuidade das ações, uma vez que o próximo projeto levou
muito tempo até ser iniciado: a primeira fase do Projeto Corredor Ecológico
Sossego-Caratinga, vigente entre os anos de 2011 e 2013. Este projeto foi
concebido com intuito de iniciar as ações efetivas de reflorestamento, marcando
o início do trabalho de conectividade dos fragmentos florestais entre as RPPNs
Mata do Sossego e Feliciano Miguel Abdala. Dessa forma, nesta primeira etapa
resgatou-se a estratégia de utilizar as Áreas de Preservação Permanente (APPs)
no entorno de nascentes iniciadas no Projeto Doces Matas como foco para a
recuperação florestal. Para tanto, retomou-se a aproximação com os
proprietários rurais e os cadastros dos interessados em participar do projeto
foram iniciados. Atividades de Educação Ambiental e difusão de técnicas
agroecológicas entre os produtores rurais complementaram as ações de
envolvimento e, dentre os resultados, destacam-se as 90 nascentes restauradas
em mais de 60 propriedades rurais, havendo participação significativa dos
produtores rurais nas oficinas de agroecologia e das crianças nas ações de
Educação Ambiental. É importante lembrar que, nesta etapa, a execução do
reflorestamento foi totalmente realizada pela equipe do projeto, sem o
envolvimento direto dos proprietários rurais.
Após a finalização deste projeto, houve o reconhecimento oficial do
Corredor Ecológico Sossego-Caratinga por parte do Governo do Estado de Minas
Gerais, entendido como a conquista mais expressiva do trabalho, fato que
promoveu fôlego também para a aprovação da segunda etapa do projeto. Entra
em cena então, em 2014, o Projeto Conexão, com vigência até 2016,
trabalhando com um diferencial na estratégia de execução do reflorestamento:
propor aos proprietários rurais a sua participação direta nos trabalhos naquelas
áreas disponibilizadas para a recuperação florestal. Dessa forma, foi firmada
uma parceria com 17 produtores rurais interessados em executar os trabalhos
108
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
nas suas APPs - e este envolvimento foi o principal enfoque ao avaliar a
evolução da participação social na formação do CESC durante o Projeto
Conexão, cujos resultados estão apresentados adiante. Além disso, outro
objetivo do Projeto Conexão foi instituir um Comitê Gestor, composto por
entidades da sociedade civil organizada e por órgãos públicos da região, no
intuito de apoiar a conservação do meio ambiente consonância com o
desenvolvimento econômico e social dos sete municípios abrangidos pelo
corredor ecológico.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O trabalho parte desta realidade local onde algumas propriedades rurais
ainda praticam técnicas degradantes de uso do solo, apesar do histórico de
execução de projetos ambientais na região. Este fato explica o caráter de longo
prazo para os resultados dos trabalhos iniciados em Simonésia, mas que nos
últimos tempos tem alcançado os outros municípios que compõem o corredor
ecológico. O envolvimento com as comunidades locais tem o objetivo de
incentivar gradativamente o abandono das práticas produtivas tradicionais,
baseadas no desmatamento e utilização descontrolada de agrotóxicos. A
Fundação Biodiversitas adota metodologias participativas, que envolvem
parcerias para o fortalecimento da conscientização da responsabilidade
compartilhada sobre o meio ambiente, com o fito de capacitar as comunidades
locais a absorverem os propósitos da formação do corredor ecológico e, ainda,
assumirem a sua gestão ao despertar o envolvimento sobre a causa.
Este estudo de caso foi realizado por meio de pesquisa de campo
utilizando a execução do Projeto Conexão como instrumento norteador. A
principal fonte do estudo foi o contato direto com 17 produtores rurais, que
firmaram parceria com a Biodiversitas por meio do referido projeto,
disponibilizando áreas em suas propriedades rurais para a recuperação florestal
e executando os trabalhos. O contato foi construído por meio de visitas a estas
propriedades rurais, realizadas periodicamente em cada etapa prevista no
projeto: cadastramento, confirmação da parceria e das áreas disponibilizadas,
entrega de documentações elaboradas sobre as técnicas de reflorestamentos
definidas para cada área, entrega de materiais, mudas nativas e insumos,
fornecimento de suporte técnico para o plantio, acompanhamento geral e
monitoramento pós-aplicação das técnicas. Desta forma, a cada encontro foi
CONHECIMENTO E GESTÃO
109
possível estreitar os laços com os proprietários e criar condições para que
roteiros de conversas fossem estruturados, ocorrendo como uma consequência
natural do trabalho e da relação de confiança que foi sendo conquistada.
3.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
O CESC abrange parte dos territórios de sete municípios localizados na
região leste de Minas Gerais: Simonésia, Caratinga – que abrigam as reservas
florestais formadoras do referido corredor ecológico - Santa Bárbara do Leste,
Manhuaçu, Piedade de Caratinga, Santa Rita de Minas e Ipanema. Os
proprietários rurais que firmaram a parceria com o Projeto Conexão estão
distribuídos nestes municípios, exceto em Ipanema e Manhuaçu. Outras
personalidades importantes de Simonésia, envolvidos nos primeiros projetos,
tanto na execução quanto na participação das ações – agricultores das
comunidades, membros de associações e políticos - foram inseridas da
pesquisa, principalmente por apresentarem relatos que enriqueceram a
apresentação do histórico de trabalhos socioambientais no CESC. Fazer este
entrelaçamento de ações passadas com ações atuais traz uma capacidade de
avaliação importante para futuras tomadas de decisões.
3.2 TÉCNICA UTILIZADA
As técnicas utilizadas neste estudo têm característica exploratória, em
que as atividades em campo tiveram como principal ferramenta a observação
direta, seguida de roteiros de conversas, viabilizando acessos a algumas
histórias pessoais dos parceiros, contribuindo para a riqueza dos resultados.
Com o objetivo de obter um instrumento para promover a compreensão
sobre as técnicas de conscientização ambiental adotadas durante o Projeto
Conexão, a avaliação da participação dos proprietários rurais e/ou comunidades
foi baseada por questões construídas durante o contato com estes, em que a
maioria das perguntas é inserida num diálogo aberto, estimulando a “livre
expressão da pessoa com quem se conversa, tratada como perita na sua própria
cultura” (POSEY, 1986). No decorrer desses diálogos durante as visitas técnicas,
cada qual foi sendo constituído de acordo com o momento propício e
disponibilidade do produtor em se expressar. Citações diretas ou mesmo
transcrições de partes dos diálogos representam bem os resultados.
Investigações acerca do conhecimento dos parceiros sobre a Biodiversitas ou
110
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
sobre o CESC antes da participação no Projeto Conexão; explicação sobre os
motivos incentivaram pactuar a parceria com a instituição para o reflorestamento
de suas áreas; relatos sobre o que significa viver em uma área de proteção
ambiental como o CESC; grau de interesse em adequar as formas de produção
agrícola/agropecuária com a adoção de técnicas sustentáveis e o interesse em
participar de outros projetos ambientais que forem futuramente oferecidos na sua
região são temas que inspiraram tais conversas.
Seguindo a mesma metodologia utilizada na época do Projeto Doces
Matas, detectada por meio do levantamento bibliográfico realizado, o roteiro de
diálogo teve por objetivo obter informações descritivas gerais que promoveram a
abertura para uma conversa e, a partir de então, trouxeram depoimentos sobre o
desenvolvimento das experiências e possíveis resultados, além de uma avaliação
pessoal de cada participante, bem com suas expectativas sobre a possível
continuidade do trabalho (FRANCO, 2001).
3.3 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
As conversas realizadas com os proprietários rurais parceiros do Projeto
Conexão promoveram condições de caracterizar as motivações, as expectativas
e o grau de envolvimento e entendimento acerca das questões ambientais. A
maioria deles ao responder sobre os motivos que incentivaram a participação no
projeto, buscou no trabalho que executou no passado a principal fonte de
embasamento para explicar o interesse nas ações de reflorestamento. Eles
relatam ter um passado de árduos trabalhos na agricultura e pecuária, em
épocas difíceis, quando ainda a força física era condição imprescindível para as
atividades do campo. Todos os entrevistados demonstraram entendimento de
que “este dia chegou” e que, quando vem a percepção de que as técnicas
adotadas por tanto tempo estavam causando enfraquecimento ambiental –
sinalizado principalmente pela diminuição da disponibilidade hídrica na
propriedade rural – vem também o discernimento de que alguma atitude precisa
ser tomada para que as próximas gerações possam usufruir de qualidade
ambiental semelhante a que foi usufruída por eles.
Durante as conversas a maioria dos produtores rurais parceiros
ressaltou uma preocupação sincera com relação à natureza da região, à
recuperação de suas nascentes e cursos d’água e às suas áreas de
remanescentes florestais de Mata Atlântica, independente do tamanho que
CONHECIMENTO E GESTÃO
111
represente no contexto regional. Segundo “Seu Zequinha”, morador da
Comunidade Córrego dos Eliotas, em Simonésia, a consciência foi se tornando
cada vez mais clara, à medida que precisou colaborar com a logística do
trabalho, com a mão de obra e, posteriormente ao plantio, com o
monitoramento. O “Seu Zequinha” também aprendeu mais sobre a forma correta
de promover a dessedentação de suas criações de gado nos cursos d’água,
demonstrando muita satisfação com a forma amigável que as orientações foram
repassadas e com o apoio prestado para a conclusão do trabalho.
Da mesma forma, relatos parecidos foram registrados nas entrevistas do
Sr. Carlos Antônio da Silva e do Sr. Geraldo Simplício, moradores das
comunidades Córrego do Laje, em Santa Bárbara do Leste, e São Simão do Rio
Preto, em Simonésia, respectivamente. Além de participarem do Projeto
Conexão, executando o trabalho com elevado zelo, ambos os produtores
relataram acima de tudo o desejo de conservar a natureza que ainda existe nas
suas propriedades rurais. Eles contribuíram fazendo a divulgação das ações, e
ainda sensibilizaram seus vizinhos para participarem também com a
disponibilização de áreas para a recuperação ecológica.
Hoje em dia, muita gente já vê e fica falando que eu sou um
exemplo para os outros, porque se muita gente fizesse o que eu
estou fazendo, de plantar nas nascentes, ao invés de cortar as
árvores, seria melhor. Acho que todo mundo tinha que fazer igual ao
beija-flor, que faz tudo aos poucos, mas faz. E assim, se todo
mundo fizesse sua parte, cuidasse do seu canto, teriam a ideia de
que estão cuidando de um grande patrimônio (INFORMAÇÃO
VERBAL).
Na maioria das áreas disponibilizadas pelos produtores rurais, durante
as visitas de monitoramento, detectou-se uma execução cuidadosa dos plantios
e demais técnicas. Nestes momentos foram reiteradas as questões acerca da
satisfação em participar do Projeto Conexão e, também, sobre a localização da
propriedade rural dentro do CESC ou em suas imediações. Os relatos foram
sempre positivos com relação a essas questões, o que traz um resultado muito
favorável para o crescimento da conscientização ambiental da população na
região.
112
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final de uma pesquisa como esta, a principal constatação é de que o
trabalho para conservação de uma espécie em extinção torna-se muito maior do
que se imagina durante a concepção das ideias. Aquilo que a princípio é um
trabalho de caráter biológico, apenas embasado no estudo de uma espécie,
visando o entendimento de suas necessidades que traçam as estratégias de
conservação, para ser de fato funcional requer a adoção de variadas ações
complementares de envolvimento das realidades socioculturais. Cresce cada vez
mais o reconhecimento de que áreas protegidas não apresentam eficácia de
conservação ao se manterem como ilhas, em meio a uma paisagem de
interferências variadas. As experiências com a formação de corredores
ecológicos reafirmam os benefícios que podem ser alcançados para toda uma
população. As pluralidades socioculturais são elementos indispensáveis para
nortear as ações que visam à conservação da biodiversidade de uma região e,
num primeiro momento, a interação com as comunidades pode ser um dos
maiores obstáculos. Porém, os investimentos nas parcerias com as mesmas
trazem resultados significativos para a implantação de áreas protegidas, no que
se refere aos processos de gestão participativa.
É fundamental também, para que não sejam enfraquecidos os
resultados, que as instituições mantenham a continuidade dos trabalhos
esforçando-se para que as pausas entre o fim de um projeto e o início do
próximo constituam curtos espaços de tempo. Esta questão é frequentemente
apontada pelas comunidades, que atribuem às ausências de atividades, a
explicação para fatos como a dispersão de grupos, dissolução de associações e
perda de motivação. Muitas vezes é preciso reiterar e manter as comunidades a
par de como funciona o processo de aprovação de um projeto dessas
proporções, esclarecendo que, quando há uma pausa entre os projetos, não se
trata de abandono ou esquecimento por parte da instituição executora, e sim,
trata-se do tempo necessário para a busca de mais financiamento de recursos
para a continuidade.
A participação das comunidades é, sem dúvida, a força motriz que leva
adiante a superação de uma região em termos de potencialidade de
desenvolvimento sustentável, e isso é o que torna o processo de formação de
áreas protegidas legítimo, verdadeiro e eficaz.
CONHECIMENTO E GESTÃO
113
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Ana Bárbara de; MELO, Edilaine Andrade; SANTANA, Marlucia Cruz
de. Proteção dos Recursos Naturais da Reserva Biológica Santa Isabel: o Papel
das Populações Locais. Revista do Grupo de Pesquisa Processos Identitários e
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http://seer.ufs.br/index.php/Ambivalencias/article/view/1303/1153. Acesso em:
12 mar. 2016.
BENSUSAN, Nurit. Conservação da biodiversidade em áreas protegidas –
reimpressão – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006, 176p.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado Federal: 1988. 292 p.
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000. Regulamenta o artigo 225, § 1º,
incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Ministério do
Meio Ambiente, Brasília. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm. Acesso em: 12 mar. 2016.
FRANCO, Fernando Silveira. Avaliação Participativa de Técnicas Ambientais
Sustentáveis na Comunidade do Sossego – Simonésia – MG. Projeto Doces
Matas, 2001, 30p
PROJETO Doces Matas. O trabalho com comunidades rurais no entorno de
unidades de conservação. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2001. 64p.
Disponível
em:http://www.ief.mg.gov.br/index.php?Itemid=12&id=79&option=com_conte
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REIS, Georgia Maria Puluceno dos. De Náufragos a Excluídos: (des)caminhos da
preservação ambiental na Praia de Naufragados. Florianópolis: Programa de Pós-
graduação em Educação do Centro de Ciências da Educação da Universidade
Federal de Santa Catarina. Dissertação de Mestrado, 2011. Disponível em
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/103350/303442.pdf?seq
uence=1. Acesso em 19 abr. de 2016
SEMINÁRIO GESTÃO PARTICIPATIVA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO SUL
DO AMAZONAS, NORDESTE DE RONDÔNIA E MATO GROSSO, 9 a 11 de outubro
de 2012. – Brasília : IEB, 2013. 78 p. : il ; 27 cm.
WSTANE, Carla. Gestão de áreas urbanas: mobilização social em torno de rios
invisíveis. Belo Horizonte: Programa de Pós-graduação em Geografia,
Universidade Federal de Minas Gerais. Dissertação de Mestrado, 2013.
114
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
A IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO RURAL PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
MARIVALDO DA SILVA OLIVEIRA 1
CRISTINE CANÇADO VASCONCELOS RIBEIRO 2
RESUMO
O agronegócio é considerado o setor mais importante da economia nacional. O
setor tem sofrido drasticamente diante das incertezas políticas e econômicas que
assolam o Brasil, aliado à falta de planejamento e à escassez de recursos para
custear a produção. Com o objetivo de fazer uma abordagem geral sobre o tema,
este artigo discorreu sobre a importância do crédito rural para o desenvolvimento
da economia brasileira, a origem e aplicação dos recursos, beneficiários e fontes
de financiamento, concluindo-se ao final pela necessidade imediata de um
planejamento adequado, melhoria na infraestrutura e melhor distribuição do
crédito rural.
Palavras-chave: Agronegócio. Crédito Rural. Plano de Safra.
1 INTRODUÇÃO
O Agronegócio é uma das principais competências nacionais.
Desempenha papel estratégico na economia, responde por um quarto do PIB
brasileiro e tem expressiva participação na balança comercial. Sua evolução nos
últimos anos fez com que se transformasse em segmento com alto grau de
profissionalização e competitividade, tanto no mercado interno quanto no
mundial.
No início do segundo semestre civil de cada ano os governos preparam
as estratégias para a produção agropecuária, materializando-as nos chamados
“Planos de Safra”. Basicamente, os planos de safra contemplam as medidas de
incentivo à produção de determinados produtos e o volume de recursos
destinados à agropecuária, inclusive o montante de crédito a juros favorecidos a
1 Graduado em Medicina Veterinária pelo UniCesumar de Maringá; Especialista em Clínica e
Cirurgia de Grandes Animais pela UniCesumar; pós-graduado em Docência no Ensino Superior
UniCesumar; mestrando em Gestão do Conhecimento nas Organizações pela UniCesumar. 2 Graduada em Administração de Empresas pela Faculdade de Patos de Minas- UNIPAM e
Graduada em Direito pela Universidade do Distrito Federal -UDF.
CONHECIMENTO E GESTÃO
115
ser disponibilizado no ano-safra (período compreendido de julho do ano corrente
a junho do ano seguinte). Esse montante depende da disponibilidade
orçamentária do Tesouro Nacional.
Um dos principais pilares da política agrícola nacional é o crédito rural,
institucionalizado em 1965 pela Lei. 4.829.
No entanto, em função do cenário econômico atual, os bancos estão
cada vez mais exigentes na concessão do crédito. A liberação do recurso está
passando por uma seleção bem mais apurada e rigorosa, principalmente em
função das dívidas geradas na última safra, onde a alta do dólar fez com que
insumos e maquinários encarecessem fazendo com que muitos agricultores não
conseguissem honrar seus compromissos, tornando assim, a inadimplência a
grande vilã do crédito rural.
Este cenário tem provocado atraso na liberação do crédito, levando
produtores a negociarem seus financiamentos da safra com empresas privadas,
a taxas de juros muito acima daquela admissível para o crédito rural,
comprometendo a safra futura e atrasando o plantio. O resultado é a queda de
produtividade com quebra de safra chegando muitas vezes ao patamar de 15%.
Este artigo abordou o tema de forma a apresentar o crédito rural, suas
finalidades e beneficiários. Em seguida discorreu sobre a importância do crédito
rural para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, apresentando
alternativas para a sua utilização em épocas adequadas com vistas a evitar
quebra de safra e evitar inadimplência do crédito.
O artigo foi desenvolvido baseado em pesquisa bibliográfica com o
objetivo de conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre o
tema. Foram feitas ainda pesquisas em sites da Internet, revistas, leis, decretos e
vídeos sobre o tema.
2 O CRÉDITO RURAL
O crédito rural é definido como “o suprimento de recursos financeiros a
produtores rurais, ou as suas cooperativas para aplicação exclusiva em
atividades que se enquadrem nos objetivos indicados no referido regulamento ”
(Decreto nº 58.380, de 10 de maio de 1966).
Como objetivos do crédito rural pode-se destacar o estímulo ao
incremento ordenado dos investimentos rurais, inclusive para o armazenamento,
beneficiamento e industrialização dos produtos agropecuários; favorecimento do
116
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
custeio oportuno e adequado da produção e a comercialização dos produtos
agropecuários; fortalecimento do setor rural; incentivo a introdução de métodos
racionais de produção, visando o aumento de produtividade, melhoria do padrão
de vida das populações rurais e a adequada defesa do solo.
Por outro lado, não constitui função do crédito rural – financiar
atividades deficitárias ou antieconômicas; financiar o pagamento de dívidas;
possibilitar a recuperação do capital investido; favorecer a retenção especulativa
de bens; antecipar a realização de lucros presumíveis; amparar atividades sem
caráter produtivo ou aplicações desnecessárias ou de mero lazer.
Assim, o Governo Federal divide sua política de atuação junto ao setor
rural em duas vertentes. Uma voltada para a agricultura familiar, sob o comando
do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e outra de responsabilidade do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), voltada para a
chamada agricultura patronal ou de mercado.
Na vertente agricultura Familiar, a política de crédito visa prestar
atendimento diferenciado aos mini e pequenos produtores rurais que
desenvolvem suas atividades mediante emprego direto da sua força de trabalho e
de sua família, a exemplo do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar), criado pelo Governo visando condições mais favorecidas,
principalmente em termos de taxa de juros e prazo de pagamento.
Na vertente agricultura de Mercado, o Governo tem procurado intervir o
mínimo possível sendo sua principal política de apoio ao setor, a de
regulamentar e oferecer mecanismos por meio dos quais o sistema bancário
possa conceder recursos com taxas prefixadas e favorecidas em relação ao
mercado financeiro. Nesse sentido, o segmento tem acesso a linhas de crédito
de custeio, comercialização e investimento, com taxas e prazos compatíveis
com as atividades agropecuárias.
Para a execução do crédito rural foi criado o Sistema Nacional de
Crédito Rural – SNCR. Cabe a ele conduzir os financiamentos, sob as diretrizes
da política creditícia formulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em
consonância com a política de desenvolvimento agropecuário.
O SNCR é constituído de órgãos básicos, tais como, o Banco Central do
Brasil, o Banco do Brasil S.A., o Banco da Amazônia S.A. e o Banco do Nordeste
do Brasil S.A e ainda por órgãos vinculados como o Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), agências de fomento, bancos
estaduais, inclusive de desenvolvimento, bancos privados, Caixa Econômica
CONHECIMENTO E GESTÃO
117
Federal (CEF), cooperativas autorizadas a operar em crédito rural e sociedades
de crédito, financiamento e investimento.
2.1 FINALIDADE DO CRÉDITO RURAL
O crédito rural é destinado ao financiamento das atividades de custeio
das despesas normais de cada ciclo produtivo, à comercialização da produção
ou, ainda, ao investimento de bens ou serviços cujo aproveitamento se estenda
por vários ciclos produtivos.
O crédito de custeio é destinado a cobrir as despesas da exploração das
atividades agrícolas e pecuárias em um ciclo produtivo e deve ser integralmente
pago com o resultado obtido na atividade financiada, sendo: - custeio agrícola
destinado ao financiamento de despesas normais do ciclo produtivo, com prazo
de financiamento de acordo com o ciclo da lavoura financiada, podendo chegar
ao máximo de dois anos. - Custeio pecuário, destinado a financiar despesas com
insumos e serviços das atividades pecuárias, como medicamentos, alimentação,
mão- de-obra e manejo dos animais, com prazo de financiamento de até um
ano.
O crédito de comercialização é destinado à aplicação de recursos no
setor agropecuário para permitir que a comercialização da produção rural ocorra
com normalidade e proporcione a justa remuneração aos produtores rurais. “[...]
Assegura ao produtor rural e a suas cooperativas os recursos necessários à
adoção de mecanismos que garantam o abastecimento e levem o
armazenamento da colheita nos períodos de queda de preço” (MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA, 2016).
Por fim, o crédito de investimento agropecuário é um financiamento
destinado à aquisição de bens ou realização de serviços destinados à produção
agropecuária, cujo retorno financeiro ocorre em vários ciclos produtivos,
devendo o financiamento ser pago com o resultado dos diversos ciclos. Em
alguns casos há necessidade de carência para início de amortização, de acordo
com o tempo necessário para a realização das obras ou efetuadas as aquisições
programadas até o início da geração de resultados financeiros compatíveis com
os pagamentos previstos. Os investimentos podem destinar-se a atividades
agrícolas (investimento agrícola) ou pecuárias (investimento pecuário).
118
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
2.2 ORIGENS DOS RECURSOS
Como forma de assegurar atendimento ao setor rural, a legislação define
os recursos que devem ser obrigatoriamente direcionados por todos os bancos
ao crédito rural. São as chamadas exigibilidades bancárias de aplicação no
crédito rural, definidas pelo Conselho Monetário Nacional e normatizadas pelo
Manual de Crédito Rural, formadas por - percentual da captação de depósito à
vista, normatizado no capítulo 6, seção 2 do Manual de Crédito Rural (MCR 6-2);
percentual da captação da caderneta de poupança, normatizado no capítulo 6,
seção 4 do Manual de Crédito Rural (MCR 6-4). Além desses, existem ainda
outros recursos que podem se destinar ao financiamento de atividades rurais tais
como: Programas BNDES/FINAME; Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT);
Orçamento da União – Operações Oficiais de Crédito (OOC); Fundo
Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO); Fundo de Defesa da
Economia Cafeeira (FUNCAFÉ); recursos livres dos bancos (captação de
diversas origens).
2.3 O CREDITO RURAL E A ECONOMIA BRASILEIRA
Responsável por um terço dos empregos e um quarto do PIB, o
agronegócio é alicerce e motor da economia brasileira. Sem ele, a balança
comercial brasileira seria negativa. O Brasil tem papel de destaque no suprimento
de alimentos para o mundo, pois conta com clima e solo adequado para
atividades agropecuárias e dispõe de imensas áreas ainda disponíveis para uso
agropecuário em especial na região do bioma cerrado.
A produção de grãos no país passou de 68,4 milhões de toneladas na
safra 91/92 para 207,7 milhões de toneladas na safra 14/15. Mesmo com
previsão de redução de 2,5% em relação à safra 14/15, a produção da safra
15/16 ainda será superior à safra 13/14 devendo atingir 202,39 toneladas.
(CONAB, 2016).
De acordo com a Organização das nações Unidas a população mundial
que atualmente é de 7,2 bilhões projeta crescimento de cerca de 1 bilhão nos
próximos 12 anos devendo alcançar 9,6 bilhões em 2050 (ONU, 2013).
Para suportar a crescente demanda mundial por alimento tem-se a
expectativa de que o Brasil deva contribuir com uma produção de 320 milhões
de toneladas. Isso representa um incremento aproximado de 54,6% sobre a
CONHECIMENTO E GESTÃO
119
produção observada na safra 14/15. No entanto, o setor de agronegócios é
extremamente dependente de financiamentos, seja ele para custeio, investimento
ou até mesmo comercialização, e para que o Brasil permaneça em posição de
destaque no mercado mundial, o crédito rural se torna um dos principais pilares
da política agrícola nacional. Por meio do plano safra o governo federal prepara
estratégias para a produção agropecuária, contemplando medidas de incentivo à
produção de determinadas produtos e o volume de recursos destinados à
agropecuária. Isso inclui montante de crédito a juros favorecidos a ser
disponibilizado no ano-safra (de julho do ano corrente a junho do ano seguinte),
sendo que o mesmo depende da disponibilidade orçamentária do tesouro
nacional.
Um país com clima, solo, produtores competentes e tecnologia
desenvolvida, tem tudo para ser a melhor agricultura do mundo. O Brasil já é
pioneiro em culturas como açúcar, café, suco de laranja, segundo em carne
bovina, soja, carne de frango, terceiro em milho e quarto em carne suína. E
mesmo, tendo fechado o ano de 2015 com PIB negativo, o agronegócio manteve
o seu PIB positivo em aproximadamente 2%, o que demonstra que o setor puxa a
economia, ou seja, o agronegócio é o instrumento de desenvolvimento do país.
2.4 INFRAESTRUTURA NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Em entrevista realizada junto aos Vice-presidentes de Agronegócios e
Infraestrutura do Banco do Brasil, Srs. Osmar Dias e César Borges, disponível no
site (www.unibb.com.br), Omar Dias destacou que não é possível promover
ainda mais o desenvolvimento do agronegócio sem o desenvolvimento da
infraestrutura.
Para Cesar Borges, a infraestrutura deficiente traz um custo adicional
para o agronegócio, que em seu entendimento vai muito bem na chamada
“porteira para dentro”, mas vai muito mal da “porteira para fora”. Isto porque o
custo para se levar o produto do agricultor brasileiro até os portos e chegar aos
mercados consumidores ainda é muito elevado, diante da deficiência de
infraestrutura apresentada atualmente no Brasil.
Na chamada “porteira para fora”, o Brasil possui novas regiões
produtoras e precisa escoar rapidamente para um porto próximo, visto que o
país escoa principalmente por rodovias quando deveria escoar por ferrovias e no
caso de portos, concentra escoar para portos como Santos e Paranaguá,
120
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
mesmo quando a produção se dá, por exemplo, no Centro Oeste, cuja produção
deveria ser conduzida para o Rio Amazonas e rapidamente com custo menor
chegar aos mercados Europeus e Costa Leste americana.
Para Osmar Dias, a infraestrutura pode trazer redução de custo para o
produtor brasileiro em torno de 30%, é o que se chama “custo Brasil” que onera
as exportações brasileiras tirando recursos que poderiam ficar no bolso no
produtor rural e melhorar cada vez mais o agronegócio no Brasil.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A economia brasileira está enfrentando uma de suas piores crises, em
consequência disso, o agronegócio tem sido cada vez mais atingido. As
instituições financeiras temendo o aumento da inadimplência dificultam ainda
mais este cenário, com processos de crédito mais rigorosos, exigência de
garantias mais robustas, sejam elas penhor de safra, hipotecas, seguro agrícola
além de maiores exigências cadastrais.
Para analistas de mercado, o momento é de se criar um ambiente de
negócios mais seguro e estruturado no setor, com sólidos investimentos em
políticas agrícolas, infraestrutura, logística e, principalmente, tecnologia, uma das
grandes responsáveis pelo aumento da produtividade brasileira. Precisa-se,
urgentemente, investir em políticas públicas voltadas ao agronegócio. Gargalos
como o crédito agrícola e a falta de uma infraestrutura logística que atenda com
maior eficiência o escoamento da produção interna e externa precisam ser
priorizados.
Para Roberto Simões, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária
do Estado de Minas Gerais, a palavra-chave é planejamento. As grandes
potências fazem planejamentos, a exemplo dos Estados Unidos que possuem a
Farm Bill (nome popular da legislação agrícola norte-americana), na qual os
agricultores e o governo americanos sabem, com clareza, os papéis que têm de
desempenhar na produção agropecuária do país, fazendo com que façam
investimentos seguros nas lavouras e aumentem a produção com adoção de
inovações técnicas. Também na Europa a política adotada privilegia os princípios
da unicidade de preços, solidariedade financeira e preferência comunitária, com
a finalidade de assegurar preços razoáveis aos consumidores e remuneração
estimulante aos agricultores, garantindo assim a autossuficiência alimentar da
Comunidade Europeia.
CONHECIMENTO E GESTÃO
121
Muito embora o agronegócio brasileiro já tenha demonstrado que
consegue acompanhar a evolução das grandes potências, seja em gestão,
produção e até mesmo em inovação, a Agricultura brasileira ainda é muito
carente de um planejamento adequado, com inserção de uma política agrícola de
médio e longo prazo.
O planejamento de longo prazo precisa imediatamente ser iniciado com
ações que viabilizem e assegurem estabilidade ao setor agropecuário. O Brasil
precisa de uma infraestrutura adequada, redução de cargas tributárias, política
de preços, programas eficientes, seguros agrícolas eficientes, créditos
compatíveis com a atividade, enfim, precisa de um programa nacional voltado
para o desenvolvimento agrário do país. Tem a terra, tem a mão de obra, o
homem do campo que conhece a terra, mas o agronegócio não tem o apoio e
planejamento necessário para seu desenvolvimento e sustentabilidade e o
sucesso do agronegócio é vital para o crescimento e prosperidade do país.
REFERÊNCIAS
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http://www3.bcb.gov.br/mcr > Acesso em: abril. 2016.
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planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D58380.htm>. Acesso em: maio
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Infraestrutura. Desenvolvido pela Universidade Corporativa Banco do Brasil.
Disponível em: www.unibb.com.br. Acesso em: maio 2016.
122
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
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maio.2016.
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<https://nacoesunidas.org/populacao-mundial-deve-atingir-96-bilhoes-em-
2050-diz-novo-relatorio-da-onu/> . Acesso em: maio.2016.
SIMÕES, Roberto. Hora do Planejamento. Disponível em:
<http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicação/artigos/hora-do-
planejamento>. Acesso em: maio.2016.
SIMÕES, Roberto - Presidente do SISTEMA FAEMG (Federação da Agricultura e
Pecuária do Estado de Minas Gerais). Hora do Planejamento. Artigo publicado
no Jornal: O Estado de Minas. Disponível em:
<http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/artigos/hora-do-
planejamento>. Acesso em: maio.2016.
CONHECIMENTO E GESTÃO
123
RECUPERAÇÃO E PROTEÇÃO DE NASCENTES EM ÁREA URBANA NO
MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA-PR
MILENE HARUMI TOMOIKE 1
PATRÍCIA PAULA RIBEIRO 2
RESUMO
A necessidade de preservação das nascentes frente a um desenvolvimento
urbano que confronta a legislação ambiental desafia a busca por soluções. No
município de Ponta Grossa, no Paraná, as diversas nascentes localizadas em
perímetro urbano prejudicam a infraestrutura de bairros e loteamentos, além de
estarem sujeitas à contaminação e ao assoreamento. No presente trabalho foram
mapeadas cinco nascentes que são alvo constante de reclamação pelos
moradores e estão localizadas no Jardim Esperança e Jardim Manacás, em
Ponta Grossa. Como solução e forma de proteção dessas nascentes deverão ser
construídas caixas de solo-cimento. Já no bairro Ronda mapeou-se outra
nascente com parte da Área de Preservação Permanente conservada e sem
edificações em seu entorno, o que permitiu a elaboração de um plano de
arborização através do plantio de espécies nativas no local. A complexidade da
adoção de soluções para esse tipo de problema exige esforços para manter o
equilíbrio entre as esferas econômica, social e ambiental.
Palavras-chave: Nascentes. Legislação Ambiental. Mapeamento. Preservação.
1 INTRODUÇÃO
A relevância da preservação do meio ambiente e o estabelecimento de
legislação pertinente são recentes em relação ao desenvolvimento tecnológico e
crescimento urbano da sociedade.
As consequências dessa realidade comprometem a qualidade da água,
visto que o desrespeito generalizado às Áreas de Preservação Permanente se
reflete na destruição da mata ciliar em favorecimento da expansão urbana.
A situação se agrava quando se refere às nascentes, devido a sua
caracterização como elemento primordial da bacia hidrográfica e sendo,
portanto, foco de diversos estudos para sua proteção.
1 Graduada em Psicologia pela Unicesumar, Pós-Graduada em Gestão Estratégica de Empresas
(Instituto Paranaense de Ensino), e Mestranda em Tecnologias Limpas (Unicesumar). 2 Graduada em Agronomia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa.
124
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
No município de Ponta Grossa, no Paraná, em que há cerca de 170 km
de arroios e 12 bacias hidrográficas no perímetro urbano, há um grande número
de nascentes encontradas em áreas públicas.
Essa situação desencadeia reclamações de cidadãos que residem
próximos às nascentes, visto que água escoa e provoca voçorocas,
comprometendo a circulação de carros e pessoas. Além disso, o risco de
assoreamento e contaminação das nascentes é também uma preocupação.
Sendo assim, esse mapeou as nascentes localizadas em áreas públicas
urbanas na cidade de Ponta Grossa e estabelecer as medidas de recuperação e
proteção viáveis a serem aplicadas em cada uma delas.
2 AS NASCENTES E SUA IMPORTÂNCIA
A água é um recurso finito no planeta e se movimenta através de um
ciclo hidrológico em que, uma vez evaporada, precipita e escorre até retornar às
águas superficiais ou infiltra e abastece o lençol freático, acumulando-se sobre
uma camada impermeável (PARANÁ, 2010). Então, quando ocorre afloramento
do nível freático na superfície do solo, tem-se uma nascente (PEREIRA et al.,
2011).
Segundo Calheiros, et al (2004), as nascentes podem ser classificadas
em dois tipos quanto à sua formação: aquelas que não apresentam acumulo
d’água inicial por aflorarem em terreno declivoso e aquelas que acumulam água
pelo fato de a camada impermeável estar paralela a parte mais baixa do terreno.
Podem ainda ser classificadas em perene se o fluxo for contínuo, temporárias se
o fluxo depender da estação chuvosa e efêmera, se surgirem durante a chuva e
permanecerem por alguns dias ou horas.
Independentemente de sua classificação, as nascentes são
responsáveis pela manutenção dos sistemas fluviais e, se forem perenes,
conseguem desempenhar essa função mesmo em períodos secos. Sabendo-se
que as águas superficiais são de fácil acesso e, portanto, fontes principais de
abastecimento de água da população, as nascentes revelam-se de fundamental
importância para toda a sociedade (FELIPPE E MAGALHÃES-JUNIOR, 2009).
A Lei Federal 12.651/2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa, define a área em torno das nascentes como de proteção permanente da
seguinte forma:
CONHECIMENTO E GESTÃO
125
Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas
rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes,
qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50
(cinquenta) metros (BRASIL, 2012).
Ainda que prevista em lei, a proteção das nascentes está longe de
receber a devida importância e ser alvo de maiores estudos para sua
compreensão. Não obstante, há um desrespeito generalizado à legislação no que
se refere ao raio mínimo definido como Área de Preservação Permanente. Nas
áreas urbanas, a questão é ainda pior devido aos interesses especulativos e
imobiliários naquele espaço, o que resulta em drenagem e destruição das
nascentes em favorecimento da construção civil (FELIPPE E MAGALHÃES-
JUNIOR, 2009).
2.1 PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES URBANAS
Apesar de sua importância existem poucos estudos a respeito das
nascentes, o que dificulta a elaboração de diagnósticos ambientais e planos de
ação que visem a proteção e recuperação das mesmas (LEAL E BAPTISTA,
2010). Em contrapartida, a alteração de vazão das nascentes que sofrem
intervenções urbanas pode refletir gravemente na sua dinâmica, causando até
mesmo seu desaparecimento e exigindo cada vez mais o desenvolvimento de
ações que revertam esse quadro (FELIPPE E MAGALHÃES-JUNIOR, 2009).
Em Belo Horizonte, MG, através do Projeto Hidroambiental: Valorização
das Nascentes Urbanas, o Comitê da Bacia do Rio das Velhas e Subcomitês de
Bacias Hidrográficas dos Ribeirões Arrudas e Onça realizaram um trabalho de
proteção das nascentes existentes nos bairros ao longo dos dois ribeirões e seus
afluentes, sensibilizando e mobilização a comunidade, e nomeando alguns
voluntários como “cuidadores de nascentes”. A retirada do lixo, a instalação de
rede de esgoto e a recomposição da vegetação de entorno são algumas das
ações realizadas nessas nascentes (CBH RIO DAS VELHAS, 2012).
Em São José dos Campos, SP, foi desenvolvido o Programa de
Revitalização das Nascentes Urbanas com o objetivo de preservar as nascentes
nessas áreas através de práticas conservacionistas. Em 2012, atingiu-se um
total de 230.000 m2
de APPs reflorestadas através do plantio de mais de 45.000
126
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
mudas de árvores nativas, revitalizando 33 nascentes e envolvendo escolas e
comunidades (PMSJC/SEMEA, 2012, p. 10-15, apud PENIDO, 2013).
Além da proteção das áreas ciliares às nascentes e da cobertura vegetal,
da diminuição da contaminação por esgoto e demais poluentes e da
conscientização da população, a recuperação de nascentes é realizada também
através da construção de estruturas de proteção.
A Cartilha “Nascentes Protegidas” desenvolvida pela Secretaria Estadual
do Meio Ambiente do Paraná, descreve a técnica para a construção de uma
estrutura de conservação da fonte, um tipo de ação protetora que evita o
assoreamento e a contaminação da nascente, sendo uma boa alternativa para os
meios urbanos em que nem sempre é possível reconstituir a mata ciliar e a
cobertura vegetal.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho foi realizado em parceria com a Agência Reguladora
de Águas e Saneamento de Ponta Grossa (ARAS) e através da coleta de dados
em campo.
3.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
O município de Ponta Grossa se localiza no Segundo Planalto
Paranaense, na região dos Campos Gerais, e possui cerca de 340.000
habitantes, segundo estimativas do IBGE (2010).
Sendo banhada pelas bacias hidrográficas dos rios Ribeira e Tibagi, a
cidade possui 170 km de arroios no perímetro urbano decorrentes das
cabeceiras de drenagem de 12 bacias hidrográficas que divergem da região
central em direção aos bairros e vilas.
O crescimento urbano desordenado fez com que a população menos
favorecida ocupasse ilegalmente as Áreas de Preservação Permanente, até
mesmo no entorno de nascentes. Essa realidade não gera apenas problemas
socioeconômicos, mas também ambientais.
Para a realização deste trabalho e com o objetivo de proteger e
recuperar as nascentes localizadas em áreas públicas do espaço urbano de
Ponta Grossa, foram priorizadas aquelas que são alvos frequentes de
CONHECIMENTO E GESTÃO
127
reclamações pelos moradores. As localizações das nascentes foram fornecidas
por diversos setores da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa que possuem
contato com os moradores.
3.2 TÉCNICA UTILIZADA
O mapeamento das nascentes foi realizado através de um aparelho GPS
modelo Garmin 62 SX e a interface dos dados através do software de
geoprocessamento GPS Trackmaker® (GTM). Para o georreferenciamento,
utilizou-se o software Autocad 2013 e imagens obtidas pelo Google Earth.
O procedimento adotado para a proteção das nascentes foi baseado na
proposta da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA)
do Paraná, através da Cartilha Nascentes Protegidas e Recuperadas, publicada
em 2010.
3.3 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
3.3.1 Nascente jardim esperança
A primeira nascente mapeada se localiza no Jardim Esperança, a
sudeste do perímetro urbano de Ponta Grossa.
A água proveniente dessa nascente já invadiu a rua e está prejudicando
a circulação dos moradores do entorno. Além disso, as chuvas intensas
potencializam o escoamento da água também para os terrenos vizinhos.
Em relação à questão ambiental, a nascente está exposta ao lançamento
de lixo e efluentes pela própria população, situação comum em bairros precários
como este, o que compromete a qualidade da água.
3.3.2 Nascentes jardim manacás
No Jardim Manacás, ao noroeste do município foram mapeadas quatro
nascentes.
A reclamação dos moradores é constante em relação a essas
nascentes, pois a água que escoa pelas ruas causa voçorocas e compromete a
128
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
circulação de carros e pessoas. Há casos em que as nascentes apareceram em
terrenos particulares, estando sujeitas à contaminação.
3.3.3 Nascente ronda
No bairro da Ronda, região sudoeste do município, foi mapeada uma
nascente que, mesmo em perímetro urbano, ainda possui parte da Área de
Preservação Permanente conservada.
3.3.4 Projeto de recuperação
Para a recuperação das nascentes, um raio de cinquenta metros em
torno delas teria que ser desapropriado para reconstituição da Área de
Preservação Permanente, conforme determina a Lei Federal 12.651/2012.
Porém, devido a questões políticas e sociais, essa solução se torna inviável.
Nesse caso, a construção de estruturas protetoras é alternativa mais
apropriada para as nascentes que sofrem maior interferência urbana, ou seja,
aquelas localizadas no Jardim Esperança e Jardim Manacás.
Sendo assim, baseado na Cartilha Nascentes Protegidas, realizar-se-á a limpeza
da nascente, tanto da água como de seu entorno para que seja construída uma
pequena barragem. O material utilizado para esse trabalho será uma mistura
solo-cimento de baixo custo e que permite a realização do trabalho dentro da
água.
Na barragem serão instalados canos de PVC para a limpeza da água,
coleta e escoamento do excesso de modo a evitar o rompimento. Após o término
da barragem, a caixa coletora será preenchida com pedras e o cano de
tratamento será instalado para que haja a desinfecção da nascente de tempos
em tempos. A água poderá ser redirecionada ao córrego ou coletada para uso
conforme a legislação e as características da nascente (PARANÁ, 2010).
Já para o caso da nascente localizada no Bairro Ronda, em que não há
edificações no entorno, uma área de 8296 m2
deverá ser restaurada, conforme
CONHECIMENTO E GESTÃO
129
Quadro 1: Relação da quantidade de mudas por espécie a serem plantadas na
área de entorno da nascente localizada no Bairro Ronda, em Ponta
Grossa-PR.
Nome Vulgar Nome Científico Quantidades de
mudas
Característica
1 Araça Psidium myrtoides 185 Pioneira
2 Araucária Araucária angustifolia 230 Secundária
4 Aroeira Schinus terebinthifolia 185 Pioneira
5 Bracatinga Mimosa scabrella 185 Pioneira
6 Branquinho Sebastiana commersoniana 185 Pioneira
7 Pitangueira Lithraea brasiliensis 185 Pioneira
8 Canela-imbuia Ocotea porosa 230 Secundária
Fonte: A autora, 2016.
O plantio será realizado manualmente, sendo que a cada três espécies
pioneiras será plantada uma espécie secundária, totalizando 925 e 460 mudas,
respectivamente. Considerando o ataque de formigas cortadeiras será realizado
o combate a formigas colocando iscas para formiga (blitz) a cada 10 m² no
local do plantio durante. Será realizado um coroamento em cada muda no
momento do plantio para minimizar a competição com espécies invasoras. Para
adubação, será utilizado, apenas no local da cova, 150g a base de fósforo (P).
Ainda deverá ser estabelecido o cronograma para o desenvolvimento do
projeto de acordo com a disponibilidade de recursos financeiros e mão-de-obra,
visto que o trabalho será realizado em parceria com a Agência Reguladora de
Águas e Saneamento, uma autarquia da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A falta de controle e planejamento no desenvolvimento urbano do
município de Ponta Grossa e a preocupação tardia com a legislação ambiental
trouxe à realidade a existência de diversas nascentes em áreas públicas, que
interferem na infraestrutura dos bairros e ficam sujeitas ao assoreamento e a
contaminação.
130
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Para cumprir os objetivos deste trabalho foram mapeadas seis
nascentes localizadas no perímetro urbano do município de Ponta Grossa, das
quais cinco são alvo de reclamação pelos moradores e uma ainda conserva
parte da Área de Preservação Permanente em seu entorno.
Para as nascentes localizadas no Jardim Esperança e Jardim Manacás,
deverão ser construídas caixas de proteção, de forma que a água seja
redirecionada e a nascente protegida.
Já para a nascente localizada no bairro Ronda foi desenvolvido um plano
de arborização de seu entorno, com o plantio de espécies nativas para recompor
a Área de Preservação Permanente.
A complexidade da adoção de soluções para esse tipo de problema
exige esforços do Poder Público e Privado, dos estudiosos e Instituições, e de
toda a sociedade para manter o equilíbrio entre as esferas econômica, social e
ambiental.
REFERÊNCIAS
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vegetação nativa. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
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132
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL: UM LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
SOBRE SUAS INTERFERÊNCIAS NA MOTIVAÇÃO DO COLABORADOR DO
SERVIÇO PÚBLICO
NAYARA EMI SHIMADA 1
LUCIA MARIA FERREIRA LACERDA 2
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo identificar como se a relação do clima e da
cultura organizacional interfere na motivação do colaborador do serviço público.
O serviço público no Brasil exerce papel determinante em diferentes setores
centrais da vida coletiva. Entretanto, o serviço público é associado à imagem de
pouca efetividade e de colaboradores com baixa motivação no trabalho. Entende-
se que a cultura organizacional, enquanto conjunto de valores e pressupostos
construídos e compartilhados pelo grupo, interfere no clima organizacional. Por
conseguinte, o clima organizacional é fator determinante na motivação dos
colaboradores e, portanto, interfere nas atitudes adotadas pelos colaboradores
em relação à organização. Portanto, sugerem-se mudanças a fim de que se
altere a cultura organizacional e, por consequência, sejam alterados o clima
organizacional e a motivação do colaborador para o exercício de sua função.
Tais alterações são a nível: a) de gestão: reconhecimento do capital humano,
propiciar ambientes livres, remuneração justa, condições ergonômicas,
adequação dos interesses do colaborador à instituição e incentivar a capacitação
constante; b) chefia: conhecimento dos objetivos da organização, promoção de
relações assertivas, responsabilidade com o serviço e a equipe, reconhecer o
trabalho desenvolvido, aproveitar os talentos; e c) dos membros do grupo:
adotar práticas de ajuda mútua, comprometimento com a equipe, confiança entre
os membros do grupo, resolução de conflitos, comunicação assertiva e voltada
a um objetivo em comum. Tais alterações possibilitariam a obtenção de um
serviço público de qualidade e efetivo.
Palavras-chave: Cultura organizacional. Clima organizacional. Motivação. Serviço
Público.
1 Mestre em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (2015).
2 Graduada em Gestão de Recursos Humanos - Tecnólogo, pela UniCesumar (2015). Graduando
no curso MBA em Gestão com Pessoas, pela UniCesumar.
CONHECIMENTO E GESTÃO
133
1 INTRODUÇÃO
O serviço público no Brasil exerce papel determinante em diferentes
setores centrais da vida coletiva, como saúde, educação, cultura, serviços
sociais, dentre outros. Entretanto, apesar de sua importância no funcionamento
da vida coletiva, muitas vezes, o serviço público é associado à imagem de pouca
efetividade e de colaboradores com baixa motivação no trabalho.
Esta pouca efetividade e a baixa motivação dos colaboradores afetam
diretamente a população que depende do serviço público, pois suas demandas
são solucionadas de maneira lenta e, muitas vezes, de maneira ineficaz. Além
disso, afeta também os próprios colaboradores, que veem pouca eficácia de
seus esforços e, como uma defesa psicológica, acaba por esforçar-se cada vez
menos no trabalho, ocasionando um ciclo: colaborador menos motivado, menor
será a efetividade do seu serviço, serviço menos efetivo desmotiva o
colaborador.
Diante desta problemática questiona-se como seria possível conduzir os
colaboradores de forma a influenciar positivamente na motivação, engajamento e
envolvimento com a organização, considerando-se que a motivação é de ordem
intrínseca, contudo sofre influências de elementos externos que compõem o
clima e a cultura organizacional.
Portanto, o presente estudo teve como objetivo identificar, por meio de
um levantamento bibliográfico, como a relação do clima e da cultura
organizacional interfere na motivação do colaborador do serviço público. Para
isso foi conduzida uma pesquisa bibliográfica a fim de identificar os aspectos do
clima e da cultura organizacional que interferem na motivação do colaborador
inserido no serviço público já apontado pela literatura, cujo levantamento foi
brevemente explanado. Em seguida, foram expostos os desafios encontrados no
serviço público e, por fim, foram apresentadas possíveis alternativas para a
melhoria do clima e da cultura organizacional, e como isso pode impactar na
motivação e engajamento do colaborador no serviço público.
2 CULTURA ORGANIZACIONAL, CLIMA ORGANIZACIONAL E MOTIVAÇÃO
Neste tópico são abordados, brevemente, os conceitos de cultura
organizacional, clima organizacional e motivação, observando a interligação
entre estes conceitos e sua interferência no ambiente de trabalho.
134
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
2.1 CULTURA ORGANIZACIONAL
Enquanto ser social, o homem necessita estar em grupo para o
desenvolvimento de determinadas tarefas. Uma vez que o grupo se inicia, inicia-
se, também, a construção de sua cultura, considerando-se que esta não é inata,
mas sim, é construída por seus membros (PIRES; MACÊDO, 2006).
A cultura pode ser entendida como o conjunto de valores e
pressupostos básicos compartilhados pelos membros de um determinado grupo
e expressa por meio de símbolos, como por exemplo: ações, mitos, rituais,
histórias, lendas, linguagem especializada, pensamento e tomada de decisão
(CHIAVENATO, 1999; PIRES; MACÊDO, 2006; SOUZA, 2014).
Este conjunto de valores e pressupostos básicos foi inventado,
descoberto ou desenvolvido ao longo do tempo pelo grupo, portanto, reflete o
que o grupo aprendeu no decorrer de sua história, através da resolução de
problemas particulares. Além disso, é considerado bom o suficiente para ser
válido e transmitido aos novos membros do grupo e ganham estabilidade, uma
vez que fornecem significado, estrutura e previsibilidade aos membros do grupo
(CHIAVENATO, 1999; PIRES; MACÊDO, 2006).
Nas organizações também ocorre a formação de uma cultura própria,
sendo esta a base da organização. As crenças comuns aos colaboradores são
refletidas nas tradições, hábitos, histórias, símbolos, ambiente e produtos,
genericamente aceitos por todos (CHIAVENATO, 1999; PIRES; MACÊDO, 2006).
A cultura organizacional é dividida em três diferentes níveis: artefatos
visíveis, valores que governam o comportamento das pessoas e pressupostos
básicos. Os artefatos visíveis se referem às coisas concretas da organização
visivelmente observadas, como por exemplo, móveis, uniformes, linguagem
utilizada (ARRUDA, 2006; PIRES; MACÊDO, 2006; SOUZA, 2014).
Os valores que governam o comportamento dos membros do grupo se
referem aos ideais e expectativas que as pessoas assumem como essenciais na
organização. Tais valores justificam as ações e são aceitos pelos membros do
grupo (ARRUDA, 2006; PIRES; MACÊDO, 2006; SOUZA, 2014).
Os pressupostos básicos são ensinados aos novos membros como
sendo a forma correta de perceber, pensar e sentir e não necessariamente
encontram-se documentados (CHIAVENATO, 1999; SOUZA, 2014).
Cada um desses níveis tem a sua particularidade e complexidade, porém
é no nível dos pressupostos básicos que está a maior dificuldade em administrar
CONHECIMENTO E GESTÃO
135
a cultura organizacional, uma vez que reflete as crenças inconscientes, os
valores, as percepções, os sentimentos, que se estabelecem no nível mais
profundo, que não sofrem mudanças ou transformam-se lentamente, contudo
direcionam o comportamento das pessoas dentro da organização (ARRUDA,
2006; PIRES; MACÊDO, 2006; SOUZA, 2014).
Por direcionar os comportamentos de cada indivíduo na organização,
faz-se necessário uma análise da cultura organizacional, observando como
foram construídos e como são mantidos os artefatos visíveis, os valores que
governam o comportamento das pessoas e, principalmente, os pressupostos
básicos. Apenas a partir do momento que se faz uma análise minuciosa da
história da cultura de determinada organização e dos mantenedores atuais desta
cultura que é possível uma intervenção efetiva.
2.2 CLIMA ORGANIZACIONAL
Segundo Brunelli (2008) e Souza (2014), o clima organizacional pode
ser compreendido como a atmosfera psicológica que envolve a organização.
Assim, diz respeito às percepções que o colaborador tem em relação ao seu
ambiente de trabalho. Tais percepções influenciam o bem-estar e satisfação do
colaborador e, consequentemente, influenciam seu comportamento.
Estas percepções são dinâmicas e resultantes da cultura organizacional:
dos aspectos positivos e negativos da organização, dos relacionamentos entre
pessoas ou grupos e de fatores externos (como, por exemplo, política, fatores
sociais, fatores econômicos), sendo que este último tem impacto menos durador
se comparado com os três primeiros (BRUNELLI, 2008).
Brunelli (2008) ainda destaca que há uma relação de causalidade entre
cultura e clima organizacional. Assim, as percepções dos colaboradores em
relação à organização serão favoráveis quando a cultura desta organização
atende às suas satisfações pessoais e desfavoráveis quando as frustram.
Uma vez que é de grande importância que os colaboradores sejam
comprometidos com as organizações nas quais atuam, faz-se necessária a
análise do clima organizacional, pois tal análise pode mensurar o grau de
colaboração e satisfação dos colaboradores (BRUNELLI, 2008).
Para se analisar o clima organizacional faz-se necessário observar
aspectos que demonstram o que os colaboradores sentem inconscientemente
em relação à organização e que direciona seus comportamentos (SOUZA, 2014).
136
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Dentre esses aspectos indicadores do clima organizacional pode-se
elencar: o turnover (ou rotatividade), o absenteísmo, as críticas anônimas nos
ambientes da organização, as greves, o desperdício de materiais, os conflitos
interpessoais e interdepartamentais, conteúdo das sugestões e queixas no
serviço médico (SOUZA, 2014).
Souza (2014) complementa afirmando que uma cultura organizacional
que favorece um bom clima organizacional e, consequentemente, seja favorável
ao pleno desenvolvimento humano seria aquela na qual os colaboradores são
direcionados a manter relacionamentos assertivos e as decisões organizacionais
são baseadas em critérios éticos e saudáveis.
Em última instância, um clima organizacional favorável que é mantido
por uma cultura organizacional assertiva e ética produzirá a satisfação dos
colaboradores e, consequentemente, os manterá motivados para o trabalho e
saudáveis emocionalmente.
2.3 MOTIVAÇÃO
A motivação pode ser considerada como a força interior que coloca um
indivíduo em movimento com o propósito de alcançar um determinado objetivo,
sendo essencialmente de ordem interna e varia conforme a percepção, o anseio
e a necessidade de cada pessoa (SOUZA, 2014).
Assim, na organização, a motivação é parte integrante no processo de
trabalho e pode ser considerada como fundamental e indispensável para o
alcance dos objetivos organizacionais (BRUNELLI, 2008).
Cabe ressaltar que a motivação não é sinônimo de felicidade constante,
mas sim é definida como uma inclinação para a ação, sendo que tal inclinação
tem sua origem em um motivo (ou necessidade). Por outro lado, atender à
necessidade produz satisfação.
Apesar de ser de ordem interna, o ambiente influencia no grau de
motivação das pessoas. Segundo Souza (2014, p. 82), “o extrínseco (ambiente
de trabalho, por exemplo) por si só não é motivador, porém, contribui
sobremaneira para a manutenção de condições saudáveis no ambiente de
trabalho”.
Desta forma, a função do gestor não é criar a motivação, já que este é
um fator de ordem interna, mas sim observar arranjos organizacionais que criem
CONHECIMENTO E GESTÃO
137
condições e ambiente favoráveis para que essa força interior possa se
desenvolver (BRUNELLI, 2008; SOUZA, 2014).
Neste sentido, é necessário que o gestor de pessoas, na busca em
manter a sua equipe motivada, tenha uma postura prática de: a) reconhecer os
colaboradores como indivíduos com desejos e necessidades diferentes; b)
valorizar os talentos de cada colaborador; c) auxiliar nas áreas onde apresentam
dificuldades; d) oferecer condições físicas, estruturais e psicológicas adequadas;
e) alinhar os objetivos da organização com os objetivos individuais; f) investir
para que a comunicação na organização seja um ponto forte e aconteça não
somente entre gestores e colaboradores, mas também entre os próprios
colaboradores; g) minimizar desgastes com conflitos (PEREIRA, 2012).
3 O SERVIÇO PÚBLICO E SUAS DIFICULDADES
O objetivo das organizações públicas é de prestar serviços para a
sociedade, sendo que tal objetivo deve ser alcançado visando uma maior
eficiência da máquina pública e um melhor atendimento à sociedade. As
diferentes organizações públicas são consideradas como sistemas dinâmicos,
complexos, interdependentes e interrelacionados, envolvendo informações e
seus fluxos, estruturas organizacionais, pessoas e tecnologias (PIRES e
MACEDO, 2006).
São encontradas nesse tipo de organização algumas dificuldades
específicas. Por exemplo, segundo Pires e Macedo (2006), uma das
características do trabalho nas organizações públicas no Brasil é que, de forma
geral, os colaboradores precisam possuir habilidades diplomáticas para lidar
com possíveis tensões políticas, pois, em muitos casos, a administração é
instituída não por sua competência, mas sim devido a relações de estima e jogos
de influência.
Neste sentido, outra dificuldade observada é que nas organizações
públicas uma maior dependência do ambiente sociopolítico, uma vez que, apesar
de ser possível haver autonomia na direção da organização, seu mandato e
objetivos são regulados externamente (PIRES; MACEDO, 2006).
Pires e Macedo (2006) ressaltam que as principais diferenças entre a
organização pública e as demais organizações são o apego às regras e rotinas,
supervalorização da hierarquia, paternalismo nas relações, apego ao poder. Tais
características acabam por interferir na definição dos processos internos, na
138
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
relação com inovações e mudança, na formação dos valores e crenças
organizacionais e políticas de recursos humanos.
Com relação aos recursos humanos, Gomes e Quelhas (2003, p. 2)
salientam que:
Parece continuar pautada nos princípios burocráticos da
impessoalidade, do tecnicismo e do mecanicismo e orientada por
uma ótica que importa em considerar os funcionários como
indivíduos incompletos, isto é, indivíduos que, em sua
personalidade, não possuem o componente emocional e cuja
capacidade mental não extrapola o estritamente requerido para o
exercício da sua atividade.
Os autores complementam, ainda, que provavelmente esta forma de
administrar é a principal causa da ineficiência e ineficácia no atendimento à
população dos serviços públicos, pois acaba por refletir na motivação do
colaborador. Portanto, é necessário observar com mais profundidade a questão
da cultura organizacional, clima organizacional e motivação no serviço público, a
fim de buscar alternativas para a produção de um clima organizacional saudável,
motivador, que mantém práticas culturais assertivas e éticas e que, como
resultado, o serviço oferecido seja eficiente e eficaz.
4 RELAÇÃO ENTRE CULTURA ORGANIZACIONAL, CLIMA ORGANIZACIONAL E
MOTIVAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO
Diante das dificuldades enfrentadas no serviço público, apontadas no
capítulo anterior, faz-se necessário verificar quais as alternativas para que se
construa um serviço público efetivo e eficaz. Neste sentido, Lopes e Regis Filho
(2004, p. 62) afirmam que é necessário:
Adotar uma prática gerencial apropriada capaz de alterar esse
quadro mórbido e preocupante, consequência da história do
desenvolvimento sócio-político-econômico do país, possibilitando,
assim, melhor desempenho com maiores produtividade e qualidade.
Para que se conseguir melhores resultados faz-se necessário atentar
para os seres humanos envolvidos no processo produtivo, pois são estes que
assumem papel fundamental no processo, sofrem o impacto do clima
CONHECIMENTO E GESTÃO
139
organizacional e mantém ou podem modificar a cultura organizacional (LOPES;
REGIS FILHO, 2004).
Diante disso, segundo Souza (2014), uma vez que há uma relação de
causalidade entre cultura e clima organizacional, faz-se necessário verificar
como foram estabelecidas e como são mantidas as regras e valores da
organização, bem como observar qual tem sido o impacto de tais práticas
culturais no clima organizacional e na motivação do colaborador.
Lopes e Regis Filho (2004) realizaram um estudo no qual verificaram os
fatores que interfeririam na motivação no trabalho em serviços de saúde pública.
Os resultados indicaram que os principais fatores que produziam a desmotivação
dos colaboradores foram: o não cumprimento de promessas, os salários
injustos, o não reconhecimento pelo trabalho realizado, o não incentivo à
especialização, a ausência de segurança física e a ausência de informações.
Por outro lado, os principais fatores que produziam a motivação dos
colaboradores foram: exercer uma tarefa gratificante, ter boas relações
interpessoais, realizar um trabalho útil para a sociedade, à colaboração entre
colegas, a confiança entre colegas, o bom relacionamento com a chefia, a
confiança na chefia, a disponibilidade da chefia, a competência da chefia e as
orientações da chefia (LOPES; REGIS FILHO, 2004).
A partir desse estudo é possível dividir as ações administrativas capazes
de resgatar os fatores de motivação e satisfação no trabalho em três níveis: a
nível de gestão, a nível de chefia e a nível de grupo.
A nível de gestão pública, um primeiro aspecto a ser observado é em
relação ao reconhecimento do capital humano enquanto central no processo
produtivo. Ao se reconhecer tal importância, o gestor poderá buscar práticas que
valorizem este aspecto e consiga, por consequência, um serviço ágil, de
qualidade e que atenda às demandas populacionais. Dentre as práticas
administrativas que valorizam o capital humano é de suma importância adotar
práticas que propiciem um ambiente livre de pressões políticas (LOPES; REGIS
FILHO, 2004).
Outro aspecto importante diz respeito à remuneração, esta deve ser
justa e compatível ao que é praticado pelo mercado para cada função. Além
disso, faz-se necessário manter ambientes e condições de trabalho ergonômicos
para que o colaborador tenha o conforto necessário ao desempenho de sua
função e para que se previna a ocorrência de acidentes, bem como o
aparecimento de patologias específicas para determinado tipo de trabalho.
140
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Faz-se necessária, também, a tentativa de conciliar os interesses e
capacitações do colaborador às necessidades dos serviços, a fim de obter
serviços com maior competência técnica. Então, por exemplo, é mais
recomendado que um Assistente Social, com formação direcionada ao setor de
saúde, seja alocado em serviços de saúde do que em serviços de prevenção à
violência.
Por fim, também com o objetivo de obter maior competência técnica
nos serviços públicos, é importante que a gestão elabore procedimentos que
incentivem o colaborador a buscar capacitação constante (como, por exemplo,
incentivo salarial e mudança na carga horária para a capacitação).
O segundo nível de ações administrativas capazes de resgatar os fatores
de motivação e satisfação é o de chefia. Como observado no estudo de Lopes e
Regis Filho (2004), o estilo de chefia assumiu papel fundamental na motivação
dos colaboradores.
Um dos aspectos fundamentais que a chefia deve estar atenta é na
promoção de relações assertivas com e entre os colaboradores, nas quais
consiga transmitir suas expectativas e posicionamentos de maneira objetiva,
clara, direta, honesta e apropriada ao contexto, de modo a não violar o direito
das outras pessoas, como também dar ouvidos as propostas dos colaboradores.
Para isso, faz-se necessário que a chefia tenha um profundo
conhecimento dos objetivos e diretrizes da organização, a fim de conduzir os
colaboradores de tal forma que os objetivos da organização sejam mantidos e
alcançados.
Tal conhecimento somado à uma postura assertiva e à responsabilidade
com o serviço e com a equipe, produz a confiança dos colaboradores, o que
gera uma motivação em relação ao trabalho, uma vez que estes têm a confiança
de qual caminho é esperado que se trilhe.
Outro aspecto importante e que interfere na motivação do servidor
público é o feedback positivo, no qual se reconhece o serviço desempenhado
pelo colaborador. Neste sentido, faz-se necessário estar atento para reconhecer
quando o colaborador, por exemplo, supera as barreiras ou reinventa a forma de
executar o serviço com o intuito de dar agilidade e efetividade ao serviço público.
Certamente quando há reconhecimento do seu trabalho, o colaborador
se sente gratificado e com o espírito aberto para investir ainda mais no seu
trabalho, tendo mais disposição em planejar, elaborar novas formas, mesmo
sabendo que isso demanda mais do seu tempo.
CONHECIMENTO E GESTÃO
141
Tal atenção, além de propiciar a possibilidade do reconhecimento, faz
com que a chefia conheça os membros de seu grupo, podendo, assim,
aproveitar melhor as qualidades de cada colaborador.
O terceiro nível de ações administrativas capazes de resgatar os fatores
de motivação e satisfação é o nível das relações entre os membros do grupo.
Segundo Souza (2014), para que o colaborador se sinta impulsionado a
desempenhar com primazia sua função faz-se necessário que se mantenha um
ambiente de trabalho saudável e satisfatório na perspectiva das relações
humanas.
Portanto, faz-se necessária a construção de uma cultura na qual se
adote a prática de ajuda mútua, comprometimento com a equipe, confiança entre
os membros do grupo, resolução de conflitos, comunicação assertiva e voltada
a um objetivo em comum.
Outro aspecto importante é quanto a necessidade de romper com a
visão do senso comum de inefetividade do serviço público, perpetuada pela
baixa qualidade dos serviços ofertados. Ao se romper com essa visão e ao ver
os resultados de uma atuação efetiva, que realiza um trabalho útil para a
sociedade, o colaborador sente-se motivado e com expectativas maiores do que
pode ser oferecido.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo identificar como a relação do
clima e da cultura organizacional interfere na motivação do colaborador do
serviço público. A cultura organizacional compreende o conjunto de valores e
pressupostos construídos e compartilhados pelo grupo. Enquanto construção,
esta não é estática, podendo ser alterada à medida que novas práticas são
incorporadas e outras práticas deixam de existir.
Ao se alterar as práticas adotadas pelo grupo pode-se,
consequentemente, alterar o clima organizacional, entendido como atmosfera
psicológica que envolve a organização. O clima organizacional é fator
determinante na motivação dos colaboradores e, portanto, interfere nas atitudes
adotadas pelos colaboradores em relação à organização. Considerando-se o
serviço público, em muitos casos estabeleceu-se um ciclo vicioso de
insatisfação e frustração entre gestores, colaboradores e usuários, uma vez que
a baixa qualidade dos serviços públicos gera e perpetua uma baixa expectativa
142
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
em relação ao que pode ser oferecido, tanto por usuários quanto por prestadores
de serviços. Nesse sentido, faz-se necessário romper com tal ciclo a fim de que
se tenham serviços públicos que de fato atendam às demandas da população.
Para tal, o presente estudo sugere mudanças a nível de gestão, chefia e
dos membros das organizações públicas, a fim de que se altere a cultura
organizacional e, por consequência, sejam alterados o clima organizacional e a
motivação do colaborador para o exercício de sua função.
Assim, quando o colaborador obtém satisfação em seu trabalho e
observa os impactos de sua atividade na sociedade, isto contribuirá para que ele
desenvolva uma vida social e interpessoal efetiva, fazendo com que o indivíduo
se ajuste ao seu meio, assumindo responsabilidades em relação ao grupo social
e familiar, adotando atitudes produtivas em relação à vida e com o domínio de
suas emoções.
REFERÊNCIAS
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hospital privado com características de inovação no município de São Paulo.
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Conclusão de Curso (MBA em Gestão Pública) - IBGEN, Porto Alegre, 2008.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas
organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
GOMES, A A P; QUELHAS, O L G. Motivação dos recursos humanos no serviço
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PEREIRA, Luciano Santana. Motivação de indivíduos e grupos de trabalho.
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PIRES, J C S; MACÊDO, K B. Cultura organizacional nas organizações públicas.
Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 40, n. 1, p. 81-105, 2006.
CONHECIMENTO E GESTÃO
143
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ESCOLAS DE GOVERNO: LIMITES E
POSSIBILIDADES
PATRÍCIA PARRA 1
MÁRCIA DONEGÁ FERREIRA LEANDRO 2
RESUMO
O presente artigo, a partir de uma revisão da literatura, aponta possibilidades e
desafios ao se utilizar a educação a distância como estratégia de capacitação e
desenvolvimento de competências nas escolas de governo, cuja criação é
resultado de uma ampla reforma do aparelho de estado empreendida na década
de 1990, resposta à crise mundial provocada pela globalização dos mercados
internacionais. Ao final, delineiam-se breves alternativas para os desafios mais
restringentes.
Palavras-chave: Administração pública gerencial. Educação continuada.
Educação a distância. Limites e possibilidades.
1 INTRODUÇÃO
As recentes mudanças sociais, políticas e econômicas mundiais,
provocadas pelas novas tecnologias de informação e comunicação, bem como
pela reorganização dos processos laborais e, consequentemente das relações
sociais, levaram muitos países a redefinir não somente os limites e alcances de
seus aparelhos estatais, mas a redefinir o próprio conceito de Estado e de
desenvolvimento. Esse movimento, no que concerne à reforma do aparelho
estatal, ficou conhecido como Nova Administração Pública (New Public
Management), e foi liderado especialmente pelo Reino Unido, na década de
1980. Reforma semelhante foi empreendida no Brasil, principalmente na década
de 1990, culminando na criação das escolas de governo: tornou-se imperativo
capacitar pessoas ligadas ao serviço público a fim de consolidar no país uma
1 Mestre em Ciências Jurídicas pelo UNICESUMAR. Pós-graduada em Ciências Penais pela
Universidade Anhanguera-Uniderp. Pós-Graduanda em Gestão e Planejamento de Trânsito pelo
UNICESUMAR. Graduada em Direito pela Universidade Paranaense. 2 Graduada em Matemática pela Unesp – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Graduada em Letras pela Unoeste – Universidade do Oeste Paulista. Pós-graduanda em
Administração Pública pelo Unicesumar, Oficiala de Justiça do Tribunal de Justiça de São Paulo.
144
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
administração pública flexível, gerencial e mais compatível com as demandas
sociais desse novo e dinâmico tecido social emergente.
Nesse contexto, o que se quer saber é: pode a educação a distância
(EaD), no que tange à capacitação de pessoas e desenvolvimento de
competências, contribuir para a consolidação de uma administração pública
gerencial, mais adequada às atuais demandas sociais? Em caso afirmativo, que
possibilidades e que desafios os profissionais ligados ao desenvolvimento de
pessoas devem se preparar para enfrentar?
Em vista disso, o presente artigo forneceu elementos, por meio de uma
revisão da literatura, que ajudem outros estudiosos a refletir sobre o assunto e a
criar soluções pertinentes ao tema. A justificativa do estudo é incontroversa: a
eficiência é preceito constitucional estabelecido caput do art. 37; e a previsão
legal de manter de escolas de governo encontra-se no art. 39, § 2º, ambos da
Constituição Federal de 1988.
Para alcançar o objetivo proposto, o artigo estrutura-se em três partes:
na primeira delas faz uma contextualização do tema, explicando as razões
históricas da Reforma de 1995 e da criação das escolas de governo. Na segunda
parte, discute-se a adoção da EaD como estratégia de desenvolvimento de
pessoas em geral, e no setor público em especial, delineando as suas
potencialidades e apontando os principais desafios a serem enfrentados.
Finalmente, faz-se uma análise no sentido de abstrair os estudos realizados pelo
artigo e propõe algumas alternativas e reflexões aos desafios mais limitadores.
2 ESCOLAS DE GOVERNO: CONTEXTUALIZANDO A QUESTÃO
O que são escolas de governo e por que foram criadas? Antes de dar
uma resposta a essa questão é necessário retomar a história recente do país e
seu contexto mundial para detalhar significativas mudanças ocorridas no âmbito
econômico, político e social, e que antecederam à criação das escolas de
governo.
2.1 CRISE DO ESTADO E A REFORMA DO APARELHO ESTATAL DE 1995: DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BUROCRÁTICA À ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL
Dentre outros fatores, a Reforma do Estado de 1995 teve como
condição histórica anterior à sua implantação a crise que foi, ao mesmo tempo,
CONHECIMENTO E GESTÃO
145
política, econômica e administrativa, e que perdurou de 1979 até 1994, quando
finalmente houve no Brasil a estabilização da moeda e de preços através do
Plano Real.
A crise política, segundo Bresser-Pereira (1996), deu-se em três
momentos: uma crise de legitimidade com o regime militar, uma crise de
adaptação do regime democrático e uma crise moral que levou ao impeachment
de Fernando Collor de Melo. A crise econômica, também conforme Bresser-
Pereira (1990), teve como pano de fundo as sucessivas crises do petróleo, que
elevaram os preços no mercado internacional; a estagnação da renda per capta;
a redução na taxa de investimentos; os altíssimos índices inflacionários, a crise
fiscal cujo principal componente era a dívida externa pública e cuja origem
estava na política de crescimento com endividamento, adotada na década de
1970. Por sua vez, a crise da administração pública teve início no regime militar,
pois embora, ainda na década de 1930, tivesse havido a iniciativa de implantar a
reforma burocrática com a introdução de um serviço público profissional para
combater o patrimonialismo, essa reforma não logrou êxito, agravando-se após
1988, com a promulgação da Constituição Federal.
No Brasil, a primeira tentativa de flexibilização da administração pública
foi a promulgação do Decreto-Lei 200 de 1967, que dispõe sobre a organização
da Administração Federal. De acordo com Bresser-Pereira (1996), ele cria a
administração indireta e transfere as atividades de produção de bens e serviços
para as autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia
mista, além de instituir o planejamento e o orçamento, a descentralização e o
controle de resultados e permitir a contratação de empregados celetistas.
Com a Nova República, apesar do avanço da globalização e da evidente
perda da capacidade que os Estados tinham de proteger suas economias, não
houve qualquer iniciativa de reforma do aparelho do Estado, pelo contrário, havia
“no plano administrativo uma volta aos ideais burocráticos dos anos 30, e no
plano político, uma tentativa de volta ao populismo dos anos 50” (BRESSER-
PEREIRA, 1996, p. 8). Também o ajuste fiscal não logrou êxito e o Plano
Cruzado fracassou, jogando o país em uma grave crise econômica. Assim, o
capítulo que trata da administração pública na Constituição de 1988, reagindo ao
populismo e ao fisiologismo que cresceram sob o regime democrático recém
implantado, consolidou uma administração pública rígida, centralizada e
hierárquica, ignorando as reformas públicas nos demais países e os avanços
propostos pelo Decreto-Lei 200/67.
146
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
No entanto, a construção de um novo modelo de estado passou a ser
preponderante na década de 1990, momento em que os países, e em especial o
Brasil, viveram o “desafio histórico de criar um novo perfil para seus estados,
articulando um novo modelo de desenvolvimento, novas relações do público
com o privado e a necessidade de voltarem-se, cada vez mais, para o
atendimento das demandas sociais.” (SOUZA, 2002, p. 80). É nesse contexto, e
após tentativas sem êxito, que em 1995, foi criado o Ministério da Administração
Federal e Reforma do Estado (MARE) para dar início à reforma da gestão pública
no Brasil, com o intuito de transformá-la de uma cultura burocrática para uma
cultura gerencial, visando ao fortalecimento e à eficiência do aparelho de Estado.
Segundo Bresser-Pereira (2000), essa Reforma compreende três dimensões. A
dimensão institucional com foco na descentralização administrativa e que
resultou na criação das agências executivas, regulatórias e organizações sociais.
A dimensão de gestão, cujo alvo era a adoção de práticas de administração,
novas formas de responsabilização dos gestores (tal como a administração por
resultados), a competição administrada por excelência e o controle social, maior
autonomia, bem como serviços de qualidade, eficiência e custos menores. Já a
dimensão cultural visou a uma mudança de mentalidade, buscando superar o
clientelismo, o patrimonialismo e o fisiologismo tão característico no aparelho
estatal. De acordo com o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado,
documento que definiu as instituições e estabeleceu as diretrizes para a
implantação de uma administração gerencial no país, trata-se de uma a reforma
do Estado
[...] que não se limita a propor descentralização para os estados e
municípios e desconcentração ou delegação de autoridade para os
dirigentes das agências estatais federais, estaduais ou municipais.
Em adição, propõe [...] uma nova classificação das atividades do
Estado e estabelece quais os tipos de propriedade e de
administração correspondentes. (BRESSER-PEREIRA, 2000, p.19,
grifos nossos).
Juntamente com a elaboração do Plano Diretor foi elaborada a emenda
constitucional da reforma administrativa que foi promulgada em 04 de junho de
1998, a EC 19/98, em que as principais mudanças pretendidas pelo governo
foram transformadas em lei conforme fora proposto. Sucintamente, as
mudanças tinham como propósito tornar mais ágil, mais flexível e menos
hierarquizado o aparelho de estado, enfocando a “descentralização e o
CONHECIMENTO E GESTÃO
147
redesenho das estruturas, a flexibilização organizacional, a criação de uma rede
de relações mais democráticas entre o Estado e a sociedade, a implantação de
um modelo contratual e competitivo de ação estatal [...] e a profissionalização”
(SOUZA, 2002, p. 81).
Desafiado a mudar e se adequar à economia globalizada, à abertura dos
mercados e às crescentes demandas sociais, o país deu início à reforma
administrativa em 1995 e vive esse processo ainda hoje, buscando a afirmação
da cidadania, a correta utilização da coisa pública e o fortalecimento da
democracia. Por não ser a reforma um fim em si mesmo, mas um processo, é
que as escolas de governo têm relevante papel, não apenas na formação do
núcleo estratégico de governo, mas na mudança de uma cultura burocrática para
a gerencial.
2.2 ESCOLAS DE GOVERNO E FORMAÇÃO POR COMPETÊNCIAS
A formação e o aperfeiçoamento de servidores públicos no Brasil são
anteriores à reforma do estado de 1995, tendo surgindo na década de 1940, em
especial com a criação da FGV - Fundação Getúlio Vargas em 1944, cujo
objetivo era qualificar pessoas do setor público e privado. Também a formação
de servidores da fazenda, consoante a Souza (2002), datam de 1945, com a
criação de cursos com o objetivo de habilitar pessoas para trabalhar junto ao
fisco que, nos anos 1970, transformou-se na ESAF – Escola Superior de
Administração Fazendária; também é dessa época o Instituto Rio Branco, criado
em 1945, para selecionar, formar e aperfeiçoar o corpo da diplomacia brasileira.
Na Nova República, segundo a autora, o governo Sarney cria a ENAP – Escola
Nacional de Administração Pública com o objetivo de formar altos funcionários
públicos, inspirada na École National d’Administration francesa e
subsidiariamente à alemã Bundesakademie fuer Öffentliche Verwaltung, que
sofreu descontinuidade em relação ao seu projeto inicial no início dos anos
1990, reduzindo-se a um centro de capacitação e treinamento para o setor
público.
Mais recentemente o tema ganhou novos contornos; isso porque a
profissionalização da burocracia, em especial do núcleo estratégico, é
pressuposto da administração gerencial, sobretudo no que concerne às políticas
públicas, seja na sua formulação, supervisão ou regulamentação. O que se
almeja é a concepção de “um corpo de funcionários tecnicamente preparados e
148
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
motivados, com competência para negociação e com responsabilidade junto ao
sistema político, diferenciando-os dos tecnocratas do antigo modelo
burocrático” (SOUZA, 2002, p. 82). Após a reforma de 1995 foram instituídas as
carreiras estratégicas do Estado, dentre elas a de especialista em políticas
públicas e governamental, cujos servidores são atualmente capacitados pela
ENAP, que por sua vez foi reformulada no governo de Fernando Henrique
Cardoso, cabendo a ela o papel de coordenar o concurso e a formação de
administradores dos mais altos níveis da administração federal.
Segundo Guimarães (2000), na perspectiva da administração gerencial,
o setor público tem como principal desafio transformar estruturas burocráticas,
hierarquizadas e isoladas em organizações flexíveis e empreendedoras, com
foco na eficiência e na qualidade dos serviços públicos para o cidadão: trata-se
de uma nova cultura de gestão. O que está “por trás dessa racionalização é uma
mudança paradigmática na qual o modelo de gestão, baseado na hierarquia,
cede lugar a um novo modelo fundamentado na flexibilidade, da qual a
abordagem por competência é um dos componentes” (GUIMARÃES, 2000, p.
130). O desenvolvimento de competências, por sua vez, tem sido utilizado tanto
por organizações públicas, privadas, bem como em escolas; tanto que, no Brasil,
“o Ministério da Educação vem conduzindo um projeto de mudanças do ensino
profissional, tomando como base o conceito de competência” (GUIMARÃES,
2000, p. 134). Ainda, segundo ele, é possível identificar pelo menos três
correntes que tratam dessa abordagem: a da administração estratégica, a da
gestão de recursos humanos e a da sociologia da educação e do trabalho, que
não serão detalhadas uma a uma, por estar além do escopo deste trabalho.
Para Abbad (2007), a qualificação atualmente exigida de grande parte
dos trabalhadores é abrangente: ele necessita saber trabalhar em equipe de
forma presencial ou à distância, interligado por redes de informação e
comunicação, dominar outras línguas e novas linguagens de comunicação e
interação, ser capaz de pesquisar e selecionar informações úteis e relevantes, ter
habilidade em administrar o tempo, conciliar responsabilidades relativas às
diferentes instâncias da vida, precisa ser criativo e solucionar problemas que
mudam de complexidade continuamente. “O perfil profissional do futuro
caracteriza-se por um conjunto de habilidades estratégicas metacognitivas,
bastante complexas” (Abbad, 2007, p. 361, grifo nosso) e ele terá que conduzir
seu desenvolvimento tendo como alvo quatro grandes conjuntos de
CONHECIMENTO E GESTÃO
149
competências: o aprender a conhecer, o aprender fazer, o aprender a viver junto
e o aprender a ser.
3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DE
PESSOAS
A educação a distância (EaD), entendida como estratégia de educação
onde professores e alunos não se encontram em um mesmo lugar e/ou tempo,
não é nova, tanto que alguns autores, de acordo com Alves (2011), citam as
cartas de São Paulo Apóstolo aos cristãos como origem histórica dessa
modalidade. Portanto, são inúmeras as iniciativas registradas ao longo da
história mundial, bem como no Brasil, com destaque para o surgimento, em
1941, do Instituto Universal Brasileiro que oferecia na época cursos
profissionalizantes por correspondência, o Telecurso 2º Grau, criado pela FIESP
– Federação das Indústrias do Estado de São Paulo em parceria com a Fundação
Roberto Marinho, em 1978, e veiculado por programas de televisão e a criação
da Universidade Aberta de Brasília, em 1992.
Recentemente ela ganhou mais relevância e novos contornos: houve,
nos últimos anos, um significativo aumento da oferta de cursos na modalidade à
distância dada às mudanças nas relações sociais e de trabalho que os avanços
tecnológicos provocaram e, ao mesmo tempo, facilitada pelo desenvolvimento
de novas ferramentas de informação e comunicação entre pessoas. Isso porque,
consoante a Abbad (2007), as recorrentes inovações tecnológicas e as rápidas
transformações na organização laboral exigem que a aprendizagem seja célere,
eficaz, constantemente atualizada, a fim de evitar a redução gradativa da
competência profissional. Nessa perspectiva, as instituições, sejam elas públicas
ou privadas, têm empreendido esforços para criar oportunidades de
aprendizagem contínua. “Isso também é uma realidade no serviço público.
Enquanto se enfrentam os desafios da inclusão digital, mesmo dentro do serviço
público, busca-se oferecer um serviço de qualidade, eficiente, mais barato e
mais rápido para o cidadão” (Abbad, 2007, p. 357). Segundo a autora, essa
modalidade educacional tem como alvo principal a aprendizagem de adultos e
são seus pressupostos a aprendizagem aberta, a aprendizagem ao longo da vida
e a educação continuada. Assim, favorecida pelas tecnologias de informação e
comunicação, a EaD tem tornado possível às pessoas o “acesso a um grande
número de informações, permitindo a interação e a colaboração entre pessoas
150
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
distantes geograficamente ou inseridas em contextos diferenciados” (Alves,
2011, p. 84). E embora existam críticas de que se trata de uma forma
massificada de ensinar e aprender, é inegável sua relevância social na medida
em que permite a muitos excluídos (ou não) o acesso à educação, seja ela
formal ou para aprimoramento profissional.
3.1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ESCOLAS DE GOVERNO
De modo geral, a EaD encontra-se em fase de expansão e é recente em
muitas organizações, está em fase de consolidação e ainda é pouco difundida
em órgãos públicos. Nesse contexto,
a Enap tem envidado esforços para conscientizar os profissionais de
educação e gestão de pessoas sobre o importante papel da EaD na
promoção de oportunidades de aprendizagem contínua aos
servidores públicos e na ampliação do acesso ao estudo a qualquer
hora e em qualquer lugar (ABBAD, 2007, p. 355).
Ela tem promovido debates e desenvolvido cursos a distância para
destacar o importante papel da modalidade a distância na educação continuada
de servidores públicos: “engajada nesse processo de ampliação do acesso à
educação continuada e à aprendizagem ao longo da vida, oferece atualmente aos
servidores púbicos brasileiros mais de 20 cursos à distância através da sua
Escola Virtual” (ABBAD, 2007, p. 352).
Consoante a Abbad (2007), há poucas pesquisas sobre EaD no setor
público, porém, em 2006, a ENAP promoveu uma mesa-redonda de pesquisa-
ação para descrever as tendências dessa modalidade em algumas organizações,
dos quais destacam-se o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, a ESAF, o Exército Brasileiro, o INSS
- Instituto Nacional do Seguro Social, o Instituto Sezerdello Correa, a FGV, a
Petrobras, a Universidade do Banco Central do Brasil, dentre outras. De modo
sucinto, as tendências observadas nesse estudo é que o público-alvo dessas
instituições se encontra disperso geograficamente, tem ampla faixa etária que
varia entre 18 e 60 anos e possui diferentes níveis de escolaridade. Nessas
organizações, as práticas de EaD ainda não estão institucionalizadas (exceto no
Exército Brasileiro e na ESAF), são adotadas para treinar e formar servidores,
bem como apoiar as mudanças tecnológicas no processo laboral.
CONHECIMENTO E GESTÃO
151
3.2 EDUCAÇÃOA DISTÂNCIA: LIMITES E POSSIBILIDADES
Como qualquer outra modalidade de desenvolvimento de pessoas, a
EaD oferece, aos que optam por ela, muitas possibilidades, ao mesmo tempo
que impõe limites e desafios.
No que concerne às possibilidades, de acordo com Abbad (2007),
Garcia (1994) e Ikeda e Constantino (2005), a EaD viabiliza o ensino permanente
visto que é acessível a qualquer pessoa, a qualquer hora e em qualquer lugar. Ela
amplia e democratiza o acesso de pessoas ao estudo, criando condições que
favorecem a aprendizagem contínua. E mais, favorece também, não somente a
capacitação de servidores públicos, mas de prestadores de serviços e de
cidadãos, já que permite a oferta de uma grande variedade de cursos para
diferentes perfis de interesses. Essa modalidade também estimula a formação de
comunidades de prática e de aprendizagem à medida que as pessoas se
familiarizam com as facilidades e potencialidades das ferramentas de
comunicação e das redes de interação. Outro grande potencial dessa modalidade
é que atinge diversos servidores dispersos geograficamente, ajuda a desenvolver
a proatividade nos estudos e a assumir certo grau de autodidatismo, além
respeitar um pouco mais os diferentes ritmos de aprendizagem. Quando
ampliado o número de alunos, os cursos à distância são escaláveis e repetíveis e
apresentam custos relativamente menores do que os presenciais, sem perda
significativa de qualidade. Além disso, existem facilidades no armazenamento e
recuperação das informações e o nível de adesão e satisfação de servidores
nesses cursos é considerado satisfatório.
Os limites dessa modalidade, para Abbad (2007), Garcia (1994) e Ikeda
e Constantino (2005), são desafiadores, tendo em vista que se trata de um
campo relativamente novo para os especialistas em educação, sobretudo no que
diz respeito às novas tecnologias de informação e comunicação. Isso porque
existe certa dificuldade em identificar e encontrar profissionais com preparo para
criar ambientes educacionais interativos, com dose adequada de encontros face-
to-face, em confeccionar materiais interativos capazes de explorar com eficiência
as tecnologias disponíveis. Também os modelos de avaliação deixam dúvidas
quanto à sua efetividade e nem sempre são compatíveis com os diferentes graus
de complexidade das competências almejadas. Esses autores destacam também
outros aspectos, tais como a limitação dessa modalidade quanto ao
desenvolvimento de habilidades sociais de convivência, afeto, empatia, etc; bem
152
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
como a dificuldade em fortalecer, em adultos, atitudes favoráveis à aceitação da
diversidade humana, além da dificuldade em criar condições mais adequadas a
diferentes pessoas com cultura, motivação, formação e repertório de vida,
singulares e distintos. Da mesma forma, esses autores ressaltam alguns
desafios no que concerne à falta de familiaridade e de preparo de alunos,
professores e tutores nessa modalidade, ainda certo descrédito dessa forma de
ensino pela sociedade, altos índices de evasão ainda pouco estudados e
solucionados pelas equipes pedagógicas, e também rigidez e obrigatoriedade em
excesso em alguns cursos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A crescente demanda por competências profissionais mais complexas
impõe à sociedade em geral, e de modo especial para o setor público, a busca
por soluções mais condizentes com tais exigências no que tange ao
desenvolvimento de pessoas. É inegável, diante do estudo realizado, que a EaD
pode e já tem dado sua contribuição para o desenvolvimento de pessoas,
especialmente em um país com dimensões continentais como o Brasil, já que
ela alcança muitas pessoas em lugares longínquos e distantes dos habituais
centros de poder e de decisão.
O que se depreende neste estudo é que os limites mais restringentes
relacionam-se com os aspectos didáticos-metodológicos da EaD. Primeiro, será
necessário estudar e relacionar que competências profissionais se desenvolvem
junto aos diferentes órgãos públicos, separando aquelas específicas de uma
determinada “carreira” daquelas que são transversais e perpassam o trabalho de
qualquer servidor, tal como o trabalho em equipes multidisciplinares, a utilização
eficiente da língua e das linguagens próprias das novas tecnologias, o
comportamento ético, o discernimento e a probidade com a coisa pública, etc.
Uma vez conhecidas tais competências, seria razoável pensar em trajetórias de
desenvolvimento. Quanto ao ensino-aprendizagem, é imperativo a utilização de
metodologias ativas, de resolução de problemas, de conexão e integração de
conhecimentos (que na educação tradicional estão fragmentados), através da
utilização de mapas mentais e outras ferramentas semelhantes. Em relação aos
ambientes de aprendizagem, os especialistas em desenvolvimento de pessoas
terão que empreender esforços a fim de trabalhar juntamente com profissionais
das áreas de comunicação, linguagem, computação, conteudistas, verdadeiras
CONHECIMENTO E GESTÃO
153
equipes multidisciplinares capazes de abstrair todo o potencial educativo das
mídias para construir novos paradigmas de educação.
Por fim, o principal desafio aponta para o desenvolvimento de
profissionais com perfis muito distintos dos que atuam na educação presencial:
trata-se de uma revolução não somente no seio da administração pública que
almeja flexibilidade e eficiência, mas uma mudança nos paradigmas de
educação.
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gerencial. Revista do Serviço Público, Brasília, v. 47, n. 1, p. 1-28, jan./abr.,
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competência. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 34, n. 3, p.
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IKEDA, Ana Akemi; CAVALHEIRO, Constantino. Reflexões sobre as contribuições
do ensino à distância. eGesta – Revista Eletrônica de Gestão de Negócios,
Santos, v.1, n. 3, p. 55-75, out./dez., 2005.
SOUZA, Eda Castro Lucas de. A capacitação administrativa e a formação de
gestores governamentais. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v.
36, n. 1, p. 73-88, jan./fev., 2002.
154
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
LOGÍSTICA REVERSA DE ELETRÔNICOS PÓS-CONSUMO:
COMPETITIVIDADE E SUSTENTABILIDADE
PAULO HENRIQUE FRANZÃO SILVA 1
RITA TORRECILIA NETZEL 2
RESUMO
O presente artigo discorre sobre a logística reversa de lixo eletrônico, utilizando a
revisão bibliográfica e enfocando dois aspectos da sustentabilidade: o meio
ambiente e a lucratividade. A problemática deste trabalho foi evidenciar a
possibilidade de implementar, de maneira economicamente viável, a logística
reversa de lixo eletrônico no Brasil, visando a preservação do meio ambiente e
dos recursos naturais. Para contextualizar o tema, descrevem-se os conceitos
teóricos de logística e logística reversa, seguidos de uma apresentação da
legislação que regulamenta a logística reversa no Brasil. Também, destacam-se
os principais pontos abordados na Lei 12305/2010, que normatiza a Política
Nacional de Resíduos Sólidos. Diante desse cenário, vislumbra-se a contribuição
da logística reversa de lixo eletrônico para a preservação do meio ambiente, com
a redução da extração de recursos naturais, e discorre-se sobre possibilidades
de aproveitamento dos eletrônicos pós-consumo. No que diz respeito à
lucratividade, demonstra-se o valor econômico gerado a partir da logística
reversa de lixo eletrônico.
Palavras-chave: Logística reversa. Lixo eletrônico. Sustentabilidade. Resíduos
sólidos. Lucratividade.
1 INTRODUÇÃO
Com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), as
empresas precisam repensar e replanejar suas formas de distribuição, os
materiais de que são feitas suas embalagens e a forma de transporte de seus
produtos até o consumidor. Mais que isso, é preciso pensar na logística reversa
pós-venda e pós-consumo, já que a destinação do resíduo produzido também é
responsabilidade do fabricante.
1 Graduado em Tecnologia em Agronegócio pela Unicesumar, Especialista em EAD e as
Tecnologias Educacionais e MBA em Agronegócio pela Unicesumar. Atua como tutor de cursos de
pós-graduação na Unicesumar modalidade a distância e pesquisador na área do agronegócio. 2 Bacharel em Administração pela UNOPAR – Universidade Norte do Paraná (2011).
CONHECIMENTO E GESTÃO
155
Por ser um tema de discussão recente no Brasil, pesquisar sobre a
logística reversa pós-consumo proporcionará o enriquecimento do material
disponível sobre o tema, incentivando novas e boas práticas a serem adotadas
pelas empresas.
Esse debate sobre a destinação correta dos resíduos eletrônicos,
gerados no pós-consumo, beneficiará a sociedade na medida em que intenta
apresentar soluções viáveis para que o consumo ocorra de maneira sustentável
sob os pontos de vista econômico, ambiental e social.
Neste trabalho, foi realizada uma revisão bibliográfica com a seleção de
textos relevantes sobre o assunto publicados por autores estudiosos da logística
e da logística reversa, bem como a Lei 12.305/2010, que aborda a Política
Nacional de Resíduos Sólidos brasileira.
2 LOGÍSTICA E LOGÍSTICA REVERSA
Ao analisar as condições que tornam uma empresa competitiva, deve-se
considerar a logística como aspecto fundamental e componente do planejamento
estratégico da organização.
Corrobora essa importância da logística empresarial, Ballou (2011), ao
afirmar que:
A logística empresarial estuda como a administração pode prover
melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos
clientes e consumidores, através de planejamento, organização e
controle efetivos para as atividades de movimentação e
armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos (BALLOU,
2011, p. 17).
Conforme apresenta Pereira (2012), as organizações podem
desempenhar atividades nocivas ao ambiente, devendo, portanto, preocupar-se
com os impactos ambientais e sociais, além das questões econômicas,
decorrentes de seu modelo de negócio.
Assim, a logística reversa deve estar presente em todos os ciclos
produtivos, visando minimizar os maus efeitos ambientais, sociais e econômicos
produzidos pelas empresas no desempenho de suas atividades.
No inciso XII, artigo 3º, da Lei 12.305/2010, que institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos, a logística reversa é definida como:
156
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
[...] instrumento de desenvolvimento econômico e social
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios
destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos
ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em
outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente
adequada (BRASIL, 2010b).
O intuito da logística reversa é cuidar do fluxo de retorno dos materiais
ao longo da cadeia de abastecimento. Uma significação de logística reversa nos
é dada por Leite (2009) que a entende como
[...] a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o
fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos
bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao
ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos,
agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico,
legal, logístico, de imagem corporativa, dentre outros (LEITE, 2009,
p. 17).
A logística reversa se configura como fator de competitividade e
sustentabilidade para qualquer organização. Pereira (2012), completa dizendo
que o conceito de logística reversa engloba o conceito tradicional dado à
logística, já que agrega um conjunto de operações e ações interligadas,
proporcionando diversos benefícios, “[...] desde a redução de matérias-primas
primárias até a destinação final correta de produtos, materiais e embalagens com
o seu consecutivo reuso, reciclagem e/ou produção de energia” (PEREIRA,
2012, p. 14).
Ainda segundo Miguez (2012), enquanto a logística direta é um
processo divergente, já que o produto sai de um produtor para vários clientes, a
logística reversa pode ser entendida como um processo convergente, no qual os
produtos são direcionados de diversos clientes para uma ou poucas empresas.
2.1 LOGÍSTICA REVERSA E LEGISLAÇÃO
A instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Brasil
aconteceu em 2 de agosto de 2010, com a publicação da Lei 12.305. Entre os
onze princípios dessa política listados no Artigo 6º, destacam-se a visão
sistêmica na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis: ambiental,
social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; o desenvolvimento
CONHECIMENTO E GESTÃO
157
sustentável; a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, do setor
empresarial e demais segmentos da sociedade; a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; e o reconhecimento do resíduo
sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social,
gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania.
O incentivo à reciclagem e à sustentabilidade é objetivo desta lei, que no
inciso II do artigo 7º, fortalece a necessidade de “não geração, redução,
reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos” (BRASIL, 2010b).
Os principais pontos da Política Nacional de Resíduos Sólidos são os
fechamentos de lixões, que era previsto até o ano de 2014, o encaminhamento
apenas de rejeitos aos aterros sanitários, e a elaboração de planos de resíduos
sólidos nos municípios.
A Lei 12.305/2010 já está em vigor e, no inciso XVII do artigo 3º,
estabelece a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos:
XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos
consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume
de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os
impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental
decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei
(BRASIL, 2010b).
Isso incentiva as empresas à fabricação de produtos que deixem menos
resíduos e que sejam mais recicláveis, já que alguns produtos terão que ser
recolhidos após o consumo, para reciclagem. No artigo 33 da referida lei, está
disposto o seguinte:
Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de
logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo
consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza
urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes de:
[...]
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes (BRASIL,
2010b).
158
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Diante disso, a logística reversa é o principal instrumento para as
empresas que necessitam adequar-se a esta legislação, já que são responsáveis
pelos produtos que produzem ou revendem, compostos de materiais que podem
ser reciclados após o consumo. A responsabilidade pela reciclagem dos
produtos descartados utilizados e de suas respectivas embalagens é dos
fabricantes, que devem criar um sistema de reciclagem.
Sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
A PNRS dá destaque à logística reversa, afirmando que ela tem por
objetivo promover ações para garantir que o fluxo de resíduos
sólidos seja direcionado para a sua própria cadeia produtiva ou para
outras cadeias produtivas (de outros geradores). Além disso, a
logística reversa deve reduzir a poluição e desperdício de materiais,
incentivar a utilização de insumos que não degradem o meio
ambiente e desenvolver estratégias de sustentabilidade, que unam
os interesses econômicos, ambientais, sociais, culturais e políticos.
(MIGUEZ, 2012, p. 33).
Não obstante a importância e as vantagens geradas pelo exercício da
logística reversa de eletroeletrônicos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) não estabelece prazo para a implantação de seus sistemas.
Em virtude disso, há grande quantidade de resíduos sólidos no Brasil
que não são destinados corretamente. Uma possível causa seria a insuficiência
de canais de distribuição reversa devidamente estruturado. De acordo com as
ideias expressas por Leite (2009):
O aumento da velocidade de descarte dos produtos de utilidade
após seu primeiro uso, motivado pelo nítido aumento da
descartabilidade dos produtos em geral, ao não encontrar canais de
distribuição reversos de pós-consumo devidamente estruturados e
organizados, provoca desequilíbrio entre as quantidades
descartadas e as reaproveitadas, gerando um enorme crescimento
de produtos de pós-consumo. Um dos mais graves problemas
ambientais urbanos da atualidade é a dificuldade de disposição do
lixo urbano. (...) As quantidades de produtos que se transformam
rapidamente em ‘lixo’ (nomenclatura usada de maneira imprópria) é
crescente na atualidade. Embalagens descartáveis e produtos de
informática geram preocupação em vista das quantidades e dos
custos envolvidos em sua logística reversa (LEITE, 2009, p. 21).
Diante dessa realidade e considerando o disposto na Lei nº
12.305/2010, torna-se emergente a discussão e implantação da logística reversa
CONHECIMENTO E GESTÃO
159
para destinação correta dos resíduos sólidos de pós-consumo, a fim de garantir
a sustentabilidade das empresas e da própria sociedade. Conforme relata Pereira
(2012),
[...] quando se fala em sustentabilidade e resíduos, os descartes
interferem em todas as perspectivas sustentáveis. Resíduos são
matérias-primas não aproveitadas, sendo um problema econômico.
Quando mal administrados, podem se converter em um problema
social ao causar danos à saúde coletiva. Do ponto de vista
ecológico, os resíduos podem ser fonte de poluição e contaminação
do meio ambiente (PEREIRA, 2012, p. 159).
2.2 A CONTRIBUIÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA DE ELETRÔNICOS PARA A
SUSTENTABILIDADE
Segundo Leite (2009), a velocidade de descarte dos produtos pós-
consumo cresce rapidamente, aumentando a quantidade de produtos que não
são reaproveitados em parte ou na sua totalidade. Entretanto, o crescimento da
preocupação da sociedade com as questões ambientais influencia governos e
empresas a agirem de modo a causar menores impactos danosos ao meio
ambiente, de modo que seja possível beneficiar a sociedade e a própria empresa.
Os resíduos eletroeletrônicos representam riscos ao meio ambiente ao
serem descartados de forma incorreta, pois contém elementos tóxicos como
metais pesados em sua composição.
Com a consolidação do marketing orientado para o consumidor, a
percepção dos clientes para produtos defeituosos tornou-se mais aguçada e,
com isso, surgiu a necessidade de estabelecer procedimentos para atender a
essa nova demanda de retorno dos produtos ao fabricante.
Ballou (2011) cita a sanção das Normas de Segurança de Produtos de
Consumo, pelo congresso americano, em 1972. Essas normas fixam padrões
obrigatórios de segurança dos produtos e, segundo o autor, tanto consumidores
quanto indústrias estão conscientizados sobre a necessidade desses padrões de
qualidade, já que o descumprimento das regras pode gerar penalidades civis ou
até mesmo prisão.
A preocupação com o meio ambiente passa a crescer junto com a
população e a industrialização. Uma das principais questões é a da reciclagem
de resíduos sólidos.
160
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
O mundo industrializado criou sofisticados canais e distribuição
para matérias-primas e produtos acabados, porém deu-se pouca
atenção para a reutilização desses materiais de produção. Com
exceção, temos a reciclagem das latas de alumínio e de sucata de
aço dos automóveis. O grande crescimento no emprego de
embalagens e produtos descartáveis evidencia a pouca
preocupação com a reciclagem. É geralmente mais barato usar
matéria-prima virgem do que material reciclado, em parte pelo
pouco desenvolvimento de canais de retorno, que ainda são menos
eficientes do que os canais de distribuição de produtos. Isso deve
mudar, pois (1) o público em geral está ficando mais consciente do
desperdício, (2) a quantidade de resíduo sólido tem aumentado e
(3) a matéria-prima original está ficando mais cara e menos
abundante (BALLOU, 2011, p. 384).
Também segundo Ballou (2011), os resíduos sólidos como fontes de
matéria-prima ainda são bastante desprezados nessa época. Isso se nota pela
menor atenção dada aos canais de distribuição reversos.
Há, em primeiro lugar, uma estrutura de intermediários no canal
reverso que ainda não é especialmente bem desenvolvida e
eficiente. Centros de reciclagem, depósitos para resíduos e rejeitos,
especialistas em coleta de lixo e centrais de reaproveitamento da
manufatura são apenas alguns dos pontos de entrada para o canal
de retromovimentação e que ainda devem ser desenvolvidos. Além
disso, deve existir uma estrutura de fretes mais favorável. É comum
que os fretes de matéria-prima virgem sejam menores do que para
materiais reciclados. Como esses fretes dependem de fatores como
volume movimentado, competição, facilidade de manuseio do
produto e poder de barganha de usuários e transportadores, os
custos de transporte deverão cair à medida que os canais de
reciclagem forem sendo mais utilizados (BALLOU, 2011, p. 385).
O aperfeiçoamento constante da tecnologia e a redução de custos de
produção, apoiada pelas modernas técnicas de gestão, permitiram a
disponibilização cada vez mais rápida de novos produtos e a maior
acessibilidade a estes, o que promove a descartabilidade dos bens. Leite (2009)
confirma esta ideia ao afirmar que:
Principalmente após a Segunda Guerra Mundial, o acelerado
desenvolvimento tecnológico experimentado pela humanidade
permitiu a introdução constante, e com velocidade crescente, de
novas tecnologias e de novos materiais que contribuem para a
melhoria do desempenho técnico, para a redução de preços e dos
CONHECIMENTO E GESTÃO
161
ciclos de vida útil de grande parcela dos bens de consumo duráveis
e semiduráveis. Esses materiais, essas tecnologias e a
obsolescência mercadológica planejada permitem a satisfação dos
conceitos de diferenciação entre as empresas no mercado. O
acelerado ímpeto de lançamento de inovações no mercado cria um
alto nível de obsolescência desses produtos e reduz seus ciclos de
vida, com clara tendência à descartabilidade (LEITE, 2009, p. 39).
O alto índice de obsolescência tratado acima ocasiona grande aumento
de descarte de produtos eletrônicos no meio ambiente. Miguez (2012) relata que
no mundo todo, a taxa de geração de lixo eletrônico é crescente. Dessa forma, o
autor defende que:
Prover vida extra aos produtos significa que, para qualquer período
de tempo, haverá menos produção, menos resíduos e, quando os
resíduos de pós-consumo forem perigosos, como é o caso de
produtos eletrônicos, haverá menos substâncias perigosas geradas.
Para o planeta, reuso significa que menos matérias-primas serão
usadas, menos energia consumida e menos poluição haverá nas
três fases do ciclo de vida, que são: extração de matérias-primas,
fabricação e descarte/reciclagem, na maioria dos casos (MIGUEZ,
2012, p. 24)
Em outro momento, Miguez (2012) acrescenta que a logística reversa
impacta diretamente na melhoria do ambiente, reduzindo a quantidade de
materiais perigosos em aterros, lixões e até córregos a céu aberto. Além disso,
destaca-se o efeito positivo da logística reversa para o meio ambiente ao
proporcionar o recolhimento e reaproveitamento de produtos, reduzindo o uso de
matéria-prima virgem. Isto reduz a extração de recursos minerais e energéticos.
2.3 A RIQUEZA ESCONDIDA NO LIXO
Miguez (2012) expõe que as empresas desenvolvem a logística reversa,
pautadas em diversos fatores como a conscientização dos consumidores, a
pressão do governo, a legislação, a responsabilidade ambiental e a geração de
lucro. Na maioria dos casos, a geração de lucro é um dos fatores que motivam
as empresas.
O artigo 42 da Lei 12.305/2010 trata dos instrumentos econômicos e
apresenta a possibilidade para o poder público de instituir medidas indutoras e
linhas de financiamento, para atender de modo prioritário, entre outras, iniciativas
de:
162
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
[...] I - prevenção e redução da geração de resíduos sólidos no
processo produtivo;
II - desenvolvimento de produtos com menores impactos à saúde
humana e à qualidade ambiental em seu ciclo de vida;
[...]
V - estruturação de sistemas de coleta seletiva e de logística
reversa;
[...]
VII - desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias
limpas aplicáveis aos resíduos sólidos;
VIII - desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e
empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao
reaproveitamento dos resíduos (BRASIL, 2010b).
Com a finalidade de fomentar essas iniciativas, o Decreto 7.404/2010,
que regulamenta a Lei 12.305/2010, apresenta as medidas a serem adotadas:
Art. 80. As iniciativas previstas no art. 42 da Lei nº 12.305, de
2010, serão fomentadas por meio das seguintes medidas indutoras:
I - incentivos fiscais, financeiros e creditícios;
II - cessão de terrenos públicos;
III - destinação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e
entidades da administração pública federal às associações e
cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, nos termos
do Decreto no
5.940, de 25 de outubro de 2006;
IV - subvenções econômicas;
V - fixação de critérios, metas, e outros dispositivos
complementares de sustentabilidade ambiental para as aquisições e
contratações públicas;
VI - pagamento por serviços ambientais, nos termos definidos na
legislação; e
VII - apoio à elaboração de projetos no âmbito do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo - MDL ou quaisquer outros mecanismos
decorrentes da Convenção Quadro de Mudança do Clima das
Nações Unidas.
Parágrafo único. O Poder Público poderá estabelecer outras
medidas indutoras além das previstas no caput.
Art. 81. As instituições financeiras federais poderão também criar
linhas especiais de financiamento para:
I - cooperativas ou outras formas de associação de catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis, com o objetivo de aquisição de
máquinas e equipamentos utilizados na gestão de resíduos sólidos;
II - atividades destinadas à reciclagem e ao reaproveitamento de
resíduos sólidos, bem como atividades de inovação e
desenvolvimento relativas ao gerenciamento de resíduos sólidos; e
III - atendimento a projetos de investimentos em gerenciamento de
resíduos sólidos (BRASIL, 2010a).
CONHECIMENTO E GESTÃO
163
Outra forma de reduzir custos da produção é apresentada por Miguez
(2012). Segundo o autor, um produto pode ser canibalizado, ou seja, ter “suas
peças e componentes inseridos no estoque de produção, servindo como
matéria-prima para novos produtos.” (MIGUEZ, 2012, p.20). Também é
reforçada pelo autor a importância de considerar no planejamento e controle da
produção a disponibilidade dessas peças e componentes. “Devemos fazer com
que os responsáveis pela ordem de produção contem com os produtos
retornados na hora de se calcular o material necessário para a fabricação de
determinado produto” (MIGUEZ, 2012, p.21).
A reutilização é vantajosa sob o ponto de vista financeiro, pois é um
processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação
biológica, física ou físico-química, dispendendo custo baixo, porquanto se
investe apenas na desmontagem do produto, para retirada das partes que serão
incluídas novamente no processo produtivo.
Leite (2009) comenta sobre o valor econômico em alguns canais
reversos de reciclagem. Para o autor
[...] tem-se a substituição de matérias-primas primárias por
secundárias em cadeias reversas de reciclagem, nas quais é
possível avaliar a parcela representada pelas matérias-primas
secundárias nas vendas totais do setor. Contrariamente à ideia de
valorizar esses retornos pelo valor dos bens de pós-consumo, em
geral muito baixos, nossa valorização é feita por meio do percentual
de utilização de matérias-primas secundárias no total da economia
do setor, avaliando, dessa maneira, o valor efetivo da economia da
cadeia produtiva direta (LEITE, 2009, p. 29).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Com o intento de subsidiar o leitor para análise e conclusões sobre a
importância da logística reversa de resíduos sólidos, sobretudo os
eletroeletrônicos, na produção desse artigo foi utilizado o tipo de pesquisa
bibliográfica, consistente no exame da bibliografia, para o levantamento e análise
do material que já foi produzido sobre o tema.
O objetivo de uma pesquisa bibliográfica, segundo Köche (2006, p. 122)
é “conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes sobre um
determinado tema ou problema, tornando-se instrumento indispensável a
qualquer tipo de pesquisa”.
164
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
É possível afirmar que há o levantamento bibliográfico, que será a
primeira etapa de qualquer pesquisa, e que se constitui na “base para as demais
pesquisas e pode-se dizer que é uma constante na vida de quem se propõe a
estudar.” (FACHIN, 2001, p. 125). Por outro lado, há a pesquisa bibliográfica,
que é uma pesquisa propriamente dita, a qual pode ser utilizada com diversas
finalidades.
Köche (2006) apresenta algumas finalidades da pesquisa bibliográfica:
a) Para ampliar o grau de conhecimentos em uma determinada área,
capacitando o investigador a compreender ou delimitar melhor um
problema de pesquisa; b) para dominar o conhecimento disponível e
utilizá-lo como base ou fundamentação na construção de um
modelo teórico explicativo de um problema, isto é, como
instrumento auxiliar para construção e fundamentação das
hipóteses; c) para descrever ou sistematizar o estado da arte,
daquele momento, pertinente a um determinado tema ou problema”
(KÖCHE, 2006, p. 122).
O presente artigo se propõe a conhecer e analisar o material teórico já
disponível sobre o tema, buscando contribuir e ampliar a discussão sobre
logística reversa de lixo eletrônico no Brasil.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A logística reversa discorre sobre o processo logístico que trata do
gerenciamento inteligente do recolhimento de produtos, com a finalidade de
descarte, recuperação ou reciclagem. É uma alternativa para as empresas
recobrarem os materiais e produtos descartados, sendo uma ferramenta
fundamental para as organizações que desejam atender seus clientes de maneira
sustentável, satisfazer os consumidores e manter um negócio econômica e
ambientalmente viável. Além disso, é uma necessidade prevista na legislação
nacional. Do mesmo modo é importante considerar que o processo reverso
logístico também atenua o problema de escassez de matéria-prima, barateando
o processo produtivo. Assim, os elos entre desempenho ambiental,
competitividade e resultados financeiros finais estão crescendo a cada dia.
Empresas fazem do desempenho ambiental superior, demonstrando
práticas denotativas de sua preocupação com a preservação do meio ambiente,
uma arma competitiva. Com o aumento da consciência ecológica, a sociedade
espera das empresas a redução dos impactos negativos de sua atividade ao
CONHECIMENTO E GESTÃO
165
meio ambiente, o que está induzindo o desenvolvimento de produtos
ecologicamente corretos e uma nova postura das empresas em relação aos
resíduos produzidos no seu negócio.
REFERÊNCIAS
BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: transportes, administração de
materiais, distribuição física. 25. reimp. São Paulo: Atlas, 2011.
BRASIL. Decreto nº 7.404/2010, de 23 de dezembro de 2010. Regulamenta a
Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos
Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística
Reversa, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/decreto/d7404.htm>. Acesso em: 22 mai. 2016.
BRASIL. Lei nº 12.305/2010, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional
de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá
outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>.
Acesso em: 01 mai. 2016.
FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e
prática da pesquisa. 23.ed. Petrópolis: Vozes, 2006.
LAKATOS, Maria Eva. MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho
cientifico. 4 ed. São Paulo. Revista e Ampliada. Atlas, 1992.
LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. 2.
Ed. São Paulo: Pearson, 2009.
MIGUEZ, Eduardo Correia. Logística reversa como solução para o problema do
lixo eletrônico: benefícios ambientais e financeiros. Rio de Janeiro: Qualitymark
Editora, 2012.
PEREIRA, André Luiz. et. al. Logística reversa e sustentabilidade. São Paulo:
Cengage Learning, 2012.
166
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
ARBITRAGEM COMO ALTERNATIVA À MOROSIDADE DO JUDICIÁRIO
THAIS LILIANE DOS SANTOS1
LEANDRO MITSUO AZUMA2
RESUMO
O presente artigo conceituou o instituto da arbitragem, demonstrando os
benefícios de sua aplicabilidade na solução de conflitos, bem como sua
legalidade. Trata-se de instituto que tem crescido no Brasil, na medida em que o
Poder Judiciário encontra-se cada vez mais obstruído e abarrotado. Apesar das
constantes mudanças na legislação brasileira, o instituto da arbitragem
permanece regulamentado em lei, garantindo segurança para as partes
envolvidas em conflitos. Para a produção deste trabalho foi utilizada a pesquisa
bibliográfica, tendo como pretensão de resultado explorar brevemente o instituto
sem a intenção de esgotar o tema. Chegou-se à conclusão que a arbitragem
apresenta-se como alternativa viável e vantajosa em busca de solução de litígios.
Palavras-chave: Judiciário. Arbitragem. Conflito. Solução.
1 INTRODUÇÃO
No convívio social, naturalmente ocorrem conflitos de interesses, que
muitas vezes são resolvidos pelos próprios conflitantes. No entanto, quando não
é possível fazê-lo, comumente se recorre ao judiciário, compondo o que se
chama de litígio ou lide.
Ocorre que o Poder Judiciário passa por uma profunda crise estrutural.
Um exemplo da deficiência do sistema jurídico brasileiro é o quadro de juízes,
reduzido e insuficiente, ante o grande número de processos que são
protocolizados diariamente. Existe ainda, a possibilidade de interposição de
inúmeros recursos, que faz com que os processos judiciais se arrastem ao longo
de tempo. Sendo assim, o litigante, ao procurar a “justiça”, já sabe que seu
1 Graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá; Pós-Graduação em
Auditoria e Controladoria pela Unifamma. 2 Graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Paraná; Graduação em Direito
pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
CONHECIMENTO E GESTÃO
167
problema não será resolvido com rapidez, frustrando sua expectativa de
resolução de conflitos.
O presente artigo vem justamente apresentar uma modalidade alternativa
de solução de conflitos que auxilia o sistema judiciário, que é a arbitragem. Esse
método extrajudicial tem como principais características a agilidade, economia e
eficácia na solução das controvérsias.
Para tanto, abordou neste referencial teórico a relação entre litígios e o
poder judiciário, o conceito de arbitragem, noções gerais da Lei nº 9.307/96, que
trata deste instituto, as vantagens da utilização da Arbitragem como método de
resolução de conflitos, a metodologia utilizada para criação deste artigo que será
uma pesquisa bibliográfica e, por fim, considerações finais sobre o tema.
2 ARBITRAGEM
2.1 LITÍGIO E O PODER JUDICIÁRIO
O litígio ocorre naturalmente devido a divergências de opiniões e
interesses. Havendo a discordâncias entre as partes envolvidas, historicamente,
o Estado toma para si a titularidade da solução de conflitos, por meio da via
judicial. Nesse sentido, segundo Bacellar (2012, p. 20):
No desiderato de assegurar acesso à justiça, quando houver
descumprimento da lei, abuso, desrespeito a convenções e quebra
de princípios, terá o Poder Judiciário de promover o ajuste de
interesses com a resolução da lide sempre descrita como – um
conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida ou
insatisfeita.
Ocorre que, hodiernamente, a prestação jurisdicional tem se mostrado
ineficiente ante a velocidade das demandas da sociedade. Conforme Bacellar
(2012, p. 30), “aumentam-se a população e o número de casos ajuizados (e por
consequência a morosidade) sem que os tribunais consigam atenuar ou resolver
o que se costumou denominar crise da justiça ou crise do Poder Judiciário”.
A estrutura judiciária já não comporta tantos processos, o que a tornou
sobrecarregada e morosa. Somem-se a isso normas ineficazes à realidade e um
excessivo leque de recursos e o resultado é um estrangulamento do sistema.
No entanto, algumas medidas podem ajudar a “desafogar” o judiciário.
Especialistas no assunto - Scavone, Bacellar e Carmona, por exemplo -
168
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
denominam tais medidas como métodos alternativos de solução de conflitos. Há
vários benefícios com a adoção dessas medidas, e focou em apresentar uma
delas, qual seja, a arbitragem.
2.2. CONCEITO DE ARBITRAGEM
O Instituto da arbitragem surgiu há muito tempo, antes mesmo de existir
um sistema jurídico como conhecemos hoje. Com o passar dos anos, esse
instituto foi sendo modificado, atualizado, para se adaptar as novas realidades e
necessidades da sociedade. Foi em 1939 que o instituto da arbitragem, através
de sua previsão no Código de Processo Civil (arts. 1031 à 1046 do CPC de
1939), foi trazido para dentro do ordenamento jurídico brasileiro com um
conceito mais parecido com o atual.
Alguns importantes doutrinadores, em tempos mais modernos,
estudaram o tema e o conceituaram de forma mais completa.
Para Scavone Jr (2014, p.15) “a arbitragem é um dos mais antigos
meios de composição de conflitos pela heterocomposição, ou seja, a solução do
conflito por um terceiro imparcial”. Diferentemente da autocomposição – que
também é conceituada pelo referido autor - em que as próprias partes põem fim
às suas pendências, a arbitragem necessita de uma terceira parte para que o
litígio seja resolvido.
Scavone Jr. ainda traz um conceito mais completo, definindo a
arbitragem como:
O meio privado e alternativo de solução de conflitos decorrentes de
direitos patrimoniais e disponíveis por meio do árbitro, normalmente
um especialista na matéria controvertida, que apresentará uma
sentença arbitral que constitui título executivo judicial (SCAVONE,
2014, p. 16).
No mesmo sentido Bacellar (2012, p. 121) assim ensina sobre o
instituto da arbitragem:
A arbitragem pode ainda ser definida (nossa posição) como a
convenção que defere a um terceiro, não integrante dos quadros da
magistratura oficial do Estado, a decisão a respeito de questão
conflituosa envolvendo duas ou mais pessoas. Para que se instaure
a arbitragem, é essencial o consentimento das partes: enquanto o
CONHECIMENTO E GESTÃO
169
juiz retira seu poder da vontade da lei, o árbitro só o conquista pela
submissão da vontade das partes.
Ambos os conceitos acima expostos, quando interpretados de forma
conjunta, ensinam que a arbitragem é uma opção das partes, que buscam a
solução de um conflito em um árbitro, um terceiro não envolvido no problema,
mas com conhecimento notável da matéria e que, tendo em vista a vontade
expressa das partes, decidirá sobre o assunto em uma sentença arbitral, que
nada mais é que um título executável judicialmente.
Portanto, é um mecanismo privado em que um terceiro profere uma
decisão acerca de um conflito. Tal decisão é destinada “a assumir a mesma
eficácia da sentença judicial” (CARMONA, 1993, p. 19), ou seja, não é uma
sentença proferida por um juiz, mas possui força de tal, e se não for cumprida,
poderá ser executada judicialmente pelas partes.
O instituto da arbitragem deve ter seu conceito atualizado e aprimorado
de acordo com as normas e termos do Novo Código de Processo Civil. Agora, a
arbitragem passa a ter mais força como um instituto jurisdicional reconhecido e
constitucionalmente aceito.
2.3. LEI 9.307/96
A lei 9.307/96, também conhecida como Lei da Arbitragem, surge em
face da indispensabilidade de regulamentação legal do instituto. Com sua
popularização, surgiu a necessidade de normatizar o instituto, para que houvesse
uma garantia maior de justiça na sua utilização.
Assim, o instituto da arbitragem passou a compor o ordenamento
jurídico brasileiro de forma integral, sem necessidade de outras normas
complementares para sua aplicação. Observando o panorama jurídico brasileiro
e tendo em vista a problemática do nosso sistema judiciário, a arbitragem surge
como uma opção célere e econômica na resolução de conflitos, conforme
ensina Helena Patrícia Freitas.
De acordo com Guilherme (2012, p. 66):
A lei de arbitragem é um diploma dinâmico, enxuto e atual, e surge
como ponto de partida para a prática da arbitragem no Brasil.
Ademais, a prática de arbitragem traz bons exemplos de justiça,
sigilo, celeridade e economia para as partes.
170
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Tal lei trouxe importantes mudanças ao instituto. Antes havia “dois
grandes empecilhos que atrasavam o desenvolvimento da arbitragem: a)
obrigatoriedade da homologação judicial das decisões arbitrais; b) falta de
obrigatoriedade e executividade da cláusula compromissória.” (BACELLAR,
2012, p. 122 -123). Atualmente não é mais necessária a atuação do juiz togado,
consolidando a competência do árbitro.
Segundo Scavone Jr (2014, p. 85), “se as partes convencionarem a
arbitragem, em razão da manifestação volitiva, livre e consciente, pelo princípio
da autonomia da vontade, o que foi estabelecido entre elas se torna obrigatório:
pacta sunt servanda”.
Além do mais, o legislador brasileiro apresentou três conceitos
interessantes na Lei nº 9.307/96 para o entendimento da arbitragem,
Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus
litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim
entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.
Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as
partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem
os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.
[...]
Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as
partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas,
podendo ser judicial ou extrajudicial.
Pois bem, a convenção de arbitragem vem a ser uma modalidade pela
qual as partes convencionam solucionar seus litígios em substituição à justiça
comum. Scavone Jr (2014, p. 89) ensina que “convenção de arbitragem é
gênero do qual são espécies a cláusula arbitral (ou cláusula compromissória) e o
compromisso arbitral”.
Guilherme (2012) diferencia superficialmente essas duas espécies
alegando que “a cláusula diz respeito a litígio futuro e incerto e o compromisso, a
litígio atual e específico”.
A Lei de arbitragem prevê, ainda, um procedimento arbitral
independente, mas com um rito muito parecido com o do processo judicial. As
partes são apresentadas a arbitragem e optam por ela. Embora caiba as partes
escolherem quem irá presidir o rito, o escolhido deverá se basear em princípios
constitucionais, como do contraditório, igualdade, imparcialidade, entre outros.
Tentativas de conciliação deverão ocorrer, sob pena de nulidade, e a
representação das partes por meio de advogados não é obrigatória, mas, tendo
CONHECIMENTO E GESTÃO
171
uma parte decidido por assim fazer, à outra deverá ser dado a mesma
oportunidade.
As partes podem, como no rito judicial, fazer arguições de
incompetência, suspeição, impedimento em relação ao próprio arbitro e de
questões prejudiciais, em relação a direitos indisponíveis.
O árbitro pode determinar a produção de provas, que poderão ser
depoimento de testemunhas, interrogatório das partes, confissão, documentais,
ou outras que lhe pareçam indispensáveis.
Finalmente, podem ainda ser analisados pedidos contrapostos, medidas
de urgências, revelia e intervenção de terceiros, tudo devidamente fundamentado
na Lei de Arbitragem, no Código de Processo Civil e na Constituição Federal.
A sentença arbitral deverá ser emitida no prazo de 6 meses, salvo se as
partes convencionarem de forma diferente, conforme dita o artigo 23 da Lei
9.307/96. Quanto às sentenças que forem proferidas, estas não estão sujeitas a
recursos ou a homologação pelo judiciário, a menos que a discussão se refira a
aspectos formais.
É importante frisar o enorme privilégio que a lei da arbitragem trouxe
para o sistema jurídico brasileiro e para o dia a dia das pessoas que se
beneficiam dela. A regulamentação do instituto trouxe segurança para os
envolvidos e apesar de existirem alterações no Novo Código de Processo Civil, a
lei ainda permanecerá como um marco e um norte para conduzir os
comprometidos com a justiça no Brasil.
2.4 VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA ARBITRAGEM
Para apurar as vantagens da utilização da arbitragem é necessário
compará-la ao sistema judiciário. Segundo Lima (2008, p. 20), podem ser
citados os seguintes benefícios: eficiência, conveniência, custo e celeridade.
O poder judiciário encontra-se abarrotado de processos, e não há boa
expectativa de melhora em um curto prazo. De acordo com Lima (2008, p. 21) o
grande volume de trabalho “não permite um grau adequado de especialização de
parte do magistrado”. O mesmo autor, um pouco mais adiante, complementa
que:
Na arbitragem, as partes estão autorizadas a indicar árbitros
detentores de conhecimento técnico na matéria objeto do processo
arbitral, fazendo com que as perspectivas de decisões tecnicamente
172
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
acertadas sejam muito superiores àquelas das sentenças proferidas
pelo Judiciário (LIMA, 2008, p. 21).
No que diz respeito à conveniência, a vantagem da arbitragem para as
partes se dá pelo sigilo, pois não há a obrigatoriedade da publicidade. Bacellar
(2012, p. 134) ensina que, “enquanto a legislação processual é impositiva no
sistema judiciário, na arbitragem as partes decidem sobre as regras de
procedimento e critérios de julgamento, desde que não contrariem normas de
ordem pública e os bons costumes”.
O custo do procedimento arbitral possui relação com o tempo
despendido, já que é mais célere e menos burocrático, tendendo a ser mais
barato que outros meios de resolução de conflitos. O artigo 23 da Lei de
Arbitragem estipula que: “A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado
pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da
sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da
substituição do árbitro.” Sobre o tempo despendido:
A tendência, portanto, é que o processo arbitral seja mais célere,
principalmente se considerarmos que a sentença arbitral é, pelo
menos em princípio, final, mas uma sentença do Poder Judiciário
[geralmente] pode ser objeto de recurso e de outro recurso para os
tribunais superiores e muito tempo pode passar até que a palavra
final seja dita (LIMA, 2008, p. 23).
Visto isso, observa-se que a utilização da arbitragem é benéfica em
várias situações conflituosas, tendendo a ser uma solução pacífica, com fins de
preservação de relações contratuais.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Através de bibliografia atualizada e especializada, artigos e pesquisas
feitos por meio de internet, atingiu-se o grau de profundidade necessário para a
produção deste trabalho, cujo objetivo era um estudo geral sobre o instituto da
arbitragem e algumas principais considerações sobre o tema.
Segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 183):
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda
bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde
publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
CONHECIMENTO E GESTÃO
173
monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de
comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e
audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o
pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou
filmado sobre determinado assunto, inclusive conferencias seguidas
de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer
publicadas, quer gravadas.
O tema é bastante discutido nas esferas jurídicas e com o advento do
novo CPC, trazendo novas considerações a serem somadas as preexistentes,
muito material bibliográfico de qualidade está sendo produzido pela comunidade
legal brasileira.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, resta clara a crise em que o judiciário se encontra,
principalmente quando analisamos o tamanho da demanda de litígios que a ele é
imposto diariamente.
Conforme se aprendeu ao produzir este trabalho, a arbitragem é uma
opção válida, eficaz e menos custosa para a solução de conflitos. Estando as
partes de acordo e manifestando sua vontade de utilizar esse método, ele deve
ser aplicado sem ressalvas.
Sua utilização está toda regulamentada em lei, o que traz segurança
para as partes que dele fazem uso e, com o advento do Novo Código de
Processo Civil e as mudanças que ele trouxe em relação ao tema, a prática da
arbitragem continua sendo um ótimo e seguro meio de convenção extrajudicial.
Assim, quando as partes não conseguem chegar a um consenso
sobre determinada pendência, e existe a possibilidade de resolução extrajudicial
do problema, deve-se incentivar a utilização da arbitragem para que a lide seja
solucionada de forma mais célere e eficaz.
REFERÊNCIAS
BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva,
2012.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado Federal, 5 out. 1988.
174
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
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São Paulo: Saraiva, 2012.
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metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
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Janeiro: Forense, 2008.
SCAVONE JUNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem. 5. ed. rev., atual. e ampl.
Rio de Janeiro: Forense, 2014.
CONHECIMENTO E GESTÃO
175
ESTUDO SOBRE O CONSUMO DA CARNE OVINA
NA REGIÃO DE LONDRINA-PR
YONY BRUGNOLO ALVES1
FRANCISCO FERNANDES JÚNIOR2
RESUMO
Durante muitos anos a comercialização da carne ovina foi desorganizada, com
abate de animais de baixa qualidade. Isto criou uma imagem desfavorável ao
produto. À medida que este cenário muda, a carne ovina recebe mais destaque,
principalmente a carne de cordeiros que atende a nichos de mercado nos
grandes centros urbanos. Objetivou-se com este trabalho mensurar o consumo e
aceitabilidade da carne ovina na região de Londrina - PR, de acordo com o
gênero, idade, nível de escolaridade e renda familiar das pessoas entrevistadas,
assim como avaliar os parâmetros sensoriais da carne ovina segundo
consumidores sem a informação da espécie animal, visando indicar ações
norteadoras para a cadeia produtiva de ovinos de corte. Foram entrevistadas um
total de 951 habitantes e realizado um estudo de consumidores com 134
habitantes, ambos de Londrina e região, durante a Exposição Agropecuária e
Industrial de Londrina, no ano de 2014. Os principais motivos de não consumir a
carne é a falta de costume 44,1% seguido do fato de não gostar 39,8%. O motivo
pelo qual não gostam da carne é o cheiro forte do animal 44,8% seguido pelo
sabor adocicado 20,2%. Quanto à aceitabilidade da amostra, 47,01% dos
consumidores marcaram a carne como gosto muito, seguido por 26,87% que
marcaram como gosto extremamente, apenas 2,25% dos consumidores
marcaram a carne como desagradável. Observa-se que a grande barreira para
aumentar o consumo da carne ovina é a falta de costume e experiências ruins
que levam ao não consumo.
Palavras-chave: Abate. Cordeiro. Comércio. Qualidade.
1 INTRODUÇÃO
O mercado consumidor busca a cada dia por diferentes alternativas de
fonte de proteína animal, e os ovinos são ruminantes com alta capacidade para
1 Mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio pela Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – UNIOESTE. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Maringá –
UEM. 2 Zootecnista, Mestre em Ciência Animal, Doutorando em Ciência Animal pela Universidade
Estadual de Londrina - UEL.
176
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
se alimentarem exclusivamente de pastagem e produzirem proteína de alto valor
biológico (PACHECO; QUIRINO, 2008).
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO, 2015), a estimativa do rebanho ovino brasileiro no ano de
2013 era de cerca de 17,3 milhões de cabeças de ovinos, o que correspondia a
aproximadamente 1,5% do rebanho mundial. No ano de 2013 o Paraná possuía
737.392 cabeças de ovinos, que representava 4,3% do rebanho nacional (IBGE,
2013), em que o interesse principal era a criação de cordeiros para produção de
carne.
De acordo com o Ministério da Agricultura Pecuária e abastecimento
(MAPA, 2015), estima-se que o consumo de carne ovina é de 0,7
kg/habitante/ano, muito abaixo do consumo de carne bovina, suína e de aves. O
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2005),
registra que o baixo consumo de carne ovina no Brasil se deve a falta de hábito
do consumidor, as irregularidades das ofertas, a qualidade inadequada do
produto colocado à venda e à má apresentação do produto oferecido no
mercado interno.
É possível que as estatísticas relativas ao consumo de carne ovina
sejam subestimadas, devido a grande maioria dos abates ainda acontecerem de
forma clandestina, sem qualquer tipo de inspeção, esse fato não permite que se
possa fazer estimativas confiáveis sobre o tamanho real do mercado brasileiro
para carne ovina.
Durante muitos anos a comercialização da carne ovina foi
desorganizada, com abate realizado de forma incorreta e abate de animais
velhos, levando a comercialização de carne com baixa qualidade, criando uma
imagem desfavorável ao produto. À medida que este cenário muda, a carne
ovina recebe mais destaque, principalmente a carne de cordeiros.
O conhecimento do comportamento das pessoas em relação à carne
ovina é um ponto crucial para o desenvolvimento dos sistemas produtivos, a fim
de fornecer informações aos produtores, cooperativas e associações, de quais
indivíduos são os potenciais consumidores desta carne, determinando os nichos
de mercado para distribuição dos produtos e orientando a ações de marketing.
Objetivou-se com este trabalho mensurar o consumo e aceitabilidade da
carne ovina na região de Londrina - PR, de acordo com o gênero, idade, nível de
escolaridade e renda familiar das pessoas entrevistadas, assim como avaliar os
parâmetros sensoriais da carne ovina segundo consumidores sem a informação
CONHECIMENTO E GESTÃO
177
da espécie animal, visando indicar ações norteadoras para a cadeia produtiva de
ovinos de corte.
2 COMERCIALIZAÇÃO DA CARNE OVINA
Os índices de informalidade na comercialização da carne ovina são
superiores ao abate oficializado, sendo estimulada por uma fiscalização
insuficiente. A informalidade no varejo traduz na aquisição de produtos sem
inspeção sanitária. Na indústria, implica na falta de comunicação da
movimentação de animais aos órgãos de defesa sanitária, aquisição de animais
doentes, ausência de inspeção durante o abate, transporte inadequado quanto
aos padrões de embalagem e de refrigeração de produto (SORIO; RASI, 2010).
Além do que, entregam ao mercado consumidor produtos despadronizados e
sem garantia de qualidade.
O produtor de ovinos geralmente trabalha com a criação em ciclo
completo, ou seja, faz cria, recria e engorda. Os acordos com as cooperativas
são de entrega de cordeiros, animais que vão para o abate com três a cinco
meses de idade, com carcaças bem acabadas. Garantindo desta forma carcaças
homogêneas e de qualidade garantida.
Entretanto, quando se trabalha com ciclo completo a cada estação de
nascimento são separados algumas borregas e borregos para reposição de
ovelhas e carneiros. Após a seleção dos melhores animais, ele acaba com
algumas borregas ou machos inteiros com dois anos. Outro ponto importante
são os animais de descarte, geralmente uma taxa de descarte de 15 a 20% ao
ano (CAVALCANTE; LÔBO, 2005). São matrizes no fim da sua vida produtiva.
Estas três classes geralmente não são aceitas pelas cooperativas, e o
produtor acaba por não ter escolha a não ser vender para um atravessador – a
preços muito baixos - que provavelmente irá realizar um abate clandestino e
distribuir nos centros de varejo a preço mais baixo do que a carne inspecionada.
Esta carne acaba prejudicando a imagem da carne ovina, influenciando
negativamente no aumento do consumo pela população e na competitividade
desta proteína em frente a outras proteínas de origem animal (BRESSAN, et al.,
2001).
Quando se avalia a carcaça de animais mais velhos, como ovelhas de
descarte, têm-se então vários problemas de qualidade. As carcaças apresentam
178
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
excesso de gordura, a cor da carne é mais escura, carne mais firme, e
apresentam um sabor e aroma mais acentuados (BESERRA, 1999).
O primeiro ponto negativo destas carcaças é o excesso de gordura
acumulada, que significa desperdício no toalet da carcaça e preparo dos cortes
para venda e consumo (FRANÇOIS, 2009). Outro ponto negativo é a tonalidade
da carne, que se apresenta mais escura do que a carne de cordeiro.
Como solução para agregar valor a esta carne e vendê-la como produto
de qualidade, pode-se ao invés de trabalhar com os cortes tradicionais, fazer
cortes diferenciados e temperados em porções menores para facilitar o preparo
desta carne pelo consumidor. Como, por exemplo, com os pernis e paletas
podem ser feitos discos temperados para grelha. O carré pode ser maturado, as
costelas também podem ser vendidas temperadas e cortadas em porções
menores e do pescoço pode fazer salames, linguiças, hambúrgueres, enfim
todas as formas de embutidos e defumados.
Na produção de ovinos não é prioritário a castração dos machos, já que
estes são abatidos antes do início da maturidade sexual. Entretanto deve-se ter
em mente que quando se trabalha com animais precoces como Texel, Dorper,
entre outros; a maturidade sexual pode ter início aos quatro ou cinco meses de
idade. E muitas vezes o confinamento pode não dar o ganho de peso esperado,
fazendo com que aumente o período de terminação destes animais, podendo,
desta forma, chegarem ao início da maturidade sexual.
Outro ponto importante e que pode ser confundido com o “odor de
macho” é a questão da suarda. A suarda é uma substância gordurosa semi-
fluída que é produzida pelas glândulas sebáceas e sudoríparas e fica aderida no
pelo ou lã dos ovinos. Na retirada da pele do animal no frigorífico a parte externa
da pele não deve entrar em contato com a carne dos animais; no caso do
funcionário que realiza a esfola, a mão que puxa a pele não deve ser encostada
na carcaça. Quando isto ocorre, a carcaça e carne deste animal acabam com um
odor que não sai no cozimento da carne e que novamente prejudica o paladar.
No frigorífico a esfola pode ser feita manual ou mecanicamente; na
maioria dos frigoríficos que abatem ovinos, por ser uma carcaça pequena e de
fácil manuseio a esfola é manual utilizando-se de facas tradicionais. Este tipo de
faca exige uma destreza muito grande do funcionário, para que a gordura não
seja retirada e os músculos não sejam danificados. Uma forma de facilitar o
trabalho, preservando a qualidade da carcaça e reduzindo a probabilidade de
contaminar a carcaça com a suarda é a utilização de facas elétricas ou
CONHECIMENTO E GESTÃO
179
pneumáticas. Lembrando que o DIPOA/DAS exige que entre cada animal as
facas sejam esterilizadas a 85°C, o que também retira qualquer sujidade das
facas (GOMIDE; RAMOS; FONTES, 2006).
3 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
3.1 TÉCNICA UTILIZADA
Foram entrevistadas 952 pessoas, que foram questionadas a respeito
do gênero, idade, renda familiar, nível de escolaridade (Tabela 1) e questões
relativas ao consumo de carne ovina. Com relação ao consumo da carne ovina,
a questão principal foi se o entrevistado consome ou não essa carne. No caso de
resposta positiva foi questionado o local onde adquire esse tipo carne. E no caso
de resposta negativa foi questionado o porquê não consome esse tipo carne. Foi
questionado se caso o entrevistado encontrasse a carne desta espécie no
mercado em cortes que facilitam o preparo e com preço acessível, ele compraria
ou não. E foi questionado também, sobre o termo pelo qual os entrevistados
conhecem a carne ovina, sendo esta uma questão de caráter educativo.
Tabela 1: Porcentagem de pessoas entrevistadas quanto ao gênero, idade, nível
de escolaridade e renda familiar.
Categoria Número de pessoas Porcentagem
Gênero
Masculino 471 49,5
Feminino 480 50,5
Idade
Menos que 19 anos 73 7,7
20 a 39 anos 478 50,3
40 a 59 anos 300 31,5
Maior que 60 anos 100 10,5
Grau de escolaridade
Sem instrução 8 0,8
Fundamental incompleto 92 9,7
Fundamental completo 107 11,3
180
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Ensino médio incompleto 52 5,5
Ensino médio completo 327 34,4
Ensino superior incompleto 103 10,8
Ensino superior completo 189 19,9
Pós-graduação 73 7,7
Renda familiar
Até 1 salário mínimo 58 6,6
De 1 a 3 salários mínimos 332 37,7
De 3 a 6 salários mínimos 260 29,5
De 6 a 9 salários mínimos 121 13,7
Mais do que 9 salários mínimos 110 12,5
Fonte: Dados da pesquisa (2014).
Foi realizado um estudo com 134 consumidores da região Norte do
Paraná, nos dias seis e oito de abril de 2014, durante a Exposição Agropecuária
e Industrial de Londrina. Cada consumidor recebeu uma porção (3 cm) de carré
ovino grelhado sem tempero. A carne foi proveniente de cordeiros confinados
Santa Inês abatidos com 35kg de peso vivo. Os provadores foram informados
que iriam provar carne (sem informação de que era carne ovina). A carne sem
tempero passou pelo processo de cocção em grill elétrico com temperatura
controlada, quando alcançaram 70°C as amostras foram retiradas e enviadas
para os provadores juntamente com um copo de água e uma bolacha de água e
sal para rinsagem da boca.
Após provarem a carne, eles respondiam um questionário avaliando a
carne quanto à qualidade da textura, qualidade do sabor e aceitabilidade global
da amostra. Os três atributos foram pontuados em uma escala de oito pontos
que variava entre: gosto extremamente e me desagrada extremamente.
Nas análises estatísticas foi utilizado um modelo de regressão
logística, sendo calculadas as razões de chance (odds ratio - OR). A variável
dependente foi consumo da carne ovina ('sim' ou 'não'), e as variáveis respostas
foram gênero ('feminino' ou 'masculino'), renda familiar ('menor que um salário
mínimo (<1)', 'de um a três salários mínimos (1 a 3)', 'de quatro a seis salários
mínimos (4 a 6)', 'de sete a nove salários mínimos (7 a 9)' ou 'maior que nove
salários mínimos (<9)'), idade ('menor que 19 anos', '20-39 anos', '40-59 anos'
CONHECIMENTO E GESTÃO
181
ou ' maior que 60 anos'), grau de escolaridade ('sem instrução', 'fundamental
incompleto', 'fundamental completo', 'médio incompleto', 'médio completo',
'superior incompleto', 'superior completo' ou 'pós graduação') e a possibilidade
de encontrar a carne ovina no mercado em porções menores que facilitam o
preparo e o consumos ('sim' ou 'não').
Foram realizadas análises descritivas dos dados por meio do software
R (R CORE TEAM, 2015).
3.3 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Das mulheres entrevistadas, 62,9% não consomem a carne ovina,
contra 37,1% que consomem, para os homens foi 33,5% que não consomem
contra 66,5% que consomem. Dentro das faixas etárias, foi observado que com
o aumento da idade houve um aumento no consumo da carne, variando entre
45,2% (menor que 19 anos) e 53% (maior que 60 anos). Quanto ao consumo
segundo a escolaridade, ele aumentou com o grau de estudo, pessoas sem
instrução 87,5% não consomem a carne, e pessoas com ensino superior
completo 67,7% consomem a carne, conforme tabela 2.
Tabela 2: Avaliação do consumo da carne ovina de acordo com gênero, idade,
escolaridade e renda familiar.
Categoria
Número de pessoas Porcentagem
Consome Não consome Consome Não consome
Gênero
Masculino 313 158 32,9 16,6
Feminino 178 302 18,7 31,8
Idade
Menos que 19 anos 33 40 3,5 4,2
20 a 39 anos 252 226 26,5 23,8
40 a 59 anos 153 147 16,1 15,5
Maior que 60 anos 53 47 5,6 4,9
Grau de escolaridade
Sem instrução 1 7 0,1 0,7
182
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Fundamental incompleto 40 52 4,2 5,5
Fundamental completo 45 62 4,7 6,5
Ensino médio incompleto 24 28 2,5 2,9
Ensino médio completo 140 187 14,7 19,7
Ensino superior incompleto 67 36 7,0 3,8
Ensino superior completo 128 61 13,5 6,4
Pós-graduação 46 27 4,8 2,8
Renda familiar
Até 1 salário mínimo 16 42 1,8 4,8
De 1 a 3 salários mínimos 147 185 16,7 21,0
De 3 a 6 salários mínimos 142 118 16,1 13,4
De 6 a 9 salários mínimos 75 46 8,5 5,2
Mais do que 9 salários mínimos 81 29 9,2 3,3
Fonte: Dados da pesquisa (2014).
Quanto à renda familiar, pessoas que recebem até um salário mínimo,
72,4% não consomem a carne; e pessoas que recebem de sete a nove salários
mínimos, 73,6% consomem a carne. Em geral o consumo de carne ovina foi de
51,63%, dentre estas, 98,2% consomem esta carne de 1 a 60 dias no ano. Os
consumidores que adquirem a carne direto do produtor chegam a 34,0%,
seguido de consomem em restaurantes com 26,5%. Os principais motivos de
não consumir a carne é a falta de costume 44,1% seguido do fato de não gostar
39,8%. O motivo pelo qual não gostam da carne é o cheiro forte de animal 44,8%
seguido pelo sabor adocicado 20,2%. Os homens apresentaram maior chance
de consumir a carne ovina quando comparado ás mulheres (OR = 2,84). As
pessoas que responderam que comprariam a carne ovina no mercado em
porções menores que facilitam o preparo e o consumo apresentaram maior
possibilidade de consumir esse tipo de carne que as pessoas que responderam
que não comprariam (OR = 4,05). E quanto maior a renda familiar, maior foi
abertura para a pessoa consumir a carne ovina (OR (<1) - (1 a 3) = 2,23; OR
(<1) - (4 a 6) = 3,61; OR (<1) - (7 a 9) = 4,26 e OR (<1) - (>9) = 8,04).
Tabela 3: Avaliação da aceitabilidade da carne ovina.
CONHECIMENTO E GESTÃO
183
Parâmetros avaliados
Número
Pessoas Porcentagem
Número
pessoas Porcentagem
Aceitabilidade geral
Gosto extremamente 36 26.87
131 97.76
Gosto muito 63 47.01
Gosto moderadamente 29 21.64
Gosto ligeiramente 3 2.24
Desagrada ligeiramente 1 0.75
3 2.24
Desagrada moderadamente 1 0.75
Desagrada muito 1 0.75
Desagrada extremamente 0 0.00
Qualidade da textura
Gosto extremamente 52 38.81
130 97.01
Gosto muito 62 46.27
Gosto moderadamente 12 8.96
Gosto ligeiramente 4 2.99
Desagrada ligeiramente 1 0.75
4 2.99
Desagrada moderadamente 2 1.49
Desagrada muito 1 0.75
Desagrada extremamente 0 0.00
Qualidade do sabor
Gosto extremamente 41 30.60
130 97.01
Gosto muito 65 48.51
Gosto moderadamente 19 14.18
Gosto ligeiramente 5 3.73
Desagrada ligeiramente 2 1.49
4 2.99
Desagrada moderadamente 1 0.75
Desagrada muito 1 0.75
Desagrada extremamente 0 0.00
Fonte: Dados da Pesquisa (2014).
184
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Quanto à aceitabilidade da amostra (Tabela 3), 47,01% dos
consumidores marcaram a carne como gosto muito, seguido por 26,87% que
marcaram como gosto extremamente, apenas 2,25% dos consumidores
marcaram a carne como desagradável. Avaliando a aceitabilidade com o gênero
dos consumidores, em geral os homens avaliam a carne como agradável
98,41%, contra 1,59% como desagradável; já as mulheres – 98,08% avaliaram
como agradável contra 1,92% que avaliaram como desagradável. Quanto à
textura 46,27% marcaram a carne como gosto muito, seguido de 38,81% como
gosto extremamente, apenas 2,99% marcaram a carne como tendo textura
desagradável. Quanto ao sabor, 48,51% consideraram gosto muito, 30,60%
consideraram gosto extremamente, apenas 2,99% marcaram como
desagradável.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esta pesquisa pode-se observar que pelo preço da carne ovina ser
superior a outras carnes, o consumo desta aumenta de acordo com a renda
familiar, estando ligada a escolaridade. A grande barreira para aumentar o
consumo da carne ovina é a falta de costume e experiências ruins que levam ao
não consumo.
Dentro do exposto, observa-se que a ovinocultura do Paraná ainda que
em crescimento, sofre com alguns entraves que podem ser facilmente
resolvidos, necessitando de pesquisas voltadas a qualidade e comercialização da
carne ovina.
REFERÊNCIAS
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186
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
GESTÃO POR COMPETÊNCIAS: UM ENFOQUE SOBRE A ATITUDE NO
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
SORAIA ALVES FEITOZA DA SILVA1
PRISCILA ALINE DE MELO2
RESUMO
O presente trabalho discorre sobre a gestão por competências no objetivo de
analisar como a atitude está relacionada a mesma no ambiente organizacional.
Para isso buscou-se conceituar o C.H.A (Conhecimento, habilidade e atitude);
bem como a identificação de fatores relacionados à atitude no que tange a
gestão de competências. Entender a importância da gestão de pessoas nas
organizações, assim como, a cultura organizacional, o comportamento
organizacional, faz parte da compreensão da atitude como um aspecto da gestão
por competências, considerando o fator comportamental do colaborador na
organização. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica. O tema possui
uma grande importância para as pessoas, instituições, organizações e gestores
de empresa para obter maior conhecimento sobre o tema abordado, visto que é
um assunto que pode ser mais explorado, podendo contribuir para a área de
gestão de pessoas.
Palavras-chave: Gestão por competências. Comportamento organizacional.
Atitude.
1 INTRODUÇÃO
A preocupação com as competências surge em resposta a um mercado
altamente competitivo, no qual as empresas buscam métodos alternativos de
gestão a fim de que seus colaboradores se adequem às suas estratégias. Um
dos objetivos nesse sentido é alinhar os objetivos pessoais do colaborador aos
objetivos organizacionais, tomando como base a cultura organizacional, a qual
1 Graduada em Administração de Empresas pela UNIFAMMA-PR, Pós-graduada em MBA em
Gestão com Pessoas pelo UNICESUMAR-PR e pós-graduanda em EAD e as tecnologias
Educacionais pelo UNICESUMAR-PR. 2 Graduada em Pedagogia pela PUC - Pontifícia Universidade Católica – MG. Pós-graduanda em
MBA em Gestão de Pessoas pelo UNICESUMAR-PR.
CONHECIMENTO E GESTÃO
187
engloba a missão, visão e valores que norteiam os passos da organização.
Nesse processo, destaca-se a gestão de pessoas que acompanha e permeia
toda essa questão que envolve a entrada e a permanência de colaboradores na
empresa. Desta forma, o estudo da gestão por competências possibilita
compreender este novo método de contratação com base na seleção por
competências, englobando as competências necessárias na atualidade ao
considerado “desejável perfil profissional”, enfatizando a questão do
comportamento organizacional mediante as atitudes do colaborador.
O fator central deste estudo se fundamenta à abordagem conhecida
como CHA, que se refere ao conjunto de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes
necessárias ao preenchimento de vagas. Assim, o presente artigo está dividido
em itens, sendo que no primeiro é apresentado sobre o fator atitude e sua
importância nas competências na organização, abordando a gestão de pessoas,
gestão e seleção por competências, na sequência é descrito sobre a cultura
organizacional e o comportamento organizacional. Após os itens do
embasamento teórico, o método utilizado e, por fim, as considerações finais
sobre o tema exposto.
2 A IMPORTÂNCIA DO FATOR ATITUDE DENTRO DA GESTÃO DE PESSOAS E
DE COMPETÊNCIAS NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL
A gestão de pessoas é um assunto muito abordado em várias
organizações, principalmente no que tange à concorrência frente a um mercado
competitivo. Assim, as pessoas passaram a ser vistas não apenas como mão de
obra, mas como sendo essenciais nas organizações, pois é por meio delas que
se constrói conhecimento, tecnologia e o trabalho. As pessoas são recursos
humanos, um capital humano fundamental, pois como aborda Chiavenato
(2005): “são elas que fundam e iniciam as organizações, são elas que tocam e
impulsionam as organizações” (Chiavenato, 2005, pág. 187).
Por outro lado, sabe-se que essa relação estabelecida entre funcionário
e organização, é uma relação de dependência mútua. Desta forma:
O contexto da gestão de pessoas é formado por pessoas e
organizações. As pessoas passam boa parte de suas vidas
trabalhando dentro das organizações, e estas dependem daquelas
para poder funcionar e alcançar sucesso. De um lado o trabalho
torna considerável tempo e esforço das pessoas, que dele
dependem para sua subsistência e sucesso pessoal. Separar o
188
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
trabalho da existência das pessoas é muito difícil, quase impossível
em face da importância e impacto que nelas provoca. Assim, as
pessoas dependem da organização onde trabalham para atingir seus
objetivos pessoais e individuais (CHIAVENATO, 1999, p. 4 e 5).
As empresas de forma geral têm sofrido mudanças nas áreas
econômicas, de mercado e tecnológicas.
Vivemos um momento inusitado em nossa história. Organizações
que se comportavam como se tivessem talentos de sobra vêem-se
diante de um cenário novo: apresentam dificuldades para identificar,
em seus próprios quadros, profissionais que atendam à demanda de
competências exigida pelo mundo globalizado (GRAMIGNA, 2007,
p. 14 e 15).
Essas mudanças estão ocorrendo com grande velocidade. Mediante a
isto, para lidar com essas transformações, as organizações estão revendo seus
modelos e convicções, identificando pessoas com diferencial competitivo,
tornando a atitude do indivíduo, um fator essencial no diferencial do seu perfil
profissional.
2.1 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS
Em épocas remotas, a competência técnica sempre foi crucial no
processo de seleção de pessoal. Os recrutadores sempre conduziam a entrevista
buscando saber se o candidato conseguia realizar algumas atividades e se tinha
conhecimento sobre determinada área. A análise comparativa de duas vertentes:
exigências do cargo e características do candidato, sempre foi presente no
processo seletivo.
Atualmente surge uma nova concepção que veio modificar a visão da
área de recursos humanos: a gestão por competências. A gestão por
competências está se tornando cada vez mais presente no ramo empresarial.
Embora ainda não tenha atingido a maioria das empresas, ela está ganhando
força, já que esta abrange todos os aspectos necessários a um profissional.
Rabaglio (2001, p.8), define o conceito de competência como “um conjunto de
conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos que permitem ao
indivíduo desempenhar com eficácia determinadas tarefas em qualquer
situação”.
CONHECIMENTO E GESTÃO
189
A Gestão por Competências surgiu para responder a questões
particulares do cenário empresarial. Essa metodologia de gestão
representa diversas tentativas de resposta: à necessidade de
superação da concorrência num mercado globalizado; às exigências
por agilidade, diferenciação e inovação contínua; às demandas de
aprendizagem e de criação do conhecimento, para lidar com
questões inéditas e surpreendentes que surgem a cada dia no
contexto organizacional. Seu foco principal está orientado para o
desenvolvimento de competências e novos conhecimentos, fontes
por excelência para a conquista de vantagem competitiva
sustentável. O modelo pressupõe que a posse de recursos raros,
valiosos e de difícil imitação confere à organização vantagem
competitiva. Tais recursos, por sua vez, são representados,
sobretudo pelos conhecimentos e pelas competências das pessoas
que trabalham na organização (CARBONE, 2005, online).
Nesse novo modelo, o principal foco são as competências do
funcionário, que são expressas pelo CHA (Conhecimento, habilidade e atitude),
utilizado como ferramenta para avaliação profissional na gestão por
competências.
Conhecimento é o saber teórico. Habilidade é o saber fazer, é o que a
pessoa produz com o conhecimento que possui. Atitude se refere à ação, desta
forma significa a pessoa querer fazer. Esses três aspectos formam o perfil
profissional e são indissociáveis. Em outras palavras, o conceito de C.H.A se
traduz em:
O conhecimento é um conjunto de informações articuladas e que
podem ser utilizadas quando necessário. A habilidade é entendida
como a capacidade de transformar o conhecimento em ação,
produzindo resultados que atendam ou superem uma expectativa.
As atitudes são determinadas por crenças, valores e princípios e
estão relacionados com o “querer ser” e o “querer agir (CARVALHO
et al 2008, p. 37).
Antes, a noção de competência era associada ao domínio de um
determinado assunto ou conhecimento. Assim, a pessoa que tivesse esse
domínio era denominada competente. Atualmente, este conceito passou por
mudanças, concebendo assim, o profissional nos três aspectos do C.H.A. Estes
aspectos são indissociáveis, pois, um colaborador pode ter bastante
conhecimento sobre determinado assunto, porém, se ele não tiver habilidade e
atitude, não produzirá resultados, sendo comparado àquelas pessoas que
possuem grande conhecimento, mas não conseguem colocar em prática no
190
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
trabalho. Há outra vertente, que é aquele profissional que tem muita atitude e
vontade, mas não possui o conhecimento necessário e consequentemente, não
tem a habilidade para realizar o trabalho.
Diante do exposto, é fato que o conhecimento e a habilidade sejam
fundamentais no perfil profissional, por outro lado, é possível observar com
clareza, como o comportamento (atitude) tem se tornado cada vez mais um
desafio difícil na gestão de pessoas, pois parte-se do pressuposto de que,
atitude não é algo que se ensina, mas que é característica da própria pessoa.
É importante neste contexto, salientar que o conhecimento e a habilidade
não são mais os únicos responsáveis pelo diferencial no mercado de trabalho,
mas a “atitude”, essa sim, pode ser o diferencial do profissional, mediante um
mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Conforme Robbins; Judge;
Sobral (2014, p. 69):
Cada um de nós tem milhares de atitudes, mas o estudo do
comportamento organizacional se concentra em um número
limitado delas, relacionadas ao trabalho. Essas atitudes revelam
avaliações positivas ou negativas que os trabalhadores têm com
relação a diversos aspectos de sem ambiente de trabalho. A maior
parte das pesquisas na área de comportamento organizacional tem
focalizado três tipos de atitudes: satisfação com o trabalho,
envolvimento com o trabalho e comprometimento organizacional.
É essencial abordar, que a atitude não se trata apenas do “querer fazer”
o trabalho, mas está diretamente envolvido ao conceito de comportamento
organizacional, que se traduz nas atitudes do colaborador dentro da empresa,
não apenas sobre o aspecto de trabalho e realização de tarefas em si, mas
também sobre o relacionamento interpessoal deste colaborador com os demais
membros, sua atitude perante situações-problema e o comportamento pessoal
no local de trabalho, entre outros.
2.1.1 Seleção por competências
Atualmente, a seleção por competências vem ganhando espaço nas
organizações. A razão disso é que através desse tipo de seleção, aumenta-se a
chance de uma seleção eficaz e correta e assim, mensurar as habilidades que os
candidatos possuem para o bom desempenho na função.
CONHECIMENTO E GESTÃO
191
Como mencionado anteriormente, o CHA é uma ferramenta utilizada na
seleção por competências. O objetivo é muito mais do que observar as
habilidades técnicas e o conhecimento teórico, mas valorizar e perceber as
características pessoais do indivíduo, visto que a questão comportamental reflete
os valores, organização, objetivos do colaborador, mas, principalmente, a sua
atitude.
Devido à competitividade presente no mercado as organizações estão
exigindo mais de seus funcionários, de forma que se adequem à cultura da
empresa, à função a ser exercida e também na forma como se relaciona com os
colegas de trabalho e clientes, salientando a importância do Relacionamento
Interpessoal.
No modelo de entrevista tradicional costuma-se usar perguntas
fechadas ou indutivas, nas quais é facilmente possível o candidato ocultar algum
aspecto importante ou até mesmo mentir, pois muitos candidatos já vão para a
entrevista com respostas prontas para alguns tipos de perguntas.
Na seleção de competências é interessante a forma com que ela é
realizada. Sua particularidade se baseia em fatos reais e mensuráveis. Assim,
não é possível que o candidato oculte informações ou até mesmo minta. São
realizadas perguntas investigativas e específicas no momento da entrevista,
observando suas habilidades, qualidades, atitudes e comportamentos em
situações já vivenciadas e até o olhar e o tom de voz ao responder as perguntas.
Essa é a característica principal da seleção por competências, não se basear em
intuição, mas sim em fatos reais, observando principalmente o aspecto
comportamental. Desta forma, há mais segurança e possibilidade de acerto na
contratação.
No processo de seleção por competências é necessário que seja feito
antes um mapeamento das competências, a fim de saber informações sobre o
candidato, seu perfil técnico e comportamental em relação à vaga oferecida.
Para este mapeamento existem duas vertentes das competências. São
elas:
Técnicas: São as que compõem o perfil profissional para ocupar
determinados cargos. Exemplo: um gestor financeiro deve possuir
competências relativas à gestão de finanças.
De suporte: São as que agregam valor às competências técnicas e
que fazem a diferença no perfil profissional das pessoas
(GRAMIGNA, 2007, p. 44 e 45).
192
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Essas competências de suporte são essenciais no processo de seleção.
No que tange a “atitude” na gestão por competências frente às competências de
suporte mencionadas acima, é interessante abordar ao menos três delas para
exemplificar a importância deste aspecto no perfil profissional de um
colaborador, cuja importância dentro do comportamento organizacional se torna
crucial. Segundo Gramigna (2007, p.44) “capacidade de negociação:
capacidade para se expressar e ouvir o outro buscando o equilíbrio e soluções
satisfatórias nas propostas apresentadas pelas partes”. O segundo fator é a
motivação, aspecto importante na atitude do colaborador: que ainda de acordo
ao mesmo autor “motivação: energia para o trabalho: capacidade de demonstrar
interesse pelas atividades que vai executar tomando iniciativas e mantendo
atitude de disponibilidade” (GRAMIGNA, 2007, p. 45).
Assim, organizações e pessoas estarão lado a lado, propiciando um
processo contínuo de desenvolvimento de competências, onde a
empresa transfere seu patrimônio para os indivíduos, enriquecendo-
os e preparando-os para enfrentarem novos desafios profissionais e
individuais. E as pessoas, por sua vez, desenvolverão suas
capacidades individuais, transferindo-as para a organização
(SOARES; ANDRADE, online).
Com essas competências de suporte presente no perfil profissional junto
aos valores e regras organizacionais, torna-se possível alcançar os objetivos de
ambos os lados.
2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL
Sabe-se que há várias definições para o conceito de Cultura
Organizacional. Uma importante definição faz a abordagem que:
A cultura de uma organização pode ser entendida como um
conjunto de valores, de normas e princípios, já sedimentados na
vida organizacional, conjunto este que interage com a estrutura e os
comportamentos, criando de uma maneira peculiar e duradoura de
como se procede naquela organização, baseado em certos
fundamentos e almejando a consecução de determinados
resultados finais (LUZ, 2003, p. 15).
Em outras palavras, porém, com o mesmo sentido, Antonechen (2010,
p.12) diz:
CONHECIMENTO E GESTÃO
193
Enfim, podemos tentar resumir o conceito de cultura organizacional
como sendo aquele modo especial que um grupo encontrou de
realizar determinada ação, representando os seus valores e suas
crenças, e, tendo obtido resultado, consideram importante
reproduzir. Assim, acabam determinando um “jeito” de ser que a
distingue das outras organizações e fazem-na reconhecida na
sociedade.
Falar de cultura organizacional é falar também de atitudes e
comportamentos dos indivíduos que compõem este grupo ou organização. Desta
forma, de maneira prática, a missão, visão e valores da empresa regem as
regras e procedimentos da mesma, em postura da gestão, bem como, a
comunicação da empresa construindo o estilo da mesma, que no conceito
formal, é a cultura da organização.
[...] as variáveis organizacionais tais como: estrutura organizacional,
regras, políticas, objetivos, missão, descrições de cargos e
procedimentos operacionais padronizados são fatores que
delimitam e compõe a cultura de uma organização formal, como
também a percepção que os empregados têm sobre a mesma
(ARAÚJO; ARAÚJO, 2011, p. 5).
Existem elementos importantes na cultura organizacional. É importante
identificar quais as crenças e valores que caracterizam a cultura da empresa,
pois é por meio desta identificação que se observa e se atua em melhores
condições de relacionamento interpessoal no trabalho, bem como, se alcança
melhores resultados nos objetivos e na missão da empresa.
Crenças e valores: são as filosofias, estratégias e metas, ou seja,
são as regras, princípios, normas e valores éticos que direcionam o
comportamento de um grupo, seus objetivos e os meios utilizados
para atingí-los. Vale destacar que crenças é tudo aquilo que as
pessoas acreditam ser verdade dentro das suas metas e objetivos,
enquanto valores significam o que as pessoas acreditam ser
importante (ARAÚJO; ARAÚJO, 2011, p. 6).
Neste sentido, pode-se dizer o quão difícil é direcionar o comportamento
de um grupo, pois em cada âmbito há diversas histórias e experiências de vida,
com valores, culturas internas, e vivências diferentes. Assim, a empresa deve
possuir valores éticos prudentes e significativos para que essa condução,
principalmente, quando se fala em gestão de pessoas, seja eficiente e valorizada,
194
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
e as regras e normas sejam seguidas como uma cultura própria da empresa de
forma consciente. Como aponta Marras (2010, p. 442):
A cultura de uma organização, portanto, é a maneira informal e
compartilhada de perceber a vida e a participação na organização,
que mantém seus membros unidos e influencia o que pensam sobre
si mesmos e seu trabalho.
Devido à diversidade de pessoas, opiniões, valores e experiências
externas trazidas para dentro da empresa, é que se pode dizer que este nível, no
que se refere à gestão de pessoas, é o mais difícil de administrar, pois é preciso
uma construção de identidade da empresa, com uma visão ética, fortalecendo a
cultura organizacional. Por outro lado torna-se muito difícil que o colaborador
dissocie esses fatores ao que a empresa propõe e constrói. Desta forma, é
necessário que se alinhe os objetivos da empresa aos objetivos individuais dos
colaboradores que a compõe. Ou seja, se a cultura da empresa é baseada em
valores e crenças sólidos, éticos e sensatos, isto influenciará sobre como os
funcionários pensam sobre si mesmos e como agirão em seu trabalho.
Pelas questões mencionadas, observa-se que a cultura organizacional é
de fundamental importância, visto que, ela rege os comportamentos dentro da
organização e pode também influenciar no comportamento, na forma como o
colaborador percebe o seu trabalho. O papel da gestão de pessoas no que tange
à cultura organizacional é apresentar os valores, crenças e a missão da empresa,
de forma que o quanto antes seja possível o alinhamento de objetivos entre
empresa e colaborador. As empresas esperam um comportamento de seus
colaboradores que seja condizente com sua cultura organizacional.
2.3 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
As atuais organizações têm percebido a importância do comportamento
organizacional. Observa-se que, nos últimos tempos, frente aos avanços da
tecnologia, as pessoas têm tido mais necessidade para se desenvolverem e
alcançar o mercado competitivo. A busca pelo conhecimento e tecnologia
propicia às pessoas serem diferenciais no mercado de trabalho, no que tange o
aspecto do conhecimento. Por outro lado, observa-se que a necessidade das
organizações atualmente não se limita mais ao conhecimento técnico, e que
este, já não é mais o único diferencial no mercado de trabalho. Ao contrário de
CONHECIMENTO E GESTÃO
195
épocas remotas, o diferencial hoje é ter o conhecimento sobre a área de
atuação, ter a habilidade para realizar, mas o principal é a atitude do colaborador,
o que não depende da empresa, mas sim do próprio funcionário ou candidato a
uma vaga.
Frente a essas mudanças surge a necessidade de estudar e abordar o
comportamento das organizações e dos colaboradores. Para esta questão, dá-se
o nome de comportamento organizacional. Wagner e Hollenbeck (2012, p. 5)
abordam que: “comportamento organizacional (CO) é um campo de estudo
voltado a prever, explicar, entender e modificar o comportamento humano no
contexto das empresas.”
Pensar em comportamento humano é muito mais amplo e complexo do
que se pode imaginar, pois são diversos fatores que permeiam a construção do
ser humano, no que se refere às suas características, suas necessidades, suas
escolhas e até suas capacidades, como aponta Chiavenato (2005, p. 191): “o
comportamento humano é motivado por uma variedade de necessidades.”, ou
ainda, o ser humano pode agir não só por necessidades, mas podem se
comportar de um modo que consigam obter algo que deseja, e tomar decisões
em sua racionalidade e percepção (CHIAVENATO, 2005). De acordo ainda o
mesmo autor:
O comportamento individual das pessoas é um aspecto importante
nas organizações. Ele se caracteriza por diferenças individuais e de
personalidade. As pessoas têm muitas coisas em comum - como
linguagem, comunicação, motivação – mas também têm muitas
coisas diferentes – como maneiras de pensar, agir e sentir. Apesar
de pertencerem ao mesmo gênero humano, as pessoas são
profundamente diferentes entre si (CHIAVENATO, 2005, p. 189).
Desta forma, observa-se que o ser humano apresenta comportamento
individual, pois também possui características individuais. No entanto, é
importante salientar que o comportamento individual não está ligado apenas aos
fatores de características individuais, mas pode estar também associado às
características organizacionais e à cultura das empresas.
É difícil definir quais as razões que induzem o comportamento individual
de cada pessoa, partindo do pressuposto de que, não apenas se age sobre as
situações, mas também que se reage a elas. Tanto as ações como as reações
dentro do ambiente organizacional, podem acontecer pelos motivos citados
anteriormente, mas também podem ser causados pelas ações de outras
196
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
pessoas, ou pela cultura da empresa que leva as pessoas a agirem de acordo
com seus valores, regras e ao próprio ambiente de trabalho.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este artigo foi desenvolvido com o objetivo de compreender a gestão por
competências e a sua importância para a seleção de pessoas e permanência do
funcionário na empresa. Para chegar ao entendimento do objetivo proposto foi
necessária a orientação da metodologia da pesquisa científica. Conforme
Andrade (2010, p. 117), “metodologia é o conjunto de métodos ou caminhos
que são percorridos na busca do conhecimento”.
No desenvolvimento do artigo em questão foi utilizada a pesquisa
bibliográfica, realizada por meio do estudo e compreensão de diversos autores
que deu embasamento teórico sobre o assunto. Segundo Oliveira (1999, p. 118)
“pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de
contribuições científicas que se realizaram sobre determinado assunto ou
fenômeno”. Após compreender o estudo de alguns autores sobre o tema foi
possível apresentar a importância da gestão por competências no tempo atual,
dando ênfase ao conhecimento, às habilidades, mas principalmente às atitudes
do profissional para se manter no mercado de trabalho, cada vez mais
competitivo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apoiando na teoria estudada foi possível observar como este tema é
importante no cenário atual, em que o mercado de trabalho está cada vez mais
competitivo. Um cenário em que as empresas necessitam de profissionais que
tenham não apenas o conhecimento e a habilidade, exigidos exclusivamente em
outras épocas, mas que tenham “atitude” para agir em sua função.
Pelo referencial teórico e os conceitos apresentados observou-se que o
comportamento organizacional, no que se refere ao colaborador, deve ser o mais
próximo possível à cultura da empresa, com a finalidade de alcançar sucesso
para ambas as partes. Esse fator se deve ao fato já mencionado, da relação de
dependência existente entre organização e colaborador. A seleção por
competências se torna nessa atual conjuntura, uma ferramenta de inovação na
seleção de pessoal, identificando suas atitudes e comportamentos, perante
CONHECIMENTO E GESTÃO
197
perguntas investigativas, num diagnóstico meticuloso sob as competências,
fundamentado em situações reais já vivenciadas pelos candidatos.
Possuir candidatos que tenham bastantes atitudes positivas em seu
comportamento, principalmente organizacional, é o que toda e qualquer empresa
almeja. Assim, estas pessoas se tornam peças-chave para o crescimento das
organizações e o seu próprio sucesso.
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criando vantagem competitiva. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
CONHECIMENTO E GESTÃO
199
SOBRE OS ORGANIZADORES
A professora Siderly do Carmo Dahle de Almeida é Doutora em Educação e
Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2012) é Mestre em
Educação pela PUCPR (2006). Especialista em Gestão da Informação pela
Fundação de Estudos Sociais do Paraná (1999) e em Educação a Distância pela
Faculdade Educacional da Lapa (2009). É graduada em biblioteconomia pela
Universidade Federal do Paraná (1988) e em Pedagogia pela Universidade
Castelo Branco (2010). Desenvolve pesquisas e tem experiência na área de
Educação, com ênfase em tecnologias e mídias educacionais, formação de
professores, metodologia da pesquisa. Atuou na Prefeitura Municipal de Curitiba
com Educação básica por 15 anos, entre 1991 e 2006, implantou e coordenou
os Faróis do Saber - bibliotecas de bairro instaladas nas Escolas Municipais e
atuou na Coordenação Pedagógica das Usinas de Conhecimento, programa do
governo do Estado do Paraná. Coordenou por 6 anos o Núcleo de Aprendizagem
e Aprimoramento para a Amadurescência da PUCPR e foi coordenadora de
estúdio na EADCON, sendo responsável pela capacitação de docentes para atuar
na Educação a Distância. Atualmente trabalha na Unicesumar como
Coordenadora dos Cursos de Pós-Graduação na área de Educação na
modalidade a distância, é docente do Programa de Mestrado em Gestão do
Conhecimento nas Organizações e é pesquisadora do Instituto Cesumar de
Ciência, Tecnologia e Inovação – ICETI.
A professora Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano possui graduação em
Administração pela Universidade Estadual de Maringá (1999), mestrado em
Administração pela Universidade Federal do Paraná (2002). Especialização em
Educação a Distância pela Universidade Estadual de Maringá (2008) e Doutorado
em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2016). Tem experiência na
área de Administração, atuando principalmente nos seguintes temas: teorias da
administração, comportamento organizacional, estratégia e organizações,
comportamento do consumidor e pesquisa de marketing e na área de educação,
com foco em Educação a Distância. É Head de Projetos Educacionais e Inovação
no Núcleo de Educação a Distância da Unicesumar.
O professor Fabricio Ricardo Lazilha possui graduação em Tecnologia em
Processamento de Dados pela Universidade Estadual de Maringá (1995) e em
200
CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
Pedagogia (em andamento), Especialização em Análise de Sistemas pelo Centro
Universitário de Maringá (1998), Mestrado em Ciências da Computação pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2002) e Especialização em
Educação a Distância pelo SENAC-PR (2007). Atualmente é Diretor de
Planejamento de Ensino do Núcleo de Educação a Distância do Centro
Universitário de Maringá - UniCesumar. Tem experiência na área de Educação,
com ênfase em Educação a Distância, atuando principalmente nos seguintes
temas: Educação e Novas Tecnologias, Ambientes Virtuais de Aprendizagem e
Objetos de Aprendizagem. Na área de computação pesquisou as seguintes sub-
áreas: desenvolvimento baseado em componentes, educação a distância,
workflow, linha de produto de software e reuso de software.
A professora Ludhiana Ethel Kendrick Matos Silva é doutoranda em Educação e
Currículo, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Possui dois
Mestrados em Educação: um realizado na Pontifícia Universidade Católica do
Paraná - PUCPR, concluído em 2008, e o outro desenvolvido na Universidade
Paulista, concluído em 1996. É graduada em Licenciatura em Letras, desde
1992, pela Universidade Estadual de Maringá. Desenvolve pesquisas e tem
experiência na área de Educação, com ênfase em Tecnologias na Educação,
atuando principalmente nos seguintes temas: Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC) , EAD, ensino superior e inclusão digital. Coordena o Grupo
de Pesquisa em TIC e Educação - GPTICE, cadastrado no Diretório dos grupos
de Pesquisa do CNPq. Atualmente é Diretora de Pesquisa do Centro Universitário
de Maringá - CESUMAR, membro presidente do CAPEC - Comitê Assessor de
Pesquisa do CESUMAR e coordenadora Institucional do Programa de Bolsas de
Iniciação Científica do CNPq -PIBIC no Cesumar.
O professor Marcelo Cristian Vieira é bacharel em Administração (2007), com
Mestrado em Ciência Social pela (UEM) Universidade Estadual de Maringá
(2014). Pós-Graduado em Docência no Ensino Superior (2010), Pós-Graduado
em Educação a Distância e Tecnologias Educacionais (2013) e Pós-Graduado
em Auditoria e Controladoria (2012). Atua como Gerente de Pós-Graduação EaD
e como Professor Universitário nas modalidades a distância e presencial nos
cursos de Graduação e Pós-Graduação da UNICESUMAR - Centro Universitário
de Maringá.
CONHECIMENTO E GESTÃO
201
SOBRE AS MADRINHAS DE CURSO
A Professora Fabrícia Souto Cruz é especialista em Língua Portuguesa: Teoria e
Prática, pelo Centro de Ensino Superior do Paraná. Pós-Graduada em EaD e as
Tecnologias Educacionais pelo UniCesumar. Graduada em Letras - Português e
Inglês, pela Universidade Estadual de Maringá. Orientadora nas áreas de Língua
Portuguesa, Docência e Tecnologias Educacionais.
A professora Nayara Emi Shimada é Mestre em Administração no Programa de
Pós-Graduação em Administração da Universidade Estadual de Maringá
(PPA/UEM), na linha de pesquisa de Organizações, Estratégia e Trabalho.
Graduada em Administração pela Universidade Estadual de Maringá - UEM
(2012). Experiência na área de Administração e Estudos Organizacionais.
Desenvolveu projetos de pesquisa como bolsista pelo Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) nos anos consecutivos de 2010-2012.
Desenvolve pesquisas e possui experiência na área de Gestão, com ênfase nas
seguintes temáticas: Gestão das organizações, Identidades, Simbolismo,
Discursos, Poder e Subjetividade nas organizações. Ministrou aulas nas
disciplinas de Gestão Estratégica e Modelos de Gestão. Orientadora nas áreas
de Administração Pública, Gestão de Projetos, Gestão de Pessoas e Gestão
Empresarial. Atualmente é Professora Mediadora de TCC-Pós-Graduação-EAD-
Unicesumar.
A Professora Patrícia Parra é Mestre em Ciências Jurídicas pelo UNICESUMAR.
Pós-Graduada em Ciências Penais pela Universidade Anhanguera-Uniderp. Pós-
Graduanda em Planejamento e Gestão de Trânsito. Graduada em Direito pela
Universidade Paranaense, Advogada e Professora do UNICESUMAR. Autora na
área de Gestão. Desenvolve pesquisas e tem experiência na área de Direito e
Gestão, com ênfase em Direito Penal, Direito Ambiental, Direito e Gestão de
Trânsito. Orientadora nas áreas de Direito, Administração Pública, Gestão de
Trânsito.
A professora Soraia Alves Feitoza da Silva é Especialista em MBA em Gestão
com Pessoas pelo UNICESUMAR. Pós-graduanda em EAD e as Tecnologias
Educacionais. Bacharel em Administração pela UNIFAMMA. Atua na área de
Gestão. Orientadora na área de Gestão com Pessoas.
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CONHECIMENTO E GESTÃO CONHECIMENTO E GESTÃO
CONHECIMENTO E GESTÃO
A Professora Valdelice dos Anjos Rasimaviko Rejani é Mestranda em Gestão do
Conhecimento nas Organizações - Unicesumar (2015-2017). Especialista em
Gestão Educacional: Administração, Supervisão e Orientação - Unicesumar
(2012). Graduada em Letras Português/Inglês - Unicesumar (2008). Foi
Secretária Executiva dos mestrados da Unicesumar. Atualmente é Professora
Mediadora de TCC-Pós-Graduação-EAD-Unicesumar. Atua como pesquisadora e
orientadora na área de educação.
A professora Andréia dos Santos Gallo é Mestranda em Gestão do Conhecimento
nas Organizações - Linha de Pesquisa - Educação - Unicesumar (2015-2017).
Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional – Universidade do Centro
do Paraná - UPC (2012). Graduada em Artes Visuais (PARFOR) pela
Universidade Estadual de Maringá (2013) e Graduada em Pedagogia com
Bacharelado em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica – Unicesumar
(2009). Atualmente é Professora Mediadora de TCC – Pós – Graduação – EAD –
Unicesumar e professora na rede Municipal de Marialva/Pr a 15 anos,
trabalhando com os anos iniciais do Ensino Fundamental. Atua como
pesquisadora e orientadora na área de educação.
A Professora Milene Harumi Tomoike é Mestranda em Tecnologias Limpas pelo
UNICESUMAR. Pós-Graduanda em Gestão Estratégica de Empresas pelo Instituto
Paranaense de Ensino. Graduada em Psicologia pelo UNICESUMAR. Psicóloga,
Consultora e Professora do UNICESUMAR. Autora na área de Gestão.
Desenvolve pesquisas e tem experiência na área de Psicologia e Gestão, com
ênfase em Ambiental, Social, Politicas Públicas e Ciências Politicas. Orientadora
nas áreas de Gestão Ambiental, Gestão de Pessoas e Politicas Públicas.