DESENVOLVIMENTO,INOVAÇÃO ESUSTENTABILIDADE
CONTRIBUIÇÕES DE IGNACY SACHS
Conselho EditorialBertha K. Becker (in memoriam)Candido MendesCristovam BuarqueIgnacy SachsJurandir Freire CostaLadislau DowborPierre Salama
Carlos Lopes, Cláudio Figueiredo Leal, Cristovam Buarque, Elimar Pinheiro do Nascimento, Emílio Lèbre La Rovere, Enrique Iglesias, Fernando Henrique Cardoso, Helena M. M. Lastres, Ignacy Sachs, Jorge Wilheim, Ladislau Dowbor, Luciano Coutinho, Marcel Bursztyn, Marcelo Machado, Maria Augusta Bursztyn, Maurício Andrés Ribeiro, Rafael Lucchesi, Renato Caporali, Sérgio Moreira, Vinícius Lages, Walsey Magalhães
DESENVOLVIMENTO,INOVAÇÃO ESUSTENTABILIDADE
CONTRIBUIÇÕES DE IGNACY SACHS
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OrganizaçãoRenato Caporali
Marcio Guerra Amorim
RevisãoAlberto Almeida
Editoração EletrônicaEstúdio Garamond
CapaWerner Salles Bagetti
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
D518Desenvolvimento, inovação e sustentabilidade: contribuições de Ignacy Sachs / Carlso Lopes ... [et al.]. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Garamond, 2014.228 p. ; 21 cm. Inclui bibliografia ISBN 97885761737791. Sachs, Ignacy, 1927-. 2. Desenvolvimento econômico. 3. Economia. I. Lopes, Carlos. II. Título.14-15032 CDD: 330.981 CDU: 338.1(813.1)
Sumário
Apresentação ....................................................................................7
Rafael Lucchesi
Prefácio .......................................................................................... 11
Enrique V. Iglesias
Sachs: um pensamento antes de seu tempo teórico .........................13
Cristovam Buarque
Os desafios da sustentabilidade e os bancos
de desenvolvimento: lições de Ignacy Sachs ....................................19
Luciano Coutinho
Crises e oportunidades em tempos de mudança .............................37
Ignacy Sachs, Carlos Lopes, Ladislau Dowbor
Olhares interessantes sobre tempos interessantes:
Tributo a visionários como Ignacy Sachs ........................................81
Marcel Bursztyn, Maria Augusta Bursztyn
As contribuições de Ignacy Sachs ao BNDES para uma
nova geração de políticas de desenvolvimento produtivo ..............109
Helena M. M. Lastres, Marcelo Machado,
Walsey Magalhães, Cláudio Figueiredo Leal
Desenvolvimento como prática: Breves notas a respeito
da trajetória e da obra de Ignacy Sachs .........................................127
Elimar Pinheiro do Nascimento
A contribuição de Sachs para a economia do desenvolvimento
e para o planejamento do desenvolvimento .................................. 151
Emilio Lèbre La Rovere
Histórias de uma longa amizade (e suas consequências...) ............ 157
Jorge Wilheim
Riquezas da Índia para a evolução humana ..................................163
Maurício Andrés Ribeiro
Dez questões a partir de Ignacy Sachs: Lembranças
do Boulevard Raspail e de outras caminhadas ..............................195
Vinicius Lages
Mil projetos e uma ciência nova ...................................................207
Renato Caporali
Sobre os autores ........................................................................... 223
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Apresentação
A Confederação Nacional da Indústria tem a satisfação de entregar
aos leitores uma rica coleção de textos inspirados na contribuição do
professor Ignacy Sachs em torno dos desafios do desenvolvimento
econômico. Os artigos foram preparados para o seminário
“Industrialização e Inovação para a Sustentabilidade”, realizado
no Rio de Janeiro em 20 de agosto de 2013, sob o patrocínio
da Confederação Nacional da Indústria, do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social e da Secretaria Geral da
Cúpula Iberoamericana.
O professor Ignacy Sachs construiu, ao longo de uma longa
carreira profissional e acadêmica, uma identidade teórica, técnica
e prática que criou significativas convergências entre um grande
número de profissionais brasileiros por ele formados, influenciados ou
simplesmente por ele inspirados. Vários destes amigos, admiradores
ou discípulos se reuniram nesse colóquio para refletir sobre a natureza
e o objeto da contribuição desse pensador polonês de nascimento
radicado na França que manteve, ao longo de toda a vida, uma densa
relação com o Brasil.
O título do seminário remetia à zona de convergência em torno do
qual o pensamento social e econômico do professor Sachs se formou e
ao qual se manteve fiel, numa longa linha de coerência histórica: o papel
da indústria como meta substantiva do processo de desenvolvimento
e a inovação tecnológica e social como um dos principais elementos
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criadores da harmonia social, que deveria ser o objetivo último do
processo econômico.
O pensamento de Ignacy Sachs se identifica com duas grandes
linhas de força do momento atual. Por um lado, ele sempre foi um
teórico e um ideólogo da industrialização como elemento estruturante
do projeto de desenvolvimento dos países, com especial ênfase para
os países de grande extensão e população como o Brasil. Por outro, a
necessidade de construir um projeto de industrialização (e também
de uma agricultura, por certo) que levasse em conta as restrições
ambientais, evitando um processo de degradação ecológica que
resultaria a longo prazo em redução do bem- estar social.
Uma vez estabelecidos estes dois pressupostos da reflexão teórica,
uma série de outros surgem: a importância da tecnologia produzida
autonomamente no país, que leve em consideração suas implicações
sobre o meio ambiente e que procure deliberadamente não eliminar
empregos e que se preocupe, pelo contrário, em criá-los. Considerando
a geração de emprego como um dos elementos mais importantes do
planejamento estratégico do desenvolvimento, a política tecnológica
avançando em sintonia fina com a política de geração de empregos.
Em seguida, a visão de que o desenvolvimento não se resume a
um único tipo de empreendimentos – ou o gerado pelas grandes
empresas ou o gerado pelas pequenas –, mas é uma combinação de
múltiplas formas de empresas, na cidade e no campo, para o bem estar
de uma sociedade, sua resiliência a choques externos residindo nessa
diversidade de diferentes tipos de investimentos. A diversidade surge
como mérito, como objetivo estratégico, fundamento da solidez da
riqueza de um país.
Não caberia aqui resumir a riqueza e a diversidade de contribuições
aportadas pelo professor Sachs, apenas indicar poucos pontos principais
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a guisa de chamamento à leitura e ao estudo da riqueza de sua produção
intelectual.
Neste momento em que o Brasil toma consciência de que precisará
seguir se empenhando, num esforço deliberado, para manter as
condições para existência de sua base industrial, no momento em que
compreende que sua pujança natural pode ser trunfo importante e ao
mesmo tempo fonte de adversidade para as indústrias, o pensamento
de Ignacy Sachs se mantém como referência, fonte de inspiração para
uma reflexão renovada, em sintonia com aspirações acalentadas e
tornadas realidade ao longo de um século.
A CNI agradece a todos que se dispuseram a preparar, de forma
totalmente graciosa, os artigos que compõem este livro. Não podendo
citar a todos, fazemos uma especial menção ao amigo e parceiro de
ideias de toda vida do professor Sachs, Jorge Wertheim. Sua fala ao
seminário de agosto de 2013 no BNDES foi a última intervenção
pública desse extraordinário arquiteto e urbanista, militante de primeira
hora da causa da sustentabilidade. A todos, nosso muito obrigado.
Rafael LucchesiDiretor de Educação e
Tecnologia da CNI
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Prefácio
Há mais de quarenta anos tive a oportunidade de conhecer Ignacy
Sachs, quando trabalhamos juntos na organização da Conferência
Mundial de Meio Ambiente em Estocolmo. Foi dessa geração que
emergiu a primeira sensibilidade internacional para construir uma
consciência crítica do mundo a respeito do relacionamento entre a
sociedade, a economia e o meio ambiente. Foi uma tarefa magnífica,
que lembramos com uma enorme satisfação, aquela de poder abrir as
mentes e lutar para conseguir, entre outras coisas, que os países em
desenvolvimento não olhassem essa conferência como uma ação para
preservar os privilégios do mundo desenvolvido.
Ignacy carrega, entre outros atributos, o de ser pioneiro em bater nas
portas da consciência crítica da humanidade e reconhecer que não se
pode agir contra a natureza, é fundamental manter um relacionamento
construtivo e positivo entre a necessidade de crescimento econômico,
a necessidade de distribuição social e também a necessidade de
respeitarmos a natureza.
Lembro-me também, com muito respeito e muito afeto, do
embaixador Miguel de Almeida e Souza, que teve uma posição de
líder, procurando levar a conferência de Estocolmo a níveis não apenas
conservacionistas. Foi uma grande figura, que teve uma importância
fundamental no desenvolvimento da primeira missão da humanidade,
o respeito à necessidade de preservar a natureza e conservá-la junto com
o crescimento econômico. Ignacy deu um passo à frente nessa área: não
apenas manteve a necessidade de ligar crescimento e sustentabilidade
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com respeito à natureza, mas também no sentido de desenvolvimento,
ou seja, também como forma de ir ao encontro dos grandes problemas
sociais, particularmente o problema do emprego.
Durante esse período acreditávamos muito na planificação,
porque pensávamos que era a única forma de englobar essa visão
de crescimento, sociedade e natureza, que só poderia ter sucesso se
tivéssemos um olhar do futuro a respeito dos problemas que todos
esses pontos convocavam. É por isto que estamos lembrando, nesta
homenagem, a grande contribuição de um pioneiro da visão moderna
da relação entre economia, sociedade e natureza. Neste sentido, lembrar
os princípios de sustentabilidade ligados à natureza e aos problemas
sociais constitui hoje, mais que nunca, um dos grandes legados de
Ignacy Sachs.
Enrique V. IglesiasEx-Secretário Geral
Ibero Americano