TEMÁRIO 2015/2016 Programa de Doutoramento em Direito Público
SÍNTESE Sumários e indicações bibliográficas dos temas a tratar no Ciclo de Colóquios de Janeiro Coord. Científica: Prof. Doutor José Carlos Vieira de Andrade
Constituição, Política e Escassez
Contributo(s) para uma teoria geral
João Carlos Loureiro
Sumário (versão abreviada)
I – ROTEIRO CONCEITUAL
1. Constituição e constitucionalismo(s)
2. Política(s): política (politics) e políticas (policies)
3. Escassez(es): memória, tipologia e esferas
4. Socialidade(s): em torno de uma noção
II – POLÍTICA, SOCIALIDADE E ESCASSEZ
1. Circunstância(s)
2. Articulações
2.1. Política(s) e socialidade
2.2. Política(s) e escassez
2.3. Socialidade e escassez
2.4. Política, socialidade e escassez
3. Espaços
4. Tempos
III – CONTRIBUTO PARA UMA DOGMÁTICA DA ESPECIAL ESCASSEZ
1. Mitologia(s) da modernidade
1.1. Metanarrativa emancipatória
1.2. Progresso
2. Traduções
2.1. Constituição dirigente e princípio da proibição do retrocesso ou da evolução social
reacionária
2.2. Crítica: linhas de força de um novo paradigma
3. Campos de experimentação
3.1. Previdência: o sistema público de pensões
3.2. Saúde: a questão do racionamento
Bibliografia
A bibliografia (mínima e complementar) constará dos sumários desenvolvidos.
Alguns subsídios para a discussão (com outras indicações) podem ver-se em João
Carlos LOUREIRO, “A “porta da memória”: (pós?)constitucionalismo, Estado
(pós?)social, (pós?)democracia e (pós?)capitalismo. Contributos para uma “dogmática
da escassez”, in: António Rafael AMARO/ João Paulo Avelãs NUNES (Org.), “Estado-
Providência”, capitalismo e democracia, Estudos do Século XX 13 (2013), p. 109-126 (uma
primeira versão está disponível online em
http://apps.uc.pt/mypage/faculty/fd_loureiro/pt/escritos).
Escassez e redistribuição do rendimento
João Nogueira de Almeida
Para a mainstream economics, a escassez constitui o objecto central de estudo. A ciência
económica dominante assume-se como a ciência que estuda o comportamento humano
condicionado pela escassez. Num mundo de bens livres não haveria lugar para a discussão de
questões económicas.
A escassez de bens pode ser absoluta ou relativa. Absoluta, porque os bens não existem nas
quantidades necessárias para todos. Relativa, porque os bens não existem nas quantidades
desejadas por todos.
A simples existência de situações de escassez induz as sociedades a produzir mais
eficientemente com os recursos disponíveis e a aumentar de forma predatória a quantidade de
recursos empregues na produção. Porém, é possível seguir outro caminho. A relativa
abundância de bens, que existe hoje nas sociedades mais desenvolvidas, pode levar a que
algumas de entre estas prefiram não aumentar a sua produção, preferindo, ao invés, mais tempo
livre em vez de mais trabalho.
A existência da escassez dos bens, traz necessariamente consigo o problema da sua distribuição.
De notar, que a magnitude deste problema não depende da escassez ser meramente relativa.
Na mainstream economics, o critério da distribuição dos bens escassos é o seu preço. Os bens
(escassos) são repartidos por aqueles querem (e podem) dar mais dinheiro por eles. Os bens são
atribuídos (distribuídos) em função da riqueza de cada um.
Este critério de distribuição dos bens não é o único, pois existem outros dois, o critério do mais
rápido (o que acede primeiro aos bens) e o critério do mais forte (os bens são distribuídos de
acordo com os desejos dos mais poderosos).
Nas economias mistas modernas, o Estado apropria-se, principalmente por meio de impostos,
de metade da riqueza nacional e distribui (redistribui) os rendimentos assim auferidos, de
acordo com critérios que pouco ou nada têm que ver com a riqueza de cada indivíduo. Assim,
os tratamentos médicos feitos ao abrigo do sistema público de saúde, não dependem da riqueza
do paciente que deles beneficia. Do mesmo modo, o acesso às universidades públicas de
prestígio, não depende do dinheiro que os alunos estariam, hipoteticamente, dispostos a pagar
pela sua frequência.
Por outro lado, nem tudo aquilo que é capaz de satisfazer necessidades está no mercado. Por
exemplo, o amor de uma mãe ou de um pai não se compra nem se vende e não se dá nem se
tira por ordem de uma autoridade. Esse amor existe ou não existe em função de outros
parâmetros que não os do mercado.
A dimensão da apropriação pública da riqueza nacional torna imperioso acertar justificações
aceitáveis acerca dos valores que devem nortear a redistribuição do rendimento,
particularmente entre aqueles que o produzem (rendimento) e aqueles que dela (redistribuição)
beneficiam.
Conexa com esta questão e, em parte, dela dependente, está a decisão sobre qual a
percentagem de rendimento produzido anualmente que deve ser distribuído pelo critério do
preço e qual a percentagem de rendimento que deve ser repartido de acordo com o critério da
autoridade.
Mesmo a questão da distribuição do rendimento operada no mercado em salários, rendas, juros
e lucros, merece ser discutida. Em particular, ao menos quanto aos critérios que decidem da sua
repartição relativa entre a parte que cabe aos rendimentos do trabalho (salários) e a parte que
cabe aos rendimentos do capital (juros, rendas e lucros).
Bibliografia:
- Avelãs Nunes, A. A., Noção e Objecto de Economia Política, Almedina, 3.ª Edição, Coimbra,
2013.
- Sandel, Michael J., What Money Can't Buy: The Moral Limits of Markets, New York, Ferrar,
Straus and Giroux, 2012;
- Stiglitz, J. E. (2000). Economics of the public sector. New York, W. W. Norton.
- Thomas Piketty, Capital in the Twenty-First Century, Harvard, 2014.
1
Programa de Doutoramento em Direito Público
ESTADO SOCIAL, CONSTITUIÇÃO E POBREZA
Ano: 2016
Seminário: Constituição, Política e Escassez
Licínio Lopes Martins
Tema: A Administração da escassez
I – O Direito Administrativo da escassez
1. Introdução: da Administração do bem-estar à Administração da escassez
2. Escassez e racionamento administrativo de bens e serviços públicos. O racionamento
como política pública
3. Escassez e eficiência: a decisão administrativa num contexto de escassez e os custos
de oportunidade (o princípio da ponderação custos/benefícios)
4. A escassez e a Administração do risco (os princípios da precaução, da eficiência e da
sustentabilidade)
5. Escassez, autorizações e concessões públicas e actos (administrativos) constitutivos de
direitos
6. A escassez e a programação da actividade administrativa: a discricionariedade de
planeamento/programação e de implementação de políticas públicas
7. O contrato como instrumento de regulação da escassez (em especial, do acesso a bens
e serviços públicos)
8. A escassez e o princípio da concorrência
9. Escassez, racionamento e racionalização: os desafios à regulação pública?
10. A escassez e o instituto da responsabilidade civil da Administração
11. A Administração da escassez e o controlo jurisdicional das decisões administrativas
II – A Administração da escassez na jurisprudência
1. A jurisprudência do Tribunal Constitucional
2. A jurisprudência do Tribunal de Contas
3. Jurisprudência estrangeira
Bibliografia recomendada:
AAVV, (a cura di Francesca ZAMPANO), I Livelli Essenziali delle Prestazioni. Questioni preliminari e
ipotesi di definizione, Quaderni Formez, 46 (Presidenza del Consiglio dei Ministri, Dipartimento della
Funzione Pubblicca), 2006
2
Anthony J. CULYER/ Adriana CASTELLI, “United Kingdom” in J. Matthias Graf SCHULENBURG/
Michael BLANKE – Rationing of Medical Services in Europe: An Empirical Study, IOS Press, 2004, pp.
255-305
Carla Amado GOMES, Risco e Modificação do Acto Autorizativo Concretizador de Deveres de Protecção
do Ambiente, Coimbra Editora, 2007
Gordon ANTHONY, Jean-Bernard AUBY, John MORISON e Tom ZWART, Values in Global
Administrative Law, Hart Publishing, Oxford, 2011
Fernando Alves CORREIA, A expropriação de sacrifício: finalmente, a sua consagração jurisprudencial,
in Revista de Legislação e Jurisprudência, Ano 142.º, n.º 3977, 2012
Franzoni ALESSIO, Il Concetto di razionamento in sanità”, in Diritto & Diritti, IL Portale Giuridico Itália
(http://www.diritto.it/art.php?file=/archivio/20763.html)
J. C. Vieira de ANDRADE, A responsabilidade indemnizatória dos poderes públicos em 3D: Estado de
direito, Estado fiscal, Estado social, in Revista de Legislação e Jurisprudência (RLJ), Ano 140.º, n.º 3969,
2011
J. C. Vieira de ANDRADE, Os poderes de cognição e de decisão do juiz no quadro do actual processo
administrativo de plena jurisdição, in Cadernos de Justiça Administrativa (CJA), n.º 101, 2013
J. C. Vieira de ANDRADE, Lições de Direito Administrativo, 3.ª ed., Imprensa da Universidade de
Coimbra, 2013
J. C. Vieira de ANDRADE, Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976, 5.ª ed., Almedina,
2012
J. Casalta NABAIS e Suzana Tavares da SILVA (Coord.), Sustentabilidade Fiscal em Tempos de Crise,
Almedina, 2011
José Eduardo Figueiredo DIAS, A Reinvenção da Autorização Administrativa no Direito do Ambiente,
Coimbra Editora, Coimbra, 2014
J. J. Gomes CANOTILHO, O Princípio da sustentabilidade como Princípio estruturante do Direito
Constitucional, in Revista de Estudos Politécnicos/Polytechnical Studies Review, 2010, vol. VIII, n.º 13,
pp. 7-18
J. J. Gomes CANOTILHO, A utilização do domínio público pelos cidadãos, Em Homenagem ao Professor
Doutor Diogo Freitas do Amaral, Coimbra, Almedina, 2010, pp. 1073 e segs.
Juarez FREITAS, Sustentabilidade: direito ao futuro, Editora Fórum, Belo Horizonte, 2011
Louise LOCOCK, The Changing Nature of Rationing in the National Health Service, in Public
Administration, 90, 78, 2000
Luís A. M. Meneses do VALE, Racionamento e racionalização no acesso à saúde. Contributo para uma
perspectiva jurídico-constitucional, Polic., Coimbra, 2007 (3 vols.)
Mario MARTINI, Der Markt als Instrument hoheitlicher Verwaltungslenkung, Tübingen, Mohr Siebeck,
2008
Martin NETTESHEIM, Rationing Health Care in Germany: Constitutional Opportunities and Limits, in
Stefan N. WILLICH/ Susanna ELM, Medical Challenges for the New Millenium – An Interdisciplinary
Task, Kluwer Academic Publishers, 2001
Ole Frihjof NORHEIM, The Norwegian Welfare State in Transition: Rationing and Plurality of Values as
Ethical Challenges for the Health Care System – On the Road Toward Two-Tier Health Care Systems:
European Developments and Experiences, in The Journal of Medicine and Philosophy, Vol. 20, n.º 6,
December 1995, Kluwer Academic Publishers, pp. 639-655
Pedro Costa GONÇALVES, Reflexões Sobre o Estado Regulador e o Estado Contratante, Coimbra Editora,
2013
Pedro Costa GONÇALVES, Estado de Garantia e Mercado, Revista da Faculdade de Direito da
Universidade do Porto, vol. VII (especial: Comunicações do I Triénio dos Encontros de Professores de
Direito Público), 2010, pp. 97 e ss.
Peter HÄBERLE, Nachhaltigkeit und Gemeineuropäisches Verfassungsrecht, in WOLFGANG KAHL,
(Org.), _achhaltigkeit als Verbundbegriff, Tübingen, 2008
Keith SYRETT, Impotence or importance? Judicial Review in an era of explicit NHS rationing, in The
Modern Law Review, 66, 2, 2004, pp. 289-321
3
Rolf STOBER, Direito Administrativo Económico Geral, Tradução de alemão para português de António
Francisco de Sousa, Universidade Lusíada Editora, 2008
Ronald DWORKIN, Sovereign Virtue, Harvard University Press, Massachusets, 2000 (tradução: A Virtude
Soberana: a teoria e a prática da igualdade, Martins Fontes, São Paulo, 2005)
RUDOLF KLEIN, Priorities and rationing: pragmatism or principles?, in British Medical Journal (BMJ),
311, Sept., 1995
Suzana Tavares da SILVA, Um novo Direito Administrativo?, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010
Suzana Tavares da SILVA, La estatalidad posmoderna o el riesgo de la «desconstrución» del Estado, in
Revista de Derecho Político, 74, 2009, pp. 391-403
Suzana Tavares da SILVA, Revisitando a garantia da tutela jurisdicional efectiva (algumas notas), in
Revista de Direito Público e Regulação, 5, 2010, pp. 127-139
Suzana Tavares da SILVA, Sustentabilidade e solidariedade no financiamento do bem-estar: o fim das
boleias?, Estudos de Homenagem ao Prof. Doutor Jorge Miranda, vol. V, FDUL, Coimbra Editora, 2012,
pp. 819-842
Suzana Tavares da SILVA, Regulação económica e Estado fiscal: o estranho caso de uma relação difícil
entre felicidade e garantia do bem-estar, in Scientia Iuridica - Revista de Direito Comparado Português e
Brasileiro, n.º 328, 2012, pp. 113-140
Wilfried BERG, Die Verwaltung des Mangels - Verfassungsrechtliche Determinanten für
Zuteilungskriterien bei knappen Ressourcen, Der Staat, 15, 1976, pp. 1-30
Nota: outra bibliografia e jurisprudência será fornecida ao longo da prelecção dos Seminários
Transestatalidade e Sustentabildiade
O Relacionamento entre os diferentes sistemas jurídicos
Rui Moura Ramos
Sumário:
1. O enfoque tradicional: a perspectiva centrada no ordenamento estadual e
a definição, por este, do sistema de relacionação com os demais sistemas
jurídicos. Os diversos modos de recepção dos sistemas jurídicos
estranhos à ordenação estadual considerada. Situações de tipificação
mais frequente: os ordenamentos estaduais estrangeiros, o direito
internacional e o direito canónico.
2. A alteração de perspectiva provocada pelo aparecimento da ordem
jurídica comunitária. O facto de este sistema jurídico ter chamado a si a
definição do seu relacionamento com os ordenamentos dos Estados-
Membros. Natureza jurisprudencial desta solução e termos da sua
aceitação pelas ordens jurídicas dos Estados-Membros.
3. A importância dos órgãos jurisdicionais neste contexto. A fragmentação
da ordem internacional e a proliferação de jurisdições internacionais. A
definição da sede do relacionamento entre as diversas ordens jurídicas
pelas distintas jurisdições. Problemas daí decorrentes.
4. A integração numa ordem jurídica global e o seu entendimento pelas
diversas instâncias jurisdicionais: exemplificação com a tensão entre as
liberdades económicas e os direitos sociais. Hipóteses de construção
sistémica. O caso da ordem jurídica da União Europeia: dissociação da
ordem social e da ordem económica versus possibilidade de uma
construção conflitual.
5. Ensaio de síntese.
Bibliografia:
Moura Ramos -- Da Comunidade Internacional e do seu Direito. Estudos de
Direito Internacional Público e Relações Internacionais, Coimbra, 1996, Coimbra
Editora.
Moura Ramos – Das Comunidades à União Europeia. Estudos de Direito
Comunitário, 2ª Edição, Coimbra, 1999, Coimbra Editora.
Moura Ramos – Estudos de Direito da União Europeia, Coimbra, 2013,
Coimbra Editora.
Walter van Gerven – «Plaidoirie pour une nouvelle branche du droit. Le
“droit de conflits d’ordres juridiques” dans le prolongement du “droit des
conflits de règles”, Recueil des Cours, 350 (2010), p. 9-70.
Christian Joerges -- «Integration through conflicts law. On the defence of
the european Project by means of alternative conceptualisation of legal
constitutionalisation», in Conflict of Laws and Laws of Conflict in Europe and
Beyond [Rainer Nickel (ed)], Antwerp, 2010, Intersentia, p. 377-400.
Transestatalidade e Sustentabilidade O objectivo do desenvolvimento sustentável na política económica internacional da União Europeia Vital Martins Moreira Sumário:
1. Introdução ao tema: globalização económica e desenvolvimento sustentável
2. Liberalização do comércio internacional e desenvolvimento no quadro da OMC
3. O precedente dos Estados Unidos: a cláusula laboral no “sistema de preferências generalizadas” e os dois acordos complementares do NAFTA (North American Free Trade Agreement) sobre questões laborais e ambientais
4. A competência da UE no domínio do apoio ao desenvolvimento e das relações económicas externas
5. A adopção da noção de “desenvolvimento sustentável” por parte da UE
6. A “revolução” do Tratado de Lisboa 7. O regime das “preferências comerciais generalizadas” da UE e o
desenvolvimento sustentável 8. Os acordos bilaterais de liberalização comercial da UE e o
desenvolvimento sustentável 9. Balanço e perspectivas
Bibliografia
Bibliografia básica:
MOREIRA, Vital Trabalho digno para todos: A “cláusula laboral no comércio externo da União Europeia”, Coimbra, Coimbra Editora, 2014 (com muita bibliografia). [vou oferecer este livro à FDUC]
CARBONE, Maurizio / ORBIE, Jan (edts), The trade-development nexus in the European Union: Differentiation, coherence and norms, Oxford, Routledge, 2014
Bibliografia complementar:
KIRTON, John J. / MACLAREN, Virginia W. (edts.), Linking trade, environment and social cohesion, Aldershot, Ashgate, 2002 (em especial capits. 1, 2, 3, 15, e 20). [tenho esta obra e posso oferecê-la à FDUC]
SAMPSON, Gary P., The WTO and sustainable development, Nova York, United Nations University, 2005.
ACHARYYA, Rajat / KAR, Saibal, International trade and economic development, Oxford, OUP, 2014.
Transestatalidade e Sustentabilidade
Constitucionalismo(s) e sustentabilidade política
Suzana Tavares da Silva
Roteiro:
I. Constitucionalismo(s) e política
1. A limitação do poder, a separação de poderes e a emergência do quarto poder
2. A separação de poderes revisitada: dimensões de concretização prática
3. Os novos titulares do poder: government, governance e guidance
4. O desenvolvimento económico e a democracia numa perspectiva comparada:
os sistemas liberais, os sistemas sociais de mercado, o capitalismo regulatório e o
capitalismo autoritário (Asian Values approach to governance)
II. Sustentabilidade política
1. A pós-democracia
2. As insuficiências e os riscos da democracia directa e da democracia electrónica
3. Dimensões e concretizações da accountability
4. A transparência, a simplificação e a cidadania
Bibliografia:
ASCANI, Anna, Accountability. La virtù della politica democratica, Città
Nuova, 2014
BRAITHWAITE, John, «The Regulatory State?», in Goodin (ed.), The Oxford
Handbook of Political Science, Oxford University Press, 2009, pp. 216-238
— Regulatory Capitalism. How it works, ideias for making it work better,
Edward Elgar, Cheltenham, 2008
BROWN, Nathan, 2002, Constitutions in a Nonconstitutional World. Arab Basic
Laws and the Prospects for Accountable Government, State University of New
York, Albany
CRAIG, Paul / TOMKINS, Adam, The Executive and Public Law: Power and
Accountability in Comparative Perspective, Oxford University Press, 2005
CROUCH, Colin, Post-democracy, Polity Press, Cambridge, 2004
DAVIES, Accountability: A Public Law Analysis of Government by Contract,
Oxford Socio-Legal Studies, 2001
HOOD, Christopher / HEALD, David, Transparency: The Key to Better
Governance?, Oxford University Press, 2006
HÜBNER MENDES, Conrado, Constitutional Courts and Deliberative
Democracy, Oxford University Press, 2013
KERSTING, Norbert, Electronic Democracy: The World of Political Science,
Budrich, 2012
MÖLLERS, Christoph, The Three Branches. A Comparative Model of Separation
of Powers, Oxford University Press, 2013
MONTEDURO, Fabio, Evoluzione ed effetti dell'accountability nelle
amministrazioni pubbliche, CISPA - Centro Interdip. studi pubbl. Amminist,
2012
RHODES / BINDER / ROCKMAN, The Oxford Handbook of Political Institutions,
Oxford University Press, 2008
SUNSTEIN, Cass, Simpler. The Future of Government, Simon & Schuster, New
York, 2013
TAVITS, Margit, Post-Communist Democracies and Party Organization,
Cambridge University Press, 2013
TIERNEY, Stephen, Constitutional Referendums. The Theory and Practice of
Republican Deliberation, Oxford University Press, 2014
Direitos Fundamentais e Estado Social
Os Direitos Sociais
José Carlos Vieira de Andrade
Sumário:
I - OS DIREITOS SOCIAIS NA ORDEM JURÍDICA PORTUGUESA
1. O regime constitucional dos direitos económicos, sociais e culturais
1.1. Duas matrizes conceptuais de direitos sociais: o socialismo
colectivista (Declaração de Direitos da Revolução russa de 1918) e a
democracia social (Constituição de Weimar 1919).
Dois subsistemas de protecção social: serviços públicos de acesso
universal pagos por impostos (Beveridge); seguros sociais organizados pelo
Estado, financiados por trabalhadores e empresas (Bismarck).
1.2. O compromisso constitucional de 1976 e a evolução do modelo no
cotexto europeu
1.3. Um catálogo, dois regimes: direitos, liberdades e garantias e
direitos sociais a prestações
1.4. O regime dos direitos sociais a prestações
2. A crise económica e financeira e os problemas do controlo judicial da
constitucionalidade das medidas políticas de austeridade – os velhos
princípios (igualdade, proporcionalidade, protecção da confiança) e os novos
princípios (igual proporcionalidade, sustentabilidade, justiça intergeracional)
como argumentos de ponderação e padrões de controlo.
3. O futuro próximo do Estado Social: a adaptação do conceito de direitos
sociais a prestações e as grandes linhas normativas de definição da
“socialidade”
3.1. A garantia do mínimo para uma existência condigna e o combate
activo contra a exclusão e a pobreza e para diminuição das desigualdades;
3.2. A universalidade na necessidade;
3.3. A parceria intersectorial: pública, social e privada
3.4. A sustentabilidade do sistema: a reserva do possível e os limites da
reversibilidade
3.5. A socialidade no contexto europeu e internacional
II. A PRÁTICA JUDICIAL DOS DIREITOS SOCIAIS NA ORDEM JURÍDICA
GLOBAL
1. A jurisprudência europeia
2. A jurisprudência alemã, italiana e espanhola
3. A jurisprudência brasileira
4. A jurisprudência húngara
5. A jurisprudência dos países do common law
Bibliografia:
GOMES CANOTILHO, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 2014;
Estudos sobre Direitos Fundamentais, 2008; Constituição Dirigente e Vinculação
do Legislador - Contributo para a Compreensão das Normas Constitucionais
Programáticas, 2001.
VIEIRA DE ANDRADE, Os Direitos Fundamentais na Constituição portuguesa de
1976, 5.ª ed. 2012.
REIS NOVAIS, Direitos Sociais - Teoria jurídica dos direitos sociais enquanto
direitos fundamentais, 2010.
JOÃO LOUREIRO, Adeus ao Estado Social?, 2010
SUZANA TAVARES DA SILVA, Os direitos fundamentais na arena global, 2.ª ed.,
2014.
AAVV, O Tribunal Constitucional e a crise, 2014
REIS NOVAIS, Em defesa do Tribunal Constitucional, 2014
AAVV, E-pública, Revista on line,a ICJP /FDUL, n.ºs 1 e 3, 2014
CATARINA BOTELHO, Os direitos sociais em tempos de crise, 2015
JORGE SILVA SAMPAIO, O controlo jurisdicional das políticas públicas de direitos sociais, 2014
RITTER, Gerhard, Storia dello Stato sociale, 2007
BARAK-EREZ, Daphne / GROSS, Aeyal M. (eds), Exploring Social Rights:
Between Theory and Practice. Oxford and Portland: Hart Publishing Ltd, 2007.
KING, Jeff, Judging Social Rights (Cambridge Studies in Constitutional
Law), Cambridge University Press, 2012
BREMS, Eva / GERARDS, Janneke (eds.), Shaping Rights in the ECHR,
Cambridge University Press, 2013
GAURI, Varun / BRINKS, Daniel M. (eds.), Courting Social Justice: Judicial
Enforcement of Social and Economic Rights in the Developing World, Cambridge
University Press, 2008
YOUNG, Katharine G., Constituting Economic and Social Rights (Oxford
Constitutional Theory), Oxford University Press, 2012
ELAINE DEWHURST, The Development of EU Case-Law on Age
Discrimination in Employment: ‘Will You Still Need Me? Will You Still Feed
Me? When I’m Sixty-Four’, in European Law Journal, Vol. 19, No. 4, July 2013,
pp. 517–544.
ANASHRI PILLAY, Toward effective social and economic rights adjudication: The
role of meaningful engagement, 2012.
XENOPHON CONTIADES AND ALKMENE FOTIADOU, Social rights in the age of
proportionality: Global economic crisis and constitutional litigation, 2012
STEFANO GIUBBONI, Diritti e solidarietà in Europa, 2012.
Direito Fundamentais e Estado Social
Docente: Fernanda Paula Oliveira
Tema a tratar: direito à habitação e as políticas públicas no domínio do direito à
habitação
Sumário:
1. O direito à habitação como um direito social: configuração constitucional;
2. Os problemas da habitação em especial nas cidades e as políticas públicas de
concretização do direito à habitação;
3. A relação entre o direito à habitação e o direito do urbanismo: o princípio da
sustentabilidade social
Bibliografia:
a. Básica:
Autores Vários, Construyendo El Derecho a La Vivienda, Marcial Pons,
Madrid/ Barcelona/ Buenos Aires, 2010
b. Complementar
Kathleen Scanlon, Christine Whitejead, Melissa Fernandez Arrigoitia, Social
Housing in Europe
Juli Ponce Solé (coord..) Derecho Urbanistico, Vivienda y Cohesión Social y
Territorial, Marcial Pons, Madrid/ Barcelona, 2006
Fernanda Paula Oliveira, As Novas Tendências do Direito do Urbanismo. De um
Urbanismo de Expansão e de Segregação a um Urbanismo de Contenção, de
Reabilitação Urbana e de Coesão Social, Coimbra, Almedina, 2.ª edição, 2012
Juli Ponce Solé, “Sociedades pluriculturales y administraciones locales:
inmigración, diversidad y convivência a las ciudades. Reflexiones jurídicas”
(policopiado)
Direitos Fundamentais e Estado Social
Desafios éticos para os direitos fundamentais no Estado social de direito
democrático
Ana Raquel Moniz
I – Os direitos fundamentais como “proclamações éticas” no Estado social
1. A anterioridade dos direitos fundamentais relativamente às formas de
organização das sociedades: a imposição à comunidade internacional e aos
Estados nacionais
2. Direitos fundamentais, ética e sistema jurídico
3. Os direitos fundamentais no quadro da revalorização da vinculação do Estado
a public values
II – A projeção da dogmática dos direitos fundamentais na atual conjuntura
política, económica e social
1. Democracia e cidadania
2. Solidariedade e escassez
3. Privacidade e tecnologias de informação
4. Abertura das fronteiras e titularidade de direitos por cidadãos estrangeiros
5. Segurança e terrorismo
6. Eficácia externa e autonomia privada
Bibliografia
ANDRADE, J. C. Vieira de, Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de
1976, Coimbra, 20125.
ANTHONY/AUBY/MORISON/ZWART, Values in Global Administrative Law, Oxford,
2011.
CANOTILHO, J. J. Gomes, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Coimbra,
20037.
CANOTILHO, J. J. Gomes/Moreira, Vital, Constituição da República Portuguesa
Anotada, vol. I, Coimbra, 20074.
DWORKIN, Ronald, Is Democracy Possible Here?, Princeton, 2006.
GEORGE, Robert P., Choque de Ortodoxias: Direito, Religião e Moral em Crise, trad.
Isaías HIPÓLITO, Coimbra, 2008.
LOUREIRO, João, «Responsabilidade(s), Pobreza e Mundo(s): Para uma Tópica
(Inter)constitucional da Pobreza», in: Estudos em Homenagem ao Prof.
Doutor José Joaquim Gomes Canotilho, Coimbra, 2012, pp. 395-424.
____, «Pessoa, Democracia e Cristianismo: Entre o Ideal e o Real? Subsídios de
(para a) Leitura(s) de Barbosa de Melo», in: Estudos em Homenagem a António
Barbosa de Melo, Coimbra, 2013, pp. 361-404.
MIRANDA, Jorge, Manual de Direito Constitucional, tomo IV, Coimbra, 20125.
MIRANDA, Jorge/Medeiros, Rui, Constituição Portuguesa Anotada, tomo I,
Coimbra, 20102.
MONIZ, Ana Raquel Gonçalves, «Direito, Ética e Estado», in: Estudos em
Homenagem a António Barbosa de Melo, Coimbra, 2013, pp. 35-71.
MONIZ, Ana Raquel Gonçalves, «Socialidade, Solidariedade e Sustentabilidade:
Esboços de um Retrato Jurisprudencial», in: A Economia Social e Civil: Estudos,
Projeto SPES – Socialidade, Pobreza(s) e Exclusão Social, Instituto Jurídico,
Coimbra, 2015, pp. 61-104
NOVAIS, J. Reis, Direitos Fundamentais e Justiça Constitucional em Estado de Direito
Democrático, Coimbra, 2013.
SEN, Amartya A Ideia de Justiça, trad. Nuno Castello-Branco BASTOS, Coimbra,
2010.
SANDEL, What Money Can’t Buy – The Moral Limits of Markets, New York, 2012.
SANTOS, Boaventura de Sousa, Se Deus Fosse um Activista dos Direitos Humanos,
Coimbra, 2013.
SILVA, Suzana Tavares da, Os Direitos Fundamentais na Arena Global, 2.ª ed.,
Coimbra, 2014.
Bibliografia preparatória
ANDRADE, J.C. Vieira de, Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de
1976, Coimbra, 2012.
DWORKIN, Ronald, Is Democracy Possible Here?, Princeton, 2006.
LOUREIRO, João, “Responsabilidade(s), Pobreza e Mundo(s): Para uma Tópica
(Inter)constitucional da Pobreza”, in: Estudos em Homenagem ao Prof.
Doutor José Joaquim Gomes Canotilho, Coimbra, 2012, pp. 395-424.
MELO, António Barbosa de, Democracia e Utopia (Reflexões), Porto, 1980.
MONIZ, Ana Raquel Gonçalves, «Direito, Ética e Estado», in: Estudos em
Homenagem a António Barbosa de Melo, Coimbra, 2013, pp. 35-71.
SEN, Amartya A Ideia de Justiça, Coimbra, 2010.
DIREITOS FUNDAMENTAIS E ESTADO SOCIAL
Direitos Fundamentais dos Trabalhadores
João Carlos Simões dos Reis
1. Introdução
1.1. Considerações gerais
1.2. O que se vai tratar
I
Os direitos laborais fundamentais e os seus desafios atuais
2. A evolução do conceito de direitos fundamentais
3. Os direitos laborais fundamentais na CRP
3.1.1. A liberdade sindical;
3.1.2. A representação unitária dos trabalhadores (comissão de trabalhadores)
3.1.3. A negociação coletiva
3.1.4. A greve
3.1.5. Os “direitos económicos, sociais e culturais”
4. Os direitos laborais fundamentais nos instrumentos de direito internacional
5. Mundialização e direitos fundamentais
5.1.1. Universalização dos direitos laborais fundamentais?
5.1.2. A problemática proteção internacional dos direitos laborais
6. A sustentabilidade dos direitos “sociais” fundamentais
II
Direitos fundamentais da pessoa no trabalho
7. Contrato de trabalho e direitos fundamentais
8. O regime do CT sobre os direitos de personalidade
9. A igualdade e a não discriminação
10. A proteção da parentalidade
11. Considerações finais
Bibl.: Jorge Leite, Direito do Trabalho, Vol. I, Serviços de Acção Social da U.C., Coimbra,
2003, p. 74-94, 107 e ss., Liberdade de expressão, infracção disciplinar, e justa causa de
despedimento, Questões Laborais, n.º 37, 2011,”A estabilidade e a promoção do emprego
face à legislação do trabalho”, in Anais das I Jornadas Luso-hispano-Brasileiras de Direito do
Trabalho, Lisboa, 1982, “As ausências ao trabalho para desempenho de funções
sindicais”, Revista do Ministério Público, Lisboa, 1987, 32, “Direito de exercício da
actividade profissional no âmbito do contrato de trabalho”, Revista do Ministério Público,
1991, n.º 47, “Sindicalismo e direitos fundamentais”, Vértice”, 1995, II Série, João Leal
Amado, Liberdade de expressão e infracção disciplinar”, Questões Laborais, n.º 37, 2011,
“ As faces do assédio”, Questões Laborais, n.º 33, 2009, “Breve apontamento sobre a
incidência da revolução genética no domínio juslaboral e a Lei n.º 12/2005, de 26 de
Janeiro”, Questões Laborais, n.º 25, 2005, Francisco Liberal Fernandes, A obrigação de
Serviços Mínimos como técnica de regulação da Greve nos serviços essenciais, Wolters Kluwer,
Coimbra Editora, 2010, José João Abrantes, Contrato de Trabalho e direitos fundamentais,
Coimbra, 2005 e Direitos Fundamentais da pessoa humana no trabalho, Almedina, Faculdade
de Direito da Universidade Nova de Lisboa, 2014 ; Maria R.P. Ramalho, “Contrato de
trabalho e direitos fundamentais da pessoa”, in Estudos de Direito do Trabalho, Coimbra,
2003 , “O telemóvel e o trabalho”, in Estudos em honra ao Professor Doutor Oliveira Ascensão,
Vol. II, Coimbra, 2008, “Factos da vida privada do trabalhador, prova ilícita e
despedimento – Comentário ao Acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 10 de Julho
de 2013””, Questões Laborais, n.º 42 Joana Vicente e Milena Rouxinol, “ VIH/SIDA e
contrato de Trabalho”, in Nos 20 Anos do Código das Sociedades Comerciais – Homenagem
aos Profs. Doutores A. Ferrer Correia, Orlando de Carvalho e Vasco Lobo Xavier, Coimbra, 2007
e “ Entre o direito à saúde e o direito a estar doente: comentário ao Acórdão do Tribunal
da Relação de Lisboa, de 29 de Maio de 2007”, Questões Laborais, n.º 31, 2008, Regina
Redinha, “Utilização de novas tecnologias no local de trabalho – algumas questões”, in
IV Congresso de Direito do Trabalho, Memórias, Coimbra, 2002, “Os direitos de
personalidade no Código do Trabalho: actualidade e oportunidade da sua inclusão”, in
A Reforma do Código do Trabalho, Coimbra, 2004, Menezes Cordeiro, “O respeito pela
esfera privada do trabalhador”, I Congresso Nacional do Direito de Trabalho. Memórias,
Coimbra, 1998, “A liberdade de expressão do trabalhador”, II Congresso de Direito do
Trabalho. Memórias, Coimbra, 1999, “Direito do Trabalho e Cidadania”, III Congresso de
Direito do Trabalho, 2001, “Contrato de trabalho e objecção de consciência”, V Congresso
de Direito do Trabalho, Memórias, Coimbra, 2003, Teresa Coelho Moreira, Da esfera privada
do trabalhador e o controlo do empregador, Coimbra 2014, A privacidade dos trabalhadores
e as novas tecnologias de informação e comunicação: contributo para um estudo dos
limites do poder de controlo electrónico do empregador, Coimbra, 2010, Menezes Leitão,
“A distribuição de mensagens de correio electrónico indesejadas”, in Estudos em
Homenagem à Professora Doutora Isabel Magalhâes Colaço, Vol. II, Coimbra, 2002 e “A
protecção de dados pessoais no Código do Trabalho”, in A Reforma do Código do Trabalho,
Coimbra, 2004, Bernardo Lobo Xavier, “A Constituição portuguesa como fonte de direito
do trabalho e os direitos fundamentais dos trabalhadores”, in Estudos de Direito do
Trabalho em homenagem ao Professor Manuel Alonso Olea, Coimbra, 2004, João Leal Amado,
Contrato de trabalho, Coimbra Editora, 2014, Júlio Vieira Gomes, Direito o Trabalho, Vol. I
(Relações individuais de trabalho), Coimbra, 2007, Gomes Canotilho, Direito
Constitucional e Teoria da Constituição, Coimbra, 2003, Gomes Canotilho e Vital Moreira,
Constituição da República Portuguesa Anotada, 4ªed., Coimbra, 2007, Vieira de Andrade, Os
Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976, 2009, “O judiciário e os direitos
sociais fundamentais. Acvesso à saúde, questão polémica”, Porto Alegre: Tribunal de
Justiça, 2002, João Carlos Loureiro, Adeus ao Estado Social, Wolters-Coimbra Editora,
2010, Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia, Ana Riquito e al. Coimbra Editora,
2001, Mondialisation, Travail et Droits Fondamentaux, Sous la direction de Isabelle
Daugareilh, Bruylant, 2005, Rey Guanter, “Diritti fondamentali della persona e contrato
di lavoro: appunti per una teoria generale”, in Quaderni di Diritto del Lavoro e delle
Relazioni Industriali. Diritti della persona e contrato di lavoro, 1994
Programa de Doutoramento em Direito Público
Estado Social, Constituição e Pobreza
Seminários - Janeiro de 2016
Constituição e Crise
José Casalta Nabais
A sustentabilidade fiscal do estado
I. Introdução
1. A ideia de contrato social como suporte do estado
1.1. O contrato social no séc. XVIII/XIX
1.2. A sua redescoberta no séc. XX: John Rawls
1.3. O seu questionamento pela ideia de justiça de Amartya Sen
2. A outra face dos direitos fundamentais: os custos dos direitos
2.1. Os custos dos direitos: os deveres fundamentais
2.2. Os custos financeiros
2.1. Todos os direitos têm custos públicos
2.2. Os custos dos direitos, liberdades e garantias e dos direitos sociais
II. Sustentabilidade fiscal e sustentabilidade financeira do estado
1. O estado fiscal
1.1. Sentido da ideia de estado fiscal
1.2. A exclusão do estado proprietário / empresarial e do estado taxador
2. A evolução do estado fiscal
3. A sustentabilidade económico-financeira e a sustentabilidade fiscal
3.1. A sustentabilidade no século XX e no século XXI
3.2. A sustentabilidade e o Tratado Orçamental na União Europeia
4. A sustentabilidade fiscal e a constituição económica europeia
4.1. Identificação da constituição económica com o mercado europeu
4.2. Funcionalização das constituições fiscais nacionais ao mercado europeu
III. Que futuro para a sustentabilidade fiscal do estado?
1. A crise do estado fiscal em resultado das novas fronteiras do direito fiscal
1.1. O contexto global do direito fiscal
1.2. A descaracterização dos tributos
1.3. A erosão da base dos impostos e a deslocação de rendimentos
2. Ideias sobre a futura sustentabilidade fiscal do estado
2.1. Reformar a sociedade antes do estado
2.2. A limitação do endividamento público
2.3. A adaptação dos sistemas fiscais
II. Bibliografia
- Stephen Holmes e Cass R. Sunstein, El Costo de los Derechos, Siglo XXI, 2011,
- José Casalta Nabais, José Casalta, O Dever fundamental de pagar impostos,
Almedina, 1998, Parte II, Título I, Capítulo I.
- Christians, Allison, «Soveignty, Taxation and Social Contract», Minesota Journal of
International Law, vol. 18-1 (2009).
- José Casalta Nabais, «Da sustentabilidade do estado fiscal, em José Casalta Nabais e
Suzana Tavares da Silva (Coord.), Sustentabilidade Fiscal em Tempos de Crise,
Almedina, Coimbra, 2011
- José Casalta Nabais, «A crise do Estado fiscal», em Suzana Tavares da Silva e Maria
de Fátima Ribeiro, Trajectórias de Sustentabilidade. Tributação e Investimento,
Instituto Jurídico – UC, 2013.
- José Casalta Nabais e Suzana Tavares da Silva, «Pensar a austeridade no século XXI»,
em Eduardo Paz Ferreira (Coord.), A austeridade cura? A austeridade mata?, AAFDL,
2013.
- José Casalta Nabais, «Reflexões sobre a constituição económica, financeira e fiscal
portuguesa», Revista de Legislação e de Jurisprudência, ano 144º, 2014/15.
- José Casalta Nabais, «A estabilidade financeira e o Tratado Orçamental», Estudos em
Memória do Conselheiro Artur Maurício, Coimbra Editora, 2015
- José Casalta Nabais, «Que futuro para a sustentabilidade fiscal do estado», em João
Carlos Loureiro e Suzana Tavares da Silva (Coord.), A economia social e civil - Estudos
SPES, IJ/FDUC, 2015
- James Mirlees, Diseño de un Sistema Tibutario Óptimo, Informe Mirlees, Editorial
Universitaria Ramon Areces, 2013.
- Suzana Tavares da Silva, Novas Fronteiras do Estado Fiscal, Sumários Desenvolvidos
de Direito Fiscal I (Mestrado), Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra,
2011/12.
- Daniel S. Goldberg, The Death of the Income Tax. A Progressive Consumption Tax
and the Path to Fiscal Reform, Oxford University Press, 2013
1
Programa de Doutoramento em Direito Público |
Estado Social, Constituição e Pobreza
Coordenador: Prof. Doutor José Carlos Vieira de Andrade
Constituição e Crise
O problema da relação juridicidade /constitucionalidade perante os desafios
das teorias da Justiça (e os «modelos normativos de democracia»)
[um módulo de 6 h, distribuído em duas sessões]
14/1/2016 [10h – 13h CC (AL, AG)] / 20/1/2016 [10h – 13h CC (AL, AG)]
José Manuel Aroso Linhares (AL)
Ana Margarida Simões Gaudêncio (AG)
Sumário:
A discussão da identidade colectiva assumida pelo debate filosófico-político das teorias da
justiça e o risco de transformar o direito numa instância de institucionalização intencionalmente
neutra, capaz de corresponder, como que instrumentalmente (enquanto contexto-correlato
de uma prática de decisões contingentes), a outros tantos modelos de societas ou de communitas
1. O debate liberalismo(s) /comunitarismo(s): será que o podemos reconduzir a um
confronto entre o universalismo de uma moralidade crítica (ou de uma filosofia moral)
procedimentalmente concebida — justificada por uma representação da relação necessidades/
direitos (e pela integração desta num modelo aculturalmente protegido de societas) — com o
particularismo das moralidades positivas ou convencionais e a defesa de uma racionalidade prática
substantiva — esta inseparável da experiência da narrativa e do horizonte estabilizador das
tradições e das formas ou modos de vida (se não representações do bem comum)? Uma tentativa de
esclarecimento desta pergunta e de todos os elementos que a compõem, capaz de nos revelar
um panorama mais complexo: uma alusão exemplar às correcções substantivas
(«materializantes») introduzidas nos procedimentalismos, mas também às especificidades
que distinguem os comunitarismos liberais.
2
2. O modelo normativo da «democracia deliberativa» como tentativa de superar os
limites deste debate: um diálogo com HABERMAS e com FORST.
2.1. O paradigma do direito comunicativo-procedimental, a superar o formalismo de Estado
demo-liberal e a neomaterialização de Estado social (e as dependências sistémicas que estes
geram) e a corresponder a um possível terceiro «modelo normativo de democracia»
(HABERMAS)
2.2. Um modelo/paradigma crítico de democracia deliberativa assente num direito à justificação,
como terceira via face às fundamentações liberal e comunitarista, de conteúdo contextualizadamente
fixado, em termos de generalidade e reciprocidade, propondo uma teoria crítica da justiça transnacional
– fundada num princípio da justificação –, com uma articulação-distinção entre vários contextos de
justiça, enquanto contextos de reconhecimento – ético, jurídico, político e moral (FORST)
3. O risco de transformar o direito numa mera instância de institucionalização, a
assimilar-receber passivamente os valores, standards ou regras produzidos ou estabilizados pelas
identidades colectivas de possíveis comunidades de ideias ou de memória (as primeiras a
invocarem a universalidade das aquisições moderno-iluministas, as segundas a celebrarem o
particularismo insuperável dos mores e das tradições). Uma tentativa de resposta, construída
a partir das possibilidades do jurisprudencialismo: a oportunidade reflexiva de interpelarmos
criticamente o direito (um certo direito, vinculado à Ideia da Europa!) reconhecendo no seu
mundo prático uma criação cultural situada e um projecto-projectar de sentidos comunitários (se
não mesmo a construção-realização historicamente constitutiva de uma forma de vida, inseparável
de uma experiência autónoma do problema-controvérsia).
4. Uma projecção dos desenvolvimentos precedentes no problema da relação
juridicidade /constitucionalidade. Em que sentido se torna hoje possível contrapor a contingência
política da voluntas constitucional e a continuidade prática do projecto cultural do direito?
Ainda um diálogo com HABERMAS, mas também com as propostas de «protestantismo
constitucional» abertas pela assimilação metódico-hermenêutica da filosofia da Desconstrução
(de LEVINSON a BALKIN, passando por Robin WEST).
LEITURAS RECOMENDADAS: NEVES, António Castanheira _(2003) A crise actual da Filosofia do Direito no contexto da crise global
da Filosofia. Tópicos para a possibilidade de uma reflexiva reabilitação, STVDIA IVRIDICA, 72, Coimbra, Coimbra Editora, p. 96-134
HABERMAS, Jürgen _ (1998) The Inclusion of the Other, Cambridge, Massachusetts, MIT Press – «9. Three Normative Models of Democracy», p. 239 ss., «10. On the International Relation between
3
the Rule of Law and Democracy», p. 253 ss. (Die Einbeziehung des Anderen. Studien zur politischen Theorie, Suhrkamp, Frankfurt am Main, 1996, p. 277 ss.)
_______________ (2012) Um ensaio sobre a Constituição da Europa, Edições 70, Lisboa (Zur Verfassung Europas, Frankfurt am Main, Suhrkamp, 2011)
FORST, Rainer _ (2001) “The Rule of Reasons. The Theory of Deliberative Democracy as an Alternative to Liberalism and Communitarianism”, in Ratio Juris, vol. 14, n. 4, p. 345-378 (depois, in Rainer Forst, Das Recht auf Rechtfertigung. Elemente einer konstruktivistischen Theorie der Gerechtigkeit, Suhrkamp, Frankfurt am Main, 2007, cap. 7)
LINHARES, José Manuel _ (2010) “‘O homo humanus do direito e o projecto inacabado da Modernidade’”, in Boletim da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, vol. LXXXVI, p. 515-561
_______________ (2015) «The Political Contingence of Constitutional Voluntas and the Practical Continuity of Law’s Cultural “Project”: a conversation piece concerning a “narrative” of discontinuity» (a publicar em breve)
GAUDÊNCIO, Ana Margarida _ (2012) O intervalo da tolerância nas fronteiras da juridicidade: fundamentos e condições de possibilidade da projecção jurídica de uma (re)construção normativamente substancial da exigência de tolerância), Coimbra, mimeo, p. 161-163, 176-193, 303-308, 323-334
WALDRON, Jeremy (1989) _ “Particular Values and Critical Morality”, in California Law Review, vol. 77, issue 3, May 1989, p. 561-589, disponível em http://scholarship.law.berkeley.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1867&context=californialawreview
OUTRAS LEITURAS: LINHARES, José Manuel _ (2010) “Humanitas, singularidade étnico-genealógica e
universalidade cívico-territorial. O “pormenor” do Direito na “ideia” da Europa das nações: um diálogo
com o narrativismo comunitarista”, Dereito. Revista xurídica da Universidade de Santiago de Compostela,
volume 15, número 1, 2006, p. 17-67, disponível em http://dspace.usc.es/bitstream/10347/7846/1/pg_019-
070_dereito15-1.pdf
HABERMAS, Jürgen _(2001) The Postnational Constellation: Political Essays, Cambridge, Polity –
4. «The Postnational Constellation and the Future of Democracy», p. 58 ss. (Die postnationale
Konstellation. Politische Essays, Suhrkamp, Frankfurt am Main, 1998)
FORST, Rainer _ (2002) Contexts of Justice: Political Philosophy beyond Liberalism and Communitarianism, cap. 3., 4., 5. (Kontexte der Gerechtigkeit. Politische Philosophie jenseits von Liberalismus und Kommunitarismus, Suhrkamp, Frankfurt am Main, 1994)
__________ (2001) “Towards a Critical Theory of Transnational Justice”, in Thomas Pogge (Ed.) Global Justice, Oxford, Blackewll, p. 169-187 (depois, in Rainer Forst, Das Recht auf Rechtfertigung. Elemente einer konstruktivistischen Theorie der Gerechtigkeit, Suhrkamp, Frankfurt am Main, 2007, cap. 12)
BALKIN, Jack _ (2011), Constitutional Redemption, Cambridge, Massachusetts, Harvard University Press, 8. «How I Became an Originalist», p. 226-250
NEVES, António Castanheira _ (1993) “A redução política do pensamento metodológico-jurídico (Breves notas críticas sobre o seu sentido)”, in Digesta – escritos acerca do Direito, do pensamento jurídico, da sua metodologia e outros, vol. II, Coimbra, Coimbra Editora, 1995, p. 379-421
Constituição, Política e Crise
República Romana, Democracia e Crise António A. Vieira Cura Sumário: I. Res publica romana e democracia: em torno da existência ou inexistência de
democracia (civitas popularis) em Roma. II. A constituição política republicana: a sua configuração primitiva e as suas
transformações. III. A crise da constituição republicana e as suas causas (políticas, económicas
e sociais). IV. Fundamentos republicanos da moderna teoria política e constitucional. BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL: CERAMI, PIETRO/PURPURA, GIANFRANCO, Profilo storico-giurisprudenziale del
Diritto Pubblico Romano (Torino, 2007); DUREAU DE LA MALLE, ADOLPHE JULES CÉSAR AUGUSTE, Économie politique des
Romains, Tomo II (Paris, 1890), disponível em http://books.google.pt; FERNÁNDEZ DE BUJÁN, ANTONIO, Derecho Público Romano, 14.ª edição (Madrid,
2011); MONTESQUIEU, De l’esprit des lois, Tomo I, ed. de Laurent Versini (Paris, 1995),
Livro II, caps. II-V, Livro III, cap. III, Livro V, caps. II-IV, Livro VIII, caps. II-III e XVI, e Livro XI, caps. XII-XVIII [Existe edição em português: MONTESQUIEU, Do espírito das leis – Introdução, tradução e notas de MIGUEL MORGADO (Lisboa, 2011); e também se encontram disponíveis em http://books.google.pt diversas edições em francês];
_____, Considérations sur les causes de la grandeur des Romains, et de leur décadence, in «Oeuvres complètes» (Paris, 1990);
PETRUCCI, ALDO, Corso di Diritto Pubblico Romano (Torino, 2012); RIBAS ALBA, JOSÉ MARIA, Democracia en Roma. Introducción al derecho electoral
romano (Granada, 2009); _____, Libertad. La vía romana hacia la democracia (Granada, 2009); TONDO, SALVATORE, Profilo di storia costituzionale romana, vol. 1 (Milano, 1981)
e vol. 2 (Milano, 1993); VIÑAS, ANTONIO, Instituciones políticas y sociales de Roma: monarquia y república,
2.ª ed. (Madrid, 2013).