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. .CD LE t;:AD . LU ZE IRD

Direcao deARL1NDO PINTO DE SOUZA

-.

JOSE CAMELO DE MELO RESENDE

Texto revisto e classificado par

H~ LID CAVENAGH I

Direitos adquiridos e registrados de acordo

com a lei na Bibl ioteca Nacional

1980

L U Z E I R O E O I T O R A L I M I T A D A03 025 - H UI A 1M 'R AN fE B A R R O S O N " 1 3 D

T E L E F O N l: ' 3 - 8 5 5 9 . C G C 4 3 . 8 2 & T& 4 3 / 0 8 0 1 0 D

INSClt ES l lDUl l 1 01 .D 85 .1 01 • S AO P A U L O

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  . . , , , , .

..

. ,

FICHA

NOME -- a PAVAO MISTERIOSO

TEMA - Aventura

AUTOR - Jose Camelo de Melo Resende (Jose Camelo)

LOCAL - Sem indicacso DATA - Sem indicacao

ES TRO FES - 1 41 de sets versos de sete sflabas (sextilhas)

ESQUEMA DA S RIMAS - x ax a x a

r O BSERVAC ;AO - A s letras repetidas indicam as

versos que rim am entre si. Indicam ..se corn x os

versos que nao rimam com nenhum outro.

FIN AL - Uma estrofe em acr6stico J O SECAMELO , em

versos de sete srlabas (martelo). E SQUEMA DAS RIMAS:

abbaaccddc

BIOGRAFIA DO AUTOR - JOSE CAMELO DE MELDR ESEN DE ( JOSE CAM E LO) nasceu na povoacso de Pi-

loezinhos, Munjc(pio de Guarabira ..--PB, e morreu em Rio

Tinto - PB, aos 28 de outubro de 1964. Foi filhe de Manuel

A lves. Poeta popu lar, cantador, carpinteiro e xlloqrafo, era

homem imagninoso e brilhante. C ornecou a versar romances

por volta de 1923, mas nao escrevia suas cornposicoes -.

guardava-as na m emoria, pra canta-tas onde se apresentasse ..

M eteu -se em situacdes atrapalhadas; entre 1 927 e 1929, por

causa duma delas, fugiu para 0 R io G rande do Norte. Foinessa epoca que Joao Melqu rades, .ajudado par Romano

EI ias, se apossou dos originais de 0 Pavio Misterioso, publ i...

cando-os como obra sua; tornando-se 0 romance urn des

maiores sucessos da l.iteratura de Cordel em todos as tempos,

o caso gerou uma polernica que dura ate hoje (apesar de ja

estar provada e documentada a verdadeira autoria]. Alem

deste 0 Pavio Misterioso, Jose Camelo foi autor de varies

romances que se tornaram classicos no genera: Aprigio Cou-

tinho e Neusa, A Verdadeira Historia de Joaozinho e Mari-

quinha, Coco-Verde e Melancia, etc.

o nome LITERATURA DE CORDEL provern de Portugal e data do

seculo XVII. Esse nome deve-se ao cordel au barbante em Que os

tothetos flcavam pendurados, em exposicao. No Nordeste brasilelro,

mantiveram-se a costume e 0 nome, e as folhetos sao expostos a venda

penduradas e presos por pregadores de roupa, em barbantes esticados

entre duas estacas, fixedas em caixotes.

. . .

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- _ . ; a . . . .. . .1 • :.

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.- ' .. a PAVAo MISTERIOSO'" - . . .

Eu yOU contar a hist6ria

D um pavao misterioso,

Que levantou voo da Grecla.

Com urn rapaz corajoso,

Raptando uma condessa,

Filha dum conde orgu lhoso ,

Residia na Turquia

Um viuvo capital ista,

Pa i " de do is f i Ihas so lteiros -

o mais velho Joao Batista ,

Entao 0filho mais m090

Se chamava Evangelista.

o velho turco era dono

Duma fabrlca de tecidos,C om larqas propriedades,

D inheiro e bens passu (dos.

D eu a heranca a seus fj Ihos,

Porque eram bern unidos.

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4 Jose Camelo de Melo Resende

Depois que ovelho morreu,

F izeram comb inacao,

Porque 0Joso Batis ta

Concordou com seu irrnao,

E foram negociar

N a mais completa uniao~

. .

U m d ia, Joao Bat ista

Penso u pela va idade

E d isse a Evangel ista:

- Meu mano, eu tenho vontade

De visitar 0 estra ngeiro,Se nao te deixar saudade.

O lha que nossa riqueza

Se acha muito aumentadaE dessa nossa fortuna

Ainda nao gozei nada,

Portanto, convern que eu passe

Urn ana em terra afastada.

Respondeu Evangel ista:

- V a, que eu aqui ficarei,

Regendo nosso neqocio ,

Como sempre trabalhei.

Garanto que nossos bens

Com cuidado zelarei.

Ouero tazer-lhe urn ped ida:

Procure no estrangeiro

Urn objeto bonito,

S6 para rapaz so lteiro,

Traga pra mim de presente,

Embora custe d inheiro.

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o Pavao M isterioso 5

Joao B atista prometeu,

Com muito boa atencao ,

De comprar urn objeto

Do qosto do seu irrndo.Entao I tornou urn paquete

E seguiu para 0 Japao.

Joao B atista, no Japao ,

Esteve seis meses somente,

Gozando naquele Imperio.

Percorreu 0Oriente,

D epois seguiu para a Grecia.O u t ro pa fs d iterente.

Joao B atista entrou na Grecia.

D ivert iu-se em passear t

Comprou passagem de bordo;

Quando ia emba rca r f

Ouviu urn negro dizer :

- A cho born se demorar!

Joao Bat ista interroqo U :

~ Amigo, fale a verdade:

Por que motive a senhor

Ma nda eu ficar na cidade?

o isse 0 negro: ~ Va i haver

Uma grande novidade!

Mora aqu i nesta cidade

Urn conde muito valente.

Ma i s soberbo do que Nero,

Pai duma filha sornente ~

E a rnoca rna is bo nita

Que h a no tempo preserrte!

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6 Jose Camelo de Melo Resende

•E a rnoca em que Ihe falo,

Filha do tal potentado,

o pai tern .ela escondida

Em urn quarto do sobrado ..,

C hama-se C reusa, e criou ..se

S em nunca ter passeado.

,I

De ano em ano, essa rnocaBota a cabeca de fora,Para 0 povo adora ..la

No espaco de uma hora,

Para s er vis ta Dutra vez,Tern urn ano de demora.

o conde nao consentiu

Dutro homem educa-la:

So ele, como pai dela,Teve 0 poder de ensina-la..Sera morto 0criado

Que dela escu tar a fala.

O s estrangeiro s tern vindo

Tomarem conhecimento.Arnanha ela aparece .

Ao grande aju ntamento ~

E proibido pedir ..se

A mao dela em casamento!

Entao d isse Joao Bat ista :

- A gora vou demorar

Para ver essa co ndessa,Estrela deste lugar.

Quando eu chegar na Turquia,Tenho muito que contar!

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o Pavao Misterioso 7

Logo no segundo dia,

C reusa saiu a [aneta.as fotoqrafos se ·vexaram ,

Tirando 0 retrato dela,.Ouando inteirou uma hora,D esapareceu a donzela.

r

Depois , Joao Batista viu

Urn ret rat ista vendendo

Alguns retratos de Creusa.

Vexou-se e Ihe foi dizendo:

- Quando quer pelo retrato?Porque cornpra-lo pretendo!

o fot6grafo respondeu:- the custa urn canto de reis,

Joao Batista a inda d isse :- E u com prava ate par dez!

Se 0 dinheiro fosse pouco,Empenharia os aneist

Joao Bat ista va Itou

D a G racia para a Turquia

E, quando chegou em Meca,C idade em que residia,Seu mane Evangelista

Banqueteou 0seu dia ..

Entao d isse Evange list a:

- M eu mano, v a me contandoSe viu coisa bern bonita

Por onde andou passeando -a que me traz de presente,

Va logo me entregando!, ..

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, ....

8 Jose Camelo de Malo Resande

• Respondeu Joao Batista:- Para ti trouxe urn retrato

Duma condessa da Grecia,

Moca que tern fino trato.Custou-me urn conto de reis ->

lnda achei multo barato:

-

Assim falou Evangelista,

Depois duma gargalhada:

- Nesse caso, rneu irm ao,Para mim nao trouxe nada,

P01S retrato de mulher

E coisa bastante usada!

~:.

- Sei que tern muito retrato, .Mas, como a que eu t rouxe, nao!

Ira ago ra exami na ..lo,

Entrego em sua mao -

Quando vir esta beleza,Mudara de opiniao.

Joao Bat ista t irou

o retrato dum a mala,

.Entreqou-o ao rapaz

Que estava de pe na sa la ,

Mas, quando viu 0 retrato,

Ouis fa t a r , tremeu a f a la.

E vange I ista vo I to u

C om 0 retrato na mao.

Tremendo, muito assustado,Perguntando a seu irrnao

S e a mO«;8 do retratoTinha aquela perfeicao.

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o Pavia Misterioso 9

Respondeu Joao Bat istai

- C reusa e muito mais formosa

Do que 0 retrato dela!

Em beleza e preciosa -Tem 0corpo desen hadePar uma mao milagrosa!

.. .

Joao Batista perguntou,

Fazendo urn ar de riso:

- Que e isso, meu i rmao?Quer perder 0 seu jurzo?

JfI vi que esse retratoVern Ihe causar prejuizo!

Hespondeu Evangelista:

- Pais, meu irrnao, eu Ihe digo:

Vou s a ir do meu pa IS !

Nao posso ficar contigo,

Pais a moca do retratoMe deixou a vida em perigo!

Joao Batista fa lou serio :

- Preciptcio nao convem:

De que Ihe serve ir embora,

Par esses mares alern,

Em procure de uma rnoca

Que nao casa com ninquern?

- S eu conselho nao me serve,

Estou impressionado!

Rapaz sem rnoca bonita

E urn desaventurado!

Se eu nao casar com Creusa,

Findo os dias enforcado '

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..

10 JoStiCamela de Melo R.sende

V amos partir a riqueza,

Que tenho necessidade.

Dar balance ao dinheiro,

Porque eu quero a metade.o que nao posso levar

Lhe dou de boa vontade ..

Deram balance ao dinheiro.S6 tres milhdes encontraram,Trocou dais a Evangelista,

Conforme se combinararn.

Com relacao a neg6cio,

Da firma se desligaram.

Oesped iu-se E vangeJ ista,

Abracou a seu irmao --

Choraram urn pelo Dutro,

N a triste separacao ,

Seguindo urn para a GreciaEm uma embarcacao.

Logo que chegou a Gracia.Hospedou-se Evangel ista

Em urn hotel dos mais pobres,

Negando assim sua pista,

Para ninquern nao saber

Que era urn capitalists ..

Ali passou oito meses,

Sem se dar a conhecer,

Sempre andando d isfarcado,

S6 para n inquern saber,

Ate que chegou 0 d ia

D a rnoca .aparecer.

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o Pavlo M istertoso 11

O s hate-is ja se achavam

R epletos de passageiros;

Passeavam pela praca

O s grupos de cavalheiros;Havia muitos fidalgos

C hegando do estranqeiro.

As duas horas da tarde,

Creusa sa iu a jane la,M ostrando sua beleza

Entre 0 conde e a mae dela.

T odos tiraram 0 chapeu,Em continencia a donzela.

Quando Evangelista viu

o brilho da boniteza,

D isse: - Vejo que meu mano

O u is m e falar com franqueza,

Po is essa gent i I donzela

E ra inha da beleza!

Evangel ista voltou

A onde estava hospedado.

Como nao falou com a rnoca,E stava contrariado -

Foi inventar uma ideia

Que Ihe desse resu ltado ,

No outro dia saiu,

Passea ndo , E va ngel is ta .

Encontrou-se na cidade

Com urn rapaz jornalista.

Perguntou se nao haviaN a praca algum artista.

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 . . - I

_ . . : . . . . . -:.-

. . . .

12 Jose Camelo de Melo Resende

Respondeu 0 jornalista:

- Tern 0doutor Edmundo,

Na rua dos O perarios -

E engenheiro profunda!Para inverrtar rnaquinisrno,

E e'e 0 maior do mundo!

Evanqel ista en tro u

N a casa do enqenheiro,

Falando em Ifngua grega,

Negando serestrarqeiro.

Lhe propos um born neg6cio_,Oferecendo d inheiro.

A ssi m d isse Evangelista:

- Meu engenheiro famoso,

Primeiro v a me d izendo

Se nao e homem medroso -Porque quero ajustar

Urn neqocio vantajoso!..

J

Respondeu-Ihe Edmundo:

- N a arte nao tenho medo,

Mas vejo que 0amigo

Ouer um neqocio em segredo -

Como prscisa de mim,

Con te -me le i esse enredo.

~ Eu amo a filha do conde,

A mais formosa mulher!

Se 0doutor inventarUrn aparelho qualquer,

Que eu possa falar com efa,

Pago 0que 0senhor qu iser.

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o Pavao Misterioso, "r

13

- E u aceito seu contrato,'

Mas preciso Ihe avisa r

Que vou trabalhar seis m eses.

o senhor vai esperar!E obra desconhecida

Que agora vou inventer.

- O uer dinheiro adiantado?

E u pago neste momento.

- Nao senhor, ainda e cedo.Quando findar meu invento,

E quando eu Ihe digo 0 preco.Ouarrto custa 0 paqarnento.

E nquanto Evanget is ta ,

Impacien te, esperava,

o _engenheiro Edmundo

Todas noites trabalhava,

Oculto em sua oficina,

~ ninquern adivinhava,

.. o grande artista E dm undo

Desenhou nova invencao,

Fazendo urn aeroplano

D e pequena dimensao,

Fabricado de alurnrnio

Com importante arrnacao.

Movido a motor eletrico,

Dep6sito de gasolina,

Com locornocao macia

Que nao fazia buzina -

A obra m ais importante

Que fez em sua oficina.

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14 JOMCamefo deMelo Resende

Tinha cauda como leque,

A s asas como urn pavio

Pescoco , cabeca e bico,

Afavanca, chave e botao,Voava igual ao ventoPara aualquer direcao.

Quando Edmundo tindou,

Disse a Evangelista:

- A sua obra esta perfeit a,

Ficou corn-bonita vista -

a senhor tern de saberQue Edmundo e artista!

Eu fiz urn aeroplano

Da forma de urn pavao,

Que se arm a e se desarm a,

Comprimindo urn batao,

E carrega doze arrobas

T res Iequas acima do chao.

Foram experimentar

Se tinha jeito 0 pavao

A briram a alavanca e chave,

C arregaram no batao:

o monstro girou suspenso,

Maneiro como urn balao.

o pavao, de asa aberta,,

Partiu com velocidade,

Co rta ndo pelo espaco

Muito acima da cidade.

Como era a meia-no ite,

Voltaram it sua vontade.

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o Pavlo Misterioso 15

·Entio disse 0 engenheiro:

- Ja provei minha invencao:

F iz emos experienc ia ,

Tome conta do pavao ..

Agora, 0 senhor me paga,S em prom over discussao.

Pergunta 0 Evangelista:

- Quanta custam seus inventos?

-. D e-me cern contos de reis,

Podem ser dois paqarnentos,

a rapaz Ihe respondeu.III

- Pago a vista, dou duzentos!

Edmundo .ainda deu-lne

Mais urna serra azougada,Que arriava caibro e ripa

E nao fazia zoada,

Tinha os dentes de navalha

De gum e bern afiada.

Deu-lhe urn lenco eniqrnatico ,

Que, quando Creusa gritava,

Chamando pelo pai dela,E ntao 0 moco passava

EIe no nariz da rnoca,

C om isso ela desmaiava.

E ntao d isse 0 jovem turco:

- Muito obrigado fiquei

Do pavao e dos presentes -

Para lu tar me a rrnei!

Arnanha. a meia ..noite,CornC reu sa con versarei.

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16 Jose Camelo de Melo Aesende

A meia-noite 0 pavao

.00 muro se lev an to u;

Com as lamp adas apagadas,

Como uma flecha VQOU.

Bern no sobrado do conde,

Na cumieira aterrou

Evangelista, em silencio ,

Cinco telhas arredou,

U r n buraco de dois palmos

Nos caibros e ripas serrou -

E, pendurando u rna corda,Por ela se escorreqou,

C hegou ao quarto de Creusa,

Onde dormia a donzela,

Debaixo dum cortinado

Feito de seda amarela,

E ele, para acorda-la,

PO s a mao na testa dela.

A rn oe a estremeceu,

Acordou no momento instante

E vi u u m rapaz estranho

De rosto muito eleqante,

Que sorria para ela,

Com urn olhar fascinante.

Entao Creusa deu urn qrito:

- Papai, urn desconhecido

Entrou aqui no meu quarto!

Sujeito multo atrevido!

V enha d epressa, papa i,

Pode ser a Igum band ida!

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o Pavia Misterioso 17

o rapaz Ihe disse: - Maca,

Entre nos nao ha per igo :

Estou pronto a defende-Ia

Como verdadeiro arnqo.Venho e saber da senhora

Se quer se casar comigo.

o [overn puxou 0 lenco,

No nariz dela encostou,

Deu uma vertigem na rnoca,D e repente desmaiou

E ele subiu na corda,Chegando em cima, tirou.

o rapaz ajeitou os caibros

E consertou 0telhado.

E ncalcando em seu pavao,

Voou bastante vexado,

Veio esconder 0aparelho

Aonde foi fabricado.

o conde aoordou aflito,

Quando ouviu a zoada.

Entrou no quarto da .filha,

Desembainhou a espada,

Mas a encontrou sem sentidos,

D ez minutos desm aiada.

Percorreu todos as cantos

Co m a espada na mao,

Berrando, soItando praga,

Co lerico como urn leao I

o izendo: - Onde encontra ..lo,

Eu m ato esse ladrao!

. .

. . . . .

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~.

18 JoS4! CameJod. Malo Rlsende

Creusa disse-Ihe: - Meu pal,

Po is eu vi neste momento

Urn jovem rico e elegante,

Me falando em casamento!

Nao vi quando ele .encantou-se.

Porque deu-me urn passarnento.

Disse 0 conde: - Nesse caso,

Tu ja estas a sonhar!

M oc;:a de de zo ito anosJ f J pensando em se casar?

Se te aparecer casamento,Eu saberei desmanchar!

E va ngel is ta chego u

As duas da madrugada,

Assentou 0 seu pavao I

Sem que fizesse zoada,

D esceu pela mesma trilha

Na corda dependurada.

Creusa estava deitada,

Dormindo 0 sana inocente,

Seus cabelos, como urn veu,

Que enfeita puramente,

Como urn anjo terreal

~ Que ternlab

io sorridente,

o rapaz, m uito sutil.

Foi pegando na mao dela.

Entao a moca assustou-se,

E le garantiu a ela

Que nao era malfazejo:

-- Nao tenha meda, donzela!

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.. .

o Pavia Misterioso 19

A rnoea interroqou-o :

- Diga: quem e 0 senhor7

D isse ele : - S ou estrangeiro,

Lhe consagreimuito amor!

Sem voce par minha esposa,A vida nao tern valor!

Creusa achou irnoossivel

o rnoco entrar no sobrado ,

Entao perqun tou a ele

De que jeito t inha entrado

E disse: -- Va me dizendoI

Se e vivo ou encantado!

- Como eu Ihe tenho amor,

M e arrisco fora de hora.Mac;:a, nao negue 0 sim

.A quem tan to Ihe adora!

C reusa af gritou : - Meu pal:

Venhaver 0 homem agora!

Ele 'he passou 0 lenco,

E la caiu sem sentido.

Entao . subiu pela corda,

Por onde tinha descido,

C hegou em cima e d isse:

--0conde sera vencido!

Ouviu-se tocar corneta

E 0 brado da sentinela.,

o conde se d ir ig iu

Para 0quarto da donzela,

Viu a filha desmaiada,

Nao pede falar com ela.

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20 Jose! Camelo de Malo Resende

Ate que a rnoca tornou,Disse 0conde: - E urn caso seriot

Sou urn fidalgo tao rico,

Atentado em meu criteriotMas n6s vamos descobrir

o autor desse rnisterio .•

M inha filha, eu ja pensei

Em urn plano bern sagaz:

Passe essa banha am arela

N a cabeca desse audaz -

S6 assirn descobriremosEsse anjo ou satanas:

56 venda uma visao,

Que entra neste sobrado!

.S6 chega a meia-no ite,

E ntra e sa i sem ser notado -E se e gente deste mundo,

Usa feitico encantado!.

.. .

Evangelista tarnbern

Desarmou 0 seu pavao ,

A cauda, a capota, 0 bico,

Diminuiu a arrnacao ,

Escondeu 0 seu motor

Em urn pequeno caixao.

Depois de sessenta horas,

Alta noite, em nevoeiro,

Evangelista chegou

No seu pavao tao rnaneiro.

D esceu no quarto da moca

A seu modo costumeiro.

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o Pavio Misterioso 21

Ja era a terceira vez

Que Evanqelista entrava

N o quarto em que a condessa

A noite se agasa lhava :Pela forca do arnor,

o rapaz se arriscava.

Com ·pouco a rnoca acordou,

Foi logo dizendo assirn:

- Voce, que diz que m e arna,

C om um bem-querer sem fim,

S e m e am a com respelto I

Sente-se junto de mim.

Evangelista sentou-se

Pos-se a conversar com ela ,

T rocando r iso, esperava

A respo sta da donzela.

Ela p6s-lhe a mao n a cab eca,Espalhou a banha amarela t

A condessa levantou-se,

Com vontade de gritar.

o rapaz tocoul he 0 lenco,

Sentiu ela desmaiar,

AI' deixou-a em sincope,

Tratou de se ret irar.

E nta00 E va ng eli sta ,

Voando da cu rn ieira,

Foi esconder seu pavao

N as fo Ihas duma palrneira.

D isse: - N a q uarta viagem,

Levo a condessa estrangeira.J

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22 JON Camelo de Melo Aesende

Creusa entao passou 0 restoD a noite mal sosseqada,

Acordou pela rnanha

Meditativa e " cismada.Se a pai nao Ihe pergun tasse,Nao ia the d izer na da ,

Disse 0conde: - Minha filha,

Parece que esta doente!Voce teve algum acesso,Porque seu olhar nao mente -

o tal rap az en can tadoLhe apareceu certarnentel

'III

E C reusa disse: - Papai,

Eu cumpri 0seu mandado:

o rapaz apareceu ..me,

M as achei-o delicado.

Pa ssei- lh e a banha amarelaE ele saiu rnarcado.

o conde d isse aos soldados

Que a cidade patrulhassern.Tomassem os chapeus dos homensQue na rua encontrassem,Urn de cabelo amarelo I

O u rico DU pobre, pegassem.

Evangelista vestiu-se

Com a roupa de urn alugado.

E ncontrou com a patrulha,

o seu chapeu foi tirado,

Viram 0 cabelo amarelo,

Gritaram : - Esteja intimado!

.•.... :-.t~. . ','1"- .

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o Plvla Milt.nolO 23

Os soldados Ihe disseram:

- C idadao, nao estremeca:

Esta preso par ordem do conde,

~ melhor que nao se cresca,V a i a presence do grande,

Se e hom_em, naD esrnoreca!

Voce ho j e va i pro va r :

Por sua vida, responde

Como e que tern falado

Com a fitha do nosso conde!

Quando ele lhe procura,

Onde e que voce se esconde?

Respondeu Evangelista:

- Tarnbern me faca urn favor,

Enquanto eu vou vestir

M inha roupa superior -

Na classe de homem rico,

N inquem pisa meu va lor:

D isseram : - Pode m udar

Sua roupa de nobreza.

A rnoca bern que dizia

Que 0 rapaz tinha riqueza -

Vamos ganhar umas luvas

E 0 conde uma surpresa!

Seguiu Evangelista

Conversando com a guarda,

Ate que se aproxirnararn

D e uma palmeira copada.

Entao disse Evanqelista:

- Minha roupa esta trepada.

,.' I ; , o P

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24 Jose Camelo de Melo Resende

E as soldados olharam,

Em cima viram urn caixao

Mandaram ele subir

E ficaram de prontidao.Pegaram a conversar,Prestando pouca atencao.

E vangelista subiu ,

Pas 0 dedo no batao:

Seu monstro de alurmnio

Ergueu logo a armacao,

Dali foi-se levantando,Seguiu voando 0 pavao.

E as so ldados gritaram:

- Am igo, 0 senho r d escat

Deixe de tanta demora,

E born que nao aborreca,

Se nao com pouco uma bala

• V isita a su a cabeca!..

Entao mandaram subir

Urn soldado de coragem.

D isseram : - Peg ue na perna,

A rraste com a folhagem -

Esta passando da hora,

De va ltarrnos da viagemL

Quando 0 soldado subiu,

G ritou : - Perdemos acao '

Fugiu 0 rnoco voando,

De longe ve]o urn pavao:

Zombou de nossa patru lha -

Aq uele moco e a Cao ~

,;

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"0 Pavia Misterioso 25

Voltaram e disseram ao Conde

Que 0 rapaz tinham encontrado,

M as do olho de uma palmeira

o rapaz tinha voado.Disse 0 conde: - E 0Cao,

Que com Creusa tern conversado!

Creusa, sabendo da hist6ria,

Chorava, arrependida

Por ter m arcado 0 rapazC om banha desconhecida.

D isse: - N unca mais tereiSossego em minha vida!

D isse C reusa: - O ra I papai

Me priva da liberdade -

Nao consente que eu gaze

A distracao da cidade!

Vivo como cr irninosa,Sem gozar a rnocidade:

Aqui nao tenho direito

D e falar com urn cr iado.

Um rapaz, para me ver r

Precisa vi r enca ntado.

M as talvez que ainda eu fuja

Oeste maldito sobrado!

o rapaz que me tern amor,

S6 queria ve-lo agora,

Para cair em seus pes

Como a infe1iz que chora -

Embora eu , ao depois,Morresse na mesma hora:

.. .

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..

2 6 Josd CamelD de MeJo Resende

Eu sei bern que, para ele,

Nao rnereco m ais confianca:..

E nquanta ele vi nha aqui,_

Ainda eu tinha esperanceD e sair desta cadeia

Que da sentence a criancal

As quatro da madrugada,

Evangelista desceu.Creusa estava acordada,

Nunca mais adormeceu .

A maya estava chorando,

o rapaz Ihe apareceu I

o jovem cumprimentou-a,

Deu-I he urn aperto de mao.

A condessa ajoelhou -se,Para Ihe pedir perdao.

Disse: - Foi meu pai que mandouEu fazer ..the uma traicao:

o rapaz disse: - Menina,

A rnim voce nao fez mal:

Toda rnoca e inocente,

Tern seu papel virginal -

Cerirnonia de donzela

E um a coisa natural!

Todo 0 meu sonho doirado

E ve-la minha senhora.

Se quiser ~asar com igo

S e arrume. vamos embora,

Se nao·0dia am an heceE se perde a nossa hora!

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..

..

a Pavia Misterioso 27

- Se a senhor e homem serio

E co migo quer se casar,

Pois tome conta de rnirn -

Aqui nao quero ficar"Se eu falar em casamento,Meu pai manda me matar.

- Embora que ele mande

Tropa e navio pelos mares,

M inha viagem e aerea,

Meu cavalo anda nos ares,

No·s vamos sai r daqu i, .

C asar em ou tros lugares!

Creusa estava empacotando

o vestido engomado.

o conde entrou no quarto,

Gritando em alto brado,

Dizendo r+ Filha maldita,V ai morrer com seu amado!

.. .

o conde rangeu as dentes,

Avancou com passo extenso.Deu urn pentane na filha,

o izendo: - Eu sou quem venco:

Logo no nariz do conde

o rapaz passou 0 lenco.

Ouviu-se 0 baque do conde,P..orque ro lou desmaiado -

A ultima cena do lenco,

Que 0deixou magnetizado.

Disse 0 maca: _ Tern dez minutos

Para sa i rmos do sobrado!

. . . . .

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  .. . -:-:-~

• . -,

28 JOR Camelo de.Melo Aesende

' 1 1 0

Creusa disse: - Estou pronta,

Ja podemos i r embora!

E subiram pela corda,

Ate que sa (ram fora.S e a proxi mava a a Ivorada,Pela corti na da au rora,

Com pouco, 0 conde acordou,

Viu a corda pendurada

Na coberta do sobrado.

D ist inguiu uma zoada

E as larnpadas do aparelho

Mostrando luz variada.

-

E a gaita do pavao

Tocando com rouca voz.

o monstro de olhos de fogo

Proj etando seus far6 is,

o conde mandando praga,-D isse a maca: - E contra nos!

O s so ldados da patru lha

E stavam de prontidao.

D isseram : - Vern ver, Fulano!

L a vai passando 0 pavao '

a monstro fez uma curva

Para to mar a d irecao.

Entao dizia urn soldado:

~ Orgulho e uma ilusao:

Urn pa i governa a filha,

Sem mandai no coracao -.

E agora a condessinha

Vai fugindo no pavao:

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.~ . I • ~ r. ..•••.• : _ -... I .. :~. _ .: .. __ ....: ... _ ..... . : . .. .. . I~.:~ . . = :-_ .i~~.:I~· ..:~.';_ .:"~.~- .~ ... ~:.;.r.;~ I:-:-"l-I.'_ _" " . ."'~~ ~~.-.-.:~

.. ~ - .. .

. .. . . .

o Pavia Misterioso

o conde olhou para a corda,Viu 0 buraco no telhado,

Como tinha sido vencido

Pelo rapazatilado,Adoeceu so de raiva,

Morreu por nao ser vingado.

,.

Logo que Evangel is ta

Fai chegando na Turquia

C om a condessa da Grecia,

Fidalga da m onarqu ia,

Em casa de Joao BatistaC asou -se no mesmo dia.

Em casa de Joao Batista

Deu-se 0 grande ajuntarnento,

Dando viva ao s noiv ados,

Parabens do casamento.

A no ite teve ret reta I

Com visita e cumprimento.

Enquanto E v angel is ta

G ozava im ensa alegria,

C hegava urn telegram a

D a Grecia para a Turquia,

Chamando a condessa Creusa

Pelo motivo que havia ..

o izia a teleqrama:Creusa, vern com teu mar ido

Receber a tua heranea:

o conde e talecido.Tua mfe deseja ver

o genro reconhecido

..

.. .

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30 Jose Cameto de Melo Resende

A condessa estava lendo,

Com 0 telegrama na mao.Entreqou a Evangelista

Que mostrou a seu irrnao,Dizendo: - Vamos voltar

Por uma ju sta razao.

De martha, quando os no ivos

Acabaram de alrnocar.E C reusa em trajes de noiva

Pro nta para viajar,

De palma, veu e capelaPais s6 vieram casar.

D iziam os convidados:

- A co ndes sa e tao rnoci n ha,

Mas, vest ida como noiva,

Tor nou-se mais bonitinha:

Esta com urn buque de flor,

Ser ia como uma rainha'

Os no ivos tom aram assento

No pavao de alurrunio

E 0monstro levantouse,

Foi ficando pequenino -

Continuou 0 seu voo

No rumo de seu destino.

Na cidade de Atenas

Estava a populacao

Esperando pela volta

. D o aeropla no-pavao,

O u cava 10 do espaco

Que" irnita 0 a via o ,

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J t-

o Pavia Misterioso 31

Na ta rde do rnesmo d ia

Que 0 pavao foi chegado,

Em casa de Ed mundo

F icou 0 rnoco hospedado,S eu am igo de conf iancaOue fo i bern recompensado.

E tarnbern a mae de C reusaJa esperava vexada ..

A filha mais tarde entrou,

M u ito bern acompanhada,

D e bracos com 0 seu noivoD isse: -- Mae, estou casada!

D isse a velha: - Minha filha,Safste do cativeiro!

F izeste bem em fugir

E casar no estranqelro:

'Tomem conta da heranca -II

Meu genro e meu herdeiro!

J u st ica, 5 6 a de D eus,

a [ulz que [a nao era,

S enhor que, do C eu pra T erra,

E stende os poderes seus!

Como somas pigmeus,

A EIe nao enxergamos,

Mas, contudo, p recisa mo s

E na Itecer Sua Iuz. ~

L embrados que, com Jesus,

o Satanas afastamos!

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: j. . . I . J • 'I _ ~ T .... -. . l.r"-::_r. ,~

HINO NACIONAL BRASILEIRO

Letra deOs6rio Duque Estrada

Mus.ca de

Francisco Manoel da Silva

Ouvirarn do Ipiranga as margens placidas

De um povo her6ico 0 brado retumbante

E 0sol da liberdade ..em raios fu!gidos:pBrilhou no ceu da Patria nesse instante.Se 0 penhor dessa iqualdade

Conseguimos conquistar com braco forte,Em teu seio. 6 liberdade,Desafia 0 nosso peito a propria morte!

o Patria arnada. idolatrada,Sa~ve! Salve!

Brasil, urn sonho intense, um raio vividoDe amor

ede esperance it terra desce,

Se em teu formoso ceu, risonho e t impido,

A imagem do Cruzei ro resplandece!Gigante pela propria natureza,~s belo. e s forte, irnpavido colosso.E 0 teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada,Entre outras mil e s tu, BrasH ~6 Patrie amada!Dos filhos oeste solo e s mae gentilrPalria amada, Brasil!

Deitado eternamente em berco esplenoido,Ao 10m do mar e a luz do c e u profundo,

Fulguras, 6 Brasil, flor.ia cia America,-

lIuminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mats garrida,Teus risonhos, lindos campos tt1m mais f~ores,Nossos bosques tern rnais vida,Nossa vida, no teu seio, rnais amores!

o Patria amada ..idatatrada.Salve! Sa~ve!

Brasil, de amor eterno seja 5(mbotoo labaro Que ostentas estreladoE diga 0verde ..ouro desta flamuta

Paz no futuro e gl6ria no passado!Mas; se ergue da Justic;a a clava forte,Veras que urn fllho ta u nao foge a luta,Nem teme quem te adora a pr6pria marte!

Terra adorada,Entre outras mil a s tu, Brasil, 6 Patria amada!D os filhos cleste solo a s mae gentil,

Pat r1a a rnada, Brasil !

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II

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