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omplexo JurídicokDamásio de Jesus
CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
PRÁTIC DE PROCESSO PEN L
Orientaç õ es Gerais
Rua da G lória, 195 — L iberdade — São Paulo — SP — CE P: 01510-001Tel./ Fax: 11) 3164-6624 — www.damasio.com.br
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Primeiro corpo: cabeç alho. Prefira a redaç ã o por extenso:
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de
Autos n.
Segundo corpo: inserção das elementares do tipo e circunstâ ncias. Copie o texto
legal e agregue as informações sobre: 1.°) tempo e local do crime; 2.°) indiciado e sua
qualificação; 3.°) instrumento utilizado, quando for o caso; 4.°) qualificadoras, causas
de aumento e agravantes; 5.°) referência ao laudo de exame de corpo de delito, nos
crimes que deixam vestígio. Obs.: faç a um parágrafo para cada crime. Não descreva
os comportamentos, deixe para o corpo seguinte Compare o segundo corpo a umaementa de acórdão.
Obs.: você pode iniciar sua denúncia diretamente com "Consta dos inclusos autos de
inquérito policial que, no dia [...]". Se preferir, embora seja um mero adorno: "O
Ministério Público do Estado de São Paulo, por seu Promotor de Justiça que esta
subscreve, vem, à presença de Vossa Excelência para oferecer denuncia contra [...]" ou
"O representante do Ministério Pú blico que esta subscreve, no uso de suas atribuiçõeslegais [...]".
PRÁTIC DE PROCESSO PEN L
Denúncia o Sistema dos Quatro Corpos
Prof. Luiz Fernando Vaggione
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Terceiro corpo: descriç ã o do comportamento típico. Baseando-se na indicação dos
crimes realizada no corpo anterior, descreva o comportamento dos agentes. Evite,
simplesmente, copiar o texto da questão apresentada. A descrição é a parte
fundamental da denúncia. Seja sucinto e claro.
Quarto corpo: classificaç ã o jurídico-penal e requerimentos. Indique o tipo
fundamental, combinado com suas qualificadoras, causas de aumento ou agravantes
genéricas. Não se esqueça do concurso de agentes e de crimes. Em seguida, lance os
requerimentos: autuação da denúncia; observância do procedimento adequado
(indique-o); citação; resposta à acusação; recebimento da denúncia; oitiva de
testemunhas, interrogatório e o pedido de condenação. Nota: o rol de testemunhas —
cujo número deve observar o procedimento adotado — deve anteceder a data e a
assinatura do Promotor de Justiça. Nos concursos de ingresso ao Ministério Público,
não coloque o seu nome ou o de qualquer outro.
Exemplo:
Primeiro corpo
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de São Paulo
Autos n.
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Segundo corpo
Consta dos inclusos autos de inqué rito policial que, no dia e de , por volta das
22h00, na Avenida 23 de Maio, nas proximidades do Viaduto Pedroso, nesta cidade e comarca
de São Paulo, ROBERVAL TAYLOR, filho de Homero Taylor e Sabastiana Taylor,
devidamente qualificado nos autos a fls. 13, conduziu veículo automotor, em via pú blica,
estando com concentraç ã o de álcool por litro de sangue superior a 6 seis) decigramas.
Consta, outrossim, que, nas mesmas circunstâncias de tempo e de lugar acima expostas,
o indiciado dirigiu veículo automotor, em via pública, sem permissão ou habilitação para fazê-
lo, gerando perigo de dano.
Terceiro corpo
Apurou-se que policiais militares realizavam urna operação de fiscalização na Avenida
23 de Maio, quando constataram a aproximação de um automóvel Fiat Mille, placa XPO 3000.
Dada a ordem de parada e abordado o condutor, verificou-se que se tratava do indiciado.
Aparentava embriaguez. Pelo exame de sangue, realizado com a concordâ ncia do indiciado,
constatou-se a taxa de 7 (sete) decigramas de álcool por litro de sangue. Apurou-se, ainda, que
o indiciado nã o tinha permissã o ou habilitação para dirigir veículos autom otores.
uarto corpo
Ante o exposto, denuncio ROBERVAL TAYLOR, RG n. SSP/ , como
incurso no art. 306, combinado com ou se preferir: c.c.) o art. 298, inciso III, ambos do
Có digo de Trâ nsito Brasileiro Lei n. 9.503/97) e com o art. 61, inciso I, do Có digo Penal,
requerendo que, autuada esta, seja o denunciado citado para responder à acusação, recebendo-
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Sã o Paulo, de de
Promotor de Justiça
se, em seguida, a denúncia, observando-se o rito sumário previsto nos arts. e 531 a 538 do
Código de Processo Penal, para a final ser julgado e condenado.
Testemunhas:
1 ufrásio Pontes SdPM fls. 02 , requisitar;
2.Constantino Prioli CbPM fls. 03 , requisitar.
Cota de oferecimento da denú ncia
Conceito: a manifestação de oferecimento da denúncia, também conhecida como cota de
oferecimento de denúncia, na vida profissional deve ser lançada no inquérito policial, após a
abertura de "vista" para a manifestação do membro do Ministério Público. É nela que, dentre
outras informações, aprecia-se a possibilidade de requerimento de prisão preventiva ou de
liberdade provisória com ou sem fiança. Com a Lei n. 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais
Criminais), muitos fazem na cota a proposta de suspensão condicional do processo ou a recusa
em fazê-la, ambas devidamente fundamentadas. Na manifestação de oferecimento da denúncia
são também apresentados os requerimentos ao juiz de provas complementares à autoridade
policial; de folha atualizada de antecedentes e certidões do que nela constar; de cópias de
outros processos, especialmente no procedimento do Júri; remessa de cópias à Vara da Infância
e da Juventude etc.
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Exemplo:
Autos n.
MM. Juiz:
1 Ofereço denúncia em separado contra ROBERVAL TAYLOR, imputando-lhe o
crime previsto no art. 306, c.c. o art. 298, inciso III, do CTB e c.c. o art. 61, inciso I, do CP
(considere que há, nos autos do inquérito policial, certidão comprovando o transito em julgado
de crime anterior);
2. Requeiro nova folha de antecedentes do denunciado, bem como certidões criminais
do que nela eventualmente constar, à exceção da referente aos autos do processo n. 0000334-
90.2010.8.26.0000 , pois já se encontra nos autos.
3. Deixo de oferecer proposta de suspensão condicional do processo. O denunciado é
reincidente, porquanto condenado ao cumprimento de um ano de reclusão e ao pagamento de
dez dias-multa no piso, como incurso no art. 155 do CP. A sentença transitou em julgado em
, conforme faz prova a certidão criminal de fls. . Assim, nos termos do art. 89 da Lei
n. 9.099/95, é incabível o sursis processual.
Promotor de Justiça
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., Complexo Jurídico
Damásio de JesusCURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO
PRÁTIC DE PROCESSO PEN L
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PRÁTICA DE PROCESSO PENAL
Boavida Vitamina
Era uma ensolarada tarde do dia de de . Nas proximidades da Praça daRepública, precisamente na Rua 24 de Maio, nesta cidade de São Paulo, Geraldo Boavidapasseava conversando animadamente com sua companheira, Maria Vitamina. Falavamsobre a vida, sobre os filhos, enfim, acerca do cotidiano. Viram um belo par de sapatos epararam defronte à vitrina da Sapataria Bem-vindo. Maria precisava de um novo par.Coincidentemente, aquele era branco e azul, combinando perfeitamente com o seu novovestido.
Conversa vai, conversa vem, aproxima-se do casal João Malvadeza. Rapidamente,valendo-se da distração de ambos, João arrebata a bolsa que Maria Vitamina levava atiracolo. Logo depois de subtraída a bolsa, João Malvadeza põe-se a correr, tropeçando,todavia, no pé de Roberto Cotia — colocado propositadamente na frente do delinquente, quearranca a bolsa das mãos de João Malvadeza. Inconformado e tomado de ira, JoãoMalvadeza saca de um revólver e ameaça atirar em Roberto Cotia, caso este não lhedevolva a res furtiva. A ordem é atendida e o objeto retoma às mãos do indiciado, que,então, foge do local. Na bolsa havia R$ 100,00 (cem reais) em cédulas, além dedocumentos pessoais. O fato ocorreu às 16h, em pleno centro de São Paulo. MariaVitamina sofreu lesão corporal de natureza leve, consistente em escoriação na regiãosupraclavicular (laudo de exame, fls. 27).
Formule a denúncia e a respectiva cota de oferecimento.
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FOLHA DE RESPOSTA
PRÁTICA DE PROCESSO PENAL
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PRÁTICA DE PROCESSO PENAL
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ara Criminal do Fó rumCentral da Capital
Autos n.
Consta dos inclusos autos de inquérito policial, que, no dia de de , por voltadas 16h, na Rua 24 de Maio, defronte à Sapataria Bem-vindo, nesta cidade e comarca deSão Paulo, JOÃ O MALVADEZA, qualificado a fls. , subtraiu, para si, medianteviolência, uma bolsa contendo R$ 100,00 (cem reais) e documentos pessoais de
MariaVitamina. Consta que logo depois, a poucos passos do local da subtração supracitada, oindiciado, munido de revólver, ameaçou gravemente Roberto Cotia, a fim de assegurar adetenção das coisas para si.
Sabe-se que o indiciado aproximou-se de Maria Vitamina que, distraída, olhava avitrina da Sapataria Bem-vindo. De surpresa, arrebatou-lhe a bolsa e saiu correndo. Emrazão do arrebatamento supracitado, a vítima sofreu escoriação na região supraclavicular,considerada de natureza leve (fls. 27). Entretanto, poucos metros à frente, o indiciado foiderrubado pela outra vítima Roberto Cotia, que a tudo assistia e, assim, procurava impedira consumação da subtração. A bolsa já havia sido retirada das mãos do indiciado quando
este saca de revólver e ameaça disparar se a res furtiva não lhe fosse imediatamenterestituída. Com a bolsa novamente em seu poder, o indiciado fugiu do local.
Ante o exposto, denuncio JOÃ O MALVADEZA, RG n. , como incursono art. 157, § 2.°, inciso I, do CP, requerendo que r. e a. esta seja instaurado o devidoprocesso penal, observando-se o rito comum ordinário, estabelecido nos arts. 396 a 405do CPP, citando-se o denunciado, ouvindo-se as vítimas e testemunha abaixo arroladas einterrogando-se o réu, para, em seguida, ser julgado e condenado.
Vítimas:1
Maria Vitamina, fls. _;2. Roberto Cotia, fls.
Testemunha: Geraldo Boavida, fls. .
São Paulo, de de
Promotor de Justiça
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Mó dulo I — Cota de oferecimento da denú ncia
Autos n.
MM. Juiz:
1 Ofereço denúncia, em separado, contra JOÃ O MALVADEZA, devidamentequalificado nos autos, como incurso no art. 157, § 2.°, inciso I, do CP.
2. Requeiro folha de antecedentes e certidões do que nela constar.
São Paulo,
Promotor de Justiça
Destaques
Arrebatamento da coisa: o arrebatamento de objetos presos ao corpo da vítima,causando-lhe ferimentos, ainda que leves, configuram o crime de roubo. Nesse sentido:REsp 6436 / SP. Veja, ainda: Tese 285 do Setor de Recursos Extraordinários do MinistérioPúblico de São Paulo: "O arrebatamento de coisa, causando lesões corporais na vítima,caracteriza violência, ensejando a configuração do crime de roubo."
Subtraç ã o de bens de apenas uma pessoa: no roubo, seja próprio ou impróprio, asubtração pode recair sobre uma pessoa e a violência ou a grave ameaça sobre outra. Hácrime único.
Consumaç ã o do roubo pró prio: como ensina o Prof. Damásio, nos mesmosmoldes do furto, ou seja, quando o sujeito consegue retirar o objeto material da esfera dedisponibilidade da vítima, ainda que não haja posse tranquila. Veja a decisão do Plenáriodo STF no julgamento da RvCrim 4.821, publicada em 11.10.1991: "o roubo se consumano instante em que o ladrão se torna possuidor da coisa alheia mó vel, não sendo necessário
que ela saia da esfera de vigilância do antigo possuidor". Há tese do Ministério Público deSão Paulo a respeito do tema, sob n. 127:. "O crime de roubo próprio se consuma no
momento, ainda que breve, em que o agente se torna possuidor da coisa mediante grave
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ameaça ou violência, sendo desnecessário que o bem saia da esfera de vigilância da vítima,bastando que cesse a clandestinidade ou a violência."
Consumaç ã o do roubo impró prio: exige-se quase uma absoluta imediatidade entrea subtração da coisa e o emprego da violência ou da grave ameaça. Hipótese diversalevaria à configuração do furto em concurso com crime contra a pessoa. Há discussãosobre a possibilidade de tentativa de roubo impróprio. Prevalece, entretanto, a tese daimpossibilidade. O sujeito, como ensina o Prof. Damásio, emprega a violência ou graveameaça contra a pessoa e o crime está consumado, ou não a emprega, permanecendo furtotentado ou consumado. Veja, no STF: HC 67.877-7/SP. No mesmo sentido o STJ (HC92221 / SP). Há, também, tese do Ministério Público de São Paulo a respeito: "O roubo
impróprio se consuma com o emprego da grave ameaça ou violência à pessoa" (Tese n.121).
Classificaç ã o: há relação de especialidade entre o tipo básico e o derivado, sejaqualificado ou privilegiado princípio da especialidade). Ver Cezar Roberto Bitencourt,Manual de Direito Penal Sã o Paulo: Saraiva, 2000. A classificação, portanto, serásimplesmente: art.157, § 2.°, I, do CP.
S aud aç õ es do Prof. Vaggione
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