CRIMES AMBIENTAIS
LEI 9605/98
• Art. 225, § 3º, CF: estabeleceu a responsabilidade penal por danos ao meio ambiente. O professor Luiz Regis Prado chama isso de mandato expresso de criminalização. Torna-se, assim, inquestionável a necessidade de tutela penal para o meio ambiente. O meio ambiente é um bem jurídico que deve ser penalmente tutelado por determinação constitucional.
• CF/88 art. 225 § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
PRINCÍPIOS• No direito ambiental quando se fala em
responsabilização há basicamente 2 objetivos principais:
• a prevenção (o direito de tutelar a natureza antes que o dano ocorra) e a
• reparação integral tempestiva, • há autores que defendem a tese de se é possível
a recomposição de um dano visando a reparação integral do bem não há que se falar em ação penal, pode se pedir o arquivamento da ação penal.
• Nesta esteira, surgiu a Lei 9.605/98. Esta é uma lei, apesar de não ser toda penal, é essencialmente penal.
• A parte geral da lei vai do art. 2º ao art. 28. • A parte especial, que cuida dos crimes especiais, vai do
art. 29 ao 69-a. • Finalidade principal da Lei: obter a reparação dos
danos ambientais ou a compensação dos danos quando a reparação não for possível. Mais do que punir, a Lei quer resguardar e reparar o meio ambiente. Por isso, todos os institutos da parte geral estão relacionados à reparação do dano.
DA RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
• LEI 9605/98• Art. 70. Considera-se infração administrativa
ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
• norma penal em branco, cabe ao regulamente definir quais serão as infrações administrativas ambientais.
• Ex.: decreto 6.514/08
LEGITIMADOS PARA APURAÇÃO AMBIENTAL ADMINSTRATIVA
• Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir REPRESENTAÇÃO às autoridades legitimadas para efeito do exercício do seu poder de polícia.
• São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo:– os funcionários de órgãos ambientais integrantes do
(Sistema Nacional de Meio Ambiente) SISNAMA, – agentes das Capitanias dos Portos, – Ministério da Marinha.
PROCESSO ADMINISTRATIVO• As infrações ambientais são apuradas em processo
administrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.
• PRAZOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA APURAÇÃO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL:
• 20 dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação;
• 30 dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou impugnação; de regra a autoridade competente é o superintendente do IBAMA.
• 20 dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior,
• 05 dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação.
PENALIDADES ÀS INFRAÇÕES ADMINSTRATIVAS
• As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, podendo ser aplicadas cumulativamente ou não:
• I - advertência; - pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo de outras sanções.
• II - multa simples - será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo uma vez advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado, ou opuser embaraço à fiscalização.
• III - multa diária - será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.
• VALOR DA MULTA: mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) e serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, Fundo Naval, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador. (art. 73 e 755)
• IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
• V - destruição ou inutilização do produto• VI - suspensão de venda e fabricação do produto
quando não estiver obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.
• VII - embargo de obra ou atividade;• VIII - demolição de obra;• IX - suspensão parcial ou total de atividades,
quando não estiver obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.
• XI - restritiva de direitos.
Sanções ADMINISTRATIVAS• I – suspensão ou cancelamento de registro,
licença • II - perda ou restrição de incentivos e
benefícios fiscais;• III - perda ou suspensão da participação em
linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
• IV - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.
• ART. 72 §8º DA LEI 9605/98
• PESSOA EFETUA O CORTE DE ÁRVORES SEM AUTORIZAÇÃO, RECEBE UMA MULTA ADMINSTRATIVA AMBIENTAL DE ÂMBITO ESTADUAL E OUTRA MULTA, PELO MESMO FATO, PELA SEARA FEDERAL, trata-se de bis in idem, o que não é admissível, assim qual multa irá prevalecer????
• Prevalecerá a multa estadual• Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos
Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.
• E SE HOUVER, PELO MESMO FATO, UMA MULTA ADMINSTRATIVA AMBIENTAL ESTADUAL E MUNICIPAL???
• A lei é omissa, mas o entendimento predominante é que terá prevalência aquela que primeiro foi imposta.
• RESPONSABILIDADE CRIMINAL • – DOS CRIMES AMBIENTAIS – LEI 9605/98
• PARTE GERAL – vai até o art. 28• Art. 29 a art. 69-A – DELITOS AMBIENTAIS EM
ESPÉCIE• I DOS CRIMES PRATICADOS CONTRA FAUNA• II DOS CRIMES PRATICADOS CONTRA FLORA• III POLUIÇÃO E OUTROS• IV MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL E CULTURAL• V CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICO AMBIENTAL
• ATENÇÃO – A LEI 9605/98 não é o único dispositivo de lei que contempla crimes ambientais. Ainda ficaram remanescentes crimes em outras normas que não foram revogados pela 9605/98.
• ULTIMA RATIO - O direito penal trabalha com o princípio da ultima ratio - DP tutela o bem jurídico fundamental –
• crime conduta que recebe o mais alto grau de reprovação do corpo social, a partir do momento em que o se contempla como crime condutas contra natureza alça-se o bem ambiental como bem jurídico fundamental.
• O DP trabalha com a lesão, ameaça de lesão ou exposição a perigo de lesão, com a conduta consumada. Já o D. ambiental trabalha com a ideia de risco, a tutela penal contempla os riscos e não o dano.
• O DP a presenta um viés mais repressivo • OD Amb. é mais preventivo.
• Nesse caráter preventivo destaca-se o CRIME DE PERIGO - o tipo não traz o elemento dano e sim, a exposição a perigo de dano o qual se divide em 2:
• CRIME DE PERIGO CONCRETO• CRIME DE PERIGO ABSTRATO
• Crime de perigo concreto – a comprovação real do perigo é elemento necessário para consumação do tipo criminal – comprovar que houve na prática a exposição ao perigo.
• ex.: art. 61 da lei Ambiental – ex.: sujeito importou 40 lebres canadense – sabendo que o Brasil não possui predador natural para lebre
• Art. 61 – disseminar doença ou praga ou espécie que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:
• Reclusão de um a quatro anos e multa.
• Se importa 40 lebres todavia solicitou que as fêmeas fossem castrada, neste caso não houve exposição ao perigo e portanto, não se subsume à figura do art. 61 da lei 9606/98
• Crime de perigo abstrato - o tipo criminal não contempla nem o dano nem a exposição ao perigo, contempla a ação que vai levar o perigo, o perigo é presumido
• Ex.: art. 51 e 52 da Lei 9605/98 – vender moto serra sem licença, entrar em unidade de conservação com espingarda.
• Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:
• Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
• Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:
• Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
• A lei de crimes ambientais estabelece ainda, causar incêndio em floresta nem sempre é crime – se tiver autorização para queimada controlada não é crime.
• A lei ambiental todo tempo faz remissão ao direito administrativo e a licença ambiental.
• A lei ambiental resolveu alguns problemas da legislação antiga, principalmente no que se refere aos crimes contra caça – trazendo penas proporcionais à lesividade da fauna deixando também de ser crime inafiançáveis.
RESPONSABILIDADE PENAL DAS PF (pessoas físicas)
• Art. 2º: trata da responsabilidade penal das pessoas físicas.
• É possível ocorrer concurso de pessoas em crimes ambientais.
• De regra, adota a teoria monista ou unitária (co-autores, autores e partícipes respondem pelo mesmo crime, mas a pena varia de acordo com a culpabilidade de cada um). É o mesmo conceito do art. 29 do CP.
• Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
GARANTIDORES
LEI 9605/98 art. 2º• Art. 2º ... o diretor, o
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
CP art. 13 §2º• § 2º - A omissão é penalmente
relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
• a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
• b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
• c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
• A segunda parte do art. 2º trata da responsabilidade por omissão de diretores, administradores, conselheiros, auditores, etc de pessoas jurídicas. Criou o dever jurídico de agir para estas pessoas. A omissão deles é penalmente relevante. R
• REQUISITOS para que seja punida por sua omissão do garante:
• Que a pessoa jurídica sabia da existência do crime
• Que ela possa agir para evitar o crime.• Estes dois requisitos evitam a responsabilidade
penal objetiva.
RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL DA PESSOA JURÍDICA – ART. 225 §3º CF
• LEI 9605/98 - Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
• Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
• CF/88 ART. 225 § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
• Algumas teorias foram criadas para adequar a conduta da pessoa jurídica com crime:
• TEORIA ESTATUTÁRIA – para analisar a consciência de uma pessoa jurídica tem que analisar o seu estatuto.
• TEORIA DO HISTÓRICO SOCIAL – para analisar a consciência de uma PJ tem que analisar seu histórico de comportamento na sociedade civil.
• TEORIA DA RESPONSABILIZAÇÃO - a lei fala em responsabilização a lei não fala em autoria, esta sempre se dá em uma pessoa física, como a lei trabalha com responsabilizada essa pode ser emprestado do direito civil, e portanto caberia a responsabilização da pessoa jurídica
• Adotou-se no art. 3º da Lei de crimes ambientais o SISTEMA DA RESPONSABILIZAÇÃO DA PJ PELOS CRIMES AMBIENTAIS DE MANEIRA CONDICIONADA
• Há duas condições que precisam ser simultaneamente preenchidas para que a PJ seja responsabilizada criminalmente
• 1 COMANDO – o crime ambiental deve ser consumado pelo representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado
• 2 BENEFÍCIO – o crime ambienta deve ser consumado em benefício da PJ, no interesse ou benefício da sua entidade
• ATENÇÃO: não basta ser sócio da empresa para responder pelo crime ambiental, a PJ responsável pela gestão tem que ter ciência do crime para ser responsabilizada sob pena de incidir a responsabilidade penal objetiva.
• Ex.1: empresa de mineração fazendo trabalho em unidade de preservação, um funcionário qualquer, ao ascender um cigarro provocou um incêndio. Neste caso o ilícito foi praticado por mero empregado da empresa e não pelo gestor, assim a PJ não poderá ser responsabilizada criminalmente.
• Ex. 2: gestor de uma empresa, determina que o funcionário fizesse o transporte de madeira sem licença (crime do art. 46) para construção particular do próprio gestor da empresa. A PJ não poderá ser responsabilizada criminalmente porque o crime ambiental não era em benefício da própria PJ.
SISTEMA DE DUPLA IMPUTAÇÃO
• Uma vez satisfeito os dois pressupostos, caso a PJ venha a ser responsabilizada criminalmente, as pessoas que concorreram para a prática do delito na condição de autoras, co-autoras ou partícipe também, serão responsabilizada em razão da lei de crimes ambientais ter adotado o SISTEMA DE DUPLA IMPUTAÇÃO .
• Art. 3ºParágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
• Supondo-se que foi consumado um crime ambiental, razão pela qual o MP ofereceu denuncia somente à PJ – STJ – entendeu que em razão do sistema legal de dupla imputação não é possível que a denúncia seja ajuizada somente contra a PJ, ente moral.
• A necessidade de dupla imputação nos crimes ambientais não tem como fundamento o princípio da indivisibilidade, o qual não tem aplicação na ação penal pública. Aplica-se em razão de não se admitir a responsabilização penal da pessoa jurídica dissociada da pessoa física.
• (AgRg no REsp 898302/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 07/12/2010, DJe 17/12/2010)
• O STJ entende pela responsabilidade penal da pessoa jurídica, desde que seja denunciada conjuntamente com a pessoa física que executou a infração. RESP 847.476/SC. Há vários julgados neste sentido.
• O art. 3º adotou a responsabilidade penal por empréstimo ou por ricochete. É o chamado sistema francês de responsabilidade penal da pessoa jurídica.
• Segundo o STJ, ao lado da responsabilidade penal subjetiva clássica, deve-se trabalhar com o conceito de responsabilidade penal social, ou seja, a pessoa jurídica como centro de emanações de decisões.
• O STF em 2011 se manifestou no sentido é possível manter a condenação da pessoa jurídica mesmo que fique comprovado que seu representante legal não praticou o delito
EM SENTIDO CONTRÁRIO• STF já decidiu que é possível manter a condenação da
pessoa jurídica mesmo que fique comprovado que seu representante legal não praticou o delito. No julgamento do AgR no RE 628582/RS de 2011, o Ministro relator, Dias Toffoli consignou em seu voto que:
• “(…) Ainda que assim não fosse, no que concerne à norma do § 3º do art. 225 da Carta da República, não vislumbro, na espécie, qualquer violação ao dispositivo em comento, pois a responsabilização penal da pessoa jurídica independe da responsabilização da pessoa natural.
•O SISTEMA DA DUPLA IMPUTAÇÃO CONFIGURARIA UM BIS IN IDEM?•Este sistema da dupla imputação não é bis in idem. A proibição do bis in idem impede a dupla punição pelo mesmo crime da mesma pessoa. O sistema da dupla incriminação pune pelo mesmo crime pessoas diferentes: pessoa física e pessoa jurídica.
• É possível que a PJ seja paciente em HC??? • HC protege o direito de locomoção, a PJ é
uma realidade técnica instituída pelo direito, não possui direito de locomoção, assim o STF NÃO admite que a PJ seja paciente em ação de HC.
• (HC 88747 AgR, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em 15/09/2009, DJe-204 DIVULG 28-10-2009 PUBLIC 29-10-2009 EMENT VOL-02380-02 PP-00273 LEXSTF v. 31, n. 372, 2009, p. 343-350)
COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR CRIMES AMBIENTAIS
• No projeto da lei 9606/98 havia um dispositivo que previa a competência da Justiça Federal, mas o então Presidente da República, FHC vetou esse dispositivo, assim, ante a omissão da LCA, e está pacificado no STF e no STJ que em regra a competência para processar e julgar crimes ambientais é da justiça estadual, somente em situações excepcionais caberá a justiça federal (art. 109 da CF).
Competência em crimes ambientais
• 1º) A proteção ao meio ambiente é competência comum da União, Estados, DF e Municípios. Arts. 23 e 24 da CF.
• 2º) a CF e a lei não tem nenhuma regra própria sobre competência em crime ambiental.
• 3º) a competência é, em regra, da justiça comum estadual.
• 4º) Só será da justiça federal quando houver ofensa direta e específica a:– bens, serviços ou interesses da União, autarquias
e empresas público federais, – crimes ambientais praticados abordo de navios e
aeronaves e – crimes ambientais praticados no âmbito de
tratados internacionais que o Brasil celebrou e se obrigou a reprimir. ex : tráfico internacional de animais silvestres
Algumas hipóteses de julgado de crimes ambientais de competência
da justiça federal• Descartar resíduos tóxicos sobre o rio que
atravessa o Estado de Alagoas, pois é bem da União por cortar mais de um estado da federação (STF RE 454740 2009)
• Crime de liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados, plantação de soja transgênica/safra 2001. Prejuízo a interesse da União, porquanto há reflexos concretos na utilização desta tecnologia de plantio na Política Agrícola Nacional e na Balança Comercial de Exportação em nosso País (STJ CC 41279 de 2004)
Competência da Justiça Federal
• Crime contra a fauna. Manutenção em cativeiro de espécies em extinção. IBAMA, interesse de autarquia federal (STJ, CC 37137 de 2003). – Atenção: o crime contra a fauna praticado por si
só, é de competência da justiça comum estadual, no entanto se o animal afetado estiver na lista nacional de extinção, neste caso haverá o deslocamento de competência para Justiça comum federal.
Competência da Justiça federal
• Apuração de suposto crime ambiental ocorrido em área que passou a integrar parque nacional administrado pelo IBAMA (STJ, CC, 88 013 de 2008)
• Crime ambiental praticado em área de preservação permanente localizada às margens de rio cujo curso d’água banha mais de um Estado da Federal. Interesse da União caracterizado de acordo com a redação do art. 20, III da CF/88 (STJ 55130 de 2007)
• Crimes cometidos em rios interestaduais (rio que banha mais de um estado) e mar territorial: são bens da União (art. 20, III, da CF). Por isso, quem julga é a justiça federal, pois atinge bem da União. CUIDADO: o STF disse que o MP estadual tem legitimidade para oferecer denúncia por crime cometido em rio interestadual. HC 92.921/BA.
• Tráfico internacional de animais: justiça federal, pois o Brasil é signatário de tratados e acordos internacionais se comprometendo a reprimir este crime.
• Crime de liberação de organismos geneticamente modificados no meio ambiente sem autorização da CTNBIO (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança): art. 27 da Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05) – o STJ decidiu que quem julga este crime é a justiça federal.
Competência da justiça federal• A Justiça Federal na forma do cF, art. 109, IV, é competente
para julgar e processar crime de extração de minerais sem a devida autorização, figura delituosa, porquanto praticada contra bem da União (STJ 22975 de 2000).– Recursos minerais são bens de responsabilidade da União.
• Delito em tese cometido no interior de área de proteção ambiental localizada no Parque Nacional do Itaiaia (STJ 92722 de 2010). – Unidade de conservação administrada pelo Instituto Chico
Mendes que é autarquia federal.• A pretensa conduta criminosa contra o meio ambiente teria
ocorrido em uma Zona de Amortecimento do Parque Nacional de Araucária que foi criada pela União (STJ CC 89811 de 2008)
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AOS DELITOS AMBIENTAIS
• há doutrinadores que não admitem. • No entanto o STF em duas situações já aplicou o princípio
da insignificância em crimes ambientais, o caso pioneiro envolveu o falecido deputado Clodovil Hernandes, foi acusado pelo crime do art. 40, mas a área degrada no Parque Estadual da Serra do Mar era muito pequena, menor que um hectare e o STF reconheceu a aplicação do P. da Insig.
• O segundo caso um cidadão estava pescando em período de proibição e cometeu o crime do art. 34, foi flagrada com 12 camarões o STF aplicou o P. da insig.
• No STJ também há vários precedentes aplicando o P. da Insignificância nos delitos ambientais
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOSLei 9605/98 CP
Art. 8º As penas restritivas de direito são: I - prestação de serviços à comunidade; II - interdição temporária de direitos; III - suspensão parcial ou total de atividades; IV - prestação pecuniária; V - recolhimento domiciliar.
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária; II - perda de bens e valores; III - (VETADO) IV - prestação de serviço à
comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.
Lei de Crimes ambientais tem seu próprio rol de atenuantes e agravantes art. 14 e 15.
SURSIS NO ÂMBITO DO CRIME AMBIENTAL
• No CP em regra, além de outras condições, ocorre quando a PPL for de até 2 anos.
• Na LEI DE CRIMES AMBIENTAIS O SURSIS pode ser aplicado PPL de até 3 anos.
• Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.
PENAS À PJ• PENAS ESTABELECIDAS À PJ - aplicadas isolada, cumulativa
ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:
• I - multa;• II - restritivas de direitos;• III - prestação de serviços à comunidade.• As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:• I - suspensão parcial ou total de atividades;• II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou
atividade;• III - proibição de contratar com o Poder Público, bem
como dele obter subsídios, subvenções ou doações.• art. 21 e 22
LIQUIDAÇÃO FORÇADA DA PESSOA JURÍDICA –
• para uns é pena para parte da doutrina é um efeito secundário não automático da condenação. O juiz na condenação de uma PJ por crime ambiental, restando evidenciado que a PJ foi criada preponderantemente para prática de crimes ambientais, o juiz determinar a liquidação forçada do ente moral e todo o patrimônio da PJ será considerado como instrumento de crime e será algo de confisco.
• Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
DOS CRIMES EM ESPECIE• Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna
silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
• Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.• CONDUTAS MÚLTIPLAS OU DE CONTEÚDO VARIADO, MULTINUCLEAR• BEM JURÍDICO TUTELADO: fauna silvestre (conceito §3ª), • - pessoas que mantem animais silvestre sem autorização comete esse
crime• - se a espécie da guarda doméstica não estiver dentre os animais em
extinção pode o juiz deixar de aplicar a pena. (§2º - PERDÃO)• ATENÇÃO: vale ressaltar que o STJ já aplicou o P. da Insignificância à
guarda doméstica de animal silvestre (uma arar vermelha, um passarinho concriz e um xexéu, dois galos de campina e um papagaio) no julgamento do HC 72234 de 2007.
Art. 29• PERDÃO § 2º No caso de guarda doméstica de
espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
• ESPÉCIE FAUNA § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
• Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente:
• Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
• A pele manufaturada não configura o crime.
• Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:
• Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
• Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:
• Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.
• Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:• I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de
aqüicultura de domínio público;• II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e
algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;
• III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.
• Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:
• I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
• II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;
• III – (VETADO)• IV - por ser nocivo o animal, desde que assim
caracterizado pelo órgão competente.
Dos crimes contra a flora
• Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:
• Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Dos Crimes contra a Administração Ambiental
• Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público:
• Pena - detenção, de um a três anos, e multa.• Parágrafo único. Se o crime é culposo, a
pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
• EXERCÍCIOS
• FCC - 2008 - MPE-RS - Assessor – Direito
• Com relação aos Crimes contra a Fauna, considere as seguintes assertivas:
I. No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. II. Não é crime introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente. III. Não comete crime quem fundeia embarcações sobre bancos de moluscos, devidamente demarcados em carta náutica. IV. Não constitui crime o abate de animal, quando realizado em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família.
De acordo com a Lei n.º 9.605/98, está INCORRETO o que consta APENAS em
• a) II e IV.• b) I e IV.• c) I e III.• d) II e III.• e) I e II.• Letra D
• CESPE - 2013 - CPRM - Analista em Geociências – Direito
• Com relação à responsabilidade por danos ambientais e aos crimes contra o meio ambiente, julgue os próximos itens.
Praticará crime contra a flora aquele que fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou em qualquer tipo de assentamento humano.
• Certo
• CESPE - 2013 - IBAMA - Analista Administrativo• Julgue os itens seguintes, com relação às
condutas e às atividades administrativas que resultam em danos ao meio ambiente.
Cometerá crime o servidor público que, por desconhecimento das normas aplicáveis, conceder licença em desacordo com as normas ambientais para atividade cuja realização dependa de ato autorizativo do poder público.
• certo
• UEPA - 2013 - PC-PA - Escriturário – Investigador• Sobre os crimes ambientais, leia as proposições abaixo e assinale a alternativa correta.
• a) A caracterização da responsabilidade das pessoas jurídicas exclui automaticamente a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
• b) O diretor de pessoa jurídica pode ser responsabilizado criminalmente, na medida de sua culpabilidade, caso sabendo da conduta criminosa de outrem, deixe de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
• c) As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, na hipótese de crimes culposos.
• d) Nos crimes ambientais previstos na Lei nº. 9605/98, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a cinco anos.
• e) Nas infrações penais previstas na Lei nº. 9605/98, a ação penal é pública condicionada a representação.
• Letra B
• CESPE - 2013 - CPRM - Analista em Geociências – Direito
• Com relação à responsabilidade por danos ambientais e aos crimes contra o meio ambiente, julgue os próximos itens.
Se a atividade de um empreendedor, seja pessoa física ou jurídica, gerar prejuízo ao meio ambiente, estará ele sujeito a sanções de natureza penal e administrativa, independentemente da obrigação de reparar o dano causado.
• resp. Certo